Um Estadista Do Império - Tomo Primeiro PDF
Um Estadista Do Império - Tomo Primeiro PDF
Um Estadista Do Império - Tomo Primeiro PDF
NABUCO DE ARAUJO
DA VIDA
JOAQUIM NABUCO
TOMO PRIMEIRO
18131857
RIO DE J \.NEIRO
H. GARN I ER, LI VREIRO- EDI TOR
71, RUA MOREIRA- EZAR, 71
E
NABUCO DE ARAUJO
. ... .
J.T. AJ3 DE RA J
U 1 E8T ADI8TA DO IMPERIO
NABUCO DE ARAUJO
UA VID \.
SUAS OPI IES, DA POCA
JOAQUIM NABUCO
TO 10 PR[~IEIRO
1813-1857
H. GARNIER, LIVREIRO-EDITOR
7l7e, R A DO OUVIDOH, 71-7 6, RUE DES SAINTS-PHF.S, ()
NABUCO DE ARAUJO
LIVRO I
AT O MINISTERIO PARAN (1813-1853)
CAPITULO I
INFANCIA E IOCIDADE (1813-1842)
I. - Primeiros Annos.
..
h\FAKOL\ E MOCLDADE
(1) " J e tou velho, meu Tio; muito depre... a pa~sam os anno",
mas elles no me tm feito esquecer do Vmc. ; ou me creia Oll
no, fique certo de que tenho ainda pre. ente a, lia "pes oa, apezar'
me deixaI to pequeno II. Carta de 11 de Junho de 1816 a lIm
irmo da me. Toda a corre pondencia com o filho, o .papl'is do
fanlilia, testemunham profunda sen ibilidade sob a (,alma appa-
rente de uma resignao educada.
I FANCIA E ~rnCIDAnE 7
IV, - O 7 de Abril
(1) " O 7 de Abril foi uma verdadeil'a journe des dupes. PI'O-
jectado pOl' Ilomens de idas liberae. muito avanada', jUI'a lo
'obl'e o sanO'ue dos anecas e dos Ratcliffs, o movimento tinha
POI' fim o e:tabele imento do governo do po\'o pOl' i mesmo, na
significao mais lato. da palav1'a. " Theophilo Ottoni. Circular
aos Eleitores ele Minas Geraes, 1860, pago 10.
(2) IOS papeis do Visconde de S. Leopoldo achou-se um )JOl'
lJI.tl'a de Francisco Gome. da Silva, o Chalaa, entl'egue ao con-
selheiro pelo proprio imperador com a perguntas: - " Oppe-
se independancia do imperio que o impeJ'ador seja rei de
Portugal, governando-o do B1'azil? No caso de no convii', como
deve er feita a abdicar;o e em quem? " Revista do Instituto
Historico, Tomo 38, papte ;.,a.
(3) " Duas cousas se exigem (na representao do ol'ficia .).
lo, que se cobibisse a liberdade ele imprensa; 2 0 , j. que me obl'l-
INI7ANCLA E MOCIDADE 29
gnm a r feeil' nomes de pe~. oas que ali przo, que fossem ex-
pulsos da A sembla o e5. Andl'adas, omo reclaclol'e. do
Tamo!Jo e collabol'adol'e da Sentinella Il lnte1'l'ogatol'io do mi-
nistl'o do impel'io pel'ante a onstituinte na e so pel'manente.
(1) " O ex-Jmperadol' apezal' da sua timidez, recorl'cu disso-
luo da epn lituinte e lanou estes homcn (os Andl'uda ) para
fl'a do Impel'io. As pl'ovincias vizinha felicitaram ao illlperadol'
pOl' este a lo violento, ma neces al'io, e, apezar de algun mal e
que teouxe a dis olu~o, tivemos paz e gozamos de tl'anquillidade
pOI' dez ou doze anno . Il Em fello MOl'aes, A lndependencic"
pago 2.23.
(2) " A maioria da camal'a era de demagogos yelldidos ao acel~o
por-tuguez. Pag:t1nentos mesquinhos a pes oa miseravei el'am
profundamente combatidos e negados como objecto financeiros
de calol'osa fiscalizao. Pagavam-se, porm, pl'olllptamente mi-
lhares de contos de ris pelos arma.mentos, pelas embarcae ,
petl'echos de guerra, officiaes militares, e tudo juanlo ser\iu
pal'a abatei' bl'azileiros em 1822. Era at onde podia chegaI'
u vennlidade Eval'isleil"a I I) Apontamentos do Visconde de
G0!Janl1a.
80 UM ESTADrSTA DO IMPERIO
(I) " O que al'\'edava dos caramul'S 1\S ympatIJ ias da grande
massa nacio nal era a resta urao . Aco, Reaco, Transaco,
de J .-J. da Roclla.
L"lFANCIA E: MOCIDADE
1. 3
UM ESTADISTA DO IMPEHlO
Va conceUos, lid.
INFANCIA E fOCIDADE
A SESSO DE 1843
l. - ACamara.
Maio de 1843.
(2) A re peito de Aureli.no ha as seguintes notas do Imperador
ao livro de Tito Franco. Quanto . inclu o d'elle no ministerio
da Maioridade: li Dava-me com Aureliano; estimava-o por suas
qualidades; porm no o impuz como mini tro, nem, comeando
ento a governar com menos de quinze annos, fazia questo de
ministros. Sabil'am dentre os que me fizel'am maior. Quanto
subida do pal'tido conservadol' em 1841, attribuida a mero capri-
cho elo imperialismo: Se o impePialismo no o Impel'aclol',
mas o partido que se serviu da inexperiencia d'elle, concol'daI'e.i
embora cumpra recordaI' os erros commettidos pelo ministel'io
da Maioridade, ou antes pOI' alguns de seus membros, e as di -
cus es que houve ante' de ser dissolvida a primeil'a camuI'a da
Maioridade. 'I
A SESSO DE 1845 !'J7
A 1.UCTA DA PRA1A
(1) " O minisl rio tinha vi. to, e todos o eu membros abiam,
que o paiz e tanl. em perfeita revolta, e Pel'nambuco e pecial-
mente. EnLl'etanlo, como que e no capacitou de que a agu<t_
lo diluyio revolll'JOnario tive sem na altura em que lavam e
procul'ou pomba, a mais inofi'ensiva que pudesse a ha!', para
mandai-a a Pornalldluco o j Ile d e noticia do pon to a que tin ham
clJegado a ondas rev lucionaria . E ta pomba no voltou com
ramo verde; as onda I'ovolucional'ias j tudo iam alagan lo. II
J. J. DA ROCRA, na se so de 24 de Janeil'o de 1850. Annaes da
Call1ll.1'3.
(2) Apreeia.:'o da flcJulta Praieira, pago GS.
93 U f ESTADl TA DO IMPERIO
(1) Urbano repete por vezes no seu livro que Nunes Machado
foi assassinado ..... " Este assassinato fl'io, ha muito decl'e-
tado,' covarde e tl'aioeil'amente precl ispo to ... " p. 84. Figueira
de Mello discute a accu ao pg. 316. BOI'ae da Fon eca (no
Republico de 2 de Fevel'eiro de 185<1, Rio de Janeiro) conta assim
a morte de Nune :" O deseml al'gador Joaquim un Macllaelo,
que se achava nos Al'flictos, ao sabeI' que a columna da Boa Vista
estava sem aco, apl'esenla-se e no seu vivaz arl'el atamento no
attendenelo que fOI'a maior a inutili 'ava, avana, pl'oclama aos
cidados em armas, e 110 nobl'e Pl'oposito de ajudal'-nos pl'eci-
pita-se sobre o inimigo emboscado no Hospicio da Soledaele e
ahi recebe um peloul'o e mOI'l'e. "
(2) O sentimento da impl'olicuidaele das revolues e da neces-
sidade ele encenaI' o perioelo I'evolucional'io, s tornou-se geral
entre os libel'aes depois do 2 de Fevel'eil'o. Aquelle sentimento
foi expl'essaelo em 1850 com todo o vigol' da sincerdade e elo arre-
pendimento em nome do pal,tido pelo seu ])"incipal ol'ador na
Camara, Gabl'iel Roelrigue' do Sautos, no debate da lei chamada
ele corta-cabeas. " A esse respeito, disse o deputado paulista,
eu no tenho o minimo acanhamento em proclamar bem alto
(lue deve reputar-se muito firme e sincero o designio de PI'OS-
c~ever o::. meios violentos e as revoltas, q uallclo ti mallifestado por
A LUC'l'A DA FRAIA 101
" Filha, Nem sade, nem ocego tenho. Vivo entl'e mil affiic-
r;e , cuidado e de 0'05tOS e tanto sofl'ro que j prefiro a mOl'te.
1 o fazes uma i lu do e tado d'esta terrai as per eguies, os
1Iol'rol'es, a matana POI' toda a parte, hOl'riyel; corre o sangue
em jorros e o govemo em vez de usar de clemencia s6 tem pa"!'a
o Pernambucanos polvol'a, bala, foras e pl'i. e ! Pois bem,
Dou est no Co e no deixal' que dure pOI' muito tempo a obra
da malvadeza. Estou compl'omettido at os 01110., no sei qual
sel' minha sOl'te, mas seja quatrOI', estou I'e ignado. TI, poi , tem
tu resigna o e confia na Divina Pl'ovidencia que no ha de um
dia dar descan o. Adeu . Pernambuco 28 de Dezembro de 1848. n
" Pel'namhuco, 30 de Dezembro de 1848. Filha, Ainda te CI'eyo
lI'esta cidade do Recife aonde me conservo I'odeado de aft1ic~es
e pel'igo . As coi as e to cada vez peol'es e eu no ei ajuizar
qual ser 0o/termo de tudo i:sto i seja, porm, qual rI' geealmente
102 UM ESTAnI TA DO IMPERIO
ento teriam os aeeusados os reeursos da lei e direito de
infamaI' perante o paiz o juiz perseguidor. -abuco conhecia-
se bem como magi trado e no temia de sua parte a Illenor
quebra do seu dever e imparcialidade. Adversal'ios politicos,
o rbs e tavam longe de ser seus inimigos pessoaes. O crime
d'elles perante a I i el'a um crime meramente politico, su-
jeito portanto qualquer que fo se a pena do codigo sentena
da opinio e reviso do Poder Ioderador. E e crime no
podia el' negado, era ao contrario confe. sado por honra
me mo do accu ado, ua unica e peranc;a, se houve e,
consistindo m podeI' formal' um tl'ibural de correligionarios
seu. Em tae circum lan ia. abuco dnha perfeiLa cons-
iencia de que no ia aggravar com a sua presidencia a po-
sio dos accusado. m pr ce' o recente em Fran a, o do ge-
neral Buulangel', mostl'a qu a consciencia no repelle que se
eja juiz do adver al'io politi o. abuco, porm; no ia el' juiz.
Para jura lo, elle teria jUl'ado uspeio; no posto de presi-
dente do jUl'Y, sentia- e cima d' lia. ua dignidade de juiz
e tava mpenhada em uma impar ialiclade pel'feita. Era habil
e licitu da palte do accusado denunciai' a qualidade lio
proces o pela pe soa ao juiz de direi to. ElIe abia, por,m que
nenhum d'es es homens lhe in pirava I'esentimento pessoal ou
odio politico j cada um d'elle qua i ser indicado por elle
depois pal'a alguma 1osio e nenhum Ih retieal' a estima.
Da onel mnao ele Abl'eu Lima, redactoe do Dia'rio lYovo, o
oego violento da Praia, elle app lIar na entena. Os outros
tinham id os ch fes da I'evoluo, m linguagem cl'iminal
os cabea. A pena que ao pre idente do jury cabia iillpI'
el'a a de pei o perpetua, mas, apezar da lei no Ih deixai'
outro arbtrio, no devia a mo de Nabuco tl'emel' ao cscI'evel-
a : elle sabia b m que essa pl'iso pel'pelua dUl'aria apenas o
tempo de se acalmarem os animos e de deixaI' de seI' peri-
gosa para a ord m publica a liberdade elos chefes praieil'os. Ao
ser lavrada a sentena j diversas amni tias tinham sido on-
cedidas p lo pI'oprio Tosro estava a peo i ncia sob a Il'e i-
dencia de Carneiro L o, mandado a P rnambu o pal'a im-
pedil' os excessos da reaco. Proferindo as sentenas que a
110 UM ESTADISTA DO I. [PEHlO
A LEGISLATURA DE 1850-1852
I. - A Sesso de 1850.
1. - A Situao em Pernambuco.
(1) Urbano elogia em seu livl'o e c6pto em 1849 a pI'e 'iden 'ia
de Bonorio. O Liberal Pernambucano de Feito,a, eSCI'eve anno
depois: "A cou as . e iam cada vez mai, IJal'arustando pl'oporo
que o SI'. Honol'io ia amnistiando aos comprornettidos, quando
por circumslancias especiaes ao hel' , Pedl'o Ivo Velloso da
Silyeil'a, e s a bem da se""urant:a, cI'e 'te appareceu a revolta de
Sel mbl'o de 1849. (30 de Julllo de 1853.) " E ainda em OUtl'O
numel'o (2 de Agosto) : " O SI'. BOllorio e lava inlimamenle con
yencido ele que na reyolta de elcmbl'o tiniram tido gl'anue pal'le
as i ntl'igas dos gClirs e di . 'e a mais de uma pes oa q u O. I'. Jo '
Pedl'o Velloso da Silyeil'a no el':1 estl'anl1o a e,. e 1Il0vilnento. "
Os praieiros considel'avam a ::\,\'cntUl':1 de Pedl'o Ivo um desastre
polilio que s sel'yiu para congraal' BODorio om o Cavalcantis.
A amnistia offerecida ao valente pel'naml ucano pelo govel'no
gel'alo confil'maya na, cl'en<;a de que elle tinira in cienlement
,ervido ao: lJlanos da l'cac<;o. " Todo o mnndo sallC como e. le
movimento acabou-se. T ln o I'. Honol'io, neln o,' Cavalcanti ,
tiveram n'elle (oln acabai-o) :t menol' p:Ji'te. O , I'. Eusebio jo"ou
ao SI'. Honorio a lIIais cnn'l'a~ll(l:1 pe~a, Inandou aLtl'al1il' o l1eJ'()e
Pedro Ivo, e quando o SI'. Vi,'conde de Pal'anil acol'dou estava
pel'feitamente codill1ado. Ao pas o mc:mo que o Sr. Bonol'io
punha a premio a cabe~a do me. mo hel'e, apl'egoando-o como
salteado 1', o gO\'el'no lho ol1'orccia uma amnistia. " O Liberal
Pernambucano, 30 do Jull10 de 1853. No seu Relalorio Bonol'io
queixa-se amargamente d'es a revolta que lanlo contl'al'iou sua
politica em favol' cios vencid os : " Con, piravam abel'ta men te pal'a
uma revolta, diz eUe, ao tempo em que por actos de ju, lia, tole-
Tancia e impal'cialidade, eu me esrOl'ava pOI' conciliaI' os animos,
re,'tabeleceI' a eguranc;a e con(]anr;a e repal'al' os males cau auos
pela rebeJlio te1'lninada; ao tempo em que, cI'endo que lazendo
pal'te de um partido politico, de ejariam di 'putaI' a seus aclvOl" a-
Tio' o triumpho na eleio que e ia fazeI', eu tomava toda as
medidas de pl'ecallo que me papeciam nece sal'ias papa estimulai'
o pal'tido vencido a conCOl'1'er s urnas, e para que o pudesse
fazeI' cheio de segul'idade e cm plena liberdade. "
(2) Scena em palacio com Paes Bal'reto, pro\l1otol' do Recife, e
ela qua.l roi te. tel11UlliJa o dI'., al'lI1ento: " HOIlOI'io Hel'rneto Cal'-
neil'o Leo no yeio a Pel'llambuco pal'a seI' levado pelo cabl'e to
POI' pe soa alguma quanto mais pelo seniJoI'. alicia io[jra-
phica de Paes Bal'l'eto pelo di'. Sal'mento.
A OPPO lO " PARLA~IE TAR 143
pessoal era ele tal orei m que um partielo local, aecu aelo no
p'liz ele ser uma olygarchia de familia, no ou aria queixal'-se
d'elle aos chefes da cl'te.
Com o seu suecessol', ouza Ramos (Maio de 1850 a Junho
de 1851), no se dava o mesmo, E te no em ainda sequer
pel'sonagem senatol'ial. O I en amento lue elle levava pal'a a
pl'ovincia era o me mo que in pil'ara Hon rio: ua mi .. o
I'a manter o governo superiol' influencias do pm'tido, re-
'istil' exigencias. S uza Hamo , porm, que no tinha a
arte e a paci n 'ia do diplomata e era brusc em sei' franco,
como HonOl'io, canava e il'l'itava o partidu. Tas admini, tl'U-
~e s guint", de Vi 'tal' de ali cim (Junho 1851) e Fran-
ei co Antonio Rib it'o (Mar~o 1852), ainda mai se aecenta
o antagonismo elo pl'e idente com o seu lado politico ('1). A
verdade 6 que a ada pl'e idente nomeado o Impel'ador fazia
a me ma recommenda~ , que le aram empl'e os pl'esidentes
<la situao Praieira, de no consentir em nad'} que pal'ecesse
pCl'seguio e extel'minio, Era essa, pde- 'e dizer, a monita
imperial, pel'}) tua, qualquel' que fo e o governo. Alm
d' 'ssa I'ecomm ndao, o pre 'id nte eon 'C1'vadores om'iam
da Corua qu I'a conveni nte alargar na provincia o circulo
do gUYCl'nO, no o deixai' reduzir a um interes 'e ele fnmilia.
Os pI'esidentes no se sentiam por is o fortes bastante para
su lentai' os seus amigos como elles queriam e vezes os
d' sse fervor eom que alJUco tratava empre a defesa social,
da . el'i clade com qne encarava o enfraquecimento das foras
mOJ'ac ell1 que ella dc\c assentai'. Toda ella foi sublinhada,
quasi pl1l'ase por phra e, com o assentimento geral da casa:
era com erfeito uma bl'ilhante reivindicao do dever lue
ainda incumbia ao partido con ervador, ao mesmo tempo que
um appello a favor das novas idas de conciliao, a que pro-
cmava dar COI'pO e pal'a cuja dil'ec o reclamava a iniciativa
e a responsabilidade do governo:
Senhol'es, entendo que um gabinete no pde ser apl'e-
ciado seno pelo com plexo le. eus actos e do actual gabi nete
eu no vejo que os actos sejam bastan tes e taes para me
det rminarem a fazel'-Ihe opposio. Todos os governos tm
erros; no passiveI quc haja um govemo sem'erros. Tem-
se dito: Somos livres, a ol'dem publica est 1'estabelecicln,
as inslilnies esto salvas, podemos fa e1' hoje o que m/'o
podiamos fazei' honl,em. Mas eu entendo, senhol'es, qu o
que podemos fazeI' hoje podiamo fazeI' hontem, e o qll
no podemos fazcl' hoje no podiamos fazer hontem, porque a
nos a mi. o como partido conservador no est preen-
chida.....
Dou a razo: entendo que a politica conservadora no
um 'entimento que tenha mente o alcance da occa io e que
devc desappal'ecer com a cl'ise que o motivou. Se c ta fura a
politica conservadora, ento seria a politica at d s estran-
geiros que vivem entl'e n6s, e que no querem a desordem;
seria o instincto. A politica consel'vadora parece-me que
um pI'incipio, pl'incipio complexo que suppe outl'OS ll'in i-
pios e os compl'Omi 'sos a quc e. tamos obrigados aos olho'
do paiz; no s um principio do presente, ma tambem
do futuI'o; no se refere s6mente defeza, mas tambcm
reo rga nizao .....
No basta que a ordem pullica esteja restabelecida mate-
rialmentc, pI'eciso que desappal'ea o receio de que ella
alguma v z seja compram ttida. No basta que as instituil;cs
e tejam sal\'as do pel'igo que correram, preciso que sejam dc-
senvolvidfls tie1as leis essenClaes a sua "xi tencia, e fil'111UdiJ:-i
A opposro PARLAMEl TAR .. 157
CAPITULO I
II. - Os Ministros.
III. - A Conciliao.
A 8E88AO DE 1854
I. - A Defeco de Ferraz.
(1) " Hojo, dizia elle, 6:sp:t1hou-. e qllo V. E' s:lllia elo mini te-
ria. Essa noticia, pOI'lll, no tem 'ido [lcI'editada. Peo-lhe que
no me deix ficar [lqui . 6. e l'e801\'01' a mo/'rer com o seu pro-
jecto, pOI'que e tou I'e-olvido a no. el'vir com qualquel' mudana
mini.tol'ial. "
(2) O mini tel'io el'a i'ol'temente apoiado pela impl'ensa liberal.
Em 1854 Octaviano punha o Correio Mercantil s orden do
204 UM ESTADISTA no 11PERIO
A ESSA DE ld,5
I. li
210 mI ESTADI TA DO 11lIPERIO
POLITICA EXTERIOR
II. - Montevido.
para a nli.vegao dos rios do Brazil. " Esses compromi sos nos
obrigavam no Amazonas a muito mais do que cediamos.
O Visconde de Abaet celebra na cidade de Pal'ana um tratado
e amizade, commercio e navegao com a Confederao Argen-
tina (7 de Maro de 1856), ficando consagrado e desenvolvendose
o pI'incipio da livre navegao do Rio da Prata e dos seus amuen
tes, virtualmente estipulado em convenes anteriores, mas qU~
no fl'a tom ado effectivo.
POLITICA EXTERIOH
o TRAFICO E A ESCRAVIDO
V. - Commercio interprovincial
o MINISTRO DA JUSTIA
lidade dos Consi torio, ynodo, etc, po!' causa das relaes
officiae que se e tabelecel'o entre elles e o governo, A
constituio pe'l'lnitte, com effeito, todas as religies, mas sem
nenhuma publicidade, e, quanto mais, caracter official,
segundo o e pirito de seu a!'tigo 5, no me parecendo p!'o-
cedente o al'gumento do Eusebio dp, que a nossa Constitui-
o j reconheceu officialmente todas as religies; porque
ella no fez seno reconhecer a possibilidade da sua exi ten-
cia legal sob as condies que ella impe.
Vnico. Concol'do com as reflexes do Olinda e elo
Maranguape, entendendo tambem que o prin 'ipi da indis-
solubilidade do casamento deve ser con aO"I'ado dil'ectamente
por lei.
Devem-se dedal'ar validos pal'a todos os effeito civis os
mat!'imonios fl'a do Impel'io uma vez que o t nham sido
conforme as leis dos paizes em que houverem tido logar.
Creio de urgen ia !'egular os ca ameotos entl'e os catho-
licos, segundo propem o lal'anguape, o Olinda e o Joo
Paulo, e lembra a maioria da eco.
_ Foram estes os ,"otos do Con 'elho de E tado, em 19 de
- Junho (-1856), a que se l'efere o Impe!'ador. Olinda admitte
o casamento civil smente pa!'a as pessoas que no profes-
sam a religio catholica, e por uma ('azo muito singular:
pOl' no se poder exigi!' d'ellas o matl'imonio !'eligioso, pDr-
que seria isto dar caracter de culto publico s sua' commu-
nhes; no quer innovao alguma nos casamentos mixtos;
se fr preciso alguma, seja por intermedio da Santa S. Ao
Marquez de Olinda reunem-se Maranguape, Mello e Alvim,
Abaet, Itaborahy, Joo Paulo. Eusebio defende isolado o
seu pa!'ecer, mas elle tambem acaba concordando com Olinda
que p!'eciso pedir Santa S a dispensa canonica, admit-
tindo por excepo o casamento civil corno um mal meno!',
um mal necessario. P!'aticamente o Conselho de Estado
unanime em que se [J1'erira a interveno do Papa.
vista do re ultado da !'eunio no restava ao governo
seno tenta!' uma negociao com a Santa S. O Relatorio
da Justia de 1851 expressa no assumpto o ultimo pensa-
o l\UNISTRO DA JUSTIA 803
t
gnando- e ( Servo muito apaixonado A1Itonio. ])
O Arcebispo da Bahia, D. Romualdo, s6 em Julho do anno
seguinte responde confi lencial de Outubl'O. Demorou a
resposta, diz elle, pel'suadidode que fical'ia habilitado a dar
informa s mais O'ul'as depoi de ua intel'veno, como
pre itlente, no Capitulo Gel'al da concrregao Benedictina.
o me en'o'anei n'e' a minha expectao sobre as ida' que
poderia fomecel'-me o referido capitulo porque o seu resul-
tado mostrou evidentemente quanto acertada a opinio de
V. Ex. obre a conveniencia de derogar~s , ao menos provi-
soriamente, a omnimoda iseno de que O'ozam as Ordens
da autOl'idade dos Bispos, porquanto, exi tindo a predita
congl'egao Benedictina acrphala, anarchica e agitada por
Ui\"[ ESTADISTA DO IMPERlO
perio, A este resl eito tem o govemo pl'Ova a que nao pde
recusat'-se de que no so smente infiuencins nacionaes as
que projectam a nossa total sepat'ao com Roma, E tl'augeiros
poderosos, reunido. em associaes religio a, ystematica-
mente trabalham por desflO'urar no juizo do povo a contro-
ver ia da confirmac:iio do Di po eleito, ao mesmo tempo que
yo inundando o Brazil de mi sional'io prote tantes .... , ) O
governo tem medo do que possam fazer os inimigos das insti
tuies monal'ehicas e o partido irreligionario fanatico .... ,
e candecido pelas suggestes estrangeiras. li A Concordata
que queria i\Iontezuma nenhuma relao tinha com a idas
de abuco; l\Iontezuma quel'ia, por exemplo, regulamentar os
dit'eitos do Papa quanto confil'mao dos Bispos, definir
quaes as doutl'inas que podiam ser consideradas impedimento
canonico pat'a o candidato; cI'eavam-se t/'es metl'opoles, tendo
os Metropolitanos entt'e outros o dil'eito de confil'mar os Bi pos
a que o Papa, passado um anno, recu asse a c nfil'luao, e
de prover O' beneficios nos apl'e cntado quando os Bi pos
S2US suffraganeo passados tl'e meze recusassem faz l-o. Os
Bispos ficavam autorizados a dispensaI' em todos os impedi-
mento', a providenciar em todos os casos reservados Santa
S; os Bispos eleitos teriam o pleno governo do Bispado antes
de serem confit'mados. Et'a uma Concot'data pde-se dizeI' para
a abolio do Primado do Summo Pontifice no Brazil, a pre-
texto de reconhecI-o. Ao mesmo tempo l\Iontezuma pedia a
nomeao de um Cal'deal Brazileiro, de um Auditor ele roda e
de um membl'O ela Congt'egao elo Concilio na seco ncal're-
gada da residencia dos Bispos. Nabuco desejava pelocontral'io,
uma soluo inspirada pelo mais pUl'O e pirito catholico.
Na sesso de 18 de Junho de 1870 abuco refere ao Senado
o que se deu corri esse pl'ojecto e tentati va de Concordata:
A reforma de 1855, que cu projectava, j referi ao Senado,
foi incluida em um projecto de Concorelata offereciclo Santa
S pelo distincto diplomata o SI'. Carvalho l\Iot'eira em 1858,
quando em misso especial na crte de Roma. Eu chamo obre
este ponto a atteno do nobre ministt'o dos Negocios Estran-
geiros. "' ou refel'i I' o que di ~ia este clistincto di plomata, como
o ~Ill"l THO DA JU 'TIA 319
:1) VOl' anle~, Obl'C Gome de Campos, pago 18G e seg" o seu
-pal'eccl' cOllll'a a l'erOl'l11a judicial'ia.
o !lfrNISTRO DA JUSTIA :J31
poder e vocao pal'a que po' 'a atisfazer a sua mi so, para
que possa tambem ervil' ao E tado 1>. (l)
As boas di posies de Nabuco foram, porm, completa-
mente inutilizada ; as Faculdades Theologicas no chegaram
a I' cl'eadas paI' falta de fundos, o credito votado era insuf-
ficiente pal'a constituil-as, como elle disse em 18'10, ainda
nas propores as mai modestas, ainda com o que era abso-
lutamente essencial pal'a o ensino. Pal'a a vocao ecc1e-
sia tica, pal'a os altos estudos religiosos, e em geral para a
po 'io e o flscendente do clero, deve-se considerar um gl'ande
revez o abandono em que de de ento eahio a tentativa d}
fundar em nosso paiz Faculdades de Theologia.
(1) Basta dizeI' que a policia eCl'eta se fazia com 130$ mensaes,
um dos agentes vencendo lOaS e o outro 30$; a secretal'ia no
consumia seno 35 contos, I) que no impedia que dsse conta do
enorme massa de tl'abalho; p;na as eventulLes o ol'amento mal'~
cava 10 contos.
UM ESTADISTA no gll'E~1l0
(1) Pedreira tendo dado um aviso el'raelo aos collegas para com-
parecerem em S. Christovam pede a Nabuco que previna elo
engano a Limpo de Abreu ~ para que no leve logro. Abaet )I
(1) Essa pre idencia do Rio Grande do Sul foi uma trabalhosa
empreza para Sinimb, que teve durante ella, que fazer seguir
para Montevido uma diviso de 5,000 ltomen . II Faz hoje um
anno, escrevia elle a Nabuco em Dezembro de 1853, que arribei
a esta terra e vim luctar com a mais pesada e emmal'anhada de
quantas administraes tem o Imperio. Com um exercito inteiro,
cujo unico expediente seria bastante para occupar uma presi-
dencia; com as fl'onteiras em guarda contl'a a mais incommoda
de quantas vizinhanas lia no mundo, com a correspondencia das
RetJUbliquetas ", era no tempo em que Buenos Ayres e a Con
federao formavam governos separados, II e com todos os ramos
da administrao (pl'incipalmente a justi a! tome nota, SI'. Conse-
lheiro!) no peol' estado passivei, de maio a mais obl'igado a aturar
o teu ex-parlamentar Pedro Chayes, tenho-mo vi to em um
inferno de tl'abalho, que levantarei a mos ao co quando d'ellc
me vil' livre... "
o 1I1U,ISTRO DA JUSTIA 301
esse pal,tida (I). Com effeito era elle uma formao ofl1cial,
que e di.ssolveu com a enteada de Nabuco para o mi ni terio (2).
A impresso causada na provincia pela entraua de Kabuco
foi que pela primeira vez o partido alli chamudo C[ da Ordem )
estava representado no govemo. Esse partido conseguia
assim o que no tinha conseguido a Praia na antel'iol' ituu~o.
Kabuco, entretanto, no devia no mini tel'io in:pil'uI'-Sc
em antigo preconceitos locaes; seu centro de aco havia
passado d provincia para a cl'te; elle no el'a mais rn sen-
tido nenlJUm um politico de provincia. POI' isso mesmo que
estivera em lucta encamiada com a Pmia durante os pri-
meil'o annos de sua carl'eira, que pl'ecisava agol'u dar
arrhas de impal'c:alidade, tolerancia c genel'osidade politica,
e se o progl'amma da concilia~o era sincel'O como um ponto
de hOl1l'a) cm sobr'etudo provincia onde a lueta dos partidos
chegara at a guerra civil que elle se devia mai particular-
mente applicar, Acontecia que o Presidente do Conselho era
lIonorio, o qual tinha mostrado em Pemambuco quel'er para
a provincia uma politica de apaziguamento, de e 'quecimento,
de vida nova, e que podia acompanhar com conhecimento de
causa a attitude alli <lo seu ministl'O da Justia.
Da perfeita conrol'll1idade de vistas de abuco com o seu
chefe resultaram alguns desaccordos entre elle e o partido, mas
nenhuma d'essas di\'el'gencias teve alcance e importancia.
A Praia estava esmagada, ,dispersa, e sem chefes, no fazia
mais sombra ao partido dominante, a resurl'eio do dominio
pl'aieil'O era impossivel; as desintelligencias eram quanto ao
grau de moderao que se devia mostl'ar, sobre as pessoas que
convinha chamar, sol re a extenso que convinha dar ao pen-
samento conciliador. Em '10 de Janeil'o de f81: elle escreve
(1) " Cada vez me conveno mais ela perniciosa inOuencia do.'
nosso magistl'ados nas eleies, escrevo elte a Nabuco a pro-
I)
LIVRO PRIMEIRO
AT O ,MINISTERIO PARANA
(lS13-18S3>
CAPITULO I
Infancia e Mocidade (1813-1842).
1. - Primeiros Annos. . . t
II. - E tudante de Olinda. . .U-
lU. - Jor'nali ta Academico . 17
IV. - O 7 de Abril . . . . _ 23
V. - O Dr Jos Eustaquio Gomes. 31
VI, - Primeiros empregos. . . . . 35
VII. - Reao Monarchica ele 1837 -lO
VIU. - Ca amento. Primeira eleio de deputado. 43
CAPITULO II
A Sesso de 1843.
I. -
II. -
A Gamara .
Estreia Parlamentar. ..
412 INDlCE
CAPITULO III
A Lucta da Praia.
CAPITULO IV
A Legislatura de 18501852.
CAPITULO V
A Opposio " Parlamentar" (1853).
LIVRO SEGU DO
O MINISTERIO PARAN
(l53-18j7)
CAPITULO I
o Gabinete e seu Programma.
1. - O Presidente do Conselho .. 12
] I. - Os Ministros .. 105
III. - A Conciliao. . . . . . . . 172
INDICE 413
CAPITULO II
A Sesso de 1854.
CAPITULO 1lI
A Sesso de 1855.
CAPJTULO IV
Politica Exterior.
CAPITULO V
o Trafico e a Escravido.
CAPJTULO VI-
Politica Financeira.
CAPITULO VJI
() Ministro da Justia.
CAPITULO VIII
055
HISTORIA DO BRAZIL
Por ROnErtT SOUTnEY, tradu7.ida do ingle7. pelo Dr LUI7. JOAQUIM UE OLIVEIRA E
CASTRO, e annotada pelo conego J. C. FElll'ANnES Pll\llElRO. 6 mngoniAcos \'olume
pl'imorosamente impressos e encadramentos em Pari7.. . . . . . . . . . . . 36$000
A obl'a de outhey sobre o Brazil um monumento historico de que se deve ufa-
nar a terra de Sant.a-CI'uz. O autol' um dos eseriptLlres mais elistinctos da Ingla-
terra. A ua hi. toria, e. cripta imparcialment e vista de numero os d cumentos
ineditos lue seu tio obtivera em Portul.!:al, alm das melhol'es obras dos autol'es
rorf.ug"uezes e brazileil'o., vem proeneher ullla fa.Ita sensivel, e que descuido fra
deixai' existir por mais tempo.
A traduc\:o, devida penna do SI'. DI'. Luiz de Castro, digna do CI' a.preciada
pelos puristas da lingua portugueza.
Apezar de ter b biuo as suas infol'ma(:ies em fontes pUI'as, a obm de Robert Sou-
they resente-.c de alguns erros devido,:; li f:dt:t de infol'ma,es que foram reveladas
posteriormente. E ses pequenos i"o!1e. dei"appal'ecem ante as eluciua,es do . r. J.
FEIlNANnEs PINIIEIRO, alalisado archeologo bl'azdeir'o.
HISTORIA DO BRAZIL
De t831-1840, pelo Conselheiro J. M. PEREIRA n.\ ILVA. 1 Y. in-4' bl'. 5S000,
cne.. 6$000
~,:::::======:;;~::::::::::::::::::::::=:~~~:::::::::::~====~::::::;~~
Typ. Garnicr Irmuos, li, I'ue ues Saillls-]Jre~.
Paris.
======;
l
u~r
E. TADI TA DO
H.IPERIO
NABUCO
DE
, \RA UJO
"
l,mIQ PHnIEIIW
1813-1857
, .
::::--
H. GARNIER
LIVREIRD- EDITOR
I I}. ~jP~ - 7 - J-~ I~~' - /1t.-?v.t~
~ ~- ~ J)w:' f . /. re- C>-r ~', -:,
''1 1 R,-
"c ~ ~11 ~ ~ ",_"""t - ":"~ u' ';"'... '
-'
I : I -"
\ ~ 2..' \.,.,v--v-L:c..< ..... -./ >;L Lo I,L (r' ) l,- .... t' .,.
~ ,-,3 - H~D . i (.l..i... .
X AA/)../L.---
(A/y/A/ I /7 ~4
/rr.Ad-p ...