Síntese Da Unidade CurricularTarefa

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 7

1

Faculdade Teológica Batista de São Paulo

Jorge Francisco Cacuto

Hermenêuticas da Bíblia

Relatório da Síntese da Unidade Curricular


apresentado na disciplina de Hermenêuticas da
Bíblia para o curso de Pós-Graduação em
Exposição e Ensino da Bíblia (EAD), Professor
Marcos de Almeida da Faculdade Teológica
Batista de São Paulo

São Paulo – SP
2022
2

Hermenêuticas da Bíblia

A presente Unidade Curricular hermenêuticas da Bíblia, visa oferecer recursos que


ajudam na compreensão dos conceitos envolvidos no labor interpretativo1. E desde
seu início o cursou procurou mostrar que a base para a validação do sentido de
qualquer texto bíblico, deve ser interpretado no sentido que o autor pretendeu dizer
no seu contexto de origem. Ou nas palavras de Kaiser Jr. 2002 “Em outras palavras,
a autoridade para o sentido de m texto é de solidez proporcional ao nosso
entendimento da verdade que o autor pretendia expressar” (Kaiser Jr. pg. 43, 2002).
A hermenêutica bíblica2, portanto, lida com os princípios, com as leis e os métodos
de intepretação do texto bíblico.

No decorrer da história sempre foi desafiador à humanidade interpretar os textos


bíblicos. À guisa de introdução, propôs-se duas considerações que dizem respeito
ao significado para alcançar o valor conceitual de uma palavra e a compreensão
dos elementos presentes. A hermenêutica consiste num processo de leitura que se
movimenta de forma alternada entre as partes e o todo do texto; entre sua estrutura
e seu significado; entre o horizonte do leitor e o do texto; e entre o texto e seus
contextos.

Diante das apreensões nas questões aqui levantadas, devemos compreender o que
o sentido e o significado. Ou como ficou enfatizado, o significado muda de autor
para autor, mas o sentido do texto não. Isto é, o sentido não muda.

Na tentativa de se ensaiar uma definição sobre a hermenêutica bíblica, são


assertivas as palavras de Terry (1883, p. 20, apud ZUCK, 2002, p. 21), a
hermenêutica é tanto ciência quanto a arte de apurar o sentido do texto bíblico.

1 Existem várias correntes histórico-interpretativas da hermenêutica discorridas durante a história da


interpretação bíblica: (1) a Patrística, (2) Escolástico, (3) Reformado, (4) Moderno e (5) Pós-moderno;
juntamente com suas pressuposições ideológicas, e suas influências na atualidade.

2É importante lembrar que a presente unidade trata apenas da hermenêutica bíblia, sem levar em
conta as demais janelas de interpretação, igualmente válidas no seu campo de atuação.
3

A hermenêutica e tanto ciência Como a arte. Na qualidade de ciência,


denuncia princípios, investiga as leis do pensamento e da linguagem e
classifica seus fatos e resultados. Como arte, ensina com esses princípios
devem ser aplicados e comprova a validade deles, mostrando o valor
prático que têm na elucidação das passagens mais difíceis. Portanto, a
arte da hermenêutica desenvolve e constitui um método exegético válido.
(TERRY, 1883, p. 20, apud ZUCK, 2002, p. 21).

A história da reflexão sobre o método homilético apresenta um comprometimento


com a tradição da pregação expositiva3, como forma de garantir que o ensino e a
exposição bíblica sejam baseados nas Escrituras. Embora a conceituação de
pregação expositiva seja mais ampla como assegura BLOMBERG, 2019, não se
trata emitir juízo de valores contra outros métodos de pregação e ensino como se
eles fossem necessariamente ilegítimos.

Esta foi a tônica várias vezes repetida na presente Unidade Curricular (Novo
Testamento: Contexto e cultura) em que estudar os elementos formativos do Novo
Testamento, há que se lidar necessariamente com o estudo do contexto e da
cultura, através do método histórico gramatical, que por sua vez resultará em
aplicações que redundem em erudição e piedade. Ou dito em outras palavras,
“aquele que quer expor a mensagem de forma correta deve trabalhar para a
exposição do texto no seu contexto de origem no momento de sua produção”4.

Portanto, como ciência implica no uso de categorias gramaticais e ou de normas


que se relacionam entre si e que são padronizadas por normas e método que
permitem o processo analítico e sintético (uma diz respeito ao processo como se
faz a pesquisa, e a outra ao processo em que se organiza essa pesquisa) e sua
anunciação.

3Expresso dependência em Blomberg 2019, para a conceituação de ensino e ou pregação expositiva


como a comunicação de um conceito bíblico – extraído de um estudo histórico, gramatical e literário
de uma passagem em seu contexto, e transmitido com a ajuda do Espírito Santo, que primeiramente
aplica este ensino à vida e à experiência do pregador, que em seguida, por meio deste a seus
ouvintes.

4 Frase usada em sala de aula pelo Professor Marcos de Almeida, para denominar o método
gramático-histórico de interpretação.
4

Para a análise teológica do texto no processo da interpretação o método histórico-


gramatical de interpretação das Escrituras como parte da premissa de que a Bíblia
é a Palavra de Deus, sendo assim, reconhece sua inspiração divina, sua natureza
divino-humana, sua inerrância, sua infalibilidade, sua autoridade e suficiência.

Para tanto é fundamental que contemos com o auxílio dos estudos teológicos da
como complementares a interpretação do texto tais como: crítica textual, crítica
histórica e literária, hermenêutica, exegese, teologia histórica, teologia bíblica e
sistemática, teologia prática e educação crista, e exposição bíblica. Estes estudos
devem contar também com o significado histórico das palavras, que é denominado
de sentido diacrônico e, igualmente com o significado sincrônico, ou seja, o sentido
da palavra dentro do texto de acordo com a proposição autoral. O primeiro estudo
trata do campo lexical e é também conhecido por lexicografia, enquanto o outro
estudo diz respeito ao campo semântico da palavra, pois trata do estudo da palavra
dentro de um contexto específico.

Desde que a tarefa final do hermeneuta é apresentar a mensagem da Bíblia, a


contextualização de sua mensagem é tão importante quanto a exegese correta de
seus textos. Isso significa que há necessidade de se identificar a expressão
contemporânea de cada um de seus ensinamentos. A mensagem é a mesma que
foi objetivada por cada um de seus autores, não mudou nada em sua essência,
então, contextualizar a mensagem não é, de forma nenhuma, alterar o seu
propósito, mas é comunicar a mensagem de forma que faça sentido no seu ouvinte
na atualidade, como o afirma Henrichsen, 1995.

O estudante da Bíblia deve fazer mais do que examinar passagens


individuais. Deve coordenar o seu estudo com tudo o que a Bíblia diz sobre
o assunto. A precisa compreensão da Bíblia sobre qualquer assunto leva
em conta tudo que a Bíblia diz sobre aquele assunto”
(HENRICHSEN,1995, pgs. 8, 9).

Portanto, quando pensamos no labor hermenêutico, falamos da complexidade que


pode ser decomposto em frases que compreendidas no eu todo, apresentam uma
estrutura relacional das frases com aspectos linguísticos distintos e que apresentam
as seguintes características: fonético, morfológico, sintático estilístico e semântico.
5

As últimas aula focaram acerca dos autógrafos e manuscritos e a diferença entre


os termos. Se de um lado, não temos os autógrafos, do outro, existem os
manuscritos que são organizados em dois em dois tipos de documentos. Os
manuscritos como indivíduo e os manuscritos como família. Como indivíduo trata-
se dos papiros, dos pergaminhos (unciais, dos maiúsculos ou do minúsculos
cursivos). E à medida em que o tempo passa percebe-se uma multiplicação de
documentos, em que estudiosos sugerem que o Novo Testamento contempla cerca
de 5600 cópias diretas tipos de manuscritos catalogados5, de versões e as citações
dos pais da igreja.

E mais ainda, como discutido em sala, que existem muitas variantes no texto do
Novo Testamento. Estima-se que existam entre 300.000 a 400.000 variantes nos
diversos manuscritos. Porém, como ficou destacado, o Novo Testamento é a obra
mais bem documentada da Antiguidade. É a obra que possui o maior número de
evidência textual disponível quando comparada com qualquer obra clássica antiga,
grega ou latina. O que justifica que quanto maior for o número de manuscritos, maior
será o número de variantes.

Portanto, possuímos um texto que tem sido provado e testado ao longo dos anos e
que em cada teste tem se provado fidedigno de que é de fato, a palavra de Deus
para o seu povo. Assim, hermenêutica bíblica deve incluir a leitura devocional para
a pesquisa hermenêutica. Começando com a exegese gramático-histórica em
busca da intenção autoral, ou seja, antes de identificar o significado de sua
mensagem para a atualidade, é preciso compreender qual era a mensagem
proposta no seu contexto de origem (seus primeiros leitores). Só depois deste
processo, após muito estudo e pesquisa, será possível com o auxílio do Espírito de
Deus, contextualizar e aplicar corretamente a sua mensagem para os dias atuais,
na expectativa de que ela, a palavra produza transformações em seus ouvintes.

5Revelo a minha dependência em Wallace, 2011, fundador do Centro para Estudos dos Manuscritos
do Novo Testamento CSNTM (The Center for Studies of New Testament Manuscripts).
6

Referências Bibliográficas

ALAND, Kurt; ALAND, Barbara. O texto do Novo Testamento–Uma introdução


às edições críticas e a Teoria e Prática da Moderna Crítica Textual. São Paulo:
Fonte Editorial, 2010.

ALAND, Kurt et al. O novo testamento grego. Quarta edição revisada com
introdução em português e dicionário grego-português. Barueri: Sociedade
Bíblica do Brasil, 2009.

BEALE, Gregory K.; CARSON, Donald A. Comentário do uso do Antigo


Testamento no Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, p. 1029, 2014.

BEALE, Gregory K. Manual do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento:


exegese e interpretação. São Paulo: Vida Nova, 2016.

BERGER, Klaus. Hermenêutica do Novo Testamento. Editora Sinodal, 1999.

BERKHOF, Louis. Princípios de interpretação bíblica. Tradução Denise Meister.


4ª edição. São Paulo: Cultura Cristã, 2013.

BLOMBERG, Craig L. Pregando as parábolas: da interpretação responsável à


proclamação poderosa. Tradução de Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Vida
Nova, 2019.

BRAY, Gerald. História da interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2017.

DOCKERY, David S. Hermenêutica contemporânea à luz da igreja


primitiva. São Paulo: Vida, 2005.

FEE, Gordon D.; STUART, Douglas K. Entendes o Que Lês? Um guia para
entender a Bíblia com o auxílio da exegese e da hermenêutica. Edições Vida
Nova, 1997.

FISCHER, Alexander Achilles. O texto do Antigo Testamento. São Paulo: SBB,


2013.

GUSSO, Antônio Renato. Orientações para o uso do Novo Testamento


Grego. Atualidade Teológica, v. 17, n. 45, 2014.

HENRICHSEN, Walter A. Princípios de Interpretação da Bíblia. 6ª. ed. São Paulo:


Mundo Cristão, 1995.
KAISER, Walter C.; SILVA, Moisés. Introdução à hermenêutica bíblica. Editora
Cultura Cristã, 2021.
7

LUKASZEWSKI, A. L., DUBIS, M., & BLAKLEY, J. T. The Lexham Syntactic Greek
New Testament, SBL Edition: Expansions and Annotations (1Jo 2.28).
Bellingham, WA: Lexham Press, 2011.

OMANSON, Roger L.; SCHOLZ, Vilson. Variantes textuais do Novo Testamento:


análise e avaliação do aparato crítico de “O Novo Testamento Grego”. São
Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.

PAROSCHI, Wilson. Origem e transmissão do texto do Novo Testamento.


Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012.

RICOEUR, Paul. Ensaios sobre a interpretação bíblica. São Paulo: Novo Século,
2004.

_________ A hermenêutica bíblica. Edições Loyola, 1978.

SHEDD, Russell P. Palavra Viva: extraindo e expondo a mensagem. São Paulo:


Vida Nova, 2000.

VANGEMEREN, Willem A (organizador). Novo dicionário internacional de


teologia e exegese do Antigo Testamento, Volumes 1-5. Traduzido por Equipe
de colaboradores da Editora Cultura Cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.

VANHOOZER, Kevin. Há um significado neste texto? Interpretação bíblica, os


enfoques contemporâneos. Editora Vida, 2021.

WALLACE, Daniel B. Revisiting the corruption of the New Testament: manuscript,


patristic, and apocryphal evidence. Grand Rapids: Kregel Publications, 2011.

ZUCK, Roy B. A interpretação bíblica: meios de descobrir a verdade da Bíblia.


Vida Nova, 2002.

Você também pode gostar