A Sustentabilidade Do Aço e Das Estruturas Metálicas
A Sustentabilidade Do Aço e Das Estruturas Metálicas
A Sustentabilidade Do Aço e Das Estruturas Metálicas
METÁLICAS
Helena Maria Gervásio
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
2. A SUSTENTABILIDADE DO AÇO
120
100
80
60
Energia consumida por ton
de aço produzida
40
Emissões de CO2 por ton de
20 aço produzida
0
1970 1980 1985 1990 1995 2000
Contudo, não é apenas como material que o aço contribui para os objectivos
da construção sustentável, as estruturas metálicas têm características naturais que
também contribuem para esses mesmos objectivos, tal como será discutido nos
parágrafos seguintes.
A Construção Sustentável visa a minimização do consumo de recursos naturais e a
maximização da sua reutilização, a utilização de recursos renováveis e recicláveis, a
protecção do ambiente natural, a criação de um ambiente saudável e não tóxico e a
procura de qualidade na criação do ambiente construído. De acordo com estes
princípios são definidas as linhas gerais que conduzem a uma construção mais
sustentável:
i) ter uma abordagem integrada de ciclo de vida do projecto considerando os
fundamentos da construção sustentável, desenvolvendo soluções optimizadas
(estética, custo, vida útil, manutenção, consumo de energia...)
ii) ter em consideração as qualidades ambientais dos materiais no projecto e no
produto final;
iii) centrar a concepção funcional sobre a fase de exploração (longa vida útil,
durabilidade das componentes, flexibilidade da funcionalidade do edifício, bem
como na reabilitação e da facilidade de desconstrução das diversas
componentes).
Analisando as várias fases ao longo do ciclo de vida de uma estrutura
metálica facilmente se identificam as vantagens deste tipo de estruturas
relativamente a outros tipos de construções.
De forma geral as estruturas metálicas são estruturas que implicam a pré-
fabricação conduzindo desta forma a um processo de construção mais eficiente, a
uma maior rapidez de construção e à minimização dos riscos e prejuízos da obra e
do estaleiro. Simultaneamente, sendo estruturas relativamente leves, conduzem à
construção de fundações mais reduzidas, permitindo a preservação do solo de
fundação e a redução da movimentação de terras.
Dadas as características do aço, em termos de resistência e ductilidade, as
estruturas metálicas permitem a construção de superfícies com grandes vãos livres,
pilares mais esbeltos e fachadas mais leves. Assim, as estruturas metálicas
permitem uma maior liberdade da imaginação na concepção da obra. Ao mesmo
tempo, a existência de espaços amplos, livres de obstáculos interiores, facilita a
alteração ou extensão da estrutura de forma a adaptar-se a novos requisitos
funcionais ou estilos de vida.
A existência de grandes superfícies envidraçadas, normalmente associadas a
este tipo de construção, permite a realização de fachadas e coberturas mais
transparentes, conduzindo a uma melhor gestão da luz natural e ao favorecimento
da utilização da energia solar.
Na fase final da vida útil das estruturas metálicas, e graças às características
já enumeradas, é possível proceder-se ao desmantelamento de estruturas que já
não são utilizadas e fazer a sua reconstrução em locais onde são necessárias. Além
disso, se o destino final for mesmo a demolição nesse caso poder-se-á proceder à
reciclagem do aço. Note-se que o aço pode ser reciclado inúmeras vezes sem
perder qualquer uma das suas qualidades, contribuindo assim para a minimização
do consumo de recursos naturais e para a maximização da reutilização desses
mesmos recursos.
Neste item são, resumidamente, apresentados dois casos práticos nos quais
é feita uma análise comparativa, em termos de sustentabilidade, entre uma estrutura
metálica e um método alternativo de construção. Em ambos os casos, o método
construtivo alternativo é em betão armado, já que este continua a ser o método
tradicional de construção de Portugal.
No gráfico anterior estão representados, para além dos resultados obtidos para a
solução inicial em betão, os resultados obtidos para a solução mista admitindo três
cenários diferentes para a origem do aço estrutural. Assim, no primeiro cenário
considerou-se que o aço utilizado seria inteiramente produzido em alto-forno, no
segundo cenário a produção seria integralmente em forno de arco eléctrico, e
finalmente no terceiro cenário considerou-se uma situação em que 50% do aço
fornecido seria produzido pelo primeiro processo enquanto que os outros 50%
seriam produzidos pelo segundo processo. Desta forma, na primeira coluna está
representado o resultado ambiental total obtido para a solução em betão.
Comparando este resultado com o resultado obtido para a solução mista,
assumindo-se a origem integral do aço do forno eléctrico, representado na terceira
coluna, observa-se que a solução mista apresenta claramente um resultado
ambiental muito superior à primeira (- 31%). Os resultados para a solução mista
assumindo a produção integral em alto forno (pior caso possível) agravam em cerca
de 23% os resultados obtidos para a solução em betão. Finalmente, na quarta
coluna está representado o resultado obtido para o cenário composto por 50% de
cada processo de produção, e que seria o caso mais realista no caso de haver
incerteza relativamente à origem do aço. Neste caso o resultado é superior à
solução em betão em apenas - 4%.
Neste caso verificou-se que a solução estrutural mista aço-betão apresentava uma
performance ambiental e económica superior à solução de betão.
6. OBSERVAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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