Resumo - Sociologia Da Saúde

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 8

Resumos para a frequência de Sociologia na Saúde

Sociologia Quando existem doenças marcantes nas vidas dos


Trabalha os fenómenos como factos sociais, pois doentes, estes desenvolvem uma nova estrutura
todos têm uma perspetiva social. identitária.

A saúde e a doença são factos sociais. Doença determinada pelo médico ≠ Como a doença
Estes fenómenos ainda que biológicos, dependem interfere na vida do doente (nas demais esferas
de fatores sociais (situados no tempo e espaço). sociais).

Ambos os fenómenos apresentam diferentes Herzlich e Pierret


atitudes sociais - são categorias socialmente Desenvolveram um estudo sobre a própria categoria
construídas. Diferem de cultura, contexto e valores. de doença.

Existem perceções, representações e experiências, Fase 1: O tempo das epidemias


socialmente diferenciadas. Um indivíduo, tem uma (até ao séc. XVIII)
perspetiva individual, inserida num contexto social e Muitas pessoas doentes em simultâneo e muitas
com valores prevalecentes. As experiências podem mortes num curto período  Caráter coletivo
moldar as perceções face à dor/doença.
Várias formas de sofrimento (doença, fomes,
Alguns fatores que mostram a condicionante dos guerras)  Doença indiferenciada
fatores sociais:
 Esperança Média de Vida (Nos países que
Impotência da medicina: havia uma familiaridade
apresentam uma maior taxa de
com a morte (era um acontecimento frequente).
desigualdade, verifica-se uma menor EMV)
 Taxa de Mortalidade Infantil (Quanto maior
o rendimento per capita, menor é a TMI) Fase 2: A transição demográfica e epidemiológica
(a partir do séc. XVIII)
Construção Social da Doença Melhoria das condições de vida e progressos na
Olhar para a doença como uma categoria medicina.
socialmente construída, para além de um fenómeno
biológico e físico. Transição epidemiológica: substituição das
pandemias por novas doenças (que causam a
A Sociologia da Saúde foca-se na perspetiva do morte em idades mais avançadas)
doente (nas experiências da doença, representações
e vivências).
Transição demográfica: diminuição da
mortalidade (nomeadamente TMI) e das taxas de
Texto de Graça Carapinheiro
fecundidade, e aumento da EMV
Situar as doenças em contextos históricos e sociais
precisos.
 Doenças que tipificam cada sociedade Três condições para o oparecimento do que
 Distribuição social das doenças chamamos “doente”: a doença deixa de ser um
(distribuídas a nível desigual por género, fenómeno de massas, a morte deixa de ser
idade, classe social) inevitável em caso de doença (a doença passa a
 Doenças que procedem a situação atual ser uma forma de vida, além de uma forma de
 Mudanças dos sistemas de valorização morte) e a diversidade de sofrimentos passa a ser
social das doenças (mudanças dos valores/ vista a partir do olhar da medicina clínica.
juízos morais)
Individualização da doença: deixa de ser encarada
Quando se refere a construção social da doença, como um fenómeno coletivo e passa a ser
também estamos a determinar os elementos de encarada como experiência individual
estruturação da identidade social do doente
(também existe um papel social do doente/
Socialização da doença: é associada à
construção social do estatuto do doente).
incapacidade (“estar doente” = “parar de
 Relação social do doente com a doença
trabalhar”); aparecimento de leis de assistência à
(perceção, representação e experiências)
doença e doença medicalizada (“estar doente” =
 Descoincidência entre a “doença do
“recorrer à medicina” para confirmação oficial e
doente” e a “doença do médico”.
tratamento).
 Possibilidades de afirmação da perspetiva
do doente (as ideias tecidas sobre a
condição do doente, são autónomas ao Ser doente deixa de significar um estado
pensamento médico). puramente biológico, para passar a definir a
pertença a um estatuto/ a um grupo.

1
Resumos para a frequência de Sociologia na Saúde

fundamentais nas representações da saúde.


Fase 3: O predomínio das doenças crónicas
(a partir do séc. XX) Base biológica
Mudança no papel de “doente” A saúde e a doença têm uma base biológica
(fenómenos como, o nascimento e a morte).
Aumento da importância das doenças crónicas (o
doente convive durante um longo período). A base biológica pode ser socialmente abordada:
- Estes fenómenos podem ser interpretados de
 Novos desafios para os sistemas diversas formas em diferentes tempos e espaços;
terapêuticos. - Estas interpretações (as crenças e as práticas
Texto de Stacey que as conduzem) são construções sociais
Três posições teóricas na Sociologia da Saúde:
Uma das interpretações atualmente dominante é
Construção social do conhecimento sobre a saúde a biomedicina (medicina moderna, medicina
científica, medicina oriental...)
Não há conhecimento absoluto e verdadeiro!
Reconhecer que há lógica e racionalidade em A sociologia da saúde tem como foco, perceber
todos os tipos de conhecimento. Não há como os seres humanos lidam, se transformam e
conhecimentos mais válidos do que outros (não como lhes afeta esta base biológica.
há hierarquia de conhecimento). Não há
conhecimento racional e crenças irracionais sobre Em síntese...
a saúde e a doença. Posicionamento sociológico:
A saúde e a doença, o conhecimento sobre a saúde e
Saberes médicos VS Saberes leigos (senso a doença são construções sociais, os sistemas
comum) terapêuticos e a biomedicina são construções
sociais.
Mesmo dentro da medicina convencional tem
havido algumas mudanças (pois é um fenómeno Desafios/ Exercícios:
socialmente construído).  “Suspender a crença na biomedicina”
 Lutar contra o etnocentrismo (contributos
da antropologia)
Eficácia das práticas terapêuticas: A eficácia deve
ser aprovada através de ensais clínicos (se se
verificaram mudanças em determinado
parâmetro nas análises) e através da forma como
sentida (se as pessoas se sentem melhor após
determinado medicamento/tratamento).

O objetivo da sociologia da saúde não é


considerar que um conhecimento é mais
importante que outro, mas sim, perceber que
representação têm as pessoas sobre a saúde.

Saúde numa estrutura social e económica


Conhecimento e práticas de saúde não são
apenas fenómenos culturais, mas estão
relacionados com os aspetos materiais/ as
relações sociais estruturadas (a estrutura social e
económica da sociedade onde se encontram).

Deve ter-se em causa:


 A estrutura familiar e de parentesco e as
relações de género;
 O modo de produção e o sistema de
classes sociais associado;
 As várias estruturas de estado.

As questões de género, projetos de vida, recursos


económicos e diferentes os contextos são

2
Resumos para a frequência de Sociologia na Saúde

e estigmas, aceitação e rejeição, integração


e desvio, liberdade e controlo
4. A medicina tem um papel fundamental
nessa materialização

Evolução
Sociologia Médica  Sociologia da Saúde

No início era vista como refém da Medicina.


A Abordagem de Parsons teve o grande mérito de
olhar para a medicina e a doença numa perspetiva
sociológica.

Conceptualiza a doença como um desafio/ desvio


social, que introduz uma mudança nos padrões
sociais.
A doença como uma ameaça ao normal e efetivo
desempenho dos papeis e tarefas para os quais os
indivíduos foram socializados.  A saúde passa a ter
um papel social, legitimando o papel do doente.
Vê os processos terapêuticos como forma de
O desenvolvimento da Sociologia da Saúde controle social.
É um ramo recente da Sociologia, mas encontra-se já Papéis sociais
consolidado encontra-se. As relações sociais entre médico e doente, passam a
estar organizadas segundo o modelo de interação
Questionamentos sobre a própria designação: social (com papéis bem definidos).
 Em Portugal, falamos em Sociologia da
Saúde, mas podemos perguntarmo-nos O papel social do médico passa pelo protagonismo
porque não temos uma designação que na definição do que é saúde e a doença, assim o
inclua a sociologia da saúde e da doença. papel social do doente.
 Porque não incluímos também o termo
medicina, para demostrar como a Distinção de Robert Strauss
sociologia se debruça sobre a medicina.
Sociologia na Saúde Sociologia da Saúde
 Quando falamos da dimensão da medicina,
não excluímos a pluralidade dos sistemas Ascendente disciplinar da Autonomia da sociologia
terapêuticos. A medicina não é o único medicina, onde o face à medicina, onde o
sistema terapêutico que lida com a saúde e Sociólogo é colaborador sociólogo toma a doença
a doença. do médico. como objeto de estudo
(privilegiar as conceções
Medicinas alternativas leigas sobre a saúde).
Medicinas populares
ou complementares
Geralmente este termo Têm uma base mais Evidências
é designado para tratar empirista, enraizamento As pesquisas mostram que o controle da doença não
de sistemas mais nas culturas e em meios é apenas da responsabilidade dos processos médicos
formais (como por rurais (sem necessidade e medicalizantes.
exemplo a medicina de formação formal).
tradicional chinesa, Mostram que existe uma certa associação entre as
acupuntura e a classes sociais, estilos e ritmos de vida e as taxas de
osteopatia). natalidade, mortalidade, morbilidade e fecundidade.
Reconhecimento da importância dos fatores sociais
no tratamento e gestão das doenças.
A designação de sociologia da saúde assenta nos
seguintes pressupostos: Passagem para a Sociologia da Saúde
1. A ideia de saúde não exclui a ideia de  A sociologia afasta-se de uma perspetiva
doença (os termos estão interligados) médica como perspetiva central de análise
2. A doença não é o “mero negativo da  A constituição de um campo de análise
saúde”, mas sim um produto humano, mais abrangente sobre a saúde, individual
culturalmente variável (no espaço e no e coletivamente considerada
tempo)  Inclui a medicina como projeto de análise
3. As doenças (além da sua base biológica)  Perspetiva da sociologia da saúde mais
também se materializam por estereótipos alargada a factos, estruturas e situações

3
Resumos para a frequência de Sociologia na Saúde

ligadas à doença (e menos comprometida


com enfoques particulares - a medicina)
 Modelo médico como uma das várias e
numerosas maneiras de retratar a saúde e
a doença em sociedade

Sociologia da Doença
Relação entre a vida social e a doença.
Disease Ilness
“doença do médico” “doença do doente”
Como a doença é A doença enquanto
entendida pela medicina experiência de mau estar/
(processo patológico que a dor/ sofrimento.
medicina procura
diagnosticar e curar). Como o mal-estar, é
percebido pelo próprio
indivíduo e pelos que o
rodeia (numa dimensão
social, pois tem em conta a
experiência subjetiva da
doença - a nível físico,
psicológico e interpessoal).
Alguns defendem que se deve partir para a
Sociologia da Doença.
Defende que a sociologia não deve apenas olhar Em síntese...
para a o ilness, mas também para a diseases
(perspetiva médica). Objetos da Sociologia da Saúde:
Privilegia a vida social sobre a perspetiva da doença Saúde, doença, nascimento e morte
do médico. Em que medida e como a vida social tem
Instituições, organizações e profissionais de saúde
consequências na morbilidade (doenças,
(também se estuda as profissões e ocupações de
corresponde ao número de casos relativamente ao
saúde, como estão organizados, de trabalho e
total da população num período e contexto) e na
relação com os doentes)
mortalidade.
Sistemas terapêuticos e políticas de saúde
Se privilegiamos uma perspetiva social sobre a saúde (determinantes a diversos níveis, nomeadamente as
e doença temos de perceber como a vida social tem desigualdades na saúde)
consequências nesses fatores.
As articulações:
E ao mesmo tempo como a morbilidade e a  Sociologia das Profissões
mortalidade têm implicações na vida social.  Sociologia do Corpo
 Sociologia da Ciência e do Conhecimento
Científico
Desafios:  Antropologia Médica
Atribuir às doenças o estatuto de entidades clínicas/  Psicologia da Saúde
biológicas: É importante estudar as doenças de
forma individual e não as colocar em categorias As ruturas epistemológicas:
(através dos traços comuns). Não esquecer a Evitar qualquer naturalização na compreensão dos
diversidade. fenómenos da saúde e da doença (princípio
Incluir os resultados clínicos na pesquisa: incluir elementar da sociologia: explicar o social pelo
marcadores biométricos na pesquisa e não apenas as social).
narrativas leigas sobre a pesquisa.
Evitar visões etnocêntricas a respeito da
Romper com o ceticismo sobre o propósito e
superioridade da medicina e inferioridade de outros
resultados de intervenção médica: encontrar uma
sistemas médicos (como medicinas populares,
forma de haver pontos de contacto entre a
medicinas complementares e alternativas) e do
sociologia e a medicina.
conhecimento leigo.

O objetivo não é fazer hierarquias, mas pensar nas


realidades como inseridas em diferentes contextos.

4
Resumos para a frequência de Sociologia na Saúde

A medicalização ocorreu. A dois níveis:


Comportamentos desviantes: loucura, alcoolismo,
homossexualidade, hiperatividade e dificuldades de
aprendizagem nas crianças, problemas alimentares
(ex: anorexia nervosa), jogo compulsivo,
transsexualidade, etc.

Processos naturais da vida: sexualidade, parto,


desenvolvimento infantil, desenvolvimento infantil,
desconforto menstrual, menopausa (o corpo das
mulheres é mais medicalizado, do que o dos
homens), envelhecimento (cada vez mais tenta
prevenir o envelhecimento) e morte (cada vez mais
há intervenção médica como forma de evitar a
morte).

Todas as questões que remetem para questões de


comportamento, são mais medicalizadas.

A medicalização esta associada a três fenómenos:


 Patologização
 Expansão do controlo social médico
 Expansão da produção e consumo de
medicamentos (que têm um estatuto
central, determina-se por farmacolização)

Ao classificar a situação como uma doença, acaba


Biomedicina
por haver uma desculpabilização e alertar para a
A biomedicina é um termo utilizado para retratar a
existência de um estigma.
medicina convencional.
A emergência da biomedicina como fator social: Desmedicalização
Também há um processo de institucionalização da Corresponde ao processo através do qual um
biomedicina. problema deixa de ser definido em termos médicos
e deixa de ser tratado recorrendo à medicina.
Este processo resulta de relações de poder. Fazendo
com que haja uma institucionalização da Limitando a intervenção médica e intervenções que
biomedicina e um afastamento das práticas se consideram desnecessárias. Envolve outros
terapêuticas, remetidas para um estatuto atores, como critérios médicos, sociais, ativistas,
marginalização. entre outros.
Está também associado à criação do hospital,
formação, pesquisa e especialização. Bem como, a Exemplos:
um processo de autonomia profissional. - Se o parto fosse definido como evento familiar,
com assistentes leigos;
Através da implementação de políticas, regulações e - Se o alcoolismo fosse reconfigurado como um
leis, a biomedicina garantiu que determinadas problema educacional;
praticas não recebessem legitimação do estado. - Se a menopausa fosse considerada como um
evento natural da vida, sem qualquer intervenção
Medicalização ≠ Medicação médica.
Corresponde a um processo a que problemas não
médicos passam a ser tratados como problemas Homossexualidade (estava definida como uma
médicos (geralmente em termos de doença e doença mental no DSM), é um exemplo clássico da
perturbação). desmedicalização. – Hoje considera-se como uma
questão de identidade e autodeterminação.
Nas sociedades atuais é crescente (cada vez mais  Despatologização (deixa de ser doença)
temos questões não médicos que passam a ser
tratados como médicas).
Medicina como instituição de controlo social
Quando se define uma situação/comportamento
Regulação dos comportamentos: como a saúde
como problema um médico ou como doença, tem de
pública funciona para assegurar a adesão às normas
passar a ser tratados por linguagem, perspetiva e
sociais e a adoção de estilos de vida saudáveis.
tratamento médico.
Através da utilização de meios médicos ou
autoridade para minimizar, eliminar ou normalizar o
Não é receitar e tomar medicamentos.
comportamento desviante.

5
Resumos para a frequência de Sociologia na Saúde

Têm carácter biográfico: corresponde a


“Cada um tem responsabilidade pela adoção ou não restruturações narrativas (da relação entre doença -
de um estilo de vida saudável”, se não seguimos vida do indivíduo) como um todo;
estamos a ser irracionais.
Enquadramento cultural em determinados sistemas
de crenças e ações. O conhecimento partilhado num
Conrad: Para controlar o desvio há três tipos de
contexto informa o entendimento privado da
controlo social, que são efetuados pela medicina:
doença.
Tecnologia médica: Medicina como agente
independente Nega a polarização dos saberes/conhecimento: A
 Psicocirurgias (tratamento para a doença sociologia tem um olhar problematizado. Afirmando
mental) que os saberes leigos não são irracionais. Afirmando
 Medicamentos e outros instrumentos que às diferenças, mas não podemos encará-los
 Psicoterapia, psicanálise e terapias comum uma relação de oposição. Cada vez mais nas
comportamentais sociedades contemporâneas ocidentais, à
comunicação entre ambos os saberes.
Colaboração médica – Medicina cooperante com
outras instituições de controlo social Aumento das qualificações das populações: Acedem
e interpretam de uma forma mais direta aos saberes
Ideologia médica - definição de comportamento ou periciais;
condição como doença devido aos benefícios em
termos ideológicos (interesses e instituições sociais) Proliferação de informação sobre saúde em diversas
Quando ocorre a desmedicalização de uma certa fontes de informação: Vivemos em sociedade que a
doença, é também retirada a responsabilidade das informação sobre saúde esta disseminada em várias
ações protagonizadas pelo sujeito (o sujeito passa a fontes (extravasa dos locais que prestam cuidados de
não ter culpa, pois agiu por causa da doença) saúde). Incorporamos nos nossos saberes algumas
das nosso disponibilizadas (saberes periciais);

Proximidade crescente com profissionais de saúde:


os médicos (altamente qualificadas) e as populações
Crenças, saberes e experiências leigos mais qualificadas, mantém um contacto mais
na saúde e na doença próximo. Onde a comunicação e linguagem é
adaptada ao que são as qualificações/níveis de
Se na Sociologia da Saúde se dá a importância à literacia ao paciente. A classe social entre médicos e
experiência da vida das pessoas relativas às doentes, faz como que se aproximem os saberes
representações da saúde e da doença.  Estes são leigos e periciais. (Ex: as pessoas já vão com uma
experiências/ saberes leigos ideia de que tratamentos podem fazer ou conhecer a
terapêutica que lhe é prescrita)

As representações sociais de saúde e doença são


Saberes Periciais Saberes Leigos cultural e socialmente enraizadas. Pois dependem
Conhecimento Corresponde aos conhecimentos dos contextos culturais em que são produzidas e das
científico das pessoas comuns (senso de variáveis sociais e demográficas.
(universal) na comum). Representa a forma
área das ciências como as pessoas comuns
da saúde. compreendem, interpretam e As experiências de doença
atuam. A Disease e Illness podem ser descoincidentes, de
dois modos:
São saberes práticos que 1. Disease sem Illness
envolvem juízos e atribuição de Pode haver doença-patologia sem que o
juízos e valores (enraizados nos individuo tenha consciência de estar
contextos sociais e culturais). doente, sem se sentir mal. Exemplo:
doenças que se desenvolvem em silencio –
A perspetiva sociológica reconhece e valoriza os como as doenças oncológicas);
saberes leigos, afirmando que:
2. Illness sem Disease
Não são meras mimetizações dos saberes- Pode haver doença-mal-estar sem que haja
científicos; doença biológica, como os sintomas de
Têm coerência e consistência: são uma conjugação doenças ainda não diagnosticadas
de diferentes aspetos da experiência individual e (processos de diagnostico longos e
efeitos da sua doença, de forma a dar-lhe sentido; difíceis).

Contudo, a doença-mal-estar (illness), é uma


construção cultural, pois são os fatores culturais que

6
Resumos para a frequência de Sociologia na Saúde

dão sentido e dimensão simbólica à doença- contágio e falta de higiene – doenças


patologia. Sem doença-mal-estar a doença-patologia dermatológicas)
não tem significado.
Possibilidade de a doença ser conhecida (ex:
epilepsia, a pessoa pode ter e ser medicada, e não
A doença crónica apresentar sinais, mas a doença é conhecida)
É especialmente interessante para a sociologia,
perceber a experiência subjetiva da doença quando Instrusibilidade: até que ponto a doença afeta o
se retrata a uma doença crónica (sendo esta uma fluxo de interação (ex: gaguez severa)
experiência de longo período, tendo profundas
implicações na vida quotidiana). Foco de perceção: a perceção que os outros têm
sobre a capacidade do doente para ter participação
Existe uma variedade de doenças crónicas, tendo social normal e plena (doenças que há partida são
implicações diferentes nas vidas das pessoas. menos estigmatizadas)

Contudo, partilham de dois princípios: Doença mental é objeto de estigmatização (o que


A duração prolongada da doença, que pode leva muitas vezes o adiamento de procura de ajuda)
acompanhar toda a vida do doente

A emergência de um problema de gestão da doença,


que substitui o esquema tradicional da doença
aguda. (Exemplos: Como é que se gere a doença?
Gerir crises/momentos/implicações/diagnósticos?
Como por exemplo, os diagnósticos realizados no
sentido de controlar, a Diabetes) + a incerteza
(muitas vezes não se sabe como esta vai evoluir,
causando desconforto e outras implicações)

A doença cronica implica uma relação particular com


a medicina.
 O aumento da autonomia do doente
(passa a tornar-se num cuidador de si
próprio) Análise aos Textos do PowerPoint 1
 Negociação das regras e papéis de médico Graça, Carapinheiro (1986)
e de doente: o trabalho de controlar a
doença passa a efetuar-se “com o doente”. Para a compreensão e estudo dos fenómenos, como
É uma aprendizagem que as pessoas vão a saúde e a doença é fundamental a componente
fazendo (aprendendo noções de individual e subjetiva dos indivíduos.
diagnostico a partir dos seus sintomas, a Torna-se necessária a inserção das problemáticas em
avaliar a gravidade das alterações que estruturas sociais.
perceciona e aprende a aplicar algumas
terapêuticas, de acordo com o diagnostico A análise das determinantes sociais de como se
e avaliação) caracteriza “as doenças”, “os doentes” e as próprias
conceções da “condição de doente”.
A doença torna-se uma “realidade construída” e o
Doença Crónica e Estigma doente “um personagem social”.
Muitas vezes associado à doença crónica e à
Sociologia Médica  Sociologia da Saúde
deficiência, está presente o estigma.

A estigmatização de doençase deficiências ou


incapacidades depende de vários fatores – tais
como:

Visibilidade (doenças com sinais e sintomas


facilmente percetíveis, são mais propícias à
estigmatização, muitas vezes associadas ao possível

7
Resumos para a frequência de Sociologia na Saúde

Você também pode gostar