Monografia - Versao 4

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Universidade Licungo – Quelimane

Faculdade de Ciências e Tecnologia


Licenciatura em Ensino de Geografia com habilitação em Turismo

José Cassamo

Análise dos impactos socioambientais das queimadas


descontroladas – caso da localidade de Munhonha, Distrito de
Nicoadala (2020-2021)

Quelimane
2021
José Cassamo

Análise dos impactos sócio ambientais das queimadas descontroladas – caso


da localidade de Munhonha, Distrito de Nicoadala (2020-2021)

Monografia Científica a ser apresentada no


Departamento de Ciências e Tecnologia como requisito
parcial para obtenção do grau académico de
Licenciatura em Ensino de Geografia com habilitação
em Turismo.

Orientador: Dr. José Mariano Nicumua

Quelimane
2021
Índice
Lista de abreviaturas..................................................................................................................iii
Lista de figuras...........................................................................................................................iv
Declaração...................................................................................................................................v
Dedicatória.................................................................................................................................vi
Agradecimentos........................................................................................................................vii
Resumo....................................................................................................................................viii
Abstract......................................................................................................................................ix
1.INTRODUÇÃO.....................................................................................................................10
2.Delimitação da Pesquisa........................................................................................................11
3.Problematização.....................................................................................................................11
4.Justificativa............................................................................................................................12
5.Objectivos do trabalho...........................................................................................................13
5.1. Objecto geral......................................................................................................................13
5.2. Objectivos específicos........................................................................................................13
CAPITULO I: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.....................................................14
1.1. Classificação da pesquisa...................................................................................................14
1.1.1.Quanto à abordagem........................................................................................................14
1.1.2.Quanto à natureza.............................................................................................................14
1.1.2.Quanto aos procedimentos técnicos.................................................................................14
1.1.3.Quanto aos objectivos......................................................................................................15
1.2. Método de abordagem........................................................................................................15
1.3. Técnicas e instrumentos de recolha de dados....................................................................15
1.3.1.Observação sistemática....................................................................................................16
1.3.2.Questionário.....................................................................................................................16
1.4. Universo e amostra da pesquisa.........................................................................................16
1.5. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO...........................................................................17
1.5.1.Localização geográfica.....................................................................................................17
1.5.2.Situação ambiental...........................................................................................................18
1.5.2.1.Clima.............................................................................................................................18
1.5.2.2.Relevo...........................................................................................................................19
1.5.2.3.Solos..............................................................................................................................19
1.5.2.4.Fauna e flora..................................................................................................................20
1.5.3.Situação socioeconómicas................................................................................................20
1.5.3.1.Cultura e sociedade.......................................................................................................20
1.5.3.2.Agricultura....................................................................................................................21
1.5.3.3.Pecuária.........................................................................................................................21
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................22
2.1. Queimadas descontroladas.................................................................................................22
2.2. Importância económica e ambiental das florestas..............................................................22
2.3. Principais causas de queimadas descontroladas.................................................................24
2.4. Principais causas das mudanças da cobertura florestal por via de queimadas em
Moçambique.......................................................................................................................25
2.4.1.Exploração de lenha e fabrico de carvão..........................................................................25
2.4.2.Agricultura comercial e de subsistência...........................................................................25
2.5. Principais problemas ambientais, sociais e económicos que resultam das queimadas
descontroladas....................................................................................................................26
2.6. Influência das queimadas descontroladas no clima...........................................................27
2.7. Medidas de mitigação das queimadas descontroladas.......................................................28
CAPITULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS........29
3.1. Caracterização da amostra seleccionada............................................................................29
3.2. Apresentação dos dados.....................................................................................................29
3.3. Análise e interpretação dos dados......................................................................................31
4.Conclusão...............................................................................................................................37
5.Referências bibliográficas......................................................................................................38
Apêndice...................................................................................................................................41
iii

Lista de abreviaturas

CO2 – Dióxido de Carbono

FAO – Organização da Agricultura e Alimentação

GTZ – Cooperação Alemã para o Desenvolvimento

INE – Instituto Nacional de Estatística

MAE – Ministério da Administração Estatal

MICOA – Ministério para a Coordenação a Acção Ambiental

NCN – Núcleos de Condensação de Nuvens

PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural


iv

Lista de figuras

Figura 1: Mapa de enquadramento regional geográfico da localidade de Munhonha................18


Figura 2: Abertura de campos agrícola com base na queimada na localidade de Munhonha.....32
Figura 3: Degradação da paisagem e dos recursos após ocorrência da queimada na localidade
de Munhonha...............................................................................................................................35
v

Declaração

Declaro que esta monografia científica é resultado da minha investigação e das orientações do
meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto, nas notas, nos apêndices e na bibliografia final. Declaro ainda que, este
trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau
académico.

Quelimane, Junho de 2021


________________________________
José Cassamo
vi

Dedicatória

Dedico a minha família, especialmente a minha esposa, Saquita João Almolado, que me
incentivou e me ajudou no meu percurso estudantil.

Aos meus filhos, Madina, Cesário, Nhelete, Jéssica, Sidny e Sonito.


vii

Agradecimentos

Em primeiro lugar agradecer a Deus, pela saúde e pelo dom da sabedoria.

À Universidade Licungo juntamente os Docentes.

Um agradecimento especial vai ao meu supervisor, Dr. José Mariano Nicumua, pela orientação
e paciência que teve no âmbito da realização da monografia.

Aos meus colegas da carteira pelo apoio que me facultaram durante a formação.

O meu muito obrigado!


viii

Resumo

A realização do trabalho objectivou de forma geral analisar os impactos socioambientais das


queimadas descontroladas na localidade de Munhonha. Desta forma, para o alcance deste
foram delineados os seguintes objectivos específicos: identificar as causas das queimadas
descontroladas, descrever os principais problemas socioambientais resultantes das queimadas
descontroladas e propor medidas que atendem a redução das queimadas descontroladas na
localidade de Munhonha. O estudo centrou-se na localidade de Munhonha, Distrito de
Nicoadala, Província da Zambézia – Moçambique, o mesmo enquadra-se na linha de pesquisa
ambiente e desenvolvimento sustentável. Portanto, concluiu-se que a localidade de Munhonha
tem enfrentado vários problemas que advém das queimadas descontroladas no qual se destaca a
destruição de vegetação, erosão, empobrecimento dos solos, morte e migração da fauna. Na
mesma ordem, para o homem ocasionam a destruição de campos, de habitações e outros bens
materiais, a baixa produtividade agrícola resultante da degradação de solos.

Palavras-chave: Impactos socioambientais; Queimadas descontroladas.


ix

Abstract

The accomplishment of the work aimed in general to analyze the socio-environmental impacts
of uncontrolled fires in the locality of Munhonha, thus, for the scope of this, the following
specific objectives were outlined, to identify the causes of uncontrolled burning, to describe the
main socio-environmental problems resulting from uncontrolled burning and to propose
measures that meet the reduction of uncontrolled fires in the locality of Munhonha. The study
focused on the locality of Munhonha, Nicoadala District, Zambézia Province – Mozambique,
which fits into the line of environmental research and sustainable development. However, it
was concluded that the locality of Munhonha has faced several problems that arise from
uncontrolled fires in which for the environment stands out the destruction of vegetation,
erosion, impoverishment of soils, death and migration of fauna. In the same order, for man they
cause the destruction of fields, housing and other material goods, the low agricultural
productivity resulting from the degradation of soils.

Keywords: Social and environmental impacts; Uncontrolled fires.


10

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho intitulado impactos socioambientais das queimadas descontroladas


na localidade de Munhonha, Distrito de Nicoadala, tem por objectivo geral analisar os
impactos socioambientais das queimadas descontroladas na localidade acima mencionada,
desta forma, tem com objectivos específicos: identificar as causas das queimadas
descontroladas; descrever os principais problemas sócio ambientais resultantes das queimadas
descontroladas e propor medidas que atendem a redução das queimadas descontroladas na
localidade de Munhonha

O interesse na escolha deste tema surge no âmbito de observações realizadas pelo autor
sobre práticas de queimadas descontroladas efectuadas pela população local, sem nenhum
conhecimento prévio das medidas de prevenção de conservação do meio natural e dos impactos
que estas práticas podem trazer, tanto para o meio como para o homem.

No que concerne aos procedimentos metodológicos, a pesquisa é classificada quanto à


abordagem em qualitativa e quanto à natureza em aplicada. Os procedimentos aplicados
respeitam a pesquisa bibliográfica e conforme os objectivos é explicativa. Para a recolha de
dados foram empregadas a observação sistemática e o questionário.

A monografia está estruturada em três capítulos, no qual antes da descrição dos capítulos
apresentou-se a introdução, delimitação do tema, a problematização juntamente apergunta de
partida, objectivos e justificativa. Assim sendo, o capítulo I aborda sobreos procedimentos
metodológicos e descrição da área de estudo, o capítulo II versa sobre a revisão da literatura e o
capítulo III concerne a apresentação, análise e interpretação dos dados e, adiante a apresentação
das conclusões, as sugestões e as referências bibliográficas.
11

2. Delimitação da Pesquisa

O estudo sobre os impactos sócio ambientais das queimadas descontroladas centra-se na


localidade de Munhonha, Distrito de Nicoadala, Província da Zambézia – Moçambique, o
mesmo enquadra-se na linha de pesquisa ambiente e desenvolvimento sustentável.

3. Problematização

Na perspectiva de Cervo e Bervian (2002, p.87) problema é uma questão que envolve
uma dificuldade teórica ou prática para qual se deve encontrar uma solução.

Nos dias actuais, as queimadas descontroladas constituem um dos principais problemas


globais, tal como a poluição, a geração dos resíduos sólidos, entre outros. Estudos mostram que
Moçambique assim como muitos outros países da região tropical, apresentam uma redução
significativa das áreas florestais, devido à factores como aumento populacional, e outros de
índole social como derrube das áreas florestais para fins agro-pecuários, destruição para
construção de habitação e outros que espelham a presente pesquisa que é devido à prática de
queimadas descontroladas.

Em Moçambique, as queimadas descontroladas apresentam-se como um dos problemas


ambientais que mais afecta à sociedade. Esta prática, está associada a vários factores que dentre
este destaca-se o índice elevado de pobreza que assola a maior parte da população rural do país.

Neste sentido, as queimadas ocorrem em todo território moçambicano durante todas


épocas do ano e principalmente em períodos secos e no início das campanhas agrícolas e de
caça.

Contudo, na localidade de Munhonha, distrito de Nicoadala o problema das queimadas


descontroladas estão relacionadas a vários factores de carácter social e económico, associado a
combinação de falta de recursos e a necessidade de satisfação das exigências básicas de
sobrevivência que têm de maneira inevitável conduzido a população ao uso insustentável dos
recursos naturais disponíveis, trazendo desta forma impactos graves para o ambiente.

Todavia, para compreender as implicações que as queimadas descontroladas trazem ao


nível socioambiental, levantou-se a seguinte questão de partida:

 Quais são os impactos socioambientais que advêm das queimadas descontroladas na


localidade de Munhonha, distrito de Nicoadala?
12

Outras questões que orientam a pesquisa

 Quais as consequências que podem advir das queimadas descontroladas na localidade


de Munhonha?
 Quais são os níveis de degradação florestal por via de queimadas que a localidade de
Munhonha apresenta?
 Qual o nível da participação da comunitária na redução de queimadas descontroladas?

4. Justificativa

Segundo Cervo e Bervian (2002, p.25) a justificativa envolve a delimitação do problema,


análise da situação que o projecto pretende modificar e uma demonstração de como o
modificará.

O interesse pessoal para o desenvolvimento deste estudo surge das observações


realizadas pelo autor sobre práticas de queimadas descontroladas efectuadas pelas populações
locais, sempre que o autor frequentava na localidade de Munhonha, com mais incidência nos
períodos secos, ou seja, de verão.

O tema é urgente, poisos impactos negativos das queimadas descontroladas constituem


uma preocupação tanto a nível local como nacional e até internacional, pois as queimadas
descontroladas constituem não apenas fontes de emissão de gases com o efeito estufa que
contribuem para as mudanças do clima global, mas também fontes de degradação dos recursos
naturais.

Visando melhorar a situação das queimadas descontroladas futuramente na localidade de


Munhonha, é necessário garantir ensinamentos de práticas que orientadas ao uso sustentável
dos recursos florestais através informação sobre o perigo que advém das queimadas
descontroladas, pode se esperar num futuro próximo uma sociedade consciencializada e com
uma postura diferente e mais favorável ao uso sustentável dos recursos florestais através do
controlo do fogo, daí que insere-se a pertinência do tema.

O estudo apresenta uma grande relevância social devido a sua importância ao nível social
e ambiental. Nesta ordem, a redução das queimadas descontroladas pela população na
localidade de Munhonha, apontará uma melhoria na produtividade do solo e haverá também
maior conservação da biodiversidade.
13

5. Objectivos do trabalho

Conforme Bello (2005) os objectivos representam o que o pesquisador quer atingir com a
realização do trabalho de pesquisas. Portanto para o autor, o objectivo é sinónimo de meta, fim.
Neste sentido, o trabalho apresenta objectivo geral e objectivos específicos, como abaixo se
descrevem:

5.1. Objecto geral


 Analisar os impactos socioambientais das queimadas descontroladas na localidade de
Munhonha.

5.2. Objectivos específicos


 Identificar as causas das queimadas descontroladas;
 Descrever os principais problemas socioambientais resultantes das queimadas
descontroladas;
 Propor medidas que atendem à redução das queimadas descontroladas na localidade de
Munhonha.
14

CAPITULO I:PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para Lakatos e Marconi (2003, p.32) a “Metodologia é o conjunto das actividades


sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objectivo,
conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e
auxiliando as decisões do cientista”

Assim, nesta fase da pesquisa, foram todas directrizes com vista a alcançar o objectivo,
partindo da classificação da pesquisa, seguido dos métodos de abordagem e procedimento e da
definição das técnicas e instrumentos de recolha de dados e por conseguinte o universo
amostra, aspectos éticos e resultados esperados.

1.1. Classificação da pesquisa


1.1.1. Quanto à abordagem

Quanto à abordagem, a pesquisa é qualitativa, que conforme Oliveira (2011,p.25) este


tipo de pesquisa “envolve a obtenção de dados obtidos no contacto directo do pesquisador com
a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a
perspectiva dos participantes”.

Desta forma, a pesquisa relaciona-se com o levantamento de informações no campo que


visam complementar com as diversas obras consultadas sobre os impactos socioambientais das
queimadas descontroladas, visando desta forma, proporcionar uma análise das várias opiniões
do grupo alvo que corresponde à amostra com vista a indicar as possíveis sugestões sobre os
impactos socioambientais das queimadas descontroladas na localidade de Munhunha.

1.1.2. Quanto à natureza

No que tange à natureza, a pesquisa é aplicada. Este tipo de pesquisa segundo, Prodonov
e Freitas (2013) “tem como objectivo gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à
solução de problemas específicos, pois envolve, verdades e interesses locais”.

1.1.2. Quanto aos procedimentos técnicos

Quanto aos procedimentos usou-se a pesquisa bibliográfica, que consistiu no contacto


do autor com o material já publicado que abordam sobre os impactos socioambientais das
queimadas descontroladas.
15

A pesquisa bibliográfica permitiu a busca e análise das diversas obras literárias que
serviram de base para sustentar o assunto em estudo disponíveis em manuais, artigos
científicos, dissertações e relatórios auxiliados pela busca na internet. Paralelamente, em
relação aos dados colectados, baseando-se na confiabilidade destas onde todas foram citadas ao
longo do trabalho e mencionadas nas referências bibliográficas.

1.1.3. Quanto aos objectivos

Do ponto de vista dos objectivos, a pesquisa é explicativa, conforme Gil (2007, p.47) “a
pesquisa explicativa visa identificar os factores que determinam ou contribuem para a
ocorrência dos fenómenos, aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o
porquê das coisas.”

Com base no pressuposto acima avançado, o método explicativo foi empregue para numa
primeira fase para identificar os impactos socioambientais das queimadas descontroladas. Já
levantados os factores, numa segunda fase como base na pesquisa explicativa fez-se a
identificação das causas que levam a prática de queimadas descontroladas.

Vai contar com levantamento de obras que abordam sobre os impactos das queimadas
descontroladas e entrevista com líderes comunitários e moradores da localidade de Munhonha.

1.2. Método de abordagem

Método de abordagem é a linha de raciocínio adoptada no processo de pesquisa. Neste


sentido, quanto ao método de abordagem, o estudo baseou-se no método indutivo que para
Lakatos e Marconi (1990,p.30) é “o método que parte das constatações mais particulares as leis
e teorias gerais.”

Consistiu na observação particular colocando a generalização (geral) como um produto


que vem depois. No entanto, a sua empregabilidade surge a partir de observações feitas pelo
autor referentes às queimadas descontroladas o que levou ao interesse de perceber os impactos
socioambientais que advêm destas práticas na área de estudo em particular.

1.3. Técnicas e instrumentos de recolha de dados

As técnicas de recolha de dados empregues para o estudo são a observação sistemática e


o questionário, seguido do instrumento de recolha dos dados que é o questionário, como abaixo
se descrevem:
16

1.3.1. Observação sistemática

“A observação sistemática também recebe várias designações: estruturada, planejada,


controlada. Utiliza instrumentos para a colecta dos dados ou fenómenos observados. Realiza-se
em condições controladas, para responder a propósitos preestabelecidos” (Lakatos & Marconi,
2003, p.193). Neste sentido, as normas não devem ser padronizadas nem rígidas demais, pois
tanto as situações quanto aos objectivos da investigação podem ser muito diferentes. Deve ser
planejada com cuidado e sistematizada.

Com base nesta técnica, o autor incorporou-se na comunidade fazendo-se passar como
membro desta, e procurou ver e vivenciar casos concretos de práticas de queimadas
descontroladas.

1.3.2. Questionário

Para Lakatos e Marconi (2003, p.200);

“O questionário é um instrumento de colecta de dados, constituído por uma


série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a
presença do entrevistador. Junto com o questionário deve-se enviar uma nota
ou carta explicando a natureza da pesquisa, sua importância e a necessidade
de obter respostas, tentando despertar o interesse do inquerido, no sentido de
que ele preencha e devolva o questionário dentro de um prazo razoável”.

Nesta ordem de ideias, elaborou-se um questionário onde estão contidas sete (7)
perguntas com base nos objectivos do trabalho sobre os impactos socioambientais das
queimadas descontroladas que foi dirigido aos moradores e líderes locais.

1.4. Universo e amostra da pesquisa

Para Silva e Menezes (2001, p.32), “população (ou universo da pesquisa) é a totalidade
de indivíduos que possuem as mesmas características definida para um determinado estudo”.

Neste sentido, o universo ou população é representada por todos residentes da localidade


de Munhonha que compreende um número de 15468 habitantes conforme o inquérito realizado
pelo INE em 2017 (INE, 2018).

Segundo Turato (2003, p.351) a palavra amostra quer dizer uma porção, um pedaço, um,
fragmento, os quais são apresentados para demostrar propriedade da natureza ou qualidade de
algo. Na linguagem científica das pesquisas com seres humanos, amostra significa uma parcela
17

seleccionada segundo uma de terminada conveniência, extraída de uma população de sujeito,


consistindo assim num subconjunto do universo.

Assim, para facilitar a colecta de dados foi usada a amostra não probabilística
intencional, conforme o critério proposto por Fachin (2001) pós segundo o autor, este tipo de
amostra selecciona indivíduos que para amostra representem um bom julgamento da
população/universo. Todavia a amostra foi representada por 25 indivíduos, destes, 22
residentes e 3 líderes locais.

1.5. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Nesta etapa, faz-se o levantamento da situação ambiental e socioeconómico que


abrangem a área de estudo, neste caso, a localidade de Munhonha. Assim sendo, a situação
ambiental envolve a descrição do clima, relevo, solo, a fauna e flora, por outro lado, a situação
socioeconómica envolve a cultura e sociedade, agricultura e pecuária.

1.5.1. Localização geográfica

A localidade de Munhonha situa-se no distrito de Nicoadala que é limitado a Norte com


os povoados de Nhafuba e Machindo, a Sul com os povoados de Catale e Ilova, a Este com o
povoado de Lua-lua e a Oeste com a localidade de Nicoadala – Sede.

Por sua vez, o distrito de Nicoadala, situa-se na província da Zambezia, limitando-se a


Norte com os Distritos de Mocuba e Namacurra, a Oeste com os Distritos de Morrumbala e
Mopeia e a Sul com o Distrito de Inhassunge e o Município de Quelimane, a Este com o
Oceano Índico (INE, 2010).
18

Figura 1: Mapa de enquadramento regional geográfico da Localidade de Munhonha

Fonte: Autor, 2021

1.5.2. Situação ambiental


1.5.2.1. Clima

Conforme o Ministério de Administração Estatal (2014,p.2), a localidade de Munhonha é


caracterizada por apresentar o clima do tipo “Tropical Chuvoso de Savana - AW”
(classificação de Köppen), com duas estações distintas, a estação chuvosa e a seca.

A precipitação média anual é cerca de 1.428 mm na faixa costeira (estação da cidade de


Quelimane), enquanto a evapotranspiração potencial média anual é cerca de 1.477 mm.

O MICOA (2012) avança que na localidade de Munhonha a precipitação média mensal


apresenta uma variação sazonal relevante que corresponde um período húmido, entre
Novembro e Maio, onde ocorre um valor de precipitação equivalente a cerca de 70% do valor
total anual da precipitação, sendo o mês de Janeiro o mais chuvoso com precipitação média
mensal de cerca de 280 mm; e um período seco entre Junho a Outubro com médias mensais de
precipitação inferiores a 50 mm.
19

A temperatura média anual é de cerca de 27ºC, ocorrendo uma semi-amplitude térmica


anual relativa, inferior acerca de 4º C. Novembro é o mês mais quente (30.7ºC). Relativamente
aos ventos predominam ventos de Sul e Sudeste, ao longo dos meses (ibidem, p.3).

1.5.2.2. Relevo

Araújo (1999, p.27) aborda que o território moçambicano de acordo com sua estrutura,
cerca da metade (44%) do território moçambicano é constituído pela planície, com altitudes
inferiores a 200m. Esta planície, que se desenvolve ao longo da costa, é uma faixa estreita entre
a foz do rio Rovuma e o delta do Rio Zambeze.

Parafraseando Araújo (1999), o MICOA (2012, p.5) sustenta que Distrito de Nicoadala
situa-se maioritariamente na zona das grandes planícies costeiras do país, com altitudes
inferiores a 200 m e que diminuem suavemente do interior para a costa. A maior parte do
distrito possui, no entanto, cotas inferiores a 100 m (cerca 95% da área total do mesmo) e
apenas pontualmente ocorrem alguns cumes com altitudes compreendidas entre 100 e 500 m.

Desta forma, a Localidade de Munhonha por se situar no interior do distrito de Nicoadala


é predominantemente dominado pelo relevo de planícies com altitudes inferiores a 200 metros.

1.5.2.3. Solos

Dados do MICOA (2012, p.9) indicam que na localidade de Munhonha predominam


solos vermelhos de textura média (VM), por vezes associados a solos castanhos de textura
média, a solos arenosos castanhos-cinzentos (KA) e a solos de coluviões de textura média
(CG). Ocorrem igualmente solos de mananga com cobertura arenosa de espessura variável
(MA); associados a solos arenosos amarelados (AA) e coluviões argilosos de mananga (MC).
Solos de aluviões argilosos em diferentes fases (FG) ocorrem também no interior do distrito.
Estes solos apresentam, em geral, fertilidade boa a moderada.

Em geral, na zona interior do distrito onde situa-se a localidade de Munhonha ocorre


areia argilosa de planície de inundação do Quaternário e diversos tipos de gnaisses
(migmatítico, feldspático e ocelado) do Mesoproterozóico (ibidem, p.5).
20

1.5.2.4. Fauna e flora

A fauna da localidade de Munhonha é caracterizada por possuir um grande potencial


faunístico composto por uma variedade de espécies tais como: Changos, gazelas (encontrando-
se estas duas espécies em vias de extinção) perdizes, coelhos, macacos, cabritos do mato,
porcos do mato, tartarugas marinhas e uma variedade de pássaros (MAE, 2014, p.2).

Nesta ordem, a flora do distrito de Nicoadala apresenta-se como sendo bastante rica e
diversificada, podendo-se aqui encontrar espécies de alto valor comercial das quais se destacam
a Umbila – Pterocarpusangolensis, Nhacuada - Swatziamadagascariensis, Chanfuta –
Afzeliaquanzensis, Jambire – Milletiastuhlmannii, Umbaua - Khayanyasica, Muanga -
Pericopsisangolensis e Monzo - Combretum imberbe (ibidem, p.2).

1.5.3. Situação socioeconómicas


1.5.3.1. Cultura e sociedade

O MAE (2014,p.5) afirma que a cultura que envolve o povoado residente na localidade
de Munhonha é caracterizada pela existência de vários grupos que praticam diverso tipo de
danças e cânticos típicos de toda a região. E na juventude, destaca-se a existência de grupos
activistas e associações juvenis que se de dedicam a motivação boas práticas entre os seus
concidadãos. Desta forma, têm sido promovidas várias actividades, nomeadamente a
participação no Festival Nacional de Dança Popular, o fomento do associativismo juvenil e de
grupos culturais, bem como o apoio ao desenvolvimento das artes plásticas, em particular a
escultura.

A população residente na localidade de Munhonha é composta maioritariamente pelos


falantes da língua Chuabo, sofrendo grande influência da Cidade de Quelimane. A maioria da
população comunica-se também na língua portuguesa.

A religião dominante na localidade é a Muçulmana, que é praticada pela maioria da


população tanto da localidade como do distrito. Existem outras crenças no distrito, sendo
prática corrente que os representantes das hierarquias religiosas se envolvam, em coordenação
com as autoridades distritais, em várias actividades de índole social (MAE, 2014, p.6).
21

1.5.3.2. Agricultura

Tal como no resto do Distrito, a agricultura predominante é a de sequeiro, praticada num


regime de corte e queimada. As principais culturas incluem o arroz, o milho, a mandioca, os
feijões, o amendoim, a batata-doce e as hortícolas (Governo do Distrito de Nicoadala, 2012).

Embora a agricultura praticada na localidade de Munhonha seja essencialmente orientada


para a subsistência, são também produzidas, pelo sector familiar, algumas culturas de
rendimento, nomeadamente o arroz, a copra e a castanha de caju. A população também
comercializa o excedente de culturas que são normalmente tidas como de subsistência (ex.
milho, mapira, feijões amendoim, mandioca e batata doce).

Dados do MICOA (2012, p.50) indicam que na produção de culturas alimentares, os


factores que limitam a prática destas são as cheias (76%), as pragas (70%) e falta de sementes
(60%). Não há muito investimento externo na agricultura e, as famílias usam métodos naturais
e orgânicos (adubação orgânica) para aumentar a fertilidade dos solos.

1.5.3.3. Pecuária

A população residente na localidade de Munhonha desenvolve a criação de animais de


pequena espécie, tais como aves e gado caprino, embora se observem alguns agregados
familiares a criar gado bovino.

Os animais de criação, para além de constituírem fonte de alimentação, elementos de


troca e para consumo em cerimónias familiares, são também fonte de acumulação de riqueza e
de rendimento familiar.
22

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo faz-se uma abordagem dos conceitos ligados ao conteúdo que se propôs a
discutir, referentes aos impactos sócio ambientais das queimadas descontroladas. Pretendendo-
se de certa forma mostrar informações escritas por diferentes autores em volta do tema em
estudo como forma de elucidar determinados conceitos e abordagens.

2.1. Queimadas descontroladas

A pobreza é apontada como uma das causas fundamentais das queimadas descontroladas
em Moçambique, pois a população das zonas rurais usa o fogo como o meio mais rápido e
barato para a abertura dos campos para agricultura e limpeza dos arredores das residências
como forma de protecção contra os animais ferozes. As causas resultantes da actividade
humana são as que se afiguram como sendo as mais graves.

Segundo Mader (2003), Moçambique não possui dados sistematizados sobre queimadas
florestais, mas se sabe que todo o ano vastas áreas com potencial florestal e faunístico são
consumidos pelo fogo devido a factores naturais e humanos. A título de exemplo, na região
centro do país, cerca de 40% da cobertura vegetal é anualmente consumida pelo fogo. O fogo é
usado segundo FAO (1993), para preparar a terra para a agricultura que está associada a
desflorestação tropical e agricultura itinerante.

Estudos efectuados pelo MICOA, GTZ – PRODER, revelam que as queimadas


descontroladas em Moçambique, são responsáveis pela devastação de cerca de 30 milhões de
hectares (ha) por ano. As principais causas dessas queimadas estão ligadas a acção do Homem
constituindo 90% do total das queimadas efectuadas (Moçambiente, 2001). O maneio
inadequado dos recursos renováveis leva à degradação do ambiente, tais como, pesca,
exploração excessiva de florestas e exposição dos solos à erosão (United Nations Development
Programme, 1998).

2.2. Importância económica e ambiental das florestas

O sector florestal tem uma contribuição substancial para a economia, emprego e serviço
da sociedade. Como tal, a importância das florestas é caracterizada pelos múltiplos produtos e
serviços que estas providenciam e são consideradas como a herança dos povos e nações
(Byron, 1996, apudMatimbe2015, p.13).
23

A FAO (1993) refere que as florestas providenciam múltiplos benefícios a nível local,
nacional e global. Este autor refere ainda que alguns desses benefícios dependem da existência
das florestas não perturbadas ou as que estão sujeitas à mínima interferência. Para Cunha e
Princhel (1986), as florestas desempenham uma série de funções relacionadas com a
conservação de solos e água e diversidade biológica para a modulação do ciclo de carbono e o
melhoramento do microclima, para além de protegerem o meio ambiente contra fenómenos
naturais como erosão, alterações climáticas extremas.

Os mangais são ecossistemas que têm função ecológica de servir de viveiros de alguns
crustáceos de grande valor comercial como o camarão e peixes além de protecção contra a
erosão das dunas e outras funções pelo que a sua remoção pode resultar em degradação
ambiental (Moyo, et al. 1993).

As florestas desempenham por outro lado um papel vital e importante na produção


agrícola, restabelecendo a fertilidade de solos degradados pelo sistema de agricultura itinerante
e agricultura em pousio, que são consideradas como os sistemas agrícolas mais importantes em
Moçambique (Brouwer, 1996).

Cunha e Princhel (1986, p.59) acrescentam que as florestas também providenciam a


estética da paisagem e necessidades espirituais dos seres humanos.

Por outro lado, FAO (1985) refere que as florestas desempenham um papel vital na
sustentabilidade do ambiente natural e humano, criando condições para o desenvolvimento de
habitat favoráveis à fauna e ajudam a estabilizar outros ecossistemas, dando extrema
contribuição na mudança da biodiversidade. O autor acrescenta ainda que as florestas são uma
fonte imediata de produtos essenciais para as populações rurais e urbanas sendo importante
recurso à economia nacional.

Para Lamprecht (1990), as florestas desempenham diversas funções relacionada com a


agricultura e pecuária, para além destes terem grande vantagem sob o ponto de vista económico
fornecer produtos homogéneos, tanto sob o aspecto das espécies de madeira como no tocante à
distribuição de rendimento. As florestas também proporcionam vários benefícios ambientais
tais como a conservação da biodiversidade, a prevenção da erosão, o arresto do carbono e a
protecção das bacias hidrográficas, e desempenham um papel importante na mitigação e
24

adaptação perante as mudanças climáticas (Programa Nacional de apoio ao Sector de Florestas


em Moçambique, 2009).

2.3. Principais causas de queimadas descontroladas

As queimadas descontroladas, constituem um problema que provém de várias causas que


vão desde as naturais até as que resultam da actividade humana.

Conforme Moçambiente (2001), constituem causas naturais os relâmpagos e faíscas que


constituem principais focos. Quando ocorrem em locais de vegetação seca provocam incêndios,
devastando áreas extensas. Estes casos registam-se com pouca frequência.

Segundo (MICOA, 2008), as queimadas constituem a prática rural largamente utilizada


para diferentes fins tais como:

 A limpeza de campos agrícolas;


 Abertura de caminhos para facilitar a circulação das populações;
 Visibilidade da mata;
 Caça, colheita de mel;
 Produção de carvão;
 Renovação das áreas de pastagem;
 Redução de material combustível;
 Controlo de espécies vegetais indesejáveis, e;
 Controlo de pragas e doenças.

A agricultura de subsistência por pequenos agricultores apresenta em muitos casos,


práticas inadequadas de preparo do solo para actividades agrícolas envolvendo o corte e a
queima, as quais resultam na degradação de solos, florestas e perda de habitat (Stewart &
Robison, 1997).

A fraca conservação e gestão dos recursos florestais deve-se ao conhecimento


inadequado sobre os recursos existentes (inventários detalhados das Florestas), fraca
capacidade para a implementação da estratégia de controlo e redução de queimadas
descontroladas, e estas, constituem uma das ameaças mais graves para os recursos florestais em
Moçambique. Como uma consequência da ausência de informação sobre os recursos
disponíveis e do sistema deficiente de aplicação da Lei de Florestas, torna-se difícil, a
25

monitoria, o controlo e a fiscalização dos recursos disponíveis (Programa Nacional de Apoio


ao Sector de Florestas em Moçambique, 2009)

2.4. Principais causas das mudanças da cobertura florestal por via de queimadas em
Moçambique
2.4.1. Exploração de lenha e fabrico de carvão

A produção de carvão vegetal está associada a um maior impacto ambiental do que a de


lenha, especialmente em áreas peri-urbanas e tem sido referida como uma das principais causas
do desmatamento na África. As causas da elevada procura por lenha e carvão estão associadas
a várias questões, entre elas o baixo poder de compra e a falta de fontes alternativas viáveis de
energias nas zonas urbanas (Cuvilas et al. 2010).

A ligação especial da colecta de lenha e produção de carvão com o desmatamento ou


degradação florestal foi bastante estudada em Moçambique. De acordo Pereira et al. (2001)
revelam elevada pressão sobre os recursos florestais no entorno das grandes cidades (Maputo,
Matola, Beira e Nampula) e nas províncias circunvizinhas, particularmente Gaza e Inhambane,
onde a procura de energia lenhosa é elevada.

2.4.2. Agricultura comercial e de subsistência

Saket (1997), Jansenetal. (2006), Marzoli (2007) referem que, a agricultura tem sido
indicada várias vezes como uma das principais causas do desmatamento em Moçambique. Os
impactos directos resultam da conversão directa de florestas para áreas agrícolas permanentes
ou agricultura itinerante sobre queimadas. Os efeitos indirectos sobre a floresta incluem uma
fase de transição em que é extraída a madeira nobre, seguida de extracção de lenha e carvão,
que se beneficiam do acesso aberto pelos caminhos para a exploração madeireira. Estas áreas
são mais tarde utilizadas como áreas agrícolas sugerindo, mais uma vez que a agricultura e a
exploração de combustíveis lenhosos trabalham em combinação sobre a mudança da cobertura
florestal.
26

2.5. Principais problemas ambientais, sociais e económicos que resultam das


queimadas descontroladas

Os incêndios florestais têm terríveis consequências ambientais, sociais e económicas.


Quando destruída esta fonte de oxigénio não é absorvida, elemento considerado perigoso para a
saúde que aumenta a poluição atmosférica (Renato, 1999).

Aumento em dióxido de carbono significa crescimento do aquecimento global, quando o


aquecimento global aumenta o fenómeno de “efeito estufa” é aplicado, surgindo assim furacões
e tufões. Solo e floresta absorvem até 50% da chuva, aumentando as inundações como
consequência, o solo não é mais protegido pela intensidade da chuva, as nascentes e rios não
são enriquecidos com água. Quando florestas sofrem incêndios sistemáticos, a flora se
transforma em arbustos, a produtividade da floresta reduz, tornando estéril e rochosa. As
quebras de terra em pedaços caem em regiões com alta inclinação, de modo que o ecossistema
não pode se recuperar; Abrigo para animais e vegetação não é mais fornecido. Espécies são
afectadas e mortas na duração do fogo. No futuro, indirectamente, não há mais comida
disponível; e em média, a recuperação de áreas florestais tropicais pode levar atécinquenta anos
fazendo com que corpos de águas fiquem poluídos em consequência das toneladas de cinzas
levadas com as primeiras chuvas após o incêndio. Assim, várias espécies de peixes e plantas
são afectadas (Renato,1999)

As consequências e impactos negativos das queimadas descontroladas constituem


preocupação nacional e internacional por serem não só fontes de emissões de gases com o
efeito estufa que contribuem para as mudanças do clima global, mas também fontes de
degradação dos recursos naturais. A desflorestação não apenas traz consequências a nível local,
mas também a níveis regional e internacional, afecta na degradação da terra que resulta numa
diminuição da produtividade da terra, perdas da biodiversidade para além de destruir as bacias
hidrográficas (Byron, 1996; e Chidley, 2001).

As queimadas descontroladas são uma fonte de emissões de CO 2 e outros gases de efeito


de estufa. Durante a queimada, grandes quantidades de biomassa, particularmente a biomassa
herbácea, arbustos, folhas, ramos e troncos mortos são carbonizados (Fra, 2010). Seus efeitos
são desastrosos no meio ambiente. No ar, a emissão de gases tóxicos e cancerígenos
contribuem para o efeito estufa, para o aquecimento da terra e alteram o clima e o regime de
chuvas. O solo é empobrecido e nutrientes, sendo retirada a sua camada mais fértil e
27

favorecendo o aparecimento de ervas daninhas. Para os pássaros e outros animais, significa a


perda do local em que viviam e muitas vezes a sua morte (Faria, etal, 2004).

Do ponto de vista energético e económico a queimada é considerada uma irracionalidade,


uma vez que desperdiça uma enorme quantidade de energia e, por empobrecer o solo, aumenta
a necessidade de adubação química. Além de mais, um ou região podem ser mal vistos no
mercado internacional que fazem restrições aos produtos que, em qualquer fase de seu ciclo de
vida, prejudicam excessivamente o meio ambiente (Camillo, 1999).

A agricultura de subsistência por pequenos agricultores apresenta em muitos casos,


práticas inadequadas de preparo do solo, práticas inapropriadas de uso de terras para
actividades agrícolas envolvendo o corte e a “queima”, as quais resultam na degradação de
solos, florestas e perda de habitat (Stewart & Robison, 1997).

Lodge (2001) refere que, quando grandes áreas de florestas são destruídas, ocorrem
grandes alterações do clima (temperatura, pluviosidade, humidade de ar, velocidade do vento e
evaporação e pureza do ar), estendendo-se para outras zonas ao redor, devido a reflexão da
radiação solar pela área limpa. As chuvas tornam-se irregulares e o seu volume anual chega a
diminuir. Borota (1991) e Watson et al. (1997) referem que o desmatamento reduz a cobertura
vegetal, causando degradação das paisagens e contribuindo para o desaparecimento de certas
espécies animais.

2.6. Influência das queimadas descontroladas no clima

As projecções sobre as mudanças climáticas e seus impactos sobre os ecossistemas no


geral e sobre as florestas em particular dão uma imagem desoladora atendendo à dependência
da maior parte da população rural (85%) e às actuais taxas (5.6%) de desflorestamento,
conversão de usos de terra e as queimadas descontroladas (Marzoli, 2007).

As queimadas interferem directamente na qualidade do ar, dos solos (alteram sua


constituição física, química e biológica), impactam directamente à vegetação e a fauna e podem
comprometer a qualidade dos recursos hídricos. As queimadas variam com o tipo de vegetação,
podendo uma pastagem adubada gerar mais gases (como os óxidos nítricos) do que uma
pastagem que não recebeu fertilizantes. As condições meteorológicas, o relevo e a hora da
queimada são condicionantes da temperatura atingida pelo fogo e do tempo necessário para a
28

queima total do material vegetal disponível. As queimadas são também associadas ao


desmatamento.

Um aumento significativo de conteúdos de aerossol sobre a região da Inhaca, ao sul de


Moçambique durante os meses de Agosto a Outubro, período da estação seca e de maior
ocorrência de queimadas descontroladas sugerindo que a biomassa queimada representa uma
forte contribuição no conteúdo em aerossol. As queimadas descontroladas nas zonas rurais do
país constituem uma das fontes principais de emissões de poluentes para a atmosfera causando
poluição do ar observando que a queima de biomassa é a principal fonte de partículas
(aerossol) na atmosfera seguida de actividades industriais (Queface, 2003).

Os efeitos dos aerossóis no clima podem ser directos onde, os aerossóis espalham e
absorvem radiação no visível e infravermelho, efeito total onde verifica-se o resfriamento e os
efeitos indirectos servem como núcleos de condensação de nuvens (NCC), o que significa que,
mais NCC leva a mais cobertura de nuvens por fim os efeitos possíveis incluem mudanças no
albedo da Terra e mudanças no ciclo hidrológico.

2.7. Medidas de mitigação das queimadas descontroladas

Conforme Herculano (2015, p.204), Moçambique actualmente tem promovido várias


campanhas de mitigação das queimadas descontroladas a nível de todo país que de uma forma
consistem na consciencialização das populações sobre os procedimentos a seguir para a prática
de queimadas e gestão integrada. Estas campanhas visam:

 Envolver monitores comunitários na realização de palestras sobre a lei de florestas e


fauna bravia, lei do ambiente e a lei de Terra;
 Envolver os agentes comunitários e fiscais no controle e registo de ocorrência de
queimadas e furto de espécies florestais e faunísticas;
 Criar viveiros comunitários para a promoção de actividades de reflorestamento das
árvores afectadas pelas queimadas e o desenvolvimento de espaços verdes.

Estas medidas visam por um lado a conservação das espécies florestais e faunísticas e por
outro lado, visam a conservação do solo em vastas áreas com recurso a proibição de abate a
certas espécies e reposição de espécies.
29

CAPITULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Neste capítulo, faz-se a apresentação, análise e interpretação dos dados, começando da


ilustração das características da amostra seleccionada usada no processo de colecta dos dados,
seguindo-se com a apresentação dos dados conforme as respostas obtidas por meio do
questionário e para terminar a análise e interpretação que segue com a apresentação de
possíveis conclusões obtidas.

3.1. Caracterização da amostra seleccionada

O processo de colecta de dados contou com o envolvimento de 25 indivíduos, sendo 22


moradores e 3 líderes locais com características distintas no que concerne ao sexo e idade.

3.2. Apresentação dos dados

Quando se procurou saber com os entrevistados se já ouviram falar sobre as queimadas


descontroladas, se sim o que é? Os entrevistados mostraram ter conhecimento ao afirmar que
sim, já ouviram falar sobre as queimadas descontroladas, conceitualizando desta forma como
sendo a retirada da vegetação sem controlo e a recurso a fogo.

Na mesma ordem, perguntou-se sobre as causas das queimadas, constatou-se vários


pontos de vista, dentre os quais maior parte apontam como causa, a abertura dos campos para a
prática da agricultura e a caça, produção do carvão vegetal e outros evidenciam causas naturais
como as descargas eléctricas (relâmpado).

A pergunta a seguir procurava perceber nos entrevistados se já tinha presenciado a


ocorrência das queimadas descontroladas na sua localidade, levantada a pergunta estes
afirmaram que já presenciaram a ocorrência de queimadas e que os efeitos deste fenómeno
foram devastadores como destruição de casas, campos de cultivo entre outros.

Na questão seguinte sobre o que tem feito para parar este fenómeno, os entrevistados
afirmaram não terem feito nada para parar as queimadas, sustentando que das vezes que
presenciaram o fogo era tão intenso que estes sentiram-se limitados em prestar apoio com
intuito de parar as queimadas. Nesta ordem, destacam-se também comentários que mostraram
que tem prestado ajuda quando há ocorrência das queimadas descontroladas, evidenciando
desta forma algumas práticas que se cingem no uso da água para debelar o fogo, corte da
vegetação em perímetros avançados como forma de limitar a propagação do fogo, ainda neste
30

grupo, destaca-se o comentários de um dos entrevistados sobre o envolvimento do governo


local na promoção de campanhas de mobilização da população para não praticar as queimadas.

Quando procurou-se compreender sobre os problemas que advém das queimadas


descontroladas tanto para o ambiente como para o homem, constatou-se que todos mostraram
conhecimentos ao afirmar que para o meio ambiente as queimadas destroem árvores e outra
parte da vegetação, causam mortes e migração dos animais que tinham o determinado meio
como habitat, e outros desastres naturais como o caso da erosão e empobrecimento dos solos
tornando os solos empobrecidos tendo como consequência abertura de outros campos para
pratica da agricultura e uma repetição do fenómeno das queimadas descontroladas. Nesta
ordem, os mesmos entrevistados, apontam que para o homem as queimadas destroem as
machambas e quando se alastra até a comunidade chega a destruir casas, criando muitos danos
materiais e até humanos.

Em relação às medidas feitas para evitar a ocorrência das queimadas, questionou-se aos
entrevistados que medidas têm feito para evitar a ocorrência das queimadas descontroladas,
diante da questão, todos mostraram conhecimentos sobre práticas feitas para evitar as
queimadas descontroladas como: evitar queimar a vegetação nos dias de ventos fortes para
evitar propagação do fogo; sempre que optar por fazer uma queimadas é preciso que faça
quebra fogo a volta da machamba depois queimar apenas a parte que precisa de modo a evitar
que o fogo atinge áreas circunvizinhas, e para terminar observou-se com base nas respostas de
alguns entrevistados apelando que a queimada não pode ser vista como uma pratica
sustentável, ou seja, temos que sempre que possível evitar a prática da queimada, seja para
abertura de campo ou para abertura de florestas com diversos fins.

A seguir, perguntou-se quais são os níveis de degradação florestal por via de queimadas
descontroladas que a localidade de Munhonha apresenta, onde diante desta questão, os
entrevistados afirmaram que a localidade de Munhonha sofreu muitas alterações nas últimas
décadas, sustentando ainda que as queimadas descontroladas já contribuíram bastante para a
altercação da paisagem e redução de espécies florestais.

Uma questão similar a levantada anteriormente sobre o que tem feito para parar as
queimadas, questionou-se de forma geral qual é o nível da participação da comunidade na
redução das queimadas descontroladas, com base nas respostas constatou-se de um lado que a
comunidade não tem feito nada a respeito com intuito de contribuir para a redução das
31

queimadas descontroladas, todavia, seus comentários indicam que este fenómeno parte da
iniciativa de todos cidadãos pois a maioria tem a agricultura como base de sobrevivência e as
queimadas constituem um método padrão usado por estes para abertura dos campos, portanto,
para além destes ressaltam ainda a intervenção dos produtores de carvão vegetal que também
praticam as queimadas quase em todos períodos do ano. Outros entrevistados apontam que as
estruturas locais têm promovido campainhas de sensibilização e palestras sobre os impactos
que as queimadas descontroladas trazem para o homem e para o meio ambiente.

O questionário terminou com a pergunta sobre o que sugerias ou recomendarias para as


pessoas que praticam as queimadas descontroladas de modo a parar com este fenómeno,
levantada a questão, todos entrevistados propuseram algumas recomendações que se presumem
na escolha de outros métodos para abertura dos campos, a prática das queimadas em tempos de
pouco vento e com o espaço devidamente delimitado.

3.3. Análise e interpretação dos dados

Na primeira questão levantada, sobre o conceito as queimadas descontroladas constatou-


se que a população já ouviu falar das queimadas descontroladas, e o definem desta forma como
sendo a retirada da vegetação sem controlo e a recurso a fogo.

Este conceito assemelha-se ao proposto por Borges (1992, p.13) no qual versa que as
queimadas descontroladas consistem no uso de fogo sem controlo sobre qualquer forma de
vegetação, podendo ser causada de forma espontânea ou pelas acções e omissões humanas.

No entanto, o fenómeno das queimadas descontroladas é uma realidade na localidade de


Munhonha, cuja sua conceitualização relaciona-se com o uso sem controlo do fogo sobre a
vegetação com vista a sua retirada e movida por factores adversos.

Sobre as são as causas das queimadas descontroladas, os moradores da localidade de


Munhonha apontam que a queimada descontrolada é um fenómeno movido por principais
causas como as descargas eléctricas, abertura dos campos para a prática da agricultura, a caça e
queima das árvores para produção do carvão vegetal.
32

Figura 2:Abertura de campos agrícola com base na queimadana localidade de


Munhonha.

Fonte: Autor, 2021.

Estas causas coincidem com as levantadas pelo autor Fearnside (1993) quando aborda
que as principais razões para as queimadas incluem a queima para abertura de machambas
(agricultura itinerante), mas também a caça, a colheita de mel, o fabrico de carvão, bem como
para afugentar os animais bravios, das zonas residenciais rurais.

Nesta ordem, o MICOA sustenta ainda as queimadas constituem uma prática rural
largamente utilizada que é movida por diversas causas como a limpeza de campos agrícolas;
abertura de caminhos para facilitar a circulação das populações; visibilidade da mata; caça,
colheita de mel; produção de carvão; renovação das áreas de pastagem; redução de material
combustível; controlo de espécies vegetais indesejáveis, e; controlo de pragas e doenças.

Desta forma, as queimadas descontroladas provem de duas causas principais, a fazer


menção as naturais e humanas, portanto, na localidade de Munhonha raramente ocorrem as
queimadas por causas naturais, no entanto, na maioria das vezes o homem tem sido o
responsável por este fenómeno. Assim sendo, essas causas humanas compreendem a abertura
de machambas, a caça, o fabrico de carvão, visibilidade da mata e controlo de espécies vegetais
indesejáveis.

Aquando sobre o questionado se já presenciaste a ocorrência das queimadas


descontroladas na sua localidade ficou claro que a localidade tem sido alvo de queimadas
descontroladas, conforme os mesmos, quase todos anos tem-se registado ocorrência das
33

queimadas descontroladas, cujas estas, são movidas por factores adversos como os que foram
levantados no número anterior.

Na pergunta sobre o que tem feito para parar este fenómeno constatou-se que na
localidade de Munhonha, os moradores não tem feito nada para parar ou minimizar este
problema.

Portanto, apesar disto, existem medidas de contenção para travar ou minimizar este
fenómeno, no qual Graça (1997) evidência limpar o mato a volta da tua habitação ou infra-
estrutura; guardar um local seguro e isolado para a lenha, o petróleo e outros materiais
inflamáveis; se pretender fazer uma queimada, com intuito de limpar o pasto ou caçar animais,
certificar-se que existem espaços livres de segurança em volta; afastar as velas, candeeiros de
petróleo ou gás, da madeira, do papel, da roupa ou de outros materiais inflamáveis; possuir
sempre algo com que se possa extinguir um incêndio (enxadas, pás, ramos de árvore, areia,
água, extintor).

Nesta ordem, o autor chama ainda atenção que se pretender fazer uma fogueira, deve
fazer em locais apropriados, e com os seguintes cuidados especiais: remover as folhas secas;
pôr um círculo de pedras ao redor do fogo; molhar bem o local a volta da fogueira; manter
perto um recipiente com água; vigiar atentamente; depois do uso, apagar muito bem a fogueira
com areia e água; nunca fazer fogueiras em dias de muito vento.

A situação em que os moradores da localidade de Munhonha se encontram de não


fazerem nada para parar as queimadas constitui uma grande preocupação, o que remete a uma
análise do papel das estruturas locais na transmissão de informação sobre o risco e perigo que
as queimadas podem trazer tanto para o ambiente como para a comunidade envolvida.

Sobre os quais problemas podem advir das queimadas descontroladas, para o meio
ambiente e para o homem os moradores levantaram vários pontos de vista que indicaremos
seguintes problemas ambientais: destruição devegetação com mais incidência das árvores,
erosão empobrecimento dos solos, morte e migração da fauna que tinham o determinado meio
como habitat. No entanto, na mesma linha, foram levantados outros problemas humanos
resultantes das queimadas como a destruição de campos agrícolas na medida em que o fogo sai
do controlo, quando ocorre na comunidade (zona habitacional) ocasiona a destruição de
habitações, criando muitos dados materiais e até humanos.
34

No entanto, Fearnside (1993) aponta também vários impactos ambientais vindo das
queimadas descontroladas, cujos estes, na sua maioria surgem como consequência aos que
foram levantados pelos moradores da localidade de Munhonha, portanto, para o autor,
constituem impactos ambientais das queimadas aalterações no equilíbrio dos ecossistemas;
desertificação ambiental; circulação de águas superficiais e subterrâneas; mudança da
temperatura e humidade do solo; manutenção e controle de fauna e flora; diminuição da
biodiversidade; emissão de gases poluentes; piora a qualidade do ar; contribui para o aumento
da poluição do ar; intensifica o efeito estufa e o aquecimento global.

Neste sentido, Stewart e Robison (1997) pressupõem para o homem, problemas como
destruição de habitações e outros bens materiais, baixa produtividade agrícola resultante da
degradação de solos e por vezes a morte de pessoas.

Desta forma, a localidade de Munhonha têm enfrentado vários problemas que advém das
queimadas descontroladas no qual para o meio ambiente se destaca a destruição de vegetação,
erosão, empobrecimento dos solos, morte e migração da fauna e, mudança da temperatura. Por
outro lado, na mesma área de estudo, a queimadas proporcionam problemas ao homem na
medida em que condicionam a destruição de campos, de habitações e outros bens materiais, a
baixa produtividade agrícola resultante da degradação de solos.

Na pergunta sobre que medidas têm feito para evitar a ocorrência das queimadas
descontroladas, constatou-se que os moradores da localidade de Munhonha, tem pautado por
várias medidas dentre as quais evidencia-se a condição de praticar as queimadas nos dias de
pouco vento de modo a evitar a propagação do fogo; fazer antes o quebra-fogo sempre que
optar por fazer uma queimadas. Portanto, ainda nesta questão, os moradores chamam atenção
que devemos sempre que possível evitar a prática da queimada, principalmente quando a
finalidade é abertura dos campos agrícolas.

Assim sendo, apesar das medidas levantadas pelos moradores da localidade de


Munhonha concorrerem também para um desenvolvimento sustentável, o MICOA (2008) no
seu plano de acção para a prevenção e controlo às queimadas descontroladas avança medidas
que visam proibidas de provocar queimadas descontroladas em todo território nacional; as
mulheres e jovens devem desempenhar o papel de relevo na prevenção e controlo das
queimadas descontroladas e na mudança de atitudes e comportamentos das comunidades em
35

particular das crianças na sua área de actuação; denunciar os infractores que provocam
queimadas descontroladas as estruturas competentes.

Entretanto, a que destacar neste ponto que a falta de conhecimento sobre as medidas que
visam evitar as queimadas na comunidade de Munhonha constitui uma realidade, assim sendo,
a que ressaltar a importância instituir campanhas de educação e sensibilização públicas sobre
queimadas descontroladas.

No que refere-se ao nível de degradação florestal devido às queimadas descontroladas,


constatou-se que a localidade de Munhonha sofreu muitas alterações nas últimas décadas.

A semelhança da Localidade de Munhonha, o país em si conforme versa Hatton e


Oglethorpe (2001) a área florestal tende a diminuir a um ritmo relativamente acelerado, não só
pelo aumento de áreas de assentamentos humanos, derruba para fins agro-pecuários, mas
também devido à prática de queimadas descontroladas. O autor acrescenta ainda entre 6 a 10
milhões de hectares de florestas são queimadas anualmente, em Moçambique, o equivalente a 7
e 12% do território nacional; entre 9 a 15 milhões de outras áreas são queimadas anualmente, o
equivalente de 11,2% e 18,7% do território nacional.

Em Munhonha o elevado nível de degradação florestal verificado nos últimos anos como
resultado das queimadas contribuiu bastante para a altercação da paisagem e redução de
espécies florestais. Por outro lado, as queimadas por constituírem fontes de emissão de gases
que contribuem para as mudanças do clima global e a degradação dos recursos naturais.

Figura 3:Degradação da paisagem e dos recursos após ocorrência da queimada na


localidade de Munhonha

Fonte: Autor, 2021.


36

Para terminar perguntou-se o que sugeria ou recomendaria para as pessoas que praticam
as queimadas descontroladas de modo a minimizar este fenómeno, diante desta questão várias
foram as sugestões levantadas pelos moradores do Munhonha para os principais intervenientes
no processo das queimadas descontroladas, dentre os quais destacaram para os agricultores, a
escolha de outros métodos para abertura dos campos, optar por técnicas de caça que não sejam
necessário o uso do fogo ou a queima dos campos, alargar outras fontes alternativas de
produção de energia como o caso painéis solares, fogões e fornos melhorados de modo a
reduzir a pressão sobre os recursos florestais.

Portanto, estas alternativas também concedem com as propostas pelo MICOA (2008)
quando levanta várias medidas que visam controlar e minimizar as queimadas, dentre as quais
destaca:

 Formar formadores e líderes comunitários sobre as causas, impactos e técnicas de


prevenção e controlo as queimadas descontroladas;
 Adoptar práticas eficientes, rentáveis e sustentáveis de produção de carvão que evitem
as queimadas descontroladas;
 Desenvolver e divulgar outras técnicas sustentáveis de caça, colecta de mel e de
afugentação de animais ferozes que não utilizem necessariamente o fogo como meio
auxiliar;
 Promover plantações com espécies de rápido crescimento para abastecimento da
indústria local em combustível lenhoso.
37

4. Conclusão

Chegado ao término do estudo, concluiu-se que Moçambique não possui dados


sistematizados sobre queimadas florestais, mas sabe-se que todo o ano vastas áreas com
potencial florestal e faunístico são consumidos pelo fogo devido a factores naturais e humanos.
A título de exemplo, na região centro do país, cerca de 40% da cobertura vegetal, é anualmente
consumida pelo fogo.

As queimadas descontroladas, constituem um problema que provém de várias causas que


vão desde as naturais até as que resultam da actividade humana. Desta forma, as consequências
e impactos negativos das queimadas descontroladas constituem preocupação nacional e
internacional por serem não só fontes de emissões de gases com o efeito estufa que contribuem
para as mudanças do clima global, mas também fontes de degradação dos recursos naturais.

Todavia, o fenómeno das queimadas descontroladas é uma realidade na localidade de


Munhonha, cuja sua conceitualização relaciona-se com o uso sem controlo do fogo sobre a
vegetação com vista a sua retirada e movida por factores adversos.

Na localidade de Munhonha, o homem é considerado o principal causador deste


fenómeno, cujo este é também movido de vários factores. Com isso, a localidade de Munhonha
tem enfrentado vários problemas que advém das queimadas descontroladas no qual para o meio
ambiente se destaca a destruição de vegetação, erosão, empobrecimento dos solos, morte e
migração da fauna e, mudança da temperatura. Por outro lado, na mesma área de estudo, a
queimadas proporcionam problemas ao homem na medida em que condicionam a destruição de
campos, de habitações e outros bens materiais, a baixa produtividade agrícola resultante da
degradação de solos.
38

5. Referências bibliográficas

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41

Apêndice

 Guião de entrevista
42

Universidade Licungo
Faculdade de Ciências e Tecnologias

O presente questionário refere-se à realização de um projecto intitulado: Impactos socioambientais das


queimadas descontroladas: caso da localidade de Munhonha, distrito de Nicoadala (2020-2021) com
vista realização de uma Monografia Científica que envolve a comunidade de Munhonha. Desta forma,
apela-se ao caro entrevistado que responda com veracidade, pois as respostas serão de carácter
fidedigno e confidencial.

Apêndice 01: Guião de Entrevista Dirigido a População Residente na Localidade de


Munhonha

1. Já ouviu falar sobre as queimadas descontroladas, se sim o que é?


2. Quais são as causas das queimadas descontroladas?
3. Já presenciaste a ocorrência das queimadas descontroladas na sua localidade?
4. Se sim, o que tem feito para parar este fenómeno?
5. Na sua visão, quais são os problemas que podem advir das queimadas descontroladas, para
o meio ambiente e para o homem?
6. Que medidas têm tomado para evitar a ocorrência das queimadas descontroladas?
7. O que sugerias ou recomendarias para as pessoas que praticam as queimadas
descontroladas de modo a parar com este fenómeno.

FIM

Obrigado pela atenção dispensada!

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