Aula 4 - Termodinâmica

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Universidade Federal de Pernambuco

Professora: Gisele Matias


Física 2

Termodinâmica Calor recebido: positivo (Q > 0)


Calor cedido: negativo (Q < 0)
A Termodinâmica estuda as transformações e as
relações existentes entre dois tipos de energia: 1° Lei da Termodinâmica
energia mecânica e energia térmica.
No estudo da Termodinâmica dos Gases Perfeitos, O conhecido Princípio da Conservação de Energia,
são parâmetros básicos as grandezas físicas: energia quando aplicado à Termodinâmica recebe a
interna (U), trabalho (τ) e quantidade de calor (Q), denominação de 1° Lei da Termodinâmica. Esta Lei é
associadas a uma transformação sofrida pelo gás enunciada da seguinte forma:
perfeito. “Para todo sistema termodinâmico, existe uma
função característica, denominada energia interna. A
Energia interna: é o somatório de vários tipos de variação dessa energia interna (ΔU) entre dois
energias existentes em suas partículas. No caso do estados quaisquer pode ser determinada pela
gás perfeito, essa energia se resume à energia de diferença entre a quantidade de calor (Q) e o
translação das partículas, sendo calculada pela trabalho (τgás) trocados com o meio externo.”
expressão definida pela Lei de Joule:
Matematicamente temos:
3 ΔU = Q – τgás
U= nRT
2
Transformações Termodinâmicas Particulares
Relacionando a Lei de Joule com a Equação de
Clapeyron, temos: Transformação Isotérmica: a temperatura do
sistema gasoso matém-se constante e,
3 3 consequentemente, a variação de sua energia interna
U = n R T = pV é nula (ΔU = 0).
2 2
ΔU = Q – τgás
0 = Q – τgás
Observe que a energia interna (U) de um gás é função
Q = τgás
da sua temperatura absoluta (T), portanto:
Então:
- Se houver aumento da temperatura do gás, a energia
a) Se o sistema recebe calor (Q > 0), essa energia é
interna também aumenta, e consequentemente a
utilizada na realização de trabalho (τgás > 0).
variação da energia interna é positiva (ΔU > 0).
- Se houver diminuição da temperatura, a energia
interna também diminui, e consequentemente a
variação da energia interna é negativa (ΔU < 0).

Trabalho: de acordo com a Mecânica sabemos que


todo trabalho é realizado por uma força (F).
- Se a força exercida pelo gás no êmbolo tem o
mesmo sentido do deslocamento (d) sofrido pelo
êmbolo, então o trabalho realizado por esta força é b) Se o sistema recebe trabalho (τ gás < 0), ele cede
positivo (τgás > 0) para o meio externo igual quantidade de energia em
- Se a força exercida pelo gás no êmbolo tem sentido forma de calor (Q < 0).
oposto ao deslocamento (d) sofrido pelo êmbolo,
então o trabalho realizado por esta força é negativo
(τgás < 0)

Na expansão: τgás > 0 e o gás fornece energia na


forma de trabalho (o gás realiza trabalho).
Na compressão: τgás < 0 e o gás recebe energia na
forma de trabalho (o gás recebe trabalho).

Calor: é a energia térmica em trânsito.


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Transformação Isométrica, isocóricas ou


isovolumétricas: o volume do gás mantém-se
constante e, consequentemente, o sistema não troca
trabalho com o meio externo (τ gás = 0). Portanto,
nesse tipo de transformação o sistema não realiza
nem recebe trabalho.
ΔU = Q – τgás Transformação Adiabática: não há troca de calor
ΔU = Q – 0 entre o sistema e o meio externo (Q = 0). Dessa
ΔU = Q forma, toda a energia recebida ou cedida pelo sistema
Então: ocorre por meio de trabalho.
a) Se o sistema recebe calor (Q > 0), sua energia ΔU = Q – τgás
interna aumenta (ΔU > 0) em igual valor. ΔU = 0 – τgás
ΔU = – τgás
Então:
a) Quando o sistema recebe trabalho (τgás < 0), sua
energia interna aumenta (ΔU > 0) em igual valor.
b) Se o sistema cede calor (Q < 0), sua energia
interna diminui (ΔU < 0) em igual valor.

Transformação Isobárica: a pressão do sistema b) Quando o sistema realiza trabalho (τ gás > 0), ele o
gasoso mantém-se constante. Dessa forma, a análise faz retirando essa energia da sua própria energia
do que ocorre é feita pela Equação de Clapeyron (pV interna, que diminui.
= nRT).
Como p, n e R são constantes, então o volume (V) é
diretamente proporcional a temperatura absoluta (T)
do gás.

Portanto:
a) Quando a temperatura do sistema aumenta, seu
volume também aumenta. Isso significa que sua Diagramas Termodinâmicos
energia interna aumenta (ΔU > 0) e que o sistema
realiza trabalho (τgás > 0). No estudo da Termodinâmica dos Gases Perfeitos é
ΔU = Q – τgás ou Q = ΔU + τgás muito importante o Diagrama de Clapeyron, que
representa a relação existente entre a pressão, o
volume e a temperatura absoluta da massa de gás
perfeito.

Transformação Aberta
b) Quando a temperatura do sistema diminui, seu Um sistema gasoso sofre uma transformação definida
como aberta quando passa de um estado definido no
volume também diminui. Isso significa que sua
energia interna diminui (ΔU > 0) e que o sistema ponto A para outro definido no ponto B, conforme a
figura:
recebe trabalho (τgás < 0).
ΔU = Q – τgás ou Q = ΔU + τgás
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Transformação Cíclica
Um sistema gasoso sofre uma transformação definida
como cíclica (ou fechada) quando o estado final
dessa transformação coincide com o estado inicial.
Num diagrama pressão X volume, essa transformação
cíclica é representada por uma curva fechada, e o
módulo do trabalho total trocado com o meio externo
é determinado pela “área interna” à curva fechada.
A área destacada sob a curva que representa a
transformação, indicada no diagrama pressão X
volume, é igual ao módulo do trabalho que esse
sistema troca com o meio externo, ao executar essa
transformação.

Numa transformação aberta podem ocorrer 3


situações:

a) Quando um sistema realiza trabalho (τ gás > 0), seu


volume aumenta.

Na transformação AB:
 Trabalho realizado → τAB > 0
Na transformação BA:
 Trabalho recebido → τBA < 0

Observação:
Área = │τAB│ τAB > 0 Quando o ciclo está orientado no sentido horário, o
trabalho realizado é maior que o recebido, ou seja, o
b) Quando um sistema recebe trabalho (τ gás < 0), seu ciclo no sentido horário indica que o sistema realiza
volume diminui. trabalho (τciclo > 0).
Quando o ciclo está orientado no sentido anti-
horário, o trabalho recebido é maior que o realizado,
ou seja, o ciclo no sentido horário indica que o
sistema recebe trabalho (τciclo < 0).

Máquinas Térmicas e a 2° Lei da Termodinâmica

Área = │τCD│ τCD < 0 Máquinas térmicas são dispositivos usados para
converter energia térmica em energia mecânica.
c) Quando um sistema não troca trabalho com o meio Esquema e funcionamento da máquina térmica:
externo, seu volume permanece constante.

Área = 0 τEF = 0 Há duas fontes térmicas uma “quente” e outra “fria”,


entre elas coloca-se a máquina térmica. Um fluido
operante, geralmente vapor de água, serve de veículo
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para a energia térmica que sai da fonte quente, passa Coube ao engenheiro francês Nicolas Leonard Sadi
pelo dispositivo intermediário, que utiliza parte dessa Carnot demonstrar a impossibilidade desse
energia na realização do trabalho, e leva o restante rendimento. Ele propôs uma máquina térmica teórica,
para a fonte fria. ideal, que funcionaria percorrendo um ciclo
A conservação de energia garante que: particular, o ciclo de Carnot. Esse dispositivo
τ = │QA│ - │QB│ obedeceria a dois postulados estabelecidos pelo
O trabalho realizado pela máquina térmica é igual à próprio Carnot, antes mesmo do enunciado da 1° Lei
diferença entre os módulos do calor recebido da fonte da Termodinâmica.
quente e do calor rejeitado para a fonte fria.
1° Postulado de Carnot: nenhuma máquina
2° Lei da Termodinâmica operando entre duas temperaturas fixadas pode ter
rendimento maior que a máquina ideal de Carnot,
Rendimento de uma máquina térmica (η): é operando entre essas mesmas temperaturas.
definido pela fração do calor recebido da fonte
quente, que é usada para realizar trabalho: 2° Postulado de Carnot: ao operar entre duas
τ |Q A|−|QB| temperaturas, a máquina ideal de Carnot tem o
η= = mesmo rendimento, qualquer que seja o fluido
QA |Q A| operante.

|Q B| Esses postulados garantem que o rendimento de uma


η=1− máquina térmica é função das temperaturas das
|Q A|
fontes fria e quente. Entretanto, fixando-se as
temperaturas dessas fontes, a máquina teórica de
Uma máquina ideal seria aquela que tivesse
Carnot é aquela que conseguiria ter o maior
rendimento de 100% (η = 1), mas para que isso
rendimento.
ocorra, a quantidade de calor rejeitada para a fonte
Para o caso em que o fluido operante é o gás perfeito,
fria deveria ser nula (QB = 0). Na prática, isso é
o ciclo de Carnot é composto de duas transformações
impossível, pois a energia térmica só sai da fonte
isotérmicas e duas adiabáticas, intercaladas.
quente devido à existência da fonte fria.

Dessa impossibilidade surgiu o enunciado de Kelvin-


Planck para a 2° Lei da Termodinâmica:
“É impossível construir uma máquina que, operando
em transformações cíclicas, tenha como único efeito
transformar completamente em trabalho a energia
térmica recebida de uma fonte quente.”

O fato de a energia térmica fluir da fonte quente para


a fonte fria levou Rudolf Clausius a enunciar a 2° Lei
da Termodinâmica da seguinte forma: Na expansão isotérmica DA: o sistema realiza
“É impossível uma máquina, sem ajuda de um agente trabalho utilizando o calor QA retirado da fonte
externo, conduzir calor de um sistema para outro que quente.
esteja a uma temperatura maior.” Na expansão adiabática AB: o sistema não troca
Ou seja, o calor só pode passar de um sistema de calor, realizando trabalho com diminuição de energia
menor temperatura para outro de maior temperatura interna e, portanto, de temperatura.
se um agente externo realizar um trabalho sobre esse Na compressão isotérmica BC: o sistema rejeita QB
sistema. de calor para a fonte fria, utilizando o trabalho
recebido.
Ciclo de Carnot Na compressão adiabática CD: o sistema não troca
calor, recebe trabalho, que serve para aumentar sua
Até 1824, acreditava-se que uma máquina térmica energia interna e, portanto, sua temperatura.
poderia atingir o rendimento total (100%) ou algo
próximo desse valor.
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No ciclo de Carnot, os calores trocados (Q A e QB) e representadas abaixo, as relações corretas são
as temperaturas absolutas (TA e TB) das fontes quente respectivamente:
e fria são proporcionais, valendo a relação:

|Q A| T A
=
|QB| T B
Substituindo na equação do rendimento de uma
máquina térmica, obtemos, para a máquina de
Carnot:
I II III
TB a) ΔU = τ τ=Q ΔU = Q
η=1− b ΔU = Q ΔU = τ Q=τ
TA )
c) ΔU = Q τ=Q ΔU = - τ
Considerando a temperatura da fonte fria (T B) igual a d Q=0 τ=0 ΔU = 0
zero Kelvin (zero absoluto), temos: )
0 e) Q=τ τ=0 ΔU = τ
η=1−
TA
03) O diagrama pressão X volume a seguir mostra
η=1 ou η ( % )=100 % uma transformação isotérmica sofrida por 1 mol de
gás perfeito.
Entretanto, este fato contraria a 2° Lei da
Termodinâmica, que garante ser impossível um
rendimento de 100% (pois sempre haverá
transferência de energia para a fonte fria), o que nos
leva a concluir que nenhum sistema físico pode estar
no zero absoluto.
Portanto:
“O zero absoluto seria a temperatura da fonte fria de
uma máquina ideal de Carnot, que operasse com
rendimento de 100%.”
A área destacada mede:
a) o calor cedido pelo gás.
EXERCÍCIOS b) a variação de pressão do gás.
c) a variação de energia interna do gás.
01) Um sistema gasoso ideal troca (recebe ou cede) d) o trabalho realizado pelo gás.
e) o calor específico do gás medido à temperatura
com o meio externo 150 cal em forma de calor.
Determine, em joules, o trabalho trocado com o meio, constante.
em cada um dos casos:
a) expansão isotérmica 04) Um gás perfeito passa do estado representado por
A, no gráfico para os estados representados por B e
b) compressão isotérmica
c) aquecimento isométrico C:
use: 1cal = 4,18J

02) A primeira Lei da Termodinâmica relaciona os


seguintes parâmetros relativos a um sistema em
interação com sua vizinhança: variação da energia
interna (ΔU), trabalho realizado (τ) e calor trocado
(Q). Com base nessa lei, pode-se afirmar que, nas
transformações I, II e III de um gás ideal,
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Determine o trabalho realizado pelo gás, nas Considere uma amostra de 1 mol de gás perfeito,
transformações: sofrendo as transformações AB, BC e CA indicadas
a) A para B no diagrama pressão X volume:
b) B para C
c) ABC

05) Um gás perfeito monoatômico sofre o conjunto


de transformações indicadas no esquema:

Analise as proposições que se seguem:


(I) Nos estados A e B, a energia interna do gás é a
mesma, o que nos leva a concluir que, na
transformação AB, não ocorreu troca de energia entre
o gás e o meio externo.
(II) Em todo o ciclo, a temperatura é mínima no
a) Sendo T a temperatura absoluta do gás em A, qual estado C.
é a sua temperatura em D? (III) Nos estados A e B, a temperatura é a mesma.
b) Sendo n o número de mols e R a constante (IV) Na transformação BC, a energia interna do gás
universal dos gases perfeitos, qual é a variação de vai diminuindo, o que significa que o gás está
energia interna do gás ao passar do estado A para o cedendo energia para o meio externo.
D?
c) Qual é a razão entre os trabalhos do gás nas Estão corretas apenas:
transformações AB e CD? a) II, III e IV
b) I, II e III
06) Certa massa de gás ideal desenvolve o ciclo c) I e IV
indicado na figura: d) II e III
e) II e IV

08) O gráfico representa um ciclo de Carnot, para o


caso de um gás ideal.

Determine:
a) o trabalho realizado pelo gás, ao percorrer o ciclo
uma vez.
b) a potência desenvolvida, sabendo que a duração de
cada ciclo é de 0,5 segundos.
c) o ponto onde a energia interna do sistema é a
máxima e onde é mínima. Qual é a proposição falsa?

Dados: 1 atm = 105 N/m² a) De A até B, a transformação é isotérmica e o gás


1 litro = 1 dm3 = 10-3 m3 recebe calor do meio externo.
b) De C até D, a transformação é isotérmica e o gás
07) Para 1 mol de um gás perfeito, submetido a uma rejeita calor para o meio externo.
pressão p e ocupando um volume V, a temperatura c) De B até C, a transformação é adiabática e o gás
absoluta T e a energia interna U são dadas por: realiza trabalho contra o meio externo.
d) De D até A, a transformação é adiabática e o gás
pV 3 realiza trabalho contra o meio externo.
T= e U = pV
R 2
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e) Durante o ciclo, o trabalho realizado pelo gás c) τABC = 3 J


sobre o meio externo é maior que o trabalho realizado 05) a) TD = T
pelo meio externo sobre o gás. b) ΔUAD = 0
τ AB
09) O esquema representa trocas de calor e realização c) =−1
τ CD
de trabalho em uma máquina térmica. Os valores de
06) a) τABC = 250 J
T1 e Q2 não foram indicados, mas deverão ser
b) Pot = 500 W
calculados durante a solução da questão.
07) a
Considerando os dados indicados no esquema, se
08) d
essa máquina operasse segundo o ciclo de Carnot, a
09) a
temperatura T1, da fonte quente, seria, em Kelvins,
10) e
igual a:

a) 375
b) 400
c) 525
d) 1200
e) 1500

10) A turbina de um avião tem rendimento de 80%


do rendimento de uma máquina ideal de Carnot
operando às mesma temperaturas.
Em vôo de cruzeiro, a turbina retira calor da fonte
quente a 127°C e ejeta gases para a atmosfera que
está a -33°C.
O rendimento dessa turbina é de:
a) 80%
b) 64%
c) 50%
d) 40%
e) 32%

RESPOSTAS

01) a) τgás = 627 J


b) τgás = - 627 J
c) τgás = 0 J
02) c
03) d
04) a) τAB = 0 J
b) τBC = 3 J

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