Vários Autores - Planejamento e Avaliação Escolar
Vários Autores - Planejamento e Avaliação Escolar
Vários Autores - Planejamento e Avaliação Escolar
DE IPATINGA
Unidade 1:
Unidade 2:
Unidade 3:
Unidade 4:
Unidade 5:
Unidade 6:
Unidade 7:
Unidade 8:
Os agrupamentos flexíveis
Os conhecimentos adquiridos
O gênero
A idade cronológica
O desenvolvimento corporal
A estimulação psicológica
A novidade
A homogeneidade
O espaço
A escolha do aluno
Necessidade de autonomia
Capacidade de diagnóstico
Participação da comunidade
Uma vez que outra, apliquei em minhas salas de aula a técnica Pro
jeto de Visão Futura. Nela, os membros de um pequeno grupo devem dis
correr sobre um projeto referente a uma hipotética ou fantástica situa-
ção de futuro. Essa técnica foi desenvolvida inicialmente com o nome de
“Engenharia Criadora”, pelo professor Arnold, da Escola de Engenharia
de Massachussets.
A técnica pretende estimular ideias novas, desenvolver a imaginação
criadora, desconectando o indivíduo da realidade que o circunda. Mas não
100 Beatriz Jarauta e Francisco Imbernón (orgs.)
Referências
CDU 37.091
Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052
Introdução
A organização do trabalho escolar:
pensá-la para fazê-la evoluir
Monica Gather Thurler
Université de Genève
Olivier Maulini
Université de Genève
P
ara aprender é preciso trabalhar. E escolar para compreender e conceitualizar
para trabalhar é preciso que o traba- as relações entre a organização do ensino e
lho seja organizado. Disciplinas, cur- as forças que podem orientar ou contrariar
sos, ciclos, séries, programas, aulas, horá- sua evolução.
rios, lições: a escola recorta o espaço e o
tempo; organiza o trabalho dos professo-
res1 que, por sua vez, organizam o dos alu- A organização, conceito
nos. Ao final, é na interação que advêm as e problema
aprendizagens, mas no momento e nas
condições produzidas pelo trabalho de fun- Conceitualmente, a organização é, an-
do que pré-estrutura a relação. tes de tudo, uma forma herdada, ancorada
Por que questionar a organização do na história, nos costumes, nas leis, nos mu-
trabalho escolar? Porque esse é um forte ros e nos móveis dos estabelecimentos. É
determinante do que a escola produz, por- “uma estrutura hierarquizada, que dispõe
que subentende o trabalho que está sendo de regras de trabalho precisas e que permi-
feito e geralmente fica de fora das reformas te padronizar, coordenar e planejar ativida-
e dos debates sobre as melhores maneiras des” (Alter, 2002, p. 131). Mas é também
de ensinar. Sua opacidade é sua força: ela um processo, uma ação, um trabalho, aque-
cria a ordem de coisas na qual se apoia le “que consiste em empregar racionalmen-
posteriormente a parte visível das ativida- te meios para obter um resultado” (Alter,
des. O projeto deste livro é apresentar um 2002, p. 151). Em um coletivo, cada opera-
panorama do estudo empírico do trabalho dor organiza seu trabalho, mas alguns têm
12 Monica Gather Thurler e Olivier Maulini
ainda o poder de estruturar e de prescrever ano, mudar de curso, em suma, sair do gru-
a tarefa dos outros. A organização do traba- po que não pode mais integrá-lo.
lho depende, ao mesmo tempo, da atividade Tirar alguém da célula-classe é, literal-
cognitiva das pessoas e da racionalização da mente, “desclassificá-lo”, colocá-lo à mar-
atividade comum mediante serviços ou uma gem de seus colegas, mostrar-lhe sua dife-
hierarquia criados para esse fim. rença, transformá-la em desigualdade, di-
A organização é, simultaneamente, a minuir o grau de exigência que se espera
ordem e a mudança, o princípio ativo que dele, daquilo que se considera que é possí-
mantém e transforma a dinâmica das inte- vel ensinar-lhe – sentimento de incapaci-
rações: é a parte do trabalho que permite o dade que ele próprio pode acabar incorpo-
trabalho2, que o “fecha em si mesmo” (Mo- rando. Ao mesmo tempo, essa maneira de
rin, 1977, p. 136), que o torna autônomo, controlar é difícil de ser modificada, mes-
mas também o limita em suas ambições. “A mo pelos professores que a julgam injusta
organização do trabalho é uma construção ou duvidam de sua eficácia.
social, o resultado de um outro trabalho, Diante dessa realidade, não se pode di-
chamado de trabalho de organização” (Du- zer que a escola e os professores tenham fi-
jarier, 2006, p. 49). Portanto, transformar a cado de braços cruzados. Ao contrário, con-
organização do trabalho é, stricto sensu, tam-se numerosas iniciativas que encontram
transformar as condições de produção do suas raízes mais ou menos longinquamente
trabalho, ou ainda, produzir uma outra no passado. Citemos os seguintes, na desor-
maneira de produzir a atividade humana dem, justamente sem pré-julgar a maneira
de produção. Que o homem produza a si como se organiza o conjunto:
mesmo pelo trabalho de formação comple- – A consideração da atividade dos alu-
ta a reflexão e mostra que não se mexe im- nos no processo de aprendizagem,
punemente nas maneiras como se organiza modalidades de gestão de classe al-
o trabalho nos estabelecimentos de ensino. ternando ou combinando lições e
Mais precisamente, este livro nasceu de pesquisas, exercícios e projetos, tra-
um problema, em outras palavras, de uma balho pessoal e coletivo, regras im-
meta e de uma dificuldade, de uma intenção postas e conselho cooperativo.
e de um obstáculo resistente à sua realiza- – O reconhecimento da heterogenei-
ção. A meta, a intenção é a luta contra o fra- dade social e cultural por uma peda-
casso escolar: os levantamentos internacio- gogia diferenciada, apoios direcio-
nais destes últimos anos (OCDE, 2001) nados e moduláveis, adaptados às
mostraram que alunos saem da escola sem necessidades de pessoas e de grupos
ter adquirido os saberes necessários para vi- constituídos provisoriamente.
ver dignamente, conseguir um emprego, co- – O questionamento da formação por e
nhecer seus deveres, exercer seus direitos; para as disciplinas incitando a criar
não é possível aceitar isso. E o obstáculo, a dispositivos mistos, pluri ou interdisci-
dificuldade está no fato de que os sistemas plinares: atividades-padrão, centros de
educacionais funcionam geralmente como interesse, pesquisas documentais, tra-
se a exclusão não fosse o problema mas a balhos pessoais padronizados, planos
solução (Hutmacher, 1993; Crahay, 1996; de trabalho, itinerários pedagógicos.
Draelants, 2006): o aluno que não “acom- – O remanejamento de planos de estu-
panha” deve refazer o programa, repetir o dos, a ênfase dada a objetivos mais
A organização do trabalho escolar 13
de classe, de formação de professores para dos alunos ou por causa de freios institu-
novas abordagens didáticas e de apoio in- cionais que o fim das divisões tem tanta
dividual aos alunos em dificuldade não fo- dificuldade de se afirmar nas práticas. Não
ram suficientes para “tender a corrigir as seria preciso […] examinar o lado dos
adultos envolvidos? Sobretudo nas gran-
desigualdades de oportunidade de êxito es-
des escolas urbanas, o fim das divisões su-
colar” como é a intenção expressa pela lei
põe uma cultura viva do pacto profissional
sobre a instrução pública. Um estudo sobre e da cooperação entre professores que falta
a repetência, no início dos anos 1990, mos- em muitos lugares. Implica também uma
tra, inclusive, que sua frequência está em responsabilidade (coletiva e individual)
alta, que as desigualdades sociais diante do dos professores sobre o conjunto do per-
êxito tendem a se agravar e que o único curso escolar ou, pelo menos, sobre uma
exemplo em que os últimos da classe não extensão mais longa desse percurso. Ora,
precisam repetir uma série é aquele em que estendida a quatro ou cinco anos, essa res-
o professor segue seu grupo por mais um ponsabilidade pode mudar de natureza.
ano (Hutmacher, 1993). Esse estudo não Mais do que quando se tem os alunos ape-
nas por um ano, tende-se a ir além do âm-
indica o que os alunos repetentes sabem ou
bito da instrução stricto sensu e a conside-
ignoram, mas põe em questão a maneira
rar o futuro global dos alunos. […] Esse
como a escola organiza a regulação e a esti- não é apenas um problema de pedagogia,
mula a reorientar sua pedagogia mudando mas também de organização. (Hutmacher,
antes de tudo sua organização: 1993, p. 153-154 e 161)
ciar, para permitir percursos mais in- A principal vantagem das séries é sua
dividualizados. [Ela] só representará simplicidade e sua familiaridade: todo mun
um progresso caso consiga organizar do conhece e compreende o sistema: a pessoa
progressões flexíveis e individualiza- vai bem ou vai mal no ano, portanto, é pro-
das” (p. 8). movida ou reprovada. A gestão também é
– Eixo 2: Aprender a trabalhar melhor simplificada: um professor, uma classe, o pro-
junto. Dado que o espaço da classe grama de uma série. Criar ciclos de aprendi-
impede essa flexibilização, pretende- zagem é abandonar esses funcionamentos
-se confiar cada ciclo a uma equipe conhecidos para substituí-los por uma orga-
de professores encarregados de pla- nização mais flexível, e por isso mais comple-
nejar e de controlar juntos as apren- xa. Isso perturba os hábitos de todos, obriga a
dizagens das crianças. “A organização reconstruir modos de agrupamento de alu-
em ciclos de aprendizagem supõe um nos, de avaliação, de gestão de classe, e impõe
verdadeiro trabalho de equipe, visto aprender junto a falar de outro modo dos
que um grupo de professores será co- alunos (DEP, 1994, p. 12-13).
letivamente responsável pela pro- “Perturbação”, “abandono”, “reconstru-
gressão do conjunto dos alunos que ção”; menos familiaridade, mais incerteza: se-
frequentam o mesmo ciclo na mes- ria demorado resumir uma reforma dessa
amplitude. O processo levou inicialmente
ma escola” (p. 11).
quatro anos de exploração durante os quais
– Eixo 3: Colocar as crianças no centro
15 escolas voluntárias, um grupo de acompa-
da ação pedagógica. Na medida em
nhamento e um comitê de comando estraté-
que a progressão não decorre do ci-
gico da mudança buscaram juntos um cami-
clo, mas do fato de que ele permite e
nho que conduzisse dos ciclos anunciados
obriga a ensinar mais eficazmente, o
aos ciclos realizados na prática. Após um ano
trabalho dos professores deve, antes
de transição, o processo deveria se generali-
de tudo, sustentar o engajamento
zar progressivamente às 200 escolas (35 mil
dos alunos em sua formação. Deve- alunos) do Cantão. Encontra-se o relato e a
se “estabelecer situações de aprendi- análise desse processo em outras publicações
zagem, elas próprias integradas a (Allal, 2006; Favre, Jaeggi e Osiek, 2005;
dispositivos e sequências didáticas, Gather Thurler, 2000b, 2004, 2005; Lessard,
que se apoiem, por sua vez, em mo- 1999a; Perrenoud, 2005).
dos de gestão de classe e opções pe- Diversos imprevistos confirmaram que
dagógicas” (p. 13). a organização do trabalho não se deixa mo-
dificar mecanicamente: os debates entre
Gerir a classe, o ciclo, os dispositivos, profissionais, nem todos convencidos da
as situações, as sequências, as progressões, pertinência ou da factibilidade da mudan-
o trabalho dos alunos e o dos professores: ça; os dilemas da instituição, entre diferen-
renunciar às séries é apresentado primeira- ciação e padronização, coerência do siste-
mente não como um remédio provado, ma e autonomia dos estabelecimentos, ino-
mas como um problema que a escola se vação e manutenção da ordem; as negocia-
impõe para encontrar pouco a pouco ou- ções entre grupos (professores, funcioná-
tras maneiras de se organizar, portanto, rios, diretores, especialistas, pais, sindicatos
uma ordem escolar em parte revisada. e associações), eles próprios permeados
20 Monica Gather Thurler e Olivier Maulini
dos alunos genebrinos têm uma língua ma- neira como é organizado o trabalho dos
terna diferente do francês. A proporção professores e das crianças: se não se deseja
chega a mais de 80% em certos bairros da que o exerçam por meios indiretos (por es-
cidade ou de sua periferia. Por muito tem- tratégias de esquiva, de pressão, de politi-
po integrados em uma classe de sua idade, zação, etc.), é preciso organizar na escola
os recém-chegados são agora parcialmente espaços de diálogo e de acordo. Reuniões
e provisoriamente agrupados em estruturas coletivas, entrevistas e dossiês de avaliação,
de acolhimento nas quais professores for- cadernos para troca de correspondência,
mados são especialmente incumbidos de comissões paritárias, ajuda nos deveres, re-
garantir a transição, não apenas entre as des de tradução, vínculos com as associa-
línguas, mas também, com muita frequên- ções e sua federação: uma parte do traba-
cia, entre as condições de vida locais e as lho é organizada para e com as famílias,
de um país de origem de onde os emigra- mas também graças a elas quando, por
dos fogem da violência ou da pobreza. A exemplo, os alunos produzem um jornal ou
abertura para as línguas é valorizada pela ateliês que mostrem o que estão aprenden-
escola e por uma Genebra internacional do e de que maneira. No futuro, o Departa-
orgulhosa de promover a pluriculturalida- mento da Instrução Pública pretende dar
de, o humanismo e a paz. Isso não impede um passo adiante em direção à parceria,
questionamentos da política de integração instituindo em todos os lugares conselhos
pelo fato de que as pesquisas PISA6 dão de estabelecimento.
uma classificação pior aos alunos da cidade 9. A autonomia dos estabelecimentos,
do que aos dos cantões rurais, mais homo- sua coordenação, a prestação de contas. A
gêneos socialmente. lógica taylorista coloca as classes sob o
7. O ensino especializado no ensino pri- controle direto da via hierárquica. O pro-
mário renovado. Até onde apostar na inte- cesso de reorganização solicitou primeira-
gração? A passagem aos ciclos pode dar a mente o espaço intermediário do estabele-
sensação de que uma estrutura flexível po- cimento. São equipes – não pessoas – que
derá se encarregar de tudo, incluindo o tra- empreenderam a exploração. Projetos de
balho com os alunos mais especiais, psico- escola, ciclos e subciclos, coordenadores e
logicamente frágeis ou em situação de defi- depois zeladores, redes e grupos de acom-
ciência. Contudo, o sistema ainda é organi- panhamento, supervisão colegiada dos alu
zado em forma de unidades particulares: nos, formações coletivas, balanços e planos
em Genebra, 2,4% dos alunos são escolari- quadrienais: o trabalho foi coletivizado em
zados em classes ou instituições de ensino dois níveis – interno aos grupos das esco-
especializado. É uma taxa baixa em compa- las; externo, por sua coordenação. Menos
ração com a maioria dos cantões suíços e divisão na base implica mais prestação
outros países da comunidade europeia ou de contas nas camadas superiores, coman-
da OCDE. do estratégico e delegação de responsabili-
8. A informação e a associação de pais dades aos atores em todos os estágios do
no quadro dos ciclos. A mudança da escola sistema.
não pode mais ser pensada sem o apoio –
portanto a participação – dos pais. Eles têm Essa maneira de inserir os níveis de
previamente um julgamento sobre a ma- análise e de intervenção talvez seja própria
A organização do trabalho escolar 23
Introdução
Neste capítulo, você vai ver que o currículo é essencial no planejamento
docente e verificar como ele é elaborado. Na sequência, você vai estudar
a função e a construção de um plano de trabalho docente, reconhecendo
alguns princípios necessários para uma prática significativa e contex-
tualizada com a realidade da instituição de ensino. Por fim, você vai
conhecer os elementos fundamentais de um plano de aula, identificando
as particularidades necessárias para produzir um documento realmente
funcional e de apoio à prática docente.
[...] é preciso que a educação esteja em seu conteúdo, seus programas e seus
métodos, adaptada ao fim que se persegue: permitir ao homem chegar a ser
sujeito, construir-se como pessoa, transformar o mundo, estabelecer com os
outros homens relações de reciprocidade.
res. Para isso, é importante fazer com que os alunos se sintam estimulados a
resolver problemas que tenham alguma relação com o seu cotidiano. Prever
de modo global e sistêmico toda a ação a ser desenvolvida dentro de um pe-
ríodo — visando ao alcance dos objetivos planejados com foco no aluno — é
fundamental para uma aprendizagem significativa (TURRA et al., 1995).
Quando as ideias planejadas são registradas, passam a fazer parte do currí-
culo, que contempla de modo abrangente a previsão das atividades referentes
a uma disciplina ou campo de estudo ao longo de determinado período. Nas
palavras de Vasconcellos (1996, p. 119), o plano curricular “[...] é a siste-
matização da proposta geral de trabalho do professor naquela determinada
disciplina ou área de estudo, numa dada realidade”. Se esse plano é construído
com compromisso e consciência de sua relevância, se torna uma excelente
ferramenta para a prática docente, favorecendo o crescimento profissional
do professor e as relações estabelecidas com seus alunos e os demais atores
envolvidos no processo.
Os currículos são obrigatórios nas escolas por força da lei, mas podem ter
diversas configurações. Alguns estão dispostos por disciplinas e/ou áreas do
conhecimento, mas há também aqueles organizados por unidades temáticas,
por exemplo. Além disso, os currículos variam quanto à organização do
tempo — entre bimestres, trimestres, semestres ou anos. Em relação aos
elementos constituintes, nas palavras de Gandin e Cruz (1995, p. 25), “[...] um
plano será um instrumento de construção da realidade se tiver três elementos:
a definição do que se quer alcançar; a indicação da distância a que se está
desse ideal; a proposta para diminuir esta distância”.
Para ter uma dimensão ainda maior do processo que envolve o currículo
e o planejamento educacional, observe a seguir alguns procedimentos que
fazem parte desse processo (BORDENAVE; PEREIRA, 2005 apud RIBEIRO,
2010, p. 6–7):
https://goo.gl/xlJzrN
Tipos de planejamento educacional 5
Características Tipos
Coerência Curso
Sequência Unidade
Flexibilização
Precisão Aula
Objetividade
previsões podem ou não se concretizar. Quanto mais objetivo e preciso for o plano,
mais possibilidades de alcançar o resultado esperado. Além disso, espera-se que
a prática docente esteja cada vez mais integrada às construções coletivas. A ideia
é planejar ações com interlocutores da comunidade escolar a fim de ampliar o
diálogo e estabelecer vínculos entre os atores envolvidos no processo, tais como
educandos, educadores, responsáveis, gestores e membros comunitários. Veja
as principais características de um bom plano de trabalho docente:
É importante você notar que o docente que busca melhor atuação profissional deve
participar da elaboração e da organização de planos em diferentes graus de comple-
xidade (TURRA et al., 1995). Além disso, é necessário um estímulo para o protagonismo
do aluno. Com isso, suas possibilidades serão ampliadas e suas necessidades serão
compreendidas.
Tipos de planejamento educacional 7
Mesmo que você saiba como elaborar um plano de trabalho docente, pode
encontrar algumas dificuldades para dar início a esse processo. Assim, o
primeiro passo é a construção coletiva do projeto político-pedagógico. Para
isso, diferentes setores envolvidos com a comunidade escolar devem discutir a
respeito da realidade, das necessidades e dos problemas que se almejam superar.
A partir dessa análise, de acordo com Turra et al. (1995 apud ASSIS;
BARROS; CARDOSO, 2008, p. 3), se inicia a determinação “[...] dos objetivos,
seleção e organização de conteúdos, seleção e organização dos procedimentos
de ensino, seleção dos recursos e seleção dos procedimentos de avaliação”.
Após essa etapa, é o momento de se colocar o plano em atividade. Nessa
implementação, é possível observar os avanços e os pontos que podem ser
aperfeiçoados, replanejando algumas ações.
Agora que você já conhece melhor a estrutura do plano de trabalho docente,
observe o Quadro 2 para ver as especificidades desse documento.
Elementos do
Especificações
plano de trabalho
(Continua)
8 Tipos de planejamento educacional
(Continuação)
Elementos do
Especificações
plano de trabalho
Plano de aula
Agora que você já estudou o currículo, o planejamento educacional e o plano
de trabalho docente, chegou o momento de conhecer o plano de aula. Esse
documento é uma proposta de trabalho para uma aula. Ele é um dos planos
com maior nível de detalhamento e objetividade.
Como apontam Gandin e Cruz (2009), cada plano de aula reflete o esforço
geral da escola em que esse plano é construído. Ele expõe os objetivos dispostos
no marco referencial da instituição, servindo como um documento norteador
do trabalho de cada professor com cada grupo de alunos. De acordo com Haydt
(1995), planejar é realizar uma análise de determinada realidade e, a partir
dessas observações, propor alternativas com o objetivo de superar dificuldades
e buscar caminhos para alcançar metas. Assim, o planejamento é um processo
mental que resulta em um plano que reúne esses registros processuais.
O plano de aula pode ser desenvolvido da forma que a instituição de ensino
achar mais adequada. Contudo, a ausência de um planejamento pode resultar
em desperdício de oportunidades e do tempo que poderia ser aproveitado de
melhor maneira. Sobre essa questão, Gandin (2007) ressalta que a experiência
não é resultado do que foi vivido, mas, acima de tudo, do que se refletiu sobre
os acontecimentos experimentados. É nesse sentido que o planejamento atua,
ou seja, as reflexões sobre as ações podem pontuar os acertos e eventuais
fracassos. Quando esses momentos de ponderação não ocorrem, se perdem
elementos significativos para uma aprendizagem democrática.
Para compreender melhor os elementos que compõem um plano de aula,
observe o Quadro 3, a seguir.
Elementos de um
Especificações
plano de aula
(Continuação)
Elementos de um
Especificações
plano de aula
(Continua)
Tipos de planejamento educacional 11
(Continuação)
Elementos de um
Especificações
plano de aula
No link a seguir, você pode acessar um plano de aula da disciplina de língua portuguesa
a respeito de histórias em quadrinhos.
https://goo.gl/YDS6op
GANDIN, D. Planejamento como prática educativa. 16. ed. São Paulo: Loyola, 2007.
GANDIN, D.; CRUZ, C. H. C. Planejamento na sala de aula. Petrópolis: Vozes, 2009.
GANDIN, D.; CRUZ, C. H. C. Planejamento na sala de aula. Porto Alegre: Libertad, 1995.
HAYDT, R. C. C. Curso de didática geral. São Paulo: Ática, 1995.
KUENZER, A. E.; CALAZANS, M. J. C.; GARCIA, W. Planejamento e educação no Brasil. São
Paulo: Cortez, 2001.
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez. 1994.
MOREIRA, A. F. B. Escola, currículo e construção do conhecimento: novas reflexões.
Tecnologia Educacional, v. 22, n.118, p. 3-6, maio/jun. 1994.
MORETTO, V. P. Planejamento: planejando a educação para o desenvolvimento de
competências. Petrópolis: Vozes, 2007.
RIBEIRO, V. N. de C. Planejamento educacional: organização de estratégias e superação
de rotinas ou protocolo institucional? 2010. Disponível em: <http://www.faculdadea-
tenas.edu.br/arquivos/NucleoIniciacaoCiencia/REVISTAS/REVIST2010/10.pdf> Acesso
em: 22 ago. 2018.
SACRISTÁN, José. Gimeno. O Currículo: uma reflexão sobre a prática. Tradução de Ernani
F. da F. Rosa. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
SPUDEIT, D. Plano de ensino x plano de aula. 2014. Disponível em: <http://www2.unirio.
br/unirio/cchs/eb/ELABORAODOPLANODEENSINOEDOPLANODEAULA.pdf>. Acesso
em: 22 ago. 2018.
TURRA, C. M. G. et al. Planejamento de ensino e avaliação. 4. ed. Porto Alegre: PUCEMMA,
1995.
VASCONCELLOS, C. dos S. Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa
em sala de aula e na escola. 7. ed. São Paulo: Libertad, 1996.
VASCONCELLOS, C. dos S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto
político pedagógico: elementos metodológicos para elaboração e realização. 10. ed.
São Paulo: Libertad, 2002.
Leituras recomendadas
APPLE, M. Ideologia e currículo. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006.
BRASIL. Ministério da Educação. Base nacional comum curricular. 2018. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 22 ago. 2018.
HISTÓRIA em quadrinhos: plano de aula, língua portuguesa. [200-?]. Disponível em:
<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000016801.PDF>. Acesso
em: 22 ago. 2018.
DIDÁTICA
Introdução
O currículo é central na organização do trabalho pedagógico e contri-
bui para que as instituições possam garantir a efetiva aprendizagem e
desenvolvimento dos alunos. Da mesma forma, é fundamental que os
currículos sejam construídos de acordo com a realidade em que a escola
está inserida, considerando as necessidades, limitações e aprendizados
dos educandos, bem como a intencionalidade educativa que norteia a
proposta pedagógica das escolas.
Neste capítulo, você estudará acerca da concepção de currículo esco-
lar e a importância de construí-lo e implementá-lo de maneira integrada
e articulada, fundamentada nos princípios da interdisciplinaridade e
transdisciplinaridade. Além disso, este texto pretende trazer alguns apon-
tamentos legais acerca do currículo e sua relação com o planejamento
educacional e o planejamento pedagógico desenvolvidos no cotidiano
da sala de aula.
[...] os currículos não são conteúdos prontos a serem passados aos alunos.
São uma construção e seleção de conhecimentos e práticas produzidas em
contextos concretos e em dinâmicas sociais, políticas e culturais, intelectu-
ais e pedagógicas. Conhecimentos e práticas expostos às novas dinâmicas
e reinterpretadas em cada contexto histórico. As indagações revelam que
há entendimento de que os currículos são orientados pela dinâmica da so-
ciedade. Cabe a nós, como profissionais da educação, encontrar respostas
(BRASIL, 2007, p. 9).
O PNE, por intermédio destas 20 metas propostas, deve servir de base para
a elaboração dos planos estaduais e municipais. Partindo deste pressuposto,
as instituições escolares também devem estar adequadas, trabalhando em
consonância com este plano maior e buscando atender e garantir uma educação
pautada nos princípios propostos pelo PNE.
A partir da elaboração e implementação das 20 metas apresentadas pelo PNE,
voltamos ao segundo pressuposto legal, agora fundamentando os currículos
escolares, a BNCC, representada como uma importante estratégia para alcançar
algumas metas apresentadas pelo PNE. Entre elas, destacam-se as metas um,
dois, três e sete, que tratam sobre a educação infantil, o ensino fundamental
e o ensino médio, bem como sobre a melhoria da qualidade da educação em
todas as etapas e modalidades da educação básica, com o objetivo de atingir
as médias nacionais para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(IDEB), e elevar os padrões de ensino em todas as regiões do Brasil. De acordo,
com a Lei nº. 13.005/2014, que aprova o PNE, e apresentado no documento que
regulamenta a BNCC, é fundamental reiterar a necessidade de estabelecer e
implantar, mediante pactuação interfederativa, ou seja, entre União, estados,
Distrito Federal e municípios, diretrizes pedagógicas para a educação básica e a
base nacional comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem
e desenvolvimento dos alunos para cada ano do ensino fundamental e médio,
respeitadas as diversidades regional, estadual e local (BRASIL, 2014).
A BNCC é um documento criado de forma articulada e integrada e contou
com a participação de profissionais do ensino e da sociedade civil, visando
definir:
social, emocional, cultural e física. Por esse motivo, é possível afirmar que a
BNCC está fundamentada no artigo 205 da Constituição Federal, quando diz:
Interdisciplinaridade
Recorrendo ao Dicionário Online de Português (c2018a, documento on-line),
o termo interdisciplinaridade significa a “[Capacidade] de estabelecer relações
entre duas ou mais disciplinas, ou áreas do conhecimento, com o intuito de
melhorar o processo de aprendizagem, estreitando a relação entre professor
e aluno.”. Desta forma, a interdisciplinaridade nasce como uma proposta
pedagógica cujo objetivo é envolver, dialogar e intercomunicar as diferentes
áreas do currículo de forma integrada, estabelecendo relações entre as áreas do
250 Currículo escolar e planejamento educacional
Transdisciplinaridade
A transdisciplinaridade, de acordo com o Dicionário Online de Português
(c2018b, documento on-line), significa a “Interação disciplinar que possibilita
um diálogo entre campos do saber que, para além da disciplina em si, busca a
construção do conhecimento que influencia diretamente o comportamento e
a cognição do sujeito”. Ela representa um nível de integração curricular que
vai além da interdisciplinaridade, onde a fragmentação do conhecimento e a
divisão das disciplinas, hoje implementadas pelas escolas, deixam de existir.
O termo foi enunciado pela primeira vez por Jean Piaget, em 1970, quando
apresentou em um colóquio, a transdisciplinaridade como continuidade dos
estudos interdisciplinares.
Guedes et al. (2010) destacam que a transdisciplinaridade surgiu para
acabar com a fraqueza dos elos existentes na interdisciplinaridade que, por
meio da ligação entre as disciplinas, podiam ser facilmente quebrados. A
transdisciplinaridade veio, neste sentido, para acabar com os limites entre
252 Currículo escolar e planejamento educacional
[...] ter uma visão holística significa ter o sentido de total, de conjunto, de
inteiro (holos, do grego), em que o universo é considerado como uma totali-
dade formada por dimensões interpenetrantes: as pessoas, as comunidades,
unidas no meio biofísico [...]” (LIBÂNEO, 2005, p. 31).
Leituras recomendadas
OS MUROS DA ESCOLA. Multi, pluri, trans, inter, mas, o que é tudo isso? 2011. Disponível
em: <https://osmurosdaescola.wordpress.com/2011/07/06/multi-pluri-trans-inter-mas-
o-que-e-tudo-isso/>. Acesso em: 08 ago. 2018.
SANTOS, A. Complexidade e transdisciplinaridade em educação: cinco princípios
para resgatar o elo perdido. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 13, n. 37,
p. 71-83, jan./abr. 2008.
AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM
Joelma Guimarães
Revisão técnica:
ISBN 978-85-9502-205-8
Introdução
Neste capítulo, faremos uma pequena introdução sobre as diferentes
modalidades de avaliação: avaliações diagnósticas ou iniciais, formativa
ou instrucional e somativa. Cada modalidade de avaliação aqui apresen-
tada ocorre com suas ferramentas, instrumentos, foco, objetivo e tempo
específico e são estas questões que serão analisadas.
Modalidades de avaliações
A avaliação escolar tem por objetivo principal acompanhar o aprendizado
dos alunos na escola, bem como, oferecer condições para o aperfeiçoamento
do trabalho pedagógico do professor. A avaliação deve servir para repensar/
replanejar a prática pedagógica, contribuindo com ações que possam aprimorar
e apresentar melhores condições ao ensino-aprendizagem dos alunos.
62 Introdução às modalidades de avaliação: diagnóstica, formativa e somativa
Avaliação diagnóstica;
Avaliação formativa;
Avaliação somativa;
Avaliação diagnóstica
A avaliação diagnóstica é aquela que permite averiguar o processo de aprendi-
zagem dos alunos. Por isso, ocorre geralmente no início de cada ano letivo, ciclo
ou período, verificando quais as aprendizagens, bem como, quais dificuldades
dos alunos de acordo com os conteúdos trabalhados no ano ou ciclo anterior.
O aspecto preventivo é uma das suas principais características. Ou seja,
ao prever as dificuldades dos alunos com relação a determinados conteúdos,
os professores podem, desde o início das atividades escolares, retomar o que
não foi aprendido, oferecendo aos alunos condições para que avancem em
suas aprendizagens.
Introdução às modalidades de avaliação: diagnóstica, formativa e somativa 63
Avaliação formativa
Ao contrário da avaliação diagnóstica, que é realizada no início de cada ano,
ciclo ou período da vida escolar dos alunos, a avaliação formativa é realizada
de forma contínua na escola. Ou seja, é por meio da avaliação formativa que
o professor acompanha o processo de aprendizagem dos alunos durante o
período deles na escola.
A Figura 2 ilustra a avaliação formativa, na qual o professor dialoga sobre
o desempenho dos alunos, buscando alternativas possíveis para qualificar a
aprendizagem dos alunos.
Então, a avaliação formativa é como uma ação contínua que está intima-
mente ligada ao trabalho do professor, ou seja, sua prática docente e que serve
como acompanhamento das aprendizagens dos alunos, assumindo uma função
informativa tanto para professores como para alunos.
Avaliação somativa
Ao contrário da avaliação diagnóstica que acontece no início de cada ano
letivo, semestre, bimestre ou ciclo, a avaliação somativa ocorre no final desses
períodos. Assim, a avaliação somativa é aquela que tem por função selecionar
os alunos como aptos ou não para ingressar em uma etapa mais avançada dos
estudos. Por essa avaliação, os alunos são aprovados ou reprovados para o
ano, série ou ciclo seguinte.
Traz como referência um sistema educacional formal, demonstrando o
produto alcançado e não o processo realizado.
ALLAL, L.; CARDINET, J.; PERRENOUD, P. A avaliação formativa num ensino diferenciado.
Coimbra: Livraria Almedina, 1986.
AZZI, S. Avaliação e progressão continuada. In: AZZI, S. (Coord). Avaliação do desem-
penho e progressão continuada: projeto de capacitação de dirigentes. Belo Horizonte:
SMED, 2001. p. ??-??.
BLOOM, B. S. et. al. Manual de avaliação formativa e somativa do aprendizado escolar.
São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1983.
ESCOLA MUNICIPAL GENAIR RAMOS GABRIEL. Orientação pedagógica. 14 jul. 2011.
Disponível em: <http://emgenairramosgabriel.blogspot.com.br/2011/07/orientacao-
-pedagogica.html>. Acesso em: 15 set. 2017.
HOFFMANN, J. Avaliar para promover: as setas do caminho. 15. ed. Porto Alegre:
Mediação, 2014.
POTT, F. P. Avaliação da aprendizagem na EaD: modalidades e ferramentas. 21 nov.
2011. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=nAr0v3ChzMU>. Acesso
em: 15 set. 2017.
RODRIGUES, P. A. A. Aprendizagem e avaliação no ensino superior. 2012. Disponível em:
<http://slideplayer.com.br/slide/384911/>. Acesso em: 15 set. 2017.
Introdução às modalidades de avaliação: diagnóstica, formativa e somativa 71
Leituras recomendadas
HOFFMANN, J. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva construtivista. 44. ed. Porto
Alegre: Mediação, 2014.
PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens: entre duas
lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999.
Conteúdo:
AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM
Joelma Guimarães
Revisão técnica:
ISBN 978-85-9502-205-8
Introdução
Neste capítulo, aprofundaremos o debate acerca da avaliação diagnóstica,
que é fundamental para o bom andamento do processo pedagógico e
que possui elementos e instrumentos próprios, características e roteiros
pontuais, mas como qualquer outra etapa do processo pedagógico, apre-
senta obstáculos que podem e devem ser superados pelos professores
em diálogo sempre aberto com alunos.
Por isso, o professor deve ter diversas formas de avaliação, desde a obser-
vação inicial dos alunos até a realização de testes e provas.
Avaliação diagnóstica 75
(Continua)
76 Avaliação diagnóstica
(Continuação)
Leituras recomendadas
PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens: entre duas
lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999.
SANT’ANNA, I. M. Por que avaliar? Como avaliar?: critérios e instrumentos. Petrópolis,
RJ: Vozes, 1995.
Conteúdo:
INTRODUÇÃO À
EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA –EaD
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar uma abordagem educacional intitulada
metodologia ativa. Ela é uma maneira particular de encarar os papéis
dos alunos e dos professores, as metodologias de ensino, as teorias de
aprendizagem e, evidentemente, as tecnologias.
Para compreender melhor a metodologia ativa, considere, por exem-
plo, a medicina da década de 1950 e compare-a com a escola desse
mesmo período. Como você pode notar, o hospital mudou muito. E a
sala de aula? As mudanças não são tão radicais nessa área, não é? É por
isso que as metodologias ativas ganham destaque. Elas podem alterar
a lógica da simples transmissão de informação, colocando o estudante
no centro do processo educacional.
Neste capítulo, você vai conhecer as características da metodologia
ativa, entendendo-a como uma concepção educacional. Você também
vai ver as vantagens do uso da metodologia ativa na educação a
distância (EaD). Por fim, vai estudar as práticas de ensino e aprendi-
zagem mais comuns na metodologia ativa, ou seja, aprendizagem
baseada em problemas ou projetos, estudo de caso e aprendizagem
entre pares.
2 Metodologia ativa
Pelo menos desde o início do século passado, entretanto, cada vez mais
teóricos da educação criticam esse modelo. Por exemplo, Dewey (1959), por
volta de 1916, apontou que basear os processos de ensino e de aprendizagem
unicamente na transmissão de informações seria ineficaz. Posteriormente,
Freire (1997) destacou as desvantagens de uma educação bancária — aquela
segundo a qual o estudante seria como uma conta em um banco, na qual o
professor vai depositando as informações aos poucos e, tempos depois, “saca”
essas informações por meio de avaliações, como as bimestrais ou semestrais.
https://goo.gl/EDXk1K
Metodologias ativas por si, assim como a inserção de tecnologias na educação por si,
não resolvem nenhum problema de aprendizagem. É necessária uma ação intencional
do docente, que deve selecionar e aplicar adequadamente a metodologia ativa e ligá-la
a uma tecnologia específica. Só assim essa metodologia vai se tornar uma vantagem
no processo de ensino e de aprendizagem, bem como possibilitar uma educação de
qualidade na EaD. Desse modo, é possível desenvolver competências e habilidades como
pensamento crítico e reflexivo, trabalho em equipe, autonomia e valores éticos (FONSECA;
MATTAR NETO, 2017). Segundo Sardo (2007), essa interconexão entre metodologias ativas
e uso das tecnologias na EaD tem o potencial de proporcionar uma aprendizagem criativa
e inovadora, algo que vai ao encontro das expectativas da educação contemporânea.
Estudo de caso
O estudo de caso, por sua vez, é semelhante à aprendizagem baseada em
problemas. A diferença é, principalmente, que no estudo de caso a situação
a ser analisada ou resolvida não é tomada da realidade do aluno. Trata-se de
uma narrativa ou história que pode ser baseada ou reproduzida da realidade,
ou elaborada especificamente para a finalidade pedagógica. Essa narrativa
precisa, de acordo com Coll e Monereo (2010): tratar de uma temática ou aspecto
relevante para a formação dos alunos; incluir elementos e fatores suficientes
para ilustrar o caso; destacar a complexidade e a multidimensionalidade do
caso; apontar princípios e concepções relevantes para a análise da situação,
bem como propiciar outras informações úteis de apoio; fomentar a criação de
possíveis soluções ou alternativas para o caso.
A aplicação desse tipo de metodologia ativa é bastante comum em cursos de
direito, que podem utilizar como “casos” os fatos de grande repercussão ou que
geraram jurisprudência nos tribunais. Sua implementação por meio da educação
mediada por tecnologias é também bastante semelhante à da aprendizagem
baseada em problemas, utilizando, por exemplo, o AVA como instrumento de
mediação para a construção do conhecimento e para a discussão dos casos.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar sobre a elaboração de um plano de aula,
suas características e seus elementos, além de entender como o plano
organiza o trabalho a ser realizado com os alunos ao elencar objetivos
e atividades. Para elaborar um bom plano de aula, o professor precisa
conhecer o processo de aprendizagem e estar ciente das condições
que o afetam.
O plano de aula faz parte de uma rede de instrumentos mais amplos, como
o currículo, o plano da escola e o plano de ensino (OLIVEIRA, [201–?]).
Para entender melhor como esses elementos se relacionam, observe a Figura 1.
Portanto, o plano de aula deve se pautar nas diretrizes das esferas superiores
que direcionam o sistema educacional brasileiro: a determinação legal do
currículo exigido para cada ano/série, o plano da escola e o plano de ensino
para sua disciplina ou ano/série. Assim, “[...] o que difere o plano de ensino do
plano de aula é a especificidade, com conteúdos pormenorizados e objetivos
mais operacionais” (GIL, 2012, p. 39). Além disso, considere o seguinte:
4 Como montar um plano de aula
Planejar é preciso
O planejamento de aula delimita os objetivos gerais do plano de ensino em
objetivos específicos a serem alcançados a cada aula, por meio de um conjunto
de tarefas e atividades. Esse conjunto de atividades e tarefas é chamado de
sequência didática. A cada encontro, os alunos se aproximam mais das metas
traçadas para o curso. Então, o questionamento para o plano de aula deve ser:
como esta aula aproxima o aluno dos objetivos finais do curso?
Lemov (2011, p. 26) afirma que o ideal é “[...] uma professora que estabelece
todos os objetivos curriculares que devem ser cobertos em um mês, traduz esses
objetivos em expectativas de aprendizagem e, depois, decide as atividades mais
adequadas para alcançá-las naquele dia específico”. Assim, você deve se perguntar:
como vou colocar em prática o que devo ensinar aos meus alunos hoje? A ideia é
focar nos resultados: o que você quer que os alunos sejam capazes de fazer quando
a aula acabar? Para Lemov (2011, p. 26), “professores excelentes planejam primeiro
seus objetivos, depois as avaliações e, por último, suas atividades”.
O planejamento escolar é um momento único de pesquisa, estudo e reflexão
do professor, no qual se combinam os objetivos propostos ao longo de todo o ano à
intenção de uma única aula. De acordo com a obra de Comenius, Didática Magna,
o planejamento das aulas seria a busca de um método de ensinar tudo a todos,
de maneira rápida, prazerosa e efetiva. É a aplicação do método científico para o
estudo e a educação, melhorando tanto a prática docente quanto o aprendizado
dos alunos. É nessa possibilidade de otimização do processo de aprendizagem
que se percebe o conhecimento pedagógico e didático do professor, visto que ele
poderá programar atividades e estratégias diferenciadas a fim de que seus alunos
alcancem os objetivos esperados para as aulas com maior facilidade e eficácia.
6 Como montar um plano de aula
Você conhece a Base Nacional Comum Curricular? Ela é um documento de caráter nor-
mativo que estabelece o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens que todos
os estudantes devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da educação
básica. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Base deve
nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das unidades federativas, assim
como as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de educação
infantil, ensino fundamental e ensino médio em todo o Brasil (BRASIL, [2017]). Veja a
proposta completa da Base Nacional Comum Curricular no link a seguir.
https://goo.gl/xlJzrN
Diretrizes
Conhecendo as bases que direcionam o currículo nacional, o plano da escola
e o plano de ensino, você estará apto para planejar intencionalmente as ações
que levarão seus alunos a alcançarem os objetivos e metas programados para
cada aula. De acordo com Libâneo (2003), a maneira de organizar o registro
depende de cada professor, mas é recomendável que as anotações sejam sim-
ples, precisas e curtas.
São elementos do plano de aula:
No link a seguir, você pode ver um vídeo da UNIVESP TV sobre planejamento de aula. Ele
mostra o resultado do acompanhamento de três professores do ensino fundamental de
uma escola de São Paulo durante uma semana. A filmagem das aulas é posteriormente
exibida aos professores para debate acerca dos objetivos da aula e da função do
planejamento. Além disso, também se discute a sequência didática no planejamento.
https://goo.gl/2BEqYp
Você pode utilizar o Quadro 1 como um esquema. Ele mostra uma das
muitas possibilidades para a organização e o registro do plano de aula. Provavel-
mente, em sua escola há outros modelos disponíveis com a equipe pedagógica.
Experimente aqueles que mais se aproximam da sua maneira de organizar as
atividades em sala. Com a prática, você vai perceber quais quadros se adaptam
melhor ao seu estilo, ou então elaborar uma tabela pessoal.
Escola:
Disciplina: Data:
Ano
Professor(a): escolar:
Desenvolvimento meto-
Objetivos Conteúdo Recursos Tempo dológico/intervenções
Avaliação: (Descrever como será feita a avaliação da aula: prova, elaboração de texto,
elaboração de mapa mental, situação-problema, desafio, jogo, debate, gravação de
vídeo, elaboração de tópicos, desenho, resumo, esquemas, entre tantos outros adequa-
dos ao objetivo programado para a aula.)
Como montar um plano de aula 11
Leituras recomendadas
D-15: didática geral: planejamento de aula. [S. l.: s. n.]: 2011. 1 vídeo (17 min). Publicado
pelo canal UNIVESP. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=otZP6XhiWx8.
Acesso em: 22 set. 2020.
PROGRAMA ESCREVENDO O FUTURO. [Oficina sobre sequência didática]. [2015]. Dispo-
nível em: https://www.escrevendoofuturo.org.br/EscrevendoFuturo/arquivos/4248/
exemplo.jpg. Acesso em: 22 set. 2020.