Conceito de Anemia

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Índice

Introdução...................................................................................................................................2

Objetivos.....................................................................................................................................3

Geral............................................................................................................................................3

Específicos..................................................................................................................................3

Metodologias...............................................................................................................................3

Conceito de Anemia....................................................................................................................4

Epidemiologia.............................................................................................................................4

Classificação...............................................................................................................................4

Fisiopatologia..............................................................................................................................5

Mecanismos compensadores da anemia.....................................................................................6

Quadro Clinico............................................................................................................................6

Complicações da Anemia...........................................................................................................7

Administração e monitorização da transfusão............................................................................8

Exames Auxiliares e Diagnóstico...............................................................................................8

Diagnóstico da Anemia...............................................................................................................9

Classificação da Anemia...........................................................................................................10

Anemia Aguda..........................................................................................................................10

Anemia Crónica........................................................................................................................11

Conduta.....................................................................................................................................13

Conduta na Anemia Ferropénica..............................................................................................13

Profilaxia da Anemia Ferropénica............................................................................................14

Tratamento das Anemias Megaloblásticas................................................................................15

Tratamento das crises dolorosas...............................................................................................16

Conclusão..................................................................................................................................18

Referencias bibliográficas.........................................................................................................19
Introdução
No presente trabalho da cadeira de Hematologia recomendado pelo docente como forma de
avaliação foi baseado no Manual de Formação Para Técnicos de Medicina Geral 3º Semestre.
O trabalho abordara aspectos referentes a oque é Anemia e as suas Classificações e
tratamento.

Estamos cientes que poderá haver espaços para criticas e elogios, ou seja, acréscimos para o
enriquecimento do tema durante a leitura e apresentação do trabalho, dado que estamos num
campo académico onde o conhecimento cresce com debate e analise critico.

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Objetivos

Geral
 Compreender no contexto geral oque é a Anemia.

Específicos
 Descrever os tipos de Anemia;
 Identificar as classes mais comuns de antibióticos usados no tratamento da Anemia;
 Descrever os efeitos colaterais provocados pelos medicamentos para o tratamento da
Anemia.

Metodologias
Segundo FONSECA (2002), Diz que método significa organização, e logos, estudo
sistemático, pesquisa, investigação; ou seja, metodologia é o estudo da organização, dos
caminhos a serem percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer
ciência. Etimologicamente, significa que o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados
para fazer uma pesquisa científica. Para a elaboração deste trabalho, foram usados os manuais
eletrónicos de formato PDF.

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Conceito de Anemia
Anemia é uma condição em que ocorre diminuição dos níveis de hemácias (glóbulos
vermelhos) no sangue. É uma situação comum e que pode ser associada a outras doenças. As
hemácias são as células responsáveis pelo transporte de oxigênio no sangue, e para essa
função contam com a presença da hemoglobina.

Nessas situações, o número desses elementos está em uma quantidade inferior aos valores de
referência, os quais dependem da idade, do sexo e do local onde o paciente vive, uma vez que
a altitude influencia na quantidade de hemácias.

A anemia pode ser desencadeada por diferentes fatores, como deficiência de ferro, deficiência
de vitamina B12, perdas sanguíneas, doenças parasitárias, neoplasias e doenças crônicas. No
mundo, a forma mais comum de anemia, no entanto, é a desencadeada por deficiência de
ferro, a qual pode ocorrer por uma alimentação inadequada.

Epidemiologia
A anemia, é uma das condições clínicas mais comuns no nosso contexto e pode ser devida à
uma diversidade de causas. De todas as causas, a anemia ferropénica (por deficiência de ferro)
é a mais comum, sobretudo nos países em desenvolvimento onde chega a atingir uma
prevalência de 70% em crianças, adolescentes e em mulheres grávidas. É menos comum nos
homens na fase adulta.

Classificação
As principais formas de classificação da anemia são: classificação fisiopatológica ou
etiopatogénica, e classificação morfológica.

Classificação Morfológica

A Classificação morfológica realiza-se com base na morfologia (tamanho, formato) e no


conteúdo em Hg (Hemoglobina Corpuscular Média - HCM e Concentração de Hemoglobina
Corpuscular Média - CHCM) dos GV. Ao nível do TMG, a forma de classificação mais usada
é aquela que se baseia no tamanho (Volume Corpuscular Médio - VCM) e no conteúdo em
Hg (HCM, CHCM) Segundo esta, a anemia classifica-se como:

 Anemia macrocítica normocrômica: tem GV de grande volume (VCM > 98fL) com
conteúdo normal de Hgb (CHCM de 32-36 gr/dl/HCM de 28 – 33 pg/célula) .
Exemplo: anemia por deficiência de vitamina B12 ou de ácido fólico.
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 Anemia normocítica normocrômica: tem volume normal (VCM de 86 - 98 fL) e
conteúdo de Hgb normal (vide bullet acima). Ex: anemias associadas à leucemia,
infecções crónicas como HIV, as anemias por hemorragias agudas, as anemias
hemolíticas.

Anemia ferropénica

O défice de ferro pode ser causado por uma alimentação deficiente em ferro, má-absorção (ex:
doenças gastrointestinais inflamatórias crónicas), por excesso de perda por hemorragias
(perdas menstruais excessivas, hemorragias intestinais ocultas, hematúria microscópica), por
aumento das necessidades de ferro como acontece durante a gravidez ou nas fases de
crescimento rápido (crianças, adolescentes).

Etiologia:

Ingestão inadequada: alimentação exclusiva com leite após de 6 meses de idade, alimentação
pobre em verduras e leguminosas (feijão) ou carnes vermelhas ou com muitos cereais
refinados entre outros,

 Absorção inadequada: síndromes de malabsorção, factores inibidores (vide abaixo),


 Disponibilidade inadequada de ferro endógeno: deficiência de cobre;
 Utilização inadequada,
 Necessidades aumentadas: infância e puberdade;
 Perdas aumentadas: hematúria, parasitoses intestinais

Anemia por perda de sangue, cujas causas incluem:

 Hemorragias agudas: traumas, hemorragia digestiva, hemorragia pós-parto.


 Hemorragias crónicas: perdas insensíveis nas fezes (ex: tumores intestinais, parasitose
intestinal), na urina (ex: schistossomíase), perdas menstruais.

Existe uma relação entre a etiologia da anemia e a morfologia dos GV. Apesar de não ser um
método exacto, o conhecimento desta relação pode ser usado como elemento de diagnóstico
diferencial e para ajudar a excluir algumas causas ou para aprofundar/estudar outras.

Fisiopatologia
Também chamada de síndrome anémico, a anemia caracteriza-se por diminuição da
quantidade ou da qualidade da massa eritrocitária, e consequentemente por redução da

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capacidade de transporte de oxigénio aos tecidos pelo sangue. As condições que podem
causar a anemia são várias, e agrupam-se em dois grandes grupos, de acordo com o
mecanismo fisiopatológico, a saber: anemia por deficiência de produção de eritrócitos e
anemia por aumento das perdas de eritrócitos (por perdas sanguíneas ou por hemólise
aumentada).

A hipóxia tecidual resultante da anemia, os sintomas específicos de cada tipo de anemia e os


mecanismos compensatórios do organismo, são os factores determinantes das manifestações
da síndrome anémica.

Mecanismos compensadores da anemia


Os mecanismos compensadores da anemia, consistem nas reacções do organismo ao baixo
suprimento de oxigénio aos tecidos. São os seguintes:

 Maior liberação de oxigénio aos tecidos pela hemoglobina;


 Redistribuição do fluxo sanguíneo de forma a suprir os órgãos que necessitam de mais
suprimento de oxigénio (ex: miocárdio, cérebro), limitando o suprimento dos órgãos
que toleram melhor baixos níveis de oxigénio (ex: pele, rins);

Aumento do esforço cardíaco (taquicardia, redução da pós-carga) para que mais oxigénio
chegue aos tecidos.

 Aumento da produção eritrócitos pela medula (estimulada pela hormona eritropoética


secretada pelos rins na presença de hipóxia).

A velocidade de instalação dos mecanismos compensatórios, é muitas vezes um importante


determinador do nível de gravidade do quadro clínico. Ex: em casos de anemia por
hemorragia aguda (por exemplo num aborto ou por um sangramento gástrico abundante),
devido a velocidade de instalação dos mecanismos compensadores, os pacientes podem
apresentar um quadro clínico mais grave, mesmo com níveis de hemoglobina relativamente
elevados. Por outro lado, um paciente com anemia crónica de qualquer causa, e com valores
mais baixos de Hg pode apresentar um quadro clínico leve ou ser assintomático, pelo facto de
se instalarem mecanismos compensadores de forma mais gradual e não brusca.

Quadro Clinico
Sintomas da anemia

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O primeiro sinal de anemia é o cansaço intenso, mesmo em atividades simples do dia a dia.
Os principais sintomas da anemia são:

 Cansaço;
 Fadiga;
 Palidez;
 Tonturas;
 Dor no peito;
 Palpitações;
 Hipertensão;
 Indisposição;
 Dificuldade de aprendizagem e apatia (no caso de crianças).

Quando o quadro de anemia se torna mais grave, qualquer esforço físico, por mais simples
que seja, ocasiona um cansaço intenso e dificuldades para respirar.

As anemias podem ser hereditárias ou adquiridas durante a vida. As hereditárias são causadas
por alterações genéticas. Já as adquiridas resultam de doenças ou carência de nutrientes, tais
como ferro, zinco e vitamina B12.

Complicações da Anemia
As principais complicações gerais da anemia são:

 Insuficiência cardíaca congestiva


 Choque
 Morte

Indicações para Transfusão

 Em caso de anemia a transfusão é indicada nos seguintes casos:


 Anemia aguda
 Resultante da perda de sangue com redução do volume (hipovolémia) de sangue
em circulação de cerca de 20 a 30% em caso de hemorragias (ex: ferimentos e
traumas) ou manifestações clínicas de hipovolemia;
 Resultante de anemia hemolítica (ex: Malária) com presença de manifestações
clínicas ou Hb <8g/dl;

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 Toda a criança com Hb < 5g/dl e hematócrito <12%;
 Anemia menos grave, definida como toda a criança com redução dos valores de
Hb e hematócrito: Hb entre 5 a 6g/dl e hematócrito entre 13 a 18% acompanhada
de um dos seguintes achados clínicos:
 Desidratação clinicamente detectável;
 Manifestações clínicas de anemia

Administração e monitorização da transfusão


• Concentrado de glóbulos (papa de glóbulos), na dose de 10 - 15 ml/kg de peso
corporal a correr em 2 - 4 horas;

• Caso não haja papa de glóbulos disponível ou em caso de anemia devida a


hemorragias dar 20ml/kg de sangue total fresco.

• Avaliar a FC e FR de15/15 minutos. Se uma delas estiver aumentada transfundir mais


lento.

• Administrar Furosemida: 1-2mg/kg E.V. de peso corporal (máxima 20mg) caso haja
sinais de excesso de fluidos (insuficiência cardíaca).

• Controlar Hb 2 horas depois. Se a Hb não tiver subido e se mantiverem sinais clínicos


de anemia e descompensação da anemia repetir a transfusão

• Em casos de crianças gravemente desnutridas o excesso de fluidos é uma complicação


frequente e grave.

Complicações

• Transmissão de infecções (Hepatite B, HIV, Malária, Sífilis)

• Uma transfusão rápida de grande volume de sangue, a uma velocidade>15ml/h de


sangue armazenado a 4ºC pode causar hipotermia, sobretudo em bebés pequenos

Exames Auxiliares e Diagnóstico


 Hemograma: confirma a suspeita clínica da anemia e é fundamental para a
identificação do tipo de anemia. Para tal devem-se observar os seguintes parâmetros:
 Hemoglobina total (Hgb);
 Percentagem de reticulócitos;

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 Volume corpuscular médio (VCM): indica o tamanho dos glóbulos vermelhos e ajuda
no diagnóstico da anemia microcítica, macrocítica e normocítica,
 Concentração de Hb corpuscular média (HCM): indica a concentração de Hb média
por glóbulo vermelho;
 Exame de urina e de fezes: para avaliar perdas de sangue e identificar parasitas
 Bioquímica, que é importante nos casos de anemia hemolítica
 Bilirrubina directa: está aumentada em caso de anemia hemolítica; também pode haver
aumento da bilirrubina indirecta quando a produção de bilirrubina excede as
capacidades metabólicas do fígado;
 AST, ALT: para avaliar um eventual comprometimento do fígado;
 Creatinina, ureia: para avaliar um eventual comprometimento dos rins
 Pesquisa de Plasmódio nos casos de suspeita de malária

Diagnóstico da Anemia
O diagnóstico de anemia e do tipo de anemia, baseia-se na história clínica (anamnese e exame
físico) e na execução de testes laboratoriais e, em alguns casos, radiológicos.

Diagnóstico diferencial entre as anemias

Tipo de Anemia Hemograma Bioquímica Exame de Exame de


Urina Fezes

Ferropénica ↓Hgb, Normal/com Normal se


↓VCM, hematúria carência
↓CHCM, microscópica alimentar de
↓HCM ferro; com
sangue se a
carência é
causada por
perda de
sangue
gastrointestina
l

Megaloblástica ↓Hgb, PLQ e bil Normal Normal


(carência vit B12 GB↓/normais indirecta↑/norma
A.fólico) , ↑VCM l

Aplásica ↓Hgb, ↓GB, ----- Normal Normal


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↓GV, ↓PLQ

Anemia das ↓Hgb, VCM ---------- Normal/ Normal/


doenças crónicas normal/↓, alterada se alterada se
CHCM e houver houver
HCM patologia patologia
normais/↓ urológica gastrointestina
associada l associada

Anemia ↓Hgb , ↑bil indirecta Hematúria Normal


Falciforme(anemi ↓Htc , VCM visível
a hemolítica) normal,
↑PLQ

Perda de sangue ↓Hgb, ↓GV, --------- Hematúria se Presença de


VCM, perdas urinárias sangue se
CHCM, perdas
HCM digestivas
normais nas
perdas
agudas e
reduzidos nas
perdas
crónicas

Entre as causas da anemia estão:

 Quando não existe uma quantidade adequada de hemácias no sangue;


 Intensa destruição das hemácias pelo corpo. Elas são destruídas com mais rapidez do
que sintetizadas;
 Redução na produção de hemácias pela medula óssea;
 Redução na quantidade de hemácias devido a sangramentos.

Como vimos, é importante ressaltar que nem sempre a falta de ferro pode ocasionar a anemia,
ela pode ter diversas outras origens e causas.

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Classificação da Anemia

Anemia Aguda
É causada pela perda súbita do volume total de sangue (hemorragias) ou pela destruição
súbita dos glóbulos vermelhos (hemólise). A aguda denota uma queda súbita das
hemoglobinas carreadoras de oxigênio na circulação, geralmente ocasionada por hemorragias
ou destruição das células vermelhas sanguíneas (hemácias) em um processo chamado
hemólise.

Anemia Crónica
É causada pela redução gradual dos glóbulos vermelhos ou da Hb, onde o volume sanguíneo
total em geral está normal. A anemia crônica, também chamada de anemia da doença crônica
ou ADC, é um tipo de anemia que surge como consequência de doenças crônicas que
interferem no processo de formação das células do sangue, como por exemplo neoplasias,
infeções por fungos, vírus ou bactérias, e doenças autoimunes, principalmente artrite
reumatoide.

Diagnóstico

O diagnóstico da anemia crônica é feito baseado no resultado do hemograma e da dosagem de


ferro no sangue, ferritina e transferrina, isso porque os sintomas apresentados pelos pacientes
normalmente estão relacionados com a doença de base e não com a anemia propriamente dita.

 Doenças autoimunes, como artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico;


 Doença de Crohn;
 Sarcoidose;
 Linfoma;
 Mieloma Múltiplo;

Nessas situações, é comum que devido à doença, as hemácias passem a circular por menos
tempo no sangue, aconteça alterações no metabolismo do ferro e formação da hemoglobina ou
a medula óssea não seja eficaz no que diz respeito à produção de novas hemácias, o que
resulta na anemia.

Tratamento

Normalmente não é estabelecido qualquer tratamento específico para a anemia crônica, mas
sim para a doença responsável por essa alteração.
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No entanto, quando a anemia é muito grave, o médico pode recomendar a administração de
Eritropoietina, que é o hormônio responsável pela estimulação da produção de hemácias, ou
suplementação de ferro de acordo com o resultado do hemograma e da dosagem de ferro
sérico e transferrina.

Anemias nutricionais
• Anemias nutricionais, são as anemias provocadas por deficiente ingestão ou absorção
de um ou mais nutrientes essenciais, necessários para a síntese de hemoglobina.

Etiologia

As causas mais comuns das anemias nutricionais são:

• Anemia Ferropénica ou por deficiência de ferro

• Anemia por deficiência de Vitamina B12

• Anemia por deficiência de Folatos (Ácido fólico)

• Anemia por deficiência de Vitamina C

• Anemia por deficiência de Cobre

Quadro clinico

• Orais, que incluem:

• Estomatite e glossite atrófica que pode levar as alterações do apetite, como a vontade
de comer terra (situação denominada de geofagia);

• Disfagia,

• Queilite angular

• Pele e Anexos:

• Coiloníquia (unhas finas e em forma de colher), unhas planas, com estrias


longitudinais, estratificação das unhas;

• Cabelos frágeis

• Musculares, que se manifestam por cãibras

• Genitais, sobretudo amenorréia nas adolescentes

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• Abdómen: Esplenomegália, caso a deficiência de ferro seja severa, persistente e não
tratada

• Aparelho neurológico que se manifesta por

• Atraso do desenvolvimento e do crescimento;

• Falta de atenção na escola;

• Irritabilidade;

• Falta de vontade de brincar.

• Restringir os alimentos que são inibidores da absorção de ferro

• Fitatos (encontrados em cereais e legumes);

• Taninos encontrados no chá e no café, pelo que não se deve dar chá ou café aos bebés
ou criança pequenas, especialmente durante as refeições

• A Vitamina C (citrinos, manga, goiaba, ananás, papaia, tomate e couve-flor)


também aumenta a absorção do ferro. Para serem eficazes ingerir na mesma
refeição que contém o ferro

Conduta
O tratamento é diferente dependendo do tipo de anemia e do grau desta, podendo incluir
opções farmacológicas e não-farmacológicas. Portanto o primeiro passo consiste na
identificação da causa da anemia (neoplasias, perdas hemáticas gastrointestinais ou
ginecológicas, carência alimentar, etc).

Conduta na Anemia Ferropénica


O primeiro passo é identificar os casos instáveis ou graves (anemia descompensada) e tratá-
los (descrito na aula 7 – emergências hematológicas).

Para os casos de anemia estável ou compensada (sem indicação para transfusão sanguínea),
deve ser administrado o ferro, conforme indicado abaixo:

 Sulfato ferroso, comprimidos de 200 mg (65 mg de Ferro elementar):


Adultos: 1 comprimido 2 a 3 vezes por dia dependendo da gravidade

Precauções:

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 Os comprimidos devem ser preferencialmente tomados em jejum (a absorção é maior).
A presença de citrinos, carne, peixe favorece a absorção do ferro enquanto a do leite,
chá ou cereais dificulta-a.
 A terapia deve ser mantida por 3-6 meses após a normalização dos valores de
hemoglobina para reintegrar os depósitos de ferro no organismo.

Efeitos secundários

 Os efeitos colaterais da terapia oral incluem: alteração dos hábitos intestinais como
obstipação ou diarreia, náuseas, dor de estômago em adultos (raro em crianças),
eliminação de fezes negras podendo ser confundidas com melenas.

Contra- indicações

Contra-indicado em anemias não ferropénicas pelo risco de sobrecarga de ferro. Em alguns


casos os pacientes poderão precisar da administração de ferro endovenoso. As indicações são
as seguintes:

 Intolerância grave do ferro por via oral


 Quando não há garantias de que o paciente vai tomar o tratamento (psicóticos, tóxico-
dependentes).
 Necessidade de recuperar rapidamente os depósitos de ferro (útil após uma cirurgia,
aborto ou outros, com o fim de evitar transfusões).

Nestes casos o TMG deverá consultar o médico, que poderá indicar a administração de ferro
dextrano parenteral (Intramuscular ou endovenoso).

O efeito colateral mais grave desta via de administração do ferro é o choque anafiláctico.

Após o início da terapia com sal ferroso, deve ser feito o controlo da Hgb após 2-3 semanas.
Uma boa resposta terapêutica, equivale a um aumento de 1g/dl por mês.

Para além do tratamento farmacológico, a causa da carência de ferro (gravidez, carência


alimentar, perdas de sangue) deve ser identificada e corrigida (se aplicável).

Profilaxia da Anemia Ferropénica


Não medicamentosa

 Aconselhar a comer alimentos ricos em ferro como carne vermelha ou peixe, vegetais
verde-escuros (espinafre, abedro, folha de mandioca/matapa).
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 Evitar gravidezes sucessivas com intervalos de separação inferiores à 2 anos.
 Aderir às medidas de prevenção da malária.

Medicamentosa

Mulheres grávidas: aconselha-se a suplementação de sal ferroso a partir do segundo trimestre


da gravidez.

Tratamento das Anemias Megaloblásticas


Devido a falta de meios laboratoriais, no nosso contexto é difícil saber quando é que um caso
de anemia megaloblástica é causado pela falta de ácido fólico ou pela falta de vitamina B12.

Na prática todos os casos são tratados associando os dois tratamentos. É importante que seja
assim, devido ao risco de repor somente o ácido fólico nos casos de carência de vitamina B12,
o que pode causar problemas neurológicos ou agravar o quadro já existente.

A anemia megaloblástica desenvolve-se ao longo de muito tempo, e mecanismos


compensatórios são desenvolvidos pelo que geralmente não é necessária a transfusão
sanguínea.

Anemia por carência de Vitamina B12

 Vit B12 em ampolas de 1 mg/ml para administração intramuscular


 Em adultos sem complicações neurológicas: iniciar com Vit. B12 1 mg IM, 3 vezes
por semana durante 2 semanas,
 Pacientes com alterações neurológicas devem receber a seguinte dosagem: iniciar com
vit B12 1 mg IM em dias alternados durante 2 semanas. A dose de manutenção é de
1mg de 2 em 2 meses.
 Terapia de manutenção (tratamento crónico): os doentes com problemas de absorção
de vitamina B12 deverão receber tratamento injectável para o resto da vida. Nestes
casos recomenda-se a administração de 1 mg IM a cada 2 ou 3 meses.
 Alimentação aconselhada (aplicável nos casos em que o problema não é a má-
absorção da vit B12): leite, ovos, queijo, carnes vermelhas.
 Caso o tratamento agudo e a dieta corrigida não corrijam a longo prazo a carência,
aconselha-se a terapia de manutenção acima descrita.

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Anemia por Carência de Ácido Fólico

 Em adultos: administração de ácido fólico por via oral 5 mg por dia até a causa ser
tratada; em grávidas 2,5 a 5mg/dia durante toda a gravidez e durante amamentação.
 Continuar a administrar por mais 4 meses após a correcção da anemia para a reposição
das reservas.
 Alimentação aconselhada: espinafre, alface, limão, banana, melão, fígado,

Tratamento da Drepanocitose ou Anemia falciforme


Em geral, os pacientes com drepanocitose podem ter um quadro clínico cuja severidade varia
bastante entre os casos com sintomatologia leve até os casos muito graves que levam a morte
do paciente durante os primeiros meses ou anos de vida.

Tendo em conta o que foi explicado acima em relação ao quadro clínico da drepanocitose, o
TMG deverá tratar as diferentes síndromes que o paciente poderá apresentar (crises dolorosas,
infecções, síndrome anémico), estabilizando e gerindo a emergência médica, para depois
referir o caso para o nível superior (médico):

Tratamento das crises dolorosas


Administrar tratamento sintomático e de suporte:

 Garantir boa hidratação (oral ou endovenosa se necessário);


 Analgesia (paracetamol 500 a 1000mg a cada 6 horas) ou anti-inflamatórios não
esteróides (ibuprofeno 200 a 400 mg a cada 8 horas) para tratar a dor;
 Controlo da febre se associada (paracetamol);
 Administrar oxigénio em caso de insuficiência respiratória (2 a 4l/min) Nas crises
dolorosas torácicas com broncoespasmo, estão indicados broncodilatadores
(salbutamol inalatório) Caso haja infecção concomitante: administrar tratamento
antibiótico conforme descrito abaixo.

Tratamento da anemia: transfusão de sangue se anemia grave descompensada (vide aula 7-


indicações para transfusão de hemoderivados)

Tratamento das infecções: administrar antibioterapia de largo espectro na presença de sinais


de infecção. As infecções por Pneumococo, Meningococo e Salmonela são as mais frequentes
nestes pacientes.

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Medidas de Prevenção em caso de Drepanocitose

Suplementação com ácido fólico para prevenir o desenvolvimento de anemia megaloblástica,


aumentar o valor da Hgb e a resposta dos reticulócitos: Administrar 1 mg/dia

Educação: para reconhecimento precoce das complicações e evicção dos factores


precipitantes das crises (ambientes frios, desidratação, hipoxia, infecções).

Profilaxia para as infecções:

Administrar todas as vacinas do calendário de vacinação. Também estão indicados as vacinas


contra o pneumococo e o meningococo (ambas não disponíveis em moçambique).

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Conclusão
Chegando ao ponto final do trabalho que acabamos de apresentar concluímos que a
classificação fisiopatológica divide as anemias em 2 grandes grupos, a saber: anemias por
deficiência de produção de eritrócitos (ex: carência de ferro, anemia aplásica) e as anemias
por aumento da perda de eritrócitos: por excesso de destruição de eritrócitos (anemia
hemolítica) e por perdas de sangue (anemia pós-hemorrágica).

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Referencias bibliográficas
1. Madon E, Gabutti V, Miniero R. Hematologia e oncologia pediátrica. 1a Edição.
McGraw-Hill;1998.

2. Stefani S.D., Barros E., Clínica Médica, 3ª edição, artmed editora, 2008.

3. Valentí P.Farreras, Rozman C, Medicina Interna, 12ª edição, Ediciones Doyma

4. Eddleston M., Davidson R, at all, Oxford Handbook of TROPICAL MEDICINE, 3ª


edição, OXFORD University Press, 2008

5. Harrison at all, Manual de Medicina, 15ª edição, McGraw Hill, 2002

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