A Veracidade Das Escrituras
A Veracidade Das Escrituras
A Veracidade Das Escrituras
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A Veracidade das
Escrituras.
e-book gratuito
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Capa e texto: Evanio Giraldi Magalhães
Direitos reservados.
Ano: 2022
Venda Proibida!
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A Veracidade das Escrituras
Sumário
Introdução ...................................................................................................................................6
Argumentos contra as Escrituras. ...............................................................................................6
Como responder tão graves acusações? .....................................................................................7
1 – A superioridade do registro bíblico. ...................................................................................7
2 – A historicidade de Jesus Cristo. ..........................................................................................7
3 – A qualidade moral da Bíblia frente ao código de Hamurabi. ............................................10
4 – O paralelismo do registro bíblico com demais registros históricos. .................................11
5 – Como garantir que a Bíblia não foi adulterada? ...............................................................12
6 – A moral apresentada pela Bíblia não é tão justa quanto a que a sociedade atual atingiu.
...............................................................................................................................................14
Conclusão...................................................................................................................................16
5
Introdução
A Bíblia é a base da fé cristã. Mesmo que haja diferenças doutrinárias, baseadas na interpretação
de passagens bíblicas, a bíblia é o centro da fé cristã. Todas as denominações cristãs alegam sua
posição de respeitar a Bíblia como sua única fonte de doutrinas.
Mas, apesar de reconhecermos ser esta uma batalha espiritual, precisamos lidar com os
argumentos racionais apresentados contra a nossa fé. E é com o intuito de oferecer ferramentas
e informações adequadas à defesa da fé que estamos apresentando este estudo.
Este é o argumento mais comum que vemos em nossos dias para tentar desqualificar a Bíblia,
não precisa de muita pesquisa para vermos o esforço de alguns “especialistas” em tentar colocar
a Bíblia como mais um livro repleto de mitos e lendas.
Alguns estudiosos alegam que a história de Jesus é uma releitura da história mitológica2 de
Hórus, divindade egípcia do período ptolomaico (séc IV a.C.), ou ainda, que tem profundas raízes
na história de Tamuz, uma antiga divindade suméria.
Outros estudiosos apontam que a estrutura de mandamentos existentes na Torá não passa de
uma releitura mais elaborada do código de Hamurabi, que é o conjunto de leis mais antigo
descoberto pela arqueologia. Hamurabi foi um antigo rei babilônico que reinou por volta de
1.772 a.C.
Nesta mesma linha, há estudiosos que afirmam que a história do dilúvio que temos na Bíblia, é
um plágio de outros registros anteriores à Bíblia, e presente em diversas culturas, como a
suméria.
Estes mesmos estudiosos alegam que a abertura do mar vermelho e as pragas do Egito nunca
existiram de fato, que os hebreus nunca foram escravos no Egito, e que não foi Moisés quem
escreveu a Torá, aliás, provavelmente nem tenha existido um homem chamado Moisés.
1
Definição de Mito (diferente de mentira): é uma primeira narrativa sobre o mundo, uma primeira atribuição de sentido ao
mundo, na qual a afetividade e a imaginação exercem grande papel. Sua função principal não é propriamente a de explicar a
realidade, mas a de adaptar psicologicamente o homem ao mundo. O mito primitivo é sempre um mito coletivo.
2
Teoria do mito de Jesus admitem até que pode ter havido um Jesus histórico, mas que a história narrada pelos evangelhos é um
mito construído. Podemos ver a aplicação desta ideologia na atualidade em livros e filmes como o “Código da Vinci” de Dan
Brown.
6
Segundo esses autores, a Bíblia é apenas um reconto de lendas antigas de vários outros povos.
De acordo com essa corrente ideológica, conforme o povo hebreu foi tendo contato com outras
culturas e povos, especialmente os babilônicos, eles fizeram adaptações desses mitos na sua
própria cultura, na tentativa de se afirmarem diante das demais nações.
Apesar de muitos desses argumentos parecerem estapafúrdios para aqueles que amam a Deus
e conhecem a sua palavra, não podemos nos negar de dar respostas satisfatórias a esses
argumentos, apresentando a defesa3 racional de nossa fé.
Em uma primeira leitura sobre esses documentos é possível perceber uma grande distância
entre a literatura bíblica e as literaturas destes registros mitológicos dos povos antigos. A
primeira diferença gritante entre a Bíblia e os registros mitológicos é que, todos esses registros,
sem exceção, são politeístas, e a Bíblia é o único documento monoteísta daquele tempo naquela
região.
Além disto, a análise literária4 aponta que, os registros mitológicos se apresentam como tais,
em formas de poesias e contos, o que também destoa da narrativa bíblica, que discursa sobre
fatos e realidades narradas, registrando eventos paralelos com a finalidade de destacar tal
evento numa linha do tempo, além de citações de pessoas e locais que pudessem ser verificadas.
Desta forma, a narrativa bíblica demonstra que seus escritores estavam preocupados em narrar
fatos que pudessem ser verificados, e não apresentando contos.
E de fato, as localidades e pessoas citadas na Bíblia podem ser verificadas pela história e pela
arqueologia moderna. O que vem a corroborar em favor do relato bíblico como sendo um
registro verdadeiro de fatos.
O historiador romano Tácito referiu-se a "Christus" e sua execução por Pôncio Pilatos em seus
Anais (escrito c. 116 d.C.):
3
“Apologética cristã é um ramo da teologia cristã que busca dar um aval racional para as alegações do cristianismo. E, embora não
indispensável, a ela pode ser de grande utilidade e benéfica”. William Lane Craig.
4
A análise literária é o processo de compreensão de uma obra de ficção. Etapas Análise das personagens: física; psicológica; da
protagonista; da antagonista; das personagens secundárias. Análise de tempo e espaço. Relacionar com o contexto histórico da
época.
7
sofreu a penalidade extrema durante o reinado de Tibério nas
mãos de um dos nossos procuradores, Pôncio Pilatos.” – Tácito,
Anais, livro XV, parágrafo 44.
O tom muito negativo dos comentários de Tácito sobre os cristãos faz a maioria dos especialistas
acreditar que é extremamente improvável que a passagem tenha sido forjada por um escriba
cristão. A referência de Tácito é agora amplamente aceita como uma confirmação independente
da crucificação de Cristo, embora alguns estudiosos insistem em questionar a autenticidade e
valor histórico da passagem em vários campos.
Suetônio ocupa um lugar importante na história dos historiadores em função de suas biografias
sobre doze Imperadores Romanos, de Júlio César a Domiciano, obra denominada De Vita
Caesarum, escrito provavelmente durante o período de Adriano. Nessa mesma obra
encontramos a seguinte citação:
Nesta citação fica destacado o erro ortográfico “Chrestus” ao invés de “Christus” o que
demonstra que Suetônio não tinha familiaridade alguma com o tema. Apenas se limitou a
registrar que, devido a uma instigação gerada por alguém chamado “Chrestus” os judeus
provocaram tantos distúrbios que o imperador Cláudio decidiu por expulsar todos os judeus de
Roma.
Este relato, além de registrar a existência de alguém chamado Cristo, registra os distúrbios
causados entre os judeus por causa deste nome em Roma. Mas as confirmações referentes à
Bíblia não param por aí. Este fato, a expulsão dos judeus de Roma pelo imperador Cláudio, é
registrado também no livro de Atos dos Apóstolos:
Flávio Josefo, foi um historiador judeu que viveu de 37 até o ano 100, de acordo com os textos
que chegaram até nós teria se referido a Jesus como o Cristo em seu livro Antiguidades Judaicas:
8
"Havia neste tempo Jesus, um homem sábio [, se é lícito chamá-
lo de homem, porque ele foi o autor de coisas admiráveis, um
professor tal que fazia os homens receberem a verdade com
prazer]. Ele fez seguidores tanto entre os judeus como entre os
gentios. [Ele era o Cristo.] E quando Pôncio Pilatos, seguindo a
sugestão dos principais entre nós, condenou-o à cruz, os que o
amaram no princípio não o esqueceram;[ porque ele apareceu a
eles vivo novamente no terceiro dia; como os divinos profetas
tinham previsto estas e milhares de outras coisas maravilhosas
a respeito dele]. E a tribo dos cristãos, assim chamados por
causa dele, não está extinta até hoje." – Josefo, Antiguidades
judaicas, livro XVIII, parágrafos 63 e 64.
Este texto de Flavio Josefo é muito criticado, alegando que este documento havia sofrido
interpolações e adulterações (destacado no texto acima por []) por cristãos após o século VI,
visto que Eusébio5 de Cesareia teria sido um dos poucos autores a fazer citação a este texto de
Josefo.
Mas alguns alegam que esses registros se deram décadas após os fatos acerca de Jesus. Isso é
verdade, mas em termos de historiografia, é extremamente comum encontrarmos registros
históricos de personagens muitas décadas, e até séculos, após os fatos.
Assim, ter um registro histórico de algumas décadas após os fatos, é um registro considerado
contemporâneo6.
5
Eusébio de Cesareia foi bispo de Cesareia e é referido como o pai da história da Igreja porque nos seus escritos estão os
primeiros relatos quanto à história do cristianismo primitivo.
6
O historiador mais antigo a registrar as histórias de Alexandre Magno foi Plutarco, que nasceu em 46d.C e morreu em 120d.C.
9
“Se Jesus não, houvesse realmente ressuscitado dos mortos, e
seus discípulos não tivessem conhecido, esse fato com tanta
certeza quanto conheciam qualquer outro fato, ter-lhe-ia sido
impossível persistir nas afirmações das verdades que narraram.”
Desta forma, a existência do cristianismo só pode ser explicada pela realidade histórica da
pessoa de Jesus Cristo, sua morte e ressurreição. Essas observações colocam Jesus como o
personagem da humanidade mais historicamente comprovado de todos os tempos 7.
Pena de morte para roubo de templo ou Roubo punido por compensação à vítima.
propriedade estatal, ou por aceitação de bens (Ex. 22:1-9)
roubados. (Seção 6)
Morte por ajudar um escravo a fugir ou abrigar "Você não é obrigado a devolver um
um escravo foragido. (Seção 15, 16) escravo ao seu dono se ele foge do dono
dele para você." (Deut. 23:15)
Se uma casa mal construída causa a morte de "Pais não devem ser condenados à morte
um filho do dono da casa, então o filho do por conta dos filhos, e os filhos não
construtor será condenado à morte (Seção 230) devem ser condenados à morte por
conta dos pais." (Deut. 24:16)
Mero exílio por incesto: "Se um senhor (homem Extirpação por incesto. (Lev. 18:6, 29)
de certa importância) teve relações com sua
filha, ele deverá abandonar a cidade." (Seção
154)
Distinção de classes em julgamento: Severas Não farás acepção da pessoa pobre, nem
penas para pessoas que prejudicam outras de honrarás o poderoso. (Lev. 19:15)
classe superior. Penas médias por prejuízo a
membros de classe inferior. (Seção 196–;205)
7
Recomendo a leitura do livro “Evidências da Ressurreição – McDowell, Josh, editora CPAD.
10
Assim, vemos que a Torá apresenta um conjunto de Leis e moral muito superior àquela apontada
por Hamurabi para o seu reino. Além disto, a Torá apresenta ao centro de sua composição a
sujeição à Deus acima de qualquer outro princípio, o que é de fato uma inovação frente aos
demais códigos legais dos reinos antigos que ordenavam a sujeição ao imperador, ou ao rei,
reconhecendo-o como um representante dos deuses.
Desde os Incas, na américa do sul, até os sumérios 8, passando pelos chineses e gregos, todos os
povos antigos contam a respeito de uma grande inundação que atingiu toda a terra, da qual
apenas uma família sobreviveu.
O nome dos personagens, e alguns detalhes pitorescos, mudam de nação para nação, mas todos
os relatos preservam um centro comum: houve uma inundação que atingiu toda a terra da qual
apenas uma família saiu sobrevivente em uma grande embarcação.
Mas, ao contrário do que alegam os críticos da Bíblia, esta coincidência de relatos não contradiz
as Escrituras, mas a confirma. Se várias pessoas presenciarem um acontecimento, cada uma
dará sua versão para aquele acontecimento, podendo até, em seus detalhes, serem
contradizentes, mas esses relatos corroborarão para a aceitação de que o fato narrado
aconteceu.
A comparação direta entre o relato da Bíblia e os relatos dos povos sobre o dilúvio, demonstram
que a Bíblia trata o assunto com maior simplicidade, sem grandes detalhes como fazem as
demais narrativas, isso é próprio de quem está apenas estabelecendo um fato.
Além disso, evidências geológicas atestam que sim, é perfeitamente possível que a terra tenha
sido totalmente coberta por água salgada.
Durante sua viagem expedicionária Charles Darwin encontrou conchas marinhas aprisionadas
em rochas a quatro mil metros de altitude. Isso quer dizer que essas rochas que agora estão a
quatro mil metros de altitude, um dia já estiveram submersas nas águas do oceano. Claro que
as conclusões de Darwin não foram neste sentido.
O mesmo pode ser dito a respeito dos eventos ligados às pragas do Egito.
Os críticos da Bíblia dizem que não há registros históricos de que o Egito tenha sido assolado por
tais pragas, que seria a ruína no maior império da época. No entanto, em 1820 os arqueólogos
descobriram um papiro que possuía a cópia de uma poesia de Ipuwer9, onde, entre lamentos
encontramos o seguinte texto:
8
Epopeia de Gilgamesh é um conjunto de vários contos sumérios, onde é narrada a história de Shuruppak que recebeu a ordem
de construir uma arca no meio do deserto a fim de salvar a si e seus familiares, bem como alguns animais, de uma grande
inundação. Este é o relato mais antigo de um dilúvio datado de 2.700a.C.
9
O Papiro Ipuur é um papiro egípcio antigo em hierático feito durante a XIX dinastia, hoje mantido no Museu Nacional de
Antiguidades de Leiden, Países Baixos. Uma cópia deste documento pode ser visualizada no museu de arqueologia bíblica da
Unasp de Pedro Coelho.
11
“Os estrangeiros vieram para o Egito...[eles] têm crescido e
estão por toda parte... o Nilo tornou-se em sangue... [as casas]
e as plantações estão em chamas... A casa real perdeu todos os
seus escravos... os mortos estão sendo sepultados pelo rio... os
pobres estão se tornando os donos de tudo... os primogênitos
dos nobres estão morrendo inesperadamente... [o nosso] ouro
está no pescoço dos [escravos]... o povo do oásis está indo
embora e levando as provisões para o seu festival [religioso]"
Não precisa de muita reflexão para percebermos uma clara referência ao registro bíblico das
pragas derramadas por Deus ao Egito para libertar seu povo.
Para analisarmos esta questão a fundo, precisamos primeiro separar o antigo do novo
testamento, pois, apesar de fazerem parte da mesma Bíblia, tiveram sua composição e
organização de forma bastante distinta.
O antigo testamento é a Tanach, a Bíblia hebraica, e começou a ganhar a forma que conhecemos
hoje nos dias de Esdras, o escriba que retornou da Babilônia com a finalidade de restaurar o
culto em Jerusalém (Esdras 7:6).
Naquela época a Torá (cinco primeiros livros) era, sem sombra de dúvida, aceita por todos como
um documento inspirado por Deus, dado por intermédio de Moisés. Mas havia dúvidas quanto
à inspiração de outros livros, especialmente aqueles produzidos no período do cativeiro
babilônico, e após.
A partir de Esdras iniciou-se um trabalho que foi levado por sacerdotes e escribas, com a
intenção de selecionar os livros que pudessem ser considerados inspirados. Foram estipuladas
algumas regras, dentre elas, o livro deveria ter sido originalmente escrito na língua hebraica. O
trabalho destes sacerdotes culminou com o reconhecimento de 24 livros, que depois foram
reorganizados em 39 livros nas Bíblias atuais, isso porque os livros como “1º Reis” e “2º Reis”,
apareciam apenas como “Reis”.
No entanto, esses livros não haviam sido juntados em um único volume como temos hoje, mas
os escribas faziam as cópias de cada livro separadamente, com exceção ao Rolo da Torá, que era
mantido unidos.
O trabalho dos escribas era meticuloso. Se durante o processo de cópia o escriba errasse alguma
coisa, todo o seu trabalho era destruído, e começava do zero outra cópia. Todo o trabalho era
meticulosamente vistoriado para evitar qualquer cópia fraudulenta.
12
Até mesmo traçados que não tinham nenhum valor semântico óbvio era reproduzido pelos
escribas. Isso proporcionou um grande volume de documentos destes livros que eram
reproduções fiéis.
Três séculos antes do nascimento de Jesus, alguns judeus em Alexandria, norte da África,
decidiram por traduzir os livros sagrados para a língua grega, surgindo assim a septuaginta. Essa
tradução grega do Tanach foi de grande valor para os cristãos gentios, que tinham familiaridade
com o grego.
Neste período o novo testamento já estava todo escrito, mas ainda não havia sido formado. As
comunidades cristãs, à exemplo do que os escribas judeus faziam, prezou por produzir cópias
das cartas dos apóstolos, dos evangelhos e demais documentos que era frequentemente
trocado entre as igrejas.
Por volta do final do segundo século, Marcião11 foi o primeiro a propor uma lista de livros
inspirados que comporiam o futuro novo testamento. Mas esse processo de seleção e
organização dos livros se arrastou por séculos. Somente em meados do século III temos uma
definição mais clara a respeito da formação do novo testamento composto pelos 27 livros.
Mas foi no século IV que Jerônimo, ao fazer a tradução da Bíblia para o Latim, a conhecida
Vulgata Latina, todos os 39 livros do antigo testamento, e 27 livros do novo testamento 12, foram
organizados em um único volume como temos hoje.
Neste período foram produzidas centenas de cópias das quais temos hoje muitos fragmentos e
cópias completas. E através da crítica textual, os estudiosos conseguem realizar a validação dos
trechos originais, e aqueles que foram interpolados com o tempo.
Mesmo assim os críticos da Bíblia insistiram que não era possível ter certeza de que os textos
bíblicos haviam se mantido inalterados ao longo de quase dois mil anos de história do
cristianismo, até que em 1940, nas cavernas de Qumrã 13, foram encontrados 900 manuscritos
antigos, alguns datados do século III a.C., contendo todos os livros do antigo testamento, exceto
Ester e Neemias, além de outros muitos documentos ligados à história e a fé judaica.
Ao comparar esses manuscritos com os originais que temos em mãos, a assertividade foi de
96%. Os 4% de discrepância identificados foram em assuntos periféricos ou claros erros
ortográficos.
10
Concílio de Jamnia, realizado em Yavneh, na Terra Santa, foi um concílio rabínico farisaico, ocorrido entre o final do Século I d.C.
e o início do Século II d.C. Um dos focos da revisão da canonicidade dos textos se deu para fazer frente à seita dos Nazarenos
(Judeus crentes em Jesus).
11
Marcião (ou Marcion) foi considerado o principal herege da igreja primitiva, sua teologia era de que existia dois deuses, o do
antigo testamento e outro do novo testamento. Sua iniciativa de montar um cânon se deu justamente para sustentar suas
heresias.
12
A Vulgata Latina também tinha os 7 livros deuterocanônicos (apócrifos), porém havia a recomendação expressa de que estes
livros não poderiam ser usados como fonte de doutrina. Somente no concílio de Trento (1545-1563) os livros deuterocanônicos
foram oficialmente incorporados na Bíblia Católica.
13
Os manuscritos de Qumrâ estão atualmente guardados no Santuário do Livro do Museu de Jerusalém. Os livros foram
produzidos pela comunidade dos Essênios entre o século II a.C. e o ano 70 d.C.
13
Assim, podemos concluir que há provas robustas de que a Bíblia que temos hoje em nossas mãos
foi preservada integralmente, sendo o documento antigo mais preservado conhecido pela
humanidade.
6 – A moral apresentada pela Bíblia não é tão justa quanto a que a sociedade
atual atingiu.
Outra questão frequentemente levantada pelos críticos da Bíblia é sobre a moral apresentada
em suas leis. Segundo esses críticos, a moral apresentada pela Bíblia é no mínimo duvidosa
comparada à moral da sociedade contemporânea. A nossa sociedade atingiu um grau de
maturidade e moralidade que dispensa velhas regras e hábitos apresentados na Bíblia.
Para eles, a Bíblia apresenta uma moral misógina, homofóbica, patriarcal. Coisas que nossa
sociedade já superou. E, portanto, os ensinos da Bíblia não são aplicáveis à uma sociedade
moderna e evoluída.
Para sustentar tais argumentos, os críticos da Bíblia apresentam alguns mandamentos tidos
como controversos pelo senso comum de nossa época. Isso quando não descontextualizam os
mandamentos para fazerem os ensinos da Bíblia parecerem um tanto monstruosos se
comparado ao nosso senso de moral.
Um exemplo dessa perversão que fazem é a afirmação de que a Bíblia aprova o estupro, e
ordena que a mulher estuprada se case com seu estuprador. O texto citado para sustentar essa
afirmação é Deuteronomio 22:28-29, onde diz:
No entanto, uma leitura mais cuidadosa deste texto, veremos que essa interpretação não condiz
com o restante do capítulo. No verso 26, onde realmente o texto está falando de estupro, a
Bíblia compara o estupro ao assassinato, isso para justificar a pena de morte a ser aplicada ao
estuprador.
14
Mas o texto nos versos 28 e 29 não estão lidando com estupro, e sim com relação consensual.
Além de percebermos isso claramente nas expressões hebraicas que aparecem nestes versos,
devemos nos lembrar que o livro de Deuteronômio é na verdade a repetição das leis dadas até
então ao povo de Israel nos demais livros da Torá. E em Êxodo encontramos esta mesma lei:
Assim, vemos que o mandamento está se referindo a situação de um casal de solteiros, que tem
uma relação antes do matrimônio, e que, nesta situação, se os pais da moça aceitarem, deveriam
se casar.
Por outro lado, vemos que a pena para qualquer tipo de estupro era a morte, pois é um pecado
comparado ao assassinato.
No entanto, há outro detalhe que deve ser observado quando lemos os textos, principalmente
da Torá. O Eterno deu estes mandamentos para a nação de Israel em uma determinada situação
socio cultural, e dentro de um objetivo específico.
Quando Deus deu a Israel suas leis, Ele tinha o propósito de fazer de Israel uma nação sacerdotal.
Uma nação que vivesse um conjunto de regras que espelhasse para outras nações o caráter e a
santidade de Deus.
Por isso, vemos que há na Torá muitos pecados que deveriam ser punidos com a morte.
Normalmente os pecados de idolatria, adultério, rebelião contumaz contra os pais, assassinato
e estupro eram punidos com a morte.
Mas será que é o desejo de Deus matar todos os que cometem tais pecados?
A penalidade deveria ser aplicada por duas razões bem distintas. Primeiro, para preservar a
santidade do povo de Israel e preservar a sua missão de nação sacerdotal diante de todos os
povos. Segundo, alertar a todos os povos a severidade de tais pecados e a necessidade de
arrependimento deles.
Neste caso, é certo afirmar que, o mandamento de Deus para Israel e para todos os povos era:
Não idolatrar, não adulterar, não assassinar, mas a penalidade sobre tais transgressões são
frutos de uma circunstância e de um propósito que se aplica unicamente a Israel14.
Por isso nunca vimos no novo testamento os apóstolos e discípulos de Jesus apedrejando e
matando transgressores da lei, porque o propósito de Deus é primeiramente chamar as pessoas
ao arrependimento e a conversão à Deus.
14
Mesmo entre os judeus existe a doutrina de que os mandamentos da Torá são formados por um “Klipá” (concha, revestimento)
e uma polpa. Neste ensino, as penalidades são o Klipá, que podem e devem ser adaptados conforme as circunstâncias, para que a
“polpa” (o princípio moral) do mandamento seja observado.
15
Mesmo na história de Israel vemos que sempre houve a possibilidade de arrependimento e
perdão, este princípio nunca foi desprezado. O caso mais claro disto foi o rei Davi que assassinou
e adulterou, e mesmo assim, diante do arrependimento, teve seu pecado perdoado, embora
teve de lidar com as consequências graves de seu pecado que atingiu a sua casa.
Assim, vemos que essa crítica a respeito da Bíblia, de que sua moral não é aplicada ao nosso
tempo, parte de uma leitura equivocada e descontextualizada dos textos bíblicos, além de ser
uma leitura pouco sincera da realidade da sociedade atual.
A Bíblia declara abertamente que a conduta libertina de nossa sociedade é imoral, e que o
resultado das práticas hora ovacionadas pela sociedade atual trará como consequência a
destruição. Não precisamos de muito para observar os rumos que nossa geração está trilhando
e vermos suas consequências nefastas agindo sobre a nossa sociedade como um todo.
A libertinagem de nosso tempo tem produzido pessoas fracas, que não suportam ouvir
verdades, que não tem a coragem de reconhecer seus próprios erros, que não conseguem
refrear a violência nem impor a ordem e o respeito. Assim como aconteceu com o império
romano, que caiu envolvida em diversas imoralidades, nossa sociedade contemporânea
caminha a passos largos para a destruição.
Conclusão
A veracidade da Bíblia pode ser provada por diversas evidências arqueológicas e históricas. Mas
o atributo da Bíblia que mais torna evidente a nossa confiança em sua veracidade é o seu aspecto
profético.
Quando olhamos para a Bíblia e para os dias atuais, vemos que a Bíblia é atualíssima. Ela
descreve que haveria um tempo em que a ciência haveria de se multiplicar, e que as pessoas
correriam pela terra de uma parte a outra. Isso nunca foi tão atual como em nossos dias.
“E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim
do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o
conhecimento se multiplicará.” Daniel 12:4.
As palavras ditas a Daniel parecem um retrato falado da nossa sociedade atual. Mas a revelação
profética não para por aí. Temos na Bíblia revelado tudo o que iria acontecer com o povo de
Israel, devido às suas desobediências. A própria Torá registra o que haveria de acontecer
milênios à frente de seu tempo.
16
homens, madeira e pedra, que não vêem, nem ouvem, nem
comem, nem cheiram. Então dali buscarás ao Senhor teu Deus,
e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda
a tua alma. Quando estiverdes em angústia, e todas estas coisas
te alcançarem, então nos últimos dias voltarás para o Senhor teu
Deus, e ouvirás a sua voz. Porquanto o Senhor teu Deus é Deus
misericordioso, e não te desamparará, nem te destruirá, nem se
esquecerá da aliança que jurou a teus pais.” Deuteronômio 4:26-
31.
Da maneira como Deus disse aconteceu, Israel foi espalhado entre todos os povos debaixo dos
céus após a destruição de Jerusalém em 70 d.C. Muitos teólogos associam esta profecia ao que
aconteceu aos judeus que habitavam a península ibérica nos séculos XV até o século XVIII, onde
eles foram vítimas da inquisição espanhola15. E a restauração do estado moderno de Israel em
1948 d.C. é, sem dúvida, resposta da promessa de Deus à nação de Israel.
Os ensinos da Bíblia são atualíssimos para nós. As palavras de Jesus são atemporais. Seu
chamado ao arrependimento se estende à todas as gerações, e as consequências dos pecados
da humanidade nunca foram diferentes daquilo que a Bíblia anunciou que seria.
Diante de todo esse cenário, temos a total convicção de que a Bíblia é exatamente aquilo que
ela diz ser: a Palavra de Deus. Pois, somente Deus poderia ter condições de fazer tais revelações,
apresentar ensinos tão profundos e práticos ao mesmo tempo, e velar pela sua Palavra para que
ela se cumprisse.
Mas nenhum desses argumentos é mais impressionante do que o testemunho dos milhares de
cristãos que tiveram suas vidas transformadas, e testemunharam um verdadeiro contato com
Deus ao se disporem a crer em tudo aquilo que a Bíblia ensina.
Isso nos leva à verdade mais profunda das Escrituras, a de que ela deve ser escrita no coração
do homem. É através de uma ação sobrenatural de Deus, na vida daqueles que o amam e se
rendem à Ele, que a vida do indivíduo é transformada pela santificação.
O simples conhecimento bíblico por trazer algumas vantagens, alguma moral mais rebuscada.
Mas é a experiência com o Deus da Bíblia que tem o poder de colocar a Bíblia dentro do coração
do homem.
De fato, apenas através da fé em Jesus, na sua expiação provida em nosso favor, que nos purifica
dos nossos pecados, que podemos ter uma consciência transformada e amoldada pela Palavra
de Deus. A essa experiência damos o nome de conversão.
São esses cristãos transformados pelo poder de Deus que são as verdadeiras testemunhas da
obra de Jesus Cristo, e que até hoje são os que podem falar com melhor propriedade sobre a
veracidade das Escrituras, como Jesus mesmo disse:
15
A inquisição espanhola iniciou-se em 1478, por Fernando II de Aragão e Isabel de Castela, durante o final do período conhecido
como “A Reconquista”, onde os territórios hispânicos tomados pelos mouros foram reconquistados pelos reis cristãos.
17
“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre
vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em
toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” Atos 1:8.
Se você também deseja experimentar tal transformação em seu viver, creia em Jesus Cristo e
em sua Palavra. Aceite o convite de arrependimento que está estampada na Bíblia, e procure
conhecer a Vontade de Deus através do estudo da Bíblia. Tenho certeza de que sua mente e seu
coração serão totalmente transformados pela revelação da Bíblia, através da ação do Espírito
Santo em você.
Deus o abençoe!
18