Melany Satar - TCC1
Melany Satar - TCC1
Melany Satar - TCC1
O JÚRI
“Declaro que este trabalho de Diploma nunca foi apresentando na sua essência para
obtenção de qualquer grau académico e ele constitui o resultado da minha pesquisa
pessoal”
A Autora
____________________________
Dedico este trabalho aos meus Pais Abdul Satar e Zulfira Abo-bacar Solemane, sem eles
nada seria possível e aos meus irmãos Yussra Satar, Abdul Satar Júnior e Nabil Satar que os
amo incondicionalmente e que fizeram valer a pena cada obstáculo superado, objectivo
alcançado e sonho realizado em cada momento vivido.
Especialmente em memória a minha tia Maimuna Solemane pela sua confiança, motivação,
companheirismo e apoio no meu trajecto académico.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Allah por me ajudar a cumprir mais esta etapa da minha vida. A
meus pais Abdul Satar e Zulfira Abo-bacar Solemane, que participaram assiduamente na
minha trajectória académica, sem os quais nada seria possível.
Aos colegas da faculdade que durante toda formação tiveram paciência e compreensão,
transformando mesmo os momentos mais difíceis em momentos de distracção e diversão.
E a todos que directa ou indirectamente auxiliaram na construção desse projecto que além
de contribuir para a formação académica contribui para a realização de um sonho.
“A maneira de se conseguir boa reputação reside no esforço em se ser aquilo que se
deseja parecer”
Sócrates
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
• HCl- Ácido Clorídrico
• H2O- Água
• CO2-Dióxido de Carbono
• ENH- Empresa Nacional de Hidrocarbonetos
• EP- Empresa Pública
• FMEA- Failure Mode and Effects Analysis
• FTA -Fault Tree Analysis
• FUNAE- Fundo Nacional de Energia
• GNL- Gás Natural Liquefeito
• GTL- Gás para Líquido
• GXC/GNC- Gás Natural Comprimido
• GLP -Gás Liquefeito de Petróleo
• HAZOP- Hazard and Operability Analysis
• H2S- Hidrogénio sulfurado
• Imp -Indústria Mundial Do Petróleo
• JT- Joule-Thompson
• MTPA- Milhões de Toneladas Por Ano
• N2-Nitrogénio
• Nox- Óxidos de Nitrogénio
• APP- Process Hazard Analysis
• TEP- Toneladas Equivalentes de Petróleo
• CO3-Trióxido de Carbono
I
LISTA DE FIGURAS
II
LISTAS DE TABELAS
III
LISTAS DE GRÁFICA
Gráfico 1. Distribuição das 11467,744 milhões de TEP de energia produzidas no mundo,
tendo como referência o balanço energético mundial de 2005 (IEA, 2005). ...................... 16
Gráfico 2. Gráfico ilustrativo da matriz energética de Moçambique. Fonte: dados fornecidos
pela FUNAE (adaptado pelo autor). .................................................................................... 17
Gráfico 3. Gráfico ilustrativo do esboço percentual da matriz energética de Moçambique.
.............................................................................................................................................. 18
IV
RESUMO
Nos últimos anos, Moçambique tem aumentado a utilização de gás natural na sua matriz
energética para acompanhar o crescimento da demanda por energia. O gás é explorado,
transportado e distribuído por vários meios, onde um dos métodos de transporte presente e
mais usados no nosso Pais é o transporte através de camiões especializados para carregar
cargas perigosas, mas o transporte por meio de gasoduto é considerado o meio de transporte
mais seguro e económico para esse fim. Ainda assim, esse considerado um dos combustíveis
mais limpos desde as fases de prospecção e exploração, ate processamento, transporte e
distribuição, esta exposto a situações de risco tais como um vazamento, explosão, incêndio,
pode ocasionar acidentes de grandes proporções. Diante deste facto, foi desenvolvida uma
Análise Preliminar de Perigos (APP) para identificação dos cenários acidentais possíveis de
ocorrer na plataforma, no transporte e assim como na distribuição do mesmo. Em seguida,
com base nos resultados qualitativos e quantitativos, foram propostas recomendações e
sugestões que fossem capazes de reduzir ou mitigar os riscos associados a gás natural.
V
ABSTRACT
In recent years, Mozambique has increased the use of natural gas in its energy matrix to keep
up with the growth in energy demand. Gas is explored, transported, and distributed by
various means, where one of the present and most used transport methods in our country is
transport through specialized trucks to carry dangerous cargo, but transport through a
pipeline is considered the means of transport safer and more economical for this purpose.
Still, this considered one of the cleanest fuels is exposed to risk situations such as a leak,
explosion, fire, natural gas can cause accidents of large proportions. Given this fact, a
Preliminary Hazard Analysis (APP) was developed to identify possible accidental scenarios
to occur on the platform, in transport, and as well as in its distribution. Then, based on the
qualitative and quantitative results, recommendations and suggestions were proposed that
were capable of reducing or mitigating the risks associated with natural gas.
VI
ÍNDICE GERAL
RESUMO ............................................................................................................................. V
ABSTRACT ....................................................................................................................... VI
1. Introdução ...................................................................................................................... 1
1.4. Justificativa.............................................................................................................. 5
2. Metodologia ................................................................................................................... 6
3.4.1. Composição.................................................................................................... 29
4.4. Transporte.............................................................................................................. 42
5. Conclusões ................................................................................................................... 52
5.1. Recomendações ..................................................................................................... 53
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 54
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
1. Introdução
Desde os tempos mais remotos, o homem tem desenvolvido actividades e ferramentas, que
apresentam riscos potenciais, e que podem se materializar causando acidente com lesões
pessoais, ou perdas materiais. No mundo actual são frequentes os acidentes envolvendo
segurança de processo e danos causados por indústrias químicas e petroquímicas e que,
consequentemente, geram danos pessoais, materiais e ambientais (SERPA, 2002).
A maioria dos perigos inerentes à indústria moderna tem como característica chave o
facto de que uma possível falha em seus sistemas de segurança pode ocasionar impactos
difíceis de serem contidos a nível local, podendo levar a consequências transnacionais
como prejuízos à imagem da empresa.
1
características relativas à localização de reservas e ao crescimento de mercado consumidor,
faz-se necessária uma infra-estrutura eficaz para a produção, processamento, transporte e
distribuição de gás natural às unidades consumidoras. A actividade de transporte de gás
natural através de gasodutos envolve múltiplas dimensões de risco e a depender da extensão
e da localização da malha de ductos, diferentes níveis de consequências podem advir da
ocorrência de cenários acidentais.
2
1.2. Descrição do Problema
Devido ao grande crescimento do uso do gás natural e consequentemente o crescimento da
rede de abastecimento é preciso haver uma análise de risco na exploração transporte e
canalização do gás para um correcto controle e mitigação dos riscos.
O problema na exploração de gás assim como também na exploração de petróleo tem seus
impactos negativos no que tange a questão de riscos tanto na saúde dos colaboradores assim
como na própria indústria de exploração. Sendo assim, torna – se mais fácil de falar que há
muitos anos atrás, os acidentes eram causados por uma ausência de avaliação dos riscos e
por falta de medidas preventivas.
O risco de explosão é sério mesmo para pequenas fugas, sendo o risco de vidas uma realidade
no gasoduto. As ductovias transportam diversos produtos, dentre eles, petróleo, seus
derivados e gases combustíveis. Estes produtos são tóxicos e/ou inflamáveis. Portanto, seu
vazamento pode gerar danos ambientais e socioeconómicos de grande proporção.
Os gasodutos, que podem ser terrestres ou submarinos, têm seu traçado estabelecido em
áreas urbanas ou rurais, passando por uma diversidade de localidades. Há gasodutos no
interior de uma instalação, como também, gasodutos entre diversos pontos do País ou
ligações internacionais.
3
1.3. Objectivos do trabalho
Para responder à pergunta de pesquisa foram traçados os seguintes objectivos:
4
1.4. Justificativa
A presente proposta visa estudar e analisar os riscos na exploração, transporte e canalização
do gás natural, com vista a garantir a melhor segurança dos recursos materiais e humanos,
prevenir a ocorrência de acidentes e impactos socioeconómicos e ambientais que esses
podem trazer à sociedade.
5
CAPÍTULO II – METODOLOGIA
2. Metodologia
Todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos; em contrapartida,
nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são ciências. Dessas afirmações
podemos concluir que a utilização de métodos científicos não é da alçada exclusiva da
ciência, mas não há ciência sem o emprego de métodos científicos.
Assim, o método é o conjunto das actividades sistemáticas e racionais que, com maior
segurança e economia, permite alcançar o objectivo - conhecimentos válidos e verdadeiros
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.
(LAKATOS, 2003)
A pesquisa de carácter explicativo trabalha os dados buscando seu significado, tendo como
base a percepção do fenómeno dentro do seu contexto (...) procura captar não só a aparência
do fenómeno como também sua essência, procurando explicar sua origem, relações e
mudanças tentando intuir as consequências. Trivinõs (1987) Apud Oliveira (2011).
6
2.3.Quanto à forma de abordagem do problema
Tendo em conta a abordagem do problema, o estudo foi de carácter qualitativo. A pesquisa
de carácter qualitativo tem como premissa, analisar e interpretar aspectos mais
profundos(...)fornecendo análises mais detalhadas sobre as investigações, atitudes e
tendências de comportamento. (LAKATOS, 2003) apud (ARAUJO, 2013).
Ainda no mesmo âmbito, foi dada primazia ao estudo de campo que segundo (CANASTRA,
HAANSTRA.F., & VILANCULOS.M., 2015), constitui um método privilegiado para
estudar fenómenos ou acontecimentos sociais que revelam uma singularidade e, ao mesmo
tempo, uma complexidade, em termos de apreensão global. Para este trabalho em particular,
o caso a ser estudado é o do processo de transporte de gás natural da multinacional sul-
africana Sasol, neste caso concreto, das operações que têm lugar no território moçambicano.
Ainda no mesmo âmbito, foi dada primazia ao estudo de campo que segundo (CANASTRA,
HAANSTRA.F., & VILANCULOS.M., 2015), constitui um método privilegiado para
estudar fenómenos ou acontecimentos sociais que revelam uma singularidade e, ao mesmo
tempo, uma complexidade, em termos de apreensão global.
Assim, para a materialização dos objectivos, geral e específicos, traçados para este trabalho,
foram aplicados questionários - online - às pessoas chave e de interesse para o assunto em
questão, nomeadamente aos gestores e aos colaboradores da área operacional do gasoduto
da Sasol que de forma clara e objectiva forneceram informações referentes às questões
7
pertinentes ao transporte do gás natural. E com vista a complementar as informações acima
foi, igualmente, efectuada análise documental que se baseou, fundamentalmente, na análise
das contribuições de vários autores sobre o assunto em questão.
Para este estudo, à técnica de análise de conteúdo revelou-se de capital importância pelo
facto de esta ser flexível e adaptável às estratégias de colecta de dados, através do
questionário-online aplicado aos participantes, por um lado, e permitir uma rigorosa e
objectiva representação dos conteúdos através da sua codificação, dando assim credibilidade
científica aos resultados obtidos, por outro lado.
2.7.Limitações do estudo
A primeira limitação do estudo foi a pandemia que o mundo está a enfrentar actualmente,
causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) que impediu o acesso directo da autora ao
gasoduto visto que, em algum momento, foi obrigatória a quarentena domiciliar que só
permitia o deslocamento apenas para locais estritamente necessários, durante o período, em
que o estudo estava a ser realizado.
A segunda limitação foi o acesso e limitação da informação, que foi bastante demorada por
causa de indisponibilidade das pessoas chaves para o estudo e canais de comunicação
bastante morosos, sendo que quando foi possível contactar as pessoas a informação fornecida
era pobre e não respondia as questões contidas no instrumento de colecta de dados na sua
totalidade.
9
CAPÍTULO III – REVISÃO DA LITERATURA
3. Revisão de Literatura
A revisão da literatura é fundamental para a elaboração de um estudo ou projecto. Os
estudos bibliográficos determinam as directrizes e consequentemente apontam os métodos
mais adequados para a solução do problema de pesquisa.
Uma vez que a presente trabalho tem como foco analisar os riscos na exploração, transporte
e canalização de Gás natural como uma forma de entender melhor esses riscos, este capítulo
tem como intuito referir aspectos teóricos importantes acerca do historial do petróleo no
geral, gás natural, exploração do mesmo, riscos na exploração, avaliar os riscos assim como
propor medidas de mitigação.
Segundo Yergin (2010), milhares de anos antes de Jesus Cristo a humanidade já conhecia o
petróleo, uma vez que essa substância era encontrada em forma de betume e chegava à
10
superfície através dos vazamentos na região hoje conhecida como Oriente Médio. Além de
seu uso no campo das construções, o petróleo também era utilizado como medicamento.
Segundo reportagem sobre a origem do petróleo publicada no site da COPPE (2016), ao
petróleo eram atribuídas desde propriedades antibacterianas até sua eficácia no tratamento
de bronquite e reumatismo, como no caso do boticário Samuel Kier que passou a
comercializar petróleo após receber um laudo médico que esse líquido negro poderia curar
sua mulher da tuberculose.
GEORGE BISSELL
Ainda que o petróleo seja utilizado há milhares de anos, a indústria do petróleo similar a que
conhecemos hoje só se iniciou em meados do século XIX nos Estados Unidos, mais
precisamente no estado da Pensilvânia em uma área conhecida como Oil Creek Valley. De
acordo com a reportagem publicada na revista Forbes (2009), nessa época a principal fonte
de iluminação era a queima de gordura animal, principalmente das baleias. No entanto, com
a demasiada pesca do animal, o preço de sua gordura aumentou, obedecendo às leis de oferta
e demanda o que levou as pessoas a procurarem outra substância para substituí-la no
abastecimento energético. Deste modo, procurando uma fonte alternativa a gordura animal
para a garantia da iluminação, surge George Bissell, conhecido por muitos como o criador
da indústria petrolífera. Segundo Yergin (2010), Bissell já conhecia as funções medicinais
do petróleo e, também, sabia que este “óleo de pedra”, nome como era conhecido, era
inflamável, ou seja, poderia ser uma fonte alternativa as gorduras animais para o suprimento
de iluminação.
EDWIN DRAKE
11
A partir desse momento, já era possível notar que o petróleo era uma fonte de iluminação
muito superior à gordura animal. No entanto, o único problema que ele ainda enfrentava era
o preço, caso fosse possível encontrar e extrair óleo em grande quantidade, o seu preço
diminuiria facilitando o acesso da população a essa nova fonte de iluminação.
Sendo assim, Bissell iniciou sua procura por uma fonte tecnológica capaz de garantir o
suprimento e a escala necessária para uma produção rentável de petróleo. Em sua procura, o
empresário logo se deparou com produtores de sal que utilizavam de uma técnica até então
pouco conhecida, que consistia no uso de guindastes para a perfuração do solo até as
camadas onde o sal era encontrado. Para realizar essa experiência de utilização de guindastes
para encontrar petróleo, Bissell contratou o comandante Edwin Drake, um ex-condutor
ferroviário, que com a ajuda de um perfurador chamado “Uncle Billy” e seus dois filhos
deram início a exploração do petróleo com o uso do guindaste. No começo, muitas tentativas
foram fracassadas e conforme não se achava o óleo no interior do solo, mais dinheiro deveria
ser gasto para as próximas tentativas, o que aumentava a pressão sobre os experiência de
Bissell e Drake. Foi então que no dia 29 de Agosto de 1859, Drake, Uncle Billy e seus dois
filhos encontraram petróleo a 69 pés da superfície na região de Titusville, Pensilvânia
(Revista Forbes, 2009).
O sucesso das explorações iniciais de petróleo foi tamanho, que já no início dos anos 60, a
produção de querosene para iluminação já estava sendo realizada por 34 empresas diferentes
com um facturamento de US$ 5 milhões/ano e atingindo uma marca de 5 mil galões/dia nos
mais de 75 poços perfurados. Além disso, muitas refinarias converteram suas actividades
inicialmente focadas no óleo de carvão para o petróleo bruto e começaram a se alocar nas
proximidades da Pensilvânia (Binsztock, M.T. e Monié, F. (Orgs.) et al. 2012).
12
3.1.2. A Era Dos Monopólios
A Regra Da Captura
Segundo Yergin (2010), a “regra da captura”, uma doutrina oriunda da lei comum britânica
era o que ditava as regras de exploração de petróleo no território norte americano.
Conforme essa regra, todo proprietário de terra teria o direito de usufruir de todo óleo
encontrado em seu território por mais que essa exploração pudesse ser danosa para os outros
poços. Defendidas por um aparato legal que permitia a extracção desenfreada do óleo que
jorrava da terra, a população norte americana se encontrava em uma corrida para encontrar
esse óleo. Esse período, por mais que tenha sido marcado por diversos desperdícios e
prejuízos na exploração, também foi um momento de grandes avanços tecnológicos na área
da exploração. Porque graças a essa lei, uma maior quantidade de pessoas estava apta a
trabalhar nessa actividade disseminando assim as boas práticas da indústria. Conforme Pinto
Jr. et al. (2007), nessa fase foram registrados grandes avanços tecnológicos na indústria do
petróleo, como a substituição do cavalo pelos oleodutos de madeira no transporte, o
desenvolvimento de novos métodos de perfuração de solo e melhorias nas práticas de refino.
Em meio a essa situação de caos e prosperidade, um empresário, dono de uma das refinarias
mais bem-sucedidas dos Estados Unidos, John D. Rockfeller, fundou em 1870 a empresa
Standard Oïl, o que viria a se tornar a maior empresa da época. A partir da introdução de
novas técnicas de refino e transporte, o empresário havia revolucionado a indústria
petrolífera com uma redução de custos que nenhuma outra empresa havia conseguido até
aquele momento. Na década de 1870, a Standard Oïl controlava cerva de 10% do segmento
de refino. Já nas duas décadas seguintes, a empresa era responsável por 80% da capacidade
de refino, 90% da rede de distribuição e 90% do transporte de petróleo em oleodutos e
ferroviário, sendo que 70% das actividades de truste das empresas controladas por Rockfeller
ocorriam fora do território Norte Americano (Giraud e Boy de la Tour, 1987). Segundo Pinto
Jr. et al. (2007), Rockfeller conseguiu revolucionar a indústria petrolífera a partir da
exploração de dois conceitos fundamentais da economia: ganhos de escala e integração
vertical. A Standard Oil, diferente das outras empresas convencionais, operava em todos os
segmentos e em níveis muito maiores que seus concorrentes, possibilitando à empresa uma
13
alta redução de seu custo médio. Além disso, a operação em diversos segmentos permitia
usufruir de subsídios cruzados reduzindo ainda mais os seus custos e consequentemente
aumentando a margem da operação. Com o crescimento desproporcional da Standard Oil
em comparação as empresas convencionais da época, muitas dessas empresas não
conseguiam mais competir e acabaram sendo compradas pela empresa de Rockfeller. Em
suma, sua táctica consistia em reduzir o preço de modo que seus concorrentes não
conseguissem resistir e fossem obrigados a vender sua empresa para o magnata.
Conforme os anos foram se passando, a indústria petrolífera foi ganhando ainda mais
importância no mundo, sobretudo após a invenção do motor a combustão para automóveis
com a utilização da gasolina como fonte de energia. Segundo Yergin (2010), no final do
século XIX, o refino de petróleo em gasolina consistia em uma parcela insignificante do
total, até porque a gasolina tinha poucas possibilidades de uso naquela época. No entanto,
com a introdução do carro a motor de combustão, isso se alterou e fez com que a gasolina se
tornasse um produto cada vez mais valioso e requisitado pela população. No começo de
século XX, com um império cada vez maior sob seu comando, Rockfeller passou a ser alvo
de diversas acusações na justiça a respeito de suas práticas monopolistas. O crescimento
aconteceu não só por conta do comércio de querosene que havia sido o carro chefe de sua
empresa nos anos iniciais, como também pela venda da gasolina no território nacional e,
também, para outros países. Foi então que em 1911 a suprema Corte dos Estados Unidos
1
declarou que a Standard Oil estava violando a legislação do Sherman Act (1890), o que
resultou no desmantelamento da empresa em 34 novas empresas dentre as quais destacam-
se a Continental Oil, atual ConocoPhilips; Standard de Indiana, actual BP; Standard da
Califórnia, actual Chevron; Standard de Nova Jérsei, actual Esso e ExxonMobil; e Standard
de Nova Iorque, actual ExxonMobil.
Após a dissolução da Standard Oil surgia uma nova era na indústria do petróleo. Essa nova
fase ficou demarcada pela intensa competição entre as firmas, uma vez que agora o mercado
1
Lei que visava garantir a concorrência leal entre as empresas e evitar as práticas de monopólio e cartel.
2
Nome atribuído as grandes empresas de petróleo.
14
estava repleto de empresas independentes em busca de novas reservas de petróleo, sejam
elas em território americano ou até mesmo em outras regiões como a Ásia, Oriente Médio e
América Latina. Além dessa corrida por novos mercados, essa fase também foi marcada por
diversas inovações tecnológica comos: na área do transporte, com o desenvolvimento de
petroleiros; na área da perfuração, com a identificação de diferentes estruturas geológicas;
e, principalmente, na área do refino, com a invenção da técnica de craqueamento das
moléculas que permitia a produção de uma maior quantidade de subprodutos de alto valor
agregado com uma menor quantidade de óleo cru (Pinto Jr. et al., 2007). Ainda segundo o
Pinto Jr. et al. (2007), nessa época a indústria mundial de petróleo estava progredindo para
um desenvolvimento estável. Porém, para que essa estabilidade pudesse ser garantida seriam
necessários dois instrumentos que serão abordados a seguir. O primeiro se tratava do
estabelecimento de direitos de propriedades e de domínio das reservas do Oriente Médio
pelas empresas estrangeiras, o que foi conseguido a partir da introdução do sistema de
concessões, um sistema que garantia as empresas estrangeiras de explorar as reservas em
outros territórios e essas em contrapartida deveriam pagar um royalty3 ao país onde a reserva
se localizava. Já o segundo factor era o estabelecimento, por parte das grandes empresas, de
medidas oligopolistas que garantissem a produção e impedissem a concorrência desleal entre
elas. Esse segundo factor ocorreu após o acordo de Achnacarry (1928)4, onde foram
definidas as directrizes da nova indústria mundial de petróleo e deu origem ao chamado
Cartel das Sete Irmãs, formado pelas sete maiores empresas de petróleo do mundo.
Chevron Estados - Unidos Exxon Mobil; Estados Unidos -Gulf Oil; Estados Unidos -Mobil
Oil; Estados Unidos -Texaco Estados Unidos; Royal Dutch Shell -Holanda e British
Petroleum- Inglaterra.
Conforme Penrose (1968), esse acordo definiu os princípios gerais a serem seguidos pelas
empresas estrangeiras fora de seus territórios como a fixação de quotas de produção,
definição do preço e gerenciamento de novos entrantes. Segundo Binsztock, M.T., Monié,
F. et al. (2012), as empresas que compunham esse cartel gozavam de uma longa tradição
nessa actividade e de um alto nível de globalização no mercado internacional, o que permitia
3
Pagamento associado ao direito de usar e/ou explorar algo que pertence à terceira.
4
Acordo firmado entre as maiores empresas de petróleo do mundo, formalizando a actuação em cartel através
da divisão do mercado entre elas (Souza. R. F., 2006)
15
elas de se distanciarem cada vez mais de seus concorrentes. Estima-se que, no final dos anos
40, esse cartel controlasse mais de 80% das reservas fora dos territórios americano e
soviéticos e possuísse mais de 77% da capacidade de refino mundial.
1.
16
3.1.5. Matriz Energética de Moçambique
Conforme Arthur et all (2011), as estatísticas nacionais indicam que as principais fontes de
energia doméstica em Moçambique são a lenha, carvão vegetal, querosene, LPG (Gás de
Petróleo Liquefeito) e electricidade.
17
3.1.6.2.Esboço qualitativo
3.2.Transporte Ductoviário
3.2.1. Conceito
Oleoduto é a designação genérica de instalação constituída por tubos ligados entre si,
incluindo os componentes e complementos, destinada ao transporte ou transferência de
fluidos, entre as fronteiras de unidades operacionais geograficamente distintas.
Componentes são quaisquer elementos mecânicos pertencentes ao ducto e complementos
são as instalações necessárias à segurança, protecção e operação do ducto (RTDT,2011).
O Transporte Ductoviário (ou Transporte Tubular) é aquele realizado por meio de Ductovias,
ou seja, de tubulações. Note que o termo “ducto” significa tubos e corresponde ao local para
transportar óleos, gases e produtos químicos através da gravidade ou da pressão.
(CETESB,2013).
18
população e na captação e deposição de esgotos domiciliares, funções que o caracterizam
até hoje por alguns autores, como a modalidade de maior uso em tonelagem e volume,
embora por suas características nestes campos tenha saído da pauta dos transportes para a
do saneamento urbano.
Em 1865 foi construído o primeiro oleoduto para transporte de hidrocarbonetos, com 2" de
diâmetro que era de ferro fundido e ligava um campo de produção à uma estação de
carregamento de vagões, a uma distância de 8 km na Pensilvânia. Já em 1930 teve início o
transporte de produtos refinados entre a Refinaria de Bayway, próximo à Nova Iorque e a
cidade de Pittsburg. Segundo alguns autores, trata-se de um oleoducto pioneiro no transporte
de derivados a grandes distâncias. Como modalidade típica de transporte ganhou
importância quando da exploração comercial do petróleo e da distribuição de seus derivados
líquidos e gasosos, em especial nos Estados Unidos da América.
(3.500.000 km) de oleodutos em 120 países do mundo. Os Estados Unidos tinham 65%, a
Rússia teve 8%, e no Canadá tinham 3%, portanto, 75% de todo o gasoduto foram nestes
três países.
19
Segundo Pipeline and Gas Journal’ os cálculos do levantamento mundial indicam que
118,623 milhas (190.905 km) de condutas são planeadas e em construção. Destes, 88,976
milhas (143.193 km) representam projectos em fase de planeamento e desenho; 29,647
milhas (47,712 km) reflectem ductos em vários estágios de construção. Os líquidos e os
gases são transportados em condutas e qualquer substância quimicamente estável pode ser
enviada através de um oleoduto. Existem oleodutos para transporte de petróleo bruto e
refinado, combustíveis - tais como o óleo, gás natural e biocombustíveis - e outros fluidos
incluindo esgoto, pasta, água, cerveja, água quente ou vapor para distâncias curtas. Ductos
são úteis para o transporte de água para beber ou de irrigação por longas distâncias quando
ele precisa passar montes, os e canais ou são más escolhas devido a considerações de
evaporação, a poluição e impacto ambiental.
20
3.2.5. Classificação de Ductos
Dependendo da substância transportada, os ductos (vias de transporte, linhas tubulares feitas
de aço soldado) são classificados em:
• Redução do desmatamento;
• Facilidade de implantação,
21
3.2.7. Desvantagens na utilização do transporte terrestre por oleoduto
Não obstante as fortes razões para a utilização de oleoduto existem igualmente desvantagens
neste tipo de transporte, nomeadamente:
• Dificuldade de armazenamento;
• Acidentes ambientais;
4. O Estado assegura que parte dos recursos petrolíferos nacionais seja destinada
à promoção do desenvolvimento nacional.
23
3.2.8.4.Artigo 14.º Direitos gerais dos titulares
Os titulares do direito de exercício das operações petrolíferas gozam, entre outros, dos
seguintes direitos:
24
1. Podem ser titulares do direito de exercício de operações petrolíferas pessoas
moçambicanas ou pessoas jurídicas estrangeiras registadas em Moçambique, que
comprovem ter competência, capacidade técnica e meios financeiros adequados à condução
efectiva de operações petrolíferas.
Área do contracto de concessão - área dentro da qual o titular de direitos está autorizado a
conduzir operações petrolíferas.
● Gás natural - petróleo que nas condições atmosféricas normais se encontra no estado
gasoso, bem como gás não convencional, incluindo gás metano associado ao carvão e gás
de xistos betuminosos.
e controlo, situação fiscal de tal pessoa jurídica estrangeira que pretende participar ou
participa nas operações petrolíferas.
● Petróleo bruto - petróleo mineral bruto, asfalto, ozocerite e todos os tipos de petróleo
e betumes, no seu estado natural quer sólido ou líquido, ou obtidos a partir do gás natural
por condensação ou extracção, excluindo o carvão ou qualquer substância susceptível de ser
extraída do carvão.
28
● Impacto ambiental é qualquer mudança no ambiente, para o melhor ou para o pior,
especialmente com efeitos no ar, na terra, na água, e na saúde das pessoas, resultante de
actividades humanas, segundo (Tankarat, 2012).
3.4.1. Composição
O gás natural bruto tem composição definida por uma série de factores naturais durante o
seu processo de formação e as condições de acumulação nos reservatórios subterrâneos. Isso
varia com a localização do reservatório (terra ou mar), do tipo de solo, da geologia do solo,
entre outros factores. Os componentes determinam aspectos como a densidade e o poder
calorífico do gás.
O gás natural não associado possui maiores teores de metano, e na forma associada ao
petróleo contém quantidades significativas de etano, propano, butano e hidrocarbonetos mais
pesados. Fazem parte da composição também gases como dióxido de carbono (CO2),
29
nitrogénio (N2), hidrogénio sulfurado (H2S), água, ácido clorídrico (HCl) e impurezas
mecânicas.
A composição do gás natural que é comercializado varia de acordo com a finalidade a que
se destina. Para adquirir características adequadas para ser comercializado, o gás natural
bruto passa por unidades de processamento, onde são retiradas impurezas e separados os
hidrocarbonetos pesados. Alguns exemplos de produtos comercializados são: gás natural
(com predomínio de metano ou propano ou etano), gasolina natural (butano), diesel (octano),
querosene (tetro decano), entre outros.
3.4.2. Utilização
Representa um ótimo combustível com diversas aplicações em automóveis e residências,
comércios e indústrias, para prover eletricidade e calor. É também utilizado como matéria-
prima na indústria petroquímica (plásticos, tintas, fibras sintéticas e borracha) e de
fertilizantes (transformado em ureia, amónia e derivados). Na geração de energia eléctrica,
tem sido bastante empregado nas termeléctricas e em indústrias.
Além disso, há os problemas gerados por seu uso nas usinas termeléctricas, em especial a
necessidade de um sistema de resfriamento, causando desperdício de água, e as emissões de
poluentes atmosféricos: dióxido de carbono (CO2), óxidos de nitrogénio (NOx) e, em menor
escala, monóxido de carbono e alguns hidrocarbonetos de baixo peso molecular, inclusive
metano, devido à combustão incompleta.
Por outro lado, apresenta algumas vantagens ambientais como fonte energética, se
comparado com outros combustíveis fósseis (carvão mineral e derivados de petróleo), a
saber:
30
• possui menos contaminantes que outras fontes de energia, como o óleo diesel que
produz emissões de óxido de enxofre, fuligem e materiais particulados;
• produz uma combustão mais limpa, com menor quantidade de emissões de CO2 por
unidade de energia gerada (cerca de 20 a 23% menos do que o óleo combustível e 40
a 50% menos que o carvão);
• contribui para a redução do desmatamento ao substituir a lenha;
• maior facilidade de transporte e manuseio, se comparado com o GLP (gás liquefeito
de petróleo), que exige grande infra-estrutura;
• não requer estocagem, eliminando os riscos do armazenamento de combustíveis;
• proporciona maior segurança em caso de vazamento, porque é mais leve do que o ar
e se dissipa rapidamente pela atmosfera, favorecendo o uso doméstico.
No século XIX, o gás natural foi normalmente obtido como subproduto da produção do
petróleo. Nessa época, o gás natural não era muito utilizado, e toda sua produção indesejada
se tornava um grande problema de descarte para as usinas de petróleo.
O gás natural passou a ser utilizado em maior escala na Europa no final do século XIX, com
a invenção do queimador Bunsen, em 1885, que misturava ar com gás natural e com a
construção de um gasoduto à prova de vazamentos, em 1890.
31
O grande crescimento das construções pós-guerra, durou até 1960, foi responsável pela
instalação de milhares de quilómetros de gasodutos, dados os avanços em metalurgia,
técnicas de soldagem e construção de tubos. Desde então o gás natural passou a ser utilizado
em grande escala por vários países, dentre os quais podemos destacar os Estados
Unidos, Canadá, Japão além da grande maioria dos países Europeus, isso se deve
principalmente as inúmeras vantagens económicas e ambientais que o gás natural apresenta.
Por motivos de problemas políticos que o pais enfrentou após a independência houve uma
pausa nas actividades de pesquisas de hidrocarbonetos até os princípios da década 90.
No ano de 2000 a conhecida empresa Sul Africana Sasol assumiu um compromisso por 25
anos de comprar inicialmente 120 MGJ por ano de gás natural para o consumo próprio e
comercialização na Africa do Sul. Este compromisso permitiu viabilizar o projecto de
produção de gás natural a partir dos jazidos de Pande e Temane e a construção de um
gasoduto com extensão de 865 km para transportar o gás produzido de Temane
(Moçambique) para Secunda (África do Sul).
32
3.6.1. Projecto Mozambique LNG
O Projecto Mozambique LNG iniciou com a descoberta de uma vasta quantidade de gás
natural na costa norte de Moçambique em 2010, levando a uma Decisão Final de
Investimento de US $ 20 bilhões em 2019. Agora, por meio de cooperação e planificação
responsável do projecto, o projecto encontra-se no caminho certo para entregar o primeiro
GNL em 2024.
Por enquanto, os planos para os aproximadamente 65 trilhões de pés cúbicos de gás natural
recuperável incluem um projecto de duas unidades de liquefacção com capacidade de
expansão para até 43 milhões de toneladas por ano (MTPA).
33
3.7.Exploração do gás
Habitualmente, os investimentos em exploração são realizados anos antes do início de
produção, pelo que é essencial existir, pelo menos, um cenário que a produção prevista
justifica o investimento realizado.
34
Figura 2. Método sísmico.
3.7.2. Perfuração
Quando os estudos sugerem a existência de uma jazida de petróleo de dimensão económica
faz-se uma sondagem de pesquisa. Para isso monta-se numa plataforma adequada uma sonda
capaz de fazer furos no subsolo até grandes profundidades.
3.7.3. Produção
A fase de produção começa assim que as primeiras quantidades de hidrocarbonetos
comercializáveis (primeiro óleo ou primeiro gás) começam a fluir na cabeça do poço.
3. Fase de declínio, geralmente a fase mais longa, durante a qual todos os poços
entraram em decréscimo da produção.
35
Figura 3. Unidade de Processamento do Gás Natural.
3.7.4. Segurança nas Plataformas de Petróleo
As grandes plataformas de petróleo possuem uma série de peculiaridades no que se refere à
segurança, tais como:
36
• Transporte: emissão de gases e vapores durante as transferências através de
oleodutos ou navios-tanque às refinarias, além de riscos mecânicos e físicos, como
derivados de vazamentos, explosões e incêndios.
Estudos indicam que entre as actividades com maior número de óbitos em plataformas
de petróleo, predominam as de perfuração. Em seguida, as de produção e depois as
de reparo e construção.
Por sua distância da costa, um agravante é a dificuldade de evacuação e o pouco tempo que
se tem para isso. E estando no mar, sempre se está sujeito às intempéries
do clima. Condições meteorológicas desfavoráveis podem implicar na segurança dos
frequentes transportes.
37
Outro factor complicador está no fato de algumas plataformas de petróleo trabalharem
com funcionários subcontratados que nem sempre trabalham no mesmo local e/ou
realizam a mesma actividade, em um trabalho em que a rotina é fundamental para a
segurança.
Ela é feita por meio de gasodutos que cortam o subsolo de cidades e regiões a fim de levar
o gás natural da sua fonte até as estações de distribuição. O gás natural é composto
por hidrocarbonetos leves como o etano, metano, butano, propano e outros. As jazidas
naturais que encontramos geralmente estão associadas ao petróleo, porém, em comparação
com ele o gás natural é uma fonte energética mais limpa e que apresenta um custo menor.
Por isso tem sido utilizado como combustível para veículos, aplicado nas indústrias para a
geração de electricidade, como fonte de calor ou de força motriz. Há casos em que é matéria-
prima no sector químico, de fertilizantes e petroquímico. Em residências é utilizado
como fonte de calor com o intuito de aquecer a água ou ambientes.
Mas, diferentemente de como acontece com o gás de cozinha (GLP) o natural não é estocado.
Então, para que ele chegue até o destino final é preciso utilizar tubulações que o levem de
suas jazidas ou pontos de produção até as estações. Esse conjunto de tubulações é chamado
38
de gasoduto, um sistema exclusivo para fazer o transporte do gás natural de um lugar para
outro.
39
probabilidades matemáticas, o risco poder ser determinado. A conexão entre risco e perigo
é chamada de evento, ou seja, uma situação em que alguém ou algo fica exposto ao perigo.
Por exemplo, uma panela com água fervente constitui um perigo e não risco, uma vez que
pode causar dano a algo ou ferimento a alguém que esteja exposto. Já um evento,
considerando que uma pessoa esbarre e derrube a panela, pode levar à estimativa da
probabilidade e severidade e, assim, ao risco. Portanto, só existe risco quando existir algo
ou alguém que esteja exposto a um perigo (KIRCHHOFF, 2004)
40
Os reservatórios de gás natural são constituídos de rochas porosas capazes de reter petróleo
e gás. Em função do teor de petróleo bruto e de gás livre, classifica-se o gás, quanto ao seu
estado de origem, em gás associado e gás não-associado.
• Gás associado: é aquele que, no reservatório, está dissolvido no óleo ou sob a forma
de capa de gás. Neste caso, a produção de gás é determinada basicamente pela
produção de óleo. Boa parte do gás é utilizada pelo próprio sistema de produção,
podendo ser usada em processos conhecidos como reinjeção e gás lift, com a
finalidade de aumentar a recuperação de petróleo do reservatório, ou mesmo
consumida para geração de energia para a própria unidade de produção, que
normalmente fica em locais isolados.
• Gás não-associado: é aquele que, no reservatório, está livre ou em presença de
quantidades muito pequenas de óleo. Nesse caso só se justifica comercialmente
produzir o gás
4.1. Produção
Com base nos mapas do reservatório, é definida a curva de produção e a infra-estrutura
necessárias para a extracção, como boa parte do gás é utilizada pela própria unidade de
produção é verificada a viabilidade de se comercializar o excedente de gás, caso a
comercialização do gás não seja viável, normalmente pelo elevado custo na implantação de
infra-estrutura de transporte de gás, o excedente é queimado.
Nos anos 1990 foi desenvolvido o fracking (fracturamento hidráulico) método que utiliza
uma mistura de água, areia e produtos químicos injectada no solo para extrair gás de xisto
dos poros das rochas. (Earthworksaction, 2017) Este processo é economicamente vantajoso
mas, encontra resistências, uma vez que seu uso pode causar danos ao meio ambiente.
(Ecycle, 2021) Um aperfeiçoamento deste método, o denominado "re-fracking", surge como
alternativa ambientalmente segura para a exploração deste gás e de outros combustíveis
fósseis. (Mateus.A, 2014)
41
4.2.Condicionamento
É o conjunto de processos físicos ou químicos aos quais o gás natural é submetido, de modo
a remover ou reduzir os teores de contaminantes para atender as especificações legais do
mercado, condições de transporte, segurança, e processamento posterior.
O gás natural pode ser armazenado na forma líquida à pressão atmosférica. Para tanto os
tanques devem ser dotados de bom isolamento térmico e mantidos à temperatura inferior ao
ponto de condensação do gás natural. Neste caso, o gás natural é chamado de gás natural
liquefeito ou GNL.
4.3.Processamento
• Refrigeração simples;
• Absorção refrigerada;
• Turbo expansão;
• Expansão Joule-Thompson (JT).
4.4.Transporte
• Gás Natural Comprimido (GNC);
• Gasodutos;
• Gás Natural Liquefeito.
4.5.Comercialização
Gazprom (Rússia): 179,7 bilhões de euros
42
BG Group (antiga British Gas): 39,5 bilhões
4.6. Distribuição
A distribuição é a última etapa, quando o gás chega ao consumidor, que pode ser residencial,
comercial, industrial (como matéria-prima, combustível e redutor siderúrgico) ou
automotivo. Nesta fase, o gás já deve estar atendendo a padrões rígidos de especificação e
praticamente isento de contaminantes, para não causar problemas aos equipamentos onde
será utilizado como combustível ou matéria-prima. Quando necessário, deverá também estar
odorizado, para ser detectado facilmente em caso de vazamentos.
4.7.Riscos
Risco é a probabilidade de um evento acontecer, seja ele uma ameaça, quando negativo, ou
oportunidade, quando positivo. É o resultado obtido pela efectividade do perigo.
43
e) Riscos biológicos: Consideram-se como agentes de risco biológico as bactérias,
vírus, fungos, parasitas, entre outros.
Os principais agentes que oferecem esses riscos são Vírus, Fungos, Bactérias, Germes etc.
44
GRUPO I: GRUPO II: GRUPO III: GRUPO IV: GROPO V:
45
- - - Outras situações Outras
causadoras de situações de
estresse físico risco que
e/ou psíquico poderão
contribuir para
ocorrência de
acidentes
A seguir, para auxiliar nos seus estudos e elaboração de um mapa de risco apresenta – se,
uma tabela de classificação dos riscos ambientais, amplamente usada em cursos, empresas e
indústrias:
4.8.Avaliação de riscos
De acordo com a Society of Risk Analysis ( (SRA, 2021), risco é definido como o potencial
de realização de consequências adversas inesperadas à vida humana, à saúde, às
propriedades ou ao meio ambiente, sendo a estimação desse risco geralmente baseada no
valor esperado da consequência, obtido pela integração da distribuição de probabilidade
condicional de um evento vezes os valores das consequências deste evento, dado que ele
ocorreu.
Esta definição está próxima da definição clássica de risco da Teoria da Decisão, que envolve
a avaliação de probabilidades e utilidades das consequências esperadas de determinada
acção ou evento (CAMPELLO DE SOUZA, 2005). Da mesma forma, (HOKSTAD &
STEIRO, 2006) tratam o termo “risco” como a possibilidade de todos os eventos
indesejáveis e condições que podem futuramente ocorrer (ver Tabela 2), relacionadas com
as actividades humanas; ou seja, a possibilidade de uma futura perda de valores humanos,
como a própria vida humana, natureza, produção, informação, entre outros. A avaliação, a
gestão e a comunicação dos riscos constituem o processo de Análise de Risco (STRAUB &
FABER, 2002)apud (KHAN, SADIQ, & HADDARA, 2004).
46
(MACGILL & SIU, 2005) afirmam que as características de complexidade, conflito,
dinamicidade e incerteza devem ser consideradas fundamentais ao caracterizar a natureza da
problemática envolvida nas questões contemporâneas que envolvam risco. A complexidade
deriva em parte da natureza multidimensional do risco, tipicamente envolvendo dimensões
técnicas, económicas, sociais, de saúde e ecológicas, sendo reflectida e composta pela
presença de múltiplos actores (pesquisadores, agências regulatórias, instituições públicas e
privadas, a média e o público em geral) e pela tendência de conflito de preferências entre
eles. A integração destes factores introduz novas formas de incerteza e, portanto, existe certo
trade-off entre tal integração e a inclusão de incertezas (ASSMUTH, 2008)
47
petróleo. Em Moçambique, o abastecimento, transporte e distribuição de gás natural
ocorrem, em sua maioria, por meio da malha de gasodutos; malha esta em inevitável
expansão. Nesse contexto, a transmissão e distribuição de gás natural envolvem diversos
cenários de riscos em gasodutos, resultantes dos diversos ambientes onde a cadeia produtiva
do GN está inserida
No tocante aos cenários de riscos acima mencionados, a literatura descreve várias formas de
avaliação e agregação das diferentes dimensões de risco em gasodutos (Khan et al, 2004).
Tais formas dependem fundamentalmente do sistema de valores do decisor (ou entidade) e
sua estrutura de preferências. (KEENEY, 2002)afirma que a identificação dos valores
afectados por uma determinada decisão deve ser o ponto inicial para o desenvolvimento de
uma criteriosa tomada de decisão sobre riscos. Tais valores são usados para criar objectivos
e medidas de performance para a decisão, no intuito de definir aspectos técnicos necessários
para comparar ou ajudar na criação de alternativas mais estruturadas e servir de base para
avaliações qualitativas e quantitativas ( (KEENEY, 2002).
Parte dos acidentes em gasodutos pode ser classificada como eventos extremos. Segundo
(BIER, HAIMES, LAMBERT, MATALAS, & ZIMMERMAN, 1999) este tipo de evento
se caracteriza pela baixa frequência e pela severidade de suas consequências. Os decisores
devem, portanto, estar aptos a utilizar as medidas, principalmente ao lidar com eventos
extremos, que melhor representem as facetas do risco consideradas na análise (FROHWEIN
et al, 1999). Avaliar riscos de acordo com suas várias dimensões é complicado,
principalmente na forma de agregar preferências a respeito das perdas consequentes de um
cenário acidental.
(x), FTA (xi), ETA (xii), APP (xiii), What-if (xiv) e Check-list (xv).
48
(ix) HAZOP - Hazard and Operability Analysis, essa técnica consiste em utilizar palavras
guias especiais para fazer um grupo de pessoas, experientes no assunto em análise,
identificar perigos potenciais ou preocupações com a operabilidade de equipamentos ou
sistemas.
(x) FMEA - Failure Mode and Effects Analysis, é uma análise de modos de falha e efeitos
com uma abordagem de detecção indutiva, sendo mais apropriada para avaliações de
sistemas mecânicos, eléctricos e de processo.
(xi) FTA - Fault Tree Analysis, é uma técnica de análise dedutiva, onde se constrói uma
árvore de falhas começando com a definição do evento topo de interesse, geralmente
associado à falha do sistema analisado em uma determinada condição de operação.
(xii) ETA- Event Tree Analysis, é uma técnica que consiste em utilizar uma árvore de decisão
para representar graficamente todas as possíveis sequências acidentais de uma instalação,
desde o evento iniciador do acidente de interesse até a situação final da planta.
(xiii) APP - Process Hazard Analysis, é a sigla em português da expressão análise preliminar
de perigos, usada para descrever um exercício cujo objectivo é identificar os perigos e
eventos associados que possuem o potencial de resultar em um risco significativo.
(xiv) What-if, é uma análise que consiste em uma abordagem no qual é utilizado um
questionamento amplo e livremente estruturado para postular as condições anormais que
possam resultar em eventos indesejáveis ou em problemas de funcionamento do sistema.
Adicionalmente sugere-se salvaguardas adequadas para a prevenção de cada problema.
(xv) Check-list¸ é uma técnica que consiste em uma avaliação sistemática, diante de critérios
pré-estabelecidos, na forma de lista de perguntas com respostas previamente formatadas.
Esta análise é frequentemente utilizada como um complemento ou parte integrante do
método What-if.
4.8.2.1. Gerenciamento aplicado a Indústria de Gás Natural
Naturalmente é considerado que uma plataforma offshore de gás natural possua perigos
espalhados por toda a unidade, tornando-os riscos sociais, que será definido como todo e
qualquer problema que possa expor a segurança do funcionário a possíveis danos ou
49
fatalidades, sendo assim, eventuais acontecimentos que coloque sua integridade física e, até
mesmo sua vida, em situações vulneráveis (W. NETO, 2021)
Riscos sociais na separação primária: Devido ao seu processo ser baseado no nível
interno de líquido/gás, sendo que a formação de espumas pode interferir na verificação do
nível, dificultando a detecção de possíveis obstruções ou acúmulo de sedimentos no vaso
separador, dos quais acarretam o aumento da pressão interna levando a uma provável
explosão;
Riscos sociais na depuração do gás: Apresenta risco devido ao seu processo também ser
baseado no nível interno do vaso depurador, onde caso os dispositivos internos não sejam
sincronizados, o nível de líquido retido aumenta, podendo levar o equipamento a inundar e
atrapalhar os fluxos de entrada/saída, pressurizando indevidamente outros equipamentos;
Riscos sociais no adoçamento do gás: Por ser uma etapa que manipula ácidos na sua
composição. É importante que o solvente não haja espuma e que seja bem regenerado para
haver uma alta eficiência do processo, pois caso contrário, o teor de gás ácido no gás tratado
aumenta e, por ser ácido, ocasiona na corrosão de equipamentos e tubulações, que possam
vir a ser perfurados, liberando os gases ácidos, cujo é tão tóxico quanto o gás cianeto;
Riscos sociais na desidratação do gás: Proporciona risco por ser uma etapa em que
manipula a quantidade de vapor d’água que será posteriormente ajustado na refinaria, porém,
caso não seja devidamente desidratado, pode haver a reação dessas moléculas de água com
alguns contaminantes, resultando na formação de moléculas ácidas livre no gás, que
igualmente na etapa do adoçamento, pode gerar corrosão em equipamentos, tubulações e
intoxicação.
50
Hipóteses de separação primária: Em relação a formação de espuma no processo, o
separador deve ser equipado com dispositivo interno para remoção de espuma, assegurando
tempo e superfície de coalescência suficientes para quebrá-la. Nas obstruções de parafina é
necessários extratores alternativos para permitir a entrada de vapor, ou solventes para ser
efetuada a limpeza interna do separador. Quando o problema é areia e sedimentos presentes
no fluido é fundamental equipamentos como jatos ou drenos para a retirada dos detritos. Já
nas nos problemas e emulsões e arraste é necessário um medidor de nível, para sanar os
problemas internos;
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CAPÍTULO V – CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO
5. Conclusões
Após uma análise profunda feita na bibliografia consultada, os riscos mais predominantes
na exploração é a explosão, incêndio no seu transporte, riscos químicos através de um
vazamento do mesmo, enquanto no âmbito da canalização ocorre a explosão, vazamento de
gás. Em nosso Pais o transporte de gás por meio de canalização ainda é novo e não tem
muita aderência o que ainda coloca uma análise preliminar a ser feito para construções
futuras em instalações.
Pôde-se observar que os riscos de incêndio e explosão fazem parte do processo de produção
de uma indústria de petróleo e gás e que estão sempre presentes, esperando apenas que ocorra
um erro operacional para gerar uma catástrofe. Consequentemente, a análise de risco
aplicada a segurança do trabalho, especialmente na indústria de petróleo e gás, deve avançar
bastante até que se atinja um maior grau de segurança, reduzindo assim esses riscos e,
consequentemente, os acidentes por estes gerados.
52
5.1. Recomendações
Apresenta-se abaixo, algumas sugestões para o desenvolvimento de trabalhos futuros
relacionados ao tema:
53
BIBLIOGRAFIA
ARAUJO, R. (2013). Abordagem qualitativa na pesquisa em administração:Um
olharsegundo a pragamática da linguagem. Brasilia: EnEPQ.
BIER, V., HAIMES, Y., LAMBERT, J., MATALAS, N., & ZIMMERMAN, R. (1999). A
Survey ofApproaches for Assessing and Managing the Risk of Extremes. Risk
Analysis, . Vol. 19, No. 1.
DEY, P., TABUCANON, M., & ONGULANA, S. (1996). etroleum pipeline construction
planning: a conceptual framework. . International Journal of Project Management,
v.14, p.231-240. .
FROHWEIN, H., & LAMBERT, J. H. (1999). Alternative measures of risk of extreme events
in decision trees. Reliability Engineering and System Safety.
GIL, A. (2002). Como elaborar projectos de pesquisa. Sao Paulo: 4.ed. Atlas .
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HOKSTAD, P., & STEIRO, T. (2006). Overall strategy for risk evaluation and priority
setting of risk regulatios. Reliability Engineering and System Safety, v.91 ,p.100-
111.
KHAN, F., SADIQ, R., & HADDARA, M. (2004). Risk-based inspection and maintenance
(RBIM) Multi-attributeDecision-making with Aggregative Risk Analysis. Process
Safety and Environmental Protection, v.82, p.398–411.
MACGILL, S., & SIU, Y. (2005). A new paradigm for risk analysis. Futures, v.37, p.1105-
1131.
SRA. (01 de 09 de 2021). Society for Risk Analysis. Risk Analysis Gloassary. Obtido de
http://www.sra.org/resources_glossary_p-r.php.
55
STRAUB, D., & FABER, M. (2002). Systems effects in generic risk based inspection
planning. Proceedings of 21st Offshore Mechanics and Arctic Engineering
Conference. Oslo.
56