Papaer Infancia e Suas Linguagens
Papaer Infancia e Suas Linguagens
Papaer Infancia e Suas Linguagens
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho busca discutir a relevância das formas de linguagem das crianças através da
literatura no seu processo de aprendizagem. A criança expressa-se de diversas formas, por meio da
linguagem corporal, verbal, escrita, desenho, dentre tantas outras. É também por meio das linguagens que
a criança mostrará sobre como está recebendo a informação, como está processando e contextualizando
no seu dia a dia. Para Dalledone; Coutinho (2020), uma pedagogia específica para a infância,
principalmente de 0 a 3 anos, ainda é um grande desafio mesmo com diversos avanços ao longo do
tempo. Conhecer, e acima de tudo, reconhecer a expressão da criança como um direito, é oportunizar um
aprendizado significativo que ela levará por toda a vida. Para Pattuzzo (2019), o professor deve estar
atento para apresentar a criança diversas formas de linguagem, e após essa apresentação realizar as
atividades de acordo com as formas de expressão que elas tiveram melhor identificação.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A literatura infantil iniciou-se na Europa no século XVIII, nesse período a criança começava a ser
vista como criança, anteriormente ela fazia parte da sociedade adulta, desfrutando assim de uma literatura
voltada para os adultos, nada específico para sua idade (LOPES; NAVARRO 2014). No entanto, com o
passar dos anos a literatura infantil progrediu, os materiais foram sendo direcionados para esse público,
destacando que, os contos clássicos e folclóricos permaneceram, porém, com algumas modificações. O
surgimento da Literatura Infantil tem suas particularidades, inicialmente as crianças que receberam esse
foco foram as provenientes de famílias da classe média, da nova condição concedida à infância na
sociedade e da nova organização da escola. Seu aparecimento deu-se pela associação com a Pedagogia,
com o intuito da literatura ser utilizada para melhorar o conteúdo e estudo desta. Apenas no século XVIII
a criança passa a ser considerada como indivíduo, e com diferenças em relação ao adulto, com
características e vontades próprias (LOPES; NAVARRO, 2014).
1 Nome dos acadêmicos: Alethia Cunha Santana; Edcarla Silva da Silva; Geraldo Antônio Diniz; Nathalia Holanda da Silva;
Norma Lúcia Bezerra Leite.
2 Nome do Professor tutor externo: Alessandra Marques Vieira Fernandes
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A literatura infantil no Brasil surgiu no final do século XIX, a literatura oral permaneceu até esse
período, com os mitos e o folclore dos indígenas, africanos e europeus. Os primeiros brasileiros que
escreveram sobre literatura infantil no país foram Carlos Jansen e Alberto Figueiredo Pimentel, que
traduziram os considerados clássicos para as crianças, porém, somente em 1917, com Thales de Andrade
é que a literatura infantil nacional iniciou-se. Já em 1921, Monteiro Lobato escreveu Narizinho
Arrebitado, exibindo ao mundo a Emília, entretanto nesse período encontrou vários obstáculos para se
confirmar como arte literária própria para crianças, pela razão de estar associada às narrativas populares
(TORTELLA et al, 2016).
Para Coelho (1986), “literatura é arte, é um ato criativo que através da palavra, cria um universo
livre, realista ou fantástico, onde os seres, as coisas, os fatos, o tempo e o espaço, ali transformados em
linguagem, assumem uma dimensão diferente: pertencem ao universo da ficção”. Nesse sentido,
compreende-se que a literatura infantil é fundamental para a educação das crianças e o desenvolvimento
de suas linguagens, pois ela estimula a leitura através do atrativo e do belo, promove mudanças de
comportamento, mexe com as fantasias, emoções e intelecto, influi em todos os aspectos da educação do
aluno. “É o caminho que leva as crianças ao mundo da leitura de maneira divertida, pois através de seu
caráter mágico e lúdico faz com que a atenção das crianças se volte a ela” (CARVALHO 1989).
De acordo com Carvalho (1989) a literatura – mitos, estórias, contos, poesias, qualquer que seja a
sua forma de expressão, é uma das mais nobres conquistas da humanidade. É conhecer, transmitir
e comunicar a aventura do ser. Só esta realidade pode oferecer-lhe a sua verdadeira dimensão. Só
esta aventura pode permitir-lhe aventura da certeza de ser. Zilberman (1994) argumenta o que
segue: A literatura sintetiza, por meio dos recursos da ficção, uma realidade, que tem amplos
pontos de contato com o que o leitor vive cotidianamente. Assim, por mais exacerbada que seja a
fantasia do escritor ou mais distanciada e diferente as circunstâncias de espaço e tempo dentro das
quais uma obra é concebida, o sintoma de sua sobrevivência é o fato de que ela continua a se
comunicar com o destinatário atual, porque ainda fala de seu mundo, com suas dificuldades e
soluções, ajudando-o, pois, a conhecê-lo melhor. (ALVES; ASSUNÇÃO, 2018).
Diante dessa situação, faz-se importante e necessário pensar em um ambiente estimulador em que
a criança aprenda e desenvolva uma linguagem lúdica, onde as imagens e a parte escrita colaborem para
que o aprendizado ocorra utilizando seu imaginário. Para Vygotsky (2007), em sua abordagem histórico-
cultural “Através da literatura é possível satisfazer necessidades com a realização de desejos que não
poderiam ser imediatamente satisfeitos”. Fortuna (2008) defende “o direito da criança à literatura é o
equivalente a promover a inclusão social e, através dela, exercer transformação social”. A leitura pode
promover atividades voluntárias dos participantes levar ao envolvimento de todos de forma a desenvolver
a sociabilidade, a autonomia e estimulo á cognição, pelas tarefas, desafios ou obstáculos a serem vencidos
no desenvolver da leitura (NETA; CONDULA, 2017).
É sabido que a literatura possui um papel importante para o desenvolvimento social e intelectual
dos indivíduos, porém, para contextualizar e trazer clareza ao desenvolver desta pesquisa, é necessário
especificar o que é literatura e linguagem. No que se diz respeito a literatura, de acordo com uma análise
1 Alethia Cunha Santana; Edcarla Silva da Silva; Geraldo Antônio Diniz; Helia Almeida de Azevedo Fernandes; Norma Lúcia Bezerra Leite;
Nathalia Holanda da Silva. 2 Alessandra Marques Vieira Fernandes
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estrita de sua conceitualização, podemos dizer que esta trata-se de uma manifestação artística, podendo
ser comparada com a pintura, escultura, música e tantas outras formas de manifestações da arte. A
linguagem por sua vez é o vocabulário próprio da literatura, de modo que sem determinada demonstração
artística acarretaria a modificação do objetivo do autor, desconfigurando a sua manifestação literária, tem
uma linguagem mais formal, sendo este um diferencial.
Quando apresentamos um livro para uma criança na fase de pré-leitor (15 meses aos 05 anos),
verificamos uma criança em desenvolvimento de sua fase egocêntrica e de adaptação, cujo objetivo da
leitura é incentivar o aumento da interação através da comunicação verbal. Para Coelho (2000), “A
técnica de repetição ou reiteração de elementos é das mais favoráveis para manter a atenção e o interesse
de difícil leitor a ser conquistado”. Por isso, neste período, indica-se livros breves, com imagens que
façam sentido para as crianças, com desenhos coloridos. Nas demais fases, leitor iniciante entre (6 e 7
anos), o leitor em processo (8 e 9 anos), leitor fluente (10 e 11 anos), e o leitor crítico (a partir dos 12
anos), a literatura indicada será condizente a sua faixa etária e de acordo com o seu poder de assimilação
(CASTRO, 2008).
A leitura deve ser considerada como um meio imprescindível de construção do saber individual
da criança. Para Penati et al (2017), com a leitura a criança integra seus conhecimentos e vivências ao que
está no livro, ela lê e aprende, de acordo com Ferreiro e Teberoski (1991)” a leitura e aprendizagem
diferem-se, já que nem sempre a criança que lê aprende, e a aprendizagem é uma das principais funções
da língua escrita”.
A seguir apresentaremos um exemplo de como a literatura pode ser importante para o
desenvolvimento das diversas linguagens da criança.
MATERIASI E METODOS
1 Alethia Cunha Santana; Edcarla Silva da Silva; Geraldo Antônio Diniz; Helia Almeida de Azevedo Fernandes; Norma Lúcia Bezerra Leite;
Nathalia Holanda da Silva. 2 Alessandra Marques Vieira Fernandes
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Fotografia 1. Thore (2016), Histórias que a Bíblia conta Fotografia 2. Crianças: Paola Gabriele (6 anos), Paulo Gabriel (9
anos)
STUDIO, (2013), uma história por dia, RODRIGUES, 2017. e Matheus Watras (7 anos). Professora Nathalia Holanda.
Foto: Pelton Watras, Parauapebas-PA, 2022. Foto: Pelton Watras, Parauapebas-PA, 2022.
Na fotografia 1, foram apresentados três livros infantis com temas diversos, e oferecido para que
cada criança escolhesse um. A fotografia 2, mostra a professora Nathalia Holanda (2022), com as
crianças Paola Gabriele (6 anos), Paulo Gabriel (9 anos) e Matheus Watras (7 anos) em um momento de
estímulo a leitura. A proposta da professora com esse recurso foi desenvolver o lúdico de cada criança
fazendo com que as mesmas viajassem no seu imaginário através da leitura. Na fotografia 3, as crianças
estão no momento de leitura. Na fotografia 4, foi proposto as crianças que explicassem o que entenderam.
2. RESULTADOS E DISCUSSÕES
1 Alethia Cunha Santana; Edcarla Silva da Silva; Geraldo Antônio Diniz; Helia Almeida de Azevedo Fernandes; Norma Lúcia Bezerra Leite;
Nathalia Holanda da Silva. 2 Alessandra Marques Vieira Fernandes
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A criança de 9 anos optou pela narrativa da história, apresentando uma narrativa mais extensa,
porém, sem palavras confusas, de forma espontânea e detalhada. Os autores Dadalto e Goldfeld (2009),
consideram que produzir e compreender narrativas orais é importante para o sucesso acadêmico da
criança e seu bem estar socioemocional. Segundo Bruner (1990/1997b), “a aquisição da habilidade
narrativa que confere estabilidade à vida social da criança. Além disso, essa habilidade cognitiva irá
ancorar a futura produção escrita de histórias”.
Nesse sentido, acreditamos que a literatura é de grande importância para criança, sendo esta um
meio pela qual a criança irá ser instigada para o desenvolvimento do seu conhecimento e de linguagens
próprias. Para Falabelo; Leão (2016), aprender e compreender desencadeiam diversos processos
cognitivos que complementam a aprendizagem do sujeito. A literatura oportuniza que a criança
desenvolva e exteriorize sua imaginação, suas diversas linguagens, a ludicidade, suas emoções e
sentimentos, favorecendo o indivíduo no seu processo de crescimento, desenvolvimento e acesso a outros
mundos.
3. CONCLUSÃO
A linguagem é um fenômeno social e histórico aprendido no contexto real de vida, que permite
não só as interações humanas, como também ter acesso à produção cultural do grupo no qual estamos
inseridos. Nessa perspectiva entendemos que a literatura é uma forma dos indivíduos comunicarem a sua
experiência de forma subjetiva, através da atividade de contar histórias, por meio de suas narrativas de
seus desenhos, do lúdico, do imaginário, por meio do desenvolvimento de várias outras linguagens que a
criança tem.
Através do presente estudo, pudemos compreender a importância de acolhermos as múltiplas
linguagens da criança no seu processo de ensino- aprendizagem. A leitura desperta diversas habilidades
que serão necessárias diariamente, cada vez mais, ao longo dos anos, durante toda a sua vida. O professor
deve sempre estar aberto a planejar atividades que deêm a liberdade da criança para expressar-se, e ela
através da leitura, ter a oportunidade de ler e aprender, explorar e desbravar diversos mundos, contextos e
vivências.
4. REFERÊNCIAS.
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na criança. 2016. Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2016. Disponível em:
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Nathalia Holanda da Silva. 2 Alessandra Marques Vieira Fernandes
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BRUNER, J. (1997a). Realidade mental mundos possíveis (M. A. G. Domingues, Trad). Porto Alegre:
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COELHO, N. N. Literatura e linguagem. 4. ed. São Paulo: Quíron, 1986, p. 29-31. Disponível em:
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__________ Literatura infantil: teoria, análise, didática. v. 30, n. 2, p. 9-16. São Paulo: Moderna, 2000.
1 Alethia Cunha Santana; Edcarla Silva da Silva; Geraldo Antônio Diniz; Helia Almeida de Azevedo Fernandes; Norma Lúcia Bezerra Leite;
Nathalia Holanda da Silva. 2 Alessandra Marques Vieira Fernandes
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ZILBERMAN, R. A literatura infantil na escola. 9. ed. São Paulo: Global, 1994. Disponível em:
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Nathalia Holanda da Silva. 2 Alessandra Marques Vieira Fernandes
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