Inovacao e Empreendedorismo

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Empreendedorismo

Unidade 1:
Inovação e
Empreendedorismo

Objetivos
• Conhecer os conceitos de inovação e de empreendedorismo;

• Compreender a importância do empreendedor.


Unidade 1

No decorrer deste componente curricular você será convidado a estudar


sobre os conceitos de inovação, empreendedorismo, a importância do empre-
endedor, Modelo de Negócio e Plano de Negócio. Nesse sentido, exploraremos
os principais elementos do comportamento e das atitudes empreendedoras, e a
relação deles com os negócios.

Trabalharemos também com a modelagem e o planejamento de negó-


cios, ou seja, nossa trilha de aprendizagem irá das ideias à concretização de
empreendimentos, em todas as áreas das atividades humanas.

Estudaremos, também, neste componente curricular, os principais con-


ceitos e ferramentas vinculados ao empreendedorismo e aos negócios, com
base em alguns autores: Dolabela, Dornelas, Filion, McClelland e Pinchott.
Nosso objetivo é conhecer esses temas, confrontando os conceitos com as prá-
ticas e incluindo o conhecimento de seu próprio perfil empreendedor.

Ao abordarmos estes assuntos, você será desafiado a refletir sobre o


seu perfil e como pode utilizá-lo para chegar aos resultados desejados. Desse
modo, ao longo do componente curricular, serão disponibilizados exercícios e
atividades para possibilitar que conheça os aspectos teóricos e que tenha expe-
riências múltiplas, que permitam aprendizagens significativas e criativas.

Nesta unidade, trabalharemos os conceitos invenção e inovação, empre-


endedorismo e alguns tipos de empreendedores. Você será convidado a ler e a
resolver alguns exercícios de fixação e atividades avaliativas. Além disso, tam-
bém terá indicações de materiais complementares, para aprofundar os conhe-
cimentos tratados.

Inovação
A inovação inicia com os processos mentais de busca e apreensão de novos
conhecimentos, que se traduz na posse e no exercício das faculdades intelectuais e
sensoriais. Este processo permite a criação da imaginação antes da criação das no-
vas ideias, e possibilita ampliar o entendimento que temos das coisas e dos fatos. O
conhecimento é gerado a partir do acúmulo de informações destinadas a alguma
finalidade, e é o alicerce da criatividade.

De acordo com Freeman (1982), a razão fundamental da busca de no-


vos conhecimentos é a sobrevivência e evolução da humanidade, pois permi-
tem criar um fluxo de novas ideias que, por sua vez, geram novas invenções e
inovações. É um processo que aprimora os sistemas existentes – conjunto de
procedimentos humanos para fazer as coisas – e cria novas técnicas, ou seja, tec-

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Empreendedorismo

nologias. É possível compreender a tecnologia como a criação de invenções de


novos produtos, serviços, processos, procedimentos etc., que ao conquistarem
mercado tornam-se inovações.

Por causa das inovações, podemos produzir produtos e serviços, os quais


não seriam possíveis com as técnicas do passado. Como afirmam Landes e Cabral
(1999, p. 9-10), “a tecnologia produz não apenas mais e com maior rapidez, ela
produz objetos que não poderiam ser fabricados, de maneira nenhuma, com os
métodos artesanais do passado”.

O caminho da criação de um novo produto ou serviço vai desde o conheci-


mento e ciência até o mercado. As pesquisas científicas criam os novos saberes, os
quais levam a novas descobertas e tecnologias, que podem criar invenções, e estas,
por causa da habilidade dos empreendedores, são transformadas em novos produ-
tos e serviços para atender às necessidades do mercado. Assim, o empreendedoris-
mo conecta o mundo tecno-científico ao mundo empresarial ou do mercado.

Se os novos produtos e serviços tiverem sucesso no mercado, haverá inova-


ções, as quais irão gerar lucros extraordinários aos empreendedores. Com o passar
do tempo, que é variável para cada tipo de inovação, há difusão de novas tecno-
logias, e os níveis de lucro tendem a um mínimo viável para manter a produção,
assim, forçando os inovadores a introduzirem novas tecnologias no mercado.

Podemos ter inovações de cinco tipos diferentes, são eles:

• Inovação em produtos e serviços: ocorre quando um novo produto ou ser-


viço, significativamente melhorado ou que antes não existia, é lançado com
êxito no mercado;

• Inovação de processo: consiste na adoção de novos tipos de máquinas e fer-


ramentas ou de um novo fluxo de produção, de forma que se possa melhorar
significativamente a produtividade e a qualidade dos produtos fabricados;

• Inovação em marketing: acontece por causa de novos meios de relaciona-


mento e interação com o mercado;

• Inovação organizacional: introduz novas práticas de gestão das operações


empresariais;

• Inovação em modelos de negócio: ocorre por meio da criação de novas


maneiras de entregar valor aos clientes, ou seja, de atender às necessidades
dos consumidores de forma mais eficaz e eficiente.

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Unidade 1

Lembre-se
Mesmo que no senso comum pareça que as inovações ocorrem somente quando
um novo dispositivo eletrônico é colocado no mercado, as tecnologias e inova-
ções estão presentes em todos os produtos e serviços. Retomaremos sobre esse tema
na unidade 3.

As inovações também podem ser diferenciadas por seu grau de novidade.


Quando um produto ou serviço que vai sendo aprimorado adquire novas fun-
cionalidades e também novos usos, temos a inovação incremental, ou seja, um
mesmo produto aprimorado, por exemplo, o telefone celular. Já ao criarmos um
produto ou serviço a partir de conhecimentos novos e com uma forma inédita
de funcionar e usar, denominamos de inovação radical, ou disruptiva, pois não
se chegaria a estes produtos e serviços melhorando o que já existia. Um exemplo
bem claro de inovação radical é o raio laser, que permite ler informações, cortar
materiais, apontar, medir, e assim por diante, e que não surgiu a partir da evolu-
ção de produtos ou serviços que antes existiam.

Também podemos analisar a inovação do ponto de vista da abrangência


de mercado de seu ineditismo, ou seja, para quem está sendo uma nova solução.
Assim, a inovação poderá ser uma novidade para uma empresa específica, para o
setor ou mercado no qual a empresa atua, ou uma novidade mundial, para todas
as pessoas e organizações.
Para saber mais
Para saber mais sobre o tema inovação, sugerimos que você consulte o Manual
de Oslo.

Para exemplificar, podemos citar inovações na música (bossa nova), em


medicamentos (dipirona), em tecidos (nylon, odo denim), em energia (células fo-
tovoltaicas, aerogeradores), de transporte (carros autônomos, compartilhamen-
to), em iluminação (LED), em modelo de negócios (autosserviço, assinaturas,
marketplace), em alimentos (ultracongelados, adoçantes), na medicina (fertiliza-
ção, transplantes), e uma infinidade de outras áreas, que estão incorporadas em
nosso modo de viver. Todas essas inovações são frutos do trabalho incansável dos
empreendedores, que mobilizaram recursos na busca de novas soluções.

Empreender inovando deve ser uma postura de qualquer tipo de negócio e


em qualquer tempo, pois a inovação não só faz o empreendimento progredir, mas
preserva a competitividade no mercado.

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Empreendedorismo

Antes de prosseguir com a leitura do material, acesse o Ambiente Virtual e as-


sista ao vídeo Pipoca do Valdir - Empreendedorismo Popular. Ele demonstrará
um empreendedor exemplar.

No entanto, não é comum que as boas ideias surjam de inspirações repen-


tinas ou de algum momento aleatório. Segundo Johnson (2011), ideias revolu-
cionárias dificilmente surgem porque se tem especial perspicácia, isto é, em mo-
mentos especiais de inspiração. Elas precisam, normalmente, de bastante tempo
para evoluírem, e neste tempo, são agregadas novas ideias e inspirações. Ainda
segundo o autor, as ideias frequentemente passam por um processo de matura-
ção, levando, muitas vezes, muitos anos até estarem completas, para então torna-
rem-se úteis e terem sucesso no mercado.

Lembre-se
É importante ressaltar que o processo pelo qual as pessoas e organizações de-
senvolvem novas tecnologias, invenções e inovações está cada vez mais acelera-
do, encurtando o tempo entre o lançamento de uma solução e outra. Cada vez mais, as
empresas criam setores e programas de busca de novas ideias, por meio da pesquisa e
desenvolvimento, seja interna ou externa à organização. Para dar conta desse fluxo de
tecnologias, invenções e inovações, já não é suficiente contar com a criatividade de seus
colaboradores ou de seus parceiros, então as empresas lançam mão da chamada inova-
ção aberta (open innovation), que consiste em co-criar os produtos e serviços em conjun-
to com todos os possíveis parceiros e consumidores. Vamos aprofundar o nosso conheci-
mento sobre esse assunto na Unidade 3, ao tratarmos sobre Modelos de Negócios.

Antes de entrar mais especificamente no tema do empreendedorismo, faça


o exercício Perfil Empreendedor para que possa conhecer o seu perfil e, a partir
disso, compreender o seu papel no mundo do empreendedorismo, e, talvez, des-
pertar um possível espírito empreendedor até então desconhecido por você. Para
realizá-lo, acesse o Ambiente Virtual.

Empreendedorismo
Popularizado por meio da importação do termo em inglês entrepreneur-
ship, o empreendedorismo vem de entrepreneur (palavra derivada do verbo fran-
cês entreprendre que significa “fazer algo”), e era usado no século XII para desig-
nar aquele que incentivava brigas. No final do século XVIII, principalmente via
estudos realizados por Jean Baptiste Say, passou a indicar a pessoa que criava e
conduzia projetos e empreendimentos.

A primeira definição formal sobre o empreendedorismo surgiu por volta


de 1730, a partir do trabalho Ensaio sobre a Natureza do Comércio em Geral, do
economista Richard Cantillon, que não chegou a ser oficialmente publicado.

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Unidade 1

Para saber mais


Acesse a obra completa clicando em An Essay on Economic Theory. O material foi
traduzido para o inglês, no ano de 2010, pelo Ludwig von Mises Institute.

No início do século XX, o economista Joseph Schumpeter, em seu livro A


teoria do desenvolvimento econômico, atribui ao empreendedor o que ele chama
de destruição criativa, que consiste em não seguir a ordem econômica vigente ao
lançar novos produtos ou serviços, novos modelos de organização, ou ao desen-
volver novas fontes de recursos produtivos (SCHUMPETER, 1982). Dessa for-
ma, Schumpeter concede ao empreendedor o progresso econômico das nações
pela criação de novas oportunidades.

Uma condição relevante para a ascensão dos estudos de empreendedoris-


mo é o fato de haver uma redução da oferta de postos de trabalho na forma tradi-
cional, a qual é uma marca de nossos dias. “O mercado de trabalho está passando
por uma verdadeira revolução, na qual o emprego formal por prazo indetermi-
nado está perdendo espaço, surgindo a necessidade de se encontrar alternativas
de colocação profissional. Tal preocupação atualmente norteia a forma de agir de
trabalhadores e empresas, com a proliferação do sistema de terceirização, que faz
surgir um número cada vez maior de empresas de um só empregado” (SALVI et
al., 2010, p. 2), e que foi amplamente estimulado, nos últimos anos, em nosso país
após a criação do chamado Microempreendedor Individual (MEI). Esse cenário
está desenhando uma nova realidade, na qual cada cliente é um mercado e cada
empregado é um empresário (DAVIS; DAVIDSON, 1991).

Dornelas (2001, p. 21) identifica o momento atual como sendo “a era do


empreendedorismo”. Segundo o autor, “[...] são os empreendedores que estão eli-
minando barreiras comerciais e culturais, encurtando distâncias, globalizando e
renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos
empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade” (DOR-
NELAS, 2001, p. 21).

Nesse sentido, o empreendedorismo é um importante fenômeno econô-


mico e social, pois aumenta a eficiência econômica, traz inovação e cria empre-
gos. Mas apesar de décadas de pesquisa, ainda temos a compreensão limitada do
processo que leva um indivíduo a se tornar um empreendedor. Felizmente, há
um crescente número de iniciativas, públicas e privadas, para formar e educar as
pessoas para serem mais empreendedoras.

Pessoas que são dotadas de espírito empreendedor desenvolvem novas


oportunidades, criam novos negócios, mesmo não sendo proprietários dos em-
preendimentos, pois são movidos pela necessidade de realização de mais elevado
grau (McClelland, 1967). É uma nova forma de agir, na qual todos da organiza-

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ção, sejam os proprietários ou seus colaboradores, são convidados a contribuir


com o processo de evolução do negócio, pois “conceber o futuro e transformá-lo
em realidade é a essência da atividade empreendedora” (DOLABELA, 2009, p.
37). Em se tratando dos novos mercados e oportunidades empreendedoras, Raz-
zolini Filho (2012, p. 26) diz que, para que isto ocorra, “[...] requer-se mais edu-
cação, mais conhecimento, e mais informação”.

A pró-atividade do empreendedor o capacita a perceber oportunidades


nas quais as demais pessoas enxergam problemas, e daí deriva sua capacidade de
moldar a realidade, resolvendo os possíveis impasses. Nesse sentido, a existência
de problemas é um terreno fértil para o empreendedor, pois, segundo Timmons
(1994, p. 41), “o empreendedor é alguém capaz de identificar, agarrar e aproveitar
oportunidades (ou uma oportunidade), buscando e gerenciando recursos para
transformar a oportunidade em negócio de sucesso”.

“O empreendedor imagina, desenvolve e realiza visões” (FILION, 1999,


p.19), pois cria, em seu imaginário, a partir dos problemas enfrentados no pre-
sente, um futuro desejado e move os recursos necessários para que esse futuro se
torne realidade. O empreendedor não espera que os problemas se resolvam ou
que os outros moldem seu futuro, ele o cria à sua maneira, e supera as barreiras
para alcançar este propósito.

Para Dolabela (2009), os empreendedores são pessoas que sonham com


um futuro desejado, e buscam os meios necessários para transformá-lo em rea-
lidade. Desta forma, o sonho passa a ser o impulsionador da construção de seu
próprio futuro, o indivíduo toma para si o controle sobre o futuro que deseja al-
cançar, e assume os riscos decorrentes. Muitas vezes o empreendedor inicia um
processo de construção desse futuro sem mesmo ter disponível todos os recursos
que serão necessários, encontrando formas de mobilizar tais recursos à medida
que vai construindo o empreendimento.

O risco e a incerteza constituem uma dimensão fundamental do empreen-


dedorismo, e geralmente as pessoas que assumem comportamentos empreende-
dores enfrentam um ambiente incerto. No entanto, o que geralmente falhamos
em reconhecer é que a fonte da incerteza reside em nós e não no ambiente. O
mundo é incerto porque nossa representação dele é imperfeita, devido à nossa
limitada capacidade de processamento de informações. Assim, o treinamento efi-
caz de empreendedorismo deve fornecer aos indivíduos ferramentas e competên-
cias que os ajudem a melhor representar as situações em suas mentes.

Conforme Salvi et al. (2010, p. 2), é nesse contexto, e em um cenário de


“declínio na oferta de postos de trabalho na forma tradicional, que surge o ensino
do empreendedorismo, onde as Instituições de Ensino, em todos os níveis edu-

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cacionais, têm um papel fundamental na formação de novos empreendedores. O


desafio dessas instituições passa a ser o de inserir o ensino do empreendedorismo
como parte de todos os cursos oferecidos, independente da área de conhecimento,
focando o desenvolvimento da capacidade empreendedora dos estudantes, como
ferramentas de suporte ao desenvolvimento de novas e inovadoras atividades,
buscando assim a geração de novas fontes de emprego e renda e o consequente
desenvolvimento local e regional”.

Dolabela (1999), em seu livro Oficina do empreendedor, levanta várias


questões acerca da necessidade de disseminar a cultura empreendedora nas es-
colas e quais os motivos que estão por trás da necessidade de motivar e estimular
os jovens a abrir o próprio negócio, ou ter atitudes empreendedoras na área que
escolherem para atuar.

Para Dolabela (1999), a autorrealização é um desses motivos, pois pesqui-


sas indicam que o empreendedorismo oferece elevados graus de realização pes-
soal, por ser a exteriorização do que se passa no âmago da pessoa, por receber o
empreendedor com todas as suas características pessoais, e por fazer trabalho e
prazer andarem juntos (SALVI et al, 2010).

Estudiosos comportamentalistas – que encontram seu maior expoente em


David McClelland, professor da Universidade de Harvard –, também falam da
necessidade de realização. McClelland (1967) realizou pesquisas considerando
que as pessoas têm necessidades de realização e ele associa essas necessidades aos
empreendedores, ou seja, um empreendedor seria uma pessoa com uma necessi-
dade de realização em alto grau. Segundo o autor, o empreendedor é alguém que
exerce controle sobre a produção que não é só para seu consumo pessoal.

“Estudos realizados por McClelland (1967) e seus colaboradores


com grupos de executivos em diferentes culturas mostraram que os
indivíduos têm necessidades de realização, de poder e de afiliação
em graus diferentes. A necessidade predominante, entretanto, é a
que influencia mais diretamente seu comportamento. Ele tomou
por base a afirmação de que o ser humano é um produto social e
tende a reproduzir seus próprios modelos. Assim, quanto mais em-
preendedores uma sociedade tiver, e quanto maior for o valor dado
a eles, maior será a quantidade de jovens que tenderão a imitá-los,
incutindo na cultura da sociedade o espírito e as características pe-
culiares do empreendedor” (SALVI et al., 2010, p. 7).

Frequentemente encontramos, em artigos, livros, revistas e na mídia, uma


série de características atribuídas aos empreendedores. A maioria delas é de cará-
ter comportamental e de postura diante das relações sociais. Dentre estas carac-
terísticas, podemos perceber que os empreendedores:

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Empreendedorismo

• Possuem pessoas que os inspiram como modelo;


• Possuem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo e necessidade de
realização;
• Sabem que o erro ou fracasso, embora indesejado, é um dos possíveis resul-
tados;
• Possuem uma energia contagiante;
• Gostam de quebrar regras, no sentido de contradizer o senso comum;
• Agem mais por influência de sua intuição do que da razão;
• São comprometidos, acreditam no que fazem, e são movidos por resultados;
• São trabalhadores incansáveis;
• Sonham com os pés no chão;
• São líderes natos;
• São orientados para o futuro;
• Enxergam o dinheiro como uma medida de resultado;
• Estabelecem crescente rede de contatos e relacionamento;
• Possuem intimidade com os negócios que desenvolvem;
• Traduzem os seus pensamentos em ações;
• Aprendem rapidamente e sabem o que precisam aprender;
• Estabelecem objetivos e metas;
• Assumem riscos calculados;
• São dotados de muita criatividade;
• Possuem uma alta tolerância à ambiguidade e incerteza.

Como podemos perceber, é uma extensa lista de características, as quais


são normalmente encontradas entre os empreendedores, mas dificilmente exis-
tem em um mesmo indivíduo.

Os estudos conduzidos por McLelland (1967) apuraram um conjunto de dez caracte-


rísticas empreendedoras, comuns aos empreendedores de todas as origens étnicas,
culturais e de nacionalidade. Estas características corroboram com a visão de que os
empreendedores são pessoas pró-ativas e que têm mais facilidade em correr riscos,
ou tomar decisões que impliquem situações de relativo risco profissional e financeiro.
Retomaremos este tema na unidade 2 deste componente curricular.

As pessoas com necessidade de realização são mais produtivas em situa-


ções quando o ambiente não é rotineiro ou baseados em recompensas, pois não
lhes proporcionam satisfação, não sendo propício para que estas apresentem o
desempenho que desejam e, por isto, não se adaptam adequadamente a estes am-
bientes de trabalho.

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Unidade 1

Parafraseando Lavoisier, nada se cria, nada se inventa, tudo se empreende. Os


empreendedores são aqueles indivíduos que vivem o futuro caminhando no pre-
sente; se diferenciam dos gestores porque pensam em termos de efeitos, pois cre-
em que o futuro não está escrito e pode ser moldado pela ação humana. Eles não
preveem, eles constroem o seu próprio destino.

No empreendedorismo, o aprendizado ocorre por meio do processo de


despertar, de se conhecer. Conforme Dolabela (2009, p. 48-49), “no empreende-
dorismo, o autoconhecimento diz respeito à percepção das próprias forças, fra-
quezas, habilidades, preferências, competências, desejos, forma de ver o mundo,
de construir a auto-estima, de pensar sobre as relações sociais, a justiça, a éti-
ca”. Mas é necessário entendermos que o empreendedorismo não possui apenas
uma função utilitária, pois para Friedlaender, Leszczysnski, Lapolli (2003, p. 8),
“a educação para o empreendedorismo não deve ser confundida com a educação
para gerenciar pequenos negócios: são objetivos muito distintos. O ensino do
empreendedorismo procura estimular a cultura empreendedora desenvolvendo
a sensibilidade individual para a percepção das oportunidades, ensinando o em-
preender responsável, despertando as características contidas no ser humano”.

“Dolabela (1999) fala que a disseminação do empreendedorismo é


vista muito mais como um processo de formação de atitudes e carac-
terísticas do que como uma forma de transmissão de conhecimen-
tos. Por esse motivo o autor trata da importância de se ter pessoas, e
professores, dispostos a inovar, realizar, assumir responsabilidades,
aceitar riscos e incorporar no processo de aprendizagem do empre-
endedorismo elementos como a emoção, o conceito de si, a criati-
vidade, o não-conformismo e a persistência” (SALVI et al., 2010, p.
9). “Trata-se, portanto, do olhar para o ensino e desenvolvimento do
empreendedorismo considerando elementos que favoreçam o auto-
desenvolvimento do aluno, como identidade, cooperação, inovação
e criatividade” (SILVA; HENZ; MARTINS, 2017, p. 13).

Embora haja crescimento da adoção do tema empreendedorismo no meio


educacional brasileiro, ainda carecemos de um programa formal sobre o tema.
Atualmente sabemos que a única iniciativa em vigor é: “O Conselho Nacional
de Educação (CNE) manifestou-se sobre o tema, emitindo o Parecer CNE/CEB
nº 13, homologado pelo Ministro da Educação e publicado no Diário Oficial da
União de 6 de setembro de 2010, orientando que o empreendedorismo deve ser
tratado no currículo como tema transversal, que atravessa, portanto, todas os
conteúdos, disciplinas e áreas do conhecimento” (BRASIL, 2010 apud SOUZA,
2012, p. 4).

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Empreendedorismo

Vale destacar que o tipo de empreendedorismo que se busca despertar é o


que gera valores positivos para a sociedade. Empreender consiste em “modificar
a realidade para dela obter a autorrealização e oferecer valores positivos para a
coletividade. Significa engendrar formas de gerar e distribuir riquezas materiais e
imateriais por meio de ideias, conhecimentos, teorias, artes, filosofia” (DOLABE-
LA, 2003, p. 29).

Empreender implica gerar impactos tanto para o indivíduo como para a


comunidade, através de ações que podem alterar as relações econômicas da so-
ciedade, e também impactar negativamente o meio ambiente, provocando, por
exemplo, desigualdade e poluição. Algumas ações empreendedoras beneficiam as
comunidades e outras podem gerar danos por somente focar em ganhos privados
(SHEPHERD; PATZELT, 2018).
Dica de leitura
Para saber mais sobre o assunto, leia o livro O segredo de Luísa, do autor Fernan-
do Dolabela, e A menina do vale: como o empreendedorismo pode mudar sua vida,
da autora Bel Pesce.

A decisão de tornar-se empreendedor, segundo Dornelas (2016, p. 31),


pode derivar de fatores externos ou pessoais. Dentre os fatores pessoais, temos:
“realização pessoal, assumir riscos, valores pessoais, educação, experiência, insa-
tisfação com o trabalho, ser demitido, idade”. O autor também sugere que as fases
do processo empreendedor são: identificar e avaliar a oportunidade; desenvolver
o Plano de negócios; determinar e captar os recursos necessários; gerenciar a
empresa criada. As fases serão essenciais no processo empreendedor como um
todo e todas merecem atenção e cuidado em sua execução.

Conceito
Plano de negócio: É um documento que contempla toda a essência do planeja-
mento do negócio, com temas como mercado e marketing, estrutura e operações,
finanças e análise estratégica.

A tabela abaixo relaciona os principais tipos de empreendedores:

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Unidade 1

Tipos de Empreendedores
São indivíduos que, dentro das organizações, buscam implantar
Intraempreendedores novas ideias, transformando-as em oportunidades de inovação
(privados ou públicos) para negócios dos quais fazem parte, mesmo não sendo
proprietários (PINCHOT & PELLMAN, 2004).
São proprietários de negócios e buscam constantemente
inovar em seus empreendimentos. Há empresários que não são
Empreendedor empresário empreendedores, pois podem ter somente herdado um negócio,
(proprietário) não são pró-ativos e não inovam. Dornelas (2003) chama os
primeiros de empreendedores voluntários e os segundos de
empreendedores involuntários.
Atua de forma criativa e inovadora sem, no entanto,
Empreendedor autônomo ter a formalização como pessoa jurídica, ou como um
microempreendedor individual.
Empreendedorismo coletivo
São os empreendedores que participam e comandam as
(cooperativas, associações,
organizações de princípios coletivos, e cujos resultados
redes de empresas, entre
beneficiam a todos que delas participam.
outros)
São os empreendedores criadores de novos produtos e serviços,
Tecnoempreendedor utilizando-se de sua capacidade de desenvolvimento técnico-
científico para criar novas tecnologias.
Encarrega-se de conduzir e desenvolver atividades de caráter
Empreendedor social não-lucrativo, mas que gerem resultados para mitigar as
carências sociais.

Fonte: Univates (2019).

A atuação do empreendedor pode se dar em todas as atividades humanas,


sejam públicas ou privadas, lucrativas ou sem fins lucrativos. No entanto, não
basta ter as ideias e sair aplicando-as, é preciso antes de mais nada definir muito
bem os propósitos da solução que se deseja implantar, definindo com clareza o
modelo de negócio ou da atividade, e como ele se alinha com as necessidades e
interesses daqueles para quem se está empreendendo. Feito isto, é necessário um
criterioso planejamento que, na maioria dos casos, pode ser elaborado com au-
xílio de uma ferramenta chamada Plano de Negócio. Falaremos mais sobre esse
assunto nas unidades 3 e 4, quando trataremos sobre Modelo de Negócio e Plano
de Negócio.

Antes de realizar a atividade, leia o artigo intitulado A influência da dis-


ciplina de empreendedorismo no comportamento e nas atitudes empreendedoras:
percepção dos alunos que frequentaram a disciplina no Centro Universitário UNI-
VATES. O artigo faz parte do material didático, e o conteúdo tratado nele fará
parte das avaliações.

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Empreendedorismo

Nesta unidade, vimos sobre os principais conceitos da inovação, do


empreendedor e do empreendedorismo, bem como a evolução do seu estu-
do. Além disso, também vimos sobre os tipos de empreendedores e como
ocorre a atividade empreendedora.

Atividade
Após a conclusão da leitura do texto e do artigo, responda ao questionário
sobre o conteúdo desta unidade. Para tanto, acesse o Ambiente Virtual.

Univates EAD 13
Unidade 1

Referências

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Univates EAD 15

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