Bases Das Modalidades Terapêuticas: Parte Um
Bases Das Modalidades Terapêuticas: Parte Um
Bases Das Modalidades Terapêuticas: Parte Um
Bases das
Modalidades
Terapêuticas
O B J ET I VO S
Após a conclusão deste capítulo, o estudante será capaz de:
k listar e descrever as diferentes formas de energia
utilizadas com modalidades terapêuticas;
k classificar as várias modalidades de acordo com
o tipo de energia utilizada por cada uma;
k analisar a relação entre comprimento de onda
e frequência para energia eletromagnética;
k discutir o espectro eletromagnético e como várias modalidades
que usam energia eletromagnética são relacionadas;
k explicar como as leis que governam os efeitos da energia eletromagnética
se aplicam a diatermia, amplificação da luz por emissão estimulada de
variação (laser, do inglês light amplification by simulated emission of radia-
tion) e luz ultravioleta;
k discutir como as modalidades de energia térmica – termoterapia
e crioterapia – transferem calor através de condução;
k explicar as várias maneiras em que a energia elétrica pode ser usada para
produzir um efeito terapêutico;
k comparar e contrastar as propriedades de energia eletromagnética e sonora;
k explicar como a compressão intermitente, a tração e a massagem utilizam
energia mecânica para produzir um efeito terapêutico.
Para o fisioterapeuta que escolhe incorporar uma modalidade terapêutica em sua prática clínica,
conhecimento e entendimento da ciência básica por trás do uso desses agentes são úteis.1 As
interações entre energia e matéria são fascinantes e são a base física para as várias modalidades
terapêuticas que são descritas neste livro. Este capítulo irá descrever as diferentes formas de ener-
gia, as maneiras pelas quais a energia pode ser transferida e como a transferência de energia afeta
os tecidos biológicos. Uma forte base de conhecimento teórico pode ajudar os fisioterapeutas a
entenderem como cada modalidade terapêutica funciona.
FORMAS DE ENERGIA
Energia é definida como a capacidade de um sistema trabalhar e existe em várias formas. A ener-
gia não é comumente criada ou destruída, mas é, muitas vezes, transformada de uma forma para
outra, ou transferida de um local para outro.2
Há considerável confusão até mesmo entre os fisioterapeutas mais experientes a respeito das
diferentes formas de energia envolvidas com as várias modalidades terapêuticas. As formas de
energia que são relevantes para o uso de modalidades terapêuticas são energia eletromagnética,
2
energia térmica, energia elétrica, energia sonora e energia mecânica. Diatermia por ondas
curtas e por micro-ondas, lâmpadas infravermelhas, terapia com luz ultravioleta e lasers de baixa
potência utilizam energia eletromagnética. A termoterapia e a crioterapia transferem energia tér-
mica. As correntes de estimulação elétrica, iontoforese e biofeedback, utilizam energia elétrica. O
ultrassom e a terapia por ondas de choque extracorpóreas utilizam energia sonora. A compressão
intermitente, a tração e a massagem utilizam energia mecânica (Tabela 1.1).
Cada um desses agentes terapêuticos transfere energia de uma forma ou outra para dentro
ou para fora dos tecidos biológicos. As diferentes formas de energia podem produzir efeitos simi-
lares em tecidos biológicos. Por exemplo, o aquecimento do tecido é um efeito comum de vários
tratamentos que utilizam diferentes tipos de energia. As correntes elétricas que passam através
dos tecidos gerarão calor como um resultado da resistência do tecido à passagem de eletricidade.
Energia eletromagnética como ondas de luz irá aquecer quaisquer tecidos que a absorverem.
Tratamentos com ultrassom também irão aquecer os tecidos através dos quais as ondas sonoras
viajam. Embora os tratamentos com energia elétrica, eletromagnética e sonora aqueçam os teci-
3
dos, o mecanismo físico de ação para cada um é diferente.
O mecanismo de ação de cada modalidade terapêutica depende de qual forma de energia é
utilizada durante sua aplicação. As diferentes formas de energia são geradas e transferidas por
mecanismos diferentes. A energia eletromagnética é gerada por uma fonte de alta energia e é
transmitida pelo movimento de fótons. A energia térmica pode ser transferida por condução,
que envolve o fluxo de energia térmica entre os objetos que estão em contato uns com os outros.
A energia elétrica é armazenada em campos elétricos e administrada pelo movimento de partí-
culas carregadas. As vibrações acústicas produzem ondas sonoras que podem passar através de
um meio. Cada forma de energia e o mecanismo de sua transferência serão discutidos em mais
4
detalhes para fornecer a base científica para que se compreenda as modalidades terapêuticas.
ENERGIA ELETROMAGNÉTICA
Radiação é um processo pelo qual a energia eletromagnética viaja desde sua fonte para fora,
5
através do espaço. A luz solar é um tipo visível de energia radiante, e sabe-se que ela não apenas
torna os objetos visíveis, mas também produz calor. O sol emite um espectro de energia radiante
sem massa visível e invisível e ejeta partículas de alta energia como resultado de reações químicas
e nucleares de alta intensidade. As emissões de energia radiante sem massa a partir do sol são
chamadas de fótons. Um fóton é o portador de energia que compõe toda a radiação eletromag-
nética. Os fótons viajam como ondas na velocidade da luz, aproximadamente 300 milhões de
metros por segundo. Visto que todos os fótons viajam na mesma velocidade, eles são distinguidos
por suas propriedades de onda – comprimento de onda e frequência –, bem como pela quantida-
de de energia carregada por cada fóton.
Tempo
for conhecido, a frequência daquela onda também pode ser calculada. Sempre que se trabalha
com energia eletromagnética de qualquer tipo, pode-se usar a velocidade da luz, 3,0 10 m/s
8
naquela equação. Aquela velocidade não é apropriada para ondas de energia elétrica ou ondas de
7
energia sonora, que não viajam na velocidade da luz.
A outra equação que é importante com radiação eletromagnética é a equação de energia. A
energia de um fóton é diretamente proporcional à sua frequência. Isso significa que a radiação
eletromagnética com frequência mais alta também tem energia mais alta. Isso será relacionado
aos efeitos que cada forma de radiação eletromagnética pode produzir nos tecidos.
Ehv
(A letra h é conhecida como constante de Planck e tem um valor de 6.626 10 Js. Quando a
-34
constante de Planck é multiplicada por uma frequência em vibrações por segundo, o resultado
tem a unidade de energia científica padrão de Joules.)
Infravermelha
Feixe de luz
Espectro
de luz
visível
Prisma
Ultravioleta
Figura 1.2 Quando um feixe de luz é refletido através de um prisma, as várias radiações
eletromagnéticas na luz visível são refratadas e aparecem como uma banda distinta de cor
chamada de espectro.
violeta (ultra significa maior ou acima). Quase toda radiação eletromagnética produzida pelo sol
é invisível. Todo o espectro eletromagnético inclui ondas de rádio e de televisão, diatermias, raios
infravermelhos, raios de luz visível, raios ultravioleta, raios X e raios gama (Tabela 1.2).
O espectro eletromagnético coloca todas as modalidades eletromagnéticas em ordem com
base nos comprimentos de onda e nas frequências correspondentes. É notório, por exemplo, que
as diatermias por ondas curtas têm o comprimento de onda mais longo e a frequência mais baixa,
e todos os outros fatores são iguais; portanto, elas devem ter a maior profundidade de penetração.
À medida que se desce no gráfico, os comprimentos de onda em cada região tornam-se progres-
sivamente mais curtos e, as frequências, progressivamente mais altas. Diatermia, as várias fontes
de calor infravermelho e as regiões ultravioletas têm progressivamente menos profundidade de
8
penetração.
Deve-se observar que as regiões rotuladas como frequências de rádio e de televisão, luz
visível e radiações penetrantes e ionizantes de alta frequência certamente caem sob a classi-
ficação de radiações eletromagnéticas. Contudo, elas não têm aplicação como modalidades
terapêuticas e, embora extremamente importantes para a vida diária das pessoas, não justifi-
cam consideração adicional no contexto dessa discussão.
12 cm 2.450 MHz
Infravermelha Temperatura superficial, vasodilatação aumenta-
da, fluxo sanguíneo aumentado
13
IV Luminosa 28,860 Å 1.04 10 Hz
(727,2 ºC)
Parte I • Bases das Modalidades Terapêuticas
30/08/13 10:16
Capítulo 1 • A Ciência Básica das Modalidades Terapêuticas 9
tecidos. Como essa radiação não é muito penetrante, o resultado de exposição à radiação ultra-
violeta é o dano cutâneo superficial que se denomina queimadura solar.
Princípio de Arndt-Schultz
O objetivo de se utilizarem modalidades terapêuticas é o de se estimular o tecido corporal. Essa
11,12
estimulação só ocorrerá se a energia produzida for absorvida pelo tecido. O princípio de
Arndt-Schultz afirma que não pode ocorrer nenhuma reação ou mudança nos tecidos corporais
se a quantidade de energia absorvida for insuficiente para estimular os tecidos absorventes. O
objetivo do fisioterapeuta deve ser o de se administrar energia suficiente para que se estimulem
os tecidos a realizarem sua função normal. Um exemplo seria o de se utilizar uma corrente de
estimulação elétrica para se criar uma contração muscular. Para se atingir a despolarização de
um nervo motor, a intensidade da corrente deve ser aumentada até que energia suficiente se torne
disponível e seja absorvida por aquele nervo para se facilitar uma despolarização. O fisioterapeu-
ta também deve perceber que muita energia absorvida em um determinado período de tempo
poderá prejudicar seriamente a função normal e, se for severa o suficiente, poderá causar dano
12
irreparável.
1. Refletida
2. Refratada Pele
Gordura
Músculo
3. Absorvida
Lei de Grotthus-Draper
A relação inversa que existe entre absorção de energia por um tecido e penetração de energia
para camadas mais profundas é descrita pela Lei de Grotthus-Draper. A porção de energia ele-
tromagnética que não é refletida penetrará nos tecidos (camadas de pele), e alguns deles serão
absorvidos superficialmente. Se muita radiação for absorvida por tecidos superficiais, quantidade
insuficiente será absorvida pelos tecidos mais profundos e não ocorrerá estimulação nos mes-
mos. Se a quantidade de energia absorvida for suficiente para se estimular o tecido-alvo, ocorrerá
11,12
alguma resposta fisiológica. Se o tecido-alvo for um nervo motor e o objetivo de tratamento
for causar uma despolarização desse nervo motor, então energia suficiente deverá ser absorvida
por esse nervo para causar a despolarização desejada. Um exemplo que mostra a aplicação da Lei
de Grotthus-Draper é o uso de tratamento com ultrassom para se aumentar a temperatura do
tecido nas porções mais profundas do músculo glúteo máximo. Um fisioterapeuta deve utilizar
ultrassom em uma frequência de 1 MHz (comprimento de onda longo) ou 3 MHz (comprimento
de onda curto). A utilização de tratamento com ultrassom em uma frequência de 1 MHz seria
mais eficaz na penetração de tecidos mais profundos do que o tratamento com ultrassom em 3
MHz, visto que menos energia seria absorvida superficialmente para o comprimento de onda
13
mais longo.
Lei do cosseno
Qualquer reflexão de radiação eletromagnética ou de outras ondas irá reduzir a quantidade de
energia que está disponível para objetivos terapêuticos. Quanto menor o ângulo entre o raio em
propagação e o ângulo reto, menor a radiação refletida e maior a absorção. Assim, a energia ra-
diante é mais facilmente transmitida para tecidos mais profundos se a fonte de radiação estiver
em um ângulo reto à área que está sendo irradiada. Esse princípio, conhecido como a lei do cos-
seno, é extremamente importante quando se usam diatermias, luz ultravioleta e aquecimento por
infravermelho, visto que a eficácia dessas modalidades é baseada em grande parte em como elas
12
são posicionadas em relação ao paciente (Figura 1.4). Um exemplo que mostra a aplicação da lei
do cosseno pode ser o de que, ao se realizar um tratamento com ultrassom, a superfície do aplica-
dor deve ser mantida o mais plana possível sobre a superfície da pele. Isso permite que a energia
sonora que vem do aplicador atinja a superfície o mais próximo de 90º possível, minimizando,
assim, a quantidade de energia refletida.
A B
Refletida
Figura 1.4 A lei do cosseno afirma que, quanto menor o ângulo entre o raio de propa-
gação e o ângulo reto, menor a radiação refletida e maior a radiação absorvida. Assim, a
energia absorvida seria maior em a do que em b.
Luz ultravioleta
A porção ultravioleta do espectro eletromagnético é mais alta em energia do que a luz violeta.
Conforme afirmado previamente, a radiação na região ultravioleta não é detectável pelo olho
humano. Contudo, se uma placa fotográfica é colocada na extremidade ultravioleta, mudanças
químicas serão aparentes. Embora uma fonte extremamente quente (7.000-9.000 ºC) seja requeri-
da para se produzirem comprimentos de ondas ultravioletas, os efeitos fisiológicos da ultravioleta
são principalmente de natureza química e ocorrem inteiramente nas camadas cutâneas de pele. A
19
profundidade de penetração máxima com ultravioleta é cerca de 1 mm.
Devido à disponibilidade de medicações orais e tópicas para se tratarem lesões de pele, a terapia
ultravioleta raramente é utilizada como uma modalidade de tratamento. Sua aplicação primária
é na cicatrização de ferida, e ela será brevemente discutida no Capítulo 3.
ENERGIA TÉRMICA
Anteriormente, foi afirmado que qualquer objeto aquecido (ou resfriado) a uma temperatura
diferente daquela do ambiente circundante irá dissipar (ou absorver) calor por meio de condução
para (ou de) outros materiais com os quais ele entra em contato.
Há confusão sobre a relação entre transferência de energia eletromagnética e de energia tér-
mica associadas a compressas quentes e frias. É correto pensar nas modalidades infravermelhas
como aquelas modalidades cujo mecanismo primário de ação é a emissão de radiação infraver-
17
melha com o objetivo de se aumentarem as temperaturas dos tecidos. Todos os objetos quentes,
incluindo banhos de turbilhão, emitem radiação infravermelha, mas a quantidade de energia
infravermelha que é irradiada a partir de banhos quentes e frios é muito pequena comparada
á quantidade que transfere para e a partir deles por condução. As modalidades como compres-
sas quentes e frias operam por condução de energia térmica, portanto, elas são melhor descri-
tas como modalidades condutoras. As modalidades condutoras são usadas para produzir um
aquecimento ou resfriamento local e ocasionalmente generalizado dos tecidos superficiais com
uma profundidade de penetração máxima de 1 cm ou menos. As modalidades condutoras são,
em geral, classificadas naquelas que produzem um aumento na temperatura dos tecidos, que se
denomina como termoterapia, e naquelas que produzem uma diminuição na temperatura dos
tecidos, que se chama crioterapia.
Anteriormente, afirmou-se que lâmpadas de luz visível, infravermelhas luminosas e infra-
vermelhas não luminosas são classificadas como modalidades de energia eletromagnética. Isso
Crioterapia
As técnicas de crioterapia são utilizadas principalmente para produzir uma diminuição na tem-
peratura dos tecidos para uma variedade de objetivos terapêuticos. As modalidades classificadas
como modalidades de crioterapia incluem massagem com gelo, compressas frias de hydrocollator,
turbilhão frio, spray frio, banhos de contraste, imersão no gelo, cryo-cuff e criocinética. Os proce-
dimentos específicos para aplicar essas técnicas são discutidos em detalhes no Capítulo 9.
ENERGIA ELÉTRICA
Em geral, a eletricidade é uma forma de energia que pode efetuar mudanças químicas e térmicas
sobre o tecido. A energia elétrica está associada com o fluxo de elétrons ou de outras partículas
carregadas por meio de um campo elétrico. Elétrons são partículas de matéria que possuem uma
carga elétrica negativa e giram ao redor do centro, ou núcleo, de um átomo. Uma corrente elétrica
refere-se ao fluxo de partículas carregadas que passam ao longo de um condutor como um nervo
ou fio. Os aparelhos eletroterapêuticos geram correntes que, quando introduzidas no tecido bio-
lógico, são capazes de produzir mudanças fisiológicas específicas.
Uma corrente elétrica aplicada ao tecido nervoso com intensidade e duração suficientes para
se alcançar o limiar de excitabilidade daquele tecido resultará em uma despolarização de mem-
brana ou aquecimento daquele nervo. As correntes de estimulação elétrica afetam o tecido ner-
voso e muscular de várias maneiras, com base na ação da eletricidade sobre os tecidos. Qualquer
corrente elétrica que passa através dos tecidos irá aquecer os tecidos com base na resistência dos
tecidos ao fluxo de eletricidade. As frequências de correntes elétricas clinicamente usadas variam
de um a 4.000 Hz. Muitos estimuladores possuem a flexibilidade de alterar os parâmetros de
tratamento do aparelho para se evocar uma resposta fisiológica desejada além do aquecimento
dos tecidos.4
Biofeedback eletromiográfico
O biofeedback eletromiográfico é um procedimento terapêutico que utiliza instrumentos eletrô-
nicos ou eletromecânicos para medir, processar e retroalimentar precisamente a informação de
reforço via sinais auditivos ou visuais. Clinicamente, ele é utilizado para se auxiliar o paciente a
desenvolver maior controle voluntário em termos de relaxamento neuromuscular ou reeducação
muscular após a lesão. O biofeedback é discutido no Capítulo 7.
ENERGIA SONORA
A energia sonora e a energia eletromagnética possuem características físicas muito diferentes. A
energia sonora consiste em ondas de pressão devido à vibração mecânica das partículas, ao passo
que a radiação eletromagnética é carregada por fótons. A relação entre velocidade, comprimento
de onda e frequência é a mesma para energia sonora e energia eletromagnética, mas as velocidades
dos dois tipos de ondas são diferentes. As ondas acústicas viajam na velocidade do som. As ondas
eletromagnéticas viajam na velocidade da luz. Visto que o som viaja mais lentamente do que a luz,
os comprimentos de onda são consideravelmente mais curtos para vibrações acústicas do que para
12
radiações eletromagnéticas em qualquer frequência dada. Por exemplo, o ultrassom que viaja na
atmosfera tem um comprimento de onda de aproximadamente 0,3 mm, ao passo que as radiações
eletromagnéticas teriam um comprimento de onda de 297 m em uma frequência similar.
As radiações eletromagnéticas são capazes de viajar através do espaço ou do vácuo. À medida
que a densidade do meio de transmissão é aumentada, a velocidade de radiação eletromagnética
diminui. As vibrações acústicas (som) não serão transmitidas através do vácuo, visto que elas
se propagam por meio de colisões moleculares. Quanto mais rígido for o meio de transmissão,
maior será a velocidade do som. O som tem uma velocidade de transmissão muito maior no teci-
do ósseo (3.500 m/s), por exemplo, do que no tecido adiposo (1.500 m/s).
uma das radiações eletromagnéticas. Em uma frequência de 1 MHz, 50% da energia produzida pe-
netrará a uma profundidade de cerca de 5 cm. A razão para essa grande profundidade de penetração
é o fato de que o ultrassom viaja muito bem através do tecido homogêneo (p. ex., tecido adiposo), ao
passo que as radiações eletromagnéticas são quase inteiramente absorvidas. Assim, quando a pene-
13,18
tração terapêutica para tecidos mais profundos é desejada, o ultrassom é a modalidade de escolha.
O ultrassom terapêutico tem sido utilizado tradicionalmente para produzir um aumento na
temperatura tecidual por meio de efeitos fisiológicos térmicos. Contudo, ele também é capaz de au-
mentar a cicatrização no nível celular como um resultado de seus efeitos fisiológicos não térmicos.
A utilidade clínica do ultrassom terapêutico é discutida de forma mais detalhada no Capítulo 10.
ENERGIA MECÂNICA
Em todos os casos em que um trabalho é realizado, há um objeto que fornece a força para se
realizar este trabalho. Quando o trabalho é feito sobre o objeto, este objeto ganha energia. A
energia adquirida pelos objetos sobre os quais o trabalho é feito é conhecida como energia me-
2
cânica. A energia mecânica é a energia possuída por um objeto devido ao seu movimento ou à
sua posição. A energia mecânica pode ser energia cinética (energia de movimento) ou energia
potencial (energia armazenada de posição). Os objetos possuem energia cinética se eles estão
em movimento. A energia potencial é armazenada por um objeto e tem o potencial de ser criada
quando este objeto é alongado, dobrado ou comprimido. A energia cinética criada pelas mãos de
um fisioterapeuta move-se para aplicar uma força que pode alongar, dobrar ou comprimir pele,
músculos, ligamentos, e assim por diante. A estrutura alongada, dobrada ou comprimida possui
energia potencial que pode ser liberada quando a força é removida.
RESUMO
1. As formas de energia que são relevantes ao uso de modalidades terapêuticas são energia
eletromagnética, energia térmica, energia elétrica, energia sonora e energia mecânica.
2. As várias formas de energia podem ser refletidas, refratadas, absorvidas ou transmitidas nos
tecidos.
3. Todas as formas de energia eletromagnética viajam na mesma velocidade, dessa forma, o
comprimento de onda e a frequência estão inversamente relacionados.
4. O espectro eletromagnético coloca todas as modalidades de energia eletromagnética, in-
cluindo diatermia, laser, luz ultravioleta e lâmpadas infravermelhas luminosas, em ordem
com base nos comprimentos de onda e nas frequências correspondentes.
5. O princípio de Arndt-Schultz, a Lei de Grotthus-Draper, a lei do cosseno e a lei do quadrado
inverso podem ser aplicados às modalidades de energia eletromagnética.
QUESTÕES DE REVISÃO
1. Quais são as várias formas de energia produzidas por modalidades terapêuticas?
2. O que é energia radiante e como ela é produzida?
3. Qual é a relação entre comprimento de onda e frequência?
4. Quais são as características da energia eletromagnética?
5. Quais das modalidades terapêuticas produzem energia eletromagnética?
6. Qual é o objetivo de se utilizar uma modalidade terapêutica?
7. De acordo com a Lei de Grotthus-Draper, o que acontece com a energia eletromagnética
quando ela entra em contato com e/ou penetra no tecido biológico humano?
8. Explique as leis do cosseno e do quadrado inverso em relação à penetração de energia eletro-
magnética no tecido.
9. Como as modalidades de energia térmica transferem energia?
10. Quais mudanças fisiológicas o uso de energia elétrica pode produzir no tecido humano?
11. Quais das modalidades terapêuticas produzem energia sonora?
12. Quais são as diferenças entre energia eletromagnética e energia sonora?
13. Quais modalidades utilizam energia mecânica para produzir um efeito terapêutico?
QUESTÕES DE AUTOAVALIAÇÃO
Verdadeiro ou falso
1. O comprimento de onda é definido como o número de ciclos por segundo.
2. Para atingir penetração de tecido mais profundo, o comprimento de onda deve ser aumentado.
3. A diatermia por ondas curtas contínuas produz efeitos térmicos.
Múltipla escolha
4. Qual das seguintes NÃO é uma modalidade de energia eletromagnética?
a. Luz ultravioleta
b. Ultrassom
c. Laser de baixa potência
d. Diatermia por ondas curtas
5. Ondas sonoras ou de radiação que mudam a direção quando passam de um tipo de tecido
para outro são ditas
a. Transmitir
b. Absorver
c. Refletir
d. Refratar
6. A/O _________________ afirma que, se o tecido superficial não absorve energia, ela deve
ser transmitida mais profundamente.
a. Lei de Grotthus-Draper
b. Lei do cosseno
c. Lei do quadrado inverso
d. Princípio de Arndt-Schultz
7. De acordo com a lei do cosseno, para minimizar a reflexão e maximizar a absorção, a fonte
de energia deve estar em um ângulo de _______________à superfície.
a. 45 graus
b. 90 graus
c. 180 graus
d. 0 grau
8. As correntes de estimulação elétrica podem produzir os seguintes efeitos:
a. Contração muscular
b. Movimento de íon final
c. Diminuição da dor
d. Todos acima
9. As modalidades de energia térmica geralmente afetam o tecido superficial até __________
de profundidade.
a. 5 cm
b. 0,5 cm
c. 1 cm
d. 10 cm
10. Com base nas suas características diferentes, qual das seguintes viaja em velocidade maior
através do tecido humano?
a. Energia sonora
b. Energia eletromagnética
c. Tanto a como b viajam na mesma amplitude.
d. Nem a nem b viajam através do tecido humano.
REFERÊNCIAS
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GLOSSÁRIO
Absorção Energia que estimula um determinado tecido para reali- Lei do quadrado inverso A intensidade de radiação que toca uma
zar sua função normal. determinada superfície varia inversamente com o quadrado da
Comprimento de onda Distância de um ponto em uma onda de distância a partir da fonte de radiação.
propagação até o mesmo ponto na próxima onda. Princípio de Arndt-Schultz Não poderão ocorrer reações ou mu-
Crioterapia Diminuição na temperatura do tecido. danças no corpo se a quantidade de energia absorvida não for
Diatermia: Aplicação de energia elétrica de alta frequência usada suficiente para se estimularem os tecidos absorventes.
para gerar calor no tecido corporal como o resultado da resis- Radiação (1) Processo de emitir energia a partir de alguma fonte
tência do tecido à passagem de energia. em forma de ondas. (2) Método de transferência de calor por
Energia Capacidade de um sistema de realizar trabalho. meio do qual o calor pode ser obtido ou perdido.
Energia cinética Energia de movimento. Radiação infravermelha A porção do espectro eletromagnético
Energia mecânica Energia adquirida pelos objetos sobre os quais associada com mudanças térmicas localizadas adjacentes à por-
o trabalho é feito. ção vermelha do espectro de luz visível.
Energia potencial Energia armazenada de posição. Radiação ultravioleta A porção do espectro eletromagnético as-
Espectro Variação de cores de luz visível. sociada a mudanças químicas localizadas adjacentes à porção
Fóton O portador de energia que compõe toda a radiação eletro- violeta do espectro de luz visível.
magnética. Reflexão Flexão de retorno de ondas de luz ou sonoras a partir de
Frequência O número de ciclos ou pulsos por segundo. uma superfície que elas atingem.
Lei de Grotthus-Draper A energia não absorvida pelos tecidos Refração Mudança de direção de uma onda ou onda de radiação
deve ser transmitida. quando ela passa de um meio ou tipo de tecido para outro.
Lei do cosseno Radiação favorável ocorre quando a fonte de radia- Termoterapia Aumento na temperatura do tecido.
ção está em ângulos retos com o centro da área que está sendo Transmissão Propagação de energia através de um determinado
irradiada. tecido biológico dentro de tecidos mais profundos.