Avaliação Da Motivação Intrínseca Na Aprendizagem

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Psico-USF

ISSN: 1413-8271
[email protected]
Universidade São Francisco
Brasil

Simões, Francisco; Alarcão, Madalena


Avaliação da motivação intrínseca na aprendizagem: validação de duas escalas para
crianças e adolescentes
Psico-USF, vol. 16, núm. 3, diciembre, 2011, pp. 265-273
Universidade São Francisco
São Paulo, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=401036087003

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Psico-USF, v. 16, n. 3, p. 265-273, set./dez. 2011 265

Avaliação da motivação intrínseca na aprendizagem: validação de duas escalas para crianças e


adolescentes

Francisco Simões1 – Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal


Madalena Alarcão – Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal

Resumo
O objetivo do presente trabalho é proceder à adaptação e validação de duas escalas breves de avaliação da motivação na
aprendizagem: a Escala de Escolha Percebida na Aprendizagem e a Escala de Competência Percebida na Aprendizagem.
O estudo abrangeu 510 participantes, com idades compreendidas entre os 9 e os 16 anos. Após a análise exploratória de
dados, o trabalho envolveu a avaliação da consistência interna, sucedida de uma análise fatorial exploratória de ambas as
escalas. Foram estudadas, também, a sua validade convergente, bem como a sua estabilidade temporal. Foi ainda realizada
uma análise diferencial dos resultados quanto às variáveis gênero e ano de escolaridade. Os instrumentos revelam valores
moderados a elevados no nível da consistência interna e estruturas unidimensionais à semelhança das versões originais
em língua inglesa. Confirmam-se, também, várias das hipóteses colocadas quanto à sua validade convergente. Estudos
adicionais relativamente à estabilidade temporal desses instrumentos parecem ser pertinentes.
Palavras-chave: Motivação, Escolha percebida, Competência percebida.

Assessment of intrinsic motivation for learning: validation of two scales for children and adolescents

Abstract
The aim of this study was to adapt and validate two brief scales in order to assess the subjective motivation for learning:
the Perceived Choice for Learning Scale and the Perceived Competence for Learning Scale. The study involved 510
participants, ages 9-16 years old. After an exploratory data analysis, the study involved the assessment of internal
consistency, followed by an exploratory factor analysis of both scales. Convergent validity and temporal stability of the
two scales were also tested, along with a differential analysis regarding gender and school level of the participants. The
instruments showed moderate to high levels of internal consistency and one-dimensional structures similar to their
original versions in English. Several hypotheses concerning convergent validity were also supported by the study.
Additional research seems to be recommendable to address temporal stability issues.
Keywords: Motivation, Perceived choice, Perceived competence.

Nas1 últimas décadas, a análise da motivação em intrínseca e motivação extrínseca é relevante, mas
vários contextos, incluindo o da aprendizagem, tem insuficiente para captar todo o dinamismo inerente aos
merecido uma atenção crescente por parte de diversas processos motivacionais. Aspetos como a flutuação das
abordagens teóricas. Entre elas merece relevo a Teoria motivações subjetivas ao longo do tempo, o seu
da Autodeterminação (TAD). O seu princípio condicionamento por via do desenvolvimento pessoal
fundamental é de que cada sujeito possui uma associado ao ciclo de vida e, sobretudo, a evidência
organização motivacional intrínseca orientada para o crescente de que a própria motivação extrínseca denota
desenvolvimento pessoal, a integração do Eu e a variações em função do tipo de regulação e do
resolução de inconsistências internas. À luz dessa respectivo grau de autonomia percebida pressionaram a
teoria, a motivação intrínseca descreve os emergência de novas sistematizações teóricas. No
comportamentos que são desenvolvidos com base no sentido de dar uma resposta a estas e a outras
interesse e no prazer genuíno que lhes é inerente. Pelo exigências, a TAD evoluiu para a definição de um
contrário, a motivação extrínseca é definida pela TAD contínuo motivacional da autodeterminação (Ryan e
como o processo motivacional em que os Deci, 2000). Entre outras inovações, esta concepção
comportamentos são condicionados por fatores teórica: a) descreve a motivação como um contínuo
internos (e.g. estratégias defensivas de confirmação do bidireccional que vai do comportamento
valor pessoal) ou externos (e.g. recompensas) que indeterminado, associado à desmotivação, ao
levam à operacionalização de ações que não resultam comportamento autodeterminado, ligado à motivação
em interesse ou prazer para o sujeito (Vanteenkiste, intrínseca, passando pelo comportamento determinado
Lens & Deci, 2006). externamente que carateriza a motivação extrínseca; b)
Desenvolvimentos mais recentes da TAD detalha os estilos de regulação, locus de controle
vieram mostrar que a dicotomia entre motivação percebido e processos de regulação inerentes a cada um
dos campos comportamentais e motivacionais desse
1 Endereço para correspondência:
mesmo contínuo; c) descreve a motivação extrínseca de
Canada da Francesa, 28, São Mateus da Calheta, Angra do
forma mais pormenorizada, no que diz respeito aos
Heroísmo – 9700-551 – Açores – Portugal processos de regulação que lhe estão subjacentes. Em
E-mail: [email protected] concreto, os autores postulam que a motivação
266 Simões, F., Alarcão, M. Avaliação da motivação na aprendizagem

extrínseca pode assentar em uma regulação externa ou A amostra deste estudo foi recolhida em cinco
em mecanismos de introjeção, identificação ou escolas da rede de ensino público, da Região
integração. Autónoma dos Açores, em Portugal. Foram
O modelo do contínuo motivacional vem ainda convidados a participar todos os alunos que
reforçar a ideia de que a motivação intrínseca é, em frequentavam o ensino regular do 5º e do 7º anos de
primeiro lugar, influenciada pela noção de competência escolaridade, nas escolas envolvidas. Considerando os
pessoal, associada a um sentido de escolha livre das critérios de inclusão na amostra, foram seleccionadas
tarefas em contextos como o das aprendizagens 27 turmas, com um total de 588 alunos inscritos. A
formais (Zisimopoulos & Galanaki, 2009). Estabelece- amostra final ficou constituída por 510 alunos,
se, assim, que a realização de uma tarefa de resultando em uma taxa de participação de 86,7%.
aprendizagem em meio escolar será tanto mais baseada Destes, 238 (46,7%) eram do sexo masculino e 272
no interesse genuíno e no prazer quanto mais o aluno (53,3%) eram do sexo feminino. Em relação ao nível de
perceber que é capaz de realizá-la com proficiência, ao escolaridade, 246 dos participantes frequentavam o 5º
mesmo tempo que a compreende como resultado de ano, ao passo que 264 estavam inseridos em turmas do
uma escolha congruente com as suas necessidades e 7º ano de escolaridade. A idade dos participantes
interesses (Deci, Eghrani, Patrick & Leone, 1994). Por variou entre os 9 e os 16 anos (M=11,12; DP=1,24).
outras palavras, competência e escolha percebidas são
as duas variáveis nucleares da motivação intrínseca na Instrumentos
aprendizagem, apesar de outras, como a existência de Escala de Escolha Percebida na Aprendizagem
feedback positivo ou a disponibilização de um racional A Escala de Escolha Percebida na
para a realização de tarefas, parecerem também Aprendizagem é uma subescala da Escala de
contribuir, embora com pesos e orientações diversas, Autodeterminação (Sheldon, 1995; Trash & Elliot,
para a sua definição (Deci e Cols.., 1994; Reeve e Cols., 2002). A mesma foi adaptada a partir da versão
2003). traduzida para a população portuguesa (Silva e Cols.,
Uma maior sistematização teórica dos processos 2007). Esta escala avalia em que medida os sujeitos
motivacionais por parte da TAD tem sido consideram as suas decisões e escolhas na
acompanhada pela construção de alguns instrumentos aprendizagem como resultado da sua própria iniciativa
de avaliação, como questionários e escalas. Alguns e é constituída por 5 itens formulados de modo
deles permitem obter medidas gerais da motivação afirmativo (e.g. Sinto que sou a escolher aquilo que faço). Em
subjetiva, em diferentes esferas do funcionamento relação a cada uma das afirmações, os sujeitos deverão
pessoal e social (trabalho, educação, saúde, entre posicionar-se de acordo com uma escala ordinal de 1
outras). Em outros casos têm sido desenvolvidas (nunca) a 5 (sempre). Diversos estudos realizados com
escalas de caráter breve, no sentido de avaliar algumas a versão original revelam valores de alfa de Cronbach
variáveis específicas envolvidas nos processos que variam entre 0,86 e 0,92 (Sheldon, 1995). A versão,
motivacionais, sendo bastante indicadas para certas para adultos, adaptada para a população portuguesa
populações, de que são exemplo as crianças e os apresenta um alfa de Cronbach de 0,85 (Silva e Cols.,
adolescentes (Moreira, 2004). 2007).
O estudo vertente posiciona-se nesta segunda
linha de avaliação da motivação intrínseca. Deste Escala de Competência Percebida na Aprendizagem
modo, o seu objetivo geral é o de disponibilizar, em A Escala de Competência Percebida na
Língua Portuguesa, escalas que permitam avaliar a Aprendizagem é constituída por quatro itens que
escolha e a competência percebidas na aprendizagem, avaliam o grau subjetivo de competência dos sujeitos,
em crianças e adolescentes com idades compreendidas em um determinado contexto de aprendizagem. O
entre os 9 e os 16 anos. As mesmas basearam-se na instrumento, na sua versão original, em Língua Inglesa,
relevância da escolha e da competência percebidas permite ao sujeito analisar o seu grau de concordância
sugerida pela TAD enquanto núcleo definidor da em relação a cada uma das afirmações, de acordo com
motivação intrínseca. Os resultados deste trabalho, uma escala de resposta de sete pontos (de
bem como as limitações encontradas e os completamente falso a completamente verdadeiro). Na
procedimentos adotados com vista a ultrapassá-las, são sua versão adaptada para crianças e adolescentes da
apresentados e discutidos nos pontos seguintes. população Portuguesa, cada um dos itens (e.g. Vou ser
capaz de atingir os meus objetivos, neste ano letivo) é avaliado
Método por meio do recurso a uma escala de ordinal de cinco
pontos, que varia entre 1 (nunca) e 5 (sempre). Não são
Participantes

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conhecidos estudos sobre as qualidades psicométricas coeficente de fidelidade teste-reteste de 0,60 (Marques,
desta escala. Pais-Ribeiro & Lopez, 2009).

Escala de Satisfação das Necessidades Psicológicas Básicas na Procedimentos


Relação Adaptação dos instrumentos para a Língua Portuguesa
A Escala de Satisfação das Necessidades A realização do estudo foi antecedida de um
Psicológicas Básicas na Relação (ESNPBR) é pedido de autorização aos autores para utilização e
constituída por um conjunto de nove itens, que podem adaptação dos instrumentos. No caso da Escala de
ser classificados de 1 (nunca) a 5 (sempre). Eles estão Escolha Percebida na Aprendizagem, estando já
agrupados em três fatores, que correspondem ao disponível uma versão em Língua Portuguesa destinada
suporte das necessidades psicológicas básicas definidas a adultos, foram realizados os ajustamentos necessários
pela TAD (relação, competência e autonomia). Os três ao enquadramento do instrumento no contexto da
itens em cada um dos fatores estão formulados de aprendizagem formal, bem como à adequação da
modo afirmativo, um deles sendo cotado em sentido linguagem ao nível etário dos sujeitos. A alteração mais
inverso, pois nos seus níveis mais elevados descreve relevante foi o abandono da estrutura dicotómica dos
uma frustração da necessidade psicológica básica a que itens, constituída por duas afirmações contraditórias:
se reporta. A sua administração permite que o uma colocada no primeiro ponto da escala de resposta
aplicador selecione aquela relação sobre a qual pretende e a outra no extremo oposto desse contínuo. Em vez
fazer a avaliação da satisfação das necessidades dessa organização, cada item passou a ser constituído
psicológicas básicas, possibilitando a avaliação de por apenas uma afirmação em relação à qual os sujeitos
diferentes tipos de relacionamentos pessoais (La teriam de posicionar-se, de acordo com a escala de
Guardia, Ryan, Couchman & Deci, 2000). Na sua resposta fornecida.
versão original, a ESNPBR revelou valores de alfa de Por sua vez, a Escala de Competência Percebida
Cronbach entre 0,85 e 0,94 (La Guardia e Cols., 2000). na Aprendizagem foi traduzida da sua versão original
A versão Portuguesa deste instrumento, adaptada para em inglês para a língua portuguesa por duas pessoas
crianças e adolescentes e destinada a avaliar relações formadas em psicologia e fluentes em ambos os
pedagógicas, revelou níveis de consistência interna idiomas. Seguiu-se um processo de retradução,
moderados a elevados (0,80) e um coeficiente de realizado por dois docentes formados nas duas línguas,
validade teste-reteste de 0,58 (Simões & Alarcão, no sem acesso à versão original do instrumento, no intuito
prelo). à favorecer a identificação de discrepâncias entre ambas
as formulações. De maneira a garantir um equilíbrio
Escala de Esperança para Crianças entre as definições teóricas das necessidades
A Escala de Esperança para Crianças (EEC) foi psicológicas básicas, tal como são propostas na
desenvolvida por Snyder e Cols. (1997) para avaliar os literatura pela TAD, e a preocupação de tornar a
pensamentos de esperança relacionados com objetivos, linguagem acessível a crianças e adolescentes, o
em crianças e adolescentes com idades entre os 8 e os processo de tradução e retradução foi triangulado com
16 anos. A escala é constituída por 6 itens, formulados a opinião de outros dois docentes do ensino básico
de modo afirmativo, sendo que três deles avaliam o com formação superior em português e inglês.
componente denominado “Iniciativa” (e.g. Penso que Após o processo de tradução/retradução da
estou a fazer bem as coisas) e os restantes três itens avaliam Escala de Escolha Percebida na Aprendizagem e da
o componente designado por “Caminhos” (e.g. Consigo adaptação da Escala de Competência Percebida na
pensar em muitas maneiras de conseguir as coisas que considero Aprendizagem, foi realizado um estudo piloto. Nele
importantes). Os itens que avaliam cada um dos participaram 15 crianças e adolescentes, oito do sexo
componentes são apresentados de uma forma alternada feminino e sete do sexo masculino, com idades
e podem ser classificados de acordo com uma escala compreendidas entre os 10 e os 16 anos (M=11,28;
ordinal de seis pontos entre 1 (nenhuma das vezes) e 6 DP=2,12). Todos frequentavam o 5º ou o 7º ano de
(todas as vezes). Valores mais elevados correspondem a escolaridade e dois projetos locais de ocupação de
níveis mais significativos de esperança. Estudos tempos livres conhecidos pelos investigadores. A sua
realizados pelos autores da versão original revelam seleção foi feita em função de três critérios: a) serem
consistência interna com valores que variaram entre alunos das escolas abrangidas pelo estudo; b) estarem
0,72 e 0,86 e um coeficiente de fidelidade teste-reteste dentro da faixa etária esperada para a amostra; c) serem
com valores que oscilam entre 0,71 e 0,73 (Snyder e alunos com um nível de literacia inferior ao esperado
Cols., 1997). Um alfa de Cronbach de 0,81 foi para a idade, de modo a melhor analisar as questões de
encontrado para a versão portuguesa, assim como um compreensão dos itens propostos (Moreira, 2004). O

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consentimento informado dos responsáveis legais das quanto à sua disponibilidade. A dimensão dos grupos
crianças e adolescentes que participaram no estudo variou entre um mínimo de 10 e um máximo de 25
piloto foi recolhido através de documento escrito alunos. A administração dos instrumentos foi feita pelo
criado para o efeito. Nele eram descritos os objetivos e primeiro autor, de acordo com um protocolo de
procedimentos do estudo a realizar, ao mesmo tempo procedimentos criado para o efeito, não estando
que se solicitava a autorização para que os respectivos presente qualquer docente na sala no momento da
educandos nele participassem. No momento da aplicação. Antes de preencherem os instrumentos, os
aplicação dos instrumentos, os participantes foram participantes foram informados sobre o modo de
sempre questionados sobre a sua disponibilidade para organização do protocolo, as questões de
colaborarem no estudo, mesmo após ter sido obtido o confidencialidade das respostas e a importância de
consentimento informado dos respectivos responsáveis todas as perguntas serem respondidas.
legais, sendo do mesmo modo garantida a
confidencialidade dos dados fornecidos. Os que Análise dos dados
aceitaram participar fizeram o preenchimento Os dados foram analisados com recurso ao
individual dos instrumentos e, em seguida, discutiram o PASW Statistics 18. Primeiro, foi realizada uma
processo de resposta com o primeiro autor deste avaliação da consistência interna dos instrumentos,
estudo, presente durante a administração. A através do cálculo do alfa de Cronbach para a
triangulação da informação com docentes, bem como a totalidade da escala e da análise deste parâmetro na
discussão item a item realizada com os sujeitos que contingência de eliminação de cada um dos itens (scale if
participaram no estudo piloto, conduziu a ajustamentos item-deleted) que o constituem. De seguida, foi feita uma
em três itens da Escala de Escolha Percebida na Análise em Componentes Principais. Os componentes
Aprendizagem. As alterações introduzidas foram feitas retidos foram aqueles que apresentavam um eigenvalue
no nível da sintaxe dos itens, substituição de palavras superior a 1, em consonância com o scree plot e a
por sinónimos mais inteligíveis ou emprego de percentagem de variância retida (Maroco, 2007). Este
diferentes tempos verbais. procedimento foi sucedido de uma análise fatorial
confirmatória realizada no programa Amos 18 e que se
Amostragem destinou a aumentar a compreensibilidade do modelo.
Depois de concluído o processo de adaptação Seguiu-se uma análise da validade convergente,
dos instrumentos, foi solicitada autorização à Direcção mediante o cálculo de um conjunto de correlações de
Regional da Educação e Formação do Governo Spearman entre todas as variáveis dos diferentes
Regional dos Açores para a administração do protocolo questionários e escalas integrados na bateria deste
do estudo em escolas da rede pública de ensino da estudo. Foi conduzido, também, um estudo diferencial
região. Obtido o consentimento oficial da tutela, foi dos resultados, comparando-os com base nas variáveis
feito um pedido de colaboração a cinco escolas, gênero e ano de escolaridade, se aplicando, para tal, o
mediante contato com os respectivos conselhos teste t de Student para amostras independentes. Por
executivos. Estas foram selecionadas considerando que último, foi verificada a estabilidade temporal das
já colaboravam com os investigadores em outro estudo respostas, através de uma segunda aplicação de toda a
sobre o impacto de um programa de mentoria escolar, bateria de instrumentos. O reteste envolveu um
tendo todos mostrado disponibilidade para participar número bastante menor de participantes devido a
na investigação. Em sequência, foi garantido o períodos de interrupção letiva que ocorrem todos os
consentimento informado dos responsáveis legais pelas anos nas escolas para efeitos de formação profissional
crianças e adolescentes das turmas abrangidas, através obrigatória dos professores. Uma vez que este estudo
de documento escrito enviado pelo diretor de turma se integrava em um projeto de investigação mais vasto,
semelhante ao que já fora usado no estudo piloto. No não foi possível alargar o período temporal do reteste,
momento de aplicação, além de serem elucidados sobre de modo a melhorar as condições de constituição da
os objetivos do estudo, as questões de amostra, no que diz respeito ao número de sujeitos
confidencialidade e o modo de preenchimento dos envolvidos. A avaliação da estabilidade temporal do
instrumentos, os participantes foram de novo instrumento foi feita recorrendo ao cálculo do
questionados sobre a sua vontade para colaborarem no coeficiente de correlação de Spearman entre ambos os
estudo. momentos de aplicação, os quais distaram duas
A aplicação dos instrumentos foi coletiva, semanas entre si.
tendo sido realizada em aulas da disciplina de
Cidadania, de acordo com o estipulado pelos conselhos Resultados
executivos das escolas e ouvidos os diretores de turma

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Consistência interna do valor global dos valores respectivos de alfa de


A análise da consistência interna revelou valores Cronbach, mas antes na sua diminuição.
de alfa de Cronbach de, respectivamente, 0,80 e 0,85, Análise em Componentes Principais
para a Escala de Escolha Percebida na Aprendizagem e
para a Escala de Competência Percebida na Escala de Escolha Percebida na Aprendizagem
Aprendizagem, os quais podem ser considerados A Análise em Componentes Principais, no caso
moderados a elevados (Murphy & Davidshofer, 1988). da Escala de Escolha Percebida na Aprendizagem,
Procedeu-se, de igual modo, a uma análise da revelou um valor de KMO=0,740, indicando uma
consistência interna das duas escalas, com base no fatoriabilidade média. Todas as correlações entre os
critério scale if item-deleted. Em ambos os casos, a itens encontravam-se acima de 0,30. A Tabela 1 resume
remoção de qualquer um dos itens que constituíam os a estrutura fatorial encontrada.
instrumentos analisados não resultou em um acréscimo

Tabela 1. Escala de Escolha Percebida na Aprendizagem (Loadings, Eigenvalue e Percentagem de Variância Explicada)
Nº item Item Componente 1
1 Sinto que sou eu a escolher aquilo que faço. 0,687
2 Faço as coisas que tenho a fazer por escolha própria. 0,745
3 Eu faço aquilo que faço, porque me interessa. 0,687
4 Sinto-me livre para fazer as coisas que decido fazer. 0,812
5 Sinto-me livre para fazer aquilo que escolho fazer. 0,800
Eigenvalue 2,799
% de variância explicada 55,97

A análise em componentes principais No caso da Escala de Competência


mostrou a unidimensionalidade da Escala de Percebida na Aprendizagem, a análise em
Escolha Percebida na Aprendizagem, se componentes principais apresentou um valor de
identificando um componente responsável por KMO=0,812, indicando uma boa fatoriabilidade.
55,97% da variância total explicada, com um Todas as correlações inter itens se encontravam
eigenvalue de 2,799. acima de 0,50. ATabela 2 apresenta uma síntese dos
componentes extraídos.
Escala de Competência Percebida na Aprendizagem

Tabela 2. Escala de Competência Percebida na Aprendizagem (Loadings, Eigenvalue e Percentagem de Variância


Explicada)
Nº item Item Componente 1
1 Sinto confiança para aprender a maior parte das 0,841
matérias.
2 Sou capaz de aprender a maior parte das matérias. 0,858
3 Vou ser capaz de atingir os meus objectivos, neste ano 0,800
lectivo.
4 Vou ser capaz de ter boas notas, na maior parte das 0,821
disciplinas.
Eigenvalue 2,759
% de variância explicada 68,97

A análise em componentes principais revelou, Tal como ilustra a Tabela 3, foi possível
também, a unidimensionalidade da Escala de observar que as diferentes escalas se encontram
Competência Percebida na Aprendizagem, se significativamente correlacionadas.
identificando um componente responsável por 68,97% Uma leitura mais atenta da Tabela 3 permite
da variância total explicada, com um eigenvalue de 2,759. verificar que algumas das correlações no nível da
validade convergente entre as Escalas de Competência
Validade convergente Percebida na Aprendizagem e de Escolha Percebida na
Aprendizagem e as subescalas dos instrumentos

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aplicados são não só significativas, mas também moderadas (ρs>0,30).

Tabela 3. Correlações entre a Escala de Escolha Percebida na Aprendizagem e a Escala de Competência Percebida
na Aprendizagem e os instrumentos incluídos no protocolo administrado
Instrumentos Escala de Escolha Percebida Escala de Competência Percebida na
na Aprendizagem Aprendizagem
Escala de Escolha Percebida na --- 0,31**
Aprendizagem
Escala de Competência Percebida 0,31** ---
na Aprendizagem
ESNPBR/Suporte para a Relação 0,11** 0,32**
ESNPBR/Suporte para a Competência 0,26** 0,45**
ESNPBR/Suporte para a Autonomia 0,15** 0,26**
Esperança/Caminhos 0,43** 0,55**
Esperança/Iniciativa 0,44** 0,55**
Nota. ** P<0,001.

Neste capítulo, será de realçar, em primeiro os resultados obtidos por rapazes e raparigas não se
lugar, a correlação moderada entre a Escala de Escolha diferenciaram do ponto de vista estatístico.
Percebida na Aprendizagem e a Escala de Competência
Percebida na Aprendizagem (ρs>0,31, p<0,01). No Estabilidade temporal
caso da Escala de Escolha Percebida na Aprendizagem, Dos 221 alunos envolvidos no reteste, 118 eram
esta apresenta correlações também moderadas, mas do sexo masculino e 103 do sexo feminino, com idades
mais elevadas, com as duas subescalas da Escala de que oscilavam entre os 9 e os 16 anos (M=11,71;
Esperança, a subescala Iniciativa (ρs>0,43, p<0,01) e a DP=1,21). No que se refere ao nível de escolaridade,
subescala Caminhos (ρs>0,43, p<0,01). De acordo com 48 destes alunos estavam matriculados no 5º ano,
o mesmo critério, se destacam, também, as correlações enquanto 173 estavam matriculados no 7º ano. O valor
moderadas entre a Escala de Competência Percebida encontrado para a estabilidade temporal da Escala de
na Aprendizagem e as subescalas da Escala de Escolha Percebida na Aprendizagem foi moderado
Esperança, a subescala Caminhos (ρs>0,55, p<0,01) e a ( ρs>0,50, p<0,01), ao passo que para a Escala de
subescala Iniciativa (ρs >0,55, p<0,01). É de salientar, Competência Percebida na Aprendizagem foi forte
ainda, as correlações moderadas entre a Escala de (ρs>0,73, p<0,01).
Competência Percebida na Aprendizagem e a
subescalas Suporte para a Competência (ρs>0,45, Discussão
p<0,01) e Suporte para a Relação (ρs>0,32, p<0,01). De
notar que quer a Escala de Escolha Percebida na A TAD define a motivação intrínseca como o
Aprendizagem, quer a Escala de Competência processo em que o sujeito executa uma dada tarefa
Percebida na Aprendizagem apresentam correlações pelo interesse genuíno e pelo prazer que lhe são
positivas e significativas, mas fracas, com a subescala inerentes (Deci e Cols., 1994). As suas dimensões
de Suporte para a Autonomia, da ESNPBR, ao invés nucleares são a escolha e a competência percebidas na
do que era previsto antes da realização deste estudo. tarefa (Zisimopoulos & Galanaki, 2009).
No intuito de avaliar com maior propriedade os
Análise diferencial processos motivacionais, a TAD tem favorecido o
A análise diferencial revelou diferenças desenvolvimento de medidas gerais da motivação
significativas entre alunos do 5º e do 7º ano de intrínseca e de instrumentos de menor extensão que
escolaridade no que se refere à competência percebida avaliam as suas dimensões particulares. Considerando
na aprendizagem [t (508) = 8,154 ; p=0,05)]. Os alunos importante disponibilizar, em Língua Portuguesa,
do 5º ano de escolaridade apresentaram um resultado instrumentos breves baseados nos princípios da TAD e
médio superior (M=17,32; DP=2,50) em comparação ajustados às caraterísticas de crianças e adolescentes
com os alunos do 7º ano (M=15,54; DP=2,41). Não (Moreira, 2004), o objetivo fundamental do presente
foram, contudo, detetadas diferenças estatisticamente trabalho foi o de analisar as qualidades psicométricas
significativas quanto à escolha percebida na da Escala de Escolha Percebida na Aprendizagem e da
aprendizagem, tendo em conta a variável ano de Escala de Competência Percebida na Aprendizagem.
escolaridade. Quando é considerada a variável gênero,

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Simões, F., Alarcão, M. Avaliação da motivação na aprendizagem 271

Ambos os instrumentos revelam valores de a Competência da ESNPBR. De modo complementar,


consistência interna moderados a elevados, com um observam-se correlações do mesmo tipo entre as duas
alfa de Cronbach de, respectivamente, 0,80 e 0,85. A escalas estudadas e as subescalas da Escala de
análise deste parâmetro com base no critério if item Esperança para Crianças. Também os valores para a
deleted parece indiciar uma contribuição equilibrada e estabilidade temporal são compatíveis com as hipóteses
relevante dos diferentes itens para a consistência avançadas, ficando, todavia, aquém do esperado em
interna dos instrumentos. termos de magnitude para aplicações separadas entre si
A Análise em Componentes Principais por apenas duas semanas ( ρs>0,80) (Moreira, 2004).
evidenciou a unidimensionalidade de ambas as escalas. Algumas interpretações podem ser avançadas, no
Todavia, a Escala de Competência Percebida na sentido de melhor compreender estes resultados,
Aprendizagem apresenta uma melhor fatoriabilidade sobretudo, aqueles mais inesperados. Por um lado, as
(KMO=0,812), ao mesmo tempo que o componente caraterísticas dos sujeitos poderão ter levado a algum
encontrado explica uma maior percentagem de acaso nas respostas, frequente nesta faixa etária, e a
variância explicada (68,97%), comparativamente ao que algumas dificuldades de compreensão, apesar de todos
sucede com a Escala de Escolha Percebida na os procedimentos adotados de modo a preveni-las. No
Aprendizagem. Neste caso, a fatoriabilidade é apenas entanto, aspetos inerentes ao desenvolvimento dos
média (KMO=0,740) e a percentagem da variância sujeitos poderão ser mais esclarecedores. Em primeiro
explicada pelo componente encontrado é, também, lugar, as correlações obtidas entre as escalas analisadas
menor (55,97%). e a subescala de Suporte para a Autonomia da
O estudo da validade convergente demonstra ESNPBR foram fracas, apesar do cuidado em
que todas as escalas e subescalas dos instrumentos selecionar instrumentos para testar a validade
usados se encontram positiva e significativamente convergente que partissem do mesmo referencial
correlacionadas entre si, com algumas das correlações a teórico e que se reportassem ao contexto de
apresentarem valores moderados (ρs>0,30). Salientam- aprendizagem. Em segundo lugar, a estabilidade
se as correlações entre a Escala de Competência temporal da Escala de Escolha Percebida na
Percebida e as subescalas Iniciativa (ρs>0,55) e Aprendizagem é menor em comparação com a
Caminhos (ρs>0,55), da Escala de Esperança para estabilidade temporal evidenciada pela Escala de
Crianças. A Escala de Escolha Percebida na Competência Percebida na Aprendizagem. Será
Aprendizagem e a Escala de Competência Percebida na prudente analisar estes dados ponderando a capacidade
Aprendizagem apresentam, por sua vez, uma dos participantes em avaliar dimensões ligadas à
correlação moderada entre si (ρs>0,31). autonomia, como acontece com a Escala de Escolha
Do ponto de vista do comportamento Percebida na Aprendizagem, em especial quando a
diferencial dos resultados, considerando as variáveis avaliação subjetiva sobre esta variável é enquadrada na
gênero e ano de escolaridade, verifica-se que apenas no relação com terceiros. Sendo uma fase marcada por
nível da comparação entre alunos de 5º e 7º anos de contínuos reajustamentos, desenvolvimentos rápidos e
escolaridade se encontrou uma diferença significativa [t pelo conflito permanente entre a necessidade de
(508)=8,154 ; p=0,05), com os alunos do 5º ano a afirmação pessoal e a definição de limites pelos adultos,
apresentarem resultados médios mais elevados na tal poderá resultar em flutuações importantes na
competência percebida. Quanto à avaliação da apreciação destas dimensões ou torná-la dependente
estabilidade temporal, a Escala de Competência dos contextos ou das pessoas perante os quais ela se
Percebida na Aprendizagem apresenta uma correlação define (Liang, Spencer, Brogan & Corral, 2008). Nesta
forte entre as duas aplicações efetuadas (ρs>0,73), ao linha de pensamento, convém realçar o fato da
passo que a Escala de Escolha Percebida na subescala Suporte para a Autonomia, da ESNPBR,
Aprendizagem apresenta uma estabilidade temporal reportar-se, neste estudo, à avaliação do aluno sobre a
moderada (ρs> 0,50). relação com o diretor de turma. Sucede que, no sistema
Os resultados obtidos quer no estudo da de ensino português, o diretor de turma acaba por
validade convergente, quer no que se refere à estar, muitas vezes, implicado no controle de aspetos
estabilidade temporal de ambas as escalas estão em como a assiduidade ou a indisciplina, minando ou
linha com o conhecimento produzido em estudos colocando em causa estratégias baseadas na escolha
anteriores e com as hipóteses colocadas pelos autores livre ou na promoção da iniciativa. Tal corrobora, em
do presente estudo. Registra-se, por exemplo, uma certa medida, o carácter contingencial das avaliações
associação positiva, significativa e moderada entre as que poderão ter sido feitas sobre o suporte para a
duas escalas avaliadas, bem como entre estas e as autonomia disponibilizado pelos diretores de turma
subescalas de Suporte para a Relação e de Suporte para afetando a correlação desta variável com a Escala de

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272 Simões, F., Alarcão, M. Avaliação da motivação na aprendizagem

Escolha Percebida na Aprendizagem. Em linha com feminino e do sexo masculino quanto às variáveis em
esta perspectiva, note-se que, quando os participantes estudo está de acordo com outros resultados
avaliam a sua autonomia em uma lógica independente conhecidos (Obach, 2003).
da relação com figuras adultas, os valores correlacionais
voltam a ser moderados, tal como sucede entre a Considerações finais
Escala de Escolha Percebida na Aprendizagem e as
subescalas Iniciativa e Caminhos, da Escala de O presente estudo procurou aferir as qualidades
Esperança para Crianças. psicométricas da Escala de Escolha Percebida na
Os resultados poderão ter sido, também, Aprendizagem, bem como da Escala de Competência
influenciados por variáveis contextuais. A normalização Percebida na Aprendizagem. Os dados indicam níveis
das condições de aplicação dos instrumentos, por meio de consistência interna moderados a elevados,
da elaboração de um protocolo de procedimentos confirmam a unidimensionalidade de ambas as escalas
detalhado, visou responder a este possível desafio. e ainda várias hipóteses colocadas no nível da validade
Todavia, a sua administração coletiva, em meio escolar, convergente. Dessa forma, considera-se que ficam
pode ter produzido alguns enviesamentos. Por um disponíveis, para utilização em língua portuguesa, duas
lado, poderá ter prevalecido alguma dificuldade em escalas que permitem avaliar a forma como as crianças
estabelecer uma distinção clara entre o processo de e os adolescentes percebem a sua competência e a sua
investigação e as atividades de aprendizagem formal e, capacidade de escolha na aprendizagem. Estes
por sua vez, entre o próprio investigador e os instrumentos poderão ser úteis em diferentes
professores. É, portanto, possível que os sujeitos se pesquisas, não só pela sua natureza breve, mas, acima
tenham tornado mais sensíveis a aspetos como a de tudo por avaliarem duas variáveis preditoras da
confidencialidade das suas respostas. Do mesmo motivação intrínseca em contexto educativo sobre as
modo, é provável que a massificação de processos de quais se tem notado um interesse crescente na
investigação por questionário em meio escolar, em literatura. Ambas as escalas se beneficiarão da
Portugal, tenha condicionado a atenção ou a motivação realização de estudos adicionais, sobretudo no nível da
dos sujeitos, com consequências relevantes na sua estabilidade temporal, com diferentes intervalos
qualidade da sua participação. Este elemento poderá ter entre a primeira e a segunda aplicação.
sido muito relevante no estudo da estabilidade
temporal dos instrumentos, dado que se tratou da Referências
repetição de uma tarefa em um espaço de tempo curto
(Strange, Forest & Oakley, 2003). A par dessas Deci, E. L. & Ryan, R. M. (1985). Intrinsic motivation and
dificuldades, a metodologia de recolhimento de dados, self-determination in human behavior. Nova Iorque:
ainda no que diz respeito ao estudo da estabilidade Plenum.
temporal, colocou um problema suplementar. Tal
Deci, E. L., Eghrani, H., Patrick, B. C. & Leone, D. R.
residiu no fato do reteste ter sido realizado com os
(1994). Facilitating internalization: the self-
alunos disponíveis para esse efeito e não com um
determination perspective. Journal of Personality,
recorte aleatório da amostra ou a sua totalidade.
62(1), 119-142.
Produziram-se, assim, desequilíbrios, notórios na falta
de proporcionalidade entre o número de alunos do 5º La Guardia, J. G., Ryan, R. M., Couchman, C. E. &
ano e o número de alunos do 7º ano que preencheram Deci, E. L. (2000). Within-person variation in
a segunda aplicação, com uma sobrerrepresentação security of attchament: a self-determination
desses últimos. perspective no attachment, need fulfillment, and
No caso da análise diferencial dos resultados, well-being. Journal of Personality and Social Psychology,
esta contradiz, em parte, estudos anteriores que 79(3), 367-384.
apontam para um incremento da competência
Liang, B., Spencer, R., Brogan, D. & Corral, M. (2008).
percebida na aprendizagem à medida que os alunos vão
Mentoring relationships from early adolescence
avançando no seu percurso escolar (Obach, 2003). Este
through emerging adulthood: a qualitative analysis.
não é, porém, um dado consensual na literatura.
Journal of Vocational Behavior, 72, 168-182.
Outros trabalhos referem uma diminuição progressiva
da motivação intrínseca e dos seus componentes à Maroco, J. (2007). Análise estatística com utilização de
medida que os alunos progridem, em especial nos anos SPSS. Lisboa: Edições Sílabo.
de mudança de ciclo de estudo, como sucede com os Marques, S. C., Pais-Ribeiro, J. L. & Lopez, S. J. (2009).
alunos do 7º ano (Zisimopoulos & Galanaki, 2009). Já Validation of a portuguese version of the
a inexistência de diferenças entre alunos do sexo

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Simões, F., Alarcão, M. Avaliação da motivação na aprendizagem 273

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theory-based psychometric battery. Trabalho Aprovado em 03/11/2011

Trabalho financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior de Portugal (SFRH /BD/60823/2009).

Sobre os autores:

Francisco Simões é doutorando em Psicologia Clínica da Família pela Universidades de Coimbra e de Lisboa.
Bolseiro de investigação da Fundação para a Ciência do Ministério da Ciência e Ensino Superior de Portugal,
desenvolve investigação na área da Mentoria Escolar e da Intervenção Sistémica em Contexto Escolar.

Madalena Alarcão é licenciada e doutorada em Psicologia pela Universidade de Coimbra, professora associada da
Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação e terapeuta familiar. Leciona na área da Família e Intervenção
Sistémica; investiga na área da família, rede social e processo terapêutico e supervisiona projetos de investigação e
intervenção nas áreas: Educação Parental, Mentoria Escolar, Avaliação e Intervenção com Famílias Multidesafiadas.

Psico-USF, v. 16, n. 3, p. 265-273, set./dez. 2011

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