2.1 Gêneros Discursivos Literários
2.1 Gêneros Discursivos Literários
2.1 Gêneros Discursivos Literários
APRESENTAÇÃO
Bons estudos.
DESAFIO
Para que um texto alcance o status de literário, ele precisa realçar e explorar alguns recursos
estéticos que o tornem agradável e desafiante ao leitor. Esses recursos se aliam à
plurissignificação, ao sentido conotativo da palavra, à organização linguística imprevisível, ao
descompromisso com a realidade, à busca de uma descarga emocional do leitor (catarse).
Faça uma pesquisa em que você explicite esses recursos e, depois, analise o texto "Os
poemas", de Mário Quintana, justificando o que faz dele um texto literário.
Os poemas
INFOGRÁFICO
Neste infográfico, será possível exercitar uma perspectiva diferente sobre o domínio discursivo
literário. Veja!
CONTEÚDO DO LIVRO
Os gêneros textuais são formas mais ou menos estáveis de textos determinados por uma função
sócio-cultural. Há gêneros bem típicos da literatura e que apresentam certas características em
comum, como aquelas de sua linguagem.
Nesse capítulo, você irá estudar algumas características da linguagem literária, alguns gêneros
textuais e também verá alguns recursos linguísticos que podem auxiliá-lo em sua produção
textual.
COMUNICAÇÃO E
EXPRESSÃO
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar as características da linguagem literária
e os gêneros literários. Além disso, vai ver como os recursos estéticos
dessa linguagem podem ajudá-lo a aperfeiçoar a sua produção textual. A
linguagem literária é aquela usada pela literatura e tem um apelo estético
proeminente. Isso significa que não se trata, prioritariamente, de passar
uma informação, mas de provocar um estranhamento, suscitar emoções,
um impacto diferente. Isso permite a essa linguagem perdurar através
do tempo muito mais facilmente.
Apesar de se falar em linguagem literária, os textos literários não
apresentam sempre as mesmas características. Elas variam de autor para
autor, de um tempo para outro. Além disso, como você vai ver, há carac-
terísticas que determinam o gênero textual (discursivo).
Linguagem literária
A linguagem literária consiste em um uso especial da linguagem, que visa a
evocar emoções, sentimentos e reflexões. Ela também aproxima a realidade
de outros mundos possíveis — às vezes similares ao mundo real, às vezes
mágicos. Em comparação com a linguagem científica ou acadêmica, por
2 Gêneros discursivos literários
O eco
O menino pergunta ao eco
Onde é que ele se esconde.
Mas o eco só responde: “Onde? Onde?”
Agora veja o trecho a seguir, retirado de It: A Coisa, de Stephen King (2014).
Música. Baixa. E dardos de luz nos olhos. Ele se lembra dos dardos de luz
porque Richie tinha pendurado o rádio no galho mais baixo da árvore em
que estava encostado. Apesar de eles estarem na sombra, o sol refletia
na superfície do Kenduskeag, batia da frente cromada do rádio e, de lá,
ia para os olhos de Bill.
Isso não significa, claro, que se pode concluir qualquer coisa a partir de um
texto literário. Há sempre um limite do plausível dentro do universo constituído
pela linguagem; plausibilidade essa que se pode chamar de verossimilhança.
Essa é a característica que permite ao leitor acreditar ser possível existir, no
mundo criado pelo autor, um alienígena que se alimenta do medo e que gosta
de aparecer como um palhaço, ou que o universo foi criado por uma tartaruga
que passou mal do estômago, por exemplo. Verossimilhança é, portanto, uma
coerência interna ao universo criado pelo autor.
O termo catarse vem do grego kátharsis e significa “purificação”. Ela é esperada nas
narrativas quando há um aumento da tensão, o ponto máximo de um problema, e,
após, a sua resolução. Isso provoca a liberação ou superação da dor, do medo, da
opressão, da tristeza, etc. Nas artes, a catarse ocorre no espectador e sua natureza é
potencial, seja porque pode ou não causar efeito (como alívio, tristeza, alegria, etc.),
seja porque depende da concretização do texto lido, assistido (cinema, teatro, por
exemplo) ou ouvido (audiolivros ou contação de histórias).
Gêneros da prosa
De acordo com Proença Júnior (1986, p. 46), os diferentes gêneros textuais
da prosa “[...] envolvem certa visão do mundo e uma maneira de captar as
questões que nele se colocam, caracterizando um sistema que se faz de vários
elementos integrados: personagens em ação (ou não) num tempo e num espaço
em torno de um ou mais temas, traduzindo-se num estilo [...]” e em diferentes
6 Gêneros discursivos literários
perspectivas. A prosa sempre apresenta narrativa, mas esta não se limita aos
gêneros daquela. Há narrativa em versos e em dramas (como você vai ver à
frente), em relatórios, em biografias, entre outros. Veja a seguir alguns dos
elementos da narrativa de forma simplificada e reduzida.
As personagens também podem ser definidas como heróis e anti-heróis, não equiva-
lendo à ideia de protagonista e antagonista. Enquanto o herói representa o ideário da
pessoa boa, honesta, justa e altruísta, o anti-herói é desonesto, toma atitudes ambíguas,
questionáveis e/ou condenáveis. É o caso de Macunaíma (da obra homônima). Essa
noção também é levada para outras mídias, como filmes e histórias em quadrinhos.
Por exemplo: o Homem-Aranha é o herói amigo da vizinha, enquanto Deadpool é o
anti-herói mercenário.
Conto: é uma história curta, com um único núcleo dramático. Ele “[...]
oferece uma amostra da vida, através de um episódio, um fragrante ou
instantâneo, um momento singular e representativo [...]” (PROENÇA
JÚNIOR, 1986, p. 45). Exemplos: Felicidade Clandestina, de Clarice
Lispector, e Antes do Baile Verde, de Lígia Fagundes Telles.
Novela: a novela é mais longa do que o conto e mais curta do que o
romance, “[...] com uma trama simples, descrita sem demora na carac-
terização dos ambientes, personagens e tempos de ação, com apenas os
elementos essenciais necessários à compreensão dos acontecimentos
narrados [...]” (CEIA, 2010, documento on-line). Exemplos: A Hora da
Estrela, de Clarice Lispector, Um Copo de Cólera, de Raduan Nassar,
e O Alienista, de Machado de Assis.
8 Gêneros discursivos literários
Gêneros do verso
Os versos são segmentos frasais que apresentam ritmo de forma nítida e siste-
mática. Para a caracterização tradicional do verso, são indicados três elementos
interdependentes: metro, rima e formas fixas. De acordo com Proença Júnior
(1986), metro é, em língua portuguesa, constituído por meio da combinação
regular do número de sílabas e da disposição do acento tônico. A rima é a
coincidência de fonemas (vocálicos e consonantais) em lugares específicos
de cada verso, podendo ser no início, no meio ou no fim. As formas fixas são
gêneros de poemas que apresentam certo número de versos compondo certo
número de estrofes, como soneto, balada, lira. Os versos também podem ser
livres e brancos. Os versos livres não apresentam metrificação, enquanto os
versos brancos, sim, mas não rima. Sua organização de dá com base na “[...]
sucessão de grupos fônicos valorizados pela entoação, pelas pausas e pela
maior ou menor rapidez da enunciação [...]” (PROENÇA JÚNIOR, 1986, p. 58).
É possível indicar uma classificação tripartida clássica de gêneros textuais
do verso: poesia lírica, épica e dramática. A poesia épica (epopeia) é aquela
em que, por meio de versos, é narrada uma história, exaltando um povo re-
presentado por um herói. É o caso de Ilíada, Os Lusíadas e Beowulf. A poesia
dramática é aquela destinada à dramatização, ao teatro. Nesse caso, a narração
e as falas são apresentadas em versos. A poesia lírica é aquela destinada para
a representação e a expressão de sentimentos e estados de espírito. Assim
como ocorre com o narrador, o autor não se confunde com o eu lírico na
poesia. De acordo com Soares (2007), é no modo como a linguagem é usada
que o eu lírico ganha forma, sendo diferente em cada texto, guiando o leitor
e a recepção. Por isso, o eu lírico não é o mesmo (necessariamente) que o eu
biográfico (autor), ainda que o texto seja escrito em primeira pessoa.
A seguir, você pode conhecer alguns gêneros.
Gêneros discursivos literários 9
Figuras de som
Figuras de sintaxe
Figuras de semântica
Ironia Nela se diz o que parece ser “Eu agora — que desfecho!/
diferente do que realmente Já nem penso mais em ti…/
é. Consiste em afirmar o Mas será que nunca deixo/
oposto do que se quer dizer. De lembrar que te esqueci?”
(Do amoroso esquecimento,
de Mário Quintana)
Gêneros discursivos literários 13
Leituras recomendadas
ALVEZ, L. 14 Melhores Poemas de Cruz e Sousa. [2018]. Disponível em: <https://escola-
educacao.com.br/melhores-poemas-de-cruz-e-sousa/>. Acesso em: 22 nov. 2018.
LEITE, C. W. Os 10 melhores poemas de Ferreira Gullar. c2018. Disponível em: <https://
www.revistabula.com/12068-os-10-melhores-poemas-de-ferreira-gullar/>. Acesso
em: 22 nov. 2018.
LEITE, C. W. Os 10 melhores poemas de Mário Quintana. [2018]. Disponível em: <https://
www.revistabula.com/2329-os-10-melhores-poemas-de-mario-quintana/>. Acesso
em: 23 nov. 2018.
MORAES, V. Soneto de difelidade. [2018]. Disponível em: <https://www.revistaprosa-
versoearte.com/de-tudo-ao-meu-amor-serei-atento-vinicius-de-moraes/>. Acesso
em: 23 nov. 2018.
PESSOA, F. O guardador de rebanhos e outros poemas. São Paulo: Cultrix, 1997.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
Assista ao vídeo a seguir para compreender melhor as características dos gêneros discursivos
literários.
EXERCÍCIOS
A) Ironia e humor.
B) Ironia e métrica.
C) Conotação e rima.
D) Métrica e ironia.
E) Sonoridade e prosa.
(Fernando Pessoa)
A) Fábula.
B) Apólogo.
C) Acróstico.
D) Paródia.
E) Poema.
3) Após analisar a linguagem utilizada nos dois textos a seguir, é possível afirmar que:
Texto 1
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manoel Bandeira)
Texto 2:
C) No texto 2, a linguagem não literária é predominante, pois o poeta faz uso de uma
linguagem objetiva para persuadir o leitor.
D) O texto 2 não é literário e a intenção do autor é brincar com a estética das palavras e a
ironia com o tema, utilizando uma linguagem objetiva.
NUVENS
Depois as mãos finas se afastaram das grossas, lentamente se delinearam dois seres
que me impuseram obediência e respeito. Habituei-me a essas mãos, cheguei a gostar
delas. Nunca as finas me trataram bem, mas às vezes se molhavam de lágrimas - e os
meus receios esmoreciam. As grossas, muito rudes, abrandavam em certos
momentos. O vozeirão que as comandava perdia a aspereza, um riso cavernoso
estrondava - e os perigos de toda espécie fugiam, deixavam em sossego os viventes
miúdos: alguns cachorros, um casal de moleques, duas meninas e eu.
A) A exploração da metalinguagem.
C) A exploração da polissemia.
Tome-se um homem
Feito de nada, como nós
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
agite-se um pendão
e toque-se um clarim.
Serve-se morto.
D) A catarse e a conotação.
E) A subjetividade e a denotação.
NA PRÁTICA
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Os gêneros literários
Gêneros literários
Funções da literatura