TEMA II e III
TEMA II e III
TEMA II e III
Não obstante a história do pensamento econômico registe que a expressão economia política
tenha aparecido só no século XVII, com a publicação, no ano de 1615, do Traité d’ Economie
Politique, do mercantilista francês Antoine de Montchrétien (1575-1621)
Há autores que a atribuem a Aristóteles (384-322 a.c ). Na verdade, tenha ou não Aristóteles
empregado tal expressão, para designar essa complexa ciência que hoje se ocupa da escassez, da
inflação de preços , do desemprego, do nível de renda social, da depressão, da prosperidade
e da plena utilização de todos os recursos do sistema econômico, o facto é que esse notável
discípulo de Platão é considerado “o fundador de muitas ciências e também o primeiro analista
econômico” (John Fred Bell).
Tratava-se, pois, de um ramo dos conhecimentos destinados a abranger apenas o campo comunal
da actividade económica em suas mais simples funções de produção e distribuição, isto é, na
altura era analisada a maneira pela qual as pessoas governavam as sua casas, pois a casa era mais
do que o local de habitação e englobava as actividades produtivas que se realizavam nos
terrenos circunvizinhos com a utilização ou não de escravos ou outros meios.
No século XVII, todavia, é que a economia iria desenvolver-se e ingressar em sua fase cientifica.
Aparentemente simples, essa definição de Marshall é uma linha divisória entre as definições
clássicas e contemporâneas: Os clássicos não se ocupavam especificamente das causas e das
conseqüências, às vezes terríveis, das depressões e da escassez, os contemporâneos, todavia
procuram atribuir à economia a analise da prosperidade, da depressão, da escassez dos
recursos, em fase das ilimitadas necessidades e do bem-estar do povo.
Porém, actualmente, a economia como ciência, é apontada a Adam Smith (Pai da economia
moderna, 1723-1790) e muitos outros autores.
Paul A. Samuelson considera a economia como a ciência que se preocupa com o estudo das leis
económicas indicadoras do caminho que deve ser seguido para que seja mantida em nível
elevado a produtividade, melhorando o padrão de vida das populações e para que sejam
empregados correctamente os recursos.
Raymond Barré define essa complexa ciência como sendo a que se volta para a administração
dos recursos escassos das sociedades humanas.
Adam Smith defende que a economia estuda a origem e as causas da riqueza das nações- Nesta
época da primeira revolução industrial verifica-se um grande crescimento económico em alguns
países que se traduzia no aumento da produção agrícola e as cidades agigantam-se enquanto que
os outros países permaneciam na mesma, o que aumentava o fosso entre eles.
Stuart Mill define a economia como sendo a ciência que estuda a produção e a distribuição da
riqueza. Esta definição tem o mérito de estabelecer a ligação entre a teoria e a realidade porque a
economia não se limita à conceptuação mas é também uma ciência de experimentação.
Alfred Marshall, tal como vimos na sua definição anterior que o autor pretende abordar tópicos
irrelevantes mas que afectam directamente a vida das pessoas. Engloba desde a compra de
produto, o trabalho até o lazer, a higiene e até o casamento.
C. Pigou entende que a economia tem por objecto os preços e as leis do mercado. Esta definição
prende-se com o momento histórico do início deste século em que as preocupações dos
economistas eram esclarecer o problema da formação dos preços e do funcionamento dos
mercados. Esta definição não abarca alguns problemas como é o caso da produção, a economia
planificada e a distribuição da riqueza.
Lionel Robins; segundo este autor” o problema da aplicação de recursos escassos e de emprego
alternativo em finalidades de desigual importância é o que constitui o objecto da economia. Esta
definição é mais abrangente, porém o termo finalidades é excessivamente amplo pois a
economia não se preocupa com a maneira pela qual as pessoas usam o seu tempo entre o futebol
ou cinema que são finalidades de desigual importância.
O. Lange: A economia política é a ciência das leis sociais que regem a produção e a
distribuição dos meios materiais requeridos para satisfazer as necessidades humanas. Importa
reter a questão de satisfazer as necessidades humanas, pois nem tudo o que o homem necessita
se encontra na natureza, é necessário transformarmos para estarem aptos a serem consumidos.
Igualmente importa realçar outros factores não contemplados na definição que só prendem à
troca e a escassez dos meios.
Já Stonier e Hague são mais taxativos: “Se não houvesse escassez nem necessidade de repartir
os bens entre os homens, não existiriam tampouco sistemas económicos nem economia. A
economia é, fundamentalmente, o estudo da escassez e dos problemas dela decorrentes”
Outras definições:
A economia analisa quais os bens que são produzidos, como são produzidos e para quem
são produzidos.
A economia é a ciência económica que analisa os movimentos globais da economia-
tendências de preços da produção, do desemprego e do comércio externo. Uma vez
conhecidas essas tendências, a ciência econômica ajuda os governos a desenvolver
políticas com os quais os governos podem melhorar o funcionamento da economia.
A economia é o estudo do comércio entre os países. Ajuda a explicar como uns países
exportam uns bens e importam outros e analisa o efeito da imposição das barreiras
económicas nas fronteiras nacionais.
A economia é a ciência da escolha. Estuda como os indivíduos decidem usar os recursos
produtivos escassos ou limitados ( trabalho, equipamentos e conhecimentos tecnológicos)
para produzir diversas mercadorias( tais como cereais, roupa,espectáculo e armamento) e
distribuir para consumo.
A economia é o estudo do dinheiro, da banca, do capital e da riqueza.
Estas definições são de extrema importância para compreender como ao longo do tempo foi
entendida a economia pelas diversas gerações.
A sabedoria é a fonte da vida e da prudência e como resultado ainda não acabado dada a
dinâmica dos processos económicos e a definição mais comum actualmente pode ser seguinte:
A economia é a ciência que estuda o comportamento humano como relação entre fins e
meios escassos que possuem usos alternativos ou então é a ciência que estuda a forma
como as pessoas e a sociedade, utilizam os recursos escassos com usos alternativos, para
produzir, distribuir, trocar e consumir bens materiais e serviços, no presente e no futuro.
Convêm, notar, no entanto, que o objecto da ciência económica não se tem mantido ao longo do
tempo, pois nos podemos abstrair da época em que os fenómenos ocorrem, uma vez que as
condições sociais e económicas estão em constante mutação. Daí que, em 1890, Marshall
propusesse a seguinte definição: “a Economia é uma ciência que examina a parte da actividade
individual e social essencialmente consagrada a atingir as condições materiais do bem-estar”.
Mas hoje em dia, a economia tem por objecto, não só a análise das condições necessárias para a
universalização do bem-estar material, mas também a pesquisa das causas da expansão e das
crises, bem como o estudo dos problemas decorrentes da escassez de recursos face ao carácter
ilimitado das necessidades.
De facto, se os recursos não fossem escassos não surgiriam os problemas económicos, pois não
haveria praticamente custos. Por exemplo, o ar, que é um bem que não é escasso, não tem custo,
o seu consumo é, por isso, livre. No entanto, a grande maioria dos bens são escassos e portanto a
sua produção acarreta custos.
Por outro lado, as necessidades dos indivíduos crescem constantemente, isto porque para além
das necessidades primárias (alimentação, vestuário, habitação, etc.) surgem necessidades
decorrentes do progresso económico (cultura, lazer etc.) cada vez mais sofisticadas.
Muitas das vezes, na nossa vida somos confrontados com uma questão “porque estudar
economia?” A resposta para esta questão pode não ser única, isto é, são várias respostas para a
mesma questão mas que se resume em uma e única, aquela que está associada ao seu objecto de
estudo (a escassez).
Desde sempre o homem precisou de fazer face a algumas das suas necessidades mais prementes:
alimentação, vestuário, habitação, defesa etc. Para satisfazer estas necessidades, o homem
consome bens que nem sempre estão directamente ao seu dispor, por isso ele necessita de as
produzir. O homem é assim, um agente imprescindível à produção e ao consumo, actividades
fundamentais de qualquer Economia.
Podemos, então, dizer que a actividade económica é todo o esforço desenvolvido pelo homem
para obter os bens de que necessita para satisfazer as suas necessidades, os quais existem em
quantidades limitadas.
Por outro lado, os grandes problemas actuais da humanidade (desemprego, crise industrial,
instabilidade monetária, dívida do terceiro mundo, fome...) têm origem na actividade económica
e simultaneamente reflectem-se nessa actividade.
A economia dedica-se aos problemas da actividade dos agentes económicos isolados enquanto
que a ciência política dedica-se aos problemas que o Estado se defronta, ou seja, os assuntos
públicos.
Mesmo antes do século XVIII, na longa fase considerada pré- científica da Ciência Política
Económica, esses dois ramos do conhecimento humano revelam-se interdependentes.
Essa secular interdependência entre a Economia e a Ciência Política provém de que a política,
ao estudar a organização do Estado e as relações entre as classes dirigentes e as dirigidas, fixa
impostantes instituições sobre as quais se desenvolverão as actividades económicas.
A Economia e a Sociologia
Os fenómenos puramente sociais passaram a ser tratados por grupo autónomo de pesquisadores,
diversos e até certo ponto afastados um do outro , que passou a cuidar dos problemas
característicamente económicos, embora sociólogos do porte de Savigny e Le Play jamais
A Economia e a História
Freiedrich List, também economista alemão, recorreu aos ensinamentos da história das
civilizações para concluir sobre a existência de etapas distintas no desenvolvimento económico.
Embora não se possa afirmar que a pesquisa histórica seja a principal fonte da análise
económica, deve-se reconhecer que a Economia é altamente auxiliada pela História,
principalmente em função das rápidas transformações culturais que caracterizam as modernas
civilizações do Ocidente e do Oriente.
A geografia actual vai se afastando da sua simples incumbência de registar acidentes geográficos
e climáticos, para se ocupar de novos aspectos, que interessam particularmente à Economia,
como as condições geo-económicas dos mercados regionais, a concentração no espaço
geográfico, a descrição e análise dos métodos regionais de produção e intercâmbio, a
composição sectorial da actividade económica, eficiência infra-estrutural da economia e as
próprias formas de organização das unidades produtivas.
A moderna geografia transformou-se, assim, em um dos ramos do conhecimento social que mais
têm auxiliado a tarefa da análise económica, a Geografia Económica tem-se revelado de
inestimável utilidade para a Política Económica, pois esta exige o preciso levantamento dos
recursos naturais e humanos da sociedade, que orientam os planeadores na distribuição regional
dos recursos financeiros e tecnológicos disponíveis, tendo em vista seu óptimo aproveitamento.
Divisão da Economia
A economia é uma ciência complexa e dada a sua preponderância na vida das sociedades, urge a
necessidade de melhor entende-la o que torna necessário a sua decomposição, dando origem as
seguintes classificações:
Economia Positiva
A economia positiva é o ramo da economia que se preocupa com a descrição e explicação dos
fenómenos económicos (Wong, 1987, p. 920). Ela foca fatos observáveis e nas relações de causa
e efeito e inclui o desenvolvimento e teste de teoria económicas. Expressões mais antigas eram
economia livre-de-valor (value-free economics) e seu equivalente germânico economia wertfrei.
Essas expressões foram desafiadas por serem persuasivas e não descritivas.
A base metodológica para a distinção positiva/normativa tem suas raízes na distinção fato/valor
em filosofia, sendo que os principais proponentes dessa distinção são David Hume e G. E.
Moore. A base lógica para tal relação ser considerada uma dicotomia tem sido debatida na
literatura filosófica. Tais debates se reflectem nas discussões sobre ciência positiva e
especificamente em economia, onde críticos, como Gunnar Myrdal (1954), McCloskey (1986) e
Pérsio Arida (1986) discutem a ideia de que a economia pode ser completamente neutra e livre
de ideologias.
Dentro da economia Positiva distingue-se a economia descritiva e a teoria económica, que não é
nada mais do que um conjunto de fundamentos, concepções ou leis princípios, consideradas
coerentes e que podem explicar a realidade económica.
Economia Normativa
Por exemplo: O Banco Central deveria reduzir a quantidade de moeda emitida. Neste caso,
envolve questões como valores, ética e política.
A microeconomia preocupa-se em explicar como é gerado o preço dos produtos finais e dos
factores de produção num equilíbrio, geralmente perfeitamente competitivo. Divide-se em:
Mercado de Bens e Serviços: Determina o nível de produção agregada bem como o nível de
preços.
Mercado Monetário: Analisa a demanda da moeda e a oferta da mesma pelo Banco Central
que determina a taxa de juros.
Método Dedutivo
Denomina-se método dedutivo a modalidade de raciocínio lógico que faz uso da dedução para
obter uma conclusão a respeito de determinada (s) premissa(s).
Entretanto, é importante frisar que a dedução (e, consequentemente, o método dedutivo) não
oferece conhecimento novo, uma vez que sempre conduz à particularidade de uma lei geral
previamente conhecida. A dedução apenas organiza e especifica o conhecimento que já se
possui. Ela tem como ponto de partida o plano do inteligível (ou seja: da verdade geral, já
estabelecida) e converge para um ponto interior deste plano.
Exemplos
Todo vertebrado possui vértebras. Todos os cavalos são vertebrados. Logo, todos os
cavalos têm vértebras.
Método indutivo é aquele que parte de questões particulares até chegar a conclusões
generalizadas. Este método está cada vez mais sendo abandonado, por não permitir ao autor uma
maior possibilidade de criar novas leis, novas teorias.
Próprio das ciências naturais também aparece na Matemática através da Estatística. Utilizando
como exemplo a enumeração, trata-se de um raciocínio indutivo baseado na contagem.
Exemplo
Retirando uma amostra de um saco de arroz, observa-se que aproximadamente 80% dos grãos
são do tipo extrafino. Conclui-se então que o saco de arroz é do tipo extrafino.
Método abstracto
A classe que tenha pelo menos um método abstracto não pode ser instanciada e também deve ser
declarada como abstracta. A definição desse método deverá ser completada em uma classe
derivada dessa que contém o método abstracto, usando o mecanismo de redefinição de métodos.
Actividade económica
Actividade económica é uma actividade que gera rotatividade económica, não valendo-se,
necessariamente, de lucros. São actividades que são geradas dentro de uma economia de um
determinado país, ou ainda;
Actividade Económica pode ser entendida como um conjunto de relações que os homens
estabelecem com os bens e serviços e com os recursos disponíveis visando a satisfação das
necessidades e a resolução dos problemas económicos.
A nossa vida quotidiana identifica-se com a actividade económica, visto que a maioria das
tarefas e realizações do homem visam a satisfação das necessidades. Essa actividade é
económica porque produz bens e serviços utilizando convenientemente os recursos escassos. O
funcionamento da actividade económica exige a realização e a dinamização de várias
actividades: o Consumo, a Produção, a Distribuição, a Repartição do rendimento e a
Acumulação.
A venda da produção gera um conjunto de rendimentos que são repartidos pelos vários
intervenientes sob a forma de salários, lucros, rendas e juros.
Agente Económico
Um agente económico é qualquer entidade que pertence e actua num determinado sistema
económico. Pode ser uma pessoa, tomada individualmente, ou uma pessoa colectiva - (empresa,
cooperativa, órgão governamental, etc. Os agentes económicos são: as Famílias (que têm o
objectivo de satisfazer suas necessidades) As Empresas (que têm o objectivo de maximizar seus
lucros) e o Governo (que tem o objectivo de ampliar o bem-estar social). A função de todos os
Agentes Económicos é fornecer e pagar bens e serviços.
Cada um dos agentes económicos utiliza os rendimentos recebidos para efectuar os seus
consumos ou constituindo uma poupança.
Todos nós sentimos uma multiplicidade de necessidades que pretendemos satisfazer, para isso
utilizamos bens ou serviços. O acto de utilizar um bem ou serviço com vista à satisfação de uma
necessidade (consumo).
Conceito:
Características:
Multiplicidade: são ilimitadas pois sentimos um número variado de e não apenas uma ou
duas. Além disso, elas renovam-se, ou necessidades sejam, não basta satisfazê-las uma
única vez, mas é sim um processo contínuo (p.e. a alimentação e novidades tecnológicas).
Assim, as necessidades têm um carácter relativo;
Saciabilidade: à medida que satisfazemos uma necessidade, a intensidade sentida vai
diminuindo progressivamente até desaparecer (p.e. quando bebemos água);
Substituibilidade: uma necessidade pode ser substituída por outra (princípio da
substituição).
Além destas características, é importar notar que as necessidades variam no tempo e no espaço.
a) Quanto à importância:
Primárias (indispensável) – fundamentais e prioritárias e que podem pôr em risco a
nossa sobrevivência, se não forem satisfeitas: (alimentação, habitação, saúde…)
Bens económicos - são caracterizados pela utilidade, escassez e por serem transferíveis.
Bens livres - são aqueles cuja quantidade é suficiente para satisfazer a todos, como por
exemplo o ar.
Bens normais - são aqueles que seguem a risca as leis da microeconomia; quanto menor
o preço maior a demanda, por exemplo;
Bens Superiores: os bens para os quais um aumento do rendimento determina um
aumento mais do que proporcional do consumo;
Bens inferiores - são um bem cuja quantidade demandada varia inversamente ao nível de
renda do consumidor.
Um caso especifico de bem inferior, são os bens de giffen. Esses bens são caracterizados por
terem um efeito renda negativo, maior (em módulo) do que o seu efeito substituição, resultando
um efeito total negativo.
Bens sucedâneos – os que se substituem mutuamente, são os que satisfazem uma mesma
necessidade e que para isso podem ser substituídos por um ou outro (coca-cola e Pepsy-
cola);
Bens complementares – os que só tem utilidade, se forem utilizados associados com
outros. (sapato direito e sapato esquerdo, carro e gasolina, CD e CD player, Isqueiro e
cigarro etc)
Para responder a esta peocupação, iniciamos agora o estudo dos Problemas Básicos da
Economia também conhecidos por Questões Económicas Fundamentais:
O problema básico da Economia é a escassez. Onde há escassez tem que haver escolha. Para
muitos economistas, a escolha pode ser subdividida em três principais tipos de questões ou de
Problemas Básicos , que afinal são Interdependentes entre si:
O que produzir?
Ou seja : Que tipo de bens produzir? Bens de consumo? Bens de capital? E em que
quantidade? Deve o o Governo construir estradas e pontes ou escolas e hospitais com os
escassos recursos orçamentais de que dispõe este ano? Devo utilizar as duas horas de que
disponho para ir às compras ou para estudar?
Como Produzir ?
Existem varias tecnologias para combinar os recursos, sendo umas mais efecientes do que
outras, até sendo umas mais caras do que outras.Torna-se necessário decidir com que processos,
com que tecnologias, com que insumos, com que equipamentos se vai produzir, tudo dependendo
da disponibilidade dos factores de produção mais abundantes.
Quando produzir?
Tem a vêr com o horizonte temporal visto que as necessidades variam com a época do
ano: Produzir no verão ou no inverno? No tempo seco ou no tempo chuvoso?
Onde produzir?
Como os recursos estão espalhados no espaço torna-se importante decidir na base de
custos sobre a melhor localização da produção: Junto da fonte das matérias-primas?
Junto da mão-de-obra abundante e, consequentemente, barrata? Junto do mar para
permitir uma maior facilidade de acesso ao transporte marítimo, como forma de
escoamento da produção para o mercado internacional, no caso de se tratar de um
produto de exportação? Etc.
O facto é que todos estes Problemas Básicos se levantam no âmbito do funcionamento
de qualquer economia. Assim, cada sociedade deve decidir sobre qual será a melhor
forma para os resolver.
Soluções do Problema
Tradição
Em todas as sociedades, um grande número de regras e costumes tradicionais regula a maior
parte das actividades económicas, criando fortíssimas influências religiosas, sociais e culturais
sobre todos os aspectos do seu funcionamento. Este método de solução económica, que
eliminava em muito a necessidade de novas decisões, dava grande estabilidade ao sistema
económico, mas reduzia muito a sua flexibilidade e eficiência. Hoje, a tradição tem grande
influência na vida económica, não só nos casos mais notáveis (proibição de matar vacas na Índia,
por exemplo), mas sobretudo no dia-a-dia da sociedade (hora a que comemos, sistema de
herança, organização).
Tem como principal característica a sua estabilidade e generalidade. Toda a gente na
sociedade conhece os hábitos culturais que a definem e, em geral, respeita-os. Mas tem, em
contrapartida, o defeito de ser extremamente difícil de mudar. Perante uma alteração social
Autoridade
Outro método para resolver as questões económicas da sociedade é o da autoridade. Nos nossos
dias, e mesmo fora das sociedades de direcção central, a autoridade do Estado tem enorme
influência sobre o sistema económico, alterando e impondo decisões aos agentes económicos.
Através de impostos e subsídios, mas sobretudo dos efeitos económicos das leis, empresas
públicas e acordos internacionais, o Estado resolve muitos dos problemas económicos dos nossos
dias.
Tem, tal como a tradição, a característica de ser conhecida por todos. Mas tem a vantagem
de poder ser mudada e adaptada quando for necessário, sem a rigidez da tradição. Assim, ela
é utilizada nos casos onde é importante que o resultado da decisão seja conhecido de todos,
mas onde a decisão tem de variar conforme os casos.
Promoção da Eficiência
O mercado nem sempre é o modo ideal de afectação económica.
Existem algumas relações económicas que, devido aos seus efeitos culturais, sociais e
humanos, a sociedade não quer confiar ao livre jogo de incentivos (escravatura,
comércio de droga, herança, prestação de serviços de defesa nacional). Nesses casos, o
Estado pode tomar directamente a condução dessas transacções, regulando-as com leis ou
proibindo directamente a sua transacção. Através das suas funções legislativas, judiciais e
de policiamento e defesa, o Estado de cada nação manifesta e realiza a vontade particular
dessa sociedade no domínio da economia.
Assim, o Estado tem motivos para intervir no sistema económico, exactamente no domínio em
que o mercado é mais forte, na eficiência. Embora o mercado, pelo mecanismo de incentivos,
garanta em geral a solução mais racional, existem casos em que o Estado deve intervir para
garantir essa mesma racionalidade.
Promoção da Equidade
Um dos principais objectivos da maior parte das sociedades é garantir que a distribuição dos
bens produzidos seja mais ou menos igualitária entre todos os elementos dessa sociedade. O
Estado deve intervir no sentido de aproximar a distribuição dos rendimentos da noção de justiça
que a sociedade tem (impostos progressivos, segurança social, subsídios).
Conflito eficiência-equidade: Se o Estado retira a uns para dar a outros (por exemplo, se retira
aos que produzem e possuem para dar aos que não têm ou qualquer outra distribuição
considerada justa), é natural que uns e outros reduzam a sua produção. Aqueles a quem se retira
podem achar que não vale a pena produzir se depois o Estado vai tirar o seu resultado, e o que
recebem podem pensar que, como o Estado dá de qualquer modo, o esforço é demasiado. Este
conflito eficiência-equidade é, no fundo, uma manifestação do princípio de que “não há almoços
Promoção da Estabilidade
A concorrência do mercado faz-se no meio do tumulto do aparecimento de novas ideias, que
lutam e vencem ou são vencidas pelas já estabelecidas. Este processo, intrínseco ao sistema de
mercado, gera o desenvolvimento económico e a propagação da eficiência ao longo do tempo,
mas traz consigo a instabilidade e a insegurança.
Uma nova empresa que concorre, com novos e melhores métodos, com as que já produzem esse
bem, significa, a longo-prazo, ganhos importantes para a sociedade. Mas, imediatamente, vai
gerar a falência dos concorrentes, com desemprego e outras graves perturbações. O Estado pode
intervir no sentido de aliviar esta tensão contínua sobre o tecido social e a insegurança
económica de forma a encontrar um comportamento estável para a economia como um todo
(através de mecanismos de apoio aos desempregados, correcção de desequilíbrios sectoriais ou
regionais, entre outros). Mas, ao fazer isto, o Estado está a fazê-lo à custa dos benefícios dos
mais dinâmicos. O buscar estabilidade, perde-se rapidez de desenvolvimento – conflito
desenvolvimento-estabilidade.
Em todos estes esforços, o Estado trabalha com o Mercado, não contra ele. A harmonia entre a
acção do Estado e o funcionamento da sociedade, no mercado, é um dos elementos mais
importantes de um sistema equilibrado.