Admin, BASR 013
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ISSN: 2595-3621
DOI:10.34115/basrv6n2-013
RESUMO
Apresenta-se neste trabalho a astronomia e suas vertentes, bem como suas aplicações e
sua importância no que se refere aos fenômenos astronômicos. São apresentados os
conceitos básicos e fundamentais da astronomia e um muito breve histórico. São
abordados os campos de atuação da astronomia, onde ela se insere e como colabora para
a construção contínua do conhecimento científico humano. São apresentadas as
ferramentas tecnológicas disponíveis, tais como: telescópios, linguagens de programação,
engenharia, estações espaciais, etc. Esta pesquisa se caracteriza como “exploratória”, pois
busca explicitar e familiarizar os principais conceitos da astronomia ao leitor, e
“bibliográfica”, pois se embasa unicamente em materiais científicos já publicados para,
então, se apresentar de forma lógica, organizada e estruturada da forma mais didática
possível para um bom entendimento do leitor interessado em astronomia.
ABSTRACT
Astronomy and its aspects are presented in this paper, as well as its applications and
importance with regard to astronomical phenomena. The basic and fundamental concepts
of astronomy and a very brief history are presented. The fields of activity of astronomy
are discussed, where it is inserted and how it contributes to the continuous construction
of human scientific knowledge. The available technological tools are presented, such as:
telescopes, programming languages, engineering, space stations, etc. This research is
characterized as “exploratory”, as it seeks to explain and familiarize the reader with the
main concepts of astronomy, and “bibliographic”, as it is based solely on previously
published scientific materials and then presents itself in a logical, organized and
structured way. The text was written in the most didactic way possible for a good
understanding of the reader interested in astronomy.
1 INTRODUÇÃO
Em toda a sua história, o ser humano sempre esteve em busca da compreensão dos
fenômenos e das questões elementares que o cercam e mais, de sua própria existência.
Tentar entender a si mesmo e ao mundo ao seu redor faz parte da natureza humana. A
fascinação humana pelos “mistérios do Universo” também está presente desde o início
das primeiras civilizações.
Acredita-se que o homem tenha investigado os céus antes mesmo de procurar um
maior conhecimento sobre os rios, os mares e a terra. Portanto, a astronomia pode ser
considerada uma das primeiras ciências desenvolvidas pelo homem.
No princípio da humanidade o Universo conhecido estava limitado somente ao
Sol, à Lua, às estrelas e alguns planetas. Com o passar do tempo, com a evolução do
pensamento humano, das ideias, e da melhoria dos instrumentos astronômicos, a
astronomia deu passos muito importantes. Atualmente há satélites e sondas no espaço
coletando uma grande quantidade de dados e informações a respeito do universo.
Este trabalho tem como foco tratar da grande área da Astronomia e suas vertentes
de forma pedagógica e introdutória. Neste artigo são apresentados os conceitos básicos e
fundamentais da astronomia e um muito breve histórico. São abordados os campos de
atuação da astronomia, onde ela se insere e como colabora para a construção contínua do
conhecimento científico humano. São apresentadas as ferramentas tecnológicas
disponíveis, tais como: telescópios, programação, engenharia, estações espaciais, etc.
Para os fins a que se propõe este trabalho, ele pode ser considerado como “exploratório”,
pois busca explicitar e familiarizar os principais conceitos da astronomia ao leitor, e
“bibliográfico”, pois se embasa em materiais e textos científicos já publicados para, então,
serem apresentados de forma lógica, organizada e estruturada. O intuito deste artigo é
transmitir ao leitor interessado em astronomia o assunto da forma mais clara e didática
possível, utilizando-se de muitas figuras explicativas.
2 A ASTRONOMIA
A Astronomia é uma ciência natural que estuda os corpos celestes tais como:
planetas, cometas, asteroides, estrelas, aglomerados de estrelas, galáxias, nebulosas, etc.
(Figura 1). A astronomia lida com fenômenos que se originam fora da atmosfera da Terra
como, por exemplo, a radiação cósmica de fundo em micro-ondas. A astronomia se
preocupa com a química, a física e o movimento dos corpos celestes, bem como a origem,
formação e evolução do universo [1-8].
Figura 1. (a) Formação estelar na Grande Nuvem de Magalhães. Fonte: Ref. [9]. (b) Mosaico da Nebulosa
do Caranguejo. Fonte: Ref. [9].
(a) (b)
A astronomia é uma das ciências mais antigas que se tem conhecimento. Algumas
culturas pré-históricas deixaram registrados vários monumentos astronômicos como, por
exemplo: os menires (Figura 2a), Stonehenge (Figura 2b) e os montes de Newgrange
(Figura 2c). As primeiras civilizações, como os babilônios, gregos, chineses, indianos,
persas e maias realizaram observações metódicas do céu noturno. No entanto, a
astronomia moderna somente se desenvolveu a partir da invenção do telescópio [10]. A
astronomia se compõe de diversas disciplinas como astrometria, navegação astronômica,
astronomia observacional, elaboração de calendários, etc. Durante o período medieval,
seu estudo era obrigatório e estava incluído no Quadrivium que, junto com o Trivium,
compunham a metodologia de ensino das Sete Artes Liberais [1-8].
Figura 2. (a) Alinhamento de menir em Carnac na França. (b) Stonehenge, localizado na Inglaterra no
condado de Wiltshire. (c) Newgrange, localizado no condado Meath na Irlanda. Fonte: Ref. [11].
(a) (b)
(c)
3 BREVE HISTÓRIA
A Astronomia não deve ser confundida com astrologia, que é um sistema de
crença que afirma que os assuntos humanos estão, de certa forma, correlacionados com
as posições dos objetos celestes. Embora as duas compartilhem uma origem comum,
devem ser tratadas atualmente de forma bem distinta [12].
A astronomia inicialmente envolveu somente a observação e a previsão dos
movimentos dos objetos no céu que podiam ser vistos a olho nu. O “Rigueveda”, também
conhecido como “Livro dos Hinos” [13], é o documento mais antigo da literatura hindu,
composto de hinos, rituais e oferendas às divindades, Figura 3a. Neste livro são feitas
referências aos 27 asterismos (ou nakshatras) associados aos movimentos do Sol e
também às doze divisões zodiacais do céu.
Outro livro que também possui versículos a respeito da natureza dos planetas e
das estrelas e sobre a localização da Terra no universo é a Bíblia. No entanto, estes
versículos não devem ser interpretados de forma literal [14], mas sim de maneira poética
e mitológica. A teoria cosmológica embasada nas informações escritas na Bíblia é
chamada de “Cosmologia Bíblica”, Figura 3b. Sem base científica, tal teoria considera o
universo como uma entidade organizada e estruturada, incluindo origem, ordem,
significado e destino para o cosmos.
Figura 3. (a) Uma página do livro Rigueveda. Fonte: Ref. [15]. (b) Representação Cosmológica bíblica no
período pré-exílico. Fonte: Ref. [16].
(a) (b)
algum tipo de instrumento. Cada grau de magnitude era considerado como o dobro do
brilho do grau seguinte, ou seja, uma escala logarítmica. Tal método é subjetivo, pois não
existia espectroscopia e nem fotodetectores naquela época para realizar medições
precisas. Esta escala bastante rudimentar para o brilho das estrelas foi popularizada por
Ptolemeu em seu Almagesto, e acredita-se que sua origem se deve a Hiparco (190 a.C.-
120a.C).
Um dispositivo originário da Grécia antiga é a “Máquina de Anticítera” que data
de aproximadamente 80-87 a.C. Com este dispositivo era possível calcular os
movimentos dos planetas, sendo considerado o primeiro ancestral dos computadores
astronômicos. Tal máquina foi encontrada nos destroços de um antigo naufrágio na ilha
grega de Anticítera, entre as ilhas gregas de Creta e Cítera. O dispositivo ficou famoso
por usar uma engrenagem diferencial (que os historiadores da ciência acreditavam ter sido
inventada somente no século XVI) e pela miniaturização e complexidade de suas partes,
que foram comparadas a um relógio feito no século XVII. O mecanismo original, Figura
4, está exposto na Coleção do Bronze do Museu Nacional Arqueológico de Atenas,
acompanhado por uma réplica.
Aryabhata (476-550), Figura 5a, foi o primeiro dentre os grandes matemáticos e
astrônomos da Idade Clássica dos matemáticos e astrônomos indianos. Nos anos 500, em
seu livro “Ariabatiia”, apresentou um sistema em que o planeta Terra girava em torno do
seu próprio eixo e os planetas se deslocavam periodicamente em torno do Sol, ou seja,
era um sistema heliocêntrico. Aryabhata acreditava que os planetas e a Lua brilhavam
devido à luz solar por eles refletida e acreditava que as órbitas dos planetas eram elípticas.
Seu livro explicava corretamente as causas dos eclipses da Lua e do Sol. O valor da
duração do ano que ele encontrou na época foi de 365 dias, 6 horas, 12 minutos e 30
segundos. Este valor é impressionantemente próximo ao valor correto [20].
A astronomia se desenvolveu muito pouco durante a Idade Média. A exceção se
dá a trabalhos de astrônomos árabes. Por volta do fim do século IX, o astrônomo persa
Abu’l-Abbas Ahmad ibn Muhammad ibn Kathir al-Farghani (805-880), mais conhecido
no ocidente como Alfragano, Figura 5b, produziu textos sobre o movimento dos corpos
celestes. No século XII os seus trabalhos foram traduzidos para o latim, e segundo
historiadores da arte e ciência Dante aprendeu astronomia através dos livros escritos por
al-Farghani [21].
Figura 5. (a) Estátua em homenagem a Aryabhata. Fonte: Ref. [22]. (b) Estátua em homenagem a Alfragano,
na cidade do Cairo, onde supervisionou a construção de poços que permitiam a medição das flutuações do
nível de água do rio Nilo. Fonte: Ref. [23].
a) (b)
é igual ao valor atual. Deve-se considerar também que nesses mil anos desde o seu cálculo
pode ter havido algumas alterações na órbita terrestre.
Durante o Renascimento, o astrônomo e matemático polonês Nicolau Copérnico
(1473-1543), Figura 7a, propôs um modelo heliocêntrico do Sistema Solar, Figura 7b. No
século XIII o imperador Hulagu Khan (1217-1265), que era neto de Gengis Khan e um
defensor das ciências, concedeu ao cientista, matemático e filósofo persa Nasir El Din
Tusi (1201-1274) autorização para construir um observatório na cidade de Maragheh, no
Irã, considerado sem comparações para a época em que foi construído. Faz-se necessário
comentar que existem algumas semelhanças entre os trabalhos desenvolvidos no
observatório de Maragheh e a obra “De Revolutionibus Orbium Caelestium” de Nicolau
Copérnico. Tais semelhanças fizeram com que alguns historiadores admitissem que
Nicolau Copérnico tinha tomado conhecimento dos estudos de Nasir El Din Tusi por meio
de cópias de trabalhos de Tusi existentes no Vaticano.
Figura 6. (a) Pintura representando Abu Mahmud Hamid ibn al-Khidr al-Khojandi. Fonte: Ref. [25]. (b)
Pintura representando Ghiyath al-Din Abu’l-Fath Umar ibn Ibrahim al-Nisaburi al-Khayyami. Fonte: [26].
(a) (b)
Figura 7. (a) Nicolau Copérnico, nascido em 19 de fevereiro de 1473 na cidade de Toruń, Prússia Real.
Fonte: Ref. [27]. (b) Folha de rosto do livro “De revolutionibus orbium coelestium”. Fonte: Ref. [28].
(a) (b)
criar e testar modelos e teorias para explicar observações e para prever novos fenômenos.
O observador e o teórico nem sempre são pessoas diferentes. E ao invés de dois segmentos
bem delimitados o que existe é um contínuo de cientistas que colocam maior ou menor
ênfase no campo da observação ou no campo da teoria. Os campos de estudo da
Astronomia podem também ser categorizados quanto: i) ao assunto: de maneira geral, de
acordo com a região do espaço. Exemplo: “astronomia galáctica” ou aos “problemas por
resolver”, tais como a formação das estrelas ou cosmologia, Figura 9a; ii) À forma como
se obtém as informações. Em essência, em que faixa do espectro eletromagnético as
informações coletadas estão situadas, Figura 9b.
Figura 9. (a) Nebulosa planetária de Formiga. Fonte: Ref. [32]. (b) Imagem obtida pelo telescópio espacial
Hubble mostrando imagens múltiplas de uma mesma galáxia. Fonte: Ref. [33].
(a) (b)
4.1 RADIOASTRONOMIA
A radioastronomia estuda a radiação com comprimento de onda maior que 1
milímetro. A radioastronomia é diferente da maioria das outras formas de astronomia
observacional pelo fato das ondas de rádio detectáveis serem tratadas como ondas ao
invés de fótons discretos. Assim, é mais fácil medir a amplitude e a fase das ondas de
rádio [37].
Apesar de algumas ondas de rádio serem produzidas por objetos astronômicos na
forma de radiação térmica, a maior parte das emissões de rádio que são detectadas na
Terra são coletadas na forma de radiação síncrotron, que é produzida quando elétrons ou
outras partículas eletricamente carregadas deslocam-se em uma trajetória curva em um
campo magnético, emitindo a chamada radiação síncrotron. Além disso, existem diversas
linhas espectrais produzidas por gás interestelar, destacando-se a linha espectral do
hidrogênio com comprimento de onda de aproximadamente 21 cm.
Na faixa de comprimento de onda de rádio, uma grande variedade de objetos é
detectável através de radiotelescópios, Figura 11, incluindo supernovas, gás interestelar,
pulsares e núcleos de galáxias ativas.
Figura 12. Região N11B na Grande Nuvem de Magalhães. Uma nuvem molecular é um tipo de nuvem
interestelar cuja densidade e tamanho permitem a formação de moléculas, mais comumente hidrogênio
molecular (H2). Fonte: [41].
comprimento de onda pode ser também usado para observar radiação de luz visível
próxima à ultravioleta e infravermelho.
Figura 13. Imagem ultravioleta da Galáxia de Bode através do Telescópio Galex. Fonte: [42].
Figura 14. (a) Observatório de raios-X Chandra no interior do ônibus espacial Columbia, pouco antes da
partida para a missão STS-93. Fonte: Ref. [44]. (b) Supernova 1987A. Fonte: Ref. [45].
(a) (b)
Figura 15. Ilustração do observatório de raios Gama Compton em funcionamento. Fonte: Ref. [46].
Figura 16. (a) Luminescência visível de GRB 970508 observada um mês depois da detecção da erupção.
Fonte: [48]. (b) Representação das linhas de campo magnético de um pulsar com o feixe de radiação sendo
ejetado pelos polos magnéticos. Fonte: Ref. [49].
(a) (b)
Figura 17. (a) Detector de neutrinos Sudbury Neutrino Observatory (SNO) em Ontário (Canadá): a 2 km
de profundidade, possui 18 metros de diâmetro e 1.000 toneladas de água pesada. (b) Planta do SNO. Fonte:
Ref. [52].
(a) (b)
Figura 18. (a) LIGO: destinado a detectar ondas cósmicas gravitacionais, Livingston, Louisiana, USA.
Fonte: Ref. [57]. (b) Fly-by mission: representação artística da sonda Giotto aproximando-se de um cometa.
Fonte: Ref. [58].
(a) (b)
Figura 19. Determinação da distância do aglomerado de estrelas das “Sete Irmãs”, as Plêiades, por meio de
paralaxe. Fonte: Ref. [59].
Figura 20. (a) Estrutura do Sol, uma anã amarela: 1. Núcleo; 2. Zona radiativa; 3. Zona convectiva; 4.
Fotosfera; 5. Cromosfera; 6. Corona; 7. Mancha solar; 8. Grânulo. Fonte: Ref. [62]. (b) Magnetosfera da
Terra. Fonte: Ref. [63].
(a) (b)
Ciência Planetária
A ciência planetária é o estudo dos sistemas planetários, isto é, de planetas, seus
satélites naturais e outros objetos relacionados, com maior ênfase dada ao sistema Solar,
Figura 21. A ciência planetária é também chamada de “planetologia” ou “astronomia
planetária”. Tem sido crescente também o interesse nos exoplanetas, sendo estes planetas
que não pertencem ao sistema Solar. Em geral, estudam-se todos os objetos não-estelares
(ou com dimensão inferior ao necessário para se iniciar uma reação nuclear), onde se
incluem os meteoros e cometas.
Figura 21. Um “dust devil” marciano: formam-se quando a atmosfera é aquecida por uma superfície quente
e começa a rodar e subir. A fotografia foi captada pela Global Surveyor da NASA em órbita à volta de
Marte. Fonte: Ref. [64].
Os conhecimentos destas diversas ciências são utilizados para criar modelos dos
corpos celestes, que depois são comparados com observações a partir da Terra e de sondas
espaciais, sendo a maior parte das observações feitas sobre corpos do sistema Solar. No
entanto, nos últimos anos tornou-se possível descobrir e obter dados sobre planetas mais
distantes através da influência que exercem na estrela que orbitam. Uma vez comprovada
a veracidade do modelo, este pode ser utilizado para analisar as teorias da formação de
cada planeta e do sistema solar em conjunto. O envio de sondas à superfície ou órbita dos
planetas mais próximos possibilitou a melhoria dos resultados para estes tipos de análise.
Em 24 de agosto de 2006 a União Astronômica Internacional (IAU) passou a
definir Plutão como um planeta-anão. Foram anos de muito debate. A votação envolveu
424 astrônomos, com Mike Brown, pesquisador da Caltech, fazendo o anúncio oficial:
“Plutão não é um planeta. Há, oficialmente, oito planetas no Sistema Solar”.
Mas afinal, o que é preciso para ser considerado um planeta? De acordo com a
IAU, há três categorias principais de objetos no Sistema Solar: 1) Planetas: os oito grandes
mundos desde Mercúrio até Netuno; 2) Planetas-anões: qualquer objeto circular que não
seja um satélite, e não tenha “limpado” a vizinhança em torno de sua órbita; 3) Pequenos
corpos: todos os outros objetos que orbitam o Sol. E segundo a nova definição, planeta é
o objeto que: 1) É esférico; 2) Orbita o Sol, mas não é satélite de outro planeta; 3) Não
compartilha sua órbita com nenhum outro objeto significativo. Levando-se em
consideração estas definições Plutão, Figura 22a, foi rebaixado à categoria de planeta-
anão porque, ao seu redor, há um “mar” de outros objetos, já que sua gravidade não é
intensa o suficiente para atraí-los e, assim, limpar sua órbita.
Os planetas anões do sistema solar são: Plutão, Ceres (Figura 22b), Éris, Haumea
e Makemake. Na mitologia romana, Ceres é a deusa da colheita. Esse planeta anão foi
identificado em 1801 pelo padre, monge e astrônomo italiano Giuseppe Piazzi (1746-
1826) e está localizado entre as órbitas de Marte e Júpiter, em uma região denominada de
Cinturão de Asteroides, sendo, portanto, o planeta anão mais próximo da Terra. A sua
composição é de material rochoso, possui massa de aproximadamente 9,45x1020 kg,
gravidade de 0,26m/s2 e diâmetro de 950 km.
Figura 22. (a) Imagem de Plutão. Fonte: Ref. [65]. (b) Imagem ilustrativa de Ceres. Fonte: Ref. [66].
(a) (b)
Figura 23. (a) Eclipse Solar. (b). Eclipse Lunar. Fonte: Ref. [68].
(a)
(b)
Astronomia Estelar
A Astronomia estelar lida, de forma geral, com o estudo das estrelas. Trata sobre
a formação das estrelas, isto é, sobre o estudo das condições e dos processos que
conduziram à formação das estrelas no interior de nuvens de gás, e o próprio processo da
sua formação. Trata também a respeito da “evolução estelar”, isto é, estuda a evolução
das estrelas de sua formação até o seu fim. A evolução estelar, Figura 24, é a sequência
de mudanças radicais que uma estrela sofre durante todo o seu tempo de vida.
Astronomia Galáctica
A Astronomia galáctica estuda a estrutura e os componentes de nossa galáxia (a
Via Láctea), seja através de dados relativos a objetos de nossa galáxia, seja através do
estudo de galáxias próximas, que podem ser observadas em detalhes e que podem ser
usadas para um comparativo com a Via Láctea.
A Via Láctea é uma galáxia de formato espiral, da qual o Sistema Solar faz parte.
Vista da Terra, a Via Láctea é uma faixa brilhante e difusa, que circunda toda a esfera
celeste, recortada por nuvens moleculares que lhe conferem um intrincado aspecto
irregular e recortado. O nome galáxia vem do grego gala (leite) porque os antigos gregos
chamavam o rastro de luz possível de se ver em noites de “Caminho do Leite” [70].
O disco, Figura 25, é uma região com um diâmetro de aproximadamente 100.000 anos-
luz com uma espessura de 12.000 anos-luz que gira de forma semelhante aos planetas,
com as estrelas mais distantes do centro da galáxia se movendo mais devagar do que as
estrelas mais centrais. A visibilidade da Via Láctea por um observador na superfície da
Terra é muito prejudicada pela poluição luminosa das grandes cidades. Com poucas
exceções, todos os objetos visíveis a olho nu pertencem a essa galáxia.
Astronomia Extragaláctica
A Astronomia extragaláctica estuda os objetos (principalmente galáxias) fora de
nossa galáxia. Pode-se dizer que a astronomia extragaláctica lida com tudo que a
astronomia galáctica não abrange.
A Uranografia, Cartografia Celeste, ou Cartografia Estelar é um ramo da
astronomia e da cartografia preocupada com o mapeamento de estrelas, galáxias e outros
objetos astronômicos na esfera celeste [72], Figura 26. Medir a posição e o brilho dos
objetos mapeados requer vários tipos de instrumentos e técnicas. Essas técnicas se
desenvolveram a partir de medidas de ângulos com quadrantes a olho nu [73]. Depois
vieram as medidas com sextantes, que também continham lentes para a medida da
magnitude do brilho do objeto. Atualmente tais medidas são computadorizadas com o
auxílio de telescópios automáticos, espaciais ou terrestres. Atualmente a Uranografia
recebe o nome de Uranometria [74].
Figura 26. Foto da galáxia NGC 4826 da Constelação da Cabeleira de Berenice. Fonte: Ref. [75].
Cosmologia
A Cosmologia é o ramo que estuda a origem, a estrutura e a evolução do Universo
a partir da aplicação de métodos científicos. A cosmologia muitas vezes é confundida
com a astrofísica [76], que é o ramo da astronomia que estuda a estrutura e as propriedades
dos objetos celestes e o universo como um todo através da física teórica. A confusão
ocorre porque ambas seguem caminhos paralelos sob alguns aspectos, muitas vezes
considerados redundantes, embora não o sejam [77].
A partir do início do século XX, com a criação da teoria da relatividade, cujo passo
inicial foi dado por Albert Einstein [78] em 1917. Nesse trabalho, Einstein analisava o
universo como um todo, introduzindo o conceito de constante cosmológica. Essa
constante cosmológica faria o papel de uma força antigravidade, que impediria o
universo de colapsar sob a ação da gravidade, permitindo assim a existência de soluções
(ou modelos) cosmológicos estáticos. No entanto, o que Einstein não percebeu (ou não
quis perceber) de imediato é que, mesmo com a presença da constante cosmológica era
possível obter soluções matemáticas que previam um universo dinâmico, em contração
ou expansão. Tais famílias de soluções são hoje conhecidas genericamente como soluções
de Friedmann, em homenagem ao matemático russo Alexander Friedmann (1888-1925),
que as obteve no ano de 1922.
Com o desenvolvimento de novos telescópios, ainda no início do século XX, foi
possível estudar o universo em escalas até então inexploradas. Um pioneiro no estudo
sistemático das galáxias além da nossa Via Láctea foi o americano Edwin Powell Hubble
(1889-1953) que notou que a maioria das galáxias parecia estar se afastando da nossa, e
que a velocidade de afastamento aumentava com a distância da galáxia em relação à
nossa. Tal observação, confirmada posteriormente, tornou-se uma lei empírica, conhecida
hoje como lei de Hubble. Esta lei empírica consistia em uma prova experimental da
expansão do universo: as galáxias se afastam umas das outras devido à expansão do
espaço entre elas [79].
Astronomia Teórica
Os principais temas estudados pelos astrônomos teóricos são: dinâmica e evolução
estelar; formação e evolução de galáxias; estrutura em grande escala da matéria no
Universo; origem dos raios cósmicos; relatividade geral e cosmologia física, incluindo
cosmologia das cordas e física de astropartículas.
Campos Interdisciplinares
A astronomia e astrofísica desenvolveram links significativos de
interdisciplinaridade com outros grandes campos científicos. A Arqueoastronomia é o
estudo das antigas e tradicionais astronomias em seus contextos culturais, utilizando
evidências arqueológicas e antropológicas. A Astrobiologia é o estudo do advento e
evolução dos sistemas biológicos no universo, com ênfase particular na possibilidade de
vida fora do planeta Terra [80].
O estudo da química encontrada no espaço, incluindo sua formação, interação e
destruição, é chamado de Astroquímica. A Cosmoquímica é o estudo de compostos
químicos encontrados dentro do Sistema Solar, incluindo a origem dos elementos e as
variações na proporção de isótopos. Esses dois campos representam a união de disciplinas
de astronomia e química.
5 COMENTÁRIOS FINAIS
Resumindo, este artigo tratou sobre a grande área da Astronomia e suas
vertentes de forma pedagógica e introdutória. Foram apresentados os principais conceitos
básicos e fundamentais da astronomia e um muito breve histórico. Foram abordados os
campos de atuação da astronomia, onde ela se insere e como colabora para a construção
contínua do conhecimento científico humano. Foram apresentadas as ferramentas
tecnológicas disponíveis, tais como: telescópios, programação, engenharia, estações
espaciais, etc.
A metodologia utilizada neste trabalho foi “exploratória”, buscando explicitar e
familiarizar os principais conceitos da astronomia ao leitor, e “bibliográfica”, pois se
embasou somente em materiais e textos científicos já publicados apresentando-os ao
leitor de forma lógica, organizada e estruturada. O intuito deste artigo foi o de transmitir
ao leitor interessado no assunto os conceitos da Astronomia da forma mais clara e didática
possível, utilizando-se de muitas figuras ilustrativas.
Verifica-se que temos passado por “tempos sombrios” para o conhecimento. Em
meio a grande quantidade de informação (desinformação) e rapidez com que ela se
propaga, vêm também em disparada uma grande quantidade de “fake news” e “teorias da
conspiração”. A Astronomia atrai bastante atenção da população em geral e como ciência
é um excelente meio para combater o senso comum e fazer com que as pessoas busquem
por mais conhecimentos verdadeiramente científicos, sendo além de curiosas um pouco
mais céticas.
Por fim, fechamos o artigo com uma frase inspiradora de Carl Sagan (1934-1996),
um motivador de vários jovens cientistas: “Em algum lugar, algo incrível está esperando
para ser descoberto” [81].
REFERÊNCIAS
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Books, 1982.
[4] K. S. O. Filho, M. F. Oliveira. Astronomia & Astrofísica. São Paulo: Editora Livraria
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[10] W. Torres. Quais são os principais instrumentos usados para a observação do espaço?
https://canaltech.com.br/espaco/quais-sao-os-principais-instrumentos-usados-para-
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[11]https://pt.wikipedia.org/wiki/Stonehenge#/media/Ficheiro:Stonehenge_back_wide.p
[12] J. P. Verdet. Uma História da Astronomia. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1991.
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[17] http://www.kingtutshop.com/freeinfo/Ancient-Egyptian-Calendar.htm.
[19]https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1quina_de_Antic%C3%ADtera#/media/Fic
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[21] A. Dallal. Islam, Science, and the Challenge of History. Yale University Press, 2010.
[22] https://pt.wikipedia.org/wiki/Ariabata#/media/Ficheiro:2064_aryabhata-crp.jpg.
[23]https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b7/CairoRodaAlfraganusMonu
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[25] https://pantheon.world/profile/person/Abu-Mahmud_Khojandi/.
[26] https://pt.wikipedia.org/wiki/Omar_Caiam#/media/Ficheiro:033-Earth-could-not-
answer-nor-the-Seas-that-mourn-q75-829x1159.jpg.
[27]https://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolau_Cop%C3%A9rnico#/media/Ficheiro:Coperni
cus.jpg.
[28]https://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolau_Cop%C3%A9rnico#/media/Ficheiro:De_revo
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[29] https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/57/Heliocentric.jpg.
[32] https://pt.wikipedia.org/wiki/Astronomia#/media/Ficheiro:Ant_Nebula.jpg.
[33]https://pt.wikipedia.org/wiki/Astronomia#/media/Ficheiro:Grav.lens1.arp.750pix.jg.
[35] https://www.todamateria.com.br/espectro-eletromagnetico/.
[38]https://pt.wikipedia.org/wiki/Radioastronomia#/media/Ficheiro:Goldstone_DSN_an
tenna.jpg.
[39] Why Infrared Astronomy is a Hot Topic: Science & Exploration. European Space
Exploration(ESA).https://www.esa.int/Science_Exploration/Space_Science/Herschel/W
hy_infrared_astronomy_is_a_hot_topic.
[41] https://pt.wikipedia.org/wiki/Nuvem_molecular#/media/Ficheiro:Heic0411a.jpg.
[42]https://pt.wikipedia.org/wiki/Astronomia_ultravioleta#/media/Ficheiro:M81_wide_
Galex.jpg.
[44] https://pt.wikipedia.org/wiki/Astronomia_de_raios-X#/media/Ficheiro:Chandra_X-
ray_Observatory_inside_the_Space_Shuttle_payload_bay.jpg.
[46]https://pt.wikipedia.org/wiki/Observat%C3%B3rio_de_Raios_Gama_Compton#/me
dia/Ficheiro:Gro_impression.gif.
[48]https://pt.wikipedia.org/wiki/Erup%C3%A7%C3%A3o_de_raios_gama#/media/Fic
heiro:StisI.gif.
[49] https://pt.wikipedia.org/wiki/Pulsar#/media/Ficheiro:Pulsar_schematic.jpg.
[52] https://sno.phy.queensu.ca/.
[53] Gravitational waves detected 100 years after Einstein’s prediction NSF. National
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[54] B. P. Abbott, et al. Observation of Gravitational Waves from a Binary Black Hole
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[57] https://pt.dreamstime.com/o-obervat-rio-ligo-da-gravitacional-onda-do-interfer-
metro-laser-livingston-louisiana-eua-uma-experi-ncia-em-grande-escala-f-sica-
image146424647.
[58] https://phys.org/news/2015-07-fly-by-missionswhat-technology-orbit.html.
[59] https://gaiaciencia.com.br/Publicacao.aspx?id=221032.
[62] https://pt.wikipedia.org/wiki/Fotosfera#/media/Ficheiro:Sun_diagram.svg.
[63] https://www.tempo.com/noticias/ciencia/mudancas-climaticas-e-campo-magnetico-
da-terra-existe-uma-relacao.html.
[64]https://pt.wikipedia.org/wiki/Astronomia#/media/Ficheiro:Dust.devil.mars.arp.750p
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[65] https://canaltech.com.br/espaco/ha-12-anos-plutao-deixou-de-ser-considerado-um-
planeta-no-sistema-solar-120970/.
[66] https://shortest.link/1UYE.
[68] https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-eclipse.htm.
[69]https://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_estelar#/media/Ficheiro:S
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[70] T. Feris. O desbertar da Via Láctea: uma história da astronomia, 2ª edição. Rio de
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[71]https://pt.wikipedia.org/wiki/Via_L%C3%A1ctea#/media/Ficheiro:Via_L%C3%A1
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[72] D. J. Warner. The Sky Explored: Celestial Cartography 1500-1800. Theatrum Orbis
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[74] G. Lovi, W. Tirion. Men, Monsters and the Modern Universe. Richmond: Willmann-
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[75]https://pt.wikipedia.org/wiki/Astronomia_extragal%C3%A1ctica#/media/Ficheiro:
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