Escolanoalem
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com
ESCOLA NO ALÉM
CHICO XAVIER
CLÁUDIA PINHEIRO GALASSE
IDEAL
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ÍNDICE
Prezados leitores.
Cláudia Pinheiro Galasse é uma jovem desencarnada em 1982, que voltou à Vida
Espiritual sob o amparo de familiares e amigos.
Entregue ao tratamento de recuperação, só em princípios de 1983, atingiu o próprio
restabelecimento, conscietizando-se quanto à dor que deixara entre os familiares queridos.
Embora as lágrimas, porém, conseguiu equilibrar-se à custa de persistente esforço mental,
merecendo o reconforto de comunicar-se com os pais e irmãos, a fim de fortalecê-los.
Em 1984, atendendo-se-lhe a paciência e ao trabalho constante, em favor dos irmãos
desenfaixados do corpo físico, mas ainda doentes e revoltados, foi admitida em um dos
nossos vários Institutos de apoio e amparo à infância no Além, espiritualmente desprotegida.
Desde esse tempo, vem funcionando com elevado senso de compreensão e humildade,
crescendo na admiração e no respeito dos Mentores que supervisionam as nossas
Instituições, entre as quais nos encontramos.
Em 1985, foi promovida à condição de professora do nosso Educandário, tornando-se a
protetora de todas as crianças, ante os dotes espirituais que lhe caracterizam a vida.
Em 1986, sempre devotada ao espírito do serviço, estudando e ensinando, trabalhando e
aprendendo, realizou notáveis diálogos e palestras com grande número de colegas e
professores, destinados à elevação do nível mental dos mesmos.
Em janeiro do ano de 1987, instituiu-se entre vinte, das dezenas de Institutos educativos
da região, um concurso para a apresentação de um livro, estruturado em pequenas dimensões
e tão simples quanto possível, para esclarecimento e reconforto dos familiares que choram a
perda de crianças no mundo, especialmente os pais.
O livro seria elaborado por professores que estivessem vinculados na região às áreas do
ensino, e devia contar com simplicidade o cotidiano das crianças desencarnadas, retratando-
lhes a Vida Espiritual, em traços rápidos.
Cinco Mentores receberiam as páginas das candidatas para exames e conclusões
oportunas.
Mais de duzentos educadores compareceram ao certame. E depois de intensa
movimentação durante meses, em setembro último, no dia consagrado à Primavera, os
resultados foram conhecidos.
O primeiro lugar foi conquistado pela professora Cláudia Pinheiro Galasse, com os
aplausos de todos os presentes.
Este é o livro, leitores amigos, que te entregamos nestas páginas simples e
despretensiosas, rogando a Jesus que abençoe e inspire a Autora e a todos nós.
Emmanuel
Uberaba, 26 de outubro de 1988
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ESCOLA NO ALÉM
Márcia Q. da Silva Bacceli
Uberaba, 10 - 08 - 88
Esta jovem no transcorrer das páginas inseridas neste volume, nos mostra a beleza e a
seriedade do comportamento dos pais no tratamento disciplinar e de amor aos filhos que
chegam pela misericórdia de Deus ao regaço do lar.
Com este livro vai se esclarecendo o que para muitos é desconhecido:
Como se portam as crianças na Espiritualidade.
Como se sentem.
Como são recebidas e assistidas.
Não estamos criando idolatrias ou simpatias pessoais por espíritos que partiram, mas
tentar demonstrar, através das mensagens recebidas pela mediunidade de Francisco Cândido
Xavier, a veracidade dos acontecimentos.
A preocupação dos pais na partida de seus pequerruchos, com relação ao desamparo,
deixa de existir, pois Claudinha, muito bem amparada, nos traz à luz o desempenho das
almas abnegadas a serviço do Senhor.
É só acompanhar suas mensagens, e pode-se entender o que estamos querendo dizer.
Leitor amigo, Deus esteja conosco nos momentos de atuação de nossa responsabilidade.
Cláudia Pinheiro Galasse, nasceu em 25 de julho de 1964 e desencarnou em 9 de
setembro de 1982, sendo filha de Antonio Pinheiro Galasse e Dorothy Campagna Galasse,
tendo como irmãos Mônica Pinheiro Galasse e Antonio Pinheiro Galasse Júnior.
Rubens Silvio Germinhasi
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SITUAÇÃO
Aos pais que ainda hoje choram os filhos que partiram, recebam nestes apontamentos
os ensinamentos e esclarecimentos enviados por essas almas beneméritas, como
manifestação de amor e carinho.
Que preencham os corações de novas esperanças, que compreendam na Misericórdia e
Bondade de Deus a luz de nova jornada.
O desamparo é imagem apenas criada no conceito humano. Na Vida Espiritual inexiste
essa possibilidade de abandono. A presença de Jesus está vinculada aos princípios de todas
as Instituições Espirituais para dar forma à Caridade e ao Amor.
O preparo de cada criança é regido pelo Mestre, representado nas lições de carinho para
se prepararem com mais segurança na retomada de um novo corpo na Terra.
Querida Mãezinha Dorothy e querido Papai Antoninho, estamos juntos, na prece,
pedindo a Deus por nossa paz.
Mãezinha Dorothy, não se sinta sozinha e esquecida.
Além da nossa Mônica e do nosso Júnior, com o querido papai, permanecemos em sua
companhia por todos os pedaços do tempo que se me fazem disponíveis.
Continuo, mamãe, entusiasmada com o serviço de assistência às crianças.
A Mirna, que veio em minha companhia a fim de visitar os pais e o irmão Maurício,
tem a mesma opinião.
O seu carinho poderá imaginar a nossa emoção ao sermos abraçadas por crianças
queridas que são tuteladas pelo Instituto distante, que promove a revisão do nosso trabalho
juntos.
As crianças que nos enriquecem de alegria nos são enviadas pela Direção Geral, de
quem recebemos instruções e avisos referentemente a cada uma, e isso nos faz viver numa
escola bendita, onde temos o encargo de conduzi-las aos primeiros conhecimentos que
devem receber na Vida Espiritual.
Creio que toda instituição, vinculada aos princípios de Jesus, possui semelhantes
núcleos de serviço educativo, porque, ao que penso, é incalculável o número de criancinhas
que voltam da Vida Física para a Vida Espiritual, por diversos motivos, principalmente
atendendo à necessidade de se prepararem com mais segurança para retomar novo corpo na
Terra, ao lado de almas queridas que as receberão em nova existência.
Conto-lhe tudo isso, Mãezinha Dorothy, para que o seu querido coração partilhe
comigo a felicidade de estar conseguindo trabalhar.
As crianças que se encontram sob nossos cuidados são daquelas que estiveram no
mundo entre meses até dois anos de idade.
Certamente outros estabelecimentos numerosos se espalham por amplos espaços da
Vida Maior, entretanto, aqui falo ao seu carinho e a meu pai somente do recanto em que nós,
as irmãs do IDEAL, se entrelaçam para fazer o melhor ao nosso alcance.
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As conversações das crianças conosco são o que se pode avaliar de mais ternura e de
mais inocência, entre as pessoas do mundo. Os pais que choram filhinhos queridos, estejam
certos de que nenhum existe desamparado.
Nem sempre, aliás muito raramente, as crianças que se encontram na faixa etária a que
me refiro, não estão preparadas para o intercâmbio espiritual com os pais e os avós
amorosos, de vez que precisam de tempo a fim de se posicionar na possível maturidade de
que necessitam, mas não sei de criança alguma que esteja relegada ao abandono.
Temos os professores apropriados a receber todos estes entezinhos frágeis, indicando a
locação que com maior proveito que lhes compete.
As nossas crianças, quase todas elas desencarnadas em São Paulo, nos solicitam com
insistência a volta à casa e ao convívio dos pais queridos e, muito dificilmente, aceitam os
nossos argumentos de irmãs que nos fazemos de mães pelo coração.
Prossegue o currículo das lições que lhes cabe receber, mas nos recreios é um encanto
observar os temas que elas próprias inventam para cantar, como que respondendo às nossas
ponderações.
Com as músicas que guardam de memória, das muitas cantigas que compõem e cantam,
com os entendimentos junto das mães e das avós, destaco estas poucas para a sua emoção de
mãe amorosa e querida, de quem recebi tanto amor.
Eu sou rica, rica, rica,
Das estrelas que já vi,
Eu sou rica, rica, rica,
Tudo me sorri...
Eu sou rica, rica, rica,
Mas perdi tudo o que eu tinha,
Com saudades da Mãezinha,
Vou-me embora daqui...
Outra pequena de dois anos, que espera a reencarnação para breve, assim cantou, com
admiração dos que a ouviam:
Pelo que exponho, a senhora, Mãezinha Dorothy, observará quanto amor essas crianças
esperam de nós e quero dizer-lhe que sua filha está cooperando com firmeza e decisão em
todos os setores do nosso Educandário.
Conto-lhe tudo isso porque sei que o seu carinho por nós, os seus filhos, e a sua
sensibilidade guardarão minhas notícias por estímulo ao serviço de proteção a qualquer
criança do mundo.
Minhas lembranças à Mônica e ao Júnior, pedindo aos queridos pais receberem o
imenso amor da filha que se sente renovada para a vida.
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CAPÍTULO 6
Nesta tônica, os espíritos abnegados tentam mostrar às crianças que não foram
seqüestradas de seus pais queridos. Apenas freqüentam um curso escolar de grande
importâncias para a transformação e aceitação da nova situação em que se encontram párea
assumir, em momento oportuno, a condição de poderem visitar os pais que na Terra ficaram.
Na imagem da lagarta, lhes é mostrado que o tempo as levará à maturidade espiritual e
as fará novamente espíritos adultos com a consciência de poderem preparar aos pais o
verdadeiro lar e, juntos, viverem o encontro da felicidade com Deus.
Querida Mãezinha Dorothy, prometi que prosseguiria contando alguns episódios do
nosso Instituto de Educação Infantil e não posso me desligar da satisfação de fornecer a
continuidade necessária.
Falamos das crianças, nossas tuteladas, que são mantidas conosco em severas
disciplinas, com liberdade, porém, para expressarem através do canto todas as reclamações
que desejem apresentar.
Prossigamos, pois.
Num destes dias últimos, uma garota de dois anos cantou com muita beleza a nota que
passo a transcrever aqui.
Disse ela:
Outra nos deu aos ouvidos esta observação que mantenho de memória:
Estávamos, porém, com a visita de duas irmãs que haviam atravessado a experiência de
nossas pequenas em outros lugares, anos passados, Ruth e Lize. E Ruth se propôs a fazer
uma pequena preleção para as nossas alunas que, convidadas a ouvir, se postaram em filas
tríplices com a maior atenção.
A irmã Ruth, com bondade e emoção, tomando a palavra, explicou-lhes:
− Estamos visitando este Instituto e estamos felizes por abraçar as crianças que nos
escutam. Notamos que algumas de vocês se mostram contrafeitas por se encontrar aqui
detidas para o bem de cada uma. Vocês não foram roubadas aos pais queridos. Digo isso
porque, como acontece a vocês, vim da terra para um Instituto, semelhante a este, quando
contava apenas três janeiros. A princípio, revoltei-me e traduzi em várias canções o meu
descontentamento; chegou, porém, um dia em que um professor amigo explicou-nos que não
vivíamos seqüestradas, e, sim, estávamos num curso escolar de importância, porque éramos
crianças transformadas. Certamente vocês todas verão os pais e familiares no momento
oportuno, mas isso pedirá tempo.
Vocês já ouviram falar nas lagartas que se transformam em borboletas?
Uma das pequenas respondeu que sim e Ruth prosseguiu:
− Estávamos na Terra na condição de lagartas, ao tempo de nossa transubstanciação.
Pois olhem: cada uma de nós foi modificada e, depois de dormir algum tempo no casulo,
viramos borboletas. Essa capacidade há de acompanhá-las até onde for possível.
Acreditem, uma a uma, se farão insetos voadores; com o tempo crescemos, ficamos
jovens e vamos aceitar, transformadas, a nova vida, e isso trará para nós grandes benefícios.
Vocês esperem e farão grande progresso e não julguem que estarão separadas dos pais,
porque eles virão ao encontro de vocês para viver juntos, novamente felizes. A turma toda se
entreolhou com grande alegria e ficou muito feliz, ao reconhecer que necessária seria uma
nova experiência, com a certeza de que viemos para nos transformar.
A visita foi encerrada com todo cuidado de não mencionar a morte nos seus
comentários, e a alegria de uma aproximação voltou a ser verificada, com os pensamentos
fixados no futuro. Mais tarde continuaremos explicando com a promessa de prosseguir
depois.
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CAPÍTULO 7
Nestas palavras rogadas a Jesus, externa-se o sentimento dos filhos e filhas que
partiram, testemunhando que as algemas não se rompem em corações que se entrelaçam no
compromisso assumido perante Deus.
Pais e filhos, filhos e pais são, na essência, espíritos munidos do desejo de se ajustarem
e se completarem na emancipação espiritual, criam em seus corações as bases do amor e
nessas bases reverenciam na Majestade Divina o cântico da saudade, unindo-se sem
preconceitos de espécie alguma à imagem de deus, como Pai absoluto de nossas vidas.
Perde-se, às vezes, na incompreensão ferida pela dor, a consciência, mas, a misericórdia
de Jesus, em seguida, restaura, através da benemerência espiritual, as cicatrizes deixadas.
Deus é Pai, deus é Amor.
Querida Mãezinha Dorothy, antes de tudo guarde os meus votos por um feliz Dia das
Mães, ao lado do Papai Antoninho e de meus irmãos.
Atendendo ao compromisso que fiz comigo mesma, no sentido de prosseguir com as
minhas notícias do nosso Instituto Assistencial dedicado às meninas na faixa de meses aos
dois anos, sinto-me satisfeita ao contar-lhe que a preleção de nossa irmã que nos visitou,
falando às crianças com afetuosa cordialidade, despertou grande curiosidade entre todas as
pequenas internadas.
Foram muitas as perguntas que a Lika, a Mirna e eu, recebemos com poucas
possibilidades de responder. Entretanto, uma instrutora veio ajustar a situação acalmando as
meninas, sobretudo, prometendo a elas que as conduziria, oportunamente, nas asas do sono,
ao encontro dos pais que haviam deixado na Vida Física.
Notamos que muitas delas mostravam nova face iluminada de esperança.
Estávamos na véspera da celebração do Dia das Mães, no ano passado, e fomos
acompanhar as cantigas inventadas pelas nossas queridas tuteladas, e observei que o nível de
compreensão se elevara em todas elas.
Para seu conhecimento de mãe, transcrevo aqui alguns tópicos da festa que as próprias
meninas prepararam a fim de homenagear as mãezinhas ausentes.
A primeira cantou com os olhos irradiando alegria:
Era, porém, o Dia das Mães e convidamos todas as internadas a fim de compartilharem
de nossa oração do dia, que foi pronunciada por nossa Lika:
− “Senhor Jesus, hoje é dia consagrado às nossas Mães.
Curvamos os corações com reverência, pedindo-Te para que todas elas estejam felizes.
Dá-lhes, Senhor, a coragem necessária para suportarem as vicissitudes da vida humana,
e fortalece-lhes as energias para que prossigam nas tarefas da maternidade que lhes confiaste.
Senhor, abençoa as saudades que sentimos de nossas Mães para que a nossa dor da
alma não lhes pese nos sentimentos.
Faze-nos boas filhas, aqui onde nos achamos, para que possam contar conosco em
qualquer circunstância!
Ampara, Senhor, a elas e a nós, de modo que estejamos de acordo com os Teus
desígnios e não conforme os nossos caprichos, para que aprendamos a honrar os Teus
ensinos de paz e amor, e sempre”.
Pensei em você, Mãezinha Dorothy, no Papai Antoninho, na Mônica e no Júnior,
durante a oração de Lika, e quis também falar sobre as nossas emoções, mas a saudade,
sobretudo de seu carinho materno, era muito grande em meu íntimo e não pude pronunciar
palavra.
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CAPÍTULO 8
Não se pode invocar o auxílio divino, quando a nossa oferenda está ainda com fissuras
provocadas pelo egoísmo. Nice Rivera, senhora mãe, aniversariante, recebe no dia de
felicidade do seu natalício, um presente por mérito de serviços prestados à causa do bem. A
permissão de visitar a filha na Espiritualidade.
No diálogo, sob forte pressão de emotividade, emudecera. O amor de Heleninha, sua
filha, levou-lhe o conforto no muito que conversaram.
Em suas palavras finais, elucida a mãe da orientação que recebera e que, em breve
retorno, estariam juntas novamente.
“Mãezinha, não sofra por mim... Eu também tenho muitas saudades do seu carinho...
muito breve estarei, de novo, em seus braços...”
Querida Mãezinha Dorothy e querido Papai Antoninho, deixo aqui uma notícia da
tarefa a que atualmente nos dedicamos. Claudinha.
Aniversário de Mãe.
O relógio marcava nove horas da noite.
Dialogávamos na sala, quando uma companheira anunciou:
A senhora Nice Rivera já se encontra presente, recebendo instruções dos Mentores que
lhe sugeriam o preciso comportamento ante a filhinha helena, que a mãezinha, nas
ocorrências do sono, viera ali visitar.
Os Mentores lhe falavam da conveniência de conservar a máxima discrição, sem fazer
perguntas e sem chorar.
A irmã Nice aparentava vinte e oito janeiros de idade e conquistar permissão para o
encontro com a filha, por méritos em serviço.
A jovem senhora estava pálida e trêmula ao saudar-nos, no entanto, procuramos
recompor-lhe a tranqüilidade.
Todas as meninas internadas em nosso Instituto estavam reunidas na Grande Sala,
quando uma colega chamou a menina Helena Rivera, que demonstrava nobre posição de
desenvolvimento aos dois anos que contava.
A pequena levantou-se e seguiu as instruções que lhe foram ministradas.
Devia abeirar-se da cabine de vidro isolante, conquanto altamente sensível para a
música e para os sons das palavras.
Conduzida pelo Mentor que lhe presidia o original reencontro, a senhora instalou-se na
cabine e, vendo a filhinha tão perto, falou emocionada:
− Deus abençoe você, minha querida Heleninha.
A menina exclamou espantada:
− É a Mãezinha que me fala?
− Sim – disse a interlocutora reprimindo as próprias lágrimas.
− Fale, minha filha, de alguma lembrança que nos recorde este dia.
A pequena patenteando indescritível alegria, respondeu com ternura:
− Mãezinha, veja, sou eu mesma, lembrando que hoje é o dia do seu aniversário.
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E recuando alguns passos, tomou a postura de quem se dispunha a comunicar-se com o
público e, depois, improvisando gestos característicos, recitou jubilosamente:
A – e – i – o – u,
Aprendemos no ABC.
Verinha, você não sabe
Quanto amamos você.
E as quadras se seguiram.
Darei esta anotação apenas quanto à primeira:
A segunda improvisou:
A – e – i – o – u,
Aprendemos no ABC.
Verinha, você não sabe
Quanto amamos você.
Quando terminaram as derradeiras notas, notei que o meu rosto se cobria de lágrimas.
O adeus e a saudade moravam ali também naquele recanto de amor.
Abraçada pelos colegas, Verinha chorava intensamente.
Chegara, porém, o instante da partida e, em companhia do Mentor respeitável que me
esclarecera, verinha e nós tomamos o carro que nos levou até a cidade grande.
O orientador se despediu para se hospedar numa casa assistencial, onde era um amigo
querido e ficamos nós, ela e eu, na residência de meus pais, onde procurei orar e deter-me
nas melhores recordações.
Na manhã seguinte, o orientador nos procurou e falou-me a sós:
− Irmã Cláudia, você faça o possível por habituar a menina à presença da senhora que
se lhe fará a nova mãe em breve tempo e procure o melhor meio para falar-lhe da própria
reencarnação.
Prometi fazer o possível e, em seguida, abracei a Mãezinha Dorothy, o Papai
Antoninho, a vovó Gorízia, a nossa Mônica e o nosso Júnior,lembrando a importância da
vida em família.
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Logo depois fomos à casa da ex-genitora de Verinha e fomos achá-la em pranto de
saudade, contemplando o retrato da filha, como se adivinhasse os acontecimentos de que eu
fora protagonista.
Verinha chorou ao saber que a Mãezinha não lhe poderia albergar a presença,
acreditando que ela estivesse enferma.
Dirigimo-nos à residência da tia que cantava enquanto cerzia peças de roupa da própria
casa.
Observei que ela, a futura mãezinha de nossa tutelada, recordava a sobrinha num misto
de saudade e alegria.
Qual, se fosse atraída por força inexplicável, a menina correu a abraçá-la sob o meu
olhar de aprovação e beijou-a na face.
A senhora, muito jovem, disse ao marido que se achava presente:
− Que saudade da Vera! Meu Deus, é impossível que uma criança da inteligência e da
graça de minha sobrinha, possa desaparecer para sempre.
É impossível crer na morte, como sendo o fim da vida!
Daquele dia em diante, enquanto me dirigia à moradia de meus pais, Vera permanecia
na convivência da tia, dando-me a idéia de que estreitavam a própria união.
Após dois meses, uma comissão constituída por um médico, um Mentor e um amigo
espiritual da família, surgiu diante de nós e submeteu a menina ao tratamento, para o ato de
renascer.
Não pude acompanhar a operação que se processava, no entanto, notei que Verinha
estava muito pálida e como que emagrecera consideravelmente, pois estava com a leveza de
uma criança de colo.
Mais dois dias e observei que ela como que se colara ao corpo da tia que se encontrava
intensamente feliz com a presença da menina com ela e junto dela.
Os seis meses que me haviam concedido no Instituto estavam findos.
Sem que eu soubesse como se dera a transfiguração, Verinha era a linda criança recém-
nata na residência dos novos pais.
Agradeci a Jesus a experiência que me permitira acompanhar de perto e voltei à minha
sede de trabalho.
Então, Mãezinha Dorothy, pude abraçá-la e a meu pai, com novos sentimentos para a
vida.
Beijei a vovó Gorízia e os meus irmãos e, com lágrimas de emoção e júbilo, ao
regressar para os meus deveres, considerei com alma e coração que deus não nos criou para o
eterno adeus e, sim, para o amor que nos reúne uns aos outros através de laços imortais.
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RECADO FINAL
Feliz aniversário
À nossa Claudinha querida,
À nossa amiga de sempre
E professora na vida.
FIM