Letramentos Sociais - Street

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Letramentos sociais: abordagens

críticas do letramento no
desenvolvimento, na etnografia e
na educação (2014) Brian V. Street
Referência: STREET, B.
Letramentos sociais:
abordagens críticas do
letramento no
desenvolvimento, na
etnografia e na educação. São
Paulo: Parábola, 2014.

Street, Brian V. (1995). Social


literacies: Critical approaches
to literacy in development,
ethnography and education.
London: Longman
Brian Street
Brian Street (24 de outubro de 1943 — 21
de junho de 2017) foi um professor e
antropólogo britânico. Suas pesquisas na
King's College de Londres o
configuraram como um dos principais
teóricos do letramento (literacy), um dos
ramos de maior interesse da pedagogia,
que procura debater a prática de
alfabetização e, principalmente, as
diversas práticas sociais da escrita.
Brian Street
Doutor em Antropologia pela Universidade de
Oxford sob orientação de Godfrey Lienhardt,
promoveu uma mudança na perspectiva
alfabetizadora ao inserir as práticas de
letramento como simultâneas ao
desenvolvimento cognitivo da criança. A linha
anglo-saxônica dos estudos do letramento,
impulsionada por Street, possibilitou uma série
de estudos que consideram a leitura e a escrita
relacionadas à cultura, à identidade e aos
diversos contextos em que inserem. Durante
sua carreira, lecionou, além da King's College,
na Universidade de Pensilvânia e na
Universidade Federal de Minas Gerais.
Marcos Bagno (Cataguases, 21 de agosto de
1961) é um professor, doutor em filologia,
linguista e escritor brasileiro. É considerado
ativista e "ideólogo político" de questões
linguísticas. É professor do Departamento de
Línguas Estrangeiras e Tradução da Universidade
de Brasília, doutor em filologia e língua
portuguesa pela Universidade de São Paulo,
tradutor, escritor com diversos prêmios e mais
de 30 títulos publicados entre literatura e obras
técnico-didáticas. Atua mais especificamente na
área de sociolinguística e literatura infanto-
juvenil, bem como questões pedagógicas sobre o
ensino de português no Brasil.
Seção 1 – Letramento, política e
mudança social
Seção 2 – A etnografia do letramento
Seção 3 – O letramento na educação
Seção 4 – Para um quadro teórico-crítico
Seção 5 – Relações entre políticas, teoria
e pesquisa no campo do letramento
Seção 1 – Letramento, política e mudança
social
• Capítulo 1 – Trazer os letramentos para a
agenda política
• Capítulo 2 – Letramento e mudança social: a
importância do contexto social no
desenvolvimento de programas de letramento
Seção 2 – A etnografia do letramento
• Capítulo 3 – Os usos do letramento e da
antropologia no Irã
• Capítulo 4 – Oralidade e letramento como
construtos ideológicos: alguns problemas em
estudos transculturais
Seção 3 – O letramento na educação
• Capítulo 5: A escolarização do letramento
• Capítulo 6: Implicações dos novos estudos do
letramento para a pedagogia
Seção 4 – Para um quadro teórico-crítico
• Capítulo 7: Olhar crítico sobre Walter Ong e a
“grande divisão”
• Capítulo 8: Práticas letradas e mitos do
letramento (leitura complementar)
Seção 5 – Relações entre políticas, teoria e
pesquisa no campo do letramento
Capítulo 9: Relações entre políticas, teoria e pesquisa
no campo do letramento
• Novos estudos do letramento: compreendem o
letramento como prática social

• LetramentoS: ênfase no caráter múltiplo das práticas


letradas
• Sociais: ênfase no aspecto social

• Contra a concepção dominante de letramento único


e “neutro”
• Práticas de letramento: deriva do conceito de eventos de
letramento de Heath, porém “se coloca num nível mais alto
de abstração e se refere igualmente ao comportamento e
às conceitualizações sociais e culturais que conferem
sentido aos usos da leitura e/ou da escrita” (p. 18)

• Eventos de letramento: “qualquer ocasião em que um


trecho de escrita é essencial à natureza das interações dos
participantes e a seus processos interpretativos” (HEATH,
1982, apud STREET, 2014, p.8)
• “Práticas de letramento são modos culturais gerais de
utilização do letramento aos quais as pessoas recorrem num
evento letrado” (BARTON, 1991, p.5)
• “o letramento é visto como um tipo de prática comunicativa”
(GRILLO, 1989, p.8)
• Street contesta a suposição de que algumas pessoas são mais
letradas que outras – ideias de sociolinguistas como Ong e
Oxenham
• Crítica ao discurso durante o Ano Internacional da
Alfabetização (1990), de que a aquisição do letramento por si
só causaria grandes impactos em termos de habilidades
sociais e cognitivas e de desenvolvimento (forma autônoma)
• Exemplo da Normandia: significação prática e legal da datação
de cartas
Clanchy (1979) “relata como o ato aparentemente simples de
datar uma carta comercial na Inglaterra medieval tinha profundo
significado religioso e doutrinal: para uma pessoa secular,
localizar-se num quadro temporal que era essencialmente não
secular era visto como um sacrilégio, uma profanação, não
apenas uma questão técnica de aprendizado das convenções de
diferentes gêneros de escrita” (p. 31)
“As mudanças operadas por um programa de letramento nos
dias de hoje podem, de igual modo, atingir fundo as raízes de
crenças culturais, fato que pode passar despercebido dentro de
um ideário que pressupõe leitura e escrita como simples
habilidades técnicas” (p. 31)
• O estigma do analfabetismo
“Paulo Freire (1985), o militante mais influente e radical do
letramento, tendia a acreditar que pessoas sem o letramento
do tipo ocidental são incapazes de ‘ler o mundo’: sua cruzada
para despertar a consciência através de campanhas de
alfabetização liderou a contestação contra as campanhas
dominantes e autoritárias promovidas por governos para
fazer precisamente o contrário, mas ela frequentemente
repousa sobre pressupostos semelhantes acerca da
ignorância e da falta de autoconsciência crítica dos ‘não-
letrados’ (p. 36-37)
• “Quando as pessoas estão em contato com (ou
quando elas mesmas falam) várias línguas, tendem a
desenvolver uma linguagem para falar da linguagem,
a criar consciência do caráter de diferentes tipos de
fala (e de escrita) e da sutileza e de significados em
contextos diferentes . O jogo com figuras de
linguagem, a habilidade retórica, assim como a
capacidade de desenvolver e apreciar diferentes
gêneros são características das assim chamadas
sociedades orais” (p. 39)
• Modelo da UNESCO (autônomo): “ele isola o
letramento como uma variedade independente e
então alega ser capaz de estudar suas consequências.
Essas consequências são classicamente
representadas em termos de ‘decolagem’ econômica
ou em termos de habilidades cognitivas” (p. 44)
• Modelo ideológico: “Concentra-se na sobreposição e
na interação das modalidades oral e letrada, em vez
de enfatizar uma ‘grande divisão’.” (p.44)
• “As percepções e usos locais do letramento,
portanto, podem diferir dos da cultura dominante e
têm de ser levados em conta para se compreender a
experiência letrada de povos diferentes” (p. 58)
• Pensar em letramentos sociais é desenvolver “(...)
sensibilidade para com culturas locais e do
reconhecimento do processo dinâmico de sua
interação com culturas e letramentos dominantes”
(p. 59)
• Futuro do letramento

• “(...) o modo como as ‘variações locais’ se


‘acomodam’ ao caráter hegemônico das
campanhas centrais levantará as questões
fundamentais para aqueles preocupados com o
‘futuro do letramento’ nas próximas décadas”
(p. 61)
•Seção 3 - O letramento na educação
• Cap 5 – Estudo de caso nos EUA; distância entre o
letramento escolar e o letramento familiar
• Cap 6 – Implicações dos novos estudos de
letramento para a pedagogia

• Modelo autônomo “natural”


• Evento de letramento: Palestra
• “O todo, em certo sentido, é maior do que a soma de suas
partes e é sustentado por sistemas de ideias e de
organização que não ficam necessariamente explícitos no
discurso imediato” (p. 146)
• “(...) nós temos em nossas mentes modelos culturalmente
construídos do evento de letramento. Quero usar o
conceito de práticas de letramento para indicar esse nível
dos usos e significados culturais da leitura e da escrita. Por
práticas de letramento vou me referir não só ao evento em
si, mas a concepções do processo de leitura e escrita que as
pessoas sustêm quando engajadas no evento” (p. 147)
• Noção de multiletramentos – crucial para contestar o
modelo autônomo -> inviabiliza a existência de UM
letramento único, reflexo de uma subcultura e que
deixa de dar conta da variedade de práticas letradas
(p. 147)
• Porém, deve ter-se cuidado com a reificação do
letramento
• Cultura 1 – letramento 1, cultura 2, letramento 2
• Não se trata de um inventário ou de uma lista
• Prefere falar em letramentos dominantes x
letramentos marginalizados (p. 148)
• Letramento escolarizado – dominado pelo modelo
autônomo; ensinar ortografia vai além de ensinar
técnica, pois ela acaba mostrando aos alunos quais
são os modos de dizer culturalmente aceitos e
valorizados (discursos secundários), em
contraposição aos demais que os alunos trazem para
a sala (discursos primários) – Gee, 1990] (p. 150)
• Freire: discussão do conceito de “favela” antes de
ensinar a ler e escrever a palavra favela ->
“abordagem quase exclusivamente silábica” (p. 151)
• “Gêneros do poder”: gêneros ensinados na
escola não estabelecem uma correlação
imediata com a obtenção de posições de poder
na sociedade (p. 154)
• “Uma abordagem que vê o letramento como
prática social crítica tornaria explícitos desde o
início os pressupostos e as relações de poder
em que tais modelos de letramento se fundam”
(p. 155)
• Crítica a Freire baseada em Prinsloo: “as aulas sobre
formação de palavras tendem a prosseguir
indefinidamente sem que os aprendizes desenvolvam
hábitos de leitura e escrita encaixados em contexto de uso
real” (p. 151)
• “O método Paulo Freire é vulnerável a essa manipulação
culturalmente cega da parte de ativistas imbuídos de fervor
ideológico e que acreditam tão fortemente estar
‘empoderando’ os camponeses ‘ignorantes’ que deixam de
ver a dominação cultural e política que eles mesmos
exercem” (p. 152)
• Seção 4 – Para um quadro teórico-crítico
• Capítulo 7: Olhar crítico sobre Walter Ong e a “grande
divisão”
• Ong: “A comunicação se torna menos sujeita às pressões
sociais do momento imediato” (p. 164) -> Escrita
(letramento) é sujeita a essas pressões
• “Práticas letradas estão sempre encaixadas em usos orais, e
as variações entre culturas são geralmente variações na
mescla de canais orais/letrados” (p.168)
• Seção 4 – Para um quadro teórico-crítico
• Capítulo 8: Práticas letradas e mitos do letramento (leitura
complementar)
• Maior aprofundamento da distinção entre os modelos
autônomo e ideológico de letramento
Elaborado por:
Rayane Lenharo
(UFPR)

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