Aula 04
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AIA no Brasil
4.1 Histórico
Desde os anos de 1960, um grande movimento nas áreas técnica e política fomentou inú-
meras discussões acerca das formas de desenvolvimento da humanidade, que no pós-Segunda
Guerra Mundial teve grande evolução no desenvolvimento de tecnologias industriais e desen-
volvimentistas, gerando profundos impactos socioambientais que se estendem até os dias atuais.
Um marco importante foi a realização da primeira Conferência das Nações Unidas para
o Meio Ambiente, em 1972, na cidade Estocolmo, Suécia, quando a ONU (Organização das
Nações Unidas) incorporou em suas práticas e ações o apoio para políticas ambientais ao re-
dor do mundo, fomentando e influenciando organizações financeiras internacionais (como o
Banco Mundial), a pedir estudos de impacto ambiental para os financiamentos de projetos, fi-
cando estes condicionados à viabilidade ambiental para o recebimento de créditos financeiros.
O Brasil, mesmo estando sob um regime de ditadura militar (que tinha como foco o
desenvolvimento a todo custo, não se preocupando com os temas socioambientais e de sus-
tentabilidade), foi pressionado pelas agências internacionais de fomento financeiro e cedeu
espaço ao diálogo para a previsão de impactos de grandes projetos de infraestrutura, como,
por exemplo, a construção de hidrelétricas e rodovias.
No cenário global, os Estados Unidos foram o primeiro país a criar um instrumento
jurídico específico para a avaliação de impactos ambientais. A Política Nacional de Ação
para o Meio Ambiente (National Environmental Policy Act – NEPA) foi instituída no país em
1969, estabelecendo que qualquer intervenção no meio ambiente deveria ser acompanhada
de estudos que serviriam de base para a realização de projetos, planos, programas e pro-
postas legislativas. Esse modelo serviu de base para o ordenamento jurídico brasileiro sobre
avaliação de impacto ambiental; no entanto, os legisladores brasileiros fizeram inúmeras
adaptações e alterações advinda do interesse do governo federal, que estava com inúmeros
projetos de infraestrutura em pleno desenvolvimento ou em fase de início.
Assim, no Brasil, os legisladores no Congresso Nacional, sob pressão internacional, elabo-
raram a primeira lei que estabelecia a obrigatoriedade de realização de estudos de avaliação de
impacto ambiental como ação preliminar à tomada de decisão por parte do Poder Público. Isso
ocorreu por meio da Lei 6.803, de 2 de julho de 1980, que trata do zoneamento industrial em
áreas críticas de poluição. Embora aparentemente parecesse um grande avanço, esse instrumen-
to jurídico era muito específico para os setores industriais petrolíferos, químicos e carboníferos.
O avanço histórico no ordenamento jurídico foi impulsionado, além da pressão inter-
nacional, pela opinião pública brasileira acerca dos resultados catastróficos de um modelo
de industrialização na região de Cubatão, no estado de São Paulo, em que os projetos indus-
triais não tinham nenhuma consideração com as questões ambientais, ocasionando uma de-
gradação ambiental e social sem precedentes no Brasil. Esses resultados foram amplamente
divulgados pelos meios de comunicação da época.
Em função disso, no ano de 1981, o Congresso Nacional Brasileiro aprovou a Lei 6.938,
estabelecendo a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) e instituindo o Sistema
Nacional do Meio Ambiente (Sisnama).
Promulgação da Lei
Federal 6.803, de 2 • trata do zoneamento industrial em áreas críticas de poluição.
de julho de 1980
Segundo a Constituição Federal, art. 225, o meio ambiente é um “bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).
Para distribuir as responsabilidades de gestão ambiental foi instituído o Sisnama que
visa descentralizar a gestão ambiental pública entre os municípios, os estados e a União,
criando uma rede articulada de organizações nos diferentes âmbitos da Federação.
Alagoas Semarhn/IMA
Pernambuco Sectama/CPRH
Paraíba Sectma/Sudema
Rio Grande do Norte Idema
Ceará Soma/Semace
Piauí Semar
Fonte: Elaborado pelo autor.
[...]
É preciso dizer que essas fases históricas não possuem marcos afirmativos
precisamente delineados, de maneira que elementos caracteristicamente
pertencentes a uma fase podem estar cronologicamente relacionados a
outra fase.
com o degrado para o Brasil quando a árvore abatida tivesse valor supe-
rior a trinta cruzados.
[...]
Ricardo Toledo Neder afirma que o que marca o Estado brasileiro após
a década de 30 em relação ao meio ambiente é o estabelecimento do con-
trole federal sobre o uso e ocupação do território e de seus recursos natu-
rais, em uma atmosfera de disputa entre o governo central e as forças
políticas e econômicas de diferentes unidades da Federação. Para o autor,
a “regulação pública sobre recursos naturais no Brasil nasceu da coaliza-
ção de forças políticas industrialistas, classes médias e operariado urbano
que deu origem à Revolução de 30 e do modelo de integração (nacional e
societária) daí decorrente”.
[...]
Atividades
1. O Brasil, mesmo estando sob um regime de ditadura militar, que tinha como foco o
desenvolvimento a todo custo, não se preocupando com os temas socioambientais e de
sustentabilidade, foi pressionado pelas agências internacionais de fomento financeiro
e cedeu espaço para o diálogo sobre a previsão de impactos de grandes projetos de
infraestrutura no Brasil, como, por exemplo, a construção de hidrelétricas e rodovias.
Cite alguns marcos importantes que resultaram na exigência de políticas ambientais.
3. Todo estado ou município tem a sua própria estrutura para a área de meio ambiente.
Descubra como funciona e quais são os órgãos que compõem o sistema no seu estado
ou município.