Hannah Arendt e A Banalidade Do Mal
Hannah Arendt e A Banalidade Do Mal
Hannah Arendt e A Banalidade Do Mal
Nádia Souki
EDITORA UFMG
DIRETOR Flavio de Lemos Carsalade
VICE-DIRETORA Camila Figueiredo
CONSELHO EDITORIAL
Flavio de Lemos Carsalade (PRESIDENTE)
Ana Carina Utsch Terra
Antônio de Pinho Marques Júnior
Antônio Luiz Pinho Ribeiro
Camila Figueiredo
Carla Viana Coscarelli
Cássio Eduardo Viana Hissa
César Geraldo Guimarães
Eduardo da Motta e Albuquerque
Élder Antônio Sousa e Paiva
Helena Lopes da Silva
João André Alves Lança
João Antônio de Paula
José Luiz Borges Horta
Lira Córdova
Maria Alice de Lima Gomes Nogueira
Maria Cristina Soares de Gouvêa
Renato Alves Ribeiro Neto
Ricardo Hiroshi Caldeira Takahashi
Rodrigo Patto Sá Motta
Sônia Micussi Simões
Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem
autorização escrita do Editor.
S721h
Souki, Nádia
Inclui referências
ISBN: 978-65-5858-011-9
CDD: 111
CDU: 111.84
Kant1
Herder afirma que Kant foi além das escrituras, na afirmação de uma
natureza pecadora do homem. Para ele, o mal radical é o próprio diabo que
reside em nós, condenando o imperativo categórico a ser apenas uma lei
puramente formal, da qual o poder radical do mal tira toda eficácia. Schiller
também acusa a teoria kantiana do mal de se juntar à religião revelada e de
dar à ortodoxia uma garantia filosófica da qual ela se apodera sem se tornar,
contudo, mais esclarecedora.
Ainda, segundo o comentário de Bruch, à indignação ou à reprovação dos
contemporâneos sucederam-se as críticas do século XIX. Segundo
Troeltsch (1904), a teoria do mal radical aparece dentro de um escrito de
circunstância destinado a reencontrar um compromisso entre a filosofia e o
cristianismo. Fittbogen (1924) resume a antipatia da maior parte dos
comentadores deste texto, ao afirmar que esta doutrina é a mais impopular
de toda a filosofia kantiana e que ela soa mal aos ouvidos tanto de ontem
quanto de hoje.
Foram necessários mais de um século e a experiência das guerras do
século XX para que a teoria do mal radical deixasse de escandalizar os
filósofos; estes, juntamente com os teólogos, renunciaram ao
leibnizianismo, não tendo medo de afrontar o mal. Isso nos leva a concluir
que Kant foi, sem dúvida, um precursor, pois conseguiu ver mais longe que
seus contemporâneos e, se ele é um dos filósofos da Aufklárung, é também
um decidido crítico dela. A razão é a instância suprema no homem, mas
essa mesma razão é essencialmente finita. Reconhecer essa limitação é um
dos maiores serviços à própria razão.
Em relação ao termo “mal radical”, Kant o tomou de Baumgarten
(Preleções, 1773). Já o termo radical vem de toda uma tradição
Kant supõe que haja uma lei moral universal e necessária. Declara, em
seguida, que um princípio suficiente existe de fato (pois o imperativo
categórico não pode ser deduzido), e este não pode ser compreendido da
forma como compreendemos os fatos do mundo da experiência, pois ele é
fato último e fato, não no sentido da experiência sensível, mas “fato da
razão”, presente unicamente à razão, fato noumenal. A lei moral é um fato,
é um dado imediato, a priori e necessário.
A razão é, por si só, legisladora, autônoma e determinante da vontade.
Essa autonomia é a propriedade que a vontade tem de ser, ela própria, a sua
lei (independentemente de qualquer propriedade do querer). É importante
ressaltar que, para Kant, a vontade livre e a vontade submetida à lei moral
são a mesma coisa.
Ele não estabelece o conteúdo da lei, mas apenas esclarece a forma de lei
geral que deve apresentar à infinidade de conteúdos possíveis de nossa
conduta, para que essa seja moral. Esta é a forma do Imperativo categórico:
“Age de tal forma que a máxima de tua ação possa se converter em lei
universal.”
É importante, aqui, diferenciar a vontade legisladora (Wille) da qual
procedem as leis, da vontade arbitrária (Willkuhr) da qual procedem as
máximas. Vontade legisladora e vontade arbitrária são dois aspectos
complementares da vontade humana. Enquanto a primeira é o poder
legislativo, pois se refere à capacidade da vontade de editar as próprias leis,
a segunda é o poder executivo, pois se refere às ações. A vontade é
necessária, o arbítrio é livre para obedecer ou não à lei. É, exatamente,
nessa possibilidade do arbítrio humano que se inscreve o problema do mal
radical.
Como esclarece Weil,15 a crítica funda a moral, mas não a contém, o
imperativo categórico diz o que não fazer, mas nos deixa bem
legitimamente, segundo Kant, na ignorância de nossos deveres positivos.
Deveres que se determinam de acordo com a natureza do homem, e não
segundo a natureza de seus afetos individuais, das tradições de seu grupo,
de seu temperamento etc, mas segundo a relação dessa natureza enquanto
que simples natureza ao dever, enquanto tal.
E complementa:
(…) essa “falta de consciência” é a fuga diante de seu veredito inelutável, a recusa de
saber o que se sabe, como diz a expressão: eu não quero o saber. Essa é a falta das faltas, a
mentira a si mesmo, que, ao destruir o princípio de toda a vida moral, a sinceridade, faz o
homem perder todo o caráter, e engendra todas as mentiras e todos os vícios.
Hannah Arendt
O conceito de novidade
O conceito de novidade é um dos pontos mais expressivos de toda a obra
de Hannah Arendt, e a compreensão profunda das implicações disso nos faz
reconhecer a pertinência do conceito de banalidade do mal, no quadro da
filosofia contemporânea. Embora o conceito de novidade não seja tratado
com especificidade, isto não impede que ele perpasse de ponta a ponta todo
o pensamento político da autora. Lembramos que não procedemos a uma
releitura da obra de Hannah Arendt à caça do substantivo em causa, pois ele
nem precisa aparecer, tamanha a força de sua presença. O conceito de
novidade é lançado, pela primeira vez, em Origens do totalitarismo, só
sendo devidamente trabalhado em Entre o passado e o futuro. Aí a inovação
aparece como sinônimo de criação que, por seu lado, se origina do conceito
de ação. Ação e criação estão indissociadas.
Ao comentar a tensão entre filosofia e política,1 Hannah Arendt reflete
sobre o espanto e cita Platão, para quem o início de toda filosofia é
thaumadzein, o espanto maravilhado face a tudo que é como é, “pois do que
o filósofo mais sofre é do espanto, pois não há outro início para a filosofia
senão o espanto (…)” (Teeteto). Thaumadzein, segundo Platão, é um
pathos, algo que se sofre e, como tal, é muito diverso da doxadzein, da
formação de opinião sobre alguma coisa. O espanto que o homem
experimenta ou que o acomete não pode ser relatado em palavras, por ser
geral demais. Tornou-se um axioma que, tanto para Platão quanto para
Aristóteles, esse espanto é o início da filosofia. Diante de tudo o que é
como é jamais se liga a qualquer coisa específica e, por isso, Kierkegaard
interpretou-o como a experiência da coisa-nenhuma, do nada. O choque
O totalitarismo em questão
Abordemos, então, a questão do totalitarismo no pensamento político de
Hannah Arendt. É importante ressaltar que não nos interessa aqui fazer uma
teoria do totalitarismo, mas apontar para uma ideia do totalitarismo como
novidade, uma vez que esta é essencial para a questão que nos orienta: que
é o conceito de banalidade do mal.
Hannah Arendt trata com especificidade esse tema na obra Origens do
totalitarismo. Na verdade o próprio título é enganoso, pois, de fato, o
totalitarismo é um fenômeno sem precedentes, e nenhuma evolução
histórica, perfeitamente articulada, pode dar conta plenamente de suas
origens.
Trata-se, na verdade, de “uma enquete mais sociológica do que
histórica”,13 pois esse livro não desenvolve uma sequência histórica. É
preferível falar de uma relação de convergências, convergência de
acontecimentos que culmina por “cristalizar-se” em totalitarismo, e
convergência de conceitos que esclarecem esta evolução. Hannah Arendt
não procede a uma enquete histórica a propósito do fato totalitário, porque o
estatuto da novidade radical, aí assinalado, interdita o recurso às sequências
históricas tradicionais e à causalidade linear. Os “elementos” ou “origens”
do totalitarismo não são, pois, as causas no sentido da causalidade histórica
pela qual um acontecimento pode ser sempre explicado por um outro: os
elementos não “causam” nada, eles se “cristalizam” em certas formas
determinadas.
Ideologia e terror
Para Hannah Arendt, o totalitarismo está apoiado em dois pilares:
ideologia e terror. Enquanto a ilegalidade é a essência do governo tirânico,
o terror é a própria essência do domínio totalitário. Tal regime não abole
somente a liberdade pública, mas visa à eliminação total da espontaneidade
nela mesma e, contrariamente à tirania que autoriza ainda a ação motivada
pela crença, o totalitarismo consegue suprimir toda a ação. O isolamento
tirânico que não atinge a esfera da vida privada se opõe à desolação
totalitária, definida como “a experiência absoluta de não pertinência ao
mundo”. Esta desolação é o efeito de uma violência que se difunde do
próprio interior do corpo social, lugar onde se pode analisar o mecanismo
de sua difusão.
Para Hannah Arendt, o primeiro traço da dominação totalitária é a
destruição das redes de comunicação que prendem o homem a um tecido
sociopolítico, a fim de promover a mobilização das massas despolitizadas.
O volume de pessoas, a apatia e o mutismo político são suficientes para
definir essas massas, vindas da atomização social consecutiva à Primeira
Guerra Mundial, ao desemprego e a inflação, os quais esmagaram todas as
distinções, aplainando, assim, o caminho do totalitarismo. Nenhum
interesse comum, seja econômico, social ou político, liga os elementos
desse agregado para fazer deles uma comunidade; mas, ao contrário, é a
atomização e o extremo individualismo que é o princípio da massa não
como formação social, mas como sociabilidade amorfa.
Para ilustrar o sistema de dominação, Hannah Arendt usa a imagem da
“estrutura da cebola”, em oposição ao modelo piramidal autoritário. O
dirigente age, a partir do interior de uma estrutura, composta de muitas
camadas formadas de simpatizantes, adeptos, de membros das formações da
elite ou do núcleo dos iniciados em torno do líder. O estrato mais exterior
tem uma aparência de normalidade, ao mesmo tempo para as massas e para
o estrato imediatamente interior e assim por diante. Essa estrutura permite a
filtragem da realidade, criando um abismo entre a ficção ideológica central
e o mundo periférico, possibilitando sempre desmentir o que transpira daí.
É isso que lhe faz compreender por que, tanto na União Soviética quanto
na Alemanha, esses campos não foram estabelecidos tendo-se em vista a
possibilidade de maior produtividade: sua única função econômica foi
financiar a sua aparelhagem. Para além de sua própria inutilidade, persegue-
se um objetivo fundamental: a destruição da pessoa jurídica e moral do
indivíduo até obter, nessa destruição, a cumplicidade entre vítima e
carrasco. Segundo Primo Levi,29 o aspecto mais perverso, o crime mais
demoníaco da experiência do nazismo foi o de ter concebido e organizado
as “equipes especiais”, esta cumplicidade, esta confusão, estrategicamente
fabricada e estruturada entre vítima e carrasco, chamada por ele de “zona
David Rousset1
A controvérsia
Em carta a Jaspers,2 em 1951, Hannah Arendt diz: “Eu não sei o que é o
mal radical, mas sei que ele tem a ver com este fenômeno: a superfluidade
dos homens enquanto homens.” Essa declaração nos faz pensar em algumas
questões fundamentais acerca desse assunto: primeiro, que ela não deixou
de pensar sobre o mal radical; em suas conclusões,3 no final de Origens do
totalitarismo, essa questão não ficou encerrada, mas, ao contrário,
continuou presente e na pauta de suas preocupações. Em segundo lugar, que
ela não recusa o conceito kantiano de mal radical, como pode revelar uma
análise superficial dessa mesma conclusão, mas ainda o toma como ponto
de partida para pensar o fenômeno do mal. Ao mesmo tempo, com essa
afirmação feita a Jaspers, a autora nos indica a mudança que vai se operar
em sua concepção de mal radical, prenunciando, mesmo de forma
embrionária, seu conceito de banalidade de mal que apareceu dez anos
depois.
A questão esboçada por ela, em Origens do totalitarismo (1951), é
retomada em Eichmann em Jerusalém (1963). Em 1961, Hannah Arendt vai
a Jerusalém a fim de assistir ao processo Eichmann como correspondente
do jornal New Yorker. Retomados no livro Eichmann em Jerusalém, seus
artigos vão desencadear uma tempestade polêmica que contribuirá para a
celebridade da autora, mas não para a compreensão de seu pensamento.
Acusada de pisar em tumbas ainda frescas – por ter posto em causa a
atitude dos conselhos judeus face ao nazismo – ela suspeita de
cumplicidade desses com o carrasco, ao pintar o retrato de um Eichmann
O caso Eichmann
Hannah Arendt diz que o livro sobre Eichmann não contém nenhuma
tese, mas é “(…) um comentário de um processo e não a exposição desta
história” e “(…) um comentário que se limita a expor todos os fatos que
estavam em questão na corte do processo em Jerusalém”.26 E ainda sobre a
controvérsia suscitada por esse livro, ela diz que “(…) gira em grande parte
em torno de fatos e não em torno de teses e opiniões – em torno de fatos
que foram transformados em teoria a fim de lhes tirar o seu caráter de
fatos.”27 Esse livro não é um ensaio nem tem uma motivação teórica
primordial; trata-se, em princípio, de um relato sobre um julgamento.
Em Eichmann em Jerusalém os debates se polarizam em torno de três
questões principais: o retrato que Hannah Arendt fez de Eichmann, como
um indivíduo banal; as notas dela sobre os conselhos judeus europeus e o
papel desses conselhos na solução final nazista; e as discussões, sobretudo
no primeiro e no último capítulos, sobre a condução do processo, as
O autor nos convida a compreender e admirar o rigor que ela usa para
distinguir os conceitos, mostrando como esse rigor é, para ela, um ato de fé.
À luz da razão não se consegue analisar os crimes humanos mais
incompreensíveis. Uma tal precisão jurídica vale mais que o pathos, a
piedade e, sobretudo, a imprecisão perigosa, pois “aquilo que é sem
precedente, uma vez surgido, pode se tornar um precedente para o
futuro”.36 Ela explica que o povo judeu não pode crer em si mesmo; ou bem
crê em Deus, se isto é possível, ou bem crê em uma lei, mas uma lei que
valha para todos. Uma lei que valha para a humanidade.
O homem Eichmann
Interessa-nos agora tratar, sobretudo, das teses que Hannah Arendt
rejeitou a respeito do homem Eichmann, que possibilitaram a construção da
ideia de uma banalidade do mal.
Para ela, é intolerável tanto a tese de Eichmann como peça da
engrenagem, quanto a da culpa coletiva,39 esta última servindo para
encobrir os verdadeiros culpados como também a ideia de um “Eichmann
no fundo de nós”. É como se cada um, pelo simples fato de ser homem,
encobrisse inelutavelmente um “Eichmann” em si.40
Em sua volta à Alemanha após a guerra, Hannah Arendt espantou-se com
a assustadora indiferença das pessoas, como se nada ou quase nada tivesse
se passado. Para ela, a aceitação destas teses exime o povo alemão da
responsabilidade política. E, por outro lado, a tese oposta, “nós somos todos
culpados”, serve, de muitas formas, para encobrir os verdadeiros culpados;
com estas posições não se pode efetivamente descobrir o crime perpetrado.
É intolerável, para ela, encontrar os bodes expiatórios cujo preço eximiria o
povo alemão da culpa. Este povo deve assumir, de uma vez, de maneira
política, a responsabilidade dos crimes perpetrados em seu nome e pelos
membros de sua nação. Até hoje, somente uma pequena minoria foi capaz
de fazê-lo.41 Essas teses oscilam entre a acusação total e o inocentamento
total; de qualquer forma indicam uma dificuldade em se exercer o
julgamento do caso Eichmann. Na verdade, essas três teses estão
profundamente entrelaçadas e, a nosso ver, fundamentadas em uma outra
que é a do “homem demoníaco”.
Hannah Arendt é incisiva ao tirar de Eichmann seu caráter demoníaco.
Para ela “é justamente este caráter, por assim dizer, demoníaco do Mal, do
qual pode ainda por tal razão lembrar a lenda de Lúcifer, o anjo decaído,
que exerce uma força de atração tão extraordinária sobre os homens”.42 Ela
Catão
O retorno à filosofia
Na epígrafe de seu último livro A vida do espírito, na qual também nos
inspiramos, Hannah Arendt retoma a última frase de A condição humana.1
É necessário ver, nesse gesto, não uma escolha arbitrária, mas uma
continuidade subjacente, reaparecida após todos esses anos consagrados à
filosofia política e onde a expressão se tornou urgente pelo sentimento de
aproximação da morte. Ela confessa a Hans Jonas: “Em política, eu fiz o
que eu tinha a fazer; a partir de agora, durante o tempo que me resta, eu me
consagrarei ao que está além da política” (a filosofia).2
A filosofia foi o ponto de partida e de chegada de Hannah Arendt.
Começando com sua tese de doutorado, em 1929, sobre o conceito de amor
em Santo Agostinho, seu percurso intelectual e pessoal fez um longo mas
explicável desvio pela reflexão política, instigado pelos tempos sombrios
que sua geração foi obrigada a viver e compreender; ao fim de sua
existência, no entanto, retornou à reflexão filosófica – à vita contemplativa.
Nessa volta, não deixa de lado a preocupação com a política; ao contrário,
esta permanece no seu horizonte como estímulo poderoso à reflexão. Se no
fim de seu percurso intelectual Hannah Arendt retorna ao seu começo – a
filosofia –, não se trata de um movimento em círculo fechado, mas sim em
espiral, porque chega a uma filosofia enriquecida e problematizada por uma
experiência histórica incontornável que revelou os limites da filosofia como
simples busca do cognoscível.
A vida do espírito, que marca o retorno de Hannah Arendt à filosofia, é
composto de três partes: O Pensar, O Querer e O Julgar?3 Esta tripartição
arendtiana tem como horizonte inspirador as três críticas kantianas e
Segundo ela, foi essa falta de pensamento, “uma experiência tão comum
em nossa vida cotidiana, em que dificilmente temos tempo e muito menos
desejo de parar e pensar”, que despertou seu interesse. Diante disso, ela
passa a levantar as questões que guiam todo o seu pensamento, ao escrever
A vida do espírito. São elas:
O pensar
O vazio de pensamento
B. Brecht
Comentadores
ARON, Raymond. L’essence du totalitarisme. Critique, n. 10, p. 51-70, jan.
1954.
BEINER, Ronald. Hannah Arendt and Leo Strauss: the uncommenced
dialogue. Potilical Theory. v. 18, n. 2, p. 238-254, May 1990.
BETTELHEIM, Bruno. Compte rendu de Eichmann in Jerusalém. The New
Republic, p. 22-23, 13 june 1963. (Trad. in Survivre. Paris: Laffont, 1979. p.
309-327).
_____. Eichmann; the system, the victimes. The New Republic, p. 22-23, 15
June 1963.
BUCI-GLUCKSMANN, Christine. La troisième critique d’Hannah Arendt.
In: ABENSOUR, Miguel (Ed.). Ontologie et politique: actes du Colloque
Hannah Arendt. Paris: Tierce, 1989. p. 187-200.
CANOVAN, Margareth. Arendt, Rousseau and human plurality in politics.
The Journal of Politics, v. 45, n. 2, p. 286-302, May 1983.
_____. The contradictions of Hannah Arendt’s political thought. Political
Theory, v. 6, n. 1, 1978.
CAROUX, Jacques. Quel monde pour l’homme de masse? Esprit, n. 6, juin
1980.
CHALIER, Catherine. Radicalité et banalité du mal. In: ABENSOUR,
Miguel (Ed.). Ontologie et Politique: actes du Colloque Hannah Arendt.
Paris: Tierce, 1989. p. 237-256.
COLLIN, François. Du prive et du public. Les Cahiers du Grif, Tierce, n.
33, p. 47-68, 1986.
COURTINE-DENAMY, Sylvie. Hannah Arendt. Paris: Belfond, 1994.
ENEGRÉN, André. La pensée politique de Hannah Arendt. Paris: PUF,
1984.
_____. Revolution et fondation. Esprit, n. 6, juin 1980.
ENEGRÉN, André. Pouvoir et liberte; une approche de la théorie politique
de Hannah Arendt. Études, p. 487-500, avr. 1983.
Outros
Conclusão
1. O início do interesse de Hannah Arendt pelo problema do mal parece
coincidir com a data em que ela situa o início do seu engajamento
político, precisamente a de 27 de fevereiro de 1933, dia do incêndio do
Reichstag e das prisões ilegais que se seguiram, na mesma noite. Sobre
isso ver: ABRANCHES. Só permanece a língua materna.
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2. Essa ideia do thaumatzein como o início da filosofia bem como da
política encontra-se amplamente discutida em: ABRANCHES.
Filosofia e política, p. 91.
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3. ARENDT. Lições sobre a filosofia política de Kant, p. 38.
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4. REVAULT d’ALLONES. Esprit, n. 11, p. 49-61.
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5. A questão da aparência no pensamento arendtiano torna-se muito clara
quando a autora mostra “o valor da superfície”, na primeira parte de A
vida do espírito: o pensar, o querer, o julgar.
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6. A expressão é de LIPOVETSKY. La era dei vacío - ensayos sobre el
individualismo contemporáneo.
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