Procedimentos Estéticos Com Aparelhos e Cosmetologia
Procedimentos Estéticos Com Aparelhos e Cosmetologia
Procedimentos Estéticos Com Aparelhos e Cosmetologia
PROPÓSITO
Estudar os conceitos relacionados à eletroterapia, laserterapia e tipos de peelings é importante
para compreender seus efeitos fisiológicos, indicações e contraindicações e, assim, determinar
um tratamento estético seguro, eficaz e que traga resultados satisfatórios ao paciente.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir os procedimentos estéticos na eletroterapia
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Há tempos que os procedimentos estéticos estão em evidência no mundo, mas atualmente,
eles ganharam espaço entre as classes de menor poder aquisitivo. Essa popularização, assim
como o acesso à informação, tem aumentado a quantidade de pacientes nas clínicas estéticas.
Esse novo cenário nos faz refletir sobre a importância dos profissionais de estética e,
principalmente, da área da Saúde, em oferecer tratamento adequado para a queixa do
paciente, ter forte fundamento teórico em todos os protocolos e sempre manter a atualização
sobre essa área em constante evolução.
MÓDULO 1
Definir os procedimentos estéticos na eletroterapia
ELETROTERAPIA
A eletroterapia é um recurso muito utilizado na fisioterapia e na estética, que compreende um
conjunto de técnicas que utilizam a corrente elétrica de baixa intensidade, gerada por
aparelhos específicos, que podem ser aplicados para diversas finalidades. Antes de nos
aprofundarmos sobre os procedimentos estéticos na eletroterapia, precisamos recordar alguns
conceitos básicos sobre eletricidade. Vamos lá?
Fonte: Shutterstock.com
Fonte: Shutterstock.com
O pulso é uma onda individual medido em segundos ou milissegundos. A largura do pulso é
o tempo de duração de cada pulso, ou seja, o tempo da passagem de corrente elétrica pelos
tecidos. Esse pode ser unidirecional ou bidirecional. Na prática estética, os formatos de pulsos
mais utilizados são os quadrados ou retangulares, os senoidais e exponenciais. É importante
destacar que quanto maior a largura do pulso, maior será o desconforto para o paciente.
Fonte: Shutterstock.com
O intervalo é o tempo transcorrido entre dois pulsos. Ele pode ser definido também como
tempo de repouso. Entretanto, o tempo de repouso normalmente é utilizado para definir o
tempo em que não ocorre eletroestimulação, ou seja, quando ocorre o relaxamento muscular.
Fonte: Shutterstock.com
Fonte: EnsineMe
Figura 1. Representação gráfica do pulso e as fases dos pulsos.
FREQUÊNCIAS SONORAS
BAIXA FREQUÊNCIA:
Fonte: Shutterstock.com
MÉDIA FREQUÊNCIA:
Fonte: Shutterstock.com
ALTA FREQUÊNCIA:
ELETRODOS
Materiais condutores que servem de interface entre o estimulador e o corpo humano. Eles
podem ser de contato (borracha, condutora flexível, autoadesivas ou placas metálicas
revestidas por esponja umedecida) e eletrodos percutâneos (agulhas de acupuntura).
CORRENTE PULSADA
O fluxo de partículas não é contínuo, ou seja, ocorre interrupção em intervalos programados,
pode ser unidirecional ou bidirecional. A corrente elétrica é emitida, atinge seu máximo de
intensidade, causando efeito, e depois há declínio da sua intensidade, seguido de um momento
de repouso antes de outro estímulo ser gerado.
IONTOFORESE
É uma técnica não invasiva em que agentes ionizados são administrados na pele com o
uso de uma corrente elétrica (em geral, a galvânica) para aumentar a absorção desses
componentes.
Para a estética, essa técnica é aplicada para o rejuvenescimento, lipólise, hipertrofia muscular
e flacidez. Os efeitos fisiológicos gerais no organismo são aumento da oxigenação celular e
circulação sanguínea, liberação de alguns tipos de hormônios e estímulo da secreção de
algumas substâncias.
Fonte: Shutterstock.com
Figura 2. Utilização de corrente elétrica para tratamentos estéticos.
ATENÇÃO
A corrente russa ficou famosa no final da década de 1970, a partir dos estudos de Yakov Kots,
que demostrou um aumento considerável na força muscular após a sua utilização na
eletroestimulação.
A corrente russa é uma corrente despolarizada e seletiva, pois pode estimular tanto a
musculatura tônica como as fásicas. Ela utiliza uma frequência de 2500 Hz (corrente fixa), com
normalmente pulsos de 10 ms. De acordo com Agne (2006), trata-se de um trem de impulsos
de correntes retangulares ou senoidais, bipolares, simétricas, emitidas numa frequência de
2500 Hz, moduladas por uma onda que pode variar dependendo do tipo de musculatura que
queremos atingir. Estes parâmetros criam um trem de pulsos compostos pelo tempo de subida,
tempo de contração (tempo on), tempo de descida e repouso (tempo off), conforme mostra a
figura.
Fonte: Shutterstock.com
Figura 3. Gráfico representando a corrente russa.
Vários fatores influenciam no tipo e quantidade de fibra existente. São eles: genéticos, níveis
hormonais no sangue e prática de exercícios.
É importante ressaltar que a corrente fixa do aparelho é ajustada, mas podemos modular o
pulso. Quando o objetivo é atingir as fibras musculares tipo I, o pulso é ajustado entre 30 a 50
Hz, e para atingir as fibras do tipo II, ela é ajustada entre 50 a 80 Hz.
Além disso, outro parâmetro que será ajustado dependendo do tipo de paciente é a intensidade
da corrente. Para isso, os eletrodos são colocados sobre a pele, aumenta-se a intensidade até
que haja contração muscular, com o máximo suportado pelo paciente sem causar dor. O
eletrodo utilizado nesse equipamento é de borracha e é recomendada a colocação do eletrodo
no ponto motor da fibra muscular ou no nervo que reage o grupo muscular. Para estimulação
facial, são usadas duas canetas apropriadas com eletrodos de borracha conectados nas
pontas. O meio de condutor é gel neutro. Nessa técnica, é essencial a posição correta dos
eletrodos.
Fonte: Shutterstock.com
Figura 4. Eletrodo sendo colocado sobre a pele.
Além disso, quando o músculo é estimulado de forma lenta e constante, ele responde com um
aumento da fibra muscular. Essa estimulação elétrica pode resultar em hipertrofia (Aumento do
tamanho e volume do músculo.) e aumento da potência muscular, se aplicada com
intensidade e frequências adequadas – alta amplitude e poucas repetições.
Pacientes sedentários
Para o fortalecimento das fibras musculares, o tempo de contração deve ser menor que o
tempo de relaxamento, para aumentar a oferta de nutrientes e oxigenação das fibras. A
eletroestimulação nesse caso deve ser prolongada com baixa amplitude e muitas repetições.
Pacientes ativos
O tempo de contração muscular deve ser igual ou superior ao tempo de relaxamento (para a
manutenção da hipertrofia) ou o tempo de contração deve ser menor ou igual ao de
relaxamento (para aumentar a hipertrofia). A eletroestimulação nesse caso deve ser com alta
amplitude e poucas repetições.
A corrente Aussie é uma variação da corrente russa, que apresenta duas frequências
portadoras, uma frequência de 1000 Hz e duração de 2 ms e a outra de 4000 Hz de duração de
4 ms. Essa diferença na frequência e no tempo de duração torna esse tipo de protocolo mais
efetivo na contração da musculatura. Além disso, estudos mostram que esse tipo de
estimulação retarda o desconforto gerado pelo procedimento, tornando-o mais agradável.
RECOMENDAÇÃO
ULTRASSOM
O ultrassom é um recurso terapêutico que utiliza ondas mecânicas (energia cinética)
transmitidas por meio de vibrações que penetram no tecido e se propagam em diferentes
profundidades. Essa técnica gera ondas que agitam as moléculas presentes no meio,
causando sua oscilação, seja em meio sólido, líquido ou gasoso, transformando, assim, a
energia sonora em energia térmica. Se todo o calor gerado for dissipado, pelo meio, ocorre um
aumento de temperatura e efeitos térmicos. Agora, se todo calor dissipado for equivalente ao
calor gerado, esse aumento de temperatura não será observado, ocasionando os efeitos não
térmicos.
VIBRAÇÕES
Vibrações mecânicas idênticas às sonoras (20 e 20000 Hz), mas uma frequência mais
alta.
ATENÇÃO
Quanto mais denso o meio, ou seja, falando na área da Estética, maior é a hidratação do
tecido, maior a velocidade de propagação e, assim, a efetividade do procedimento. Além disso,
quanto mais próximas estiverem as células, maior é a velocidade de propagação, assim, a
propagação no tecido ósseo é maior do que no tecido muscular e no adiposo.
Ocorre quando as ondas passam de meio a outro com impedância acústica distinta
(resistência oferecida pelos tecidos à passagem de ondas sonoras). Se essa resistência
for muito diferente, ocorre reflexão total e essa onda não atinge os tecidos mais
profundos.
REFRAÇÃO
A refração ocorre quando uma onda emitida passa para outro meio, alterando sua
velocidade, porém conservando a sua frequência.
A frequência de 1 MHz é indicada para atingir tecidos mais profundos e induz a apoptose
(morte celular programada) dos adipócitos (células de gordura), sem causar lesões adjacentes,
preservando vasos sanguíneos e nervos locais. No entanto, produz um menor efeito térmico.
Já a frequência de 3 MHZ é mais indicada para tratamento de tecidos superficiais, induz lipólise
a partir da cavitação e gera um aquecimento tecidual. A lipólise, diferente da apoptose,
promove a destruição da célula de gordura com liberação de ácidos graxos, que serão usados
como fonte energia.
CAVITAÇÃO
Contínuo
Pulsado
Durante a aplicação, é importante limpar a área a ser aplicada com água e sabão ou álcool,
manter movimentos circulares na região sem retirar o cabeçote de contato com a pele e
sempre aplicar um gel para impedir a existência de ar entre a pele e a fonte geradora das
ondas, uma vez que estas não são propagadas no ar.
CABEÇOTE
Cabeçote e/ou cristal de ultrassom é uma peça chamada de cerâmica piezoelétrica. Essa
peça recebe uma frequência gerada pelo aparelho e vibra, e como o próprio nome diz,
numa frequência ultrassônica.
á rea
T empo =
ERA
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
EXEMPLO
A área a ser tratada tem largura de 6 cm e comprimento de 8 cm, logo, existe uma área de (8
cm x 6 cm) = 54 cm²;
ERA = 4 cm²;
O tempo é de 54 cm² (área) dividido por 4 (tamanho da ERA), logo, o tempo de aplicação
na região será de 12 minutos.
O tempo de aplicação deve se limitar em 20 minutos por sessão para evitar os efeitos
deletérios. O número de sessões varia de 10 a 15 por região, que devem ser realizadas entre
duas a três vezes por semana, sempre obedecendo 1 dia de intervalo entre elas. A partir de 20
sessões, a frequência deve ser de 15 a 30 dias, devido ao processo de acomodamento do
organismo ao estímulo, para não afetar nos resultados.
Essa técnica é contraindicada para gestantes; diabéticos; cardiopatas; pacientes com áreas de
hipoestesia (Anestesiadas ou com baixa sensibilidade.) ou qualquer tipo de lesão cutânea ou
feridas abertas; tumores malignos; hemofilia não controlada. Além disso, não deve ser aplicada
sobre as gônadas (ovários ou testículos), áreas expostas previamente à radiação e olhos.
RADIOFREQUÊNCIA
A radiofrequência converte energia eletromagnética, na ordem de quilohertz (kHz) ou
megahertz (MHz), em energia térmica com ação no tecido biológico. O aquecimento controlado
induz uma resposta infamatória local com a migração de fibroblastos e produção de novas
fibras de colágeno, retração das fibras elásticas, melhora da circulação sanguínea e linfática.
Esses benefícios podem ser notados nos tratamentos de celulite, gordura localizada,
tratamentos faciais para flacidez e redução de rugas e até mesmo de estética íntima.
Fonte: Shutterstock.com
Figura 6. Aplicação de radiofrequência para flacidez corporal.
Capacitiva
Gera calor de dentro para fora do corpo, com emissão de ondas curtas e frequência
geralmente entre 13 a 40 MHz. Como nesse procedimento ocorre um aumento da temperatura
da área aplicada de forma rápida, ele não é suportável por muito tempo.
Resistiva
Gera calor de fora para dentro do corpo por meio de um campo elétrico, que em atrito com a
pele forma um campo eletromagnético, aquecendo o tecido (derme) sem causar incômodo do
aumento de temperatura na epiderme. Esse tipo de procedimento é bem mais suportado pelos
pacientes e é conhecido como criofrequência.
Além do tipo de radiofrequência, nesse procedimento, o tipo de cabeçote utilizado vai alterar a
profundidade de ação da onda no tecido. Existem no mercado vários tipos de cabeçotes que
são classificados de acordo com a quantidade de polos de emissão de ondas em monopolar,
bipolar, tripolar ou multipolar. Assim, o cabeçote monopolar é para uso corporal, o bipolar para
uso facial e o tripolar ou multipolar para uso tanto facial como corporal. Além dessa
classificação, eles também podem ser:
Tem ação mais superficial, sendo indicado para tratamento de flacidez em regiões de colo,
pescoço e face.
Tem uma ação mais profunda e uma menor abrangência do campo, sendo uma aplicação mais
direcionada. Indicado para tratar rugas e pequenas linhas de expressão, como sulco
nasogeniano, da região orbicular dos olhos e boca e a revitalização das mãos.
Ação bem profunda, necessitando de eletrodo dispersivo para aplicação. Indicado para
tratamento de fibrose. Não deve ser usado em regiões de face e abdômen.
TRIPOLAR
Mais indicado para tratamentos corporais, podendo ser usado nas regiões do pescoço com alto
grau de flacidez ou região submentoniana (papada) que tenha grande acúmulo de gordura.
VOCÊ SABIA
As fibras de colágeno são degradadas naturalmente ao longo dos anos e a sua reposição
torna-se cada vez mais difícil com o envelhecimento. Além disso, temos fatores externos e
internos que podem acelerar esse processo, como genética, alimentação, falta de atividade
física e pouca ingestão de água.
Para exemplificar, vamos pegar como exemplo o consumo em excesso do açúcar, que leva à
glicação de proteínas como o colágeno e a elastina, desestabilizando essas fibras e fazendo
com que elas se rompam, acelerando o processo de envelhecimento e flacidez cutânea. Mas
como a radiofrequência pode auxiliar nesse tratamento?
Um efeito imediato dessa técnica é a contração do colágeno ou sua desglicação e efeito lifting.
Essa contração é possível pelo calor, seguido do atrito entre as moléculas de água presentes
no tecido, que dissipam essa energia para os outros tecidos.
GLICAÇÃO
Glicação refere-se a uma sequência de reações não enzimáticas que se inicia quando
açúcares redutores como glicose e frutose reagem com aminoácidos constituintes de
proteínas, lipídeos ou ácidos nucleicos, gerando os chamados produtos de glicação
avançada (AGEs, acrônimo em inglês para Advanced Glycation End-Products). Os AGEs
possuem a capacidade de modificar as propriedades químicas e funcionais de diversas
estruturas biológicas devido à geração de radicais livres, formação de ligações cruzadas
com proteínas ou de interações com receptores celulares, causando disfunção fisiológica.
LIFTING
SAIBA MAIS
Quanto mais água o tecido tiver e quanto maior a concentração de eletrólitos, mais rápido é
atingida a temperatura.
Fonte: EnsineMe.
Figura 7. Efeitos primários e secundários da radiofrequência nas fibras colágenas.
Para esse tipo de estímulo, a aplicação deve ser feita com movimentos lentos e contínuos, de
preferência em forma de “C”, com pressão do eletrodo uniforme e um bom contato com a pele.
É importante o controle da temperatura durante toda a aplicação, por meio de um termômetro
digital na área em tratamento. Após alcançar a temperatura de 40°C, a aplicação deve ser
mantida por no máximo 5 minutos.
Para os tratamentos corporais, esse procedimento é usado para melhora da flacidez tissular,
aspecto de celulite, estrias, cicatrizes, fibrose e gordura localizada. Na prática clínica, ele é
amplamente associado a outras técnicas para o tratamento de gordura localizada e celulite.
O intervalo entre as sessões varia, mas em geral o intervalo é de 21 dias, de acordo com o
ciclo da produção de colágeno, e são recomendadas no mínimo seis sessões para alcançar os
resultados esperados. A hiperemia local desaparece depois de alguns minutos.
CRIOLIPÓLISE
Desenvolvida entre as décadas de 1970-1980, a criolipólise é amplamente empregada no
tratamento da gordura localizada, que utiliza baixas temperaturas para destruição dos
adipócitos. Isso é possível, pois tecidos ricos em lipídeos têm uma susceptibilidade maior a
lesões ocasionadas pelo frio em relação aos tecidos ricos em água, como músculos e nervos.
Como mencionamos anteriormente, pessoas com gordura localizada apresentam um aumento
na quantidade e tamanho dos adipócitos. Além disso, há a redução da quantidade de água do
meio extracelular, comprometimento circulatório e redução da oxigenação dos tecidos. Essas
células de gordura encontram-se na hipoderme, camada de interesse nesse tipo de tratamento.
Esse método utiliza um aparelho que promove ao mesmo tempo a sucção por vácuo e
resfriamento (com temperaturas entre -5°C e -15°C) da pele. Ele pode ter apenas um aplicador
ou mais de um, podendo realizar a aplicação em diferentes áreas ao mesmo tempo e,
normalmente, as regiões de interesse são flanco, abdômen, coxas (interno e posterior), braços,
parte superior das costas e culote. Para o procedimento, após selecionar a área a ser tratada,
uma manta específica com substância hidratante é colocada sobre o local para evitar
queimaduras. Em seguida, o aplicador é posicionado sobre a área, o vácuo é regulado e é feita
a sucção da pele de acordo com a sensibilidade do paciente. A aplicação dura em média de 45
a 60 minutos. Depois, é muito importante estimular a circulação do tecido, a fim de retornar à
temperatura normal.
Fonte: Shutterstock.com
Figura 8. Processo de criolipólise.
Por fim, há morte celular dos adipócitos por estímulo externo e os restos celulares são
digeridos por macrófagos.
Durante a criolipólise, o adipócito sofre uma mudança nos triglicerídeos chamada de fractal,
que significa quebra. Essa transformação é irreversível e leva a ativação do sistema imune
para remoção dessas células (Figura 09).
LISE CELULAR
Fonte: Shutterstock.com
Figura 9. A criolipólise nos adipócitos.
No entanto, os efeitos da criolipólise não são imediatos. A morte celular e a alteração nos
adipócitos levam a uma resposta inflamatória local intensa. Os macrófagos residentes do
tecido, ao realizarem fagocitose dos adipócitos modificados e dos restos celulares, liberam
mediadores inflamatórios (citocinas), o que estimula a chegada de mais macrófagos e
neutrófilos para o local afetado. Também existe produção de fator de crescimento vascular e
celular, com aumento da produção de fibroblastos e, consequentemente, aumento da produção
de colágeno para sustentação tecidual. Novos vasos sanguíneos são formados e isso
possibilita melhora na oxigenação e metabolismo local.
CONVENCIONAL
O resfriamento da pele e tecido subcutâneo ocorre de forma gradual.
CONTRASTE
Inicialmente, temos um aquecimento da pele seguido por resfriamento local.
VOCÊ SABIA
Atualmente, no mercado, há equipamentos que não utilizam vácuo, mas realizam a criolipólise
a partir de placas, que causam o resfriamento sem o desconforto do vácuo.
O procedimento deve ser indicado após uma avaliação criteriosa do paciente, com análise da
prega de gordura no local (quando usado o vácuo), que deve ser de no mínimo 4 cm. As
sessões variam de 1 a 3, dependendo da região, com um intervalo de 3 meses. Para melhorar
os resultados, pode ser solicitada a utilização de cinta modeladora na região durante os 30 dias
após o procedimento e pode ser associada drenagem linfática (2 a 3 vezes por semana).
Após o procedimento, podemos observar alguns efeitos adversos, como hiperemia, eritema
localizado, equimose, dormência temporária ou redução da sensibilidade local e dor local. Um
efeito adverso pouco comum é a hiperplasia adiposa paradoxal, que é uma disfunção em que
ocorre aumento do volume do tecido adiposo na região em que deveria ser observada redução,
ou seja, na área de aplicação. Ocorre normalmente de 1 a 6 meses pós-procedimento e as
causas são desconhecidas.
A) Contínua
B) Pulsada
C) Alternada
D) Polarizada
E) Modulada
B) Ultrassom
C) Corrente russa
D) Corrente Aussie
E) Criolipólise
GABARITO
1. Nesse tipo de corrente elétrica, o fluxo é contínuo e ocorre de forma bidirecional, com
inversão da polaridade em tempos regulares. Qual o tipo de corrente elétrica citada?
2. Uma paciente de 50 anos procura uma clínica de estética para tratar a flacidez tecidual
e as linhas de expressão. É oferecido um procedimento para o tratamento facial que
utiliza corrente alternada com alta frequência, promovendo aquecimento da área tratada,
com aumento das fibras de colágeno, aumento da oxigenação tecidual e efeito lifting.
Qual é esse procedimento?
MÓDULO 2
Descrever os procedimentos estéticos na laserterapia
CARACTERÍSTICAS DO LASER
O uso do laser revolucionou técnicas terapêuticas e tornou-se muito valioso na Medicina para o
tratamento de diversas disfunções e até mesmo procedimentos cirúrgicos. Na estética, de
forma mais recente, a utilização do laser vem ganhando espaço.
O laser é um aparelho que produz a emissão de uma luz monocromática com grande energia,
que apresenta a capacidade de gerar alterações físicas e biológicas. Quando ela atinge a
matéria, pode ocorrer reflexão, refração, absorção e dispersão, como em qualquer outra
radiação eletromagnética. Os átomos que consistem o emissor central do equipamento são
estimulados com energia elétrica, alterando os seus orbitais e resultando na liberação da
energia na forma de fóton (Menor fração do feixe de luz.) . O laser apresenta algumas
características importantes. São elas:
Monocromático
A luz emitida pelo laser é composta por fótons em apenas uma frequência, determinando
quais biomoléculas absorverão o feixe de luz e sua profundidade, por exemplo, as
proteínas absorvem entre 200-350 nm no ultravioleta.
Colimação
Coerência
Os picos de ondas são emitidos com mesma frequência e direção.
Alta intensidade
Fonte: Shutterstock.com
Figura 10. Funcionamento do laser.
Os lasers são classificados de acordo com a potência em alta (acima de 50°C, como o CO2
fracionado), média (abaixo de 50°C, como os de epilação) e baixa potência (não emitem calor,
como os LEDs).
EPILAÇÃO
Processo de remoção dos pelos pela raiz, que diminui ou atrasa seu crescimento.
SAIBA MAIS
Os equipamentos mais usados são de baixa potência, como Hélio-Neônio (HeNe), Arsenieto de
Gálio (AsGa), Alumínio-Gálio-Índio-Fósforo (AlGaInP) e Arsenieto-Gálio-Alumínio (AsGaAl).
Eles podem emitir luz de forma contínua, com duração de exposição longa (mais de 1
segundo) e dano não seletivo, dando o máximo de energia gerada ao tecido. Ou pulsado, ou
seja, a emissão do feixe de luz não é contínua, ocorrendo em intervalos regulares de tempo,
com duração de milissegundos ou nanossegundos de pulso e tem efeito mais seletivo da área
atingida.
A luz do laser é direcionada para o cromóforo de interesse que pode ser a melanina
(tratamento de manchas e epilação), hemoglobina (tratamento de microvasos) ou água
(tratamento de rejuvenescimento). Essas substâncias têm a capacidade de absorver luz em um
comprimento de onda específico e transformá-la em calor, elevando a temperatura, que pode
chegar a mais de 100°C. Isso gera uma série de modificações estruturais, como a coagulação
e desnaturação de proteínas.
CROMÓFORO
Cromóforos são grupos de átomos que dão cor a uma determinada substância e
absorvem luz em um comprimento de onda específico no espectro do visível. Na pele, os
cromóforos são água, proteínas, melanina, hemoglobina e a oxihemoglobina.
Fonte: Shutterstock.com
Figura 11. Esquema mostrando os diferentes comprimentos de onda atingindo a pele.
EFEITO FOTOTÉRMICO
Ocorre a conversão da energia luminosa em calor, aumentando a temperatura tecidual,
podendo até mesmo causar sua destruição.
EFEITO FOTOQUÍMICO
Utiliza substâncias fotossensibilizantes que são captadas por células tumorais e provocam a
destruição dessas células.
EFEITO FOTOMECÂNICO
Com ação sobre os tecidos, causando sua fragmentação pela luz do laser.
EFEITO FOTOELÉTRICO
Ablação induzida pela ionização de átomos ao obter-se a forma de plasma, após dano
tecidual.
ABLAÇÃO
PLASMA
Estado na física da matéria semelhante ao gás, onde algumas partículas estão ionizadas.
Essa terapia apresenta muitos benefícios, como o baixo risco de complicações pós-
procedimento, permite associação de outros tipos de tratamento, pode ser aplicada sobre a
pele por longos períodos e geralmente apresenta menor custo.
Existem vários tipos de LED e cada um apresenta uma aplicação terapêutica diferente. Vamos
conhecê-los? (Figura 13).
LED AZUL
Apresenta ação somente sobre a epiderme, com função bactericida, sendo grande aliado no
tratamento de acne e controle da oleosidade. Provoca também melhora na hidratação facial e
tem efeito clareador.
LED VERMELHO
Tem ação sobre a derme, com ativação e síntese de fibroblastos, aumentando, assim, a
produção de colágeno e elastina, e reduzindo a ação da colagenase. Além disso, tem efeito na
microcirculação, com ação antioxidante e de combate aos radicais livres. Muito utilizado para a
drenagem linfática e redução de medidas, por seu efeito anti-inflamatório e de estímulo da
lipólise.
LED ÂMBAR
Tem ação na derme com estímulo de síntese e remodelação das fibras de colágeno, auxilia na
microcirculação com maior nutrição tecidual. Tem grande uso nos protocolos de flacidez por
gerar um efeito lifting local.
LUZ INFRAVERMELHA
Tem ação na derme profunda e músculos, com ativação de fibroblastos, promove alteração da
permeabilidade celular, facilitando a absorção de ativos, ação anti-inflamatória e diminui o
edema. Usado tanto em procedimentos faciais, como corporais.
COLAGENASE
Fonte: Shutterstock.com
Figura 13. Cor dos LEDs usados na estética.
A fototerapia por meio do LED pode ser usada no tratamento de acnes em qualquer grau,
alopecia, clareamento de manchas, drenagem linfática, estrias, gordura localizada, hidratação
facial e corporal, celulite, linhas de expressão e olheiras.
ACNE
O LED azul atua na pele como um bactericida, levando à redução da microbiota, o que melhora
o aspecto inflamatório. O LED vermelho gera um efeito analgésico e anti-inflamatório e a luz
infravermelha permite melhora na circulação linfática local.
CLAREAMENTO DE MANCHAS
O LED azul tem ação na degradação da melanina local, com efeito clareador. O LED âmbar
diminui a formação de melanina e produção de tirosina. O LED vermelho e a luz infravermelha
têm ação no reparo tecidual.
É feita com o LED vermelho, que tem ação sobre a síntese de fibroblastos e colágeno. A luz
infravermelha auxilia a melhora da circulação linfática local.
ALOPECIA
O LED vermelho promove aumento da circulação local, com melhora do metabolismo folicular e
consequente crescimento, volume e nutrição capilar.
Vamos relembrar que o pelo apresenta um ciclo de crescimento lento e com três fases:
FASE ANÁGENA (CRESCIMENTO)
FASE CATÁGENA (REPOUSO)
FASE TELÓGENA (QUEDA)
É a fase final do crescimento, em que ocorre total atrofia do bulbo e o desprendimento do pelo.
Nessa etapa, ocorre formação de um novo pelo dentro do folículo, que empurra o mais velho
para fora, iniciando um novo ciclo. Essa fase dura em média de três a quatro meses.
Fonte: Shutterstock.com
Figura 14. Fases de crescimento do pelo.
Nesse procedimento, o laser é absorvido pela melanina da pele e do pelo, o que leva a um
superaquecimento do folículo, com a propagação da energia para as células vizinhas. Isso
possibilita a destruição do pelo ou a diminuição da capacidade do folículo piloso de produzir um
novo pelo. Nas primeiras sessões, é possível observar que os pelos da região tratada
crescerão mais finos e de forma mais lenta.
Fonte: Shutterstock.com
Figura 15. Epilação a laser.
Esse tratamento apenas é eficaz para a remoção de pelos escuros, pois a luz precisa ser
absorvida pela melanina. Além disso, ele é realizado em algumas sessões (3-6 sessões),
respeitando o ciclo de crescimento do pelo (4 semanas), pois os pelos devem estar na fase
anágena, fase de maior concentração de melanina no bulbo capilar, para um tratamento eficaz.
ATENÇÃO
Além da cor dos pelos, devemos ter cuidado com a cor da pele, pois a melanina da pele
compete com a melanina dos pelos pela absorção da luz, não sendo, assim, segura a
aplicação em pacientes com peles mais escuras ( fototipos mais altos).
FOTOTIPOS
Escala de coloração da pele de I a IV, onde I é a pele branca, que sempre queima e
nunca bronzeia. A pele IV é a negra.
Para aplicação, a pele deve ser limpa com sabão ou clorexidina, pode-se utilizar analgésico
tópico 45 minutos antes do procedimento e o ideal é que a área esteja livre de pelos, para
evitar o desperdício de energia liberada pelo laser, superaquecimento e queimadura da pele.
Os pelos devem ser retirados com uma gilete de barbear ou creme depilatório, nuca deve-se
retirar pelo bulbo, como acontece com a cera ou pinça! Deve-se utilizar um gel à base de água
e sempre devemos utilizar óculos de proteção (profissional e paciente).
Após o procedimento, é normal um leve eritema e até mesmo leve edema na região, podendo
também ter uma sensação de queimadura branda. Então, pode ser indicado o uso de alguma
substância calmante pós-procedimento e até mesmo uso de corticoide tópico. Os efeitos
adversos mais comuns são: edema intenso, formação de bolhas, foliculite e até queimaduras.
ROACUTAN
Medicamento utilizado para o tratamento da acne grave. Seu mecanismo de ação não é
bem elucidado, mas parece reduzir a quantidade do sebo produzido pelas glândulas
sebáceas.
De forma semelhante ao laser, a LIP irá atingir diferentes cromóforos, como a melanina,
colágeno e vasos sanguíneos, sendo assim indicada para a epilação, mas também para o
rejuvenescimento e o tratamento de lesões pigmentares (efélides, melanose, melasma e
hemossiderina) e vasculares (telangiectasias e rosácea). Ao atingir essas substâncias, a
interação com o tecido biológico ocorre por destruição celular ou das substâncias orgânicas,
provocando fotocoagulação, queimadura, liquefação ou vaporização.
VOCÊ SABIA
A capacidade dos cromóforos de absorver de forma seletiva os efeitos da energia luminosa,
produzir o aquecimento e de causar lesão em tecido específico é denominada fototermólise
seletiva.
Como esse procedimento utiliza luz policromática, durante sua aplicação é necessário utilizar
filtros ópticos seletivos, para limitar o comprimento de onda desejado. No quadro a seguir,
podemos verificar os tipos de filtros empregados.
FLUÊNCIA
Fonte: Shutterstock.com
Figura 16. Feixes luminosos da LIP e do laser.
Para a remodelação da matriz extracelular da pele envelhecida, a LIP, ao incidir sobre a pele, é
atraída pela água intracelular, que ioniza e gera um aumento da temperatura. O aumento da
temperatura causa uma inflamação aguda que em longo prazo estimula o subsequente
estímulo dos fibroblastos, que aumenta a produção de colágeno e elastina, possibilitando o
rejuvenescimento facial. Além disso, promove o clareamento e uniformização do tom da pele e
redução dos poros dilatados.
Para aplicação, devemos proteger as áreas intimas. Podemos utilizar um gel anestésico no
local e, em seguida, colocar um gel para facilitar o contato com a ponteira do equipamento.
Após a programação, o equipamento é disparado e deve-se dar disparos subsequentes até
que toda a área esteja atingida. O paciente pode sentir uma sensação de calor, a pele fica
avermelhada e sensível e pode surgir uma crosta fina após a aplicação, que some em torno de
10 a 12 dias. O número de aplicações varia de acordo com o objetivo, mas normalmente ocorre
entre 3 a 4 aplicações, em um intervalo de 3 a 4 semanas. Para epilação, como mencionado
anteriormente, são mais sessões. O uso de óculos é obrigatório para o paciente e profissional.
As contraindicações são as mesmas observadas para o tratamento com o laser. Nesse tipo de
procedimento, podem ser observados alguns efeitos adversos, como surgimento de cicatriz
hipertrófica, hipopigmentação, hiperpigmentação e fotossensibilidade.
USO DO LASER X LUZ INTENSA PULSADA.
Saiba mais sobre as Indicações do uso de laser e luz intensa pulsada.
Estimula na pele a água (cromóforo), o que leva sua vaporização na epiderme, com
aquecimento da camada dérmica, gerando uma inflamação local, que em longo prazo gera a
remodelação do colágeno. Indicado para rejuvenescimento facial, do colo e mãos com melhora
na textura e coloração da pele; redução de rugas; para o tratamento de manchas superficiais;
cicatrizes, inclusive de acnes e estrias.
Esse tipo de técnica apresenta um sistema de feixe de laser separado em vários microfeixes,
como se fosse um chuveiro, e isso permite que a pele fique íntegra na região que está sofrendo
aplicação. Além disso, de acordo com a frequência estabelecida, duração do pulso, distância
entre os pontos de aplicação e diâmetro dos pontos, o feixe pode atingir diferentes
profundidades.
Fonte: Shutterstock.com
Figura 17. Mecanismo de ação do laser fracionado.
Nas 48-70 horas após a aplicação do laser, tem-se uma fase aguda de lesão térmica gerando
uma inflamação no local. Após esse período, inicia-se a fase proliferativa, que dura cerca de 30
dias, e nela há recrutamento de fibroblastos com maior síntese de colágeno. Em seguida,
ocorre a fase de remodelação tecidual, que dura em média 15 dias.
Após o procedimento, a pele apresenta uma leve camada esbranquiçada nas regiões em que o
laser foi aplicado. No primeiro dia, a região fica um pouco avermelhada ou escurecida e pode
haver incômodo por causa do aumento da temperatura. É indicado fazer uso de água termal.
Entre o 2º e o 5º dia, a pele descama, como acontece após exposição solar, por exemplo.
Deve-se, então, evitar qualquer exposição solar. Depois do 6º dia, a maquiagem já pode ser
utilizada, no caso do procedimento facial. Em 15 dias a 3 semanas, é possível notar alguma
diferença na região, mas apenas entre 1 e 6 meses são vistos os resultados.
As sessões podem ser realizadas com intervalo de 45 dias entre elas e a quantidade será
definida de acordo com o resultado desejado pelo paciente e indicação do profissional, mas em
média, são feitas de 3 a 4 sessões.
Apesar de não apresentar muitos efeitos adversos, pode haver eritema e inchaço até dois dias
após o procedimento, por causa do aumento do fluxo sanguíneo local e do processo
inflamatório. Pode ocorrer hiperpigmentação ao longo da primeira semana, que desaparece
gradualmente. Como todos os procedimentos estudados, algumas condições são
contraindicações para o laser fracionado, como gestação, presença de acne ativa, herpes
em atividade, doença autoimune, pacientes com fotossensibilidade, uso de Roacutan e a
pele bronzeada.
ATENÇÃO
Antes e depois de qualquer procedimento, alguns cuidados são importantes, como evitar a
exposição solar com o uso de filtro solar, a hidratação da pele, anestesiar a região antes do
procedimento e o uso de cremes cicatrizantes após o procedimento.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
C) Remodelamento dérmico.
GABARITO
A luz intensa pulsada atua no rejuvenescimento facial, sendo atraída pela água, que funciona
como cromóforo. Após o aumento da temperatura do tecido atingido, ocorre um processo
inflamatório agudo que culmina no remodelamento tecidual e o estímulo dos fibroblastos para
produção de colágeno.
O laser tem por características ser monocromático (a luz emitida pelo laser é composta por
fótons em apenas uma frequência), colimação (os fótons são produzidos de forma paralela
entre si e não se dispersam) e coerência (os picos de ondas são emitidos com mesma
frequência e direção).
MÓDULO 3
PEELINGS
Cada vez mais, a procura por procedimentos que garantam uma pele mais uniforme e jovem
tem se tornado comum nas clínicas de estética. Dentro dos procedimentos estéticos para essa
finalidade, destaca-se o peeling, que tem como objetivo renovar as células por meio de
descamação. Esse é um tratamento eficaz para tratar rugas, manchas, marcas de expressão,
cicatrizes, acnes e até mesmo para a perda de elasticidade e sinais de envelhecimento
precoce.
Para entender melhor sobre esse procedimento, precisamos lembrar sobre a estrutura da
nossa pele. Ela é dividida em três camadas: epiderme, derme e hipoderme. A epiderme é a
camada da nossa pele em que existe maior atuação dos peelings, mas esse procedimento
pode atingir também a derme.
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Figura 18. Estrutura da pele.
Histologicamente, a epiderme é formada por um epitélio estratificado pavimentoso. Ela
apresenta uma baixa concentração de água, tem uma espessura média de 0,1 mm e grande
quantidade de queratinócitos. Ainda relembrando as estruturas da pele, na epiderme temos 5
camadas sobrepostas, sendo elas: córnea, lúcida, granulosa, espinhosa e basal.
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Figura 19. Camadas da epiderme.
A derme é o tecido de suporte da epiderme, com espessura variável e divide-se em: derme
papilar (mais profunda) e derme reticular (mais superficial).
Existem alguns tipos de peelings disponíveis no mercado, assim como ativos usados e suas
associações.
Médios: ação sobre a derme papilar, com profundidade de aproximadamente 0,6 mm;
Profundos: ação sobre a derme reticular, com profundidade de aproximadamente 0,8 mm.
Quanto maior a profundidade do peeling, mais efetivos serão os resultados e maiores os riscos
de efeitos adversos e desconforto durante a aplicação.
Os peelings também são classificados de acordo com a sua natureza em físicos, químicos e
mecânicos. Vamos conhecê-los?
PEELING FÍSICO
O peeling físico provoca o efeito esfoliativo superficial da pele por meio de cremes esfoliantes
ou tecnologia de laser para esfoliação e renovação celular. É um procedimento de fácil
aplicação, que pode ser feito em casa, e que através das microesferas presentes nos cremes
permite uma limpeza mais profunda da pele, com remoção de células mortas da epiderme.
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Figura 20. Esfoliação da pele através de peeling físico.
PEELING QUÍMICO
Nesse tipo de peeling, são usados ativos, geralmente ácidos, isolados ou combinados, que
causam diferentes graus de esfoliação da pele. Eles têm como principal objetivo provocar uma
“destruição” de forma controlada da epiderme e até mesmo da derme, com consequente
renovação tecidual.
Fonte: Shutterstock.com
Figura 21. Aplicação de peeling químico.
Os ácidos aplicados agem diminuindo a coesão entre as células da epiderme, provocando uma
esfoliação química, estimulando os compostos da matriz dérmica que promove a hiperplasia
dos queratinócitos do estrato basal, aumento da permeabilidade cutânea, redução da
quantidade de melanina e aumento da mitose de fibrócitos. As indicações gerais desse tipo de
peeling são rejuvenescimento, tratamento das hiperceratoses, discromias, da oleosidade da
pele, cicatriz da acne e fotoenvelhecimento.
ATENÇÃO
Antes do procedimento, deve ser feita uma anamnese cautelosa com avaliação de questões
importantes, como a realização de procedimentos de rádio ou quimioterapia, tabagismo (que
interfere negativamente nos resultados), alergia a algum possível componente, presença de
alguma doença de base (que dificulte a reparação tecidual), uso constante de protetor solar,
cosméticos e medicamentos em uso e possíveis tratamentos médicos.
Tem função de afinar o estrato córneo, modular cascatas metabólicas, testar a tolerabilidade
aos compostos que serão utilizados no peeling e potencializar o procedimento.
PÓS-PEELING IMEDIATO
Tem por função restaurar a barreira de proteção da pele, recuperar o manto hidrolipídico,
diminuir a inflamação e dar mais conforto ao paciente.
PÓS-PEELING TARDIO (7 A 14 DIAS DEPOIS)
Tem função de recuperar a barreira cutânea, nutrir e hidratar a pele e auxiliar na cicatrização
tecidual.
Esse procedimento não deve ser feito em pacientes com fototipos altos (dependendo do ácido
utilizado), histórico de queloide e cicatrizes, disfunções cardíacas, renais e hepáticas, histórico
de diabetes, telangiectasias, uso crônico de corticoides e pacientes imunossuprimidos ou com
doença autoimune.
ALFA-HIDROXIÁCIDOS (AHAS):
Pertencem ao grupo de ácidos de cadeia não muito longa e que têm em comum a presença de
um grupo carboxila com um ou dois grupamentos hidroxilas na posição alfa. Para seu efeito,
eles dependem do tempo, concentração, pH e camada que foi aplicada. Além disso, não
possuem capacidade de autoneutralização, devendo ser neutralizados com bicarbonato de
sódio a 5%. A maioria deles é hidrofílico (tem afinidade pela água). Entre os AHAs, temos:
ácido glicólico, ácido lático, ácido cítrico, ácido málico e ácido mandélico.
CETOÁCIDOS
Têm como representante o ácido pirúvico.
BETA-HIDROXIÁCIDOS
Os ácidos que compõem esse grupo possuem um grupamento hidroxila na posição beta. São
lipofílicos (afinidade por lipídios), com ação anti-inflamatória e antimicrobiana, são menos
irritativos e regulam a concentração de sebo da pele. O seu principal representante é o ácido
salicílico.
Fonte: Jkallini/Wikimedia Commons/licença (CC BY 3.0...)
Fórmula estrutural de um β-hidroxiácido
POLI-HIDROXIÁCIDOS
Pertencem a esse grupo o ácido lactobiônico e a gluconolactona, indicado para pessoas com
peles mais sensíveis.
Fonte: EnsineMe
Fórmula estrutural de um poli-hidroxiácido
DICARBOXÍLICOS
Têm como representante o ácido azelaico.
RETINOIDES
Fazem parte da família dos diterpenos e seu principal representante é o ácido retinoico.
Fonte: MindZiper/Wikimedia Commons/licença (CC BY 3.0...)
Retinol
ÁCIDO GLICÓLICO
ÁCIDO LÁTICO
ÁCIDO MANDÉLICO
ÁCIDO SALICÍLICO
ÁCIDO PIRÚVICO
ÁCIDO LACTOBIÔNICO
GLUCONOLACTONA
ÁCIDO AZELAICO
ÁCIDO RETINOICO
ÁCIDO GLICÓLICO
Um alfa-hidroxiácido encontrado naturalmente na cana-de-açúcar. Tem ação sobre a epiderme
desestabilizando a reação química de formação da queratina e diminuindo a coesão dos
corneócitos e queratinócitos, tendo efeito hidratante. Normalmente, tem ação vasodilatadora,
redução da espessura e compactação da epiderme e provoca um estímulo para a síntese de
colágeno. É utilizado para o tratamento de acne, manchas senis, queratoses actínicas e
hidratação da pele, sendo sua maior indicação e utilização para o rejuvenescimento facial.
Apresenta rápida penetração, é altamente solúvel, são necessárias algumas sessões para
observar um melhor resultado. É recomendado não desengordurar muito a pele antes de sua
aplicação. A concentração de aplicação é de 1% a 10% em cremes e loções e de 20% a 70%
para peeling, com pH entre 1 e 4, apresenta um veículo na forma de gel e tem uma aplicação
sequencial. Não deve ser usado em pacientes que façam tratamento com ácido retinoico por
causa do surgimento de epidermólise (esbranquiçamento da pele) de forma precoce.
ÁCIDO LÁTICO
Um alfa-hidroxiácido que está presente na pele e tem alto poder umectante. Tem ação
antimicrobiana, regulador de pH, hidratante, rejuvenescedor, clareador da pele e função
antiacneica. Apresenta baixo peso molecular, possui três carbonos em sua cadeia, sendo maior
que o ácido glicólico, altamente solúvel em água, pouco irritativo, não causa grande
descamação e requer algumas sessões de aplicação para melhores resultados. Ele promove a
remoção de células mortas e envelhecidas da pele, conferindo brilho, maciez e melhora no
aspecto geral da pele. Recomenda-se não desengordurar muito a pele antes de sua aplicação,
utilizado na concentração de 0,5% a 15% dependendo do efeito desejado, com pH 4, e
apresenta um veículo fluido.
ÁCIDO MANDÉLICO
ÁCIDO SALICÍLICO
ÁCIDO PIRÚVICO
ÁCIDO LACTOBIÔNICO
GLUCONOLACTONA
ÁCIDO AZELAICO
Um ácido dicarboxílico encontrado no trigo, cevada e centeio. Tem ação bactericida, anti-
inflamatória, antioxidante, promovendo efeito clareador na pele e antiacneico. Utilizado nas
concentrações de 10% a 20%, necessária sua neutralização e apresenta como veículo gel ou
creme.
ÁCIDO RETINOICO
Um retinoide que atua sobre a camada córnea da epiderme, promovendo seu afinamento e
renovação celular. Nas camadas basal e espinhosa, reduz a concentração de melanina. Na
derme, tem ação sobre os fibroblastos, com estímulo de sua síntese e melhora da circulação
local. Por estimular a angiogênese, é um ácido contraindicado para pessoas que apresentem
rosáceas ou telangiectasias na área a ser tratada. É um ácido lipofílico, de ação superficial, que
provoca leve descamação. Ele deve permanecer sobre a pele entre 1 a 8 horas para seu total
efeito. Após esse período, ele perde seu potencial de ação. É recomendado para o tratamento
de fotoenvelhecimento, hiperpigmentação, inclusive no melasma e como coadjuvante no
tratamento de acne e suas cicatrizes. Usado na concentração de 0,01% a 10%, com ajuste do
pH (pH 4) em caso de uso de tonalizante.
CORNEÓCITOS
FROSTING
OUTROS ÁCIDOS:
Ácido tranexâmico
Possui grande ação clareadora por reduzir a atividade da tirosinase, enzima que
participa do processo de síntese de melanina, e por isso tem sido muito utilizado no
tratamento de manchas como o melasma.
Solução de Jessner
Ácido fênico
Utilizado no peeling de fenol atenuado, onde utiliza altas concentrações desse ácido,
com penetração na derme reticular. Recomendado para o tratamento de
fotoenvelhecimento, hipercromias e acne. A excreção desse composto ocorre via
urinária após algumas horas da aplicação, por isso é sempre recomendado grande
ingestão de água antes e depois do procedimento, para auxiliar na sua remoção do
organismo, uma vez que esse ativo é tóxico.
Cisteamina
Ácido tioglicólico
Tem capacidade de quelar o ferro presente na hemossiderina, por isso é indicado para o
tratamento de hiperpigmentação periorbital (olheiras pigmentadas), dermatite ocre ou
qualquer disfunção com pigmento resultante do extravasamento de sangue.
Recomenda-se o seu uso de 2% a 5% em olheiras, e até 10% para outras aplicações.
Requer neutralização.
DERMATITE OCRE
PEELING MECÂNICO
Os tipos mais comuns de peeling mecânico são o de cristal e de diamante, que diferem pelo
tipo de ponteira utilizada. No peeling de cristal, o vácuo é gerado, o que permite a retirada de
impurezas e células mortas da epiderme, mas também libera cristais finos de óxido de alumínio
de forma pressurizada, o que permite a esfoliação da pele (Figura 22). No peeling de diamante,
em sua ponteira, existe uma espécie de lixa, que promove a esfoliação da pele.
Fonte: Shutterstock.com
Figura 22. Esquema da ação do peeling mecânico (cristal).
SAIBA MAIS
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A AÇÃO DOS PEELINGS QUÍMICOS DEPENDE DOS SEGUINTES
FATORES, EXCETO:
A) pH da solução aplicada.
A) Ácido mandélico
B) Ácido retinoico
C) Ácido lático
D) Ácido salicílico
E) Ácido glicólico
GABARITO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste tema, tivemos uma visão ampla do uso e das aplicações dos procedimentos
que utilizam a eletroterapia, lasers e peelings. Vimos que existem muitos procedimentos que
podem ser aplicados a uma mesma disfunção. Dessa forma, entender a aplicação de cada
ativo, seu grau de permeação na pele, suas indicações e contraindicações irá evitar ao máximo
as intercorrências, proporcionando o resultado desejável.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
AGNE, J. E. Eletrotermoterapia: teoria e prática. Santa Maria: Pallotti, 2006.
BOLOGNIA, J.; JORIZZO, J. L.; SCHAFFER, J. V. Dermatologia. 3. ed. São Paulo. Elsevier,
2015.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, assista ao vídeo:
Leia:
A reportagem "O peeling químico como tratamento do melasma", no site do jornal Terra.
CONTEUDISTA
Allyne Macedo
CURRÍCULO LATTES