Residuos Pirotécnicos
Residuos Pirotécnicos
Residuos Pirotécnicos
RESUMO
O objetivo deste trabalho é apresentar recomendações relativas ao processo de descarte de
sinalizadores pirotécnicos vencidos e/ou danificados. Primeiramente, apresenta-se o
contexto histórico e evolutivo da gestão ambiental no mundo. Enfatiza-se, ainda, os
aspectos referentes à legislação, meio ambiente, segurança, saúde. Tais assuntos são
relevantes por fazerem parte da questão ambiental e, sobretudo, da gestão de resíduos. Em
seguida, é destacada a gestão de resíduos químicos, como os sinalizadores pirotécnicos.
Para compreender esta questão, apresenta-se um breve histórico sobre a pirotecnia e suas
características; além de conceitos referentes à gestão, gerenciamento,classificação de
resíduo e a política nacional de resíduos sólidos com o intuito de esclarecer as medidas
necessárias para transportar o material pirotécnico com segurança em território nacional,
bem como dar destino final para este tipo de artefato. A seguir são abordadas as principais
características dos sinalizadores pirotécnicos e seu enquadramento como resíduos. Por fim,
conclui-se o estudo com os resultados obtidos na pesquisa de campo, e é feita uma
prospecção do futuro desdobramento deste trabalho.
Palavras-chave: Sinalizadores Pirotécnicos, Descarte, Legislação Ambiental.
1. INTRODUÇÃO
A consciência e mobilização das nações para as questões ambientais têm seu marco
histórico nas últimas décadas do século XX. Gradativamente, está sendo construída uma
cultura de preservação e, principalmente, de sustentabilidade a partir de encontros
internacionais específicos para a discussão de matérias relacionadas à valorização natural
do planeta.
O tema vem assumindo postura estratégica no mundo dos negócios. Essa visão estratégica
deve ser considerada, essencialmente, na Gestão de Resíduos. No Brasil, desde meados
do Século XX, verifica-se, em diversos setores da economia, a geração de resíduos, sejam
esses efluentes hídricos, químicos, emissões atmosféricas ou de sólidos.
Mesmo existindo leis próprias à gestão de resíduos, o assunto encaminha-se lentamente. A
inexistência de gestão para reduzir e/ou eliminar fontes geradoras de resíduos, como
também a falta de programas adequados para a destinação de resíduos, resultam, na
maioria das vezes, em desastres ambientais.
de as futuras gerações terem suas próprias necessidades atendidas.” Portanto, cada vez
mais se tem consciência da necessidade de se buscar maneiras de preservar os recursos
ambientais, assim como formas alternativas de desenvolvimento com preservação
ambiental. (CMMAD, 1988, p. 78).
O documento destaca a adoção mundial de políticas concretas, específicas para questões
ambientais, como sendo imprescindível ao futuro do planeta. Chama a atenção para a
delimitação necessária entre tecnologia e meio ambiente. Defende, por conseqüência, a
idéia de que a economia e a ecologia podem ser pensadas juntas e, nesse sentido, instiga a
inclusão do meio ambiente, juntamente com a economia, nos processos de decisão.
A idéia de que a natureza é uma fonte de recursos finitos e não gratuitos, proporcionou um
novo enfoque à economia e à exploração econômica. Constata-se, nos dias atuais, a
necessidade de racionalizar e otimizar a utilização dos recursos naturais dentro de uma
visão de longo prazo, levando-se em conta os princípios da conservação, reciclagem,
poupança e precaução.
Em 1991, na Conferência Mundial da Indústria sobre a Gestão do Ambiente, foi divulgada a
Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável elaborada pela Câmara de
Comércio Internacional (CCI), que passou a nortear as empresas em relação aos princípios
relativos à gestão do ambiente, representando, portanto, um documento de importância vital
para o desenvolvimento sustentável. Foram estipulados 16 princípios para orientação das
ações voltadas ao desenvolvimento sustentável.
Em junho de 1992 a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (UNCED), realizada na cidade do Rio de Janeiro, marcou história no
âmbito das questões ambientais. Mais uma vez autoridades de vários países avaliaram
impactos e agressões ambientais, surgindo, então, propostas de acordos internacionais
para a recuperação e defesa do ecossistema, conforme comenta Vieira (1997, p. 114).
Esse evento resultou em dois importantes documentos:Carta da Terra (Declaração do
Rio)Estabelecimento de acordos internacionais para preservação dos interesses de todo o
mundo em prol da integridade do meio ambiente, reafirmando-se as diretrizes do
desenvolvimento sustentável e a Agenda 21 que surge como resultado da Conferência, e
define ações ligadas ao conceito de desenvolvimento sustentável. Segundo o Ministério do
Meio-Ambiente, esse documento visa conciliar métodos de proteção ambiental, justiça social
e eficiência econômica.
Dez anos após a reunião do Rio de Janeiro, a Cúpula Mundial das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável realizou nova Conferência em Johannerburgo. Nesse evento
o conceito de desenvolvimento sustentável assumiu novo paradigma, passando a integrar o
crescimento econômico, o desenvolvimento social e a proteção do meio ambiente.
Os principais assuntos abordados foram: recursos hídricos, energia, saúde, agricultura e
biodiversidade.
A partir dessas conferências amadureceu o conceito de desenvolvimento sustentável,
definindo-se que a solução para as questões de impacto no meio ambiente não estavam
baseadas simplesmente no fato de tornar o desenvolvimento mundial mais gradativo, mas
sim orientá-lo para a preservação do meio-ambiente e para os recursos que não são
renovados.
Dessa forma, o desenvolvimento sustentável necessário à gestão ambiental prevê que as
gerações atuais utilizem os recursos naturais, renováveis e não renováveis, de forma a não
comprometer o uso desses mesmos recursos por gerações futuras (ANDRADE et al, 2002,
p. 112).
3. SEGURANÇA AMBIENTAL
Os documentos até então produzidos, a partir dos eventos pertinentes à gestão
ambiental englobam, por conseqüência, as questões relativas à segurança ambiental:
Uma e outra visão da segurança deixam antever os desafios ambientais como uma
preocupação em potencial – embora a visão mais moderna atribua maior
importância às questões ambientais em razão do seu impacto direto sobre a saúde
humana e a estabilidade econômica e, certamente, sobre o desenvolvimento
sustentável (OEA, 2002. p.3).
Entretanto, considerando-se, por exemplo, a gestão dos recursos hídricos, as bacias muitas
vezes transpassam os limites territoriais dos países, podendo gerar uma situação de
dependência entre países, visando a obter água e abastecer suas populações. A autora
reforça a questão quando afirma:
6. LEGISLAÇÃO DE RESÍDUOS
Encontra-se tramitando nas respectivas instâncias de aprovação à implantação de
uma Política Nacional de Resíduos Sólidos. A existência de uma legislação adequada para
gestão de resíduos de âmbito nacional representa grande conquista para os princípios da
gestão ambiental e do desenvolvimento sustentável.
A minuta desse documento prevê a instituição de uma Política que defina diretrizes,
responsabilidades e parâmetros técnicos para o gerenciamento de resíduos no Brasil,
resguardando os regulamentos e as normas técnicas já homologadas.
Essa política permitirá o monitoramento e acompanhamento fiscal do ciclo integral de
resíduos sólidos, considerando níveis de toxicidade e nocividade. Deverá, ainda, estimular a
reciclagem de produtos, o consumo de produtos com menor impacto ambiental e programas
de educação ambiental que visem a maior conscientização da sociedade.
Nesse contexto de formalização de políticas de gerenciamento de resíduos, será importante,
ainda, a capacitação de agentes para a fiscalização, monitoramento e controle dos
Além disso, esses produtos controlados têm que, obrigatoriamente, segundo o Artigo 12 do
Decreto em questão, serem identificados com símbolos estabelecidos de acordo com os
grupos de utilização, conforme está apresentado no Quadro 3:
Assim sendo, são de uso restrito, de acordo com o Inciso XIII do Artigo 15 do mesmo
mecanismo legal, os dispositivos com efeitos pirotécnicos, ou dispositivos similares capazes
de provocar incêndios ou explosões. E, as Secretarias de Segurança Pública estão
determinadas a prestar colaboração ao Exército em relação à fiscalização do uso e do
comércio desses produtos, sendo que, de acordo com o Artigo 112 do decreto “É proibida a
fabricação de fogos de artifício e artefatos pirotécnicos contendo altos explosivos em suas
composições ou substâncias tóxicas” (BRASIL, 2000, cap. VII, Isenções de Registro, § 1o).
Artefatos pirotécnicos podem ser destruídos por combustão, desde que não haja
possibilidade de detonarem durante o processo. A destruição de acessórios de explosivos
de segurança deve estar sem embalagem e ser realizada em o local apropriado sem
vegetação e que diste mais de 700 m de moradias, ferrovias, rodovias e depósitos e a
combustão tem que ser por processo seguro tecnicamente aprovado pela fiscalização
militar. Além disso, na destruição por combustão ao ar livre, de artefatos pirotécnicos,
excetuando-se os iluminativos com pára-quedas, têm que ser atendidos os seguintes
parâmetros do Art. 229:
A alternativa estabelecida pelo Decreto para destruição dos artefatos pirotécnicos diz
respeito à detonação, quando do risco da explosão por outro meio de destruição. Nesse
caso, os parâmetros são similares aos adotados no caso da destruição por combustão. Vale
ainda esclarecer que não se aplica aos artefatos pirotécnicos a destruição por conversão
química.
categoria existem regras que impedem o percurso transfronteiriço, ou seja, não são
importados e nem exportados.
Dessa forma, é evidente que os resíduos perigosos gerados na fabricação e/ou descarte de
sinalizadores pirotécnicos vencidos e/ou danificados necessitam de mecanismos seguros
para a sua disposição final. Estes necessitam de procedimentos de descarte distintos dos
adotados para as outras classes de resíduos. Tanto fabricantes, quanto usuários não podem
se furtar de exercer o máximo controle dos ciclos produtivos, de transporte, distribuição,
emprego e descarte final, cabendo, inclusive, medidas apropriadas à logística reversa ou
logística verde adotada atualmente nos programas empresariais de gestão ambiental.
Sendo assim, é muito importante a permanente busca de tecnologias avançadas e
mecanismos atualizados que assegurem os melhores procedimentos possíveis no assunto.
Dessa forma, a gestão de resíduos, sinalizadores pirotécnicos vencidos e danificados, pode
ser definida de forma ampla, como um conjunto de ações que atuam no controle da
geração, armazenamento, coleta, transporte, processamento e destinação final, baseadas
em critérios econômicos, de segurança e de ordem ambiental.
As questões associadas à gestão de sinalizadores pirotécnicos vencidos e danificados são
de difícil administração tanto pelo volume e quantidade gerados, assim como pelo sigilo e
falta de informação sobre o assunto. Não existem estatísticas sobre esse assunto em
virtude de ainda perdurar o caráter de sigilo, o que inibe uma caracterização generalizada,
pois seriam precisos dados pertinentes a diversos fatores como, por exemplo, o número de
usuários, produção, leis e regulamentações específicas.
9. CONCLUSÕES
Merece ênfase o fato da gestão de resíduos específica de sinalizadores pirotécnicos
vencidos e/ou danificados carecer da definição de políticas que compreendam de forma
ampla um conjunto de ações relacionadas ao controle da geração, armazenamento, coleta,
transporte, processamento e destinação final desses produtos. Tais políticas devem estar,
efetivamente, respaldadas em critérios econômicos e de ordem ambiental.
As questões relacionadas ao gerenciamento de resíduos decorrentes de sinalizadores
pirotécnicos vencidos e/ou danificados apresentam complexidade de estudo, dada à
quantidade e diversidade destes resíduos gerados e o sigilo e falta de informação sobre o
assunto. Na verdade, as estatísticas não são disponíveis por se tratarem de assunto de
caráter confidencial. A caracterização generalizada de emprego desses produtos e as
conseqüências decorrentes do manuseio de seus respectivos resíduos apresentam
dificuldade, uma vez que esta estatística estaria associada a dados indisponíveis, como, por
exemplo, número de usuários, produção, leis e regulamentações específicas. Assim, no
trabalho buscou-se essa caracterização dentro do universo pesquisado de abrangência a
quatro empresas, sendo uma fabricante, duas usuárias e a última especializada em
descarte.
Desse estudo, então, podem ser enumeradas providências que urgem serem adotadas:
− Redução da geração de resíduos na fonte.
Essa redução pode ser conseguida através de estudos e pesquisas que busquem a
modificação no produto e em seu ciclo de produtivo.
Quanto à modificação no produto, a intenção é ajustar o produto tornando-o
ecologicamente correto. Em relação à modificação no processo, deve-se manter a
visão primeira de prevenção e não geração de resíduos. O fato é que o processo
gerador de resíduos tem que ser permanentemente criticado, a fim de que seu
aprimoramento resulte na geração menor de resíduos.
− Responsabilidade compartilhada pelos resíduos oriundos de sinalizadores
pirotécnicos vencidos e/ou danificados.
Do controle à prevenção desses resíduos deve haver um programa de
conscientização que preconize a qualidade na fabricação, afim de que seja reduzida
a probabilidade de produtos defeituosos. Além disso, os processos de
armazenamento e transporte devem receber vigilância redobrada para que sigam os
melhores padrões de serviços, evitando-se que produtos sejam danificados.
Aliado a essas medidas o controle e monitoramento de uso devem servir de base para a
reposição de produtos nos consumidores finais, além de gerar material de apoio estatístico
ao fabricante, reduzindo-se, dessa forma, a quantidade de produtos com validade próxima
ao vencimento.
Ainda nessa mesma linha de abordagem e com importância ímpar, revela-se a questão da
logística, de uma maneira geral que esteja totalmente ligada ao fabricante do produto. Com
responsabilidades partilhadas pelos usuários e empresas especializadas no descarte, o
fabricante deverá ser o grande gestor do programa de destinação de resíduos oriundos de
sinalizadores pirotécnicos vencidos e/ou danificados.
A idéia da logística verde já abordada no conteúdo do trabalho deve prevalecer nas práticas
e políticas regulamentadas para o assunto. A regulação da matéria e sua fiscalização
devem continuar com as Forças Armadas, porém, o descarte tem que ser responsabilidade
de seu fabricante, que poderá associar por parcerias a empresas especializadas no
descarte de produtos enquadrados na classe perigosos.
Essa postura representa uma mudança significativa na gestão ambiental, e, certamente,
estará contribuindo para a maior e melhor conscientização sobre o assunto. A administração
de um processo, seja ele de fabricação ou de distribuição ou de outro qualquer com
responsabilidade ambiental, faz com que o conhecimento das questões ecológicas integre o
cotidiano do próprio processo. Isso contribui pra que permaneça sempre em evidência a
importância da renovação e atualização de estudos com foco em melhorias ambientais
(mudança na composição de um produto, redução de resíduos na fonte, etc).
______. NBR 11.174: Armazenamento de resíduos classes II - Não inertes e III - inertes:
classificação. ABNT, 1990.
ELLIOT, Lorraine. The global politics of the environment. Londres: Macmillan, 1998.
ABSTRACT
The objective of this work is to present recommendations relative to the process of damaged
and no validity pyrotechnics beepers. First, come forward the historical and evolutionary
context of the management in the world. Such matters are relevant administration. It is
discussed yet, the relating aspects to the legislation, management, safety, health. For be part
of the environmental subject and, above all, of the residues management. In continuation, it
is discussed the chemical residues management, as the pyrotechnic beepers. To understand
this subject, is presented a historical abbreviation about the pyrotechnics and their
characteristics. Further of the concepts about management, residues classification and the
national politics of solid residues, with the intention of explaining the necessary measures to
transport the pyrotechnic material with safety in national territory, as well, to give a final
destiny for this workmanship type. To proceed, are approach the principal characteristics of
the pyrotechnics beepers and the framing residues. Moreover is introduced the contacted
companies and the analyse to the result of the current production situation and discard,
through of a field inquiry applied in that companies. Giving continuity, are performed the
general comments about the results of the field inquiry; done with the manufacturers, users
and specialized company in pyrotechnic discard. It is concluded shot the learning with the
results obtained in the field inquiry and is done a future unfolding of this work.
Keywords: Pyrotechnic Beepers, Discard, Environmental Legislation.