Características Que Diferenciam Os Seres Vivos: O Que Sabem Alunos de Diferentes Etapas de Ensino
Características Que Diferenciam Os Seres Vivos: O Que Sabem Alunos de Diferentes Etapas de Ensino
Características Que Diferenciam Os Seres Vivos: O Que Sabem Alunos de Diferentes Etapas de Ensino
Resumo
Diferentemente da matéria inanimada (barro, areia, rochas, água...) constituída por uma
mistura de compostos químicos, os seres vivos possuem atributos extraordinários, onde todas
as intricadas estruturas parecem ter um padrão específico e altamente organizado, com
propósito e função. No presente estudo, objetivou-se investigar como os alunos percebem e
descrevem as características que diferenciam os seres vivos dos seres não vivos. Participaram
da pesquisa 350 alunos, sendo 138 da Educação Básica (EB) e 212 do Ensino Superior (ES) -
primeiro e último ano dos cursos de Direito, Medicina e Ciências Biológicas; da rede estadual
de ensino da região Noroeste Paranaense. Os dados foram obtidos através de questionário
dissertativo, analisados e interpretados segundo os pressupostos teóricos e metodológicos da
Análise de Conteúdo de Bardin (1977). A pesquisa revelou que para 11,1% dos alunos da EB
e 16,2% dos alunos do ES, os seres vivos são aqueles que apresentam um ciclo vital, ou seja,
“nascem, crescem, reproduzem, envelhecem e morrem”; para 42,5% dos alunos da EB e 77,9
dos alunos do ES os organismos vivos são aqueles que apresentam funções orgânicas como
nutrição e respiração; 4,8% dos alunos da EB e 84,9% do ES afirmaram que os seres vivos
apresentam “estrutura e sistemas celulares” (como: célula, mitocôndrias e DNA); mas para
5,7% dos alunos da EB os seres vivos são aqueles que apresentam “pensamento/raciocínio”.
A pesquisa demonstrou que apesar de conteúdos estruturantes relacionados à organização dos
seres vivos, mecanismos biológicos e biodiversidade serem ressaltados nas grades
curriculares da EB, poucos alunos deste nível de ensino, conseguiram ressaltar em suas
respostas critérios fisiológicos mais complexos, relacionados à obtenção de energia,
metabolismo e relação com o meio. Tais dificuldades podem estar relacionadas à falta de
domínio da base científica decorrente de um ensino que valoriza apenas a memorização.
Introdução
Desenvolvimento
Como o estudo envolveu alunos da etapa final do Ensino Fundamental, etapa final
do Ensino Médio e alunos de três cursos universitários (alunos do primeiro e último ano), para
discussão e apresentação dos dados, considerou-se como G1 os alunos da etapa final do
Ensino Fundamental; já os alunos da etapa final do Ensino Médio foram considerados como
sendo G2; primeiro ano do curso de Direito G3; primeiro ano do curso de Ciências Biológicas
G4; primeiro ano de Medicina G5; último ano de Direito G6; último ano de Ciências
Biológicas G7 e os acadêmicos do último ano do curso de Medicina como sendo G8,
conforme especificado no quadro 1.
As respostas obtidas também apresentaram uma grande variedade de considerações e
especificidades, e seguindo os pressupostos da Análise de Conteúdo, foram analisadas e
consideradas em quatro categorias, sendo elas: Ciclo Vital, Estruturas e Sistemas, Trabalho e
Raciocínio, e Vida. Entre os alunos que descreveram que os seres vivos são aqueles que
apresentam um Ciclo Vital, alguns consideraram em suas respostas as funções orgânicas, já
outros, consideram a existência de relações dos organismos com o meio, assim a Categoria 1
(Ciclo Vital) foi subdividida em outras duas categorias, conforme pode ser observado no
quadro1.
“Os seres vivos respiram, sentem dor, tem sentimentos. Os seres não
vivos não tem nenhum tipo de sentimento nem de dor” (ALUNO DE
G1)
Muitos alunos ressaltaram que os seres vivos são constituídos por estruturas e/ou
sistemas orgânicos, como por exemplo, célula(s) e tecidos celulares; este alunos tiveram suas
respostas agrupadas na categoria 2. Observarmos que conseguiram se lembrar desta
característica apenas 4,8% dos alunos que estão terminando o Ensino Fundamental; 18,5%
dos alunos que estão terminando o Ensino Médio; 76,2% dos formandos em Direito; 83,3%
dos formandos em Medicina e 85,2% dos formandos em Ciências Biológicas.
Mas para muitos estudantes “a vida” é o fator que caracteriza e define um ser vivo,
estes alunos não quiseram (ou não conseguiram) descrever as características que segundo sua
opinião sintetizam o que vem a ser um ser vivo, reduzindo o conceito à palavra. Este tipo de
resposta foi observado entre os alunos de todos os níveis de ensino:
“Ser vivo tem vida e o ser não vivo não tem vida” (ALUNO DE G1)
Considerações Finais
(...) a experiência pedagógica nos ensina que o ensino direto de conceitos sempre
se mostra impossível e pedagogicamente estéril. O professor que envereda por
esse caminho costuma não conseguir senão uma assimilação vazia de palavras,
um verbalismo puro e simples que estimula e imita a existência dos respectivos
conceitos na criança mas, na prática, esconde o vazio. Em tais casos, a criança
não assimila o conceito, mas a palavra, capta mais de memória que de
pensamento e sente-se impotente diante de qualquer tentativa de emprego
consciente do conhecimento assimilado. No fundo, esse método de ensino de
conceitos é a falha principal do rejeitado método puramente escolástico de
ensino, que substitui a apreensão do conhecimento vivo pela apreensão de
esquemas verbais mortos e vazios (VYGOTSKY, 2001, p. 247).
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REFERÊNCIAS
GIORDAN, A.; VECCHI, G. As origens do saber: das concepções dos aprendentes aos
conceitos científicos. Porto Alegre: Artes Medicas, 1996.
CABALLER, M. J.; GIMÉNEZ, I. Las ideas del alumnado sobre el concepto de célula al
finalizar la educación general básica. Enseñanza de las Ciencias, n.11, v.1, p.63-68, 1993.