Livro Ame Suas Rugas Aproveite o Momento

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AME

SUAS
RUGAS
Aproveite o momento

Rosane Magaly Martins


Suleica Iara Hagen
organizadoras

ODORIZZI
Copyrigth 2007

Revisão
Cleonice A. Goetten ([email protected])

Capa
Duall Comunicações Ltda. Fone (47) 3339-
2974; www.duallcom.br.

Foto da contra capa


Pedro Waldrich. Fone (47) 3326-3300.

Editoração e impressão
Odorizzi Gráfica e Editora Ltda.

Todos os direitos reservados.

Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada


ou reproduzida sem a autorização dos autores.

Os textos individuais são de responsabilidade


de seus autores.
Um projeto em favor da vida

Carpe Diem, em Latim significa "colha o


dia" ou "aproveita o momento". Essa regra de
vida pode ser encontrada em "Odes" (I, 11.8)
do poeta romano Horácio (65 - 8 AC), onde se
lê: Carpe diem quam minimum credula postero
(colha o dia, confia o mínimo no amanhã). Ao
criarmos o projeto AME SUAS RUGAS tinhamos
um objetivo claro e específico pela frente:
sermos construtoras de um novo paradigma
que pretende transformação social, tornar o
envelhecimento humano um processo natural,
aceitável, prazeroso, repleto e feliz. A
sociedade ocidental criou um estigma para
velhos e não consegue perceber a beleza que
cada ano representa em nossas vidas.
Assim, com o objetivo de enaltecer o
envelhecente, aquele ser que encontra-se em
processo de envelhecimento desde que nasce,
as organizdoras passaram a se envolver não
só com o livro e sua publicação de forma
cooperada, mas também a responsabilidade
social de difundir tais conhecimentos junto ao
público envelhecente e idoso através de
seminários regionais.
AME SUAS RUGAS é livro, seminário,
modo de vida. Transformou-se em projeto que
deverá ser longevo, pois pretende realizar a
publicação de uma coleção de livros que
começou em 2006, com AME SUAS RUGAS:
viver e envelhecer com qualidade e agora, o
segundo volume, com a proposta AME SUAS
RUGAS: aproveite o momento.
A mensagem é profunda e significativa,
pois o que menos fazemos ao longo de nossas
vidas é aproveitar o aqui e o agora. Estamos,
na maioria das vezes, lamenando de um
passado tortuoso ou de intenso glamour, ou
estamos jogando nossa atenção para um
futuro incerto, que nunca sabemos se
chegará.
Perdemos a mágica do hoje: de nos
alimentar de maneira adequada e saudável, de
nos exercitar, de nutrir as relações amorosas,
sermos afetuosos com parentes, de
ampliarmos nossa rede de amizades, de
olharmos céu, estrelas, flores e também as
nossas dificuldades. Perdemos a vivência de
cada momento precioso de nossas vidas.
Por isso AME SUAS RUGAS: aproveite o
momento (carpe diem) é uma ousadia. Uma
ousadia em favor do que é natural, do que é
vital, do que é necessário, do que faz bem
para mim, para você e para nosso
ecossistema. Termos a coragem de reunir
quinze profissionais das mais diversas áreas
do conhecimento para que coloquem nesta
obra, em treze artigos, o que de melhor
possam fazer para auxiliar as pessoas em seu
processo de envelhecimento bem sucedido é
de intensa realização.
Olhar as cenas de carinho, alegria,
coragem e superação dos idosos na capa do
nosso livro é olhar na alma de suas existências
e perceber que o tempo foi uma benção em
suas vidas. Esperamos para olhar os seus
olhos e termos a certeza que você está
aproveitando seu momento. Aqui e agora!

As coordenadoras
Suleica Hagen e Rosane Martins
APRESENTAÇÃO

AME SUAS RUGAS: aproveite o


momento, reúne nesta edição treze artigos
escritos por qualificados profissionais e
professores de diversas áreas do
conhecimento humano e faz um convite para
que o leitor possa iniciar agora seu processo
de vida consciente, com atenção destinada ao
desenvolvimento de atividade física,
importância do sentido da audição, para os
cuidados de uma alimentação saudável, que o
diabetes pode ser controlado, dar importância
à higiene e cuidados com os dentes, observar
seus processos de estresse ou depressão,
avaliar se você pode fazer desta fase a melhor
fase de sua vida e saber onde buscar práticas
naturais de tratamento e cura. Cada artigo
pode ser lido isoladamente, ser objeto de
consulta específica ou analisado no conjunto
da obra.
Ana Maria Carvalho Nascimento e Heloisa
Helena Carlini, fisioterapeutas, trazem
orientações para a reabilitação do idoso
quando apresentar problemas como
osteoporose, osteoartrose, incontinência
urinária e quedas no artigo Estou
envelhecendo: e agora?
Ana Paula Pamplona da Silva Müller,
fonoaudióloga, destaca aspectos relevantes da
comunicação e como problemas auditivos
podem isolar e prejudicar o idoso no artigo A
audição como meio de interação social.
Caroline Lucca, médica, fala da
depressão nos idosos, como isso pode afetar a
qualidade de vida e a saúde dos idosos e
orienta para a percepção de sintomas que, em
sua maioria, passam despercebidos dos
profissionais de saúde, no artigo Depressão
no Idoso.
Daniel Maurício de Oliveira Rodrigues,
naturólogo e acupunturista, aborda a
importância da prática da acupuntura,
massagens e alimentação natural para
complementar tratamento de prevenção e
promoção do envelhecimento saudável no
artigo O Naturólogo: as Práticas
Integrativas e Complementares e a
Qualidade de Vida.
Denise van de Meene, enfermeira, traz a
perspectiva otimista de quem pode conviver
de maneira equilibrada com o diabetes, desde
que tenha a atenção e cuidados
recomendados por profissionais, no artigo
Diabetes: por uma vida mais doce.
Gustavo Branco Haertel e Ana Carolina
Sarti, dentistas, falam do uso de prótese, a
importância da higiene (escova dental, fio,
limpador de língua) para a manutenção dos
dentes ou conservação das próteses no artigo
Odontogeriatria: Novas perspectivas
para a saúde bucal do idoso.
Jamil Antônio Dias, produtor cultural,
trata da preocupação em oferecer ao novo
idoso, mais exigente e com uma bagagem
cultural expressiva, produtos culturais de
qualidade e cujas ações devem ser integradas,
no artigo Necessidade de projetos
culturais integrados para os novos
idosos.
Karine Kalvelage, nutricionista, espera
incentivar o consumo de uma alimentação
variada, equilibrada e colorida e, desta forma,
suprir o maior número de vitaminas e
minerais, no artigo A micro nutrição na
manutenção da saúde.
Mara Lúcia Campos, dentista, destaca
que a saúde bucal tem um papel relevante na
saúde do idoso, uma vez que seu
comprometimento pode afetar negativamente,
tanto o bem estar físico quanto o bem estar
psicossocial no artigo Saúde bucal do
Idoso: Higienização de próteses
removíveis.
Marcelo Alves de Oliveira, educador
físico, destaca a importância da necessidade
da atividade física não só para a conservação
da saúde, como também para a prevenção de
doenças como osteoporose, com destaque
para a prática da musculação, no artigo
Atividade física: corpo sadio, mente
sadia.
Maristela Nascimento Indalencio,
promotora de Justiça, pretende conscientizar
os idosos de seus direitos aos alimentos,
oferecendo orientação sobre os mecanismos
judiciais de garantia de sua cidadania, com o
artigo O termo de acordo extrajudicial de
alimentos em prol da pessoa idosa.
Rosane Magaly Martins, advogada e
terapeuta, traz uma abordagem acerca dos
mecanismos do estresse sobre o corpo
humano, indicando alternativas para que os
envelhecentes mudem suas posturas e não
adoeçam em decorrência disto, no artigo
Estresse nosso de cada dia.
Suleica Iara Hagen, assistente social
destaca que os cabelos brancos podem ser
uma fase para uma nova vida, com projetos
desafiadores, estimulando a auto-estima e
planejamento desta fase madura de nossas
vidas, no artigo Envelhecimento: uma arte
ou tragédia inevitável?
SUMÁRIO:
Capítulo 1
Ana Maria Carvalho Nascimento e Heloisa Helena
Carlini
Estou envelhecendo: e agora?

Capítulo 2
Ana Paula Pamplona da Silva Müller
A audição como meio de interação social

Capítulo 3
Caroline Lucca
Depressão no Idoso

Capítulo 4
Daniel Maurício de Oliveira Rodrigues
O Naturólogo: as Práticas Integrativas e
Complementares e a Qualidade de Vida

Capítulo 5
Denise van de Meene
Diabetes: por uma vida mais doce

Capítulo 6
Gustavo Branco Haertel e Ana Carolina Sarti
Odontogeriatria: Novas perspectivas para a
saúde bucal do idoso

Capítulo 7
Jamil Antônio Dias
Necessidade de projetos culturais integrados
para os novos idosos
Capítulo 8
Karine Kalvelage
A micro nutrição na manutenção da saúde

Capítulo 9
Mara Lúcia Campos
Saúde bucal do Idoso: Higienização de
próteses removíveis

Capítulo 10
Marcelo Alves de Oliveira
Atividade física: corpo sadio, mente sadia

Capítulo 11
Maristela Nascimento Indalencio
O termo de acordo extrajudicial de alimentos
em prol da pessoa idosa

Capítulo 12
Rosane Magaly Martins
Estresse nosso de cada dia

Capítulo 13
Suleica Iara Hagen
Envelhecimento: uma arte ou tragédia
inevitável?

Encontre nossos profissionais


CAPITULO 1
ESTOU ENVELHECENDO!
E AGORA?
por Ana Maria Carvalho Nascimento e
Heloísa Helena Carlini

Ana Maria Carvalho Nascimento é


fisioterapeuta graduada no Rio de Janeiro
(1979), especialista em Gerontologia e
Fisoterapia Cárdio-Respiratória e mestranda
em Enfermagem pela UFSC e Heloisa Helena
Carlini, fisioterapeuta graduada pela
Universidade Regional de Blumenau,
especialista em Gerontologia e pós-graduanda
em Geriatria pela Inspirar Centro de Estudos,
Pesquisa e Extensão em Saúde.

Envelhecer com saúde talvez seja um dos


maiores desejos do ser humano nos últimos
tempos.
Identificar até onde as mudanças físicas
são consideradas normais e quando passam a
ser consideradas doenças, será fundamental
na busca da prevenção e tratamento.
Quando jovens, os nossos órgãos
possuíam capacidades de reserva. Sempre
que tínhamos que fazer um esforço maior do
que o habitual, os órgãos conseguiam
mobilizar essas energias de reserva para
corresponder a esse esforço; o estômago
digeria refeições gordurosas, as feridas
saravam, o cérebro funcionava com rapidez
sempre que era necessário, os músculos
sustentavam bem a força da gravidade e,
mesmo sob pressão, todo o corpo se
recuperava rapidamente do cansaço.
À medida que os anos vão passando, as
reservas e a nossa capacidade de suportar
esforços diminuem. Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), após os 70 anos,
30% dos idosos serão portadores de alguma
patologia crônica, sendo que destes, metade
terá algum tipo de incapacidade funcional.
O grande desafio de envelhecer com
saúde é fazer com que somente as mudanças
normais do envelhecimento ocorram,
minimizando nossas limitações.
Ao envelhecermos, notaremos mudanças
consideradas normais, ou seja, elas ocorrerão
em todos os indivíduos e estão relacionadas a
importantes alterações estruturais e funcionais
dos vários sistemas do organismo.
No entanto, é preciso compreender que a
ocorrência deste processo varia de modo
considerável de indivíduo para indivíduo, pois
estas variações são em parte geneticamente
determinadas, mas também são influenciadas
pelo estilo de vida, pelas características do
meio ambiente e pelo estado nutricional de
cada um.
Ao conhecermos os processos de
envelhecimento normal que ocorrem em nosso
organismo poderemos abordar de forma
adequada as mudanças que podem nos trazer
incapacidades e prevenir patologias.
O processo de envelhecimento normal
muitas vezes é visto como um processo
patológico, o que leva a tentativa de combatê-
lo antes de entendê-lo. O maior erro acaba
ocorrendo quando as pessoas acreditam que
algumas doenças são inevitáveis no processo
normal do envelhecimento e não procuram
orientações dos profissionais da saúde.
A seguir, faremos uma abordagem de
algumas alterações normais e de doenças
comuns do envelhecimento, com dicas práticas
de prevenção.

Sistema músculo esquelético


(músculos, ossos e articulações)

As alterações músculo esqueléticas que


ocorrem em nosso organismo podem
contribuir de forma direta para algumas
doenças como a osteoporose, osteoartrose e
indiretamente para algum fator de risco, como
as quedas.
Com o envelhecimento haverá alterações
em nossos músculos, assim como diminuição
da massa muscular global (menor número e
tamanho das fibras musculares), havendo
diminuição da força muscular, resistência e
agilidade. Alterações ósseas como ossos
menos resistentes e mais finos e nas
articulações com o enrijecimento e diminuição
dos movimentos. Por conseqüência a todas
estas alterações haverá transtornos posturais.

Osteoartrose

O que é?
Doença que leva ao desgaste progressivo
das articulações (degeneração) afetadas e
gera incapacidades, além de perda da
independência. Acredita-se que cerca de 30 a
40% dos indivíduos acima de 60 anos
apresente os sintomas.
Sintomas
O sintoma mais significativo é a dor, mas
surge também calor, rubor, diminuição da
mobilidade, crepitação (sensação de “areia” na
articulação) e aumento de volume nas
articulações afetadas, ocorrendo ainda
fraqueza muscular no membro da articulação
acometida.

Como prevenir e tratar?


A osteoartrose pode ser evitada ao
pouparmos nossas articulações, evitando
sobrecarga de peso. Para isto o controle do
peso corporal, a prática de atividades físicas
monitoradas e uma postura corporal correta
são fundamentais.
O tratamento consiste no alívio da dor,
mobilizar as articulações, manter a função da
articulação, minimizar deformidades e diminuir
ao máximo a evolução da doença. Para isto os
profissionais da saúde, como o fisioterapeuta,
através de recursos específicos (cinesioterapia
e eletroterapia) e o médico, através de
remédios analgésicos e protetores da
cartilagem, podem amenizar tais transtornos.

Dicas Práticas:
 Mantenha o peso ideal;
 Dobre os joelhos ao alcançar um objeto
ao chão;
 Sente-se apoiando a coluna, com os
pés apoiados no chão;
 Quando carregar peso procure distribuí-
lo de maneira igual nos dois braços;
 Ao deitar prefira a posição lateral,
apoiando um travesseiro na cabeça e outro
entre os joelhos;
 Ao levantar, vire-se para a posição
lateral e sente-se apoiando com os braços.

Osteoporose

O que é?
A osteoporose é uma doença que leva ao
enfraquecimento dos ossos pela perda gradual
da massa óssea (cálcio). Os ossos ficam
frágeis e suscetíveis a fraturas causadas por
traumas mínimos.

Sintomas:
Não há sintoma evidente que revele a
osteoporose, que geralmente fica em
evidência somente quando ocorre alguma
fratura. Por isso, o acompanhamento médico é
fundamental para o diagnóstico precoce,
através de exames específicos, como a
densitometria óssea, antes que a fratura
ocorra.

Como prevenir e tratar?


O tratamento e prevenção da
osteoporose são feitos através da ajuda de
profissionais da saúde como o fisioterapeuta,
através de recursos específicos e eficazes, o
nutricionista, através da reeducação alimentar,
o médico, na prescrição de remédios que
estimulam a formação óssea e diminuem a
reabsorção dos ossos, e o educador físico nas
atividades físicas regulares.

Dicas Práticas:
 Ingerir alimentos que sejam fonte de
cálcio, como por exemplo: folhas verde-
escuras (espinafre, brócolis, couve) e
derivados do leite;

 É importante a exposição ao sol para


produção de vitamina D (capta o cálcio para
os ossos) sendo necessário cerca de 20
minutos de exposição com 10% da área do
corpo (pernas e braços) em horários que o sol
esteja mais brando, como antes das 09:00
horas da manhã e após as 16:00 horas;
 Praticar atividade física regular
orientada fazendo com que a pressão exercida
nos ossos estimule a formação óssea.

Quedas

As quedas ocorrem por diversos fatores,


tanto de nosso organismo (equilíbrio,
coordenação motora pouca força muscular,
por exemplo), quanto do meio onde vivemos
(obstáculos, tapetes, buracos, chão liso, entre
outros).
Tornou-se um evento que traz séria
ameaça à capacidade funcional e até mesmo a
vida do idoso. As quedas podem ocasionar
lesões, medo de uma nova queda, longo
tempo restrito ao leito, redução das
atividades, dependência, podendo ser fatais.
De acordo com a SBGG (Sociedade
Brasileira de Geriatria e Gerontologia), no
Brasil 30% dos idosos caem pelo menos uma
vez ao ano, sendo que esta porcentagem
aumenta com a idade mais avançada.
As alterações músculo esqueléticas
influenciam de maneira negativa o equilíbrio e
coordenação motora através da deficiência
muscular, postura e dificuldade na realização
dos movimentos intensificando o risco de
quedas.
A prevenção das quedas é vital na saúde
pública e discutida entre os profissionais da
saúde.
O fisioterapeuta atua através de medidas
preventivas realizando orientações,
fortalecimento muscular, alongamento
orientado, cuidados com a postura, treino do
equilíbrio e da coordenação motora.

Dicas práticas:
 Levante-se e deite-se calmamente para
evitar tonturas;
 Escolha um calçado adequado, sendo
confortável e seguro (solas não derrapantes);
 Evite andar de meias;
 Ao subir e descer escadas utilize o
corrimão como apoio;
 Mantenha a casa bem iluminada;
 Deixe o acesso ao banheiro iluminado e
sem obstáculos durante a noite;
 Elimine tapetes e pisos derrapantes;
 Instale barras de suporte junto ao
chuveiro;
 Faça as coisas com calma, ande
devagar.

Aparelho Uroginecológico
O processo natural do envelhecimento do
sistema uroginecológico traz mudanças
funcionais que favorecem o aparecimento de
doenças. As alterações urinárias relacionadas
à idade incluem alterações no sistema nervoso
responsável pelo esvaziamento da bexiga,
redução da filtração pelos rins, alterações nos
padrões de eliminação de líquido, eliminação
de maior quantidade de urina à noite,
alterações nos músculos da pelve (diminuição
da massa e força muscular).
Abordaremos a incontinência urinária por
ser a doença uroginecológica que afeta um
grande número de indivíduos idosos
comprometendo-os física, social e
psicologicamente.

Incontinência urinária

O que é?
A Incontinência Urinária (IU) é a perda
involuntária de urina e constitui um problema
social e/ou de higiene podendo levar a
depressão e isolamento.
A perda da continência urinária é uma
condição embaraçosa, desconfortável e
estressante que ocorre, na maioria dos casos,
em mulheres. Segundo estudos realizados
passando de aproximadamente 4% entre as
mulheres com 15 a 20 anos para
aproximadamente16% nas com 75 a 84 anos
atingindo milhões de mulheres no mundo
inteiro.
A incontinência urinária pode ter diversas
causas, como: medicamentosa, fraqueza
muscular, diminuição hormonal, queda da
bexiga, alterações da sensação de urinar,
déficit motor, prisão de ventre, aumento da
próstata, infecção urinária, entre outras.
Reconhecer o fator que está levando à
incontinência é de fundamental importância
para a prevenção e tratamento efetivo.

Tipos de Incontinência Urinária e


seus sintomas:

Incontinência Urinária de Esforço –


perdas urinárias sem sentir vontade de ir ao
banheiro, perda de pequenas quantidades de
urina aos pequenos esforços como rir, tossir,
espirrar e levantar peso.

Incontinência por Imperiosidade


(Instabilidade Vesical) – perda involuntária de
urina causada por um desejo muito forte
(imperioso) de urinar, ir ao banheiro com
muita freqüência.
Incontinência Urinária Mista – junção dos
dois tipos de incontinência urinária citados
acima.

Retenção Crônica de Urina – sensação de


que a bexiga não esvaziou por completo
mesmo após ter urinado e perda de urina de
forma contínua.

Como tratar?
Vários profissionais da saúde podem
ajudar no tratamento da Incontinência
Urinária, fisioterapeutas através de recursos
comprovadamente eficazes (cinesioterapia,
eletroterapia e biofeedback na reeducação da
bexiga e da musculatura da pelve), o médico
através de recursos cirúrgicos e o psicólogo.
A musculatura da região da pelve pode
ser reeducada através de exercícios simples de
contração muscular prevenindo alguns tipos
de incontinência urinária.

Dicas práticas:
 Fale sobre este assunto com os
profissionais da saúde, para que esta doença
seja tratada e prevenida;
 Faça uma contração dos músculos da
pelve como se estivesse segurando a urina e
relaxe. As contrações podem ser feitas 10
vezes contraindo por um tempo de 4 a 8
segundos três vezes ao dia.
Cada indivíduo envelhecerá passando por
alterações, experiências e obstáculos
diferentes. Somente nós poderemos fazer
escolhas que irão influenciar no nosso
processo de envelhecimento.
A escolha certa, respeitando as
alterações do nosso organismo e prevenindo
os fatores que possam prejudicar nossa saúde
é que determinarão a maneira como
envelheceremos.

REFERÊNCIAS INDICADAS

http://www.sbgg.org.br
http://www.casasegura.arq.br
http://www.saudeemmovimento.com.br
http://www.ficarjovemlevatempo.com.br
http://www.cdof.com.br/idosos.htm

REFERÊNCIAS CONSULTADAS

ASSIS, M. Promoção da Saúde e Envelhecimento:


orientações para o desenvolvimento de ações
educativas com idosos. Rio de Janeiro CRDE UnATI
UERJ, Série Livros Eletrônicos Programas de
Atenção à Idosos, 2002

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de


Saúde do Idoso. Portaria nº. 1.395/GM de
10/12/99. Brasília, 1999.
BROMLEY, I. Paraplegia e Tetraplegia: Guia
Teório-Prático para Fisioterapeutas, Cuidadores e
Familiares, Revinter RJ, 1997.

DRIUSSO, P; CHIARELLO, B. Fisioterapia


Gerontológica, São Paulo: Manole, 2007.

JIMÉNEZ, A. N. Fisioterapia e Saúde Pública, in


GABRIEL, et. al Fisioterapia em Traumatologia,
Ortopedia, Reumatologia, Rio de Janeiro: Revinter,
2001

KAUFFMAN, T L. Manual de Reabilitação Geriátrica,


Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2001.

PERRACINI, M. R. Quedas: Avaliação e


Intervenções, II Jornada da IV Idade, in Portal
Equilíbrio e Quedas para Idosos – PEQUI,
disponível em
www.pequi.incubadora.fapesp.br/portal

PICKLES, B, et al.; Fisioterapia na terceira Idade,


São Paulo: Livraria Santos Editora Ltda,1998.

REBELATTO, J.R. Fisioterapia no Brasil:


fundamentos para uma ação preventiva e
perspectivas profissionais. São Paulo: Manole,
1999.
REBELATTO, J. R., MORELLI, J. G. S., Fisioterapia
Geriátrica: A Prática da Assistência ao Idoso,(org),
Barueri, São Paulo: Manole, 2004.

SANTOS, S.M.A. Ambiente amigável para um viver


seguro, Palestra ministrada na IV Jornada
Catarinense de Geriatria e Gerontologia,
Florianópolis, SC, 2007.

VIEIRA, E. B. Manual de Gerontologia: Um guia


Teórico-Prático para Profissionais, Cuidadores e
Familiares, 2ª edição, Ro de Janeiro: Revinter,
2004.

YUASO, D. R., SGUIZZATTO, G.T. Fisioterapia em


pacientes idosos. In: PAPALÉO NETTO, M.
Gerontologia, São Paulo: Atheneu, 1996.
CAPITULO 2
A AUDIÇÃO COMO MEIO
DE INTERAÇÃO SOCIAL
Por Ana Paula Pamplona da Silva Müller

Ana Paula Pamplona da Silva Müller é


fonoaudióloga graduada pela Univali no ano
de 2000. Pós-Graduação em Educação pelo
ICPG. Fonoaudióloga habilitada pela Lee
Silvermann Fundation no método Lee
Silvermann para pacientes com Doença de
Parkinson. Professora da Uniasselvi e
fonoaudióloga clínica da Apoio Clínica
Integrada.

Dedicatória:
“Preparar-se para a velhice é principalmente
lutar sempre e continuar lutando por objetivos
capazes de conferir um sentido à existência; é
prosseguir mesmo em idade avançada a
cultivar paixões para que não nos voltemos
demasiadamente para nós mesmos!” (Simone
de Beauvoir)
Comunicar é partilhar pensamentos,
idéias, desejos e aspirações com quem
passamos a ter algo em comum. Na busca de
novos conhecimentos e experiências, a
comunicação responde à necessidade vital do
ser humano.
A comunicação faz-se por meio da
linguagem, que segundo Russo (1997), é uma
faculdade humana e abstrata de
representação de conteúdos que diz respeito à
elaboração, simbolização do pensamento,
constituindo o veiculo essencial desta. A
linguagem engloba formas de expressão não-
verbal, como: expressão facial e corporal,
gestos, riso, choro; assim como de expressão
verbal, manifestadas pela fala.
A comunicação feita por meio da
linguagem falada responde à necessidade vital
do homem na busca de novas experiências e
conhecimentos. A aquisição e a manutenção
da linguagem falada requerem entre outras
coisas uma perfeita audição. Além disso, a
audição é imprescindível como mecanismo de
alerta e defesa contra o perigo, permitindo
localizarmos fontes sonoras à distância,
dando-nos segurança.
Outros fatores também são importantes
para que se tenha uma fala efetiva.
Necessitamos de pensamento, emoção,
percepção auditiva, visual, memória, entre
outras capacidades fisiológicas importantes.
Para que um ouvinte tenha sucesso em
compreender bem os sinais da fala que
recebe, é necessário que algumas condições
sejam obedecidas e estas são:
 Atenção à mensagem;
não basta ouvi-la, é necessário escutá-la.
 Intensidade da
mensagem, os sons de fala devem ser
audíveis para que possam ser percebidos.
 Intensidade do ruído
ambiental – sempre inferior a do sinal de fala
para possibilitar sua compreensão.
 Tipo de material de
fala empregado, domínio do código (língua),
além de vocabulário simples e familiar são
fundamentais.
 Sensação de
freqüência - agudo X grave.
 Sensação de
intensidade – forte X fraco.
 Qualidade vocal do
falante – a voz é o espelho das nossas
emoções e o retrato da alma; determina pois a
efetividade da comunicação.
 Articulação e
pronúncia.
(RUSSO & BEHLAU, 1993 APUD
LAGROTTA, 1997).

Portanto, a manutenção da comunicação


verbal depende, dentre outros fatores, do bom
funcionamento da audição e é imprescindível
cuidar dos ouvidos para manter íntegro este
sistema estruturado e único que é a linguagem
falada.
O ouvido é um órgão sensorial que
possui um isolamento acústico que atenua os
sons provenientes do próprio corpo, inclusive
o da nossa própria voz. Entre todos os órgãos
do corpo, poucos fazem tanto em tão pequeno
espaço, inspirando admiração ao mais perfeito
artífice e ao competente engenheiro.
Pessoas que trabalharam durante muito
tempo em ambientes ruidosos, como fábricas,
são considerados sérios candidatos a perda
auditiva. Este é o motivo que hoje, as fábricas,
por lei, devem fornecer protetores auditivos a
todos os funcionários que estão expostos a
ruídos intensos.
O excesso de medicamentos sem
orientação médica também influencia no
aumento da perda. Os antibióticos ingeridos
por tempo prolongado são grandes vilões
neste processo.
Além destes fatores, a tensão diária, a
alimentação inadequada, doenças e a
predisposição genética podem contribuir para
a perda da sensibilidade auditiva, reduzindo
assim a área de audição. O idoso ouve, mas
não entende a fala, principalmente em
ambientes com sons de fundo, como carros
passando ou televisão ou rádio ligados. Os
sons fortes incomodam, podem ocorrer
zumbidos e dificuldade de perceber sons mais
agudos. A perda da sensibilidade auditiva
resultante do envelhecimento é conhecida
como presbiacusia.
Nesta patologia ocorrem alterações
degenerativas no sistema auditivo como um
todo.
Alterações de Orelha Externa no
Idoso:
 Aumento do tamanho do
meato acústico externo.
 Diminuição da elasticidade
da pele e tonicidade muscular.
 Colabamento e
estreitamento do meato acústico externo.
 Diminuição da
sensibilidade tátil e dolorosa.
 Aumento na produção de
cerume.

Alterações de Orelha Interna


 Atrofia do órgão de Corti,
perda das células ciliadas e de sustentação.
 Atrofia da estria vascular e
desequilíbrio bioeletroquímico.
 Alterações de membrana
basilar e do movimento do duto coclear.

A forma mais efetiva de minimizar os


efeitos negativos da perda auditiva é a
utilização dos recursos tecnológicos à
disposição do fonoaudiólogo, que através de
exames, observação e relatos do paciente
realiza a adaptação do melhor aparelho
auditivo.
Nos dias de hoje, os aparelhos auditivos
vem sendo modernizados e encontramos
modelos de fácil manuseio e tão pequenos que
são quase imperceptíveis ao nosso olhar.
Este processo é muitas vezes lento, pois
o paciente precisa realizar o exame clínico com
o médico otorrinolaringologista, passar pelo
fonoaudiólogo para os exames audiométricos,
fazer o molde do conduto auditivo e iniciar os
testes com os aparelhos. Porém, os resultados
são muito positivos na grande maioria das
vezes, encerrando um processo de frustração
até então vivido por este indivíduo quando não
compreendia, ou era incompreendido pelas
pessoas a sua volta.

Assinale a alternativa que ocorre com


mais freqüência na sua rotina diária:

1- A dificuldade de ouvir faz você usar o


telefone menos vezes do que gostaria?
( ) Sim ( )Não ( )Às vezes

2- A dificuldade em ouvir faz você evitar


grupos de pessoas?
( ) Sim ( )Não ( )Às vezes
3- A diminuição da audição causa dificuldades
quando você vai a uma festa ou reunião
social?
( )Sim ( )Não ( )Às vezes

4- A diminuição da audição lhe causa


dificuldades para assistir à TV, ou ouvir rádio?
( )Sim ( )Não ( )Às vezes

5 – A dificuldade em ouvir faz você conversar


menos com as pessoas da sua família?
( )Sim ( )Não ( )As vezes

6- Você prefere ficar sozinho a estar em meio


a pessoas de sua convivência?
( )Sim ( )Não ( )Às vezes

7- Em um ambiente com pessoas


conversando, barulho de TV ligada, carros
passando, sua dificuldade auditiva aumenta?
( )Sim ( )Não ( )Às vezes

Caso você tenha assinalado SIM em


alguma das alternativas, é hora de
procurar um especialista. Primeiramente
faz-se uma consulta com o médico
otorrinolaringologista para, em seguida,
realizar os exames de audição com um
fonoaudiólogo.
A deficiência auditiva é um problema de
saúde e, como tal, é da competência do
médico seu diagnóstico, tratamento clínico ou
cirúrgico. O fonoaudiólogo que atua nesta área
realiza os diferentes testes para a avaliação da
audição e, em seguida, seleciona e adapta os
modelos de aparelhos de amplificação sonora
ou próteses auditivas. A este profissional
compete o trabalho de orientação,
aconselhamento e acompanhamento do
usuário destes instrumentos, bem como
conduzir os programas de habilitação e
reabilitação que o caso exigir.
A fim de que possamos apreciar a
maravilha do mundo sonoro que nos cerca e
manter íntegro o sistema de comunicação por
meio da linguagem falada, desenvolvido
primordialmente pela audição, é essencial
cuidarmos dos nossos ouvidos.
Desse modo os programas de
reabilitação aural para o idoso são de grande
importância, pois com um diagnóstico correto,
orientações adequadas e desenvolvimento de
estratégias que visem auxiliar seu processo de
adaptação de um aparelho auditivo, este
poderá obter o máximo aproveitamento da
amplificação e assim exercer um papel atuante
em seu meio.
Sugestões Práticas

1- Não introduza objetos


pontiagudos, como palitos, grampos e até
mesmo cotonetes para limpar e coçar os
ouvidos, pois além de remover o cerume
protetor, pode aumentar o risco de ferir a pele
do conduto auditivo e perfurar a membrana do
tímpano.
2- Se a produção de
cerume em suas orelhas for excessiva, não
tente removê-lo, ou então permitir que outro
profissional além do médico
otorrinolaringologista o faça.
3- Não pingue azeite,
óleo, álcool ou qualquer medicamento sem
orientação do médico.
4- Não se exponha a
ruídos intensos, ou sons musicais fortes.
5- Fique atento a presença
de zumbidos, sensação de ouvido tampado,
autofonia (ouvir a própria voz com reforço),
coceira, secreção, dores de cabeça,
intolerância a sons de grande intensidade,
tonturas ou dificuldade de compreender a
fala.(RUSSO, apud LAGROTTA, 1997)

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, K.; IORIO, M. Próteses Auditivas.
Fundamentos Teóricos & Aplicações Clínicas.
São Paulo: Editora Lovise, 1996.

LAGROTTA, M.; CÉSAR, C. A Fonoaudiologia


nas Instituições. São Paulo: Editora Lovise,
1997.

MURDOCH, B. Disartria: Uma abordagem


fisiológica para avaliação e tratamento. São
Paulo: Editora Lovise, 2005.

SUZUKI, H. Idoso. São José dos campos: Pulso


Editorial, 2003.
CAPÍTULO 3
DEPRESSÃO NO IDOSO
Por Caroline Lucca

Caroline Lucca é graduada em medicina pela


FURB/2003, pós-graduada em gerontologia
pela FURB/2006. Atua como médica clínica
geral na Servmed Blumenau e Gaspar. É
médica credenciada do SESC/Blumenau. É co-
autora do livro Ame suas Rugas – Viver e
Envelhecer com Qualidade, ano 2006.

Somos um país cujo número de idosos


cresce sensivelmente. Temas antes
desconhecidos precisam ser abordados devido
a essa nova realidade. O idoso deixou de ser
uma pequena parcela da população, para
tornar-se um grande personagem no
desenvolvimento do país. Hoje precisamos
refletir sobre sua situação na sociedade.
Segundo dados do IBGE (2000), em
1991 as pessoas com 60 anos ou mais
representavam 7,3% da população e hoje são
8,6%, significando um aumento de 17% na
década. Esse Instituto calcula existirem hoje
14,5 milhões de brasileiros na terceira idade.
O Brasil segue a tendência mundial de
envelhecimento da população, devido ao
aumento da expectativa de vida e a queda da
natalidade.
A média de vida do brasileiro fica em
torno dos 68 anos, ou seja, 2,5 anos a mais da
média vigente no início da década. Com os
avanços na área médica e o acesso a
informações para melhoria da qualidade de
vida, a expectativa é que a média de vida de
nosso país aumente ainda mais nas próximas
décadas. Esse é um dado a ser comemorado,
porém devemos lembrar que somos um país
em desenvolvimento e possuímos uma série
de problemas a serem superados. Falta
saneamento básico, acesso a atendimento de
saúde de qualidade, baixo poder aquisitivo,
noções de cidadania, respeito aos idosos,
enfim, apresentamos todos os problemas
pertinentes a uma nação em desenvolvimento,
e, o estado tende a fixar sua atenção e
esforço na solução de problemas conjunturais,
problemas que afligem à generalidade dos
habitantes. O estado empobrecido não
prestigia determinados setores da população,
como exigiria a terceira idade.

“Por isso, é quase certo dizer que os


idosos de nossa sociedade estão marginados.
Eles estão excluídos da produção contra sua
vontade, tornam-se pouco consumidores,
tendem a consumir maiores recursos da
saúde, e acabam sobrevivendo a expensas de
uma sociedade quase sempre hostil,
recebendo as ajudas caridosas que esta se
digna oferecer-lhes. Estão excluídos da
produção porque ninguém lhes dá emprego,
tornam-se pouco consumidores porque não
têm dinheiro, não têm dinheiro porque
ninguém lhes dá emprego, e consomem
recursos da saúde porque adoecem, e
adoecem mais porque não têm recursos para
a saúde. Forma-se assim um deplorável círculo
vicioso.” QUEM DIZ ISSO?
O idoso vai envelhecer conforme viveu
sua fase adulta. Se teve uma vida deficitária,
terá uma velhice com problemas. Conforme foi
sua adaptação à situação de vida anterior, o
idoso terá maior ou menor dificuldade de
adaptar-se a fase de envelhecimento. Se ele
está preparado para aceitar as limitações que
a idade acarreta conseguirá viver mais
tranqüilamente este período.

Como nossa sociedade vê a velhice?


Basta observarmos os anúncios na
televisão para termos uma breve noção de
como o envelhecimento é encarado no Brasil.
Os idosos normalmente aparecem em
propagandas de planos de saúde, de
estimulantes sexuais, de remédios, seguro de
vida... Os demais prazeres da vida são
monopolizados pelos mais jovens. Aos idosos
parece que só restou um “pacote” de perdas e
limitações. Mas será esse o verdadeiro fardo
do envelhecimento? Se você pensa que sim,
então é ou será um idoso depressivo.
Segundo matéria editada no Psicosite
(abril/2006) a grande maioria dos idosos se
percebe com menos cabelo, cabelos brancos
(91.2%); manchas e rugas na pele (81.1%);
problemas de visão e de audição (74.9%);
déficit na força muscular (59.7%), etc. A isso
se associa uma característica psicológica, que
é um forte apego ao passado (57.2%). Os
fatores sociais exercem grande influência na
percepção do envelhecimento pelo indivíduo.
Normalmente as pessoas de maior poder
econômico tendem a ter uma velhice mais
privilegiada, pois possuem certos confortos e
uma segurança maior para aquisição de bens
e produtos necessários para manutenção de
sua saúde do que os idosos de classes sociais
mais baixas. Podemos perceber também que
devido ao papel que é imposto a homens e
mulheres em nossa sociedade, elas tendem a
valorizar mais as perdas ou mudanças em sua
aparência externa, enquanto os homens se
preocupam mais com a perda da capacidade
física e viril.
O bem-estar do idoso está diretamente
relacionado com sua capacidade de exercer
atividades rotineiras sozinho. Poder gerenciar
sua vida sem a ajuda incessante de parentes
ou cuidadores. Se o idoso consegue satisfazer
suas necessidades, possui uma maior
independência e poder de decisão. A
autonomia funcional está diretamente ligada à
qualidade de vida do indivíduo, quanto maior
ela for, mais participativo e valorizado o idoso
se sentirá. Nesse aspecto, o apoio familiar, o
nível intelectual e a renda mensal são
agregados importantes. Quando mais bem
servido o idoso estiver desses fatores, mais
seguro e capaz ele se sentirá.
Assim podemos concordar com o que
Ballone afirma em sua matéria no PsiqWeb
Psiquiatria Geral (2002).
Em síntese, muitos problemas da
Autonomia Funcional podem ser explicados a
partir de fatores individuais, familiares e
sociais. Entre os fatores individuais, em
primeiro lugar se encontra o perfil psicológico
e mental prévio da pessoa que envelhece, em
seguida vem o nível educacional, as
experiências vitais críticas, os acidentes, as
doenças pregressas e atuais, a ocupação
pregressa e atual, etc.

A correlação entre Saúde Mental e


Percepção do Envelhecimento faz supor uma
influência negativa dos problemas psicológicos
sobre a autopercepção dos idosos. A presença
de ansiedade, irritabilidade, sensação de
insuficiência, de inutilidade, entre outras, pode
levar aos idosos a supervalorizar (e em alguns
casos extremos, a acelerar) alguns traços
próprios da velhice.
Diante do exposto podemos questionar:
Apenas o modo de percepção individual
influencia no envelhecimento, ou a percepção
que a sociedade tem sobre o fato de
envelhecer também exerce influência?
Sem dúvida, a contundente influência
restritiva que a sociedade exerce sobre os
idosos, limitando suas possibilidades de
atuação, oprimindo-os sob os modelos e
padrões do "velho" e restringindo suas
possibilidades de participação vai fazer o
indivíduo construir sua imagem do envelhecer.
Como foi exposto anteriormente, o que
aprendemos ao longo de nosso crescimento é
o que iremos utilizar na velhice, seja esse
aprendizado positivo ou negativo .De modo
geral, não existe uma velhice típica, padrão,
característica e igual. A velhice varia de acordo
com as sociedades, culturas e classes sociais.
Como podemos suspeitar que o
idoso esteja com depressão?
O Diagnóstico de depressão no idoso não
é uma tarefa fácil, pois muitos dos sintomas
apresentados podem ser confundidos com
outras doenças. Alterações próprias do
envelhecimento como insônia, fadiga,
alterações de memória que pode ser
provenientes de doenças infecciosas ou
vasculares, como Alzheimer, tão comuns nessa
faixa etária, fadiga/ desânimo em decorrência
de falta nutricional ou doenças
cardiopulmonares, bem como efeitos colaterais
de medicamentos são propícios de confusão.
Existe muita controvérsia em classificar
ou não a depressão do idoso como um tipo
diferente de depressão das outras faixas
etárias. Alguns pesquisadores defendem que a
depressão no idoso se apresentaria com
sintomas somáticos ou hipocondríacos mais
freqüentes, haveria menos antecedentes
familiares de depressão e pior resposta ao
tratamento. Apesar disso, a tendência atual é
não estabelecer diferenças marcantes entre a
depressão da idade tardia e a depressão dos
adultos mais jovens. De fato, o que teria de
diferente nos idosos seria, não a depressão
em si, mas as circunstâncias existenciais
específicas da idade.
A depressão não é apenas uma tristeza
passageira frente a um fato adverso da vida.
Ela se apresenta de maneira profunda e
duradoura e, em geral, dura algumas
semanas, podendo se estender por anos. Pode
vir acompanhada de desânimo, apatia, perda
de esperança, desinteresse, impossibilidade de
desfrutar dos prazeres da vida.
O paciente não se interessa pelas
atividades diárias, não dorme bem, não tem
apetite, muitas vezes tem queixas vagas,
como dores nas costas ou na cabeça.
Pensamentos ruins, como idéia de culpa e
inutilidade podem surgir. Em casos mais
graves podem ocorrer até tentativas de
suicídio.
As causas da depressão ainda são
desconhecidas, mas acredita-se que vários
fatores biológicos, psicológicos e sociais
atuando de forma concomitante,
desencadeiem a doença.
Do ponto de vista vivencial, o idoso está
numa situação de perdas continuadas; a
diminuição do suporte sócio-familiar, a perda
do status ocupacional e econômico, o declínio
físico continuado, a maior freqüência de
doenças físicas e a incapacidade pragmática
crescente compõem o elenco de perdas
suficientes para um expressivo rebaixamento
do humor. Também do ponto de vista
biológico, na idade avançada é mais freqüente
o aparecimento de fenômenos degenerativos
ou doenças físicas capazes de produzir
sintomatologia depressiva.
A depressão nos idosos depende da
interação entre fatores ambientais,
constitucionais, biológicos e suporte social. Os
eventos ambientais são representados pelas
questões vitais negativas, como por exemplo,
perdas e limitações, podem funcionar como
??? e os outros fatores??? A qualidade de vida
na Terceira Idade pode ser definida como a
manutenção da saúde, em seu maior nível
possível, em todos os aspectos da vida
humana: físico, social, psíquico e espiritual
(Organização Mundial de Saúde, 1991).
A incapacidade decorrente da senilidade,
por exemplo, é um fator de risco importante a
curto e longo prazo para o desenvolvimento
da depressão nos idosos. O início da
incapacidade gera considerável estresse e
alterações negativas do estilo de vida. A
imobilidade, a dor, ansiedade, necessidade de
hospitalização demorada e reabilitação
intensiva, aumento de eventos vitais negativos
(perdas de pessoas, materiais, sociais,
ocupacionais), sensação de perda do controle
sobre a própria vida, baixa auto-estima,
desmoralização, restrições das atividades
sociais e relações interpessoais dificultadas são
algumas dessas alterações, que podem
precipitar o início da depressão.
O idoso tem a necessidade de falar e de
ser ouvido e os sintomas depressivos não
devem ser vistos como conseqüência natural
do envelhecimento. Se já não possui a
vitalidade da juventude, por outro lado tem o
conhecimento adquirido através das
experiências ao longo de toda uma vida.
A partilha desses conhecimentos com as
novas gerações proporciona ao idoso a
possibilidade de manter-se integrado à
sociedade.
Esta integração é de suma importância
para o idoso, uma vez que um de seus
maiores prazeres consiste em relatar fatos
acontecidos em sua vida e perceber que as
pessoas que o cercam dão-lhe a atenção de
vida. Para o idoso não tornar-se um
depressivo este necessita seguir algumas
práticas que o ajudem a manter em alta sua
qualidade de vida. È importante que o seu
convívio social seja mantido, que este possa
falar, mas também seja ouvido, que a família
respeite suas diferenças em relação a crianças,
adolescentes e adultos, o cultivo de uma
crença ou fé deve ser estimulado, o idoso
deve ser capaz de realizar tarefas simples no
lar, devem respeitar sua opinião, manter uma
alimentação saudável e boa ingestão líquida,
ser alimentada a sua vaidade e asseio, bem
como a prática regular de atividades aeróbicas
e exercícios, sempre de acordo com as
limitações físicas e com orientação
especializada, contribuem para a conservação
da saúde e visitas regulares ao seu médico de
confiança para prevenção e acompanhamento
de doenças, e sem dúvida, o afeto, respeito e
carinho devem estar presentes em seu
ambiente de convivência.
Qualidade de vida é, portanto, o conjunto
de todos esses fatores acima citados, mas,
principalmente, a preservação do prazer em
todos os seus aspectos.
O prazer de ter um corpo saudável e a
aceitação de seus limites, o prazer de interagir
em sociedade, o prazer da satisfação dos
desejos na medida do possível e aceitável, o
prazer de compartilhar e de aprender.
Porque viver implica em manter-se num
processo de aprendizagem eterno...
Para ser feliz em qualquer idade, antes
de tudo, o ser humano precisa aceitar suas
qualidades e defeitos e deve amar-se. Pois
quem se ama, se cuida.

Referências

Atualização terapêutica:manual prático de


diagnóstico e tratamento /por um grupo de
colaboradores especializados; fundadores e
organizadores: Felicio Cintra do Prado, Jairo de
Almeida Ramos, José Ribeiro do Valle. -17.ed. -
São Paulo : Artes Medicas, c1995. - 1252 p. :il.

Gerontologia /Matheus Papaleo Netto. -Sao Paulo :


Atheneu, 1997. - xvii, 524p. :il.
Tratado de geriatria e gerontologia /Elizabete
Viana de Freitas ... [et al.]. -2.ed. - Rio de Janeiro
: Guanabara Koogan, 2006. - liv, 1573 p. :il.

www.psiqweb.med.br/geriat/depidoso.html -
www.universia.com.br/html/noticia/noticia_dentrod
ocampus_cacba.html
www.virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=33
8&sec=29

www.copacabanarunners.net/depressao-terceira-
idade.html
CAPÍTULO 4
O NATURÓLOGO: as
Práticas Integrativas e
Complementares e a
Qualidade de Vida.
Por Daniel Maurício de Oliveira
Rodrigues

Dedicatória
Dedico e agradeço este trabalho aos idosos
que estiveram na minha caminhada, em
especial minha mãe Elza Helena que está
comigo em todas as horas. Aos meus irmãos
Wânia, Dirceu e Edilânea pelo apoio e carinho.
À amiga Letícia Lenzi pela oportunidade. Aos
amigos Nathália Martins, Fernando Hellmann,
Gabriela Damasceno e ao meu padrinho
Antônio Maurício Rodrigues pelo incentivo e
colaboração.

Daniel Maurício de Oliveira Rodrigues é


naturólogo graduado pela Universidade do Sul
de Santa Catarina, UNISUL. Especialista em
acupuntura. Ministra palestras na área de
educação em saúde com grupos de idosos da
Grande Florianópolis e atua na área clínica no
posto de saúde da prefeitura de Santo Amaro
da Imperatriz pelo Projeto Linha Verde
(UNISUL) e em consultório particular. É
professor de mini-cursos na área de Práticas
Integrativas e Complementares. Colaborador
do livro “Trofoterapia e nutracêutica: dietas e
orientações nutricionais com base nas
Medicinas Tradicional e Complementar (Ed.
Nova Letra, 2007)”. Pesquisador na área de
acupuntura e fitoterapia.

O aumento da expectativa de vida e o


envelhecimento da população mundial é uma
realidade atual. A ciência que estuda o
processo do envelhecimento, um evento de
natureza fisiológica, psicológica e sociológica,
é denominada gerontologia. Esta consiste em
uma área interdisciplinar e multiprofissional,
pois abrange os vários campos de atenção à
saúde, dos direitos sociais e da educação dos
idosos. No Brasil, no campo da saúde, surge
um novo profissional chamado “naturólogo”,
que pode contribuir muito para a saúde e
qualidade de vida do idoso. O presente
capítulo tem por objetivo apresentar esse novo
profissional e mostrar como ele pode intervir
na saúde do envelhecente.
A formação acadêmica do Naturólogo é
baseada em sabedorias milenares como a
Medicina Tradicional Chinesa e Ayurvédica
(Índia), nos avanços das ciências biológicas e
da saúde como Anatomia, Fisiologia Humana,
Citologia, Botânica, Farmacologia,
Psicofarmacologia e Neurofisiologia, e também
em disciplinas da área das ciências humanas,
como Sociologia, Antropologia e Psicologia
aplicada. Seu campo de atuação é vasto:
clínicas, spas, hospitais, estâncias
hidrominerais, escolas, empresas, consultórios
particulares, entre outros. Esse novo
profissional utiliza uma visão multidimensional
do indivíduo, que compreende o ser humano
em sua totalidade, nos aspectos físicos,
psicológicos e mentais, seus hábitos, crenças
pessoais e costumes, além de suas relações
com o ambiente e a sociedade, considerando
também a singularidade de cada idoso.
Em 1946 a Organização Mundial de
Saúde (OMS) define saúde “como uma
sensação de completo bem estar físico, mental
e emocional e não apenas como ausência de
doença”. Em uma resolução da 101ª
Assembléia Mundial de Saúde propôs-se uma
modificação do conceito de saúde da OMS,
para “um estado dinâmico de completo bem
estar físico, mental, espiritual e social”.
Baseado em Fleck et all (1999) ocorre
um movimento dentro das ciências humanas e
biológicas no sentido de valorizar parâmetros
mais amplos que o controle dos sintomas, a
prevenção de doenças, a diminuição da
mortalidade, ou o aumento da expectativa de
vida e direciona a ciência para as noções de
promoção, manutenção e recuperação da
saúde e qualidade de vida.
De acordo com a Carta de Ottawa
(1986), elaborada na Primeira Conferência
Internacional sobre a Promoção de Saúde,
este conceito foi definido como a capacitação
das pessoas e da comunidade para
modificarem os determinantes da saúde em
benefício da própria qualidade de vida. Esse
documento menciona uma série de condições
e recursos para se ter saúde, tais como paz,
moradia, educação, alimentação, renda, um
ecossistema estável, justiça social e eqüidade.
Dessa forma, a promoção de saúde deixa de
ser exclusiva do setor da saúde, e passa a se
constituir numa atividade essencialmente
intersetorial. Requer, desta forma, a
articulação dos diversos setores dos diferentes
níveis do governo e da sociedade, bem como a
definição de políticas públicas saudáveis,
criação e manutenção de ambientes favoráveis
à saúde, reorganização dos serviços de saúde
e fortalecimento dos indivíduos e
comunidades, para que participem ativamente
na modificação de suas condições de saúde.
É nesse contexto que se dá a
abordagem do Naturólogo em relação às
práticas de intervenção. Nesse âmbito de
promoção da saúde, o Naturólogo atua
principalmente na área de educação em
saúde, orientando o uso racional dos recursos
naturais e incentivando a reciclagem do lixo, o
uso de produtos de baixo impacto ambiental, o
consumo de alimentos orgânicos, dentre
outros. Cada interagente1 contribui -
positivamente ou negativamente - na criação e
manutenção de ambientes favoráveis à saúde
individual e coletiva e, conseqüentemente, na
qualidade de vida.
A definição de qualidade de vida é
muito complexa. A OMS estabeleceu como “a
percepção do indivíduo de sua posição na vida
no contexto da cultura e sistema de valores
nos quais ele vive e em relação aos seus
objetivos, expectativas, padrões e
preocupações (The WHOQOL Group, 1995)”.
Na avaliação de qualidade de vida são levados
em consideração os aspectos físicos,
psicológicos, nível de independência, relações
sociais, meio ambiente e crenças pessoais,
sendo de natureza subjetiva, multidimensional
e composto por dimensões positivas e
negativas (Fleck et al, 1999).
A cada dia cresce a procura por uma
melhor qualidade de vida. A expectativa de
vida aumentou muito com os avanços da
medicina, porém em muitos casos se vive mais
tempo, com sofrimento e pouca qualidade.
Sabe-se que o idoso não quer apenas “anos
de vida”, e sim “vida aos anos”. É nesse
contexto que o Naturólogo auxilia o
envelhecente a melhorar sua qualidade de
vida.
As ferramentas que auxiliam o
naturólogo na terapêutica são as Práticas
Integrativas e Complementares (PIC),
popularmente conhecidas como “medicina
alternativa (MA)”, ou “medicina natural”. O
termo “alternativo” não é correto, pois as PIC
não têm o objetivo de substituir a medicina
alopática. Assim, o mais correto é a
denominação “complementar”, uma vez que
as práticas servem para auxiliar e trabalhar
conjuntamente com a medicina convencional.
Muitas pesquisas mostram que quando as
duas técnicas são trabalhadas em conjunto
obtém-se uma melhora mais significativa e
rápida, comparada à utilização de uma prática
isolada (Jonas; Levin, 2001). A visão utilizada
para compreender o idoso é integrativa, na
multidimensionalidade e singularidade do
mesmo, portanto não o separa em partes. Ele
não é considerado um número, um prontuário
ou uma doença.
A Organização Mundial de Saúde em seu
documento “Estratégias da OMS sobre
Medicina Tradicional 2002-2005” reconhece o
valor das Práticas Complementares e
Tradicionais e incentiva os países membros a
utilizarem, pesquisarem e criarem políticas
públicas observando os requisitos de
segurança, eficácia, qualidade, uso racional e
acesso. Segundo dados da OMS, oitenta por
cento da população mundial utiliza recursos
terapêuticos complementares em benefício da
saúde.
No Brasil, um levantamento realizado
pelo Ministério da Saúde em 2004, junto aos
estados e municípios, demonstrou a
estruturação de algumas dessas práticas em
232 municípios, dentre esses 19 capitais, num
total de 26 estados. A amostra foi considerada
satisfatória no cálculo de significância
estatística para um diagnóstico nacional. As
Práticas Integrativas e Complementares foram
reconhecidas e aprovadas no Sistema Único de
Saúde (SUS) no ano de 2006 (PORTARIA
MS/GM Nº. 971, DE 3 DE MAIO DE 2006.
Diário Oficial da União; Poder Executivo,
Brasília, DF, 4 maio 2006. Seção 1, p. 20-5).
As Práticas Integrativas e
Complementares podem ser aplicadas de
várias formas, divididas em uso externo
(aplicação feita sobre a pele) e uso interno
(via oral e inalatória).

1 – que interage; em que há interação.


Interagir – agir mutuamente; interatuar;
exercer interação. Interação – ação que
exerce mutuamente entre duas ou mais
pessoas; ação recíproca. Assim, interagente é
aquele que exerce uma ação recíproca com
outra pessoa; diferente de paciente, que
apenas recebe a ação.

As técnicas de aplicação externa


estimulam zonas neurorreativas (zonas
cutâneas que ativam o sistema nervoso
central). A maioria dessas regiões corresponde
aos pontos de Acupuntura da Medicina
Tradicional Chinesa. A estimulação dessas
zonas provoca a liberação, no sistema nervoso
central, de neurotransmissores (substâncias
que permitem a transmissão de informações
ao cérebro) como encefalinas, endorfinas,
serotoninas, noradrenalinas, dopaminas,
GABA, substância P, colecistoquininas,
somatostatinas. Outras substâncias também
são liberadas com a ativação dessas áreas,
como o ACTH (hormônio adrenocorticotrófico),
que estimula a liberação de cortisol na
glândula supra-renal. Na terapêutica, esses
neurotransmissores e neurohormônios são
responsáveis por reações no corpo humano,
como a diminuição da inflamação, amenização
das dores, sensação de bem-estar e prazer,
modulação do sistema imunológico, ação
antidepressiva leve, redução da ansiedade e
restauração das funções orgânicas.
Quando um idoso escolhe incluir um
tratamento naturológico como complemento
ao tratamento médico, psicológico, nutricional,
fisioterápico e de demais áreas, visando à
recuperação da saúde, é importante a
interdisciplinaridade e a comunicação entre os
profissionais para que o resultado seja
potencializado.
O Naturólogo aborda o idoso como foco
central da terapia, na sua singularidade e
multidimensionalidade e não na sua patologia.
Dois indivíduos com a mesma doença podem
receber tratamentos bem (muito) distintos.
Nessa perspectiva, a doença é abordada como
multifatorial. Esse novo profissional almeja,
juntamente com o envelhecente, restabelecer
o equilíbrio dinâmico nas mais diversas
dimensões: física, psicológica, mental, seus
hábitos e costumes, crenças pessoais, além de
suas relações com o ambiente e a sociedade.
Neste contexto, apesar de o sintoma não ser o
objetivo principal do tratamento naturológico,
ele será amenizado, trazendo maior conforto
para o idoso.
Com as ações já descritas anteriormente
sobre a estimulação das zonas neurorreativas,
juntamente com a abordagem
multidimensional, o Naturólogo auxilia o
envelhecente na recuperação da saúde em
muitas patologias comuns da faixa etária,
como artrite, osteoartrite, artrite reumatóide,
dores na coluna vertebral, asma, bronquite,
gripe, depressão, insônia, ansiedade, ciática,
fibromialgia, gastrite, úlcera gástrica,
enxaqueca, tontura, neuralgia do trigêmeo,
neuralgia, paralisia facial, reabilitação após
AVE (acidente vascular encefálico), diminuição
dos efeitos colaterais da quimio e radioterapia,
dentre outras disfunções, com isso
melhorando sua qualidade de vida.
A seguir, serão brevemente citadas
algumas das técnicas que o profissional de
naturologia utiliza. Vale lembrar que todas elas
têm o respaldo científico, com diversas
pesquisas em universidades de todo o mundo
demonstrando seus efeitos. Todavia, mais
pesquisas são necessárias para elucidar seus
mecanismos de ação, o que não descarta sua
aplicabilidade, uma vez que seus efeitos são
comprovados na prática clínica.
Primeiramente, as técnicas de uso
externo serão explanadas:
A Acupuntura é a técnica mais
pesquisada e conhecida. Consiste na inserção
de agulhas metálicas filiformes nos pontos
específicos da pele (zonas neurorreativas).
Quando aplicada corretamente, não acarreta
efeitos colaterais e nem reações adversas. Os
resultados aparecem logo nas primeiras
sessões e geralmente é indolor, ao contrário
do que muita gente pensa. Deve ser praticada
por profissional com especialização na área.
A Massoterapia consiste na manipulação
dos tecidos moles do corpo. A Reflexoterapia
tem seu efeito através de estímulos em áreas
reflexas específicas nos pés e nas mãos. A
Cromoterapia consiste no uso de freqüências
de ondas espectrais (cores) irradiadas em
zonas específicas da pele. A Geoterapia é a
utilização de argilas medicinais. A Hidroterapia
é a aplicação da água em diferentes
temperaturas, podendo ser termais
(Termalismo) e minerais (Crenoterapia). A
Aromaterapia é o uso terapêutico de óleos
essenciais extraídos de plantas medicinais. A
Fitoterapia é o emprego de plantas medicinais.
As diversas técnicas citadas podem ser
utilizadas sozinhas ou em conjunto, na forma
de banhos, duchas, emplastros, compressas e
cataplasmas.
As práticas de uso interno (oral ou
inalatória) serão citadas a seguir:
O Naturólogo pode orientar o idoso na
utilização interna de chás, tinturas e
fitoterápicos preparados a partir de espécies
constantes na Relação Nacional de Plantas
Medicinais, cuja eficácia é comprovada pela
ciência e/ou pela tradição. Essências Florais,
como os Florais de Bach, que são essências
extraídas de flores, que atuam nos estados
mentais e emocionais em desequilíbrio. Indicar
o uso interno de determinadas águas minerais
conforme sua composição química,
características físico-químicas relacionadas à
necessidade de cada idoso. Aromaterapia
consiste na inalação de óleos essenciais, que
são substâncias muito concentradas em
princípios químicos e extremamente voláteis.
As Práticas Integrativas e Complementares de
uso interno possuem ações farmacológicas
diferentes entre elas, e dentro de cada prática,
um remédio natural tem efeito bem distinto do
outro, e varia também de idoso para idoso.
No tratamento, o Naturólogo conta
ainda com a arte e a música como recursos
coadjuvantes e a Irisdiagnose (observação da
Íris, esclera e pupila) como instrumento de
avaliação.
As Práticas Integrativas e
Complementares auxiliam não somente na
recuperação da saúde, mas muitos idosos as
procuram como forma de manutenção da
mesma. Isso porque essas práticas atenuam o
estresse, induzem a sensação de relaxamento,
modulam o sistema imunológico e por
estimulam a eliminação de toxinas pelo
aumento da circulação linfática e sangüínea,
dentre outros efeitos.
Concluindo, o naturólogo atua na
promoção, recuperação e manutenção da
saúde visando à melhora da qualidade de vida
do idoso.

ORIENTAÇÕES GERAIS

* O naturólogo incentiva o idoso a seguir


uma dieta equilibrada, rica em alimentos
integrais orgânicos, orientada por um
nutricionista. Segundo Azevedo (2007), o
alimento integral orgânico é isento de
agrotóxicos, de adubos químicos sintéticos, de
irradiação e de sementes transgênicas. Se o
alimento for de origem animal, a criação não
pode receber hormônios, antibióticos e drogas
veterinárias e, quando industrializado, o
alimento não passa por processos de
refinamento (ou processos de retirada de
nutrientes como no caso do leite desnatado ou
da carne light).
O alimento orgânico contém uma
quantidade superior e mais equilibrada de
micronutrientes (vitaminas e minerais) e
fitoquímicos (compostos encontrados em
vegetais que têm efeito benéfico na saúde).
O consumo de alimentos orgânicos não
contribui para a poluição dos lençóis freáticos
e rios, empobrecimento e infertilidade do solo,
desequilíbrio do ecossistema, e auxilia na
preservação da biodiversidade. No âmbito
social, incentiva a agricultura familiar,
contribuindo para a permanência do agricultor
no campo, conseqüentemente diminuindo o
êxodo rural.
Como foi discorrido anteriormente, a
saúde ambiental e social interfere diretamente
na saúde humana.
* Ingestão de água conforme as
necessidades de cada idoso. O ato de beber
água é um hábito tão simples e ao mesmo
tempo muito negligenciado. O corpo humano
contém cerca de sessenta e cinco por cento de
água. Essa substância participa de reações
químicas que ocorrem no organismo humano
e possui inúmeras funções, como auxiliar a
eliminação de toxinas pela urina e pela
transpiração, transportar nutrientes para as
células. E também é responsável pela
regulação da temperatura e faz parte do
processo de respiração. Na sua falta o
processo natural de desintoxicação fica muito
prejudicado, contribuindo para uma piora da
saúde e da qualidade de vida.
A quantidade ideal de água a ser
ingerida por dia varia conforme as
características de cada idoso. Uma regra geral
pode ser aplicada: multiplica-se o peso do
idoso por trinta e cinco. O resultado é a
quantidade de água por dia, em mililitros (ml).
Como por exemplo, um idoso de 50 Kg; 50 X
35 = 1750 ml de água por dia, ou seja, 1,750
litro. A água deve ser tomada aos poucos, fora
do horário das refeições.
O tipo de água também é considerado.
A água potável filtrada, por exemplo, não é
recomendada por conter substâncias
prejudiciais como o cloro, sulfato de cobre e o
sulfato de alumínio, derivados do tratamento e
pode também conter inseticidas e outros
produtos químicos oriundos de regiões
agrícolas, ou apresentar ainda resíduos
industriais, chumbo, mercúrio, adubos
químicos, resíduos de precipitações
atmosféricas (BONTEMPO, 2004).
A água mais indicada para consumo
interno é a água mineral. O uso racional das
águas minerais com finalidades terapêuticas é
denominado Crenoterapia. A escolha da água
mineral é determinada pela sua composição
química e as características fisico-química
relacionadas às necessidades de cada idoso.
Por exemplo: Uma água mineral classificada
como carbo-gasosa é indicada para auxiliar
pessoas com hipertensão arterial, uma
ferruginosa é indicada nas anemias por
carência de ferro, nos casos de estresse e
neurastenia.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, E. Trofoterapia e nutracêutica:


dietas e orientações nutricionais com base nas
medicinas tradicional e complementar. Blumenau:
Nova Letra, 2007.

BONTEMPO, M. Guia médico da saúde natural.


Porto Alegre: TerraBrazil, 2004.

FLECK, M. P. A.; et al. Desenvolvimento da


versão em português do instrumento de
avaliação de qualidade de vida da OMS
(WHOQOL-100). Revista Brasileira de Psiquiatria
21(1):19-28. 1999.

JONAS, W. B.; LEVIN, J. S. Tratado de medicina


complementar e alternativa. São Paulo: 2001.

Política Nacional de Práticas Integrativas e


Complementares no SUS – PNPIC-SUS /
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Atenção Básica. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

THE WHOQOL GROUP. The World Health


Organization quality of life assessment
(WHOQOL): position paper from the World Health
Organization. Social Science and Medicine
10:1403-1409. 1995.

WHO (World Health Organization). Estrategia de


la OMS sobre medicina tradicional 2002-
2005. Genebra: WHO. 2002.

WHO (World Health Organization). Constitution


of the World Health Organization. Basic
Documents. Genebra: WHO. 1946.

WHO (World Health Organization). Health


Promotion: The Ottawa Charter. Genebra: WHO.
1986.
CAPÍTULO 5
DIABETES: Por uma Vida
Mais Doce
Por Denise Van de Meene

Dedicatória
O agradecimento é a memória do coração. Por
isso dedico este artigo às pessoas que sempre
estão ao meu lado: minha mãe Eliane com sua
doçura, meu pai Bernard sempre me
ajudando, meus avós eternos anjos, minha
mais doce amiga que sempre nos fascinou
com seu imenso sorriso e palavras de
incentivo Rosania Pereira Machado. E a todas
as pessoas doces desse mundo.

Denise Van de Meene, Enfermeira graduada


na Univali /Itajaí em 2003. Educadora em
Diabetes pelo CDC/Curitiba em 2000. Pós-
Graduada em Gerontologia pela FURB /
Fundação Fritz Muller-Blumenau em 2006. É
Voluntária na Associação dos Diabéticos do
Vale do Itajaí – Blumenau desde 1999. Sócia
fundadora do Instituto Brasileiro de
Gerontologia – 2007. Membro do Conselho do
Idoso em Gaspar - 2007 2ª Secretaria.
Enfermeira no Hospital de Gaspar e professora
do Curso Técnico de Enfermagem - CTS

DIABETES DO IDOSO

Esta doença é bastante freqüente na


população idosa, pouco diagnosticada e pouco
tratada nesta idade. A grande maioria dos
diabéticos tem mais de 45 anos, cerca de
7,6% da população, sendo que nos indivíduos
acima de 70 anos 29% são diabéticos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes
existem atualmente no Brasil em torno de
cinco milhões de diabéticos.
Muitos acreditam que o açúcar é o
causador do diabetes. É uma associação direta
porque é ele o marcador da doença no
sangue. Entretanto, não é por consumirem
mais açúcar que as pessoas tornam-se
diabéticas.
O aumento de incidência do diabetes no
envelhecimento se deve principalmente à
obesidade, à falta de atividade física, ao maior
consumo de carboidratos (massas, pães,
batatas) e ao uso de remédios como
corticóides.
O diabetes no idoso geralmente não têm
sintomas, sendo descoberto casualmente no
“check up” ou em exames para investigação
de outras doenças. Doenças estas, muitas
vezes decorrentes de um diabetes já existente
há muito, sem ter os sintomas considerados.
Os sintomas, quando aparecem, são o
aumento da sede (polidipsia), aumento da
fome (polifagia) excesso de urina (poliúria),
cansaço, fraqueza e perda de peso, confusão
mental aguda, incontinência urinária, infecções
freqüentes, dificuldade de cicatrização de
feridas, dores nas mãos e pernas com
formigamento e/ou dormência e diminuição da
visão. Estes sintomas são muitas vezes
atribuídos como situações próprias da idade
avançada e então relegados.
Viver com aumento de glicose (açúcar)
no sangue não é fácil – porém é preciso
conviver, tendo em vista uma melhor
qualidade de vida. Depois do primeiro impacto
- "você é diabético", vem a curiosidade sobre
o que é esta doença, como surge e porque
surge em certas pessoas.
Segundo Benchimol (2006), ”Todas as
informações que o paciente recebe sobre o
diabetes devem funcionar não apenas como
aprendizado téorico para lidar com a doença,
mas também como base para uma mudança
de comportamento,em que o despertar da
inteligencia emocional desempenha um papel
crucial. É com ela que o paciente vai descobrir
as melhores saídas para sua vida e conseguir
sustentá-las”.
O que é Diabetes

É comum os pacientes levarem mais de


cinco anos para descobrirem que estão com a
doença, o que pode comprometer outros
órgãos. Acredita-se que metade dos pacientes
com diabetes tipo 2 não sabem da existência
da doença.
Isso ocorre, segundo Caifa, porque a
glicose aumenta muito lentamente,
provocando a secura na boca, a maior
necessidade de urinar, de beber água e de
comer. Entretanto, estes sintomas passam
despercebidos. Dos pacientes que têm o
diagnóstico, a metade de acordo com o
próprio Caifa, não faz o tratamento adequado.
Como a pessoa não sofre com dores, não
passa mal, minimiza os riscos da doença e
muitos fazem a negação da mesma. Enfim, o
paciente descobre ter uma doença crônica,
que vai obrigá-lo a mudar o estilo de vida e a
alimentação, além de trazer uma série de
ameaças à saúde, afirma o mesmo autor.
A doença surge quando o pâncreas deixa
de produzir insulina (diabetes tipo 1) ou pela
incapacidade das células (musculares e
adiposas) em aproveitar a insulina produzida
(diabetes tipo 2). Em ambos os casos, o nível
de glicose fica sempre alto no sangue
(glicemia acima de 126mh/dl), este açúcar não
penetra nas células, pela redução ou
insatisfatório aproveitamento da insulina.
Neste caso, as células passam fome, sem o
necessário aporte de energia para seu
funcionamento. No diabetes tipo 1, crianças e
jovens, não se sabe a causa da destruição das
céIulas beta, produtoras de insulina no
pâncreas (ilhotas de Langerhans), mas é crível
que o mecanismo seja auto-imune.
Já no tipo 2 é desconhecido o porquê da
ação reduzida da insulina (resistência
insulínica), o provável é que exista um
componente genético relacionado à obesidade.
O diabetes mellitus é um distúrbio no
metabolismo do açúcar, no qual a glicose
sempre alta no sangue passa à urina sem ser
usada como nutriente pelo organismo.
Para funcionar, as células do corpo
necessitam de energia e calor, obtidos através
da conversão dos alimentos. Tais alimentos
são constituídos de três nutrientes principais:
 Carboidratos: cuja
transformação libera glicose
(açúcar) no sangue;
 Proteínas: fornecem
aminoácidos;
 Gorduras: se degradam em
ácidos graxos.
A energia pode ser retirada destas três
categorias de alimentos, porém os
carboidratos são mais importantes pela
rapidez e facilidade de conversão. A gIicose
fica armazenada no fígado, que libera o açúcar
para o sangue nos intervalos das refeições ou
quando o organismo precisa de energia,
mantendo sempre uma taxa constante em
torno de 70 a 110 mg/dL.
A glicose, para penetrar na célula,
precisa de ajuda da insulina que é uma
substância fabricada pelo pâncreas. Quando o
nível de açúcar aumenta no sangue após uma
refeição, a quantidade de insulina também
aumenta, para que o excesso de glicose seja
rapidamente retirado da circulação, voltando
ao nível normal. O estoque de insulina é
constantemente renovado pelo pâncreas, pois
a mesma depois de utilizada sofre degradação,
sendo eliminada.

Ter diabetes e superar a doença, ou seja,


manter a qualidade de vida apesar das
limitações, obrigatoriamente farão com que o
indivíduo se conheça melhor, que tenha mais
domínio sobre si, que se torne mais forte. Com
isso, terá constituído uma base muito sólida
em sua vida, que nada nem ninguém
conseguirá tirar. BENCHIMOL 2006p. 47

Tipos de Diabetes

Diabetes tipo 1 – Manifesta-se na


criança, no adolescente ou no adulto jovem,
geralmente antes dos 20 anos, porém existem
algumas exceções. O diabetes tipo 1
representa cerca de 10% dos casos, os
sintomas aparecem de forma radical e de fácil
identificação, a pessoa perde peso
rapidamente, tem muita fome, apresenta um
processo urinário intenso e por conseqüência
toma muito líquido, tem muito cansaço, pode
apresentar visão turva e irritação na pele. A
causa nem sempre está ligada à herança
familiar. As teorias mais evidentes é que o
próprio organismo produz algum anticorpo que
mata as células beta do pâncreas,
responsáveis pela produção de insulina,
obrigando o uso desta artificialmente,
injetável, aplicada de uma a três vezes por dia
em locais pré-estabelecidos.

Diabetes tipo 2 – Manifesta-se no


adulto, geralmente com mais de 40 anos, tem
ligação direta com predisposição genética,
obesidade e sedentarismo. Os sintomas, na
maioria das vezes, são difíceis de identificar e
a pessoa acaba convivendo por longos
períodos sem se revelar. Os indícios são
confundidos com outros problemas.
O diabetes é uma doença degenerativa e
muitas vezes só diagnosticada quando se
manifestam as complicações decorrentes já
instaladas, por isso a importância da
realização de exames anuais em pessoas dos
grupos de risco.
Cerca de 90 % dos diabéticos são do tipo
2 e quase a metade não sabe ter a doença. No
diabetes tipo 2 o pâncreas ainda produz
insulina, mas em quantidade ou qualidade
insuficiente para atender as necessidades do
corpo.

Como tratar o Diabético

Diabetes tipo 1 - Aplicar insulina


conforme orientação médica, eliminar a
ingestão de açúcar, seguir o plano de
alimentação determinado pelo médico ou
nutricionista, praticar exercícios físicos
regularmente, aprender tudo sobre o diabetes:
sintomas de alterações e como cuidar, além de
participar dos grupos de apoio ou associações
que pode ajudar a conviver e aceitar a
doença. Durante o tratamento, a critério do
médico, outros medicamentos poderão ser
acrescentados, porém nenhum deles substitui
a insulina.

Diabetes tipo 2 - Em alguns casos,


ingestão de comprimidos conforme orientação
médica ou depois de alguns anos de diabetes
a insulina poderá ser prescrita pelo médico.
Eliminar a ingestão de açúcar, seguir o plano
de alimentação prescrito pelo médico ou
nutricionista, praticar exercícios físicos
regularmente, aprender tudo sobre diabetes,
sintomas das alterações e como cuidar.
Participar de grupos de apoio ou associações
pode ajudar a aceitar e conviver com a
doença.

IMPORTANTE: O único medicamento


que consegue reduzir a glicose no sangue é a
insulina. Os medicamentos via oral agem no
pâncreas para produzirem mais insulina ou
inibir a absorção de glicose pelo organismo.
Nenhum tratamento alternativo com chás,
simpatias, crenças, curam ou melhoram o
diabetes, que é uma doença incurável, mas
tem tratamento, só depende do diabético
assumir a doença como uma nova forma de
viver.

Tratamento no Idoso

O tratamento do diabetes no idoso em


geral é feito com planejamento alimentar,
atividade física e às vezes, com o uso de
medicamentos que diminuem os níveis de
glicose no sangue, desde que o idoso ainda
produza alguma insulina. Mas é
importantíssimo que os medicamentos sejam
manipulados com inteligência, e não apenas
para postergar uma necessária entrada da
insulina no tratamento, o que situa o paciente
num grupo de alta probabilidade de ter
complicações graves. (Benchimol-2006)
Medicamentos modernos atuam para
aumentar a sensibilidade das células à insulina
e para retardar a absorção intestinal dos
açúcares. Nos casos de controle difícil deve-se
usar a Insulina. O planejamento alimentar se
faz necessário sempre.
Novos medicamentos com ação inibidora
ou aceleradora da produção de hormônios que
influenciam a produção de insulina endógena
estão em fase final de testes e, em breve,
devem estar disponíveis no mercado brasileiro.
Também novos tipos de insulina e métodos de
aplicação já estão disponíveis, melhorando
consideravelmente a qualidade de vida do
diabético.
O descontrole do diabetes pode ocorrer
em qualquer tipo de infecção, durante
eventuais cirurgias, e quando utilizado certos
medicamentos, como por exemplo: beta-
bloquadores, certos diuréticos, cortisona e
barbitúricos. O álcool, quando consumido sem
moderação, é freqüente causador de
descontrole. Este produz a Acidose que se
manifesta através de sonolência e pode evoluir
para o estado de coma.
O controle do diabetes está na
dependência de importantes mudanças de
hábitos alimentares, atividade física e no
controle dos níveis glicemicos, principalmente.
É muito importante seguir à risca a orientação
médica. A prevenção é feita principalmente em
pessoas com antecedentes familiares, quando
o controle de peso é fundamental.

Insulina

A insulina é uma medicação fantástica, é


própria do organismo, não faz mal, é natural,
e semelhante à que o pâncreas produz. Não
tem efeito colateral ou cumulativo e não perde
o efeito com o uso. Não ataca o fígado, os
rins, o sangue e não provoca gastrite.
Insulina é o hormônio responsável pela
redução da glicemia (taxa de glicose no
sangue), ao promover o ingresso de glicose
nas células. Ela também é essencial no
consumo de carboidratos, na síntese de
proteínas e no armazenamento de lipídios
(gorduras). É produzida nas ilhotas de
Langerhans, células do pâncreas endócrino.
Age em grande parte das células do
organismo, como as presentes em músculos e
no tecido adiposo, apesar de não agir em
células particulares como as nervosas.
Quando a produção de insulina é
deficiente, a glicose não consegue adentrar as
células para produzir energia, acumula-se no
sangue e na urina: é a diabetes mellitus. Para
pacientes nesta condição, a Insulina é provida
através de injeções, canetas de aplicação ou
bombas de Insulina. Recentemente foi
aprovado o uso de Insulina inalada. Porém,
ainda há controvérsias acerca do uso do
produto. A Agência de Saúde Britânica não
recomenda seu uso.

Planejamento Alimentar

Basicamente a dieta do diabético é o


consumo de alimentos saudáveis recomenda
para todos: Moderação nos carboidratos
(massa, pão, batata, arroz), moderação nas
proteínas (carne vermelha, queijo, embutidos),
reduzida em gorduras (nata, manteiga,
banha), rica em vegetais, restrição de
consumo de algumas frutas e recomendação
de consumo de cereais integrais ricos em
fibras. Ao diabético está proibido o consumo
de açúcar (sacarose) bem como de alimentos
que contenham açúcar em sua formulação
(bolos, refrigerantes, sorvetes, biscoitos e
bolachas). Não se iludam, mel de abelha,
caldo de cana, açúcar invertido, açúcar
mascavo, mesmo sendo produtos naturais, são
igualmente proibidos.
Isto não significa que o diabético não
possa comer doces, estão disponíves no
mercado inúmeros alimentos dietéticos ou sem
adição de açúcar, feitos com adoçantes de
última geração e com sabor igual aos feitos
com açúcar, porém muito mais saudáveis.
Existem sorvetes, chocolates, achocolatados,
geléias, doce de leite, cocada, pé-de-moleque,
compotas de frutas, gelatinas, iogurtes, leite
condensado, enfim quase tudo que existe com
açúcar pode ser substituído, sem esquecer os
refrigerantes diet.

Atividade Física

Um programa de exercícios desenvolvivo


cuidadosamente beneficia, e muito, o idoso
diabético. A intensidade da atividade física
deve ser conforme a resistência. Os exercícios
são extremamente importantes no tratamento
do diabetes devido a seus efeitos na
diminuição da glicose sangüínea e na redução
dos fatores de risco cardiovascular.
Deve-se optar por calçados
cômodos,roupas confortáveis, sempre realizar
exercícios sob a orientação médica e de um
educador físico competente para que possa
ser incorporada a atividade física de acordo
com o estilo de vida. Devido à alta incidência
da doença arterial coronariana, clinicamente
silenciosa entre diabéticos, esses pacientes
devem ser submetidos a teste ergométrico e
uma avaliação cardiológica previamente ao
início do programa de atividade física.
O esporte, ou uma atividade física
regular, revela ao diabético suas limitações e
com isso estimula a percepção de sua própria
capacidade, além de proporcionar autonomia e
disciplina, diminui a mortalidade e melhora a
qualidade de vida.

Monitorização da Glicose Sangünea

A auto monitorização glicêmica, é a


prática do paciente diabético medir
regularmente a própria glicemia através de
fitas e/ou aparelhos de uso doméstico, é uma
oportunidade para assumir o controle da
própria saúde. Medir freqüentemente a
glicemia é uma das melhores maneiras de
determinar se o tratamento para o diabetes
está sendo efetivo, isto é, se a glicemia está
sendo mantida o mais próximo do normal
possível, possibilitando a redução das
complicações a longo prazo.
O diabético pode monitorar sua própria
glicemia. Existem diversos tipos de aparelhos
(glicosímetros) que fazem a medição da
glicemia, gerada com amostras de sangue
retiradas da ponta dos dedos. Os resultados
devem ser anotados e levados para o médico
avaliar.

Complicações causadas pelo


Diabetes

Segundo Moraes, o diabetes por ser uma


doença degenerativa quando não
diagnosticada ou não tratada adequadamente,
leva o portador a sérias complicações, das
quais destacamos:

Perda de visão - É a segunda causa de


cegueira no mundo por doenças não tratadas.

Insuficiência renal - Cerca de 40% das


pessoas que fazem diálise ou hemodiálise, são
diabéticos que não sabiam ou não se
cuidaram.

Amputações de dedos pés e pernas -


É uma das principais causas de amputações
devido à falta de circulação, ferimentos não
tratados e gangrena.

Problemas cardíacos - Por provocar


arteriosclerose (entupimento de veias), causa
hipertensão, aumenta o colesterol e por
conseqüência os problemas cardíacos. O fumo
é um grande inimigo do diabético, agravando
ainda mais os problemas cardíacos.

Hipoglicemia é uma complicação


importante e relativamente habitual do
diabetes e tem relação com o excesso de
exercícios físicos, infecções, e a ausência das
refeições durante o dia. É a queda dos níveis
de glicose no sangue. Leva a intenso mal
estar, com sudorese, queda da pressão arterial
e sonolência. Pode ocorrer crise convulsiva e
inconsciência.
No idoso, deve se destacar o descontrole
no tratamento do diabetes que pode levar à
hipoglicemia. É recomendável não manter a
glicemia muito baixa em idosos diabéticos.
Procurar manter a glicemia em torno de
120/140 mg tornarão os episódios de
hipoglicemia menos freqüentes.
Os sintomas da hipoglicemia são fome
súbita, fadiga, tremores, tontura, aumento dos
batimentos cardíacos, suores, pele fria, úmida
e pálida, visão turva, dor de cabeça,
dormência nos lábios e língua, desorientação
até coma. Se notar um ou mais destes
sintomas, tome um copo de água com 1 colher
de chá de açúcar ou suco de frutas, se em 15
minutos os sintomas não sumirem, repita o
procedimento.

Hiperglicemia é o aumento da glicose


(açúcar) no sangue. O primeiro sinal de
hiperglicemia: a poliúria, que é excesso de
urina. Ao urinar demais a pessoa vai eliminar
glicose e muita água, apresentando sede
excessiva, um outro sinal clássico conhecido
por polidipsia.
Apesar da glicose no sangue estar
elevada, ocorre ao mesmo tempo a redução
da glicose no cérebro, o que provoca muita
fome (polifagia), pois o organismo acha que
não está alimentado. Além destes sintomas
bastante conhecidos, existem outros: dores,
dormência e formigamento nas pernas, visão
turva e embaçada e coceira na região genital.
As complicações causadas pelo diabetes
causam perda gradual da qualidade de vida,
muito sofrimento, dificuldades para a família,
tiram o individuo do mercado de trabalho,
aumenta o número de dependentes do INSS,
aumenta o atendimento nos órgãos de saúde
pública, aumenta o consumo de
medicamentos e o custo para os Serviços de
Saúde.
O diagnóstico precoce, o inicio do
tratamento e o atendimento adequado do
diabético, com a formação de equipes
multidisciplinares de saúde, consultas
periódicas, fornecimento da medicação correta
e constante, dará a ele uma grande chance de
evitar as complicações e ter qualidade de vida.
Para os órgãos de saúde, indica uma
significativa redução de custo.

Cuidado com os Pés

Um dos problemas mais temidos pelos


diabéticos são os problemas com pernas ou
pés. Porém, se observados diariamente e
seguidas algumas regras se evitará muitas
complicações.
Um das áreas mais críticas na educação
dos pacientes quanto aos cuidados com os pés
é o uso de sapatos adequados, porque os
sapatos podem ser um perigo para os pés
diabéticos de forma geral, pior ainda para os
pés que já perderam a sensibilidade. Os
sapatos adequados são os maiores aliados dos
diabéticos na prevenção de problemas nos
pés.
 Observe seus pés diariamente e
verifique se os mesmos não
estão em atrito com os sapatos,
pois isso evita a formação de
bolhas, calosidades ou outras
lesões;
 Realize a higiene dos pés
diariamente com sabonete
neutro e água morna, secando-
os bem principalmente entre os
dedos e em seguida passe um
creme ou óleo hidratante,
porém não entre os dedos;
 Apare sempre as unhas com
corte reto, após use a lixa para
eliminar pontos salientes;
 Evite cortar os cantos das
unhas, pois isso evita que
encravem, de preferência
procure um podologo;
 Dê preferência à meias de
algodão;
 Compre sapatos sempre no
período da tarde ou noite, já
que neste horário nossos pés
ficam ligeiramente inchados.
Além dos cuidados acima, o seu médico
deve fazer uma avaliação de seus pés a cada
consulta.
O mais importante é que os diabéticos
estejam convencidos que os cuidados
regulares com os pés vão reduzir, e muito, a
possibilidade de eles virem a apresentar
ulcerações e outros males que podem até
levar à amputação.

Gripe e Diabetes em Idosos

Se você tem diabetes e mais de 60 anos,


a melhor forma de evitar uma gripe indesejada
é manter o controle da glicemia e tomar a
vacina. Para a geriatra Valéria Teresa Saraiva
Lino, da Fundação Oswaldo Cruz (RJ), o
diabetes torna o organismo mais vulnerável às
infecções e, por isto, a melhor forma de evitar
a gripe é a vacinação. Ela diminui as
internações por doença como insuficiência
cardíaca, freqüente em pessoas com diabetes.
Na estação mais fria do ano há uma
sobrecarga do aparelho respiratório, pelo
trabalho extra de aquecer o ar antes deste
entrar nos pulmões. Segundo o
endocrinologista Antônio Carlos Lerário,
secretário-geral da SBD, as pessoas mais
vulneráveis são os idosos, as crianças e
pessoas com diabetes sem bom controle.
“O risco em pacientes com diabetes é
maior quando eles estão descompensados, ou
seja, quando a glicemia está elevada. Nesses
casos, a gripe passa a ser um problema
adicional, porque o quadro infeccioso, além de
ser mais complicado, afeta o controle da
doença”, disse o Dr. Antônio Lerário. (fonte
site SBD Sociedade Brasileira de Diabetes-
2006).

Dica de saúde

O grande compromisso é fazer todos os


dias aquilo que no fundo sabemos que
devemos fazer. Tudo aquilo que
prometeríamos fazer diante de Deus, caso ele
nos chamasse hoje e cedesse ao nosso pedido
de mais uma oportunidade na Terra: viver de
forma integrada com a natureza, respeitando
mais o nosso organismo e procurando com
mais empenho a paz e a felicidade.
O diabético informado é uma pessoa que
vê na sua patologia um conjunto de fatos e
fatores interligados, reconhecíveis e
domináveis pelas medidas de controle e
terapêutica por ele mesmo executadas, o que
faz com que ele se considere auto-suficiente. É
um cidadão consciente e responsável,
determinado a ser um elemento útil à
comunidade onde vive, tanto no seio familiar,
como na escola, no trabalho ou em qualquer
grupo em que esteja integrado.

REFERÊNCIAS

BELCHIMOL, D., SEIXAS,L. Diabetes:Tudo que


você precisa saber. 2ª ed. Rio de Janeiro: Best
Seller, 2006.

BRASIL.Ministério da Saúde. Fundação Nacional de


saúde. Centro Nacional de Epidemiologia –CENEPI
– informe Epidemiológico do SUS Estudo
multicêntrico sobre a prevalência dos diabestes
mellitus no Brasil -2006.
3. David K McCulloch. Patient Information: Home
glucose monitoring. UpToDate, 2005. Fonte:
American Diabetes Association – www.diabetes.org
4. DAVIDSON,M.Diabetes Mellitus. Rio de
Janeiro:Revinter:2001.
5. SMELTER,SC,BARE BG.Tratado de
Enfermagem Médico- Cirúrgica,Rio de
Janeiro;Guanabara Koogan,volume 3 pg876-
878,2000.
6. SOCIEDADE BRASILEIRA DE
DIABETES.Consenso brasileiro de conceitos e
condutas para diabéticos
mellitus:Recomendações da Sociedade
Brasileira de Diabetes para práticas
clinicas,disponível no site www.sbd.og acessado
em 18 de junho de 2007.
CAPÍTULO 6
ODONTOGERIATRIA:
Novas perspectivas para
a saúde bucal do idoso
Por Gustavo Branco Haertel e Ana
Carolina Sarti

Gustavo Branco Haertel é graduado em


Odontologia pela Universidade Federal de
Santa Catarina (1999), pós-graduado em
Periodontia pela EAP/SC e Cirurgia Oral Menor
pela Thum/SC, especialista em Saúde da
Família pela Furb/SC e mestrando em
Periodontia pela SLMandic/Campinas. Atua
como coordenador e cirurgião-dentista da
Clínica Odontológica do Sesc de Blumenau e
em consultório privado.
Ana Carolina Sarti é graduada em
Odontologia pela Universidade do Oeste
Paulista (2000), pós-graduada em Dentística
pela APCD/SP, Prótese associada à Periodontia
pelo CPO/SP, Estética pela Thum/SC e Cirurgia
Oral Menor pela Thum/SC, e especializanda
em Dentística pela ABCD/SC. Atua como
cirurgiã-dentista na Clínica Odontológica do
Sesc de Blumenau.

Introdução

O ideal seria a manutenção dos dentes


naturais saudáveis e funcionais por toda a
vida, pois estes são fundamentais para a
mastigação, para a fala e para a estética,
contribuindo para o bem estar e a qualidade
de vida.
O fato de a saúde bucal ter sido sempre
colocada em segundo plano pelas políticas
governamentais levou ao surgimento de uma
geração de desdentados, onde mais de 60%
dos idosos não apresentam nenhum dente na
boca. Isto também é reflexo de uma
odontologia mutiladora que considerava,
muitas vezes, as extrações de dentes e
colocação de dentaduras como uma ótima
opção de tratamento e não como último
recurso disponível.
Estão equivocados aqueles que
acreditam que todos os idosos terão que, mais
cedo ou mais tarde, utilizar as dentaduras,
como se este fato fosse algo natural e normal
do envelhecimento das pessoas.
Houve um aumento significativo do
conhecimento acerca das maneiras disponíveis
para conservar os dentes saudáveis e uma
facilitação incrível do acesso aos serviços
odontológicos, que dispõem de uma enorme
variedade de tratamentos disponíveis para
prevenção de problemas, manutenção da
saúde bucal e, quando necessário,
recuperação dos dentes perdidos.

Perdi meus dentes! E agora?

Hoje em dia não existem impedimentos


para a realização de qualquer tratamento
odontológico no paciente idoso saudável,
inclusive a colocação de implantes dentais
pode ser realizada com segurança. Pacientes
com saúde debilitada e/ou fazendo uso de
alguns tipos de medicamentos podem não
estarem aptos à realização de alguns tipos de
procedimentos mais complexos. Mas mesmo
nestas situações, a partir de um
acompanhamento médico visando a
adequação da dose ou substituição dos
medicamentos utilizados, torna-se possível
uma melhora do quadro de saúde do paciente
e a execução da melhor opção de tratamento
para este caso.
Existem atualmente diversas alternativas
de tratamento visando à manutenção
funcional e estética do meio bucal, como por
exemplo, restaurações diretas e indiretas
(amálgama, resina, porcelana, metal,
etc),próteses fixas (pivots, coroas, pontes
fixas), próteses removíveis (ponte móvel,
dentadura, perereca), overdentures
(dentadura apoiada sobre implantes ou dentes
isolados), e os implantes dentais.
Nos últimos anos, os implantes dentais
obtiveram grande destaque. As próteses
implanto-suportadas, além de melhorarem a
estética e a função, podem prevenir a perda
de auto-estima e combater o isolamento
social, causados pela ausência de dentes ou
pelo fato destes estarem em péssimas
condições, não permitindo ao indivíduo
desfrutar de um envelhecimento com boa
qualidade de vida física, social e psicológica.
Os implantes dentais funcionam como “pinos”
fixados dentro do osso, e são capazes de
substituir os dentes perdidos. O material
desses implantes é o titânio, metal que é
biocompatível não causando nenhum dano a
cavidade bucal.

Uso prótese! Preciso ir ao dentista?

Ao contrário do que muitos imaginam, as


próteses dentais não podem ser consideradas
como sendo trabalhos eternos. Com o passar
dos anos ocorre a reabsorção óssea dos
rebordos (osso sob a base da prótese) que
leva à desadaptação das próteses.
Deve-se consultar regularmente um
cirurgião-dentista para que este profissional
verifique a adaptação das próteses utilizadas
e, caso seja necessário, faça um
reembasamento das mesmas, ou até mesmo a
confecção de novas próteses. O
reembasamento é um procedimento que visa
melhorar a adaptação das próteses. O
reembasamento deve ser freqüente, a cada
dois anos em média, para evitar o surgimento
de feridas provocadas pelas próteses
desadaptadas.
A ausência parcial ou total de dentes e a
utilização de próteses antigas e mal adaptadas
leva a uma redução na capacidade
mastigatória, pois o idoso passa a evitar
alimentos consistentes e fibrosos, deixando de
ingerir nutrientes essenciais para a boa
qualidade da sua dieta.

Como cuidar da minha boca?

A higiene bucal é primordial para o


sucesso do tratamento realizado. Qualquer
tipo de tratamento no paciente idoso deve
levar em consideração a real capacidade física
deste, ou de seu grupo de apoio, em manter
uma ótima limpeza no local. Os idosos, em sua
maioria, têm maior dificuldade em realizar
uma adequada limpeza da cavidade bucal e
possuem próteses e restaurações extensas
que por si só já dificultam este procedimento.
Também apresentam, em um grande número
de casos, uma menor produção de saliva
(xerostomia) que pode estar relacionada à
idade, a falta de vitamina A, a danos as
glândulas que produzem saliva e ao uso de
alguns tipos de medicamentos. Esta condição
prejudica o processo de autolimpeza e dificulta
a adaptação às novas próteses, além de
aumentar a possibilidade de ocorrência de
cáries na superfície das raízes. Os pacientes
idosos devem ser estimulados a ingerirem
alimentos com elevado poder nutritivo e que
não induzam a doença cárie e não grudem na
superfície dos dentes e próteses, enquanto
alimentos que tenham essas características
associadas a menor poder nutritivo devem ser
descartados da dieta.

Escova dental
A escova dental pode remover até 60%
dos restos alimentares acumulados após uma
refeição normal. Escovas macias devem ser
sempre as escolhidas pelo fato de
apresentarem o mesmo poder de limpeza das
demais aliado ao fato de desgastarem menos
a superfície dental e agredirem menos a
gengiva. A troca de escovas no momento
adequado é fundamental para que se possa
manter um adequado poder de limpeza. Uma
média de dois meses pode ser usada como
recomendável para a troca. Pacientes que
apresentem algum grau de deficiência motora
podem utilizar escovas elétricas, em especial
os modelos atuais, que facilitam muito a
higiene nestes casos.

Fio-dental
O fio-dental é o meio mais eficiente para
limpeza entre os dentes, visto que mesmo a
mais eficiente das escovações jamais
conseguirá higienizar estes locais.
Os idosos que apresentarem dificuldades
para usar o fio-dental podem utilizar um
dispositivo chamado de suporte para fio-
dental. Existem diversos modelos disponíveis
no mercado que facilitam a realização da
higiene entre os dentes.

Limpador de língua
Os idosos devem incluir na rotina de
cuidados bucais mais um aliado, o limpador
lingual, comercializado em drogarias de todo o
país. Este instrumento deve ser utilizado
depois da escovação e do uso do fio dental, ao
final de cada dia.
Como característica de um
envelhecimento normal há uma diminuição
dos botões gustativos (que ficam na língua) e
que são responsáveis pela percepção dos
sabores. Quando estas papilas estão tampadas
pela saburra, uma crosta amarelada que fica
sobre a superfície lingual, resultante de restos
alimentares e células mortas, a percepção do
gosto dos alimentos fica ainda mais diminuída.
Preciso limpar minhas próteses?
A limpeza da gengiva sob as dentaduras
e próteses removíveis é fundamental, pois ali
se depositam restos alimentares muito
prejudiciais as mesmas e que, além deste fato,
provocam mau-hálito, formam tártaro e
mancham as próteses. As próteses devem ser
removidas após a ingestão de alimentos para
que se possa realizar uma adequada limpeza
das mesmas e das gengivas.
É interessante ressaltar que no caso das
dentaduras e próteses removíveis a limpeza
deve abranger toda a superfície destes
aparelhos, e não somente os dentes. Não se
devem utilizar produtos auxiliares de limpeza
(pastas de dentes mais abrasivas, vinagre,
sabão, bicarbonato, etc.) para higienizar estes
tipos de próteses, pois a maioria das resinas
que compõem as bases e selas destes
aparelhos é atacada por estes materiais,
gerando perda do polimento e alterando a
superfície de maneira a favorecer o depósito
de alimentos e bactérias, que por fim criam
áreas de irritação na gengiva em contato com
estas próteses. A limpeza deve ser realizada
após cada alimentação utilizando-se apenas
escova, creme dental e água, devendo
abranger todas as superfícies da prótese.
Existem no mercado diversos produtos para
imersão noturna das próteses depois de
devidamente higienizadas. Estes produtos, que
são vendidos na forma de líquidos e pastilhas
efervescentes, são utilizados como auxiliares
do processo de limpeza. Quando a limpeza
diária é realizada adequadamente estes
produtos devem ser utilizados semanalmente
ou quinzenalmente, no máximo.
As próteses que são fixas devem ser
higienizadas como os dentes naturais, com
exceção daquelas que repõem dentes
perdidos, como é o caso das chamadas pontes
fixas. Estas devem ser higienizadas através do
uso de dispositivos especiais como as escovas
interproximais e/ou interdentais associadas ou
não ao uso do fio-dental. O fio-dental para ser
utilizado nestes casos precisa ser encaixado
em um dispositivo chamado passa-fio, que
nada mais é do que uma agulha plástica que
facilita a passagem do fio dental sob a ponte
fixa. A correta higienização destes aparatos
está relacionada não somente com saúde
bucal do indivíduo como com a durabilidade
do trabalho protético.

Devo tirar minhas próteses para


dormir?
Existem controvérsias sobre o “descanso”
noturno dos tecidos pela remoção das
próteses ao dormir. Diversos autores que
estudam o fenômeno da reabsorção óssea
afirmam que esta é inevitável em indivíduos
que perderam seus dentes e passaram a ser
usuários de dentaduras e/ou próteses
removíveis. Eles afirmam que entre os
usuários destes tipos de próteses, os que
removem as próteses para dormir apresentam
menor quantidade de reabsorção óssea e
menor quantidade de lesões nas gengivas em
comparação com os indivíduos que não as
removem. Vale ressaltar que quanto maior a
reabsorção óssea maior será a dificuldade para
retenção das futuras próteses. Logo, a
remoção noturna das próteses deve ser
estimulada e realizada diariamente. A
colocação de implantes dentais é a única
maneira de se evitar este fenômeno de
reabsorção óssea.

Auxiliares de limpeza
Existem muitos acessórios, além da
escova, do fio-dental e do limpador lingual,
criados para auxiliar na higiene bucal. Mas há
consenso de que somente em casos
específicos estes devem ser utilizados. Nem
todos os idosos necessitam utilizar, por
exemplo, escovas interproximais,
enxaguatórios bucais, jatos de água, escovas
elétricas, etc. A utilização de vários métodos
de higiene acaba por levar à criação de
mecanismos de “compensação”, como por
exemplo, “hoje não vou usar o fio-dental, pois
já utilizei o jato de água”, “hoje não vou
escovar, pois farei um forte bochecho”, etc.
Estes outros dispositivos devem ser utilizados
em situações específicas, para regiões
específicas e sempre sob orientação
profissional. O fundamental é a utilização
adequada daquilo que é realmente necessário
para execução de uma ótima higiene bucal, ou
seja, a utilização do mínimo possível de meios
para que seja alcançado o máximo possível de
eficiência.
Na presença de um espaço maior entre
os dentes, a escova interproximal é mais
eficiente que o fio-dental, desde que
corretamente utilizada. Ela também pode ser
utilizada para higienização da área situada
embaixo das pontes fixas, entre estas e a
gengiva, desde que haja espaço para tal. Caso
o espaço seja muito reduzido pode-se utilizar
o fio-dental associado ao passa-fio.
Existe no mercado uma enorme
variedade de produtos para bochecho. É
preciso deixar muito claro que estes produtos,
quando recomendados por um profissional,
devem ser utilizados como auxiliares da
higiene “mecânica” realizada pela escova, fio-
dental e limpador lingual e nunca como o
único meio para higiene bucal.

Conclusão
Não existem motivos para desanimar. Se
os dentes ainda estão presentes, vamos cuidar
para que sejam mantidos saudáveis, através
da realização de uma ótima higiene bucal e de
visitas regulares ao cirurgião-dentista. Se
dentes já não estiverem mais presentes a
procura por um profissional é fundamental
para a escolha da melhor opção de tratamento
visando a recuperação do que foi perdido.
Com todos esses cuidados é possível
aproveitar a melhor idade de maneira
saudável, com qualidade de vida e sempre
sorrindo!!!

Referências

1.ERICKSON, L. Oral health promotion and


prevention for older adults, Dent. Clin. North. Am.
V. 41, n.4, pp. 727-747, Oct. 1977.
2.MONFRIN, R. C. P.; RIBEIRO, M. C. Avaliação de
anti-sépticos bucais sobre a microbiota da saliva.
Rev. Assoc. Paul. Cirurg. Dent. V.54, n.5, pp. 400-
407, Set-Out 2000.
3.MONTENEGRO, F. L. B. Revisão e análise das
técnicas utilizadas na avaliação da reabsorção
óssea em próteses parciais removíveis. Dissertação
Mestrado, F. O. Univers. De São Paulo, 1989, 52 p.
4.OLIVEIRA, S. M.; DORFER, C.; STAEHLE, H. J.
Escovas interdentais: aspectos morfológicos de
interesse clínico, Rev. Assoc. Paul. Cirurg. Dent.
V.51, n.2, pp. 143-149 Mar-Abr 1997.
5.SESMA, N.; TAKADA, K. S.; LAGANÁ, D. C.;
JAEGER, R. G.; AZAMBUJA, N. Eficiência dos
métodos caseiros de higiene e limpeza das
próteses parciais removíveis, Rev. Assoc. Paul.
Cirurg. Dent. v. 53, n.6, pp.464-468, Nov-Dez
1999.
6.ZANATTO, A. R. L. A eficácia do fio dental e da
escova interdentária no controle da placa
bacteriana interproximal subgengival. Dissertação
Mestrado, Univ. Camilo Castelo Branco, 1995, 50
p.
CAPÍTULO 7

NECESSIDADE DE
PROJETOS CULTURAIS
INTEGRADOS PARA OS
NOVOS IDOSOS
Por Jamil Dias

Jamil Antônio Dias é produtor cultural pós-


graduado em Gestão de Negócios e graduado
em Artes Cênicas. Presidente da Câmara de
Artes do Conselho Municipal de Cultura de
Blumenau, professor de Ensino Fundamental e
Médio na disciplina de Artes. É técnico de
cultura do SESC Blumenau, responsável pelo
gerenciamento e execução dos projetos
culturais desenvolvido pela instituição

Uma novidade para o Brasil muito acostumado


a copiar o primeiro mundo: a população de
idosos está próxima a ficar parecida com a
européia.
Enquanto lá existem projetos que visam
a inserção desta população em eventos
culturais, o Brasil ainda busca solucionar seu
déficit da Previdência Social.
A possibilidade real de no ano de 2025,
a pirâmide populacional inverta, havendo mais
idosos que crianças no país, faz com que já se
pense em ações, a curto, médio e longo prazo
possam ser implementadas.
Porém, se antes a oferta de espaços à
atividades culturais se resumia a uma tarde no
salão da igreja para uma partida de bingo,
hoje esta população idosa busca outras
atividades, e com isso se faz necessário
implementar e oferecer a esta mesma
comunidade ações em todos campos sócio-
culturais.
Esta nova peça da grande engrenagem
cultural desconhece o que é cultura, que ele é
também um sujeito cultural, que existe um
estatuto que o defende.
Em 01 de outubro de 2003, foi
sancionado pelo Presidente da República o
Estatuto do Idoso. Já nos primeiros artigos
define o idoso como pessoa com idade igual
ou superior a 60 anos, que este mesmo idoso
goza de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo a
proteção integral de que trata a Lei,
assegurando-lhe, por lei ou por outros meios,
todas as oportunidades e facilidades, para
preservação de sua saúde física e mental e
seu aperfeiçoamento moral, intelectual,
espiritual e social, em condições de liberdade e
dignidade.
No Artigo 3º, deste mesmo Estatuto,
fica definido “é obrigação da família, da
comunidade, da sociedade e do Poder Público
assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a
efetivação do direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, à cultura, ao
esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à
liberdade, à dignidade, ao respeito e à
convivência familiar e comunitária”. (Cap. 5
art. 3º).
Cultura, em linhas gerais, é o conjunto
de características humanas que não são
inatas, que se criam e se preservam ou
aprimoram através da comunicação e
cooperação entre indivíduos em sociedade.
Sujeito cultural é o catalisador dessas
ações e atividades culturais, a ele
apresentado, em suas várias formas e
linguagens.
O Artigo 20 do Estatuto registra: “O
idoso tem direito à educação, cultura, esporte,
lazer, diversões, espetáculos, produtos e
serviços que respeitem sua peculiar condição
de idade”.
Um dos erros comuns àqueles que
pretendem desenvolver atividades culturais
com idosos é desconhecer e/ou subestimar
sua carga cultural, adquirida durante anos de
trabalho. Fazem uma leitura equivocada e
acabam oferecendo qualquer atividade para
esse público pensando que suprem os anseios
desta população, caem na cilada de compará-
los aos vovôs de antigamente.
A oferta de produtos culturais não
poderá ser pensada como meras ações
recreativas, o perfil dos eventos culturais
deverá mudar para atender a este grupo.
Casas de shows e teatros deverão adaptar
seus espaços físicos para receber esta
envelhecida população brasileira,
conscientizando os gestores e os produtores
de eventos culturais que ainda não atentaram
à realidade. O próximo passo a ser dado, pois
como outro grupo qualquer, os idosos, têm
poder aquisitivo, e agora aposentados buscam
fazer atividades às quais estavam
impossibilitados.
O idoso deve exigir dos produtores
culturais, uma ampla divulgação de seus
direitos nas produções, como a
proporcionalidade de descontos de cinqüenta
por cento nos ingressos para eventos
artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem
como o acesso preferencial aos respectivos
locais (art. 23).
Existe a necessidade da criação de
campanhas que insiram os idosos em
atividades culturais, como pacotes especiais,
que incluam deslocamento do público até os
teatros, projetos que venham ao encontro dos
interesses dos mesmos. Estes também
precisam buscar informações junto a empresas
que tenham grupos, ou associações e
ofereçam atividades culturais, para serem
utilizados como mecanismo de inserção social.
Um bom exemplo nesse sentido é o
Serviço Social do Comércio – SESC, entidade
fundada em setembro de 1946 voltada para o
bem-estar social e com amplo leque de
serviços – Creche; Educação Infantil; Ensino
Fundamental; Educação de Jovens e Adultos;
Pré-vestibular; Medicina Preventiva e de
Apoio; Odontologia; Nutrição; Cinema; Teatro;
Música; Artes Plásticas; Dança; Artesanato;
Biblioteca; Esporte; Ação Comunitária e
Assistência Especializada - ofertado aos
trabalhadores do comércio de bens e serviços
e à comunidade em geral.
Seus grupos de convivências são
exemplos do que se pode ter na área da
Assistência. O programa trabalha a auto-
estima dos participantes, integra-os, socializa-
os, e dá a eles mais autonomia. Estes
resultados são alcançados através da
participação dele em vários programas e
atividades. O SESC oferece cursos
especialmente estruturados para atualizar seus
conhecimentos: atividades com crianças e
adolescentes, música, artes plásticas,
concursos, exposições, seminários e visitas
culturais.
Necessário se faz perceber o idoso
como um agente cultural, pois na maioria das
vezes cabe a ele a responsabilidade da
manutenção de várias tradições. Quantas
vezes em apresentações é visto um grupo de
idosos, sem a companhia de jovens, sendo os
únicos atores da perpetuação da memória
local.
Existem várias barreiras a serem
ultrapassadas, conscientizar é um processo
longo e difícil. Porém, não se pode deixar de
acreditar, que tanto o produtor cultural quanto
a população se desconhecem.
A partir do momento que se admite que
somente ações isoladas, (concurso de pintura,
poesia, festivais locais de teatro, música e
dança); não são o bastante, e se busca um
projeto conjunto de reflexão sobre o papel
neste xadrez cultural, é necessário que se
tome as providências à execução das ações
culturais, podendo também envelhecer com a
qualidade de vida da população européia, pois
atenta-se a oferecer dignidade aos idosos de
hoje e amanhã.
CAPÍTULO 8
A MICRO NUTRIÇÃO NA
MANUTENÇÃO DA
SAÚDE
Por Karine Kalvelage

Karine Kalvelage é nutricionista graduada


na Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.
Pós-graduanda em Nutrição Clínica Funcional.
nutricionista da Associação Casa São Simeão
de Blumenau, nutricionista da Clínica de
Oncologia Reichow e nutricionista do SESC de
Blumenau.

Agradecimentos

Expresso aqui meus agradecimentos a:


Primeiramente a Deus que permitiu a
concretização deste trabalho.
A minha mãe, super mãe que me ajuda sempre.
A meu pai que deu condições para realizar desde o
início este trabalho, dando oportunidade do
conhecimento e realização profissional.
Sou muito grata a meu marido Guto e sogra Noly
que deram apoio no período de elaboração deste
trabalho e a Suleica Hagen e Rosane Martins pelo
convite para participar deste trabalho maravilhoso.
A manutenção da saúde ocorre através
da Alimentação, pois o alimento é o
combustível do nosso organismo. Na terceira
idade, sabe-se que a necessidade deste
combustível é ainda maior, pois nesta fase da
vida, apresentam-se alguns fatores que
dificultam no aproveitamento dos nutrientes
dentro do organismo, pois a partir de certa
idade o corpo já não consegue aproveitar
adequadamente os alimentos. Além disso, as
papilas gustativas não estão tão afiadas
quanto antes, os dentes já não são mais os
mesmos e segundo Marchini, J. S. et all
(1998), os principais fatores de risco incluem
os estados hipogonodais (particularmente no
período pós-menopausa), fumo, baixa
ingestão de cálcio, sedentarismo, história
familiar e o uso de certas medicações. Com a
mudança fisiológica do organismo na terceira
idade, a quantidade de suco gástrico no
estômago, a capacidade funcional dos órgãos,
entre outros, percebemos hoje a necessidade
ainda maior de uma alimentação com
presença de alimentos ricos em Macro e
Micronutrientes.
O alimento é composto por nutrientes
que indicam a sua composição química. Estes
são Macronutrientes: proteínas, carboidratos e
lipídios, e os Micronutrientes: vitaminas e
minerais, água e fibras (Stürmer, 2001, p.20).
O objetivo deste capítulo é distinguir a
importância dos micronutrientes e suas fontes
alimentares.
Inicialmente abordo sobre as vitaminas.
Estes são compostos orgânicos, encontrados
nos alimentos em pequenas quantidades, não
podem ser sintetizadas pelo organismo e são
essenciais às reações metabólicas específicas.
As vitaminas não compõem tecidos, mas
atuam nos metabolismos para manutenção
adequada do organismo. A deficiência destes
compostos no organismo leva às doenças
carenciais, assim como o excesso pode
produzir efeitos tóxicos. Por isso, devemos ter
a prática de uma alimentação equilibrada e
balanceada contendo todos os grupos de
alimentos. As vitaminas são comummente
classificadas em dois grupos, correspondente a
sua solubilidade: lipossolúveis e hidrossolúveis.
As lipossolúveis são somente solúveis em
gordura, são Vitamina A, D, E e K. As
hidrossolúveis são solúveis em água, são
Vitaminas do complexo B e Vitamina C.

Vitaminas Lipossolúveis

Vitamina A ou Retinol – tem função


na manutenção da visão normal, crescimento
esquelético, integridade no sistema
imunológico (nosso sistema de defesa), ação
protetora na pele e mucosas. O Beta-caroteno
tem como sua maior eficiência a ativação da
vitamina A ou Retinol, sendo que também o
licopeno, nutriente responsável pela coloração
vermelha nos alimentos, seja mais efetivo no
que diz respeito à ação antioxidante.
Encontramos este nutriente nos seguintes
alimentos: fígado bovino, leite e derivados,
ovos, verduras de cor verde-escuro (espinafre,
couve, agrião, rúcula, entre outros) e a fonte
de beta caroteno. Observamos os alimentos
de cor amarelo-laranjado, como: cenoura,
mamão, abóbora, espinafre, batata-doce,
manga, brócolis, laranja, damasco, pêssego,
melão, entre outros.

Vitamina D – está armazenada na pele,


este armazenamento acontece através de
alimentos fontes deste nutriente e ativa-se
através dos raios ultravioleta, exposição
correta ao sol. A mesma tem como função
absorção de cálcio, pois estimula o transporte
deste pelas células da mucosa do intestino.
Em conjunto com o paratormônio, atua na
mobilização do cálcio dos ossos e aumenta a
absorção de cálcio e fósforo. Devido suas
funções esta vitamina é importante para o
equilíbrio das funções neurológicas e
cardíacas, e para coagulação sanguínea. As
fontes alimentares desta vitamina são:
sardinha, gema de ovo, fígado, óleo de peixe.
Vitamina E – a vitamina E ou tocoferol
refere-se a um grupo de oito substâncias
oleosas, encontradas na natureza, com
propriedades vitamínicas. Esta é absorvida no
intestino, juntamente com as outras gorduras
e sais biliares, indo inicialmente para corrente
linfática, posteriormente para o sangue e para
o fígado, onde é utilizada e eventualmente
estocada. Sua absorção fica prejudicada pela
presença de laxantes. A atuação desta
vitamina é como antioxidante, combatendo os
radicais livres, estes responsáveis pela
oxidação do nosso metabolismo. Também
trabalha contra a agregação plaquetária. Suas
fontes alimentares são: óleo de gérmen de
trigo, óleo de milho, óleo de soja, óleo de
girassol, amêndoas, batata-doce, abacate,
damasco, azeite de oliva, gema de ovo.

Vitamina K – A vitamina K é
fundamental no mecanismo de coagulação
sanguínea. As melhores fontes são as
bactérias intestinais que produzem vitamina K.
Desta forma, a melhor maneira de prover o
corpo com boas quantidades deste nutriente é
manter a flora intestinal saudável, evitando o
consumo de açúcar branco, alimentos
industrializados e evitar o uso de antibióticos,
pois não diferenciam as bactérias boas e as
ruins, destruindo todas. Além desta fonte este
nutriente pode ser encontrado nos seguintes
alimentos, como: couve-flor, chá verde,
espinafre, brócolis, alface, couve, fígado,
agrião e repolho.

Vitaminas Hidrossolúveis

Vitaminas do Complexo B

Este complexo de vitaminas apresenta


características parecidas: são todas
hidrossolúveis, não são armazenadas em
grandes quantidades no organismo,
necessitando a ingestão de fontes alimentares
diariamente, oferecem baixa toxicidade, as
fontes alimentares têm a mesma procedência,
sendo estas de origens vegetais e animais, são
facilmente destruídas pelo cozimento dos
alimentos, e produzidas pelas bactérias
intestinais. As vitaminas do complexo B são:
vitamina B1 ou Tiamina, vitamina B2 ou
Riboflavina, vitamina B3 ou Niacina ou
Nicotinamida, vitamina B5 ou Ácido
Pantotênico, vitamina B6 ou Piridoxina ou
Piridoxal, Ácido Fólico, vitamina H ou Biotina,
vitamina B12 ou Cobalamina. Existem outras
que estão sendo comprovadas, pois a ciência
da nutrição está diariamente em evolução.

Vitamina B1 ou Tiamina – O
congelamento não altera a quantidade nos
alimentos. A absorção desta é prejudicada
pelo consumo de álcool, açúcar, café e chá e
pela deficiência de ácido fólico. Ainda a
carência desta mostra estar relacionada o
Beribéri (confusão mental, perda de massa
muscular, edema, paralisias periféricas,
taquicardia e cardiomegalia), depressão, falta
de memória e sintomas neurológicos leves.
Suas fontes alimentares são: levedo de
cerveja, sementes de girassol, carne de porco,
amendoim, gérmen de trigo, suco de laranja.

Vitamina B2 – Riboflavina - A
deficiência de B2 é rara, sua principal causa é
a desnutrição, podendo ser influenciada por
desequilíbrios da flora intestinal e do
hipotireoidismo. Pode influenciar também em
fadiga, estresse, imunodeficiência, proteção de
catarata, acne, depressão, alcoolismo. Fontes:
levedo de cerveja, leite e derivados, ovo, arroz
integral, fígado, leguminosas.

Vitamina B3 ou Niacina ou
Niacinamida - esta vitamina indiretamente
esta relacionada a mais de cinqüenta reações
metabólicas diferentes. A mesma estimula a
circulação, diminui os níveis de colesterol, e é
importante no suporte das funções do sistema
nervoso. A deficiência leve caracteriza-se por
fraqueza muscular, anorexia, indigestão e
erupções na pele. Tem ação no sistema
nervoso interagindo na ansiedade, depressão,
enxaqueca, tratamento pós-infarto do
miocárdio, hipoglicemia, diabetes, hipertensão
arterial, insônia e outros. Esta poderá ser
encontrada nos seguintes alimentos: fígado,
frango, atum, abacate, arroz integral, ovos,
leite.

Vitamina B5 ou Ácido Pantotênico -


Seu papel no metabolismo está relacionado à
sobrevivência das células. Dietas ricas em
alimentos processados podem levar a carência
desta vitamina, pois no processo de
industrialização é eliminada sua atividade
biológica. O uso intenso de antibióticos lesa as
bactérias intestinais, que também produzem
esta vitamina. A carência nutricional desta
vitamina está caracterizada por fadiga,
queimação na planta do pé, depressão,
hipoglicemia, imunodeficiência e piora dos
sintomas de alergia. Fontes: fígado, levedo de
cerveja, ovos, peixes, aves, cereais integrais,
vegetais (couve-flor, batata-doce e brócolis).

Vitamina B6 ou Piridoxina – Com


congelamento os alimentos perdem 55% de
Vitamina B6. Tem produção por bactérias
intestinais saudáveis, pouco armazenadas no
tecido muscular. Atua no equilíbrio hormonal
feminino, depressão, tensão pré-menstrual,
gravidez, estresse, enxaqueca e outros.
Fontes: carne, fígado, grãos integrais, gérmen
de trigo, peixes, aves, ovos, amendoim,
leguminosas (lentilha, feijão, grão-de-bico e
ervilhas), bananas, abacates, batatas e couve-
flor.

Ácido fólico – esta vitamina é essencial


á formação e à maturação de hemácias e de
leucócitos na medula óssea. O ácido fólico é
necessário ao equilíbrio das funções cerebrais
e saúde mental e emocional. A deficiência
desta vitamina é comum na gestação,
alcoolismo, desnutrição, leucemia, terceira
idade e doença de Hodgkin. As melhores
fontes deste nutriente são: fígado,
leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico e
ervilhas), espinafre, aspargo, suco de laranja e
brócolis.

Vitamina H ou Biotina – os sintomas


da sua deficiência pode ser fadiga, queda de
cabelo, depressão, anemia, anorexia,
hipercolesterolemia, dores musculares, entre
outros. As principais fontes alimentares são
fígado, sardinha, geléia real, gema de ovo,
couve-flor, arroz integral, leite e frutas
(banana, melancia, morango, etc.), sendo a
mais abundante a levedura de cerveja.

Vitamina B12 ou Cobalamina – o


suco gástrico ajuda na sua absorção, mas com
passar dos anos nosso organismo diminui
naturalmente a produção deste, necessitando
a ingestão diária dos alimentos fontes deste
micronutriente, pois está relacionado ao
metabolismo de todas as células,
especialmente as do trato gastrintestinal, as
da medula óssea e as do sistema nervoso.
Juntamente com outros micronutrientes como
Vitamina C, ácido fólico, ferro, cobre e
Vitamina B6 é necessária para formação de
hemácias. A cobalamina é encontrada quase
exclusivamente em alimentos de origem
animal, como: fígado, leite, ovos, peixe, queijo
e carne.

Vitamina C ou Ácido Ascórbico – sua


utilização é feita em cerca de duas horas,
estando acelerado este uso em situações de
estresse, tabagismo, alcoolismo, febre e
infecções virais. Tem ação de co-fator em
várias reações biológicas. A vitamina em
questão tem papel importante na formação de
colágeno, justificando assim sua importante
participação no metabolismo do tecido
conjuntivo, ósseo, cartilaginoso, bem como
sua ação nos processos de cicatrização.
Principais fontes: suco de acerola, suco de
laranja, pimentões, kiwi, manga, melão,
mamão papaia, morangos, entre outros.

Em continuação dos micronutrientes, falo


a seguir sobre os minerais. Como as
vitaminas, os minerais são essenciais à saúde
física e mental, tomando parte da estrutura
celular, particularmente nas células
sanguíneas, nervosas e musculares, bem como
nos ossos, dentes e tecido conjuntivo. Sua
origem alimentar depende fortemente da
composição mineral do solo, visto que essa é
sua única fonte na natureza. Além disso, o
refino e o processo de industrialização dos
alimentos excluem grandemente seu conteúdo
mineral. O organismo pode fazer uso dos
minerais e armazená-los para necessidades
futuras. O consumo de açúcar, de cafeína e de
álcool depleta-os com facilidade.

Cálcio – o mineral mais abundante no


organismo, representa cerca de 1,5 a 2% do
peso corporal. O Cálcio atua na composição
estrutural dos ossos e dentes; necessário na
contração dos músculos; estabiliza a
freqüência cardíaca e a pressão arterial; ativa
enzimas que ajudam nas reações metabólicas;
ativa hormônios e neurotransmissores. Este
nutriente é encontrado em sardinha, leite e
derivados, tofu, espinafre, couve, nesta
encontra-se mais biodisponível.

Magnésio – Vários fatores podem


dificultar a absorção ou aumentar a eliminação
deste mineral, entre eles a ingestão de
cafeína, álcool, açúcar refinado, excesso de
cálcio, fósforo, gorduras, proteínas e uso de
anticoncepcionais orais. O magnésio tem
função fisiológica no relaxamento muscular,
regula o ritmo cardíaco, mantém
permeabilidade vascular, atua no metabolismo
cerebral e de neurotransmissores, constitui
ossos e auxilia na absorção de Cálcio, Fósforo,
Sódio e Potássio. Suas fontes alimentares são:
tofu, gérmen de trigo, castanha de caju,
linguado, batata, espinafre, pão integral.

Fósforo – opera na estrutura de ossos e


dentes, contração muscular, ativação de
vitaminas. Fontes: tofu, leite e derivados,
amêndoas, levedo de cerveja, carne vermelha,
batata, ovos, pão integral.

Potássio – este nutriente trabalha no


controle da pressão arterial, neurotransmissão,
contração muscular, freqüência cardíaca. Está
presente no abacate, espinafre, feijão-preto,
passas, batata, suco de laranja, banana e
couve-flor.

Ferro – os alimentos de origem vegetal


são pouco absorvíveis, enquanto as carnes
têm ferro mais biodisponível. A vitamina C
auxilia ingerida simultaneamente auxilia na
absorção deste mineral. Este tem como função
o transporte de oxigênio, produção de energia,
proteção do organismo destacando-se no
desempenho do sistema imunológico. Suas
fontes alimentares são: fígado, ervilhas, feijão,
carne vermelha, gérmen de trigo, espinafre,
entre outros.

Zinco – é o mineral envolvido no maior


número de funções metabólicas que
conhecemos. Suas funções fisiológicas são:
produção de energia, manutenção da pele
saudável, formação de colágeno, participa da
estrutura mineral de ossos e dentes, no
sistema imunológico participa da produção de
anticorpos, atua na preservação do paladar,
olfato e visão, e outras. Tem como fonte
alimentar gérmen de trigo, carne vermelha,
ostras, fígado, ricota e arroz integral.

Selênio – este mineral vem sendo


comentado pelo seu poder antioxidante que
combate radicais livres, atuando assim na
prevenção ao câncer, doenças
cardiovasculares, atua no sistema imunológico
pela formação de anticorpos, entre outros
benefícios ainda em estudos. Sua maior fonte
alimentar é a Castanha do Pará, sendo este o
único alimento que supre a necessidade diária
de um adulto deste mineral, consumindo duas
unidades dia.

Com este capítulo espero incentivar o


consumo de uma alimentação variada,
equilibrada e colorida, desta forma suprindo o
maior número de vitaminas e minerais. Para
auxiliar nestes nutrientes é necessário a
ingestão de líquidos adequada diariamente,
devendo ser de dois litros dia, sendo água
mineral ou filtrada, chá ou sucos. Para
aproveitamento de todos estes nutrientes uma
atividade física também deve ser aplicada,
sempre orientada pelo profissional adequado,
sendo fisioterapeuta ou educador físico.

REFERÊNCIAS

Carvalho, Paulo R. C. Medicina Ortomolecular.


Rio de Janeiro, RJ. 3ª Ed. Editora Nova Era 2004.

Stürmer, Joselaine Silva. Reeducação


Alimentar: qualidade de vida,
emagrecimento e manutenção da saúde.
Petrópolis, RJ. Ed Vozes, 2001.

Marchini, J.S., et al. Suporte nutricional no


paciente idoso: definição, diagnóstico,
avaliação e intervenção. Medicina, Ribeirão
Preto, 31: 54-61, jan/mar, 1998.
CAPÍTULO 9
SAÚDE BUCAL DO
IDOSO: HIGIENIZAÇÃO
DE PRÓTESES
REMOVÍVEIS
Por Mara Lúcia Campos

Mara Lúcia Campos é Mestre em Saúde e


Gestão do Trabalho pela Universidade do Vale
do Itajaí (UNIVALI).Pós-Graduada em Saúde
Pública pela Universidade de Ribeirão
Preto(UNAERP).Pós-Graduada em Odontologia
Social e Coletiva pela Universidade do Vale do
Itajaí (UNIVALI). Docente de Odontogeriatria e
Odontologia Social e Coletiva da Universidade
Regional de Blumenau (FURB). Docente do
Curso de Especialização em Gerontologia da
FURB. Docente do curso de Pós-Graduação em
Gestão dos Serviços de Saúde da Universidade
do Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí
(UNIDAVI). Atuante com grupos de terceira
idade desde 1998. Atuante em estágios com
alunos em casas asilares desde 2000.
DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pais (Eduardo J. S.


Pamplona,75 anos e Waltrudes G.
Pamplona,73 anos) a quem amo muito, e a
minha sogra (Lilia C. Campos,81 anos) grande
amiga e companheira, que sabem envelhecer
e aproveitar o que de bom só a idade traz.

“Assim como o dia bem empregado nos


traz alegria ao dormir, também uma vida
bem aproveitada nos dá alegria ao
morrer” Leonardo da Vinci

A velhice é um tema que tem


despertado a atenção pelo aumento da
proporção de idosos na população, fenômeno
comum a diversos países, tanto no primeiro
mundo quanto em desenvolvimento.
O potencial de dentes perdidos e o
percentual de edentulismo em estudos de
países desenvolvidos e não desenvolvidos
indica que a saúde bucal do idoso parece
semelhante em ambas as realidades.
As necessidades odontológicas de
idosos são importantes e amplas. A saúde
bucal tem um papel relevante na saúde do
idoso, uma vez que o comprometimento da
saúde bucal pode afetar negativamente, tanto
o bem estar físico, quanto o bem estar
psicosocial. A perda dos dentes é fator
desencadeante de sentimentos de desamparo
e diminuição da auto-estima, mas com a
reposição dos dentes ausentes através de
próteses bem confeccionadas, o idoso refaz
sua imagem pessoal e social.
Dados epidemiológicos das condições
de saúde Bucal da população brasileira
demonstram que:

 A cárie dentária tem um rápido avanço


conforme a idade. A média do índice
CPO-D(dentes cariados, perdidos e
obturados) em idosos é de 28, isto
significa que de 32 dentes
permanentes, restam em média apenas
quatro dentes por idoso.
 Doenças da gengiva - menos de 8% da
população idosa apresenta gengivas
sadias.
 Perda de dentes - entre os idosos os
dados são preocupantes, pois três a
cada quatro idosos não possuem
nenhum dente funcional. Desses, mais
de 36% necessitam de pelo menos
uma prótese (dentadura).

Pesquisas recentes alertam para a estreita


relação entre saúde bucal e saúde geral,
demonstrando que a má condição de saúde
bucal, principalmente a presença de doenças
periodontais (da gengiva e do osso que
suportam os dentes) constrói fator
predisponente à doenças sistêmicas.
As bactérias decorrentes das infecções da
cavidade bucal passam a circular na corrente
sangüínea podendo se alojar em órgãos vitais
como rins, coração, pulmões, comprometendo
de forma severa tais órgãos, podendo desta
forma debilitar o estado geral de saúde do
idoso.
A higiene bucal é um fator primordial na saúde
de todos os indivíduos. Geralmente é
negligenciada pelo paciente devido a falta de
informações e orientação por parte do
profissional, acarretando efeitos indesejáveis
para a saúde bucal e geral.
De acordo com Lalasca (1997) a higienização
inadequada das próteses, pode ocasionar o
acúmulo de detritos alimentares e placa
bacteriana (acúmulo de bactérias) sobre a
superfície da mesma, resultando em
alterações inflamatórias na mucosa.
Embora existam vários materiais e métodos
disponíveis para a correta limpeza de próteses,
observa-se que ainda existe uma falta de
conhecimento dos pacientes usuários de
próteses removíveis quanto à higienização e
manutenção das mesmas. A higiene bucal
orientada é um recurso adequado para a
manutenção da saúde bucal.
Brunetti e Montenegro (2001), relatam que as
prótese do tipo removível levam vantagens
significativas perante as fixas ou implantadas,
pois podem ser removidas e limpas fora da
boca pelos pacientes ou seus auxiliares.
Dentre estas, se destacam as próteses parciais
removíveis, as próteses totais e as próteses
removíveis sobre implantes.
As próteses removíveis devem ser submetidas
a limpeza mecânica diária e
complementarmente a limpeza química
semanal.

LIMPEZA MECÂNICA:

As próteses não fixas devem sempre ser


removidas da boca e então limpas com o
objetivo de eliminar de sua superfície acúmulo
de placa bacteriana e resíduos de alimentos. A
limpeza constante a cada refeição com escova
e pasta de dentes, dentro da pia com água ou
acima de um recipiente (bacia), de preferência
plástico, é o meio mais eficiente e desta
forma, evita quebrá-las numa eventual queda.
Para os pacientes idosos que possuem algum
grau de deficiência motora, o uso de escovas
elétricas, especialmente os modelos atuais,
pode ser uma boa medida para superar suas
dificuldades (TODESCAN,2000).
Existem escovas, segundo Drummond e Colab
(1995), que auxiliam na empunhadura por
parte dos pacientes com Artrite (graus mais
brandos) ou que passaram por um AVC
(Acidente Vascular Cerebral), são escovas
adaptadas a cabos anatômicos que facilitam o
agarre pelo paciente idoso com capacidade
manual reduzida.
As escovas são as disponíveis no mercado e os
cabos anatômicos podem ser confeccionados
ou adaptados e também já existem no Brasil
em casas especializadas.
Devemos criar o hábito de ter uma seqüência
na escovação para não esquecermos de
higienizar nenhuma parte da prótese. A
limpeza da mesma deve ser interna, externa e
nos rebordos.
Quando a prótese possui grampos metálicos a
eficiência da limpeza aumenta quando usamos
escovas especiais para limpar dentro dos
grampos, ou limpadores de mamadeiras (de
boca estreita) adaptados, que preenchem
igualmente estes requisitos.
É muito importante salientar o momento de
trocar as escovas, pois muitas pessoas
acabam usando-as até que as cerdas estejam
totalmente “abertas”, diminuindo
consideravelmente a sua eficiência na correta
limpeza.
Uma média de dois meses é o período
recomendado para a troca.

LIMPEZA QUÍMICA:
Em complemento a limpeza mecânica das
próteses removíveis, associamos uma limpeza
química por meio de substâncias para a
imersão das mesmas.
Existem diversas substâncias para a imersão
das próteses depois de limpas, que podem ser
líquidas ou em pastilhas efervescentes.
Uma vez que a limpeza diária seja eficiente, o
uso de tais produtos pode ser feito uma vez
por semana ou quinzenalmente, no máximo.
Os peróxidos alcalinos como Corega tabs
(pastilha efervecente), podem ser utilizados
tanto para próteses totais como parciais
removíveis, pois não causam efeitos deletérios
à resina ou ao metal das próteses.
Desinfetantes como a clorexidina em solução
ou em gel, melhoram a condição da mucosa
do paciente, combatendo a estomatite
protética e outras patologias, sendo ainda
indicado para desinfetar a base da prótese
total.
O hipoclorito de sódio (água sanitária) é
indicado para prótese total e não para prótese
que contenha qualquer parte metálica. A água
sanitária deve ser preparada da seguinte
forma: em um copo comum colocamos dois
terços de água e adicionamos duas a três
colheres de água sanitária.
Esta limpeza deveria ser realizada durante a
noite, retirando as próteses, quando os tecidos
bucais devem descansar.
É recomendado aos idosos retirem as próteses
removíveis para dormir. Assim a mucosa bucal
“respira” e também “descansa” da pressão do
aparelho protético.
Existem pessoas que, para esta necessária
remoção, apontam descontentamento devido
a certas situações como:

 Vergonha do cônjuge/familiares o
verem sem prótese;
 Psicologicamente ficar sem a
prótese implica em “assumir a
velhice”.

Nestas situações é importante o


fundamento com firmeza destas indagações,
perguntando especificamente ao idoso se ele
dorme de sapatos. Este é um excelente meio
de mostrar a importância de retirar a prótese à
noite.

Qualquer prótese dentária utilizada pelo


idoso deve estar bem adaptada, não deve ficar
frouxa, nem se deslocando no momento da
mastigação.
A prótese não deve causar desconforto,
dor, feridas ou sangramento. Próteses bem
adaptadas e bem limpas asseguram ao
paciente idoso saúde bucal e
conseqüentemente saúde geral. Não é raro
idosos apresentarem problemas na mucosa
bucal. Em geral são manifestações de
infecções fúngicas, como a candidíase
(sapinho), ou de origem traumática, como as
úlceras.
Não é aconselhável utilizar materiais
como pós e cremes adesivos para manter as
próteses removíveis na boca. Estes adesivos
viram verdadeiras colônias de bactérias, pelo
acúmulo de restos alimentares, e podem gerar
problemas nos dentes naturais que ainda
possuem na boca.
As próteses têm uma vida útil limitada,
é importante uma revisão periódica do
dentista não só para a realização do exame
bucal, mas também para avaliar as condições
das próteses e a necessidade de serem
trocadas ou refeitas.
Para os pacientes idosos com habilidade
motora reduzida, ou que ficam
permanentemente deitados, a higienização das
próteses e da cavidade bucal deve ser
realizado por pessoal auxiliar, ou seus
familiares.

CONCLUSÃO:

A importância da prótese dentária bem


adaptada e bem higienizada transcende à
simples reposição de dentes, uma vez que:
 É uma integradora familiar - pois
permite que seus parentes
possam ser recebidos com mais
conforto estético no convívio
familiar;
 É uma integradora social - dando
melhor aparência ao idoso,
mantendo-o em sintonia com a
sociedade;
 É mantenedora da saúde geral -
de elevação da expectativa de
vida – pois através de uma boa
mastigação o idoso terá bom
aproveitamento dos nutrientes na
sua alimentação.

A prótese tem a capacidade de permitir o


resgate da cidadania do idoso que bem
situado na família e na sociedade, é um
ser integral.

Referências

BRUNETTI,R.F.;MONTENEGRO,F.L.B.Higienizaç
ão do idoso com reabilitações
bucais.In:ODONTOGERIATRIA Noções de
interesse clínico.São Paulo:Artes Médicas,2001.

DRUMMOND,J.R.;NEWTON,J.P.;YEMM,R.Dent
al care of the elderly,London,Mosby-
Wolfe,1995,224p.
LASCALA,N.T.Prevenção na clínica
odontológica,São Paulo,Artes Médicas,1997,292p.

TODESCAN,F.F.Comunicação pessoal,São
Paulo,2000.
CAPÍTULO 10
ATIVIDADE FÍSICA:
CORPO SADIO, MENTE
SADIA
Por Marcelo Alves de Oliveira

Marcelo Alves de Oliveira é graduado em


Educação Física pela Universidade Regional de
Blumenau (FURB-SC), pós-graduado em
Treinamento de Força e Musculação pela
Universidade GAMA FILHO-RJ e freqüentou
como aluno especial, o mestrado em Atividade
Física e Saúde na Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). Desenvolvedor e
Responsável Técnico do Sistema de Avaliação
Física do SESC – Santa Catarina juntamente
com outros professores. Exerce sua atividade
profissional junto ao SESC/Blumenau como
professor de musculação, atuando com
diversas faixas etárias, inclusive o público
idoso.
Dedicatória
À minha mãe Geraldina, e ao meu pai Hercílio
(in memoriam), falecido durante a elaboração
deste projeto, e com certeza estaria muito
orgulhoso por mais essa etapa vencida. Eles
que sempre foram, são e serão o alicerce de
minha vida profissional e pessoal.
Para a melhor compreensão deste
capítulo vejamos os conceitos a seguir:

Atividade física: entende-se como atividade


física toda e qualquer situação que o indivíduo
esteja se movimentando e provoque um gasto
de energia significante.

Trabalho de força ou exercício de força: não


se impressione com esse termo. Ele será
muito freqüente e significa qualquer trabalho
ou exercício físico que exija esforço intenso.
Força é a capacidade de exercer a maior
tensão possível para erguer, empurrar, puxar
ou arrastar um objeto sem danos musculares
ao indivíduo.

Exercícios aeróbios: são aqueles que


trabalham suas funções cardio-respiratórias
(coração e respiração). Ex.: caminhadas,
corridas, tênis, natação, hidroginástica,
ciclismo, circuitos de musculação etc.

Capacidade funcional: é o conjunto de funções


que nos permite realizar as atividades diárias,
de locomoção, desempenhar tarefas básicas
como levantar, tomar banho e executar
serviços domésticos. Algumas destas funções
são: a força muscular, flexibilidade, equilíbrio e
capacidade pulmonar.

Osteoporose: doença que se caracteriza pela


perda gradual do conteúdo do osso, tornando-
os mais frágeis e suscetíveis à fraturas (4).

O processo de envelhecimento,
inatividade e suas causas

Segundo posicionamento oficial da


Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e
da Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia, as doenças crônicas
degenerativas (ex.:diabetes, pressão alta) e
outras enfermidades decorrentes do
envelhecimento, podem ser acentuadas
dependendo do estilo de vida. Grande parte
do declínio da capacidade física dos idosos é
devido ao tédio, a inatividade e a expectativa
de doenças (2).

Reparem que em muitos casos, quando


envelhecemos, deixamos de fazer as
atividades corriqueiras seja qual for o motivo.
Para alguns a inatividade é o descanso
merecido por ter levado uma vida dura. Na
maioria das vezes, esta situação coincide com
a aposentadoria, e como resposta a isso
acontece rapidamente a decadência da
capacidade funcional. Relembrando: a
capacidade funcional nada mais é do que um
conjunto de funções e qualidades do corpo
que permitem que possamos realizar as
atividades diárias. Algumas destas funções
são: a força muscular, flexibilidade, equilíbrio e
capacidade pulmonar.

No passado as tarefas caseiras eram


praticamente exercidas por mulheres. Questão
de machismo ou não, infelizmente esta era, e
podemos dizer que ainda é a realidade, trouxe
alguns benefícios às mulheres. A média de
vida da mulher é maior do que a do homem. A
expectativa de vida brasileira ao nascer,
segundo dados do IBGE de 2000(8), é de 74
anos para mulheres e 67 anos para os
homens. Os motivos pelos quais isso acontece
são vários. Um deles é o fato da mulher se
manter ativa até o fim da vida. O homem, ao
contrário, muitas vezes se torna dependente
da mulher e a aposentadoria torna-se
sinônimo de ócio.

Quando ficamos parados ou inativos,


estas funções vão se degenerando, levando a
invalidez ou a dependência motora
(dependência de outras pessoas para se
locomover). Nestas circunstâncias, a
diminuição e enfraquecimento da massa
muscular (músculos) e a queda da massa
óssea (ossos), são imediatamente verificados,
sendo que a partir dos 30 anos de idade a
perda da massa muscular chega a incríveis
43% em média até os 82 anos (9).

Podemos dizer que o corpo envelhece


por falta de uso. Quanto mais ativo for o
corpo, mais ele permanece jovem, em contra
partida, quanto mais inativo, mais
rapidamente ocorre o envelhecimento e
conseqüentemente a queda, ineficiência ou
mau funcionamento de todas as funções do
corpo. Este é um processo inevitável, mas qual
você prefere? Envelhecer saudável ou
envelhecer doente? Acho que a resposta é
bem óbvia, não é mesmo?

Observando a figura abaixo, podemos


entender melhor que a inatividade física leva a
vários outros fatores que diminuem a
qualidade de vida do idoso.

Resumindo, quanto mais inativo for, mais


debilitado ficará, conseqüentemente mais
frágil. A partir deste momento se torna
dependente de outras pessoas, fazendo com
que sua auto-estima reduza, levando-o à
depressão e nessa condição é praticamente
impossível a prática de atividades físicas,
acelerando assim o processo de
envelhecimento.
Envelhecimento

Inatividade Física Inatividade Física

Ansiedade e Descondicionamento
depressão
Menor motivação e Fragilidade dos
menor auto-estima músculos e ossos

Perda de vida independente

Fig. 1 O ciclo vicioso do envelhecimento –


Adaptado:(Rev. Bras. Med. Esporte – vol 5.
Nº6 – Nov/Dez. 1999)
Como então poderemos quebrar este
ciclo?

Primeiramente devemos entender que o


idoso não é um copo de cristal que precisa ser
extremamente protegido para não se quebrar.
Ele precisa de estímulo e motivação para a
prática de atividades normais (trabalhos
domésticos, caminhadas, etc.) e sistemáticas
(atividades em academias, centros de saúde
física, etc.).
A família exerce papel importante e
fundamental neste processo. Assim, quando
ajudarmos o idoso frágil nas tarefas do dia-a-
dia incentivamos a sua inatividade e, além
disso, o tornamos mais frágil. Em reflexão
mais abrangente e profunda poderemos ouvir
críticas negativas a este respeito. Entretanto,
saber distinguir o que se pode ou não fazer
em relação ao auxílio do idoso não é
complicado. Sentar e levantar são movimentos
simples, no entanto devem ser executados
com o mínimo de ajuda possível para o bem
da qualidade de vida do indivíduo, mas se
deve levar em conta o grau da capacidade
funcional deste.

Os níveis de aptidão física e suas

atividades correspondentes

Para saber qual a atividade física que


condiz com suas condições, se faz necessário
analisar uma série de fatores que vão além de
idade e sexo. A relação abaixo tem como
objetivo identificar o nível de capacidade
funcional do idoso e relacioná-lo às atividades
físicas correspondentes:

Quadro 1. Relação da função física em


pessoas idosas com as atividades físicas
correspondentes.
Nível 1

Grau: Fisicamente incapazes, totalmente dependentes,


realizam somente algumas atividades básicas da vida
diária.

Atividades Físicas Propostas: Caminhadas com


auxílio; Trabalhos manuais, mesmo que sentados;
Estimulação do equilíbrio; Exercício sentado utilizando
pesinho; Sentar e levantar com um pouco de ajuda.

Nível 2

Grau: Fisicamente frágeis, realizam tarefas domésticas


leves, preparam as refeições, fazem compras.
Conseguem desenvolver algumas das atividades
intermediárias e todas as tarefas básicas da vida diária,
que incluem o autocuidado.

Atividades Físicas Propostas: Caminhadas sem


auxílio; Musculação leve; Hidroginástica; Estimulação do
equilíbrio; Sentar e levantar sozinho ou quase sem ajuda.
Tai Chi.

Nível 3

Grau: Fisicamente independentes, conseguem realizar


todas as atividades intermediárias da vida diária. Inclui
os idosos com estilo de vida ativo, entretanto não
realizam atividades físicas de forma regular.

Atividades Físicas Propostas: Caminhadas sem


auxílio; Musculação adaptada; Hidroginástica adaptada;
Dança leve; Estimulação do equilíbrio; Sentar e levantar
sozinho; Capoeira leve; Ginástica localizada adaptada. Tai
Chi.

Nível 4

Grau: Fisicamente aptos ou ativos, realizam trabalho


físico moderado, esportes de resistência e jogos. São
capazes de realizar as atividades avançadas da vida
diária e a maioria dos afazeres preferidos.

Atividades Físicas Propostas: Musculação; Ginástica


localizada; Capoeira; Dança; Hidroginástica; Corridas
leves; Esportes coletivos (vôlei, futebol etc.);Yoga.

Nível 5

Grau: Atletas. Realizam atividades competitivas,


podendo disputar em âmbito internacional e praticar
esportes de alto risco.

Atividades Físicas Propostas: Todas as modalidades


esportivas.
(5)
Adaptado de Spirduso

Embora este quadro sirva como


orientação primária, tanto para o idoso,
quanto para a própria família, a escolha da
modalidade de exercício deve valorizar acima
de tudo as preferências pessoais e
possibilidades do envelhecente, e é
imprescindível a avaliação médica detalhada
de seu estado de saúde.

Procure um profissional de Educação


Física qualificado para orientá-lo após sua
escolha. Ele analisará sua capacidade física
atual e prescreverá o melhor conjunto de
exercícios, levando em consideração suas
preferências e sua condição de saúde.

Musculação: a terapia do futuro

1. Força e equilíbrio.

Ao pensar na palavra musculação,


verifica-se um sentido bilateral no seu
significado. A primeira vista associamos a
“músculo grandão”, “grandalhão”, “gente
musculosa” e outros adjetivos. Contudo, o
nome musculação tem um sentido bem
diferente no ponto de vista técnico. Significa
treinamento contra uma resistência, ou
treinamento resistido, ou ainda, ginástica com
pesos. Pensando desta forma percebe-se que
esta atividade já não parece mais tão
assustadora. Atualmente é comum a presença
de pessoas idosas nas academias de
musculação. No entanto, esta é uma realidade
extremamente atual. Há poucos anos o
preconceito afastava as pessoas destes
ambientes.
Dentre seus principais efeitos positivos,
estão a melhoria da capacidade cardio-
respiratória e diabetes, grande melhora na
força, aumento da massa muscular
(músculos), controle e redução de peso
(emagrecimento), controle da pressão arterial,
melhora do equilíbrio e da caminhada, menor
dependência na realização de atividades
diárias, melhora da auto-estima e
autoconfiança, diminuição e estabilização da
osteoporose muito comum em mulheres
idosas.

Os benefícios proporcionados por esta


modalidade, juntamente com a divulgação da
mídia, fizeram com que ela deixasse de ser
uma atividade exclusivamente esportiva
(musculação), para se tornar uma atividade
física de grande potencial terapêutico
(ginástica com pesos), sendo usada também
no auxílio da melhoria na qualidade de vida.

Por ser uma atividade individualizada é


simples o controle da intensidade (forte ou
fraco) e há uma vasta quantidade de
exercícios, desde o mais simplificado aos mais
complexos, permitindo assim uma evolução
gradual de acordo com a capacidade do
praticante. Esta enorme variedade de
exercícios admite que pessoas com limitações
nas articulações também possam praticá-la,
pois a amplitude pode ser controlada.

De todos os benefícios alcançados pela


musculação, talvez o desenvolvimento da
força e a prevenção da osteoporose sejam os
mais relevantes a este público. Sabe-se que
em torno de 70% dos casos de acidentes de
pessoas idosas são ocasionados pela redução
de atividades físicas simples como caminhar.
Sendo que a falta de força e de equilíbrio é
um dos principais motivos da ocorrência de
acidentes por queda, levando-os assim a
possíveis fraturas (3).

Em torno dos 60 anos é observada uma


redução da força entre 30 e 40%, o que
corresponde a uma perda de 6% por década
dos 35 aos 50 anos de idade e, a partir daí,
10% por década (6). Pode parecer assustador,
mas notem que isso tudo ocorre, em boa
parte, pela inatividade.

Estudos recentes comprovam que


mesmo em idade avançada é possível
melhorar a força, bem como, estabilizar e
readquirir parte da massa muscular perdida
pelo processo natural do envelhecimento. A
força adquirida em um treinamento de 12
semanas em pessoas com idade entre 60 a 72
anos, pode chegar a espantosos 200% nos
músculos das pernas(1).
A descoberta das inúmeras vantagens
proporcionadas por esse tipo de treinamento
fez com que esses novos estudos
preconizassem a importância dos exercícios de
força e equilíbrio (1) para os idosos, colocando-
os acima dos exercícios aeróbios (ex.;
caminhadas).

Mas por que é preciso ficar mais forte? O


que isso tem a ver com sua saúde? Raciocine
comigo: se você estiver com seus músculos
mais resistentes e fortes, conseqüentemente
fica fácil o equilíbrio, o que leva a diminuição
de quedas e fraturas e tornará a vida
independente sem a necessidade de auxílio.
Analisando somente por esse ponto de vista já
fica evidente as vantagens.

2. Osteoporose: prevenção

Outro proveito que se pode tirar desta


modalidade é a prevenção da osteoporose.
Esta é uma doença muito comum entre
mulheres idosas, ocorrendo também em
homens, mas de forma menos comum.
Devido à ausência de sintomas as pessoas
acometidas por esta doença, não percebem a
perda óssea por anos, descobrindo a sua
existência apenas quando acontece algum
acidente com fratura. Felizmente, a medicina
já trata estes males com mais freqüência.
Sabe-se que exercícios executados com o
peso do próprio corpo podem reduzir a perda
de massa óssea (6) e que os indivíduos
submetidos ao leito tendem a exercer o papel
oposto (KERR et alii., 1996). No treinamento
com pesos adequados e adaptados ao
indivíduo com osteoporose, é possível diminuir
ainda mais estas perdas. Mesmo que os ossos
já estejam fragilizados, a força adquirida com
o treinamento previne futuras quedas fazendo
com que as chances de fraturas sejam
diminuídas.

3. Recomendações básicas do
treinamento:

a) O treinamento de força deve ser


realizado pelo menos 2x por semana,
com um mínimo de 48 horas de
repouso entre as sessões para a
recuperação da musculatura (2).

b) Recomenda-se realizar um conjunto de


8 a 10 exercícios com 8 a 12 repetições
para cada um, com intensidade de
moderada a alta (2).

c) A seleção dos grupos musculares a


serem trabalhados deve se direcionar
aos grandes grupos musculares que são
importantes nas atividades da vida
diária (2).
d) A duração das sessões não deve
ultrapassar a 60 minutos.

e) Recomenda-se respirar antes de


levantar o peso, e soltar a respiração
durante a execução do movimento (2).

Para nossa reflexão!

Não podemos pensar que somente um


tipo de atividade, pode resolver todos os
problemas. Fique atento, nem sempre esta
modalidade é a indicada. Qualquer tipo de
exercício pode ser útil, desde que feita com
prazer. Apenas enfatizamos acima, as
qualidades e benefícios de uma delas. Força e
equilíbrio são extremamente necessários, mas
é todo um conjunto de ações e um estilo de
vida heterogêneo (diversificado) que faz com
que nosso corpo se mantenha completamente
saudável. Experiências múltiplas devem ser
testadas. Relacione as mais importantes, a
atividade física talvez se encontre em primeiro
plano, e agregue a isso as atividades
artísticas, espirituais, mentais e sociais, além
de manter uma boa alimentação.

O maior desafio nesta idade talvez seja


começar a fazer alguma atividade, o tiro de
partida.
As frases “não consigo”, “nem pensar”,
“estou muito velho pra isso”, “estou muito
fraco”, são as mais usadas, mas devemos
saber que não existe situação, por mais
avançada que esteja, que não possa ser
contornada para prática de atividades físicas,
exceto em casos extremos de internamento ou
que não tenha mais condições de levantar-se.

Isso significa que o importante é se


mexer! Voltar a ativa! Não ficar parado!

Lembre-se, viver é simplesmente


aproveitar os dias que ganhamos a mais da
forma mais intensa e saudável possível. De
que adianta a expectativa de vida do homem
subir de 50 para 70 anos se são vividos com
suplício?

O envelhecimento é o conjunto da idade


cronológica (idade em anos), com a idade
biológica (corpo). O envelhecimento
cronológico é inevitável, é medido em anos,
meses e dias. É a vida! O envelhecimento
biológico trata-se diretamente do corpo e pode
ser retardado ou rejuvenescido.

Então se não podemos lutar contra a


idade, façamos com que nossa idade biológica
(corpo) se prolongue por muito tempo, nem
tanto por vaidade, mas sim por uma questão
de saúde, já que para um corpo sadio é
preciso de uma mente sadia. (Corpus sanus,
Mentes sanus).

“Um herói não se faz pela maneira como ele


ganhou ou perdeu uma batalha, mas sim pela
bravura como lutou enquanto viveu”. (Marcelo
Alves de Oliveira, 2007).
Referências
1- Pereira B., Souza Junior TP.
Compreendendo a barreira do rendimento físico:
aspectos metabólicos e fisiológicos. São Paulo-SP:
Phorte, 2005.

2- Okuma SS. O idoso e a atividade física:


fundamentos de pesquisa. Campinas-SP: Papirus,
1998.

3- Weineck J. Treinamento Ideal: instruções


técnicas sobre o desempenho fisiológico, incluindo
considerações específicas de treinamento infantil e
juvenil, 9ªed., São Paulo: Manole, 1999.

4- Consensus Development Conference:


Diagnosis, prophylaxis, and treatment of
osteoporosis. Am J Med 94: 646-650, 1993.

5- Spirduso W. Physical dimension of aging.


Champaign: Human Kinetics; 1995.

6- Nóbrega ACL. et alii. Posicionamento Oficial


da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e
da Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia: Atividade Física e Saúde no Idoso.
Rev Bras Med Esporte. 1999; 5(6):207-211.

7- Tribess S & Virtuoso Jr JS. Prescrição de


exercícios físicos para idosos. Rev. Saúde Com.
2005;1(2):163-172.

8- Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística. Projeção da população do Brasil :IBGE.
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias
/noticia_visualiza.php?id_noticia=207&id_pagina=
1 (Acessado em 28/jun/07).

9- Rogatto GP, Gobbi S. Efeitos da atividade


física regular sobre parâmetros antropométricos e
funcionais de mulheres jovens e idosas. Revista
Brasileira de Cineantropometria & Desempenho
Humano. 2001; 3(1):63-69.
CAPÍTULO 11
O TERMO DE ACORDO
EXTRAJUDICIAL DE
ALIMENTOS EM PROL
DA PESSOA IDOSA
Por Maristela Nascimento Indalencio

Maristela Nascimento Indalencio é


graduada em Direito pela Universidade Federal
de Santa Catarina, Mestre em Ciências
Jurídicas pela Universidade do Vale do Itajaí –
UNIVALI (2005-2007). Atuou como Professora
de Direito de Família na Escola de Preparação
e Aperfeiçoamento do Ministério Público de
Santa Catarina (1999). Promotora de Justiça
desde 1994, exercendo suas funções,
atualmente, junto à 12ª Promotoria de Justiça
(Família e Órfãos) da comarca de Blumenau.

Sumário: I - Introdução; II - O idoso e os


alimentos; III – O papel do Ministério Público
na tutela dos interesses individuais
indisponíveis do idoso; IV- A prisão civil; V -
Conclusão; Referências.
I - Introdução

O presente estudo pretende abordar a


validade do acordo extrajudicial de alimentos
formulado em prol de pessoa idosa e
referendado pelo Ministério Público como título
executivo judicial.

A idéia é buscar demonstrar que a


natureza extrajudicial do acordo de alimentos
referendado pelo Ministério Público permite
sua execução nos moldes do Código de
Processo Civil (art. 733 e seguintes), e com ela
a sanção maior cominada ao devedor, ou seja,
a prisão civil.

Utilizar-se-á, nesta investigação,


referência à doutrina e jurisprudência, além
dos elementos empíricos obtidos no dia-a-dia
forense, obedecidas as limitações impostas
pela natureza incipiente das inovações
relacionadas à matéria.

II - O idoso e os alimentos

O dever alimentar funda-se numa


obrigação geral de solidariedade, qualificada
juridicamente por laços de parentesco. A esse
respeito nossa Constituição Federal foi
expressa, dispondo em seu artigo 229 que “os
pais têm o dever de assistir, criar e educar os
filhos menores, e os filhos maiores têm o
dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade”, deixando clara a
imposição de auxílio mútuo entre ascendentes
e descendentes.

Assim, segundo a doutrina, “a lei impõe


aos pais (art. 1.568 c/c art. 1.694) o encargo
de prover a mantença da família e, por
decorrência jurídica, a eles compete sustentar
e educar os filhos. Da mesma forma, aos filhos
compete sustentar os pais na velhice e quando
necessitam de auxílio. Por isso, os romanos
denominavam a obrigação officium e pietas,
expressões que traduzem o fundamento moral
do instituto, o dever de mutuamente, se
socorrerem os parentes, na necessidade1”.

No caso específico do ascendente idoso,


tem-se como referência legislativa mais
próxima a Lei 8.648, de 20 de abril de 1993,
que veio acrescentar o parágrafo único ao
artigo 399 do Código Civil de 1916, dispondo
que “no caso de pais, que na velhice, carência
ou enfermidade, ficaram sem condições de
prover o próprio sustento, principalmente

1
, LEITE, Eduardo de Oliveira. Direito civil aplicado -
direito de família, vol. 5, editora Revista dos Tribunais,
SP. 2005, p. 381.
quando se despojaram de bens em favor da
prole, cabe, sem perda de tempo e até em
caráter provisional, aos filhos maiores e
capazes, o dever de ajudá-los e ampará-los,
com a obrigação irrenunciável de assisti-los e
alimentá-los até o final de suas vidas”.
A especificidade de tal norma acabou
suprimida no novo código civil que, ao
regulamentar os alimentos devidos entre
parentes em seu artigo 1.694, limitou-se a
dispor que “podem os parentes, os cônjuges
ou companheiros pedir uns aos outros os
alimentos de que necessitem para viver de
modo compatível com a sua condição social,
inclusive para atender às necessidades de sua
educação”.
Foi somente com o advento do Estatuto
do Idoso (Lei 10.741 de 1º de outubro de
2003) que os alimentos devidos à pessoa
idosa tornaram a sofrer uma especificidade de
tratamento, sendo então regulados pelo artigo
11 e seguintes do referido diploma, que agora
estabelece a solidariedade entre os
prestadores e a subsidiariedade do Estado na
obrigação alimentar.

Assim, dispõe o Capítulo 3 do Estatuto


do idoso, em seus respectivos artigos:
Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso
na forma da lei civil.

Art. 12. A obrigação alimentar é solidária,


podendo o idoso optar entre os prestadores.

Art. 13. As transações relativas a alimentos


poderão ser celebradas perante o Promotor de
Justiça, que as referendará, e passarão a ter
efeito de título executivo extrajudicial nos
termos da lei processual civil.

Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não


possuírem condições econômicas de prover o
seu sustento, impõe-se ao Poder Público esse
provimento, no âmbito da assistência social.

Os alimentos, portanto, quando se


tratar de pessoa com idade superior a 60
anos, passam a ter uma nova dimensão,
revelando sua condição de instrumento de
garantia da dignidade da pessoa idosa,
estendendo-se o dever assistencial para além
do vínculo de parentesco, gerando, como se
viu, obrigação subsidiária do próprio Estado
em caso de impossibilidade da manutenção
familiar.

Aludida característica diz com a


doutrina da proteção integral, adotada no
Estatuto do Idoso, a exemplo do que já havia
sido feito na área da infância e juventude, ou
seja, deixa claro que o idoso, por sua
particular condição de hipossuficiente diante
da dinâmica social - marcada, no regime
capitalista, pela competição e pela qualificação
pessoal, profissional e econômica, como
delimitadores do status social - é reconhecido
como juridicamente em situação de
desigualdade, devendo ter suas carências
supridas pela família, pela sociedade e pelo
Estado.

Com esse novo enfoque a obrigação


alimentar, mais do que nunca, ganha especial
dimensão enquanto direito de natureza
indisponível, extrapolando o âmbito das
relações privadas, podendo e devendo ser
oposto inclusive contra o Estado, em caso de
impossibilidade familiar.

III – O papel do Ministério Público na


tutela dos interesses individuais
indisponíveis do idoso;

Com a Constituição Federal de 1988, a


instituição do Ministério Público passou a
ganhar um rol de extensas atribuições,
projetando-se para além do mero exercício da
ação penal pública, com atuação na defesa da
ordem jurídica, do regime democrático, dos
interesses individuais e coletivos indisponíveis,
espraiando-se o rol de atividades no campo
cível em praticamente todos os setores de
especial dimensão social (infância e
adolescência, consumidor, meio ambiente,
saúde etc.).

Explica-se referida opção constitucional, em


especial no que se refere aos chamados
direitos coletivos e difusos: o Brasil era, e é
ainda, um país incipiente em matéria de
organização social para defesa de direitos,
fruto de anos de desigualdade social e de
práticas antidemocráticas (ditaduras políticas
em especial). Somente há pouco tempo,
passados muitos anos desde o fim dos
regimes autoritários, vem a sociedade
brasileira se organizando para a reinvidicação
de direitos, em especial no que se refere aos
direitos das minorias e da classe
economicamente desfavorecida. Atento a tal
déficit cultural, optou o legislador constituinte
por outorgar a um órgão público,
estruturalmente organizado nos níveis
federativo e local, e, sobretudo, com relativa
autonomia para o exercício de atividades
direcionadas contra o poder político, a tarefa
de fomentar a tutela de tais direitos,
promovendo ações em nível judicial e
extrajudicial para a pacificação social e
atuando como agente político de modo a
influenciar a sociedade e o Estado para a
necessidade de tais práticas, estimulando a
primeira a reinvidicar seus direitos e obrigando
o segundo a cumprir as políticas públicas
determinadas pelo Estado Democrático de
Direito.

Nesse aspecto, percebendo a prática já


ocorrente nas comarcas do interior do país,
instituiu o legislador a possibilidade de figurar
o acordo extrajudicial referendado pelo
Ministério Público como título executivo
extrajudicial (lei nº. 7.244/84, a chamada Lei
dos Juizados de Pequenas Causas),
consolidando situação que posteriormente veio
a ser expressamente incorporada pelo Código
de Processo Civil (artigo 585, II, alterado pela
Lei 8.953/1994) e pela Lei dos Juizados
Especiais, lei nº. 9.099/952.

Ou seja, verificando a corrente prática de


pacificação social e solução informal dos
litígios pelo Ministério Público e percebendo a
grande dimensão social a que correspondia tal
tarefa, optou o legislador por consolidar a
atribuição ministerial na condução de acordos

2
“art. 57. O acordo extrajudicial, de qualquer natureza
ou valor, poderá ser homologado no juízo competente,
independentemente de termo, valendo a sentença
como título executivo judicial”; “parágrafo único. Valerá
como título executivo extrajudicial o acordo celebrado
pelas partes, por instrumento escrito, referendado pelo
órgão competente do Ministério Público”.
extrajudiciais, concedendo força executiva ao
termo referendado3.

Trata-se, assim, do reconhecimento de


atuação de relevantíssimo aspecto, dada sua
inegável utilidade para a pacificação social
inerente ao direito.

Todavia, embora não fizesse a lei expressa


vedação4, procedeu a jurisprudência e a

3
Tal prática ainda é corrente, por exemplo, no interior
do Estado de Santa Catarina, em especial nas regiões
serrana e oeste, onde, principalmente nas comarcas de
Promotoria única, tivemos oportunidade de desenvolver
inúmeras conciliações entre a população local. Muitos
conflitos de vizinhança e mesmo questões de convívio
familiar acabaram solucionadas no gabinete que
ocupávamos, sem a necessidade de uma demanda
judicial. A título de curiosidade, vale menção aos
inúmeros “contratos de bem viver” realizados, sem
força jurídica, mas que serviam à pacificação entre os
membros de uma mesma família, que por vezes
apenas reclamavam a intervenção de um agente
público com alguma autoridade para o restabelecimento
da convivência familiar.
4
Pondera Maria Berecine Dias: “Ainda sobre os
alimentos, significativas as novidades introduzidas. A
obrigação alimentar estipulada, mediante acordo
referendado pelo Ministério Público, constitui título
executivo (EI 13) a autorizar o uso do processo de
execução. A explicitação vem em boa hora. Apesar da
clareza da norma processual (CPC 585), resiste a
jurisprudência em outorgar aos títulos assim
constituídos força executória para uso da ação pelo rito
da prisão. Esta postura apresenta-se absolutamente
contrária à lei, que não faz qualquer ressalva quanto ao
doutrina a restrição da abrangência jurídica
dos efeitos do acordo, que assim, não
poderiam versar sobre os chamados direitos
indisponíveis, em especial as questões
relacionadas ao chamado “estado de pessoa”
(dentre eles, os alimentos).

Quando muito, deveriam ser ratificados pelo


juiz para então poder surtir os efeitos jurídicos
próprios à execução com sanção coativa
pessoal.

É a lição de CAHALI:

"Como a ação de alimentos pode ser de


iniciativa seja do credor, seja do devedor,
nada obsta a que, chegando ambos a um
acordo extrajudicial, reclamem em juízo a sua
homologação.”

(...)

meio executório. Em se tratando de obrigação


alimentar, constituída por título executivo extrajudicial,
possível o uso de qualquer dos meios executórios (CPC
732 a 735), sem nenhuma distinção quanto à natureza
do título. Portanto é possível fazer uso da execução
pelo rito da coação pessoal (CPC 733) quando a
obrigação alimentar de acordo referendado pelo
Ministério Público, Defensoria Pública e advogados das
partes.” (DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das
famílias. Porto alegre: Livraria do Advogado Ed, 2005,
pág. 412. Grifo no original).
A respeito observa Vladimir Passos de Freitas
que tais acordos, celebrados em escritórios
particulares ou mesmo perante o Promotor
Público, uma vez descumpridos, não sujeitam
o devedor a qualquer sanção; em tais
circunstâncias, nada mais natural do que
pretenderem as partes a homologação do
acordo pelo juiz; (...)5”

Na jurisprudência, um dos paradigmas:

DIREITO DE FAMÍLIA - ALIMENTOS -


EXECUÇÃO - PRISÃO CIVIL DO ALIMENTANTE
- ACORDO EXTRAJUDICIAL NÃO
HOMOLOGADO JUDICIALMENTE - PRISÃO
MANIFESTAMENTE ILEGAL - EXECUÇÃO NULA
- ALEGAÇÕES COMPROVADAS - DESPACHO
CASSADO - RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.

Acordo extrajudicial não homologado pelo


judiciário não é título executivo judicial ou
extrajudicial a ensejar processo de execução.
Nulo o título que embasa a execução, nulo é o
decreto prisional do alimentante. (TJSC,
Agravo de instrumento n. 2002.001680-2, de
Indaial. Relator: Des. Monteiro Rocha)

Há de se notar o contexto em que tais


entendimentos surgiram (e, até aqui, se
5
CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 2ª ed., revista
e ampliada, São Paulo: RT, 1994, p. 653/654.
perpetuaram): como já colocado, havia em tal
atuação ministerial a característica da
recenticidade, gerando a natural desconfiança
dos tribunais e doutrinadores (de regra
conservadores quando a questão relaciona-se
à outorga de poderes), em especial quando se
tratava de direito relacionado à própria
existência da pessoa humana, como é o caso
dos alimentos devidos.

Porém, se havia o medo da atuação


imprudente ou leviana em desfavor do
alimentando tal restou devidamente superada.
Sem afastar o risco natural de mencionadal
ocorrência (que pode se verificar mesmo
dentro de uma ação judicial), a práxis revelou
a responsabilidade com que tais questões vêm
sendo tratadas no dia-a-dia, revelando a
maturidade dos membros do Ministério Público
no trato de tais situações, justificando o
avanço agora presente no Estatuto do Idoso.

Como pondera RAMOS (2003, p. 148/149):

“Não parece concebível que hoje, a par de


todo o aparato tecnológico disponível, a
sociedade brasileira não ofereça as condições
mínimas de dignidade às pessoas idosas.

Diante disso, salta aos olhos a importância do


Ministério Público na defesa dos direitos desse
segmento social, porquanto tem a tarefa
primordial de reverter esse quadro de
desrespeito a seus direitos, especialmente
mediante ações que despertem a atenção da
sociedade para a necessidade de sua garantia,
lançando mão de todos os instrumentos
jurídicos à sua disposição, especialmente o
inquérito civil e a ação civil pública, como
forma de demonstrar à sociedade que se
transitou da barbárie à civilização, traduzida
pela efetividade das normas que reconhecem
os direitos humanos como imprescritíveis e
invioláveis.”

Adiante, continua:

“Nesse ponto, o Ministério Público pode dar


grande parcela de contribuição aos idosos,
especialmente através da conscientização de
seus direitos, da orientação sobre os
mecanismos judiciais de garantia de sua
cidadania, cobrando do Estado, dos
particulares e dos demais cidadãos nova
postura diante desse segmento social, que,
segundo as mais atualizadas pesquisas, já
corresponde a mais de 8% da população
brasileira.

Assim conscientizados, e, em razão disso,


exercendo pressão sobre os centros de poder
do Estado, provocarão a materialização dos
direitos que lhes assistem. Fato que chamará a
atenção do restante da sociedade civil par aos
resultados que ela poderá alcançar, se
devidamente organizada. Isto ocorrendo, os
membros do Ministério Público terá colaborado
decisiva e definitivamente para a efetivação
dos direitos fundamentais, meta maior dessa
instituição.” 6

O acordo de alimentos em favor da pessoa


idosa, quer parecer, enquadra-se à perfeição
na categoria de instrumentos jurídicos
colocados à disposição do Parquet para a
tutela dos direitos de tal parcela da população.

De outro lado, como adiante se demonstrará,


o ato de conferir validade executiva ao termo
de acordo referendado pelo Ministério Público
para justificar a coação pessoal em caso de
inadimplência (prisão civil) encontra-se
autorizado por sua visível utilidade: basta um
leve olhar pela realidade e ter-se-á presente
sempre ocorrente impossibilidade de defesa do
idoso, que por sua condição e por sofrer no
âmbito familiar as agressões e omissões que
lhe expõe a perigo, nenhuma autonomia
possuía para a contratação de um advogado e
a busca judicial dos alimentos. Com o Estatuto
a tutela ganha uma nova dimensão, dada a
6
in WOLKMER, Antônio Carlos. LEITE, José Rubens
Morato (org.). Os “novos” direitos no Brasil:
natureza e perspectivas: uma visão básica das
novas conflituosidades jurídicas. São Paulo, Saraiva,
2003, p. 148/149.
possibilidade de criação de órgãos
especializados na detecção das violações
(Conselhos de Defesa da Pessoa Idosa) e com
o encaminhamento ao Ministério Público,
reiterando-se, aqui, a prática extremamente
bem sucedida no campo da infância e
juventude, conferindo-se a este o poder para
notificar os parentes do idoso, conduzir e
referendar acordo de alimentos e aforar
eventual ação em caso de inexitosa a
composição.

A natureza extrajudicial do título, como


adiante se demonstrará, não impede a
conseqüência da prisão.

A legitimidade do Ministério Público


para o acordo, de outro lado, permite uma
maior dimensão dessa mesma transação como
instrumento de resgate da dignidade da
pessoa idosa, não havendo se falar em
inutilidade do referido dispositivo. Ao
contrário.

IV - A prisão civil

Tocante à possibilidade de prisão civil


advinda da execução de título executivo
extrajudicial, sustentamos ser possível referida
media extrema, pelos motivos a seguir
expostos.
Primeiramente, há de se colocar que a
prisão civil funda-se na defesa de um interesse
tão ou mais importante que a liberdade do
alimentante, qual seja, a própria sobrevivência
do alimentando. Não se trata de contrapor
uma dívida, apenas, ao direito de liberdade de
terceiro, estando em jogo, ao contrário, a
própria sobrevivência daquele que necessita
da assistência. Esta certamente deve
prevalecer estando justificada a supressão da
liberdade para a garantia da continuidade da
vida digna daquele que necessita dos
alimentos.

Depois, há de se lembrar, a prisão,


embora efeito da inadimplência, somente pode
ser decretada após regular processo
contraditório, garantida a ampla defesa. Cabe
a autoridade judiciária, ouvido o devedor,
proceder ou não a ordem de prisão e tal reduz
o risco de arbitrariedade ao nível “normal” das
execuções de alimentos e aí se mantém a
segurança jurídica necessária à validade da
coerção derivada de tal documento
consensual.

O que se pode admitir como razoável,


porém, é uma ampliação da matéria de
defesa, que poderá ir além da simples
justificativa do inadimplemento, abordando
determinados aspectos formais do próprio
acordo (desatendimento de regras de
atribuição, pelo Promotor, não legitimação do
executado para a obrigação etc.). Sem
descurar, em todo caso, eventual impugnação
por vício de consentimento (fraude, coação
etc.), a ser efetuada pela vias já existentes na
lei processual civil em vigor, ou seja, a ação de
anulação de ato jurídico.

V - Conclusão

Em síntese, podemos resumir as idéias


presentes neste estudo nas seguintes
premissas:

a) Os alimentos, no Estatuto do Idoso,


ganharam nova dimensão, projetando-se para
além dos limites da relação de parentesco.
Frente à proteção integral adotada por tal
diploma legislativo, o dever alimentar é
garantia de sobrevivência do idoso, condição
de resguardo de sua isonomia e dignidade.

b) Tendo o Ministério Público função


constitucional de defesa dos interesses
individuais e sociais indisponíveis, entre os
quais se insere a dignidade da pessoa humana
e a própria garantia de sobrevivência do idoso
(direito à vida), nenhum óbice se opõe a sua
atuação na condução e ratificação do acordo
de alimentos, o qual, levando em conta as
necessidades do alimentando e as
possibilidades dos alimentantes, corresponde a
um dos mais efetivos instrumentos de tutela
da pessoa idosa.

c) É plenamente viável a prisão civil


decorrente do inadimplemento de acordo de
alimentos, dado que atende à necessidade de
garantir a sobrevivência do alimentando,
justificando a coerção extrema.

Referências
CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 2ª ed.,
revista e ampliada, São Paulo: RT, 1994;

DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das


famílias. Porto alegre: Livraria do Advogado Ed,
2005;

LEITE, Eduardo de Oliveira. Direito civil


aplicado,vol. 5, Direito de Família, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2005;

RAMOS, Paulo Roberto Barbosa (org.) Estatuto do


idoso comentado pelos promotores de justiça,
Florianópolis: ed. Obra Jurídica, 2005;

WOLKMER, Antônio Carlos. LEITE, José Rubens


Morato (org.). Os “novos” direitos no Brasil:
natureza e perspectivas: uma visão básica das
novas conflituosidades jurídicas. São Paulo,
Saraiva, 2003.
CAPÍTULO 12
ESTRESSE NOSSO DE
CADA DIA!
Por Rosane Magaly Martins
Rosane Magaly Martins, escritora,
advogada com abordagem holística e
terapeuta somática, pós-graduada em
Gerontologia. Fundadora do movimento
Poetas Independentes na década de 80, ocupa
a cadeira 18 da Academia de Letras
Blumenauense e preside o Conselho Municipal
de Cultura de Blumenau (2006/07). É autora
de diversas obras, entre elas “Poemas para
Além do Tempo” e “Diário de uma
aborrecente”. É uma das organizadoras do
projeto Ame suas rugas e co-autora das obras
“Ame suas rugas: viver e envelhecer com
qualidade” (Nova Letra, 2006) e “Ame suas
rugas: aproveite o momento” (2007).

Os únicos demônios que existem no mundo


são aqueles que nos circundam o coração. É aí
que a batalha deve ser travada (Mahatma
Gandhi)
O Brasil está sofrendo grandes alterações no
perfil etário de sua população, que envelhece
3,2% ao ano e já ocupa o sexto lugar do
mundo, segundo a Organização das Nações
Unidas (ONU). De acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o
Brasil terá, em 2020, 30,9 milhões de idosos.

Um dos fatores que tem grande influência


sobre o modo como as pessoas envelhecem são
as crenças em sua capacidade de lidar com a
própria vida, incluindo a capacidade para lidar
com agentes estressores que acompanham o
envelhecimento: limites e reduções de
capacidade econômica, de saúde, trabalho e
relações intergeracionais e sociais. E é sobre o
estresse o tema deste artigo.

VIDA MODERNA

As pessoas não sabem mais o que é relaxar,


sair de férias, terem um dia de folga. Ficam
totalmente perdidas. Os efeitos da vida
moderna, com o ritmo alucinante e excesso de
informações estão trazendo problemas à
crianças, adultos e envelhecentes.

A velocidade das informações deixa as pessoas


perplexas e inconsistentes, tornando-as menos
produtivas, menos capazes, menos felizes. É um
mal da pós-modernidade e todos sofremos com
isto, das crianças aos idosos, dos executivos à
dona-de-casa.

IDOSO TAMBÉM SE ESTRESSA

A palavra estresse foi adotada por Hans


Seyle pela primeira vez na década de 30. Ele
emprestou a palavra da engenharia, que
estresse refere-se ao desgaste de materiais
submetidos a pressão excessiva. Hoje usa-se o
termo para explicar a reação biológica
registrada em pessoas que vivem sob pressão
profissional, social, familiar. Entretanto, o
estresse é verificado em todos os animais,
observado através da evolução, como a reação
utilizada para salvar suas vidas em emergência.
Numa situação de perigo o cérebro ativa o
sistema nervoso simpático que, por sua vez,
ativa as glândulas supra-renais, para que se
enfrente ou fuja da situação de perigo.

No corpo humano a adrenalina, hormônio do


estresse, é secretada no sangue para colocar o
corpo em ação. Em dois segundos o corpo
passa por mais de mil reações físico-químicas
que transformam a pessoa num super-humano.

O coração bate mais rápido e os pulmões


respiram mais rápido para proporcionar mais
oxigênio. O fígado usa o glicogênio que está
armazenado e o transforma em glicose, para
fornecer energia instantânea.
ALARMES CORPORAIS

Sob tensão (ansiedade/excitação) o nervo


que vai do cérebro (amígdala cerebral) às
glândulas supra-renais (situada acima dos rins),
provoca uma secreção dos hormônios epinefrina
e norepinefrina que invadem o corpo,
preparando-o para a emergência.

Este estímulo da amigdala parece gravar na


memória a maioria dos momentos mais intensos
de estímulo emocional. Há dois sistemas de
memória: fatos comuns e fatos com emoção.

A amigdala examina a experiência,


comparando a atual situação com outra similar
do passado (método associativo) e dá a
resposta com a reação registrada. Junto com a
lembrança, geralmente se têm formas obsoletas
de resposta, com reações iguais para
eventos diferentes.

Caso o perigo persista e precise de ainda


mais energia, as supra-renais secretam outro
hormônio do estresse, o cortisol, e o fígado
começa a mobilizar reservas de gordura para
queimar mais combustível e dar mais energia. O
cérebro acelera, os músculos contraem
formando uma couraça para proteger o corpo
de ferimentos.
O sistema imunológico é colocado em alerta
para que não haja infecções em caso de
ferimento. Isso funciona quando efetivamente a
pessoa esteja numa situação grave e que
necessite de uma reação urgente para salvar a
vida... Caso contrário... é dano certo ao
organismo.

Não se pode fugir dos problemas da


modernidade nem lutar fisicamente contra eles.
Então se enfrenta tensões contínuas, contra as
quais não se pode reagir fisicamente. Isso
adoece profundamente o ser humano, resultado
de toda a química gerada pela situação.

Doenças e sintomas relacionados:

 O rápido batimento cardíaco resulta em


palpitações e doenças do coração;

 A respiração rápida pode resultar em


problemas respiratórios;

 Todas as gorduras liberadas pelo fígado


permanecem na corrente sanguínea e a
adrenalina auxilia a colar estas gorduras às
artérias, causando arteriosclerose, hipertensão
e enfarte;

 Os açúcares deixados no sangue


sobrecarregam o pâncreas, podendo causar ao
longo do tempo, diabetes tipo dois;
 A tensão muscular causa todo tipo de
dores, incluindo dor nas costas e cefaléia;

 O sistema imunológico deprimido torna-


nos vulneráveis à resfriados, infecções como
herpes, úlcera e até mesmo câncer;

 A constante super-estimulação do
cérebro pelos hormônios (especialmente o
cortisol) mata neurônios do hipocampo,
responsável pela memória e aprendizado.

HABILIDADE EMOCIONAL

Pessoas com pouca habilidade emocional,


extremamente agitadas e agressivas facilmente
deflagram a resposta de lutar ou fugir do
sistema nervoso simpático, fazendo-o ordenar a
secreção de elevados níveis de hormônios do
estresse.

Em decorrência, as glândulas supra-renais


cronicamente super-estimuladas secretam até
40 vezes mais cortisol e quatro vezes mais
adrenalina.

Uma pesquisa americana comprovou que


advogados, executivos e donas de casa
possuíam níveis parecidos de estresse. Não
encontraram nenhuma relação entre os eventos
estressantes e as doenças detectadas. A única
correlação encontrada foi a atitude destas
pessoas para com as situações que
enfrentavam cotidianamente.

MUDAR ATITUDES

Para que possamos viver de maneira mais


saudável, evitando os sintomas do estresse, os
cientistas recomendam que cada pessoa
desenvolva sua inteligência emocional, que lhe
dará capacidade de enfrentar seus problemas
cotidianos de maneira equilibrada.

Aprender a desenvolver a auto-percepção do


que sente a cada evento, quais emoções
surgem e as reações físicas desencadeadas. E
também duas aptidões emocionais que nosso
tempo exige: autocontrole e empatia.

Depois de entender como reage, o que sente


e como está o corpo em situações de estresse
poderá passar para um aprendizado mais
profundo.

O desenvolvimento da empatia, capacidade


de identificar as emoções e colocar-se no lugar
do outro, pode nos tirar de situações de
confronto, agressividade, apatia ou estresse.

Também podemos desenvolver outras


inteligências emocionais, que possibilitam atuar
em eventos estressores de maneira adequada e
coerente, sendo pessoas pacificadoras e não
criadoras de problemas. Estas inteligências
podem ser vistas como:

 Inteligência interpessoal, que é a


capacidade de compreender outras pessoas: o
que as motivam, como trabalham, como
trabalhar cooperativamente com elas.

 Inteligência intrapessoal, que é uma


aptidão correlata, voltada para dentro. É a
capacidade de formar um modelo preciso,
verídico, de si mesmo e poder usá-lo para agir
eficazmente na vida.

ENTENDA SUAS EMOÇÕES

Estudiosos sobre inteligência emocional como


Daniel Goleman, indicam formas simples para
que cada um possa aprender a lidar com as
emoções, de maneira a torná-las ferramenta de
saúde, tranqüilidade e paz, quais sejam:

o Conhecer as próprias emoções


(autoconsciência e reconhecer quando o
sentimento ocorre);
o Lidar com emoções (capacidade de
confortar-se, de livrar-se da ansiedade, tristeza
ou irritabilidade);
o Motivar-se (por as emoções a serviço
de uma meta e saber adiar a satisfação e conter
a impulsividade);
o Reconhecer emoções nos outros (a
empatia, sintonizado com os sutis sinais do
mundo externo que indicam o que os outros
precisam ou o que querem);
o Lidar com relacionamentos (aptidão de
lidar com a emoção do outro).
DESENVOLVA AUTOCONSCIÊNCIA

Para que possa transformar-se é


indispensável apurar o sentido de permanente
atenção ao que se sente interiormente. Nesta
consciência auto-reflexiva, a mente observa e
investiga o que está sendo vivenciado, incluindo
as emoções.

Existem pessoas:

o Autoconscientes: são autônomas e


conscientes de seus próprios limites, gozam de
boa saúde psicológica e tem perspectiva
positiva de sua vida;
o Mergulhadas: são instáveis e não tem
muita consciência dos próprios sentimentos, de
modo que se perdem nele sem perspectivas;
o Resignadas, tem clareza do que fazem,
mas não tentam mudar.
DESENVOLVA ATITUDES SAUDÁVEIS

Para que evitemos situações de estresse e


nos tornemos seres plenos e atuantes,
desenvolvedores de ações pacíficas e
pacificadoras, há necessidade de algumas
mudanças, possibilitando transformar medos
em desafios, covardia em otimismo, comodismo
em altruísmo:

o DESAFIO: ver mudanças como desafios


e não como ameaça. Os problemas são nossos
trunfos, nossas armas para ajudar-nos na luta
da vida;
o OTIMISMO: encarar cada situação e
cada mudança de forma otimista, com
pensamento positivo. Não existe fracasso,
apenas lições. Seja sempre positivo e transmute
mesmo a energia amarga e negativa à sua volta
numa harmonia prazerosa;
o DEDICAÇÃO A UMA META MAIOR:
Pessoas com esse atributo têm um senso de
propósito, de significado de vida. Elas se
movem em direção a uma meta mais elevada;
o ESTRESSE BOM: O bom estresse nos
mantém motivados, inspirados e produtivos.
Precisamos de uma certa dose de estresse para
evoluir e crescer.
VIVA COM SAÚDE

Podemos entender, então, que não iremos


mudar o mundo nem as pessoas que o habitam.
A tecnologia, a era da informação e a
modernidade estão aí, quer queiramos ou não.
Podemos ter uma atitude positiva ou negativa
acerca do nosso envelhecimento. Sermos
velhos, saudáveis, equilibrados e ligths é
questão de atitude interna e não de fatores
externos. Não há pílula mágica para isso.

Vivemos no presente. O passado é uma


experiência e o futuro, uma possibilidade. Além
de desenvolver sua inteligência emocional, ter
atitudes saudáveis e entender que a vida é um
aprendizado constante já transformará seu
cotidiano.

Os que nos precedem necessitam de nossas


experiências, para analisarem como podem ser
seres melhores.

E ainda podemos manter hábitos e atitudes


diárias que poderão auxiliar nesta caminhada
por uma vida plena e saudável, fazendo:

RESPIRAÇÃO: Respire, pois nenhum alimento


ou vitamina é capaz de fazer o que a respiração
profunda faz;
POSTURAS DE YOGA: Simples posturas são
capazes de reduzir radicalmente os níveis de
hormônios do estresse - cortisol e adrenalina;
AUTO-MASSAGEM: estimula o sistema linfático,
remove as toxinas e produtos residuais de cada
célula do nosso corpo;
RELAXAMENTO PROFUNDO: reduz batimento
cardíaco, diminui freqüência respiratória, baixa
pressão arterial, relaxa músculos e acalma a
mente;
MEDITAÇÃO: habilidade de pensar com maior
clareza, diminui ansiedade, insônia, depressão e
várias doenças psicossomáticas e propicia a
superação da agressividade, fobias, neuroses,
etc.;
DIETA APROPRIADA: reduza o consumo de
gordura animal e alimentos que excitam o
sistema nervoso simpático como café,
chocolates e açúcar. Priorize a ingestão de
frutas, vegetais, legumes e grãos integrais com
quantidades moderadas de lacticínios e
derivados de soja não trangênica. E aproveite
o seu dia!

Lembre-se: ”Aquele que o irrita o domina”


(Elizabeth Kenny)
Referências:

 Inteligência emocional, de Daniel


Goleman, ed. Objetiva

 Stress a seu favor, de Susan


Andrews, ed. Ágora

 Como lidar com emoções


destrutivas, de Dalai Lama e Daniel Goleman,
ed. Campus

 A arte da felicidade, de sua


Santidade Dalai Lama e Howard Cutler, ed.
Martins Fonte

 Da teoria do corpo ao coração, de


Dimas Calegari, ed. Summus

 Sobrevivência emocional, de Rosa


Cukier, ed. Ágora

 Saúde perfeita, de Deepak Chopra,


ed. Best Seller

 PLN e Saúde, de Ian McDermontt, ed.


Summus

 O corpo diz sua mente, de Stanley


Keleman, ed. Summus
CAPÍTULO 13
CABELOS BRANCOS:
ARTE OU TRAGÉDIA
INEVITÁVEL?
Por Suleica Iara Hagen

Suleica Iara Hagen é assistente Social pós-


graduada em Gestão de Recursos Humanos
(FEPESE/Ufsc), pós-graduada em
Gerontologia(Furb) e em Educação Ambiental
(Faculdade Senac). É professora de
Responsabilidade Social e Coordenadora de
Saúde. Foi presidente do Conselho Municipal
do Idoso de Blumenau (Gestão 2005/2006). É
idealizadora e uma das coordenadoras do
projeto AME SUAS RUGAS.

Segundo alguns autores o envelhecimento é


um processo tão constante que antes mesmo
de virmos ao mundo já estamos
envelhecendo. A fecundação do óvulo pelo
espermatozóide é o início da vida e pode ser
também considerado o início do nosso
processo de envelhecimento. Porém para a
Biologia, nossas células passam por várias
fases até chegarem ao processo de
envelhecimento, considerado a partir dos 30
anos. Apesar das visões diferentes podemos
afirmar que estamos o tempo todo, durante
toda vida, envelhecendo.

Envelhecer pode ser uma arte ou uma


tragédia, depende muito do ponto de vista que
analisarmos a nossa própria vida e suas
conjunturas. Podemos afirmar que tudo na
vida é uma questão de olhar, mas envelhecer
permeia viver esse olhar em sua mais plena
possibilidade.

Trata-se, parodiando Freud, dos


componentes que "a vida traz para o
indivíduo" e que, juntamente com as
disposições pessoais, vista de maneira mais
ampla, que estaremos estudando o resultado
no estado psíquico atual em que se encontra o
idoso na sociedade.

O envelhecimento é dividido em três grandes


fases:

- Biológica;
- Psicológica;

- Social.

Talvez através do equilíbrio destas três


fases possamos atingir grandes objetivos, que
normalmente envolvem nosso cotidiano, mas
não assumem um papel nas conquistas
necessárias para se entender o que acontece
com nosso corpo, mente e espírito ao longo
dos anos.

Este artigo pretende discutir algumas


conquistas que se fazem necessárias para se
desenvolver uma cultura de envelhecimento
saudável a todas as gerações, inicialmente
poderíamos pensar em:

- Oportunizar a quebra de preconceitos com


relação ao processo de envelhecimento;

- Contribuir na criação de novos conceitos


acerca do processo de envelhecimento;

- Estimular a reflexão de que a Terceira Idade


é uma etapa natural da vida;

- Contribuir no processo de conscientização


dos idosos quanto a responsabilidade pelo
próprio envelhecimento.

Para iniciarmos esta conquista de espaço


devido na sociedade atual e desta forma
preparar alternativas cada vez mais adequadas
ao ser humano envelhecente, poderíamos
começar com os meios educacionais. Estes
deveriam incluir em seus currículos uma
disciplina que orientasse a criança desde a
infância a buscar para si conhecimentos
também de outra ordem, que pudesse
conferir-lhes uma educação para a vida em
conjunto com noções sobre o tempo da
aposentadoria e do próprio envelhecimento.

O crescimento elevado da população idosa,


aliado ao avanço tecnológico e da medicina,
ampliam a expectativa de vida e estimulam o
idoso à busca por diferentes formas de
participação e de espaço.

O idoso deixa de ser um perfil de minoria na


população brasileira e assume um quadro
significativo nas políticas públicas e privadas
nacionais.

As empresas privadas começam a estudar


Planos de Preparação para aposentadoria com
mais entusiasmo, ligando esta modalidade às
práticas de Responsabilidade Social
Corporativa.

As políticas públicas voltam a investigar este


perfil da população para adequar orçamentos
e práticas voltando o olhar a um novo foco.
Até 2007 todas as políticas de Saúde Nacional
tinham como ponto inicial a criança, a partir
de 2008 o Ministério da Saúde inverte a
diretriz, e seu objetivo passa ser a pessoa
idosa.

Portanto, se há uma necessidade de mudança


em pensamento e ação, é preciso entender o
que está acontecendo com nosso país e com a
nossa população idosa.

Expectativa de Vida

Podemos citar como exemplo o município de


Blumenau, em Santa Catarina, no Brasil. Uma
cidade que em 2007 possui 298.000
habitantes, segundo dados da Prefeitura
Municipal. Para cada 100 indivíduos jovens em
Santa Catarina, 34 são idosos. Blumenau está
acima desta média, com 40 idosos para cada
100 indivíduos.

No quadro abaixo podemos visualizar com


maior clareza os números estabelecidos para o
município em 2007:

Idosos 60-69 70-79 + 80 Total

2007 12.750 7.100 2.637 22.487

Fonte: IBGE/MS/DATASUS – MARÇO 2007

A esperança de vida depois dos 60 anos


no estado de Santa Catarina em 2003 era de
18 anos, atualmente esta expectativa fica em
torno de 21 a 22 anos. Pelos avanços
tecnológicos e novas possibilidades de convívio
social poderá crescer mais significativamente
nos próximos anos.

O quadro abaixo representa a esperança de


vida aos 60 anos de idade, para ambos os
sexos na Região Sul do Brasil:

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Região 20,5 20,6 20,7 20,8 21,0 21,1


Sul 2 5 7 9 1 3

Paraná 20,2 20,4 20,5 20,6 20,7 20,9


8 1 4 6 9 2

Santa 20,7 20,9 21,0 21,1 21,2 21,3


Catarin 8 0 1 3 4 5
a

Rio 20,5 20,7 20,8 20,9 21,0 21,2


Grande 8 2 4 6 8 0
do Sul

Fonte: IBGE/projeções demográficas


preliminares – Datasus –2007
Este quadro apenas confirma uma teoria
discutida em vários livros e abordada em
inúmeros programas de TV, vamos viver cada
vez mais. Poderia aqui ser citado um quadro
de expectativas nacional, mas sabemos que
até as regiões mais afetadas pela falta de
possibilidades de um envelhecimento com
qualidade de vida têm seus indicadores de
expectativa de vida aumentados.

É preciso estudar mais esta fase da vida,


dedicar um outro tipo de olhar, mais atento, e
planejar nossas decisões em relação à vida
futura incluindo esta nova realidade.

Envelhecimento Biológico

Este aumento da perspectiva de vida pode ser


abordado de diversas maneiras, se voltarmos
ao início de nosso capítulo falávamos de três
tipos de envelhecimento. Neste momento
podemos explorar cada um deles como um
mecanismo de auxílio ao crescimento das
taxas de idosos por habitantes no Brasil.
Quando falamos do aspecto fisiológico e
biológico pensamos no corpo humano e nas
suas imensas possibilidades.

O envelhecimento é um fato inerente à


vontade humana, acontecerá a todos sem
distinção de classe social, credo ou ideologia
política. Poderemos retardá-lo ou mascará-lo,
mas nunca, em nenhuma hipótese, impedí-lo.

Após os 60 anos a medicina afirma que nossas


orelhas e nariz aumentarão de tamanho, a
pele do corpo ficará mais fina, a estatura
diminuirá, aparecem manchas senis, diminuem
os pelos em geral, aparecem os cabelos
brancos e a calvície. E estes são apenas
alguns dos indicadores que nosso corpo
sinalizará para esta nova etapa natural da
vida.

É fato que a globalização trouxe ao século


XXI inúmeros problemas, mas em
contrapartida podemos destacar um benefício
deste processo como avanço e disseminação
de novas e mais eficientes técnicas da
medicina. Estamos vivendo a geração das
descobertas milagrosas e inúmeras
possibilidades para um único diagnóstico. O
Sistema de Saúde Brasileiro – SUS é
bombardeado de críticas pela população
nacional, mas é um dos únicos sistemas de
saúde do mundo que atende a todas as
patologias existentes, sem nenhuma distinção.
Fato que jamais foi cogitado nos planos de
saúde particulares. Aliás, tudo o que os planos
de saúde privados não assumem é
encaminhado a este sistema de saúde público.
Concordo que possui suas deficiências,
dificuldade de acesso, prestação de serviços
morosa, mas mesmo assim possui
mecanismos de acesso que possibilitam a
população de todas as faixas etárias uma
oportunidade de melhoria, sem contar as
inúmeras vacinas preventivas adotadas como
mecanismo obrigatório na política de saúde.

Envelhecimento Psicológico

O segundo aspecto do envelhecimento é o


psicológico, o idoso envelhece seus
pensamentos, falas e atitudes muitas vezes
antes mesmo do seu envelhecimento biológico
acontecer. Por vezes esta modalidade de
envelhecimento pode estar relacionada a
históricos pessoais e familiares. È comum
recebermos famílias que trazem seus idosos
para iniciarem atividades de convivência, e do
início ao final da conversa não conseguimos
ouvir a voz do idoso. A família assume todas
as falas, pensamentos, idéias e desejos deste,
normalmente sem consultá-lo.

O que precisamos entender é que os idosos,


em sua maioria, não necessitam ou desejam
as mesmas coisas. Possuem personalidade
própria, são detentores de um conhecimento
acumulado através dos anos e precisam ser
respeitados por estas diferenças.
Em contrapartida, na outra ponta, temos as
famílias que abandonam seus idosos como se
estes não integrassem mais o mesmo círculo
familiar.

Afirmo que a partir dos 60 anos os filhos têm a


responsabilidade moral com a qualidade de
vida de seus pais, enquanto seus pais tiveram
a responsabilidade civil sobre seus filhos na
infância e adolescência. Os papéis devem se
inverter.

É comum no Brasil a utilização da renda do


idoso como provedor do lar de toda uma
família, realidade existente, mas não coerente.
O idoso precisa, tem o direito e o dever de
viver este momento de sua vida em toda
plenitude. A família deve agregar ao idoso,
não depreciar ou levá-lo à destruição.

É nossa missão envelhecer. O ataque


psicológico ao envelhecimento está
intimamente ligado ao biológico. Talvez o
primeiro maior ataque seja o nosso próprio
espelho. Mas precisamos aprender a viver com
10, 20, 40, 80 ou 100 anos. Precisamos
entender que envelhecer é uma tarefa de vida
e precisa ser assumida como tal.

Envelhecimento Social
O ser humano não foi criado para viver
sozinho, isolado. Somos seres sociais e
precisamos viver em sociedade para estarmos
bem, precisamos de objetivos e rotinas para
nos sentirmos ativos e vivos.

A pessoa que envelhece leva consigo um


preceito da natureza que destina este idoso a
transmitir todo tipo de experiência a quem
dela necessitar. Mas muitas vezes parece que
ninguém tem interesse nesse conhecimento e
nesta tarefa que a mãe natureza nos deixou.

Bem, o envelhecimento já está


regulamentado, se tornou política pública
através do estatuto do Idoso, começamos
então a transmitir conhecimento, mas ainda é
pouco.

Usemos o exemplo daquela foto tirada com


toda turma de amigos em um aniversário de
15 anos. Hoje com 80 podemos olhar a foto e
contar quantos daqueles amigos ainda estão
vivos. Nossos laços de amizade vão se
extinguindo, nosso grupo social não se reúne
mais. As atividades que antes eram comuns
passam a ser esporádicas. Começamos a viver
em nosso pequeno círculo familiar e depender
da oportunidade destes encontros para
socializar nossas idéias. Onde está a vitalidade
de idéias e interesses da juventude.
Precisamos entender que não temos outra
vida, esta, agora é a nossa possibilidade.
Precisamos viver, por mais absurdo que este
apelo possa parecer, ele é o centro de
necessidade da nossa vida em sociedade. Não
podemos deixar de viver com medo do futuro.
Precisamos sair na rua, participar de novos
grupos de novas atividades, despertar novos
interesses, renascer a cada idade.

Não podemos temer a velhice. Só uma


revolução em nossa autoconfiança poderá
rejuvenescer os pensamentos da sociedade
que habitamos. O idoso precisa ser visto com
um novo olhar, como um ser ativo, com
opinião própria, com potencial de consumo,
com atitude, com histórico e com todas as
rugas que a vida encravou em seus rostos.
Rugas que demonstram muito mais do que um
envelhecimento biológico, mostram a essência
de vida de cada um de nós. Demonstram o
que intensamente passamos ao longo dos
nossos dias, o quanto ainda podemos e
devemos contribuir na melhoria da nossa vida
e das gerações futuras.

Alternativas para um envelhecimento Saudável


e Feliz

- Não se adapte ao mundo, faça ele se adaptar


a você;
- Não tenha medo do envelhecimento, assuma
ele e viva.

- Desintoxique a imagem do velho, não viva


para o mercado, façamos o mercado viver
para nós.

- Faça novos amigos, participe de grupos da


sua idade e de outras, saia de casa e viva
o que o mundo tem a nos oferecer.

- Envelheça respeitando você mesmo e


exigindo que o mundo entenda este
processo como algo natural a toda espécie
humana.

- Viva muito sempre, em todas as idades.

- Lembre-se, por mais que a morte pareça


próxima, não morra antes dela
chegar...viva cada momento, assuma todos
os riscos e seja um ser humano ativo e
feliz.

Referencias
SCHIRRMARCHER, Frank. A Revolução dos Idosos:
o que muda no mundo com o aumento da
população mais velha; - Rio de Janeiro:
Elsevier,2005.
COSTA, Elisabeth Maria Sene – Gerontodrama: a
velhice em cena: estudos clínicos e
psicodramátricas sobre o envelhecimento e a
Terceira Idade – São Paulo: Ágora, 1998.

PAPALÉO, M. Gerontologia: A velhice e o


envelhecimento em visão globalizada. São Paulo:
Atheneu,2000.

LEME, Luiz Eugênio Garcez – O envelhecimento –


São Paulo: Contexto, 1998

MORAGAS, Ricardo Moragas – Gerontologia Social:


envelhecimento e qualidade de vida – São Paulo,
1997.

RODRIGUES, Nara Costa – Conversando com Nara


Costa Rodrigues: sobre gerontologia social – Passo
Fundo: UPF EDITORA, 2000. 179p.

www.datasus.gov.br/ - 21k - 06 jul. 2007


ENCONTRE NOSSOS
PROFISSIONAIS:
Ana Maria Carvalho Nascimento é
Fisioterapeuta Graduada no Rio de Janeiro
(1979), especialista em Gerontologia e
Fisoterapia Cárdio-Respiratória e mestranda
em Enfermagem pela UFSC e Heloisa Helena
Carlini, Fisioterapeuta graduada pela
Universidade Regional de Blumenau,
especialista em Gerontologia e Pós-graduanda
em Geriatria pela Inspirar Centro de Estudos,
Pesquisa e Extensão em Saúde. Contatos:
Com Ana (47) 9982-6460 e e-mail
[email protected]; Heloisa, (47) 9911-8524
e e-mail [email protected].

Ana Paula Pamplona da Silva Müller,


Fonoaudióloga graduada pela Univali, pós-
Graduada em Educação pelo ICPG.
Fonoaudióloga habilitada pela Lee Silvermann
Fundation no método Lee Silvermann para
pacientes com Doença de Parkinson, é
Professora da Uniasselvi e Fonoaudióloga
Clínica de Apoio Clínica Integrada. Contatos:
(47) 8404-8729 e (47)3222-0168; e-mail
[email protected]

Caroline Lucca, é graduada em medicina pela


FURB/2003, pós-graduada em gerontologia
pela FURB/2006. Atua como Médica Clínica
Geral na Servmed Blumenau e Gaspar. É
médica credenciada do SESC/Blumenau. É co-
autora do livro Ame suas Rugas – Viver e
Envelhecer com Qualidade, ano 2006.
Contatos: fone (47) 9922-9113; e-mail
[email protected]

Daniel Maurício de Oliveira Rodrigues,


Naturólogo graduado pela Universidade do Sul
de Santa Catarina, UNISUL. Especialista em
acupuntura, ministra cursos e palestras.
Integra o livro “Trofoterapia e nutracêutica:
dietas e orientações nutricionais com base nas
Medicinas Tradicional e Complementar” (Ed.
Nova Letra, 2007). Contatos: fone (48) 8825-
1444; e-mail [email protected]

Denise van de Meene, Enfermeira graduada na


Univali, é educadora em Diabetes pelo
CDC/Curitiba e pós-graduada em Gerontologia
pela FURB. Atua como Voluntária na
Associação dos Diabéticos do Vale do Itajaí é
membro do Conselho do Idoso em
Gaspar/2007 e do IBGeron- Instituto Brasileiro
de Gerontologia, enfermeira no Hospital de
Gaspar e professora do Curso Técnico de
Enfermagem – CTS. Contatos: fone (47)
9102-7618 e e-mail [email protected]

Gustavo Branco Haertel, é graduado em


Odontologia pela Universidade Federal de
Santa Catarina (1999), pós-graduado em
Periodontia pela EAP/SC e Cirurgia Oral Menor
pela Thum/SC, especialista em Saúde da
Família pela Furb/SC e mestrando em
Periodontia pela SLMandic/Campinas e Ana
Carolina Sarti é graduada em Odontologia pela
Universidade do Oeste Paulista (2000), pós-
graduada em Dentística pela APCD/SP, Prótese
associada à Periodontia pelo CPO/SP, Estética
pela Thum/SC e Cirurgia Oral Menor pela
Thum/SC, e especializanda em Dentística pela
ABCD/SC. Contatos: e-mail: gustavoh@sesc-
sc.com.br e Ana

Jamil Antônio Dias, é Produtor Cultural, pós-


graduado em Gestão de Negócios e graduado
em Artes Cênicas. Foi presidente da Câmara
de Artes do Conselho Municipal de ultura em
2006, professor de Ensino Fundamental e
Médio na disciplina de Ates. É Técnico de
Cultura do SESC Blumenau, responsável pelo
gerenciamento dos projetos culturais
desenvolvido pela entidade. Atua na área de
projetos do SESC Blumenau. Contatos: fone
(47) 9965-1964; [email protected]

Karine Kalvelage, nutricionista graduada na


Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI e
pós-graduanda em Nutrição Clínica Funcional.
Também é Nutricionista da Associação Casa
São Simeão de Blumenau, da Clínica de
Oncologia Reichow e do SESC de Blumenau.
Contatos: fone (47) 9991-9291;
[email protected]

Mara Lúcia Campos, mestre em Saúde e


Gestão do Trabalho pela Univali, pós-graduada
em Saúde Pública e em Odontologia Social e
Coletiva. Atua como docente de
Odontogeriatria e Odontologia Social e
Coletiva da Universidade Regional de
Blumenau (FURB) e em Rio do Sul (UNIDAVI).
Atua como docente do curso de Odontologia
nas disciplinas de Odontogeriatria e
Odontologia Social e Coletiva da Universidade
Regional de Blumenau (FURB), docente no
curso de Odontologia na disciplina de
Odontologia Social e Preventiva na
Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI).
Contatos: fone: (47) 9601-2090; email:
[email protected] e
[email protected]

Marcelo Alves de Oliveira, é graduado em


Educação Física pela Universidade Regional de
Blumenau (FURB-SC), pós-graduado em
Treinamento de Força e Musculação pela
Universidade GAMA FILHO-RJ e freqüentou
como aluno especial, o mestrado em Atividade
Física e Saúde na Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). Desenvolvedor e
responsável técnico do Sistema de Avaliação
Física do SESC – Santa Catarina juntamente
com outros professores. Contatos: e-mail
[email protected];
[email protected]

Maristela Nascimento Indalencio, graduada em


Direito pela Universidade Federal de Santa
Catarina, Mestre em Ciências Jurídicas pela
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI
(2005-2007). Atuou como Professora de
Direito de Família na Escola de Preparação e
Aperfeiçoamento do Ministério Público de
Santa Catarina (1999). Promotora de Justiça
desde 1994, exercendo suas funções,
atualmente, junto à 12ª Promotoria de Justiça
(Família e Órfãos) da comarca de Blumenau.
Contatos: e-mail [email protected]
Rosane Magaly Martins, Advogada, Terapeuta
Somática é pós-graduada em Direito Civil e
Gerontologia, coordenadora de grupos de
convivência e terapia desde 2004. Autora e
organizadora de diversos livros, entre eles
“Confissões de uma aborrecente”, ”Ame suas
rugas: viver e envelhecer com qualidade” e é
uma das idealizadoras e coordenadora do
projeto AME SUAS RUGAS. Contatos: fone
(47) 9104-5555; e-mail
[email protected]; site:
WWW.rosanemartins.com.

Suleica Iara Hagen, Assistente Social,


Gerontóloga e Educadora Ambiental, é pós-
graduada em Gestão de Recursos Humanos
(FEPESE/Ufsc), pós-graduada em Gerontologia
(Furb), pós-graduada em Educação Ambiental
(Faculdade Senac) é Professora de
Responsabilidade Social e Coordenadora de
Saúde. Foi presidente do Conselho Municipal
do Idoso de Blumenau (Gestão 2005/2006) é
uma das idealizadoras e coordenadora do
projeto AME SUAS RUGAS. Contatos: e-mail
[email protected]; fone (47) 8419 9992.

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