Feira Da Ladra (Tomo IV)
Feira Da Ladra (Tomo IV)
Feira Da Ladra (Tomo IV)
DA LADRA.
l\.c-vist1 mensal ilustrad•;
Dirige-a Cerdoso Martha e edit;.a G11sma6 Navarro
TOMO QUAR.TO.
~.
•'
• N.o 1
FEIRA DA LADRA
Fêz-se uma f1ra,gem especial
de H exemplares
em papel de li111to azul
FEIRA
DA LADRA.
!.\e.vista mensal ilustrada;
Dirige-a Cardoso Martha e edita.a Gusmaó Navarrc
TOMO QUARTO.
1 S BOA,
.' ' - J;
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i
.,?,;
Três anos depois
j
PaLIX DE A VELAR BROTERO
-n-
da. Declaro qut· sou Lente Jubilado na l"aculdaclc de
hlosoiia d.1 Univer,idadc de Coimbra e ao prescnlc Di-
rector, Athninistrador e The>oureiro do Real Mu>eu do
Ja1di111 llotanico, que sempre 111c conservei no biado de
Celibato que não le11ho l lcrdeiros alguns n~ccs.'ª' ios
Ascendenlcs, ou De>ccndenle> por cuja 1.11ão disponho
de todos os meus bens como se segue. Instituo por 111i-
11ha Univc"al Herdeira de todns os meus Bens Di1cctos,
e Acções a minha sohrinha Dona lzabcl de Avellar ílro·
lcro, em que se comprchendcm, tudo quanto se 11w res-
tar a de\'cr dos ordenados do> meus I' mpregos, e bem
ª"i 111 a remuneração que merecerem os Serviços que fiz
<' /1011ver de fazei á U11iversiúa<ic, e ~o Soberano sendo
taobem minha Testamcntcira. Pagará todas as mi 11 lms di-
\'idas e porque jull!ô ser muito mo<lica a Herança, as
1lonras e f'uneracs <1ue me ma11dar faicr, não excederão
hu 111a decente simplicidade, dad algu mas esmolas, e ;i.:;
Missas que por sufragio mandar dizer serão todas elitas
por Eclcsiasticos parentes ficando tudo ao seu livtl' ar-
hitrio, e d•sposição, e despcnsando a de preslu cnntas
cm Juizo, e quando a isso seja obrigada bastará huma
atestação por ella jnrada de assim o haver cumprido para
se lhe haver a conta por dada Quanto aos meus 1 ivros
se eu não disposer dclles, ella dita minha sobrinha. e
l lcrdeira ficará sua legitima possuidora, mas nenhum
dclles poder:\ venclcr sem expresso co11senti111e11to de
M'US dois Irmãos José de Avcllar 13rotero, e Joaquim de
J\vellar Brnlcro, por que lhe> deixo a estes o seu uzo ro-
1!•1ndo-lhe que tãobc111 o perrnit.1 a seu sobrinho Autnnio
Pegado. L desta forma hei por acabado este meu Testa-
mento, que quero se cumpra co1110 nellc se contem por
ser esta a minha ultima vontade.
Lisboa dois de Janeiro ele mil oitocentos e de1ascis.
Oe como o fiz por mandado do Testador-João l'ran-
cisco do Nascimento Serrão.
Felix de Ave/lar Brolero.
1.\
Jo.110 oe COIMBRA
D. FELlP A DE VILHENA
E UMA SUA FILHA
-ti1l
manuscrito, artigo de jornal ou revista
que diga da vida e feitos da mulher que
mais altamente personificou cm Portu-
gal a abnegação e o patriotismo-a con-
dessa de Atouguia, D. fclip:i de Vilhe-
na. E como não 'ei se os h;í, igualmen-
te ignoro se o traço de c.iracter que vou
referir se encontra já d ivulgadn nalgumas dessas pos-
síveis hio1:rnfias.
Adoecera seriamente sua filha D. Maria de Ataídc,
dama do paço da rainha Lui:ia de Gnsm;lo. A condessa
de Atouguia eslava longe da côrte, cuidando do infante
D. Afonso, o 6.0 futuro rei daquele nome, a quem os
físicos palatinos preceituaram banhos do mar. Cresceu
a gravidade da doença de D. Maria e com ela o de-
sengano da$ esperanças que dar-se pudt"'5Cm. E man-
-16-
•
Já que tenho a 111ão sôbre o caso, que por certo
alguns capitularão de dure1.a ou indiferença, mas que
em meu entender bem se ajusta à mulher que na vés-
pera da revolução contra o estrangeiro distribuiu a seus
dois filhos espadas libertadoras, escreverei mais duas
linhas a modo de elogio funeral da pulcra dama seis-
centista.
Assim a acredito eu, seguro no dizer do livro
que citei e que lambem a chama "formosa com tal des-
cuido, como se o não quisera ser, discreta como se o
não soubera. Os aplausos da côrte não parecia que os
amava, senão que os permitia... Notável era lambem por
suas letras, ressuscitando nn cõrte severa de D. João IV o lu-
zimento literário das damas eruditas da nossa Renascença,
que tamanho lustre deram aos saraus da infanta O. Ma-
ria. "Freqüentava a lição dos livros-é ainda o prefácio
daquêle livro que o assegura; naquela idade das línguas
e. /li
CURIOSIDADES E INDICA-
ÇÕES ÚT E lS E PRECIOSAS
1~XTRAfDAS lJI! PKOCf.SSOS DO •ARQUIVO DOS PP.ITOS rtNl>OS»
•
Em 1809 vivia Sebastião Pedro de Bastos, inspector
da Cmporaç.'o dos Lapidários de Diamantes.
-24-
•
Em nov~mbrn de 1716 a princesa de Nassau, Clara
Francisca Bernardina, viúva de D. Francisco de Sousa
Pacheco, embaixador plenipotenciário de Portugal aos
Estados da l lolamla, dava procuração a António Rebêlo
da Fonseca, porteiro da real câmara, para administrar a
pessoa e bens de seu filho O. João Guilherme de Sousa
Pacheco, conde do Império .
•
António Maurício do Carmo, musico que foi do en-
tretenimento militar do Sereníssimo Senhor Infante D.
Pedro Carlos, tendo deixado o uso do clarinete para
freql1entar o Seminário Patriarcal na voz de tenor, pe·
diu para ser admitido nesta qualidade na Capela Real.
COMO SE PERDEU CAiENA
VI
SEBASTIANISMO
S ANTOS FAl\INHA.
Ex."'° S."'
Fis com grande cuydado a in!ormaçao, que V. Ex.•
me mandou lisesse, sobre o que sentia em estas par·
tes dos cousas de El Rey D. Scbastiam: Nam busquey
sentimentos ela terra, os do Ceo so perlend i por duas
Religiosas Seruas de Deos, cuslunrn das ater certas re-
uelacoens, e visoens, e divinos auizos. A primeyra di-
ligençio que !is loy em Florença com a M.e M.ª de S.
Capellao de V. Ex.rn
A PROPOSITO
DOS ,.FEITOS FINDOS"
SONNET
(From lhe portuguese of Semedo)
lt is a lcaríul nighl; a íeeblc glare
Strcams from the sick moon in the o'crclouded Sk)·;
lhe rid~y billows, with a mighty cry,
R11d1 011 lhe foamy beaches wild and bare;
o. TOMAZ DE ALMEIDA
P. S.
Vocês conhc,cem-me bem para não verem , na mi-
nha curiosidade, mais do que ela significa. Mas, aos
condes de Ta l e marquêses de Qual, que se admirem
da minha ignorância, direi que de todos os meus antepas-
sados conhecidos, prováveis, directos ou afins, não me
ufano do brutamontes do Fernandes Almeidão, nem do
arrojiido-impotente Decepado, do romântico-imbeci l
Vice-Rei da lndia ou do hipócrita tonsurado primeiro
Cardial Patriarca de Lisboa, assim como não deito lo·
guetes de três respostas em apoteose ao papa Urbano
li, ao huguenote de Coligny e ao tal barão de Amon de
Alençon de Chatillon.
Dos dois lados da família, em que peze a parentes
e aderentes, só me orgulho, por uma banda, da Alcipe
e, pela outra, do Belmiro.
Eram ambos poetas e poetas são, em geral, bôas
pessoas.
ToM.
O MILAGRE D E MARTINACHA
•
POEIRA DOS TEMPOS
;1
J
BUOllNIO llOBERTSON, PILHO
(Ornv. dn época)
-59-
ha de fazer mr. Robertson na quinta -do Ex.mo Viscon-
de da Bahia, Entre-Muros, domingo 5 de Dezembro de
1819, reproduzido a pág. 417 e 418 do 9.0 vol da Revis·
ta Universal lisbonense, desconhecendo as circunstan-
cias cm que ela se realizou e se foi bem ou mal suce-
dida. Segundo êssc programa, as duas portas da quinta
eslariam abertas às 11 horas da manhã, uma para as
pessoas que fôssem de carruagem, outra para as que
fôssem a pé.
Ao meio dia lançar-se-iam ao ar alguns pequenos
balões de diferentes formas. havendo enfrc elas uma de
leopardo e, no recinto, tocar-se-iam m1ísicas P.ara distrair
a assistência, enquanto se enchia o ba lão. À 1 hora e
três quartos estariam concluidos os preparativos do ba-
lão e do guarda-quedas. Às 2 horas o aeronauta en-
traria na barquin ha e, empunhando a bandeira portu-
guesa, faria as suas despedidas.
Pelas 2 horas e meia lar-se-ia a subida do balão,
anunciada por um tiro de peça. O balão elevar-se-ia até
mil braças. Nesta altura, o aeron1uta daria um tiro para
indicar que ia descer no pára-quedas, tendo cortado,
previamente, a corda que suspendia o balão. t~te parti-
ria sozinho e o aeronauta caYria com o referido pàra-
·qucdas, descendo, ao princípio, ràpidamenle e, depois,
com suavidade. Com a trompa faria o aeronauta sinal do
inicio da descida, que se efcctuaria na mesma quinta,
se o vento fôssc moderado.
Os bilhetes para êsle sensacional cspcch\culo (IJ ven·
cil\ do tempo chuvoso quo sohroveiu (Gazela, n_o 287> pnrn o do~
ntlngo seguinte, 12 daquele me~ (Oazrta, n.o 292,l vcndondoasO os
hllhotes de camarotes o os do nnntoutro n 1440 reis e os do sin11>los
unlrndn nn quinta pelo proço rixado no programa.
A Intendência Qerttl dn PoHcln mandou publicar 1u1 GarrJn n.o
286 de 3 de Dezembro, um odllal oru que, para evlt:ir confusoos,so
detormina quais as runs que devem 10111ar as pessoas quo foron1 do
c.arru1gen1 ou a cavalo assistir àquolo ospecláculo.
Segundo a Gauta n.o 98 de 27 do Abril de 1819, por conselho
de Robcrtson, p3J, foi melhorada a llumln.aç3o do teatro do S.
Carlos.
- 61 -
Pernoitou em Bagunte em cas.i do major das orde-
nanças. í:, linatmcntc, voltou ao Pôrto no dia seguinte
tendo recebido muitas felicitações.
Nada mais sabemos da estada, em Portugal, dêstes
dois aeronautas llamengos.
Eugénio Robcrtson veiu a falecer, cm 1838, em Vera-
Crul.
"fstevam Robertson, diz o anónimo autor do exten-
so a11igo do Diccionario Universal (pág. 443 a 625) do
falecido comendador lienrique Zeferino, teve o desgos-
to de ainda sobreviver, embora pouco tempo, aos filhos
(Eugénio e Dimitri), e ao desmoronamento da riqueza
que lograra accumular (um milhão de francos} em alguns
annos prosperos de vida •.
J-leNRIQUe oe CAMPOS FeRREIRA LtMA
O BATIZADO D A PRINCESA
DA BEIRA
D. MARIA TERESA
,•
A MATRICIDA MARIA JOSÉ
•
-78-
dcs de Lisboa e Pôr!o, deitassem para as ruas, travessas
e bêços, no valor de 480 reis por cada janela do I.º
andar para cima, ou sacada, ou de peito, cxccpto as do
rez-do-chão, que pagariam some nte 240 reis. Nas outras
cidades e vilas pagar-se-hia 240 reis no primeiro caso e
120 no segundo.
A cobrança dêsse impôsto far-sc-hia durante 4 anos
e a sua impor!ãncia serviria para sustentação do exér-
cito e outras despezas indispensáveis à sua organizaçao.
Eram respons,"\veis os donos das propriedades e, na
sua ausência, os seus feitores, procuradores ou adminis-
tradores.
Foram feitas muitas penh oras por falta de pagamc11-
lo do impôsto.
•
Logo que o 1.0 correio-mór do reino José António
da Mata de Sousa Coutinho faleceu no dia 7 de Novem-
bro de l 790, foi feito o inventário dos seus bens.
O 1·0 dêssc inventário é eslupcnclo :
Um !hábito grande e outro pequeno, de oiro, com a
cruz. Arrecadas grandes, laços de peito, plumas, seis ala-
mares, p ulseiras, uma custódia de trazer ao peito, três
ane is, um paliteiro de ouro, um relógio, - tôdas estas
peças cravejadas de diamantes. Um relógio com dia-
mantes, rubis e esmeraldas, brincos de águas marinhas,
um fio de 71 pérolas grossas, dois fios de pérolas miúdas
de oito voltas cada u m, u mas meadas de aljôfar com
vinte fios cada uma, um cestinho com crisálidas e uma
safira grande, pingentes de topázios, aneis de esmeraldas,
uma crnz de cristal guarnecida de ouro com um Sanlo
Len ho, bolões, fivelas, relicários, remates, cordões, ban-
dejas, tudo cm ouro. ·
Nove serpentinas, doze castiçais, o nze salvas, cento e
onze pratos, Ires baldes. cinco faqueiros, sessenta facas,
setenta e duas colhércs para ch<i, quatro cafeteiras, jarros,.
-79-
bacias, manteigueiras, açucareiros tudo de praia. trCs
faqueiros com seis d1ll.ias de lacas e j!'arros de cas-
quinha.
!.ouças de Saxe, da China e da l ndia.
Bronzes. Lençois de Holanda, cokhas de Malta, linhos
de Guimarães. Dama,cos de Itália, p.~nos de Ruão. Trc-
mós, bolctes, canapés, tamboretcs de mogno, xarão, no-
gueira e madeiras do Brasil. Quadros, imagens em marfim,
roupas de linho, objcctos do culto. Toneis, balsciros,
barris. Pensões, foros, créditos. Quintas, casas de campo
com o seu recheio, olivais e montados. fora o mai> lfue
não dizemos. Emfim, uma orgia de riqueza com que a
senhora 7.ª corrcio-mór, D. Joaquina da Câmara e seus
s~te filhos, se deviam ter locuplctado.
entre as pessoas que deviam dinheiro ao casal, fiJ?ura
D. lnez Antónia da Câ mara, aquela senhora a quem
o ncl{ociante inglês 1httl>On legou por sua morte um qu;,.
dro de Vieira.
*
Lui1. da Silva r:l>tcvcs foi cm 1758 botic.írio de el-rei
D. José.
A caiia do monarca nomeando-o boticário de sua Real
Casa, cargo vago por morte de seu tio l\'\anucl Esteves
da Silva, é assim concebida nas partes que nos intcrc~·
Mm :
•A vós, D. Josê Masc.~renhas e Lencastre, Duque de
Aveiro, Marque1. de Gouveia, Conde de Santa Cruz,
111c11 muito amado e prc1.1do Sobrinho e meu Mordo1110-
·Mór .... Por confiar na boa infonnaçaõ que tenho tia
pessoa, e sufficicncia de Lui1. da Silva t:stcvcs .... llcy
por bem de o tomar por Boticar da minha casa .... l la·
ver~ 20: 000 reis de ordenado cada anno pagos na meza
dos Azeites, e 7:500 reis no tesoureiro das moradias, !t re-
zão de 375 reis por mcz, e 250 reis mais para hum moço,
e 2.736 reis de sua vestiaria ord inaria cada anno pagos
-80-
pelo tesoureiro da minha casa .... Haverá mais aposen-
tadoria e alojamento de casas e os mais (ilegluel} e
precalços que lhe pertencerem, e dará as Mezinhas que
forem necessarias para as Pessoas Reais e officiacs da
minha casa, e soldados da guarda que assistem no Paço
as quaes Mezinhas lhe seram pagas cada an no pela con-
signaçaõ da folha dos Officiaes da minha casa por
mandado do meu Mordomo-Mór, e pelos preços que se
pagavaõ aos mais Boticarios seus antecessores .... E dará
lambem as Mezinhas que se comprarem pelos armazens
para as armadas da Costa, lndia, Brazil e mais conqu is-
tas ... Jurará na minha Chanccllaria de bem e fielmente
servir o dilo olficio .... E pagará de novos direitos,
13:618 reis que loraõ carregados ao Tesoureiro delles .. .,
Luiz ela Silva Esteves morreu solteiro em 1775 e 1
sua mãi, Cecília da Silva, habilitou-se à herança, que
consistia numa importante divida que lhe ficou devendo
a casa Real nalJ s6 pela importancia dos remedias
minislrados da sua botica para toda a Parnilia (Real}
mas taõ bem por alguns ordenados, comedorias, e ves·
tiarias.
i Em tôdas as épocas os empregados do Estado dei-
xaram ele receber a tempo e horas os seus ordenados!
Quarta-feira 11-4-1900
Ex.m• Snr.a
Minha boa prima
Tenho a honra de enviar-lhe o telegrama junto rece-
bido no dia 9 do corr.e em que Sua Alteza Real a Se-
nhora Condessa de Bardi confirma a verdade da ca1ta
em questão: Pode a sua amiga fazer o uso que quizer
do telegrama.
i\. O. N.
VIII
DA VELHA FARMACOPEIA
Quem ren1exe papelada velha. sernpre encontra novid:'\des
do passado. Edmund Bnch, n1édico.far1n:tcéutico saxa.o, sabendo
putos jornais fnu1c<isi>s do ostodo grave da rnlnhn de PortugaJ, O.
CnrJotn Jonqulna, escreveu.lhe unltl cnrt:.\ quo féz nco111panhnr de
uma receita, cm pergamlltho, pnrn a a li viar dos seus sofri n1cntos.
Veio tardo, porque no din 7 de Janeiro de 1330 falecia O.
Carlota Jo:iquina e no dia 10 er:i sepulladn na igrejt'I de S. Pedro
de Pennferri1n, en1 Sintra.
Carlota Joaquina roi, de tOdas as soberanas portuguesas, n
que 1nnis se salientou na política do pars. O. Miguel foi o seu es-
cudo n:i.s lHti1nns revoltas.
Já muito doente, viu-o triunfnr e, desde 1828, nunca 1nnis npA...
receu nns festns da côrte, vivendo no 1>nlácio de Q uelu7., ent mo-
destos aposentos, tendo no seu oratório particular o formoso rettn-
to do filho D. Miguel, pintura. de Giovanni ltnder, que boie se
admira naquele palácio, na sala do Lanternim.
Não faremos um iuizo do muito que se tem o.scrito sôbre esta
Rs.inlul, do muito mal com que se tem conspurtaiJo :i sua honcsti..
dndc. Quando um dia se 1>ossn jocirnr o <1uc há c.scrito, 1>odc.-
re111os então apreciar a sua conduta, co1no ntulher e co1no rnal.
Carlota Joaquina, npós angustioso sofrer. faleceu por efeito
de um scirro no útero ou, segundo outros, de hidropisitt.
A. C. P.
-84-
Madame
Si l'état de l'indisposition ou se frouve Votre Ma-
jesté est celui dont plusieurs journaux !rançais font
mention, je serais, peut-~lre, assez heureux pour con-
tribuer à votre prompte guérison par le remede ci-
·ioint.
Le remede, qui se compose de substances tout-à-
·fait simples et innocentes est un secrel dont je dois
la possession au hasarcl, et qui a réussi dans les cas
les plus extraordinaires; je le soumets d'ailleurs au sa-
vanl jugement des médecins qui jouissent de la con-
fiance de Votre Majeslé.
Je suis avec le plus profond respect, de Votre Ma-
jesté
le tres-humble et
Ires obeissanl serviteur
Edmund Bach
Paris, 10 Janvier 1830
Rue Jacob, N.o 20
LUCIANO R1oemo
1
,.
•
A S FAMÍLIAS
CURVO SEMEDO E CHATlLLON
(DUAS CARTAS)
4 1. 932
Ateu c:\rO üusmào Navarro
Am.• certo
M ATOS SEQUEIRA
-96-
•
A\eu caro amigo
/
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A... .le+v.. ~
e. <t. ~~ >-,... D.e,, .,.~.._ ·
~
Go1o1~s MomEIRO
r
OS PlSCOS DE SEZIMBRA
•
Em 179-1 vivia nn pr:tça de Setúbal o marechal
-115-
de campo Agostinho Jansen Moller (de origem ale-
ma) casado com sua prima Catarina Jansen Moller,
que era filha de Teresa da Silva Orta.
O seu filho mais velho foi o naturalista Adolfo Fre-
derico Moller, já falecido, inspector do Jardim Botâ-
nico da Universidade de Coimbra, que deixou um filho,
Henrique Caries Moller, actual chefe dos serviços pos-
tais em Lisboa.
•
A páginas 150 do vol. 1.0 da "Feira" vem meneio·
nada uma quinta em Azeitão chamada Parvoíce.
Na uGazeta de Lisboa", 11.0 96, de 25 de Abril de
1825, rata-se de uma propriedade chamada também
Parvolce, adiante de S. José de Ribamar e que tinha o
número de porta 388.
Essa propriedade estava na posse de Manuel Joa-
quim de Mendonça Escarlate, herdeiro da firma José
da Silva Ribeiro.
Sôbre esta propriedade houve um litígio que durou
10 anos.
•
Em 1811, António Cairou e sua mulher Joana An·
golini, residentes em Lisboa, foram contratados para
trabalhar no Teatro Grande do Funchal, como pri·
meiros bailarinos grotescos. E porque o emprezário
Pompílio Maria Panizza não lhes pagou, ê)es move·
ram·lhe um processo.
•
Em 1839 era costume, quando morria algum indivf·
duo prêso nas Cadeias Civis de Lisboa, nll.O deixar sair
o seu cadaver do edifício emquanto a autoridade, a cuja
- 116.
•
Em 1803 havia em Lisboa umu fnmília com o ape-
lido Rossig11ol, que tinha alguns filhos. que deixaram
desccndCnciu.
•
tm Janeiro de 1811, o corregedor do crime, Fran·
cisco de Paula Aguiar Ottolini, com o alcaide do bairro
do Rocio e o escrivão do juízo foram, em virtude de
ordens superiores, assaltar os botequins com bilhares,
onde se jogavam as descarregadas.
í'.ste jôgo consistia em os parceiros carambolarem
sem que as bolas tocassem num co(lo de sola que se
colocava no meio do bilhar com o fundo para cima e,
poslos sôbre êle, quatro dados. O jogador pagava
conlorme o número das pintas, quando os dados ca·
iarn.
Foram aos três principais botequins com bilhar,
talvez os mais suspeitos dêsse tem1>0: bilhar de S.t•
Justa, bilhar das Colunas a S. Roque e botequim de
Jos~ António Francisco, ao Passeio Público.
Resultado do assalto: prisao de quatro sujeitos e
apreensão: de um jõgo de gamão, n quantia de dois mil
reis, dois copos de sola e quatro dados.
J. M. CORDEIRO DE SouSA
(1) Arq. dos Reg. Paroq. - L.• 3.• dos Obllos da freg. de s.
Lourenço de Cnrnide.
UM COMUNICADO AMOROSO
IX
O BRIO DE FERNANDES TOMAZ
C1ro am.o
V. doC.10
seu a111.º
G. J.<f
•
"0 AMANTE LIBERAL"
li
portuguesa, há dois catálogos espe-
- , ciais: o Catalogo da Exposição Cer-
vantina realisada a 12 de Junho de
1905 por occasião do 3.o centenario do
' D. Quixote no Gabinete Português de
Leitura do Rio de Janeiro (Rio, 1905) e A Exposição
Cervantina da Bibliolheca Nacional de Lísboa, de Xavier
da Cunha e Eduardo de Castro e Almeida (Lisboa,
1908).
Em nenhum dêles vem citada a obra seguinte, de
cordel: Historia do Amante Liberal of{erecida á /l/ustris-
stma e Excelleniilisima Senhora . .... po1 A. eia C. de T.
A. e F. Lisboa. Na Officina de Antonio Gomes. Anno
MDCCLXXXVlll. Com licença da Real Meza da Com-
missão Geral sobre o Exame, e Censura dos Livros. 39-1
pág. de papel ordinário.
Precede a versão uma carta-dedicatória assim re-
digida: "lllustrissima e Excellentissima Senhora. He
• certo, que os meus dezejos sempre se cmpenharaõ em
agradar a V. Excellencia desde o venturozo instante
-139
que tive a honra de !aliar-lhe. E como sei a curiozida-
cle, e o gosto, c1ue V. Excellencia faz em ler semilhan-
tes Novellas, por isso me propuz (com os meus pc<1ue-
nos estudos) a tirar de alguns Livros Estrangeiros, com
que formar a prczentc historia para oflerecer a V. Ex-
cellencia. A sinseridade da oferta, e o motivo de lia me
desculpará com V. lfacellencia, de quem me confesso
ser -- O mais allento venerador, e obrigadissimo cria-
do. A. da C. de T. A. e I'."
Nno deixa de ter graça ver ~slc trapaceiro dador
de excelências aludir a "alguns Livros Estrangeiros",
quando, sem lhe nomear o autor, nno lêz mais do que
traduzir linha a linha, e com muitos êrros, uma das
Novelos Exemplares de Cervantes, EI Amante Uberal,
deixando até em castelhano e reduzidas a uma décima,
as duas quinlilhas do original.
Para que se veja de que fôrça era o traditore, copio
11 passagem, primeiro em castelhano e depois em por-
tuguês :
En buen /1ora, clijo Ricardo, y v11elvole á advertir
que los cinco versos dijo el uno y los oiros cinco el
oiro, todos de improviso, y son estos:
Como quarulo el sol asoma
Por una monlar1a baja,
Y de súpilo nos toma,
Y con su vista nos doma
Nueslra vista y la relaja;
Como la piedra balaja, •
Que no co1L~le11/e carcoma:
Tal es Ili rostro, Aja,
Dura lanza de Malroma,
Que las mis n1/rat1as raja.
Agora a traduçao: •Em boa hora (disse Ricardo)
eu te venho a divertir; porém os sinco versos disse-os
hum, e os outros sinco disse-os o outro, todos de im-
-140
provizo, e sao esles: " - e vêm os versos em caslc-
lhano.
Pouco adianle, diz Ricardo no original: Tambirn
se suelM //orar endec/1as, como cantar himnos, y lodo
es decir versos. Pois o vertedor escreveu: •Tambcm te
soaõ chorar Endeichas, como caqtar Hymnos; e tud(l
he dizer versos." .
No final, quando Cervantes disse: A sus padras y
á los sobrinos de ffallma di6 la '/ibera/idad ele Ric11r·
cio, de las parles que te cupieron dei desp.Jio, su{lcienle-
menle con quê uiuiesen, o de cá traduziu: •A seus Pais,
e aos sobrinhos de Hatima deu liberdade Ricardo; e
das partes, que lhe couberaõ, deo despojo sulficicn
le.... "
Nao sei quem fôsse A. da C. de T. A. e F., cuja de-
dicatória me cheirou a pedinchice; mas talvez algum
leitor da Feira da ladra consiga desvendar o mist~rio
do desastrado tradutor de O Amante Liberal de Cer·
vantcs, ou, em linguagem mais moderna, O Namorado
Generoso.
•
POEIRA DOS TEMPOS
XXIX-SUPRt:SSÃO DE PERIÓDICOS
(I > l'ititu soneto, i111press:o e1u fôlhn volnnto, uma das illlhne-
ras poeslns dlS!rlbuídns durante a lnaugurnçno da Rsl:llua (e dns
nutls rnrR~. l'>OIS fnlta em n1uitas das colecçO(JS ), foi~nos obs4:qulo-
samontó cedido peloapln.udido oscritorsr. dr Luii de Oliveira Oui·
marAe$. Alll abrov1atura..o; dos intcrlocutoros significam Cidad4o e
Peregrino.
(21 o naturalista OBicu'.l dti Orla, CUJ:l obra o falecido conde do
Fícalho odilou.
-141-
•
AS EXÉQUIAS DE D. JOÃO V
as mencionadas columnas.
•oa mesma sorte era ornado o segundo corpo, que
fazia de alto tres palmos, de largo onze, e meyo, de
comprido doze, e Ires quartos, tendo lambem nos can-
tos outras quatro columnetas, e na circumferencia 28
casliçaes da mesma grandeza, e artificio, que os do
primeiro corpo. O terceiro, <111e segundo as regras du
Architectura devia ser mais i11ferior nas medidas, sus·
tentava nos cantos outras quatro columnetas, e 20 cas-
tiçaes grandes com outros tanlos cirios na circumfe·
rencia, e servia de asscnlo ao 11uarto corpo que tinha
de altura quatro palmos, e meyo, de largura cinco, e
oitavo, e seis e oitavo de comprimento, o qual estava
ornado todo com passamanes de retroz côr de ouro, e
sobre elle se colocou o Ca.çfrum daloris, coberto com
hum pano rico de veludo 11reto apassamanado de galocns
com franjas à roda e nas qualro pontas oito grandes
borlas, tendo cm cima huma almofada rica de selim
preto, toda bordada, e dos c1 uatro cantos pendcnles
doze borlas do mais primoroso requi!e, sobre a qual
se viu o Sceptro, e Coroa Real, excitando nos olhos
de huns as lagrimas, nn liberdade de outros o
desengano, e nos coraçoens de todos a inestinguivet
mágoa .....
•Ccrcavaõ toda esta fabrica situada no plano do
Cruzeiro em vinte palmos de distancia dos degraos,
que formaõ a escada para o Coro, 28 tocheiros de
hronze de nove palmos de nltura, fabricados do mais
11obre, e primoroso artificio, que pode delinear aidea
Romana, e nelles ardiaõ outros tantos brandoens de
seis 11almos, e meyo de alto, e ele 72 onças de 11ezo
cada hum: vindo deste modo a ser illuminado aqucllc
Mausoleo com 124 luzes, formando huma Mageslosa
perspectiva, tanto pela bem proporcionada distincçaõ
das banquetas, como pela uniforme semelhança, e gran-
deza dos castiçaes, e locheiros, que por serem todos
-149-
ERNesTo SOAReS
PROBLEMAS BIBLIOGRÁFICOS
•
De Junqueiro são as segumtes apreciações sôbre Arte:
"Só é grande a arte que é eterna! Só aquela que
tem o vinco do eterno, vive no meu espírito. A arte
francesa do século XVIII, é bela, sim, mas frívola, tôda
mesuras, sem o poder maravilhoso da inspiração, viven-
do em Versalhes e não saindo de Versalhes.
A arte 111edicva e a da Renascença, são grandes, por-
que são eternas.•
Como coleccionador infatigável, o poct1 esquadri-
nhava os mais recônditos escaninhos, à cata de anti-
qualhas.
-164
Um dia entrou na loja de um ferro-velho e, naque-
la habcl de bugigangas, topou com umas telas nuídas e
sem pompa de coloridos.
Vagueou o olhar prescrutador e informou-se do pre-
ço de um dos quadros, que o ferro-velho diligenciou
encarecer, garn11ti11do a sua antiguidade e celebridacte
do aulor.
lmpassh·el, Junqueiro apontou para o segundo qua-
dro e indagou:
-iQuanto custa isto?
-Isto! volve com azedume o ferro-velho, "convença-
-se de que é um Rubens autentico!,. E pediu uma exor-
bitância.
Junqueiro, sempre severo e d~dc11hoso, acercou-se
do mostrador onde, num prato esbeiçado, ressequiarn
uns pasteis baficntos.
·e! E isto, quanto custa?- tornou Junqueiro.
-c!O quê, os bolos?- atalhou surprêso o ícrro-
-velho- .Vinte réis, cada.
-"Pois compro-lhosn rematou o poeta maliciosa-
mente - .. e creia que é a 1í11ica coisa antiga e autentica
que você cá tem na toja".-
Na col~ção de quadros de Guerra Junqueiro, con-
tava-se urna nequena tábua em que S. Vicente é figu-
rado de diácono. com o Evangelho na mão e uma corda
aos pés.
Grande número dos seus quadros foi adquirido nelo
Museu de Arte Antiga; entre outros, uma tela valiosa de
Sanches Coelho, notável pintor português que trabalhou
na côrlc espanhola, onde lhe chamavam o Ticiano lu-
sitano.
Por doação de Junqueiro, passou. após o seu fale-
cimento para o mesmo Museu, parte do espólio artís-
lico do Poeta.
CURIOSIDADES E INDIC A-
Ç ÕES ÚTEIS E PRECIOSAS
eXTRAÍIJAS OE PROCr.SSOS 00 •ARQUIVO DOS PEITOS 1 INOOS•
xu
A FRANQUEZA DE CAMILO
Meu •• • Alnlgo.
Muito obrigado pela sua cnrta de 18.
Oemnis sabin eu que, só pol' causa especial, V ... nao respon-
din à 1nlnha pregunta•
.. , .. · ··· ·· ·· .......... ... ········ ······· .......... .
Da caria camiliana, que faz cócesra.s a. Castilho, aqui junto
cópia, cujn conformidnd.o com o original, inteira & a.bsoluta, mesmo
na ortografia, ou posso ufirn1ar-lho. Camilo utilizou uma fõlha de
4 pá!f· do papel destinado h sua corrcspondCncia, limbrAdo com
as iniciais e. C. B. em letra gótica ü ocupou do seu punho a pá.·
ginn da frente e quási tõda a do versoJ guardados ao ::ilto os &S·
paços do eslilo. A disposiçao gráfica da cópia é a mosma do ori·
ginnl.
O destinatário, designado familiarrne1He por Júlio, ó o dcsdi·
toso Júlio César J\1achado, que arquivou a carta num!! fõlha do
seu album, colando ao lado direito uma outra de Ana Plácido, a
éle dirigida e ns fotogrnlias dos seus dois amigos de Selde Tenho
essa fõlha completa cm meu poder.
Nem a cnrta do Camilo, nem a de Ana Plt\cido leem data.
Quem tiver tempo e paciência talvez n possa dolerminar. Nao me
parece, porém, que ser!\ coisa do imporllncia.; o importante é a
referência irreverente a Cnstllho o a domonslraçao da amizade que
o ligava a Jiílio César Machado.
13squecin-me dizer-lhe que a letra da cartn ó caligráfica, em
tipo mh1do, e traçada com todo o vagar e a maior serenidada.
Tenho também umas cnrtas de Viefrn de Castro, dns qu3is igunl-
mento lhe enviarei cópias logo que consiga decifrar inteirnmente
o que elas dizem, pois éle escrevia mnl como o Diabo. Polo que
já pude ler, sào interessantíssimas. Como não sei fazer prosa, quo
honre n Feira, publicnçào que tanto aprecio (1 ), contribuo pt1ra o
enriquecimento do .iBpistollirio" ..•
• • • • • • • • • • • • # • • • • • • • ••••••••••••••••••••• • ••••••••••••••••
ES L li
,
HISTORIA COLONIAL
(CARTA)
,
GLORIA REFLEXA
•
A
UM LIVRO SOBRE
A ,.COMUNA"
XIII
PEDRO IV e LUIZ XVIII
Senhor
Chamado, muito novo ainda, a fixar os destinos de
um grande povo, e a manter no Brasil a autoridade do
-199-
Rei meu Pai, que um Clube desorganizador oprime,
procurando estabelecer novas cadeias em nome do li-
beralismo, reclamo os conselhos e a amizade do Nestor
dos soberanos, que durante vinte e cinco anos de in-
rortúnios soube conservar o amor de todos os seus sú-
bditos, e de promover a sua felicidade, que êle asse-
gurou outorgando-lhes justas e sensatas liberda-
des.
Se Vossa Magestade me honrar com a sua amiza-
de, ficarei mais seguro de conseguir os meus fins e, ao
mesmo tempo, aumentarão as relações amigáveis en-
tre o Brasil e a França.
V. M. verá pelo meu Manifesto às Potências, que
roi apenas o sentimento de legitima delesa que levou
o Brasil a assumir a atitude belicosa contra a racçao
portuguesa. t'ara se evitar o derramamento de sangue,
não houve meio de conciliação de que eu não lançasse
mao; e, a-pezar disso, os insultos e as ameaças nllo fal-
taram em Lisboa. O orgulho cega-os a ponto de pare-
cerem desconhecer os recursos imensos de que dispõe
o Brasil, que nada agora poderá separar do Oovêrno
Monárquico, que êle quere e eu saberei manter, conser-
vando-o para o Rei meu Pai, que os Brasileiros amam
e respeitam sempre.
A mediaçao das Potências para impedirem a guerra
civil entre Portugal e o Brasil, seria de inter~sse para
todos, e entraria no pl;mo e intenções da Santa Alian
ça, e para isto chamo a atenção de V. M., cuja inter-
ferência seria de grande importância.
Príncipe Português, a unillo dos dois povos em ba·
ses honrosas e justas é o objecto da minha solicitude:
Defensor Perpétuo dos direitos e da independência do
Brasil, os meus deveres estao naturalmente indicados.
Encarrego o conde de Gestas de entregar esta car-
ta a V. M.; possue êle há muito tempo a confiança
de V. M., o que é um direito para ter igualmente a
-200-
minha.
O passo que dou, franco e directo, junto de V. M.,
é, Senhor, uma prova clara e nl!O equívoca dos meus
sentimentos.
Sou de V. M. amigo e admirador sincero
D. Pedro de Alcdnlara
XIV
•
·206-
reino, e entre elas Portugal, que nessa data. jii eslarn
independenle.
D. Fernando (csl. 1), nascido em 1188, conde da
•
- 207
tos. foi derrubado do cavalo e feito prisioneiro. :\a bata-
lha. qnedurou mais de três horas, O. Fernando deu pro-
vas damaior cora~em e persist~ncia, mesmo vendo es-
capar-lhe n vitória.
•11 so11lint cependant, diz Todi~re, jusqu'a l'exlrémite
l'honneur ele la journée". Pilll/ppe-A11<111sle. Tours,
1867.
Na Flandres chamavam-lhe Fcrrancl. O conde da
f'landrcs loi conduzido preso com cadeias de ferro,
num carro, nté Paris.
Conla um historiador, que a multid:to, ao vêr passar
os senhores, aprisionados e cheios de !erros, cantava:
•Quatre lerrands bien enlcrrés tralnent Ferrand
bien cnlerré".
E explica: "Os ferrands eram os cavalos castanhos
que trnnsporlavnm Ferrand, conde da Flandres". Sei-
gnoh0$1 Hisl. d11 Moyen Age. Paris, 1917.
Foi levado para a Tôrrc do Louvre, de onde saiu
a1>enus no 11110 de 1227.
Em 1233 falecia em Noyon, sendo sepultado numa
ahadia de religiosas cistercienses lunduda cm 1226 por
sua mulher, na Marqueta, povoaçllO a nove quilómetros
de Lille, onde ainda se veem restos do primitivo edilf-
cio.
Na gravura nota-se um anacronismo: o escudo por-
tuguês de 1). .João 1 com a cruz de Aviz (erradamente
interpretada como lises), e os escudetes com cinco be-
santes cada um, mímero que só dêste rei em diante foi
adoptaclo.
A condessa .Joana (est. 1) era dcno111inada Constan-
tinopolitnnn, por ser !ilha do conde Baldufno, fundador
do im1>ério latino de Constaotinopln.
Àcêrca da gravura de Felipe o Bom (com quem
casou a !ilha de D. JOâo I, O. Isabel), vigésimo sétimo
conde da Flandres, que ostenta o colar da ordem do
Tosao de Ouro (est. li}, nada se me olerece relerir.
-208-
,
vasta já a bibliografia jornalística
portuguesa. Alguns nomes: Silves-
tre Ribeiro, Inocêncio, Silva Túlio,
Carval ho Prostes, Brito Aranha,
franco Monteiro, Alfredo da Cu-
nha, Maximfano de Aragão, José
Germano da Cun ha, Alfredo Luiz
Lopes, Eduardo Coelho, Jordão de Freitas, Alberto
Bessa, Martins de Carvalho, Pereira da Silva, Silva
Leal, Tôrres de Carvalho, Cardoso Marta ...
Mas a avultar dentre tôdos os beneditinos e diluci-
dativos trabalhos de Si lva Pereira, Os jornaes porfu-
guezes e O Jornalismo Portuguez, não falando no di -
cionál'io manuscrito que há uma quarentena de anos
-210
dorme, no seio magro da Academia, o sono dos esque-
cidos.
•
Algumas breves notas à margem dêstes dois 1ítcis
li vros ...
1) MERCURIO PORTUOUEZ, começado a publi-
car cm 1663 Oanciro) e terminado cm 1667 Ou l11 0):
abrange 58 números e, pelo menos, 4 variantes.
Assim, há duas edições do número de Fevereiro de
1663: a) •fim.• b) "fim. Taxada em sinco réis•. 1Ili
duas também do número de Março: a) •Lavs Deo•. b)
'Lavs Deo. Taxada em ~inco reis•. Como há duas tam-
bém no n.o de Setembro: a) 'Lisboa. Com as licenças
neccssarias•. b) Além desta indicação, mais: •Taixaõ
este Mercurio cm sinco reis. Lisboa, 20 de Outuhro
de 1663. Vel ho. Sylva•.
O n.• extraordinário cm espanhol, de Junho de 1665,
foi impresso cm dois papéis muito diferentes.
l lá também uma reprodução do n.º de Julho de
IM4, em tiragem muito reduzida, feita a expensas do
visconde de Fonte Arcada, com um apêndice, uo
qual transcreve um artigo seu, inserto na Sentinela da
1.iberdade (IO de Dez. de 65) referente ao assunto.
Alguns jornais e publicações periódicas dos sécu-
lo' XVII e XVIII não incluídos naquelas re~enhas:
1) Divertimento para /tum quarto de flora. Li~hoa,
1787. 4 números.
2) F //leio linivers~l. Lisboa, 1764.
3) Noticias catftolic11s e po/ilicas de /nglaterm. J.ig-
boa, 1689 (16 de Setembro)
4) Noticias da 11/P1110nlra e Inglaterra. Lisbou, 1<>8()
í 15 de Fevereiro).
5) Palestras criticas e semi-serias. Lisboa, 1771.
6) Caõ do cego. Lisboa, 1789.
7) Folheto Cotovia. Lisboa, 1749.
211
•
Silva Pereira fixa em Janeiro de 1790 o comêço d!l
publicaçao do Correio Mercantil, Economico de Por-
tugal; Silva Leal, cujo catálogo possuo, marca a mes-
mn datn; Pereira da Silva e Prnnco Monteiro não o
citam.
Tenho na minha colecção sete volumes de fólio,
que vão do que presumo primeiro número, de 2 de Ja-
neiro de 1787 a :{1 de Dezembro de 1793.
Donde se infere que o jornal existia, pelo menos,
três anos antes.
Vem de passo dizer que foi seu director durante
bast.111te tcmp0 João Carlos Morão Pinheiro, escrivão
dos agravos da Casa da Suplicação e um dos patriar
cas do jornalismo português .
•
Do Arc/1lvo Popular (1837-1812) !êz-se reedição
dos números l a 33, 36, 38 e 40 do 1.0 volume. Como
se pode verificar a págs. 408 do n.0 51, de 17 de De-
zembro de 1842: •Tendo-se concluído a reimpressão
de todos os numeros que faltavam do Archivo achão-
-se á venda na loja ... • lComo distinl(l!Hos?
Todos os números da 2.• edição foram impressos,
natipografia de A. J. da Cruz, rua larga de S. Roque
n.• ôO. Os sete primeiros números da 1: foram im-
pressos na mesma casa, mas distinguem-se dos da 2.•,
entre outras, pelas seguintes diferenças:
Os n.•• 1, 2, 4, 6 e 7 teem por subtítulo "semanário
pintorcsco,,, ao passo que nos correspondentes da 2.•
se lê "pintur~sco•. A subscrição dos n.•• 3 e 5 da 1.ª
é: "Lisboa: na typ. de A. J. C. da Cruz•. (Seguem-se
dois filcles tipográficos). Os da 2.ª: •Lisboa. Na typ.
de A. J. C. da Cruz. (sem filetes). liá muitas outras
dilerenças no n.º 3, como por exemplo o titulo '0
212-
Conde Caylus", etc. em 2 linhas na I.• ed. e em uma só
na 2.• (11ág. 23); e no n.º 5, a pág. 40, ln fine: "As as-
sig naturas recebem-se ... .,( J.'); e "vende-se e assigna-
-se ... " (2.•.)
Na primeira edição os n... 8 a 33 passaram a ser
impressos na mesma Tipografia, mas na rua da Emen
da, 60. Nos n."" 36, 38, 39 e 40 a tipografia :é na Rua
de S. Jnsé, n.• 140. Apenas os n.~ 34, 35 e 37 não
foram reeditados.
Suponho que bastam estas indicações para faci l-
mente ide11tificar as duas edições.
•
-219-
rio), o qual depois evolucionou para a representaçao
exclu siva do marUrio;- 3.0 e talvez definitivo, com o
portal do Mosteiro de Santa-Cruz de Coimbra ao cen-
tro e, ora cio lado direito, ora do lado esquerdo, o
episódio sucinto da degolaçao dos frades pelo próprio
Sultao, o Miramolim das histórias, compêndios, nolf-
cias e tratados, que descrevem o suplício e foi iden·
fincado com Youself-el-Mostansir por Pierre de Ceni-
val OJ. Nos "registos", pelo menos em três com tôda
a evidência, a dignidade do Sultao é designada pela
coroa sôbre a cabeça. (2)
O terceiro tipo desenvolveu-se; vai aparecer diante
do Mosteiro de Santa-Cruz a mulinha, que até Coim-
bra transportou as relfquias dos mártires e teimou em
as levar para Santa-Cruz, quando o seu destino era ir com
elas para a igreja principal da cidade, ou seja a Sé.
A princípio, o portal da igreja é ainda episódico, embora
ao centro em painel principal, e a mulinha está diante
dêle, desacompanhada; por fim, o portal é o centro
onde vai convergir tôda a cena, e os cónegos regran-
tes recebem nele a mulinha ; ainda as personagens da
cena ficam limitadas a estas, ou figuram nela o cor-
tejo real, que até Coimbra acompanhou as relfquias, e
o povo que as reverencia em-frente-do Mosteiro.
No "registo", que provocou esta nota, vemos os
Cinco Mártires subirem ao Céu com as palmas do
martírio, e serem recebidos festivamente pelos anjos,
que os coroam de flôres na pr·esença majestática de
Deus, que lhes abre paternalmente os braços.
(1) Pierre de Cenival, La 1ulssion fra11ciscai11e d11 /11aroc, nrtlgo
da co1. Saint François d'Asslse. so11 oe111Jre, son influruc.e, de 11.
Lemaitre e A. hiasseron. Paris, od. E. Droz, 1927.
(2• No livro do sr. R. Mn.dahil estão incluídos dois 11 re~stos'"
dos Mártires de Marrocos; o primeiro de Oebrie. p. 134-145, é do
2.0 lipoi o outro de Acquisti, já menciona.do, p. 142-143, é dfl dl-
tima forma (3.• tipo, evoluído).
-220 -
(ll Colocç:\o de Friiz Toma1, Vol. 1 P'R'· 120 o li. p,g, 12.
- 224-
de Marrocos• Cl), em Coimbra, quando a gravura foi
aberta, o que a reporta ao reinado dêste monarca
(1828-1834).
O assunto foi tratado por outros artistas gravado-
res, como Carpinetli, Debrie, Raimundo J. da Costa,
Godinho, J. J. Santos, e por gravadores e artistas po-
pulares, sobretudo de Coimbra. Nenhum, porém, o
tratou com a grandiosa encenacão de A. Acquisti. Na
capela de St.0 António da igreja de Santa-Cruz, o pai-
nel de azulejos do século XVIII representa o Santo a
receber as reHquias ao portal do Mosteiro.
AI fica uma achega para a iconografia antoniana,
que, completa, seria a melhor homenagem a prestar ao
taumaturgo e ao grande espírito português, tão gran-
de que, como às nossas navegações no mundo, os
outros no-lo querem tirar para lhe chamarem seu.
f. X. p.
1
-231-
De V.• S.•
o mais obediente subdilo
José Joaq.111 Montr.• Cabral•
Auto de collação
Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Chris-
to de mil oithocentos e vinte e hum, aos vinte e nove
dias do mes de Dezembro do referido anno, nesta cida-
de do Funchal Ilha da Madeira, em as cazas de reziden-
cia do lllmo. e Rmo. Snr. Vigario capitular Doutor Pro-
vizor, e vigario Geral deste Bispado onde eu Escrivão
coadjutor da Camara Ecclesiastica fui, e tendo (?) ahi na
prezença do dittoSenhorcompareceo o Patrimoniado Rdo.
Frei Pedro de São Francisco, e por elle foi (dito) ao mesmo
Senhor fosse servido collalo na Sachristia da Igreja Col·
legiada de Santa Maria Mayor desta cidade em que ti-
nha sido provido para lhe servir de Titullo Patrimonial,
como se manifestava destes autos. E logo o referido Se-
nhor o admitio a fazer a Protestação da fé, e prestar em
suas mãos juramento ua forma, que se contem no ca-
pitulo Ego e N. de jurejurando, havendo-o assim, e pela
impozição do BaJTete, que sobre sua cabeça lhe poz,
por collado na ditta Sachristia na forma de direito ecos-
tume para lhe servir de Titullo Patrimonial, com a clau-
zu la e obrigaçam porem de servir a Igreja neste Bispa-
do, ao que elle collado se sogeita, e obriga desde já de
233-
que ludo fü este auclo que assino com o mencionado
11111110. e Rmo. Senhor, e Testemunhas abaixo tãobem
assignadas. José Joaquim Monteiro Cabral, Escrivão Coa-
djutor da Camara Eclesiastica o escrevy e assignci.
Co11tto.-R. F. Pedro de S. Francisco-Anto11io d'Ave
Maria-Ma11.t Fernandas Nobriga-Jose Joaq.111 Mont.•
Cabral.
Pg. duzentos e vinte reis de scllo. f.aJ 2 de Janeiro
1822.
Afo11seca.-Baya111.
Do punho do vigário geral Couto e por êle firma-
dos, vem a seguir os •Conclusos•, em que •concede
em vista da resposta do Promotor a congrua de vinte
mil reis separados da congrua que s. Mago concede
annuahntc ao Sachristão desta Igreja Collegiada" e dá
por legitimo e canonico o seu patrimonio mandando
que •sejalhe dada posse•.
No dia imediato, isto é, a 10 de Janeiro de t822, to-
mava Frei Pedro de S. f'rancisco rosse do cubiç,ido
lugar.
Todo êste processo lhe custou a •importante" soma
de 10.308 reis, assim distribuida:
Aucl 100
Rub. 28
Alvará de P. 800
Tr.• e R. 200
Auct. de Coll. 2480
Carl. de Coll. 6400
10008
Ao R.do M. 200
D. 100
S. 10.308 Sy/va.
A carta de colação foi, como vêmos, o que lhe cus-
tou mais caro.
ftRNANDD ot AnUl•R
A CASA DE TA V AREDE
JUNQUElRIAN A
FORA DE HORAS
-l i
ORQue entendemos merecer a carta que
segue a mais larga notoriedade e por·
que está na índole da nossa da revista,
aqui a deixamos arquivada (1):
Lisboa, 27 de julho."
POEIRA DOS TEMPOS
CARTAS
1.0 -Pnls • 2
2.•-Avós. . 4
3.•-lllsavós • 8
4.•-Trlsavós. 16
6.0-4,0t avós 3Z
6.• - 6... ovós 64
7.• - t ... avós 128
8.o- 7,0t o.vós Uó
-248
Ora 256 6 o produto do 16-< 16. E os termos da progrcssJo, a
p1r1ír de 16 sao ou podem ser reprosentadospor 16:.<2:<2:<2
:<2 16:.<24kt6i<t6~256. Em qualquer linha, mas aqui a pa-
trrnn, linham os dois lnfeh1ot Jorgo e Nuno 256 ascendonlcs.
l Al6 onde o levaria a sua in\•e:.;llg:aç.ao desoladora?
Mnudsley veio lançar nn alma dHocerada de Camilo uma cru·
cfnnlc J>Orlurbayào. Os dizeres do esbõço, a letra, o co11firmnm.
Su~ l onto, pois snlvo o ruapollo por opiniao C'>nlrd.rin, que n
1
O •MALABAR•
A colecção Osório
l~ também tuna separata o folheto q11c, com êste ró-
l\110, o sr. dr. Pedro Vitorino, nosso ilustre colaborador,
recentemente publicou. Nele se dá 11otícia da galeria de
pinturas que cm 1911 o benemérito t'crreira Osório le-
gou à câmara do Pô1io.
l listoriamlo o ca.so, o dr. P. V. deixa escapar algu-
mas considcr:1.ções amargas, mas justas, visando a má
organização do Museu Municipal do l'õrto, revelada.
-252-
entre outros facto\ no de Junqueiro ter doado as suas
colecções ao Museu de l .isboa.
Uma lista (p(isto que deficiente), pela l.• vez im
pressa, dos quadros legados ao Museu, enriquece esta
separata.
- Olarias de Muge
-A pedra de cobra
O dr. J. A. tios Santos Júnior é um novo; não st•i
mesmo se alcançou a trintena. O seu amor ao estu-
do, porém. é de tal ordem, que j;I leva consigo uma nu
merosa baiiagem cientifica. Aq111 temos uma scparat<1
dos Trab. dt1 Soe. Port. tia Jlntropol. e klnologla, onde
pormcnori1,1. com fino critério etnográfico e justa obser-
vação, o trabalho dos oleiros de Muge, no Ribatejo, des-
crevendo peça por peça os aparelhos de olaria, e assim
-253-
mesmo os produtos da loiça regional que dali derivam
para vários pontos do país.
/\lguns desenhos do autor e foto1,'Tafi:1s completam
o texto.
•
Co111 o dr. J. Bcthencourt Ferreira, ainda Santos Júnior
cstuctnu, uum a1tigo da Rev. L11sita11a de que tirou scpa·
rata, as upcclras de cobra•" ou upcdras Bc1.0aru, aconse·
lhadas como anti-tóxico decisivo cm mordeduras de vf-
boras e outros olfdios peçouhcutos.
Trabalho bem abonado de kxtos antigos e moder-
nos, A pedra de cobra é achegas valiosas para um fu-
turo e quanto possível perfeito corpus da medicina po·
pular portuguêsa.
- Touros e Toureiros em
Portugal
Quer como crítico lauromác1uico, quer como hislo·
rindor de toureiros e lestas de touros, o nome de Car-
-:.!55-
los Abreu é o duma autoridade. Nno me admiro, pois.
de çue o seu anuário tenha sido bem recebido e de
que a venda tenha sido larga.
Tanto o toureiro profissional como o amador, tan-
to o emprezário como o público alidonado, ali leem
um guia seguro do ofício e dos seus ossos e uma larga
cópia de informações, que se repetirao, espero-o, por
muitos anos.
•
Do mesmo autor e em separata do n.• 1 da revista
Pátria, aqui tenho uma nova contribu'icao folClórica
com o 2.• dos títulos acima, exibindo um mostruário
abundante de orações populares, tôdas colhidas na-
quela risonha localidade, embora muitas, com ou sem
variantes, sejam comuns a todo o país.
Muito há a esperar do dr. Pires de Lima, que cm
tão verdes anos se mostra atencioso a trabalhos de
investigaçao desta natureza, tendo sabido explorar
• . 256-
com cuidado e inteligência a !arta seara etnográfica
que é S. Simão de Novais (l'amalic:io) .
•
De colaboraçao com Alexandre de Lima Carneiro,
publicou ainda o dr. P. de Lima Medicina popular mi-
11/wta, cm separata do vol. 29.• da Rev. Lusitana. Nada
urrescentarei ao que acimu escrevi, scnao que preen-
che o lolh~to um abundante reccitu;\rio em que, como
sempre sucedeu (1 que o digam os processos da Inquisi-
ção 1) a superstiçao intervem quási sempre à mistura
com medicamentos que a medicina moderna tolera e
até por vezes aceita.
PARA BREVE
l'stá em distribuição o fasclculo especime dum Di-
cionário de Bibliografia Portuguesa, utilíssima publi-
ca.;ão que Carlos Coimbra organi1.1 e Gusmão Navar-
ro edit.1. feito sôbre um plano inkiramenk novo, ês-
te dicionário propõe-se não só registar todos os livros
e outras publicações até hoje vindas a lume em Bar-
bosa M~chado, Inocêncio, Brito Aranha, figaniêre.
Aníbal Fernandes Tomaz, Martins de Carvalho, Seabra
de Albuquerque, Martinho da Fonseca, José e Manuel
dos S;111tos, D. Manuel de Bragança e outros, como,
Iam bem apresentar-se sob a forma de verbetes per-
furados, de modo a poder ser acrcsccnl.ido em cada
autor, à medida que novas obras tenham que regis-
tar-se, ou mesmo intercalar novos autores.
-258-
Tanto a imprensa como os amadores de livros e as
bibliotecas e arquivos do Estado, teem recebido com
agrado a nova publicação, cujo n.• especime eslá em
distribuição na sede desta revista e nas principais li-
vrarias de Lisboa, Põrto e Coimbra.
•
Anuncia-nos a importanle livraria fluminense J.
Leite &' c.• a próxima apariçao do vol. O Rio de Ja-
neiro do tempo dos Vice-Reis, da auloria do poeta e
jornalista Sr. Luiz Edmundo. A seu tempo daremos
notícia dêste livro, que interessa a portugueses e bra-
sileiros.
REVISTAS RECEBIDAS
-Arquivo de Documentos Históricos
Lisboa, 1931-32.
Publicado e dirigido pelo editor da Feira da ladra,
sr. Gusmão Navarro, retomou novo caminho esta pu-
blicaçao ou anles, esla série de publicações, de que
eslava há muilo publicado um apreciável volume: Car-
ias do Co1 de de Tamuca.
Agora eslá em via de conclusao a 2." edição das Ar-
uores de Costado, de Canais de Figueiredo, propondo-
-se dentro em breve o sr. G. N. completar as séries Vá-
ria, Documentos medievais, Habilitações do S. Ofício,
Cartório da Câmara Eclesiástica de Lisboa, Ementas das
Ordens Milítares, D. Flamínio, Cartas de brazão iné-
ditas, Justificações de nobreza, Aruores de costadas
modernas e Habililoções da Ordem de Malta.
Os trtulos dispensam comentários. E como o pro-
grama é bom, mas vaslo, às genles desla iniciativa
desejo um esplêndido sucesso.
-259-
- Po1 tvcale - Pôrto, 1932.
Arqueologia e Hisl6rio
Vol. IX. Lisboa, ICJ32. -
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Assinaturas
6 núneros, 20 esc.
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Número avulso
4 escudos
\ R.edacção e Administração:
Rua de Santa Ana, à Lapa, 77
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