TEMA II e III

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Notas de Aula II e III – INTRODUÇÃO A ECONOMIA

TEMA II: SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DA ECONOMIA

BREVE VISÃO HISTÓRICA DO SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DA ECONOMIA

Não obstante a história do pensamento econômico registe que a expressão economia política
tenha aparecido só no século XVII, com a publicação, no ano de 1615, do Traité d’ Economie
Politique, do mercantilista francês Antoine de Montchrétien (1575-1621)

Há autores que a atribuem a Aristóteles (384-322 a.c ). Na verdade, tenha ou não Aristóteles
empregado tal expressão, para designar essa complexa ciência que hoje se ocupa da escassez, da
inflação de preços , do desemprego, do nível de renda social, da depressão, da prosperidade
e da plena utilização de todos os recursos do sistema econômico, o facto é que esse notável
discípulo de Platão é considerado “o fundador de muitas ciências e também o primeiro analista
econômico” (John Fred Bell).

No período aristotélico, porém, a economia era considerada a ciência da Administração da


Comunidade Doméstica, isto é, dito de outro modo, o termo economia provêm do grego que
junta duas palavras (Oiko) (casa) e Nomie (governo) que significa governo da casa.

Tratava-se, pois, de um ramo dos conhecimentos destinados a abranger apenas o campo comunal
da actividade económica em suas mais simples funções de produção e distribuição, isto é, na
altura era analisada a maneira pela qual as pessoas governavam as sua casas, pois a casa era mais
do que o local de habitação e englobava as actividades produtivas que se realizavam nos
terrenos circunvizinhos com a utilização ou não de escravos ou outros meios.

Entre o período aristotélico e a renascença, as questões económicas assumiram gradualmente


maior importância, com o aparecimento das novas formas do primitivo regime de comunidades
domesticas. Os sistemas de posse territorial, a servidão, a arrecadação tributária, a
organização das corporações de possessores, as questões relacionadas à concessão de
mercados, ao comércio Inter-regional, às guildes e à cunhagem e emprego de moedas foram
abundamente discutidos.

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Todavia, as dimensões da economia só se alargariam no período renascentista, quando o
desenvolvimento das monarquias absolutas da França Alemanha, Inglaterra, Espanha e
Portugal e, particularmente, a descoberta da América, Impuseram a necessidade de a análise
económica desligar-se das questões puramente filosóficas, às quais se mantivera ligada como por
um cordão umbilical e pelos quais se deixara eclipsar durante longos séculos. Nesse período,
os escritores mercantilistas desenvolveram diversos estudos, em relação à administração dos
bens e das rendas do Estado, ampliando- se então o campo de acção da Economia.

No século XVII, todavia, é que a economia iria desenvolver-se e ingressar em sua fase cientifica.

Nesse século, considerado como a idade da razão ou época do iluminismo, os pensadores


económicos procuraram reformular os princípios fundamentais da Economia, duas
importantes obras foram publicadas, em 1758 e 1766: “Tableau Economique” de François
Quesnay e “ An Inquiry Into The Nature and causes of the Wealth of nations” de Adam
Smith.

Esses autores, fundadores de duas importantes escolas económicas, dedicaram-se


particularmente ao estudo da clássica trilogia da actividade económica: Formação,
distribuição e consumo prevaleceram até as primeiras décadas do século XX, quando Alfred
Marshall responsável pela chamada “Síntese Neoclássica”, propunha nova definição: “ A
economia é a ciência que examina a parte da actividade individual e social essencialmente
consagrada a atingir e a utilizar as condições naturais do bem-estar.

Aparentemente simples, essa definição de Marshall é uma linha divisória entre as definições
clássicas e contemporâneas: Os clássicos não se ocupavam especificamente das causas e das
conseqüências, às vezes terríveis, das depressões e da escassez, os contemporâneos, todavia
procuram atribuir à economia a analise da prosperidade, da depressão, da escassez dos
recursos, em fase das ilimitadas necessidades e do bem-estar do povo.

Com o despertar dos povos subdesenvolvidos, os economistas contemporâneos sentiram, mais do


que em qualquer época, que os objectivos de bem-estar dependiam da correcta utilização dos
recursos disponíveis.

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Verificaram que não havia limitação para os objectivos de bem-estar, enquanto eram escassos
os recursos econômicos para alcança-los. Essa é a razão porque propuseram: “ a Economia é o
estudo da organização social, através da qual os homens satisfazem suas necessidades de
bens e serviços escassos” , ou, mais simplesmente, “ a Economia é a ciência social que se
ocupa da administração dos escassos recursos disponíveis” ( Tiber Scitovsky).

Porém, actualmente, a economia como ciência, é apontada a Adam Smith (Pai da economia
moderna, 1723-1790) e muitos outros autores.

VISÃO CONTEMPORÂNEA DE ECONOMIA:

Paul A. Samuelson considera a economia como a ciência que se preocupa com o estudo das leis
económicas indicadoras do caminho que deve ser seguido para que seja mantida em nível
elevado a produtividade, melhorando o padrão de vida das populações e para que sejam
empregados correctamente os recursos.

Raymond Barré define essa complexa ciência como sendo a que se volta para a administração
dos recursos escassos das sociedades humanas.

Adam Smith defende que a economia estuda a origem e as causas da riqueza das nações- Nesta
época da primeira revolução industrial verifica-se um grande crescimento económico em alguns
países que se traduzia no aumento da produção agrícola e as cidades agigantam-se enquanto que
os outros países permaneciam na mesma, o que aumentava o fosso entre eles.

Stuart Mill define a economia como sendo a ciência que estuda a produção e a distribuição da
riqueza. Esta definição tem o mérito de estabelecer a ligação entre a teoria e a realidade porque a
economia não se limita à conceptuação mas é também uma ciência de experimentação.

Leonild Leontiev: segundo Leontiev, “o objecto da economia é a estrutura social da produção”


. nesta acepção o autor quer dar ênfase a estrutura social da produção como a forma de como se
relacionam as diferentes classes sociais no processo produtivo de acordo com a propriedade
(domínio ou controle) dos recursos. Assim a sociedade era dividida entre os que têm as
máquinas, ferramentas e terras, etc. e os que não possuindo trabalhavam para os primeiros e isto

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condicionava a parte da riqueza que cabia a cada um sendo a parte do leão para os donos dos
meios de produção.

Alfred Marshall, tal como vimos na sua definição anterior que o autor pretende abordar tópicos
irrelevantes mas que afectam directamente a vida das pessoas. Engloba desde a compra de
produto, o trabalho até o lazer, a higiene e até o casamento.

C. Pigou entende que a economia tem por objecto os preços e as leis do mercado. Esta definição
prende-se com o momento histórico do início deste século em que as preocupações dos
economistas eram esclarecer o problema da formação dos preços e do funcionamento dos
mercados. Esta definição não abarca alguns problemas como é o caso da produção, a economia
planificada e a distribuição da riqueza.

Lionel Robins; segundo este autor” o problema da aplicação de recursos escassos e de emprego
alternativo em finalidades de desigual importância é o que constitui o objecto da economia. Esta
definição é mais abrangente, porém o termo finalidades é excessivamente amplo pois a
economia não se preocupa com a maneira pela qual as pessoas usam o seu tempo entre o futebol
ou cinema que são finalidades de desigual importância.

O. Lange: A economia política é a ciência das leis sociais que regem a produção e a
distribuição dos meios materiais requeridos para satisfazer as necessidades humanas. Importa
reter a questão de satisfazer as necessidades humanas, pois nem tudo o que o homem necessita
se encontra na natureza, é necessário transformarmos para estarem aptos a serem consumidos.
Igualmente importa realçar outros factores não contemplados na definição que só prendem à
troca e a escassez dos meios.

Já Stonier e Hague são mais taxativos: “Se não houvesse escassez nem necessidade de repartir
os bens entre os homens, não existiriam tampouco sistemas económicos nem economia. A
economia é, fundamentalmente, o estudo da escassez e dos problemas dela decorrentes”

Evidentemente, a combinação óptima dos recursos escassos na luta contra as depressões


económicas e o subdesenvolvimento são considerados nos modernos modelos macroeconómicos
desenvolvidos por teóricos contemporâneos, como Harrod e Domar, Cobb e Douglas,
Mahalanobis, Tinbergen, Ragnar Frisch e outros, o que coloca a economia, como previra

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Marshall, “ nas linhas das ciências exatas, embora não seja possível compará-la com essas
ciências, devido às forças subtis, sempre variáveis, da natureza humana”.

Outras definições:

 A economia analisa quais os bens que são produzidos, como são produzidos e para quem
são produzidos.
 A economia é a ciência económica que analisa os movimentos globais da economia-
tendências de preços da produção, do desemprego e do comércio externo. Uma vez
conhecidas essas tendências, a ciência econômica ajuda os governos a desenvolver
políticas com os quais os governos podem melhorar o funcionamento da economia.
 A economia é o estudo do comércio entre os países. Ajuda a explicar como uns países
exportam uns bens e importam outros e analisa o efeito da imposição das barreiras
económicas nas fronteiras nacionais.
 A economia é a ciência da escolha. Estuda como os indivíduos decidem usar os recursos
produtivos escassos ou limitados ( trabalho, equipamentos e conhecimentos tecnológicos)
para produzir diversas mercadorias( tais como cereais, roupa,espectáculo e armamento) e
distribuir para consumo.
 A economia é o estudo do dinheiro, da banca, do capital e da riqueza.

Estas definições são de extrema importância para compreender como ao longo do tempo foi
entendida a economia pelas diversas gerações.

A sabedoria é a fonte da vida e da prudência e como resultado ainda não acabado dada a
dinâmica dos processos económicos e a definição mais comum actualmente pode ser seguinte:

 A economia é a ciência que estuda o comportamento humano como relação entre fins e
meios escassos que possuem usos alternativos ou então é a ciência que estuda a forma
como as pessoas e a sociedade, utilizam os recursos escassos com usos alternativos, para
produzir, distribuir, trocar e consumir bens materiais e serviços, no presente e no futuro.

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Nota: É ciência porque é um conjunto de conhecimento que resultam de pesquisas metódicas
sobre um dado objecto.

ECONOMIA COMO CIÊNCIA

 Objecto de estudo da ciência económica


“O economista ocupa-se com a análise de processos que ocorrem na sociedade e que se
relacionam com o problema básico da actividade económica – a produção e distribuição de bens
e serviços escassos numa sociedade, ou seja, explicitando um pouco melhor: a Economia
interessa-se pelo estudo da “ aplicação eficiente de recursos escassos para satisfazer necessidades
virtualmente ilimitadas”. Em suma, a essência do estudo da economia é a escassez.

Convêm, notar, no entanto, que o objecto da ciência económica não se tem mantido ao longo do
tempo, pois nos podemos abstrair da época em que os fenómenos ocorrem, uma vez que as
condições sociais e económicas estão em constante mutação. Daí que, em 1890, Marshall
propusesse a seguinte definição: “a Economia é uma ciência que examina a parte da actividade
individual e social essencialmente consagrada a atingir as condições materiais do bem-estar”.

Mas hoje em dia, a economia tem por objecto, não só a análise das condições necessárias para a
universalização do bem-estar material, mas também a pesquisa das causas da expansão e das
crises, bem como o estudo dos problemas decorrentes da escassez de recursos face ao carácter
ilimitado das necessidades.

De facto, se os recursos não fossem escassos não surgiriam os problemas económicos, pois não
haveria praticamente custos. Por exemplo, o ar, que é um bem que não é escasso, não tem custo,
o seu consumo é, por isso, livre. No entanto, a grande maioria dos bens são escassos e portanto a
sua produção acarreta custos.

Por outro lado, as necessidades dos indivíduos crescem constantemente, isto porque para além
das necessidades primárias (alimentação, vestuário, habitação, etc.) surgem necessidades
decorrentes do progresso económico (cultura, lazer etc.) cada vez mais sofisticadas.

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Porque Estudar Economia?

Muitas das vezes, na nossa vida somos confrontados com uma questão “porque estudar
economia?” A resposta para esta questão pode não ser única, isto é, são várias respostas para a
mesma questão mas que se resume em uma e única, aquela que está associada ao seu objecto de
estudo (a escassez).

A Economia é um ramo do saber que, actualmente, esta presente no quotidiano de qualquer


individuo e não apenas no dos economistas. Basta ligar a televisão ou abrir um jornal para que os
problemas económicos nos surjam como centro da vida social.

Desde sempre o homem precisou de fazer face a algumas das suas necessidades mais prementes:
alimentação, vestuário, habitação, defesa etc. Para satisfazer estas necessidades, o homem
consome bens que nem sempre estão directamente ao seu dispor, por isso ele necessita de as
produzir. O homem é assim, um agente imprescindível à produção e ao consumo, actividades
fundamentais de qualquer Economia.

Podemos, então, dizer que a actividade económica é todo o esforço desenvolvido pelo homem
para obter os bens de que necessita para satisfazer as suas necessidades, os quais existem em
quantidades limitadas.

Por outro lado, os grandes problemas actuais da humanidade (desemprego, crise industrial,
instabilidade monetária, dívida do terceiro mundo, fome...) têm origem na actividade económica
e simultaneamente reflectem-se nessa actividade.

RELAÇÃO ENTRE ECONOMIA E OUTROS CIÊNCIAS

 Economia e a Ciência Polítca

A economia dedica-se aos problemas da actividade dos agentes económicos isolados enquanto
que a ciência política dedica-se aos problemas que o Estado se defronta, ou seja, os assuntos
públicos.

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A economia preocupa-se com problemas de produção e distribuição, contém em si o estudo dos
problemas de economia política.

Mesmo antes do século XVIII, na longa fase considerada pré- científica da Ciência Política
Económica, esses dois ramos do conhecimento humano revelam-se interdependentes.

Na Grécia e em Roma, a Economia, a Ética e a Ciência Política compreendiam um único e coeso


ramo, desenvolviam estudos sobre a indústria e o comércio, a agricultura e os tributos, a
escravatura e a organização sócio-política, a moeda e o valor, os juros e os salários.

Essa secular interdependência entre a Economia e a Ciência Política provém de que a política,
ao estudar a organização do Estado e as relações entre as classes dirigentes e as dirigidas, fixa
impostantes instituições sobre as quais se desenvolverão as actividades económicas.

 A Economia e a Sociologia

Pitrim Sorokim, conhecido sociologo russo, mostra em seu clássico « Contemporary


Sociological Theories» ( Teorias Sociológicas Contemporâneas) que a Economia e a Sociologia
mantêm entre si secular interdependência, que remonta aos sábios orientais, como Confúcio e
Mêncio, para os quais a situação económica satisfatória seria uma das condições necessárias à
ordem social. Na antiga Grécia, Tucídides, Platão e Aristóteles partiram de factores económicos
para dar explicação a muitos processos sociais, enquanto, na Idade Média, Maquíavel,
Guicciardini e Gianotti dedicaram vários trechos de suas obras ao exame das inter-relações entre
as lutas de classe e os interesses económicos . No século XVII e na primeira metade do século
XVIII- segundo ainda Sorokin-Harrington, Garnier, Reinhard, Millar e Dalrymple
desenvolveram, em maior profundidade, diversas análises de natureza social, correlacionando-as
a factores de natureza económica. A partir de então, a Economia e a Sociologia fragmentaram –
se como departamentos distintos das Ciências Sociais, em resposta ao especialismo científico da
segunda metade do século XVIII.

Os fenómenos puramente sociais passaram a ser tratados por grupo autónomo de pesquisadores,
diversos e até certo ponto afastados um do outro , que passou a cuidar dos problemas
característicamente económicos, embora sociólogos do porte de Savigny e Le Play jamais

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deixassem de considerar a influência dos fenómenos económicos no terreno da organização
social, enquanto economistas como Hildebrand e Roscher não deixaram de cuidar dos problemas
económicos, dentro de amplo contexto sociológico.

 A Economia e a História

A economia e os próprios sistemas económicos estãos condicionados à evolução histórica das


civilizações. Esse condicionamento confere alto grau de interdependência entre a Economia e a
História, pois «a pesquisa histórica reveste-se de incontestável utilidade para o economista, à
medida que analisa a evolução das instituições e que explica os quadros jurídicos, sociais,
psicológicos e religiosos da actividade económica, facilitando as explicações dinâmicas da
Economia».

As principais ciências auxiliares directas da História são as cronologia e a Geografia, as quais


fornecem à Análise Económica uma localização no tempo e no espaço das actividades humanas,
a natureza geral e as correlações entre os acontecimentos, a organização e a evolução dos factos,
a unidade dos grandes fenómenos históricos e as tendências das civilizações.

O estreitamento das relações entre a História e a Economia foi promovido particularmente no


século XIX e nas primeiras décadas do século actual, pela Escola Histórica da Economia,
desenvolvida pelo economista alemão Wilhelm Roscher, fundador dessa Escola, que
considerava que a investigação económica só poderia ser realizada se os economistas se
mantivessem em contacto com as outras ciências da vida nacional e com a história da civilização.

Freiedrich List, também economista alemão, recorreu aos ensinamentos da história das
civilizações para concluir sobre a existência de etapas distintas no desenvolvimento económico.

Embora não se possa afirmar que a pesquisa histórica seja a principal fonte da análise
económica, deve-se reconhecer que a Economia é altamente auxiliada pela História,
principalmente em função das rápidas transformações culturais que caracterizam as modernas
civilizações do Ocidente e do Oriente.

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 A Economia e a Geografia

A geografia actual vai se afastando da sua simples incumbência de registar acidentes geográficos
e climáticos, para se ocupar de novos aspectos, que interessam particularmente à Economia,
como as condições geo-económicas dos mercados regionais, a concentração no espaço
geográfico, a descrição e análise dos métodos regionais de produção e intercâmbio, a
composição sectorial da actividade económica, eficiência infra-estrutural da economia e as
próprias formas de organização das unidades produtivas.

A moderna geografia transformou-se, assim, em um dos ramos do conhecimento social que mais
têm auxiliado a tarefa da análise económica, a Geografia Económica tem-se revelado de
inestimável utilidade para a Política Económica, pois esta exige o preciso levantamento dos
recursos naturais e humanos da sociedade, que orientam os planeadores na distribuição regional
dos recursos financeiros e tecnológicos disponíveis, tendo em vista seu óptimo aproveitamento.

Divisão da Economia
A economia é uma ciência complexa e dada a sua preponderância na vida das sociedades, urge a
necessidade de melhor entende-la o que torna necessário a sua decomposição, dando origem as
seguintes classificações:

Quanto aos Resultados

 Economia Positiva

A economia positiva é o ramo da economia que se preocupa com a descrição e explicação dos
fenómenos económicos (Wong, 1987, p. 920). Ela foca fatos observáveis e nas relações de causa
e efeito e inclui o desenvolvimento e teste de teoria económicas. Expressões mais antigas eram
economia livre-de-valor (value-free economics) e seu equivalente germânico economia wertfrei.
Essas expressões foram desafiadas por serem persuasivas e não descritivas.

A economia positiva como ciência (Robbins, 1932) se preocupa com o comportamento


económico. Uma definição - padrão de economia positiva como uma colecção de teoremas

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imbuídos de significado operacional pode ser encontrada em 1947 de Paul Samuelson. A
economia positiva, enquanto tal, evita juízos de valor económicos. Por exemplo, uma teoria
económica positiva pode descrever como o crescimento da oferta monetária afecta a inflação,
mas não fornece nenhuma instrução quanto a que política deveria ser adoptada.

Ainda assim, a economia positiva e comummente julgada necessária para o escalamento de


políticas ou resultados económicos quanto a aceitabilidade (Wong, 1987, p. 921), o que constitui
a economia normativa. A economia positiva é algumas vezes definida como a economia "do que
é", enquanto a economia normativa discute o que "deveria ser". A distinção foi exposta por John
Neville Keynes (1891) e elaborada por Milton Friedman em um influente ensaio de 1953.

A base metodológica para a distinção positiva/normativa tem suas raízes na distinção fato/valor
em filosofia, sendo que os principais proponentes dessa distinção são David Hume e G. E.
Moore. A base lógica para tal relação ser considerada uma dicotomia tem sido debatida na
literatura filosófica. Tais debates se reflectem nas discussões sobre ciência positiva e
especificamente em economia, onde críticos, como Gunnar Myrdal (1954), McCloskey (1986) e
Pérsio Arida (1986) discutem a ideia de que a economia pode ser completamente neutra e livre
de ideologias.

Dentro da economia Positiva distingue-se a economia descritiva e a teoria económica, que não é
nada mais do que um conjunto de fundamentos, concepções ou leis princípios, consideradas
coerentes e que podem explicar a realidade económica.

 Economia Normativa

Na economia normativa, os economistas prescrevem como o mundo deveria ser.

Por exemplo: O Banco Central deveria reduzir a quantidade de moeda emitida. Neste caso,
envolve questões como valores, ética e política.

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Quanto ao Âmbito distingue-se:

 Microecomia é o ramo da economia que se preocupa com o estudo do comportamento


das componentes individuais de um sistema (empresas, industrias e famílias).

A Microeconomia é definida como um problema de alocação de recursos escassos em relação a


uma série possível de fins. Os desdobramentos lógicos desse problema levam ao estudo do
comportamento económico individual de consumidores, e firmas bem como a distribuição da
produção e rendimento entre eles. A Microeconómica é considerada a base da moderna teoria
económica, estudando suas relações fundamentais.

As famílias são consideradas fornecedores de trabalho e capital, e demandantes de bens de


consumo. As firmas são consideradas demandantes de trabalho e factores de produção e
fornecedoras de produtos.

Os consumidores maximizam a utilidade a partir de um orçamento determinado. As firmas


maximizam lucro a partir de custos e receitas possíveis.

A microeconomia procura analisar o mercado e outros tipos de mecanismos que estabelecem


preços relativos entre os produtos e serviços, alocando de modos alternativos os recursos dos
quais dispõe determinados indivíduos organizados numa sociedade.

A microeconomia preocupa-se em explicar como é gerado o preço dos produtos finais e dos
factores de produção num equilíbrio, geralmente perfeitamente competitivo. Divide-se em:

Teoria do Consumidor: Estuda as preferências do consumidor analisando o seu comportamento,


as suas escolhas, as restrições quanto a valores e a demanda de mercado. A partir dessa teoria se
determina a curva de demanda.

Teoria da Firma: Estuda a estrutura económica de organizações cujo objectivo é maximizar


lucros. Organizações que para isso compram factores de produção e vendem o produto desses
factores de produção para os consumidores. Estuda estruturas de mercado tanto competitivas
quanto monopolísticas. A partir dessa teoria se determina a curva de oferta.

Teoria da Produção: Estuda o processo de transformação de factores adquiridos pela empresa em


produtos finais para a venda no mercado. Estuda as relações entre as variações dos factores de

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produção e suas consequências no produto final. Determina as curvas de custo, que são utilizadas
pelas firmas para determinar o volume óptimo de oferta.

 Macroeconomia, que se preocupa com o estudo da economia como um todo.

Macroeconomia é o estudo do comportamento agregado de uma economia, ou seja, das


principais tendências (a partir de processos microeconómicos) da economia no que concerne
principalmente à produção, à geração de renda, ao uso de recursos, ao comportamento dos
preços, e ao comércio exterior. Os objectivos da macroeconomia são principalmente: o
crescimento da produção e consumo, o pleno emprega, a estabilidade de preços, o controle
inflacionário e uma balança comercial favorável, em suma estuda a economia como um todo.

Um conceito fundamental à macroeconomia é o de sistema económico, ou seja, uma organização


que envolva recursos produtivos, A estrutura macroeconómica se compõe de cinco mercados:

Mercado de Bens e Serviços: Determina o nível de produção agregada bem como o nível de
preços.

Mercado de Trabalho: Admite a existência de um tipo de mão-de-obra independente de


características, determinando a taxa de salários e o nível de emprego.

Mercado Monetário: Analisa a demanda da moeda e a oferta da mesma pelo Banco Central
que determina a taxa de juros.

Mercado de Títulos: Analisa os agentes económicos superavitários que possuem um nível de


gastos inferior a sua renda e deficitários que possuem gastos superiores ao seu nível de renda.

Mercado de Divisas: Depende das exportações e de entradas de capitais financeiros determinada


pelo volume de importações e saída de capital financeiro.

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Métodos de Investigação Económica

 Método Dedutivo

Denomina-se método dedutivo a modalidade de raciocínio lógico que faz uso da dedução para
obter uma conclusão a respeito de determinada (s) premissa(s).

No corpo da lógica clássica, a indução pode ser reduzida à dedução.

Essencialmente, os raciocínios dedutivos se caracterizam por apresentar conclusões que devem,


necessariamente, ser verdadeiras caso todas as premissas sejam verdadeiras.

O método dedutivo surgiu na Grécia antiga, com o silogismo do filósofo Aristóteles.

Entretanto, é importante frisar que a dedução (e, consequentemente, o método dedutivo) não
oferece conhecimento novo, uma vez que sempre conduz à particularidade de uma lei geral
previamente conhecida. A dedução apenas organiza e especifica o conhecimento que já se
possui. Ela tem como ponto de partida o plano do inteligível (ou seja: da verdade geral, já
estabelecida) e converge para um ponto interior deste plano.

Exemplos

 Todo vertebrado possui vértebras. Todos os cavalos são vertebrados. Logo, todos os
cavalos têm vértebras.

 Todo metal conduz electricidade. O mercúrio é um metal. Logo, o mercúrio conduz


electricidade.

Nos exemplos apresentados, as duas premissas são verdadeiras, portanto a conclusão é


verdadeira.

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 Método Indutivo

Método indutivo é aquele que parte de questões particulares até chegar a conclusões
generalizadas. Este método está cada vez mais sendo abandonado, por não permitir ao autor uma
maior possibilidade de criar novas leis, novas teorias.

Próprio das ciências naturais também aparece na Matemática através da Estatística. Utilizando
como exemplo a enumeração, trata-se de um raciocínio indutivo baseado na contagem.

Exemplo

Retirando uma amostra de um saco de arroz, observa-se que aproximadamente 80% dos grãos
são do tipo extrafino. Conclui-se então que o saco de arroz é do tipo extrafino.

 Método abstracto

A definição de um método compreende especificação (a sua assinatura) e implementação (o seu


corpo). Há situações em que é possível afirmar que uma classe deve ter um método com
determinada especificação mas nada pode se afirmar sobre seu comportamento. Para esses casos,
é possível definir que a classe tem esse método como abstracto.

A classe que tenha pelo menos um método abstracto não pode ser instanciada e também deve ser
declarada como abstracta. A definição desse método deverá ser completada em uma classe
derivada dessa que contém o método abstracto, usando o mecanismo de redefinição de métodos.

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ACTIVIDADE ECONÓMICA E AGENTES ECONÓMICOS

 Actividade económica
Actividade económica é uma actividade que gera rotatividade económica, não valendo-se,
necessariamente, de lucros. São actividades que são geradas dentro de uma economia de um
determinado país, ou ainda;
Actividade Económica pode ser entendida como um conjunto de relações que os homens
estabelecem com os bens e serviços e com os recursos disponíveis visando a satisfação das
necessidades e a resolução dos problemas económicos.

A nossa vida quotidiana identifica-se com a actividade económica, visto que a maioria das
tarefas e realizações do homem visam a satisfação das necessidades. Essa actividade é
económica porque produz bens e serviços utilizando convenientemente os recursos escassos. O
funcionamento da actividade económica exige a realização e a dinamização de várias
actividades: o Consumo, a Produção, a Distribuição, a Repartição do rendimento e a
Acumulação.

A venda da produção gera um conjunto de rendimentos que são repartidos pelos vários
intervenientes sob a forma de salários, lucros, rendas e juros.

 Agente Económico

Um agente económico é qualquer entidade que pertence e actua num determinado sistema
económico. Pode ser uma pessoa, tomada individualmente, ou uma pessoa colectiva - (empresa,
cooperativa, órgão governamental, etc. Os agentes económicos são: as Famílias (que têm o
objectivo de satisfazer suas necessidades) As Empresas (que têm o objectivo de maximizar seus
lucros) e o Governo (que tem o objectivo de ampliar o bem-estar social). A função de todos os
Agentes Económicos é fornecer e pagar bens e serviços.

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Notas de Aula II e III – INTRODUÇÃO A ECONOMIA
Conceito: Qualquer individuo ou entidade que intervém na actividade económica exercendo pelo
menos uma função económica

 Famílias: cuja principal função é consumir;


 Empresas: cuja grande função é a produção de bens e serviços;
 Estado: sendo a sua principal função a satisfação das necessidades da colectividade;
 Resto do Mundo: engloba o conjunto de operações económicas entre os residentes de
um país e os residentes noutros países.

Todavia quando observamos o comportamento dos agentes económicos, podemos fazê-lo de


acordo com duas perspectivas:

 Microeconomia: estuda o comportamento dos agentes económicos como unidades


individuais
 Macroeconomia: estuda o comportamento dos agentes económicos em grandes
agregados.

Cada um dos agentes económicos utiliza os rendimentos recebidos para efectuar os seus
consumos ou constituindo uma poupança.

NECESSIDADES ECONÓMICAS, CONSUMO E SUA CLASSIFICAÇÃO.

Todos nós sentimos uma multiplicidade de necessidades que pretendemos satisfazer, para isso
utilizamos bens ou serviços. O acto de utilizar um bem ou serviço com vista à satisfação de uma
necessidade (consumo).

Utilidade: Aptidão de que os bens se revestem para satisfazer as nossas necessidades.

Conceito:

Necessidade - É o desejo de acabar ou prevenir uma insatisfação ou aumentar uma satisfação.


Corresponde a um estado de carência que sentimos e desejamos ver satisfeito.

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Notas de Aula II e III – INTRODUÇÃO A ECONOMIA
Consumo é um acto de satisfazer uma necessidade recorrendo à utilização de bens ou serviços,
os quais possuem uma aptidão para satisfazer a necessidade, através da sua utilização, ou seja, a
sua utilidade, ou simplesmente é o acto de utilizar um bem material ou serviço com vista à
satisfação das necessidades.

Características:

 Multiplicidade: são ilimitadas pois sentimos um número variado de e não apenas uma ou
duas. Além disso, elas renovam-se, ou necessidades sejam, não basta satisfazê-las uma
única vez, mas é sim um processo contínuo (p.e. a alimentação e novidades tecnológicas).
Assim, as necessidades têm um carácter relativo;
 Saciabilidade: à medida que satisfazemos uma necessidade, a intensidade sentida vai
diminuindo progressivamente até desaparecer (p.e. quando bebemos água);
 Substituibilidade: uma necessidade pode ser substituída por outra (princípio da
substituição).
Além destas características, é importar notar que as necessidades variam no tempo e no espaço.

 Classificação das Necessidades:

a) Quanto à importância:
 Primárias (indispensável) – fundamentais e prioritárias e que podem pôr em risco a
nossa sobrevivência, se não forem satisfeitas: (alimentação, habitação, saúde…)

 Secundárias (necessário) – satisfeitas depois das primárias, pois caso não as


satisfaçamos não colocam a nossa vida em risco. Referem-se ao que é necessário, mas
não indispensável, mas se as satisfizermos podemos aumentar a qualidade de vida: ir ao
cinema, ler um livro...

 Terciárias (supérfluo) – tudo aquilo que, numa determinada sociedade e determinado


momento, é considerado um luxo: perfumes e roupas de marca, jóias caras.

Emílio Carlos Soverano Impissa Página 18


Notas de Aula II e III – INTRODUÇÃO A ECONOMIA

b) Quanto a sua natureza:

 Não económicas – se não temos de despender de moeda ou trabalho para satisfazê-las,


pois a natureza permite a sua satisfação livre e gratuita: respirar, tomar banho no mar...
 Económicas - se temos de despender moeda ou trabalho para satisfazê-las: ir ao teatro,
andar de metro...

c) Quanto ao modo de vida:

 Colectiva – as que derivam do facto do Homem viver em grupo, atingindo todos os


elementos da comunidade: necessidade de policiamento, justiça, regras de trânsito.
 Individuais – as que dizem respeito a cada um de nós, em função das características da
pessoa.

No nosso quotidiano, sentimos uma diversidade de necessidades. Para satisfazer estas


necessidades utilizamos bens ou serviços, ou seja, consumimos.

Em economia, bem é tudo aquilo que satisfaz directa ou indirectamente os desejos e


necessidades dos seres humanos. Os bens podem ser classificados segundo seu carácter, natureza
ou função. Na microeconomia podem ainda ser classificados quando ao seu comportamento em
um gráfico de demanda.

Classificação dos Bens


a) Segundo o carácter

 Bens económicos - são caracterizados pela utilidade, escassez e por serem transferíveis.
 Bens livres - são aqueles cuja quantidade é suficiente para satisfazer a todos, como por
exemplo o ar.

Emílio Carlos Soverano Impissa Página 19


Notas de Aula II e III – INTRODUÇÃO A ECONOMIA
b) Segundo a natureza

 Bens de capital - não atendem directamente às necessidades.


 Bens de consumo - destinam-se à satisfação directa de necessidades. Eles ainda são
subdivididos em duradouros, que permitem um uso prolongado e não-duradouros que
acabam com o tempo.

c) Segundo a sua intervenção no processo produtivo.

 Bens intermediários - devem sofrer novas transformações antes de se converterem em


bens de consumo ou de capital.
 Bens finais - já sofreram as transformações necessárias para seu uso ou consumo.

d) Segundo a classificação microeconómica

 Bens normais - são aqueles que seguem a risca as leis da microeconomia; quanto menor
o preço maior a demanda, por exemplo;
 Bens Superiores: os bens para os quais um aumento do rendimento determina um
aumento mais do que proporcional do consumo;
 Bens inferiores - são um bem cuja quantidade demandada varia inversamente ao nível de
renda do consumidor.
Um caso especifico de bem inferior, são os bens de giffen. Esses bens são caracterizados por
terem um efeito renda negativo, maior (em módulo) do que o seu efeito substituição, resultando
um efeito total negativo.

e) Quanto a sua relação

 Bens sucedâneos – os que se substituem mutuamente, são os que satisfazem uma mesma
necessidade e que para isso podem ser substituídos por um ou outro (coca-cola e Pepsy-
cola);
 Bens complementares – os que só tem utilidade, se forem utilizados associados com
outros. (sapato direito e sapato esquerdo, carro e gasolina, CD e CD player, Isqueiro e
cigarro etc)

Emílio Carlos Soverano Impissa Página 20


Notas de Aula II e III – INTRODUÇÃO A ECONOMIA

TEMA III: ABORDAGEM CIENTIFICA DA ECONOMIA

Problemas Económicos Fundamentais


Como já sabemos, a Economia tem a vêr com a questão da adequação de recursos escassos e
com possibilidades de usos alternativos na satisfação das infinitas necessidades da sociedade
em geral e do homem em particular. Significa que é preciso fazer escolhas, isto é, é preciso
tomar decisões. Mas que tipo de decisões?

Para responder a esta peocupação, iniciamos agora o estudo dos Problemas Básicos da
Economia também conhecidos por Questões Económicas Fundamentais:

O problema básico da Economia é a escassez. Onde há escassez tem que haver escolha. Para
muitos economistas, a escolha pode ser subdividida em três principais tipos de questões ou de
Problemas Básicos , que afinal são Interdependentes entre si:

 O que produzir?
Ou seja : Que tipo de bens produzir? Bens de consumo? Bens de capital? E em que
quantidade? Deve o o Governo construir estradas e pontes ou escolas e hospitais com os
escassos recursos orçamentais de que dispõe este ano? Devo utilizar as duas horas de que
disponho para ir às compras ou para estudar?
 Como Produzir ?

Existem varias tecnologias para combinar os recursos, sendo umas mais efecientes do que
outras, até sendo umas mais caras do que outras.Torna-se necessário decidir com que processos,
com que tecnologias, com que insumos, com que equipamentos se vai produzir, tudo dependendo
da disponibilidade dos factores de produção mais abundantes.

 Para quem produzir?


A quem se destinam os bens produzidos? Ou seja, como devidir pelos diferentes
intervenientes do processo produtivo, o que foi produzido? Como é que o produto
Nacional é repartido pelos diferentes grupos de que se compõe uma economia?

Emílio Carlos Soverano Impissa Página 21


Notas de Aula II e III – INTRODUÇÃO A ECONOMIA
Há autores que apontam mais dois tipos de problemas Básicos:

 Quando produzir?
Tem a vêr com o horizonte temporal visto que as necessidades variam com a época do
ano: Produzir no verão ou no inverno? No tempo seco ou no tempo chuvoso?

 Onde produzir?
Como os recursos estão espalhados no espaço torna-se importante decidir na base de
custos sobre a melhor localização da produção: Junto da fonte das matérias-primas?
Junto da mão-de-obra abundante e, consequentemente, barrata? Junto do mar para
permitir uma maior facilidade de acesso ao transporte marítimo, como forma de
escoamento da produção para o mercado internacional, no caso de se tratar de um
produto de exportação? Etc.
O facto é que todos estes Problemas Básicos se levantam no âmbito do funcionamento
de qualquer economia. Assim, cada sociedade deve decidir sobre qual será a melhor
forma para os resolver.

Soluções do Problema

 Tradição
Em todas as sociedades, um grande número de regras e costumes tradicionais regula a maior
parte das actividades económicas, criando fortíssimas influências religiosas, sociais e culturais
sobre todos os aspectos do seu funcionamento. Este método de solução económica, que
eliminava em muito a necessidade de novas decisões, dava grande estabilidade ao sistema
económico, mas reduzia muito a sua flexibilidade e eficiência. Hoje, a tradição tem grande
influência na vida económica, não só nos casos mais notáveis (proibição de matar vacas na Índia,
por exemplo), mas sobretudo no dia-a-dia da sociedade (hora a que comemos, sistema de
herança, organização).
 Tem como principal característica a sua estabilidade e generalidade. Toda a gente na
sociedade conhece os hábitos culturais que a definem e, em geral, respeita-os. Mas tem, em
contrapartida, o defeito de ser extremamente difícil de mudar. Perante uma alteração social

Emílio Carlos Soverano Impissa Página 22


Notas de Aula II e III – INTRODUÇÃO A ECONOMIA
ou económica, os hábitos são as últimas coisas que se modificam. Por isso, as sociedades
têm tendência a usar a tradição naquelas decisões onde é importante que toda a gente saiba
como os outros vão decidir e onde são pequenos os ganhos de mudar a decisão.

 Autoridade
Outro método para resolver as questões económicas da sociedade é o da autoridade. Nos nossos
dias, e mesmo fora das sociedades de direcção central, a autoridade do Estado tem enorme
influência sobre o sistema económico, alterando e impondo decisões aos agentes económicos.
Através de impostos e subsídios, mas sobretudo dos efeitos económicos das leis, empresas
públicas e acordos internacionais, o Estado resolve muitos dos problemas económicos dos nossos
dias.
 Tem, tal como a tradição, a característica de ser conhecida por todos. Mas tem a vantagem
de poder ser mudada e adaptada quando for necessário, sem a rigidez da tradição. Assim, ela
é utilizada nos casos onde é importante que o resultado da decisão seja conhecido de todos,
mas onde a decisão tem de variar conforme os casos.

O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA

 Promoção da Eficiência
O mercado nem sempre é o modo ideal de afectação económica.

 Existem algumas relações económicas que, devido aos seus efeitos culturais, sociais e
humanos, a sociedade não quer confiar ao livre jogo de incentivos (escravatura,
comércio de droga, herança, prestação de serviços de defesa nacional). Nesses casos, o
Estado pode tomar directamente a condução dessas transacções, regulando-as com leis ou
proibindo directamente a sua transacção. Através das suas funções legislativas, judiciais e
de policiamento e defesa, o Estado de cada nação manifesta e realiza a vontade particular
dessa sociedade no domínio da economia.

Emílio Carlos Soverano Impissa Página 23


Notas de Aula II e III – INTRODUÇÃO A ECONOMIA
 Existem situações de imperfeição na concorrência. Se os produtores (ou consumidores)
de um produto não têm todos pesos semelhante ou não se fazem todos ouvir (monopólio)
o funcionamento do mercado é ineficiente. Aí o Estado pode e deve intervir, regulando as
situações e dando voz aos que não têm.
 A existência de externalidades, que constituem influências que o mercado não consegue
incorporar no seu mecanismo (poluição, ruído), leva o Estado a intervir para corrigir os
seus efeitos e integrar essas relações no tecido económico global.
 Bens públicos – Estes produtos ou serviços especiais são bens que, embora não sejas
grátis, num sistema de mercado todos podem gozar sem pagar, pois não existe modo de o
mercado cobrar o seu custo. O Estado pode obrigar os beneficiários a pagar pelo uso
deste bem. Um bem público possui as propriedades de não rivalidade no consumo (várias
pessoas podem consumir o mesmo bem ao mesmo tempo) e de impossibilidade de
exclusão (não se pode impedir alguém de consumir esse bem).

Assim, o Estado tem motivos para intervir no sistema económico, exactamente no domínio em
que o mercado é mais forte, na eficiência. Embora o mercado, pelo mecanismo de incentivos,
garanta em geral a solução mais racional, existem casos em que o Estado deve intervir para
garantir essa mesma racionalidade.

 Promoção da Equidade
Um dos principais objectivos da maior parte das sociedades é garantir que a distribuição dos
bens produzidos seja mais ou menos igualitária entre todos os elementos dessa sociedade. O
Estado deve intervir no sentido de aproximar a distribuição dos rendimentos da noção de justiça
que a sociedade tem (impostos progressivos, segurança social, subsídios).

Conflito eficiência-equidade: Se o Estado retira a uns para dar a outros (por exemplo, se retira
aos que produzem e possuem para dar aos que não têm ou qualquer outra distribuição
considerada justa), é natural que uns e outros reduzam a sua produção. Aqueles a quem se retira
podem achar que não vale a pena produzir se depois o Estado vai tirar o seu resultado, e o que
recebem podem pensar que, como o Estado dá de qualquer modo, o esforço é demasiado. Este
conflito eficiência-equidade é, no fundo, uma manifestação do princípio de que “não há almoços

Emílio Carlos Soverano Impissa Página 24


Notas de Aula II e III – INTRODUÇÃO A ECONOMIA
grátis”. Se a sociedade quer ter distribuição mais justa, tem de o pagar em menor nível de vida
global.

 Promoção da Estabilidade
A concorrência do mercado faz-se no meio do tumulto do aparecimento de novas ideias, que
lutam e vencem ou são vencidas pelas já estabelecidas. Este processo, intrínseco ao sistema de
mercado, gera o desenvolvimento económico e a propagação da eficiência ao longo do tempo,
mas traz consigo a instabilidade e a insegurança.

Uma nova empresa que concorre, com novos e melhores métodos, com as que já produzem esse
bem, significa, a longo-prazo, ganhos importantes para a sociedade. Mas, imediatamente, vai
gerar a falência dos concorrentes, com desemprego e outras graves perturbações. O Estado pode
intervir no sentido de aliviar esta tensão contínua sobre o tecido social e a insegurança
económica de forma a encontrar um comportamento estável para a economia como um todo
(através de mecanismos de apoio aos desempregados, correcção de desequilíbrios sectoriais ou
regionais, entre outros). Mas, ao fazer isto, o Estado está a fazê-lo à custa dos benefícios dos
mais dinâmicos. O buscar estabilidade, perde-se rapidez de desenvolvimento – conflito
desenvolvimento-estabilidade.

Em todos estes esforços, o Estado trabalha com o Mercado, não contra ele. A harmonia entre a
acção do Estado e o funcionamento da sociedade, no mercado, é um dos elementos mais
importantes de um sistema equilibrado.

Emílio Carlos Soverano Impissa Página 25


Notas de Aula II e III – INTRODUÇÃO A ECONOMIA
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

1. Pode-se afirmar que os fenomenos estudados na economicos são simplesmente


economicos? Por quê?
2. Qual é a relação que a economia tem com a estatistica?
3. Explica detalhadamente os problemas da Economia.
4. A Escolha é um elemento essencial da Economia. Comente.
5. Quais são as grandes fontes de erro em analises economicas?
6. O que entendes pela condiçao ceteris paribus e como ela é utilizada?
7. Deia pelo menos dois exemplos reias da falacia da composicão e da falacia post hoc.
8. Qual é o papel do Estado na Economia?

Emílio Carlos Soverano Impissa Página 26

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