Aprendizagem Significativa

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1 Conhecendo a aprendizagem significativa


Para que conseguíssemos estruturar uma definição ao que, de fato, seja a disciplina
Aprendizagem Significativa, fez-se necessário recorrer ao estudioso em psicologia da
Educação David Paul Ausubel, um teórico que conceitua a disciplina como um processo de
valorização dos conhecimentos prévios do aluno, para que este possa construir estruturas
mentais apoiado por mapas conceituais que lhe facilitem descobrir e redescobrir novos
conhecimentos, apresentando, assim, uma aprendizagem prazerosa e eficaz.

Pensar neste novo processo de ensino fez-se necessário a partir do momento em que
educadores e estudiosos da área pedagógica começaram a questionar a formação acadêmica
e moral dos alunos dentro de algumas de nossas instituições de ensino. Temos enfrentado
uma realidade de apatia e conformismo que resulta na formação de alunos e educadores
pouco reflexivos e questionadores.

No atual sistema educacional, os alunos têm sido tratados muitas vezes pelo corpo de
servidores da escola, como simples receptores de informação, ignorando a contínua
construção conjunta do conhecimento. O aluno não se faz enquanto cidadão vive em um
sistema sufocante e alienante que o reprime e não o prepara para a vida social e intelectual,
requisitos tão ansiados pela sociedade e pela família, e que deveriam provir da educação.

Da mesma forma, a maioria dos educadores que faz parte da estrutura organizacional da
escola (auxiliar de serviços gerais, merendeira, porteiro etc.), em alguns momentos não
demonstra preocupação com a formação integral do aluno, não sendo exemplos a serem
seguidos no que se refere a condutas morais e intelectuais no ambiente escolar.

No decorrer deste curso, sempre que utilizarmos a expressão “educador”, estaremos nos
referindo a todos os envolvidos no ambiente escolar (faxineiros, merendeiras, porteiros,
corpo administrativo e docentes.) Veja o humor crítico da charge a seguir sobre o nosso
sistema educacional.

Figura 1 - Tirinha da Mafalda

Fonte: Quino

Descrição da imagem: é uma história em quadrinhos. O amigo de Mafalda comenta que a professora lhe deu “péssimo outra vez” na atividade avaliativa. O menino fica inconformado e diz: “é pra isso que a gente vai
todo dia à escola? Se eu viesse de vez em quando, mas fazer isso com um freguês?”

Como você pôde ler e interpretar, a figura acima sintetiza de maneira bastante divertida a
realidade da Educação brasileira. A personagem demonstra descaso e total falta de
comprometimento com a escola e o processo educativo que a norteia, uma vez que esta não
lhe apresente, por meio da figura do professor, quais os objetivos reais em que se baseiam
sua avaliação. Sendo assim, os alunos se sentem injustiçados e desvalorizados, perante a
maneira como são avaliados pelos professores e tratados pelos servidores que compõem a
equipe da escola.

O professor precisa deixar de pensar que o bom educador é aquele que apenas transmite
conteúdos e pensar que ele é um facilitador da aprendizagem.
Desde muito tempo, a expressão ‘dar aulas’ é comum no meio professoral, se o professor
não age dessa forma, o que o aluno fará, então? Este pensamento já está mudando, hoje os
professores não precisam mais dar aula, e sim, construir um conhecimento juntamente com
os alunos, mas muitos ainda se esquecem disso. Da mesma forma, podemos enxergar
aqueles servidores que se limitam a exercer mecanicamente suas funções, esquecendo que
também possuem papel importante na formação integral do aluno.

O verdadeiro educador precisa aprender a combinar autoridade, respeito e afetividade,


respeitar a individualidade de cada aluno, desenvolvendo o senso de responsabilidade.
Podemos constatar isso na fala de Libâneo (1994), quando ele cita que o professor não
apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Libâneo
ressalta que o professor deve dar atenção ao aluno e cuidar para que aprendam a expressar-
se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas
e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às
dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem também para
diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades.

Os servidores da escola não podem esquecer que o aluno é a peça principal nessa atividade.
Se o professor apenas der aulas, elas se tornam cansativas, desestimulantes, os alunos não
conseguem prestar atenção, não conseguem ficar quietos, e ele ainda fica estressado e
cansado. Se os servidores não mantêm uma postura de respeito ao aluno, este não apreende
os conceitos da escola como educação formal na construção do ser humano.

Não podemos esquecer que, para o aluno realmente aprender, é necessário que ele se
esforce, não receba nada pronto. À medida que o professor se preocupa em apenas dar
respostas, ele está evitando que o aluno faça um esforço para aprender, poupa-o de realizar
uma aprendizagem significativa.

Hoje estamos participando de uma reconstrução da aprendizagem, num contexto de “mundo


em construção” e, se o professor se limita a oferecer a resposta, impede a aprendizagem. O
papel do professor é gerar questionamentos, dúvidas e não apresentar respostas prontas e
acabadas. Isso tudo coloca o professor diante de um novo desafio ao planejar suas aulas. O
educador precisa respeitar as limitações do aluno, favorecendo uma relação baseada em
respeito mútuo.

Todos os profissionais que trabalham na escola atuam na formação do aluno. Já não é a


mesma coisa do passado, eles têm autonomia de formar cidadãos críticos e conscientes, mas
para que isso ocorra, devem acreditar no que fazem.

O ambiente escolar é um lugar privilegiado, no qual os educadores e alunos participam e


interagem, mediando a construção do conhecimento. Cabe ao educador desafiar,
problematizar, facilitar a aprendizagem, reconhecendo que a escola está repleta de
diferentes alunos com aprendizagens distintas, e para que o conhecimento seja desenvolvido
da melhor maneira possível, não podemos esquecer os vínculos afetivos, outra questão à
qual todos devem estar atentos.

Leia esta redação de uma aluna do 4º ano:

“Se eu fosse professora, eu...

Construiria uma escola cheia de jardins, parques, piscinas, quadras de esportes, laboratórios
de informática, salas de inglês, de francês e espanhol, professores legais e simpáticos, aulas
de arte, química, física, piano, violão, educação física, de dicionário, coisas desse tipo, sabe.

As minhas amigas, claro, com faculdade. Trataria meus alunos sempre bem, seria legal,
ensinaria, organizaria mutirões para pintar a escola, ajeitar as mesas, as cadeiras, limpar a
parede, o quadro, essas coisas. Também poderia fazer uma vaquinha para ajudar as crianças
carentes e os adultos. Construiria um asilo para que não ficassem mendigos porque eles são
seres humanos. Organizaria gincanas entre as turmas, faria piqueniques nas sextas-feiras
para dar uma quebrada na rotina. Decoraria os murais, faria campanhas pela paz, justiça,
etc. Um mundo melhor se faz com amor, confiança, força de vontade, alegria, e,
principalmente, inteligência.

Sabe, também poderia fazer caminhadas e sem falar de ensinar bem, dar banhos de piscina,
brincar na hora do recreio, fazer um lanche delicioso para as turmas do colégio. Faria tudo
para o bem das crianças, pois elas serão os adultos de amanhã.

Por isso, quanto mais você ensinar, amar, educar e brincar, deixar que as crianças se
divirtam, você estará fazendo um grande bem para a nação, pois o mundo, as crianças, os
adolescentes, os adultos e os idosos precisam de amor, respeito, carinho, afeto e
principalmente compreensão”.

(Aluna de 4º ano – Escola Pública do DF – 10 Anos.

Retirado - PSIC - Revista de Psicologia da Vetor Editora, v. 7, nº 1, p. 29- 38, Jan./Jun.


2006)

Percebam que a aluna traduz todo seu sentimento em relação ao que deveria ser uma
verdadeira escola. E quais as ferramentas necessárias, segundo esta menina, para que o
processo de ensino-aprendizagem ocorra de maneira satisfatória e motivacional?

Um professor competente, comprometido com a aprendizagem significativa de seus alunos,


é aquele que ensina os conhecimentos que eles usarão por toda a sua vida, que estimula a
criatividade, que elogia e ajuda a descobrirem seus dons, e os encoraja a acreditar em seu
potencial.

Observe o comportamento dos alunos e a fala do professor, durante a aula ministrada na


figura abaixo. Assuma a condição de um professor em sala de aula e faça uma análise
crítica do contexto desta sala de aula, levando em consideração o conceito de
Aprendizagem Significativa, analisando tanto o papel do professor quanto o do aluno.

Figura 2 - Tirinha de Nervo Corvo

Fonte: Blog EduQ - Educação é tudo.

Descrição da imagem: charge ilustrando sala de aula na atualidade onde há um aluno com uma arma de grande calibre atirando em direção ao quadro negro. A professora está sentada de costas para o quadro negro,
onde estão escritas as vogais A, E, I, O, U. A letra "O" é um furo provocado pela bala da arma do aluno.  A professora comenta: "Que saudade do tempo que eles só traziam canivetes!". 

Para finalizarmos, temos que deixar bem claro que um educador verdadeiro é aquele que
busca aperfeiçoamento constante, que tem um carinho especial pela profissão que escolheu,
e sabe usar sua autoridade com moderação, tendo como objetivo final o desenvolvimento
cognitivo de seu aluno.
Freire (1996) escreve que o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno
até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma
‘cantiga de ninar’. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas
e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.

Sendo assim, é preciso destacar a necessidade de estudarmos e compreendermos o conceito


de uma aprendizagem significativa, uma vez que a intenção desta é assegurar a você, aluno,
um conhecimento real, prático e de muita aplicabilidade na vida tanto profissional quanto
pessoal.

Referência:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia.1996. Disponível em:
http://www.conteudoescola.com.br/site/content/view/132/31/1/2/>.

Entrevista com Libâneo

Seja falando de escola do presente ou falando de escola do futuro, na minha maneira de ver,
a escola tem uma função que é específica dela que é ensinar e hoje, ensinar, significa ajudar
os alunos a desenvolver as suas capacidades intelectuais, sua capacidade reflexiva em face
da complexidade do mundo moderno, em da influência forte das mídias especialmente da
televisão e em face de todo um conjunto de problemas sociais que estão afetando a
juventude.
A escola precisa manter a sua característica de ensinar.
O bom professor é aquele professor que consegue organizar os seu conteúdos levando em
conta as características dos alunos.
Os professores, hoje, não podem desconhecer que os alunos veem as escola como uma
variedade muito grande de saberes que ele encontra fora da escola.
A escola, hoje, não detêm o monopólio do saber.
Então, uma escola do futuro é uma escola que ensina mas é uma escola em que os
professores saibam muito bem organizar o conteúdo tendo em vista as características
individuais, sociais, culturais, que os alunos trazem para a sala de aula.
Em uma escola do futuro que seja uma boa resposta a complexidade deste mundo
contemporâneo, o bom professor precisa ter um domínio muito seguro dos conteúdos.
Ele precisa ter uma noção muito clara de como é que os alunos aprendem a pensar, a
desenvolver suas capacidades intelectuais através dos conteúdos mas que ao fazer isso ele
leve em conta os motivos dos alunos, as características individuais dos alunos, a relação que
estes alunos têm com os saberes que ele ensina, o modo de vida que os alunos levam na
suas cidade, no seu território, em seu grupo de referência e também, que sejam levados em
conta, aquelas características sociais, culturais do contexto em que os alunos vivem.
(José Carlos Libâneo - Professor e Pesquisador).

1.2 Aprendendo a educar e ser educado


Pensar no processo de ensino-aprendizagem hoje existente é, sobretudo, refletir sobre o que
de fato entendemos por processo educativo e o que ansiamos ver como representações de
educadores e alunos no contexto escolar. Vivendo em uma sociedade cada vez mais
complexa e cheia de informações, o educador precisa ser muito mais criativo em suas
propostas. A melhor estratégia é a da automotivação, professores e educadores motivados
no espaço escolar, consequentemente, motivarão os alunos.

Educador que mostra entusiasmo pelo que fala, pelo conhecimento, contagia a todos.
Educador desanimado desanima. Educador muito rico em vivências, leituras, práticas,
recursos encontra estratégias diferentes de orientar alunos.

Pergunto a você e o convido a uma reflexão: qual é o tipo de aprendiz que algumas de
nossas instituições estão formando? Seria este aluno um ser mais reflexivo, questionador,
intelectual e ético? Ao término desta reflexão, acredito que, assim como nós, vocês
concluirão que o contrário a este processo vem acontecendo. Estamos vivenciando um
ensino pouco instigante e provocativo ao aluno, não lhe possibilitando a construção de um
conhecimento significativo.

No processo de ensino atual, a maioria das respostas é apresentada pronta, mastigada, ao


aprendiz que não se sente preparado para a busca pelo saber, consequentemente, o caminho
ao desafio se anula e o aluno torna-se figura alegórica no processo ensino-aprendizagem.

As regras da escola estão formatadas para o cumprimento de metas por parte dos alunos, e
os profissionais, na maioria das vezes, ocupam-se apenas de fiscalizar o cumprimento
destas, isentam-se da sua atuação na formação do aluno.

Ser alegórico não é o que se espera que aconteça no ensino, uma vez que a proposta é que a
educação funcione como uma via de mão dupla, na qual todos os participantes (professor
educador/aluno/instituição) representam papéis importantes e necessários ao processo, não
sendo possível a anulação de nenhuma das partes.

Três pilares sustentam a base da educação: a instituição escolar, o professor e o aluno. No


decorrer deste texto, já nos preocupamos em falar sobre o professor, educadores e aluno,
portanto, abro espaço agora para falarmos da Instituição. O que devemos esperar de nossas
instituições de ensino? Onde estas pretendem chegar? Qual público pretendem atingir? Que
tipo de cidadão anseiam formar?

Quando nos referimos a estes questionamentos, não aludimos apenas ao ensino público,
mas também ao privado. Falamos de educação e processo educativo ocorrendo em todas as
suas possibilidades. A escola precisa reaprender a ser uma organização efetivamente
significativa, inovadora, empreendedora.

Algumas escolas são previsíveis demais, burocráticas, pouco estimulantes para os bons
educadores e alunos. Estão envelhecidas em seus métodos. A maioria das escolas e
universidades distancia-se da realidade, e sobrevive porque representa os espaços
obrigatórios e legitimados pelo Estado.

As escolas conservadoras e deficientes atrasam o desenvolvimento da sociedade e retardam


as mudanças, elas precisam partir de onde o aluno está, das suas preocupações,
necessidades, curiosidades e construir um currículo que dialogue continuamente com o
cotidiano.

A instituição escolar deve priorizar o aluno e não o conteúdo, e despertar a curiosidade e o


interesse. Precisa de bons gestores e educadores, bem remunerados e formados em
conhecimentos teóricos, em novas metodologias, no uso das tecnologias de comunicação
mais modernas.

A escola precisa cada vez mais incorporar o humano, a afetividade, a ética, mas também as
tecnologias de pesquisa e comunicação. Hoje ela precisa estar em perfeita harmonia com as
novas tecnologias, pois desta forma possibilitará a construção de uma nova era, que visa
uma melhor preparação do aluno para a realidade do mundo atual.

Veja a poesia de Paulo Freire “A Escola”, retirada da revista Nova Escola de junho/julho de
2003. Neste texto, o autor define a escola de seus sonhos. Aproveite, prezado aluno, para
tirar as próprias conclusões de como você acredita que deva ser a sua Escola ideal.
Embarque conosco nesta leitura.

A escola

Escola é ...

o lugar onde se faz amigos,

não se trata só de prédios, salas, quadros,

programas, horários, conceitos...

gente que trabalha, que estuda,

que se alegra, se conhece, se estima.

O diretor é gente,

O coordenador é gente, o professor é gente,

o aluno é gente,

cada funcionário é gente.

E a escola será cada vez melhor

na medida que cada um

se comporte como colega, amigo, irmão.

Nada de “ilha cercada de água por todos os lados”.

Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir

que não tem amizade a ninguém,

nada de ser como o tijolo que forma a parede,

indiferente, frio, só.


Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,

é também criar laços de amizade,

é criar ambiente de camaradagem,

é conviver, é se “amarrar nela”!

Ora, é lógico...

numa escola assim vai ser fácil

estudar, trabalhar, crescer,

fazer amigos, educar-se,

ser feliz.

Poesia do educador Paulo Freire, retirada da Revista Nova Escola (junho/ julho 2003)

1.3 Teorias sobre a aprendizagem significativa


Convidamos você, agora, a conhecer um pouco mais sobre alguns autores que tantas
contribuições deram ao nosso modo de fazer e pensar a Educação. Estudiosos que se
fizeram à frente de suas épocas pensando e idealizando maneiras de promover um ensino
que fosse realmente relevante e prazeroso. Por meio dos dados de uma pesquisa,
apresentamos-lhes:

David Paul Ausubel

Nasceu em Nova York em 1918, na época em que estudava, era revoltado com castigos e
humilhações que sofria na escola. Ele afirmava que a educação era reacionária e violenta.
Ausubel dedicou-se à educação visando melhorar o aprendizado. Era contra a aprendizagem
mecânica e tornou-se representante do cognitivismo, aprendizagem significativa do aluno,
utilizando a psicologia da aprendizagem significativa.

(Fonte: site Nova Escola)

Jean Piaget

Nasceu na Suíça em 1896, seus estudos sobre a pedagogia revolucionaram a educação.


Sempre buscou, com suas teorias, inovar a educação, implantando novas metodologias que
visam formar cidadãos críticos e criativos. Para ele, o professor não deve apenas ensinar,
mas sim, orientar os alunos para uma aprendizagem mais autônoma.

(Fonte: site Chasque Web - UFRGS) 


Lev Vygotsky

Nasceu em Orsha, país da antiga União Soviética, em 1896. Trabalhou como professor e
pesquisador nas áreas de psicologia, pedagogia, filosofia, literatura, deficiência física e
mental. Para ele, a aprendizagem é influenciada pelo meio social e o conhecimento
cognitivo é adquirido por meio dos relacionamentos com os fatores sociais. O professor é
um mediador e a avaliação deve ser contínua.

(Fonte: site Nova Escola)

Ivan Pavlov

Ivan Pavlov nasceu em 1849, sua descoberta científica mais importante foi o reflexo
condicionado, abordagem ao estudo da aprendizagem. Para ele, a ideia do condicionamento
clássico é inata em vez de aprendidas, enquanto outras são reflexos condicionados.
Acreditava que, por meio da repetição seria possível criar ou remover respostas fisiológicas
e psicológicas em seres humanos e animais. Essa descoberta deu início ao desenvolvimento
da psicologia comportamental.

(Fonte: site Educar para crescer - Abril)

Henri Wallon

Henri Paul Hyacinthe Wallon nasceu em Paris em 1879. Era graduado em psicologia e
medicina. Propunha mudanças estruturais no sistema educacional francês desde 1947.
Coordenou a Reforma do Ensino, Langevin-Wallon, equivalente à nossa Lei de Diretrizes e
Bases. Sua teoria pedagógica diz que o desenvolvimento intelectual não envolve apenas o
cérebro. Suas ideias fundamentam-se em quatro elementos básicos: a afetividade, o
movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa.

(Fonte: site Educar para crescer - Abril)

Tendo em vista as contribuições legadas pelos estudiosos citados acima, é importante


refletir um pouco mais a respeito do que se faz necessário saber para o bom
desenvolvimento de uma Aprendizagem significativa, Para que ocorra uma aprendizagem
real e verdadeira, precisamos nos nortear em sete passos rumo à construção deste
conhecimento. São eles: sentir, perceber, compreender, definir, argumentar, discutir e
transformar.

Estes são passos que, se seguidos tanto pelo aluno quanto pelo educador, certamente
resultarão em uma educação de sucesso.

Ainda que, anos atrás, tais procedimentos já tivessem sido pensados e discutidos por estes
estudiosos, embora vivessem em épocas contrárias às nossas, estavam totalmente
previsíveis as necessidades atuais deste mundo moderno em relação ao processo educar.

Mais uma vez pedimos a você que se questione com relação a estes “passos” e conclua se,
em nossa proposta de estudo no ensino a distância, você está realizando com sucesso suas
tarefas. Esperamos que sim, pois esta será sempre nossa luta e desejo em relação a você!
prendizagem Significativa de Ausubel

Olá amigos, eu sou Geraldo Almeida e a nossa conversa de hoje será sobre uma das teorias
mais importantes deste momento (vídeo gravado em 29 de outubro de 2016) na educação
Brasileira que é a aprendizagem significativa de David Ausubel.
Vamos juntos aprender um pouco mais sobre esse teórico.
Uma das teorias que está chegando no momento, com uma força bastante importante, é a
teoria da “Aprendizagem Significativa” de David Ausubel.
Norte americano, filho de Judeus que viveu muito tempo em New York e que hoje, dada as
entradas das novas tecnologias na escola e sobretudo a permanência dela, tem encontrado
grande eco na atividade pedagógica dos professores.
A aprendizagem significativa de Ausubel possui pontos muito interessantes, de fato, e
alguns desses pontos iremos trabalhar a partir de agora para que professores, pais e
educadores de maneira geral, possam de alguma forma aprofundar-se nessa teoria e buscar
pontos que sejam importantes e pertinentes a cada realidade.
A primeira informação sobre o Ausubel que acredito ser bastante interessante para nós
educadores sobretudo da infância, é que ele vai dizer que só vale a pena a aprendizagem
para criança quando ela consegue ampliar e reconfigurar aquilo que ela recebe.
Partindo deste pressuposto o Ausubel considera duas coisas absolutamente importantes no
trabalho dele, primeiro que a criança sempre tem algum aprendizado quando ela chega na
escola. Isso quer dizer que devemos sempre considerar a realidade trazida pela criança pois
ela não chega na escola de maneira vazia, portanto, considerar aquilo que a criança tem e
ampliar com as informações que o professor, que os livros, que o contexto social pode
fornecer, faz a junção e portanto chegaríamos nestes dois pressupostos importantes da teoria
da Aprendizagem Significativa que são a ampliação e a reconfiguração da aprendizagem.
Isso é muito interessante pois quando falamos em ampliação e reconfiguração da
aprendizagem, estamos falando que as crianças podem ao, modo delas, chegar ao conteúdos
e aprendizados ou a teorias no mundo infantil para o qual elas não foram treinadas.
Não estou dizendo que a chegada a esta teoria, conceito ou esta intelectualidade, seja
intelectualidade verdadeira ou conceito verdadeiro.
Mas o que estou colocando, a partir da informação do Ausubel, é que é sempre muito
importante a criança estabelecer a construção de uma tese seja ela verdadeira ou não, pois a
partir da convivência social de novas informações que ela vai recebendo, chegará
oficialmente a algum lugar que chamamos de conhecimentos socialmente estruturado.
Então pensando assim, o Ausubel vai para outro ponto importante do trabalho dele, que é a
importância do aluno receber do início da aula uma questão a ser resolvida.
Olha que interessante.
Muitas vezes o professor brasileiro tem a intenção de começar a aula ou contextualizando,
que se tornou uma prática bastante comum na escola brasileira, ou o professor começa
elucidando, ou seja, esclarecendo.
Nos dois opostos, tanto quanto o professor contextualiza ou no outro lado quando o
professor de alguma maneira coloca explicações prévias, ele tira da criança o direito dela
tentar ao modo dela fazer descobertas e portanto ter dúvidas.
Palavra chave na teoria de Ausubel.
Quando a criança tem dúvida a partir de um questionamento que foi dado a ela e ela tem
motivação para ir atrás da dúvida, aí temos uma mobilidade na aprendizagem e é essa
mobilidade interessante que a partir de um contexto social, vai levar a criança ao outro
ponto importante da teoria de Ausubel.
A partir do questionamento recebido no início da aula, veja que a aula não começaria nem
com explicação e nem com contextualização mas sim com uma pergunta e a partir dele a
criança tentará chegar a uma tese.
Essa tese pode ser verdadeira ou não, mas a partir do momento que a criança chega a algum
lugar viria a informação dada pelo professor.
O professor entraria no segundo momento na aula trazendo informações para que a criança,
com aquilo que ela conseguiu estruturar e aquilo que ela recebeu, possa fazer o que
chamamos de anti-tese ou de questionamentos.
Então, o primeiro momento da ação pedagógica da Aprendizagem significativa é o aluno ao
seu modo tentar elaborar o que, para ele, é pertinente.
Depois que ele recebe informações para fazer essa comparação.
Dessas duas pontas surge um terceiro momento na aprendizagem significativa que é a
primeira síntese onde o aluno chegaria com essas junções.
A partir dessa primeira síntese nós teremos então mais um passo na teoria da aprendizagem
significativa que é o estudo individualizado também muito importante nesta teoria que se
difere de outras como construtivismo como sociointeracionismo e muitas outras teorias de
aprendizagem.
Há na teoria de aprendizagem significativa um momento que o aluno, seja ele criança,
adolescente ou adulto, ter que se debruçar sobre o próprio conteúdo, sobre a própria
informação e ver para onde que ele pode ir fazendo novas ampliações ou novas
reconfigurações que são aquelas palavrinhas importantes do início da nossa conversa.
Então, há um momento de estudo individualizado que a teoria da aprendizagem
significativa condiciona na participação do aluno e assim iríamos para o quarto e último
passo da teoria que seria quando este aluno, depois do que ele saber, recebe, e depois do
estudo individualizado, ele pode finalmente ir de fato para apresentação coletiva da sua
estruturação intelectual.
Estamos falando de uma teoria bem motivadora para sala de aula nestes tempos, no século
XXl, tudo com as tecnologias associadas nessas descobertas, nestas configurações e nas
outras formas de aprendizado.
Outro ponto importante na teoria de Ausubel onde ele diz que; “Quanto mais sabemos, mais
temos o desejo por buscar o aprendizado”. Olha que interessante, quanto mais uma criança
sabe, quanto maior for o domínio do aprendizado, da técnica do aprendizado ou das
informação ou contexto da aprendizagem, maior é o desejo dele caminhar adiante. Isso
também possui relação com a palavra que é ampliação e reconfiguração da aprendizagem,
mas isso mostra que o conhecimento não tem fim e que portanto, se a escola, o professor, o
espaço educativo, mantiver acesa essa motivação, o aluno não perderia tempo em sala de
aula, não se tornaria indisciplinado e sobre tudo perderia a motivação para aprendizagem.
Gostaria de frisar que para Ausubel a aprendizagem é do aluno, com o aluno e para o aluno
que é um dos papéis muito importantes da escola.
Se formos resgatar aqui qual o papel da escola entre vários outros papéis mas não um papel
único, mas o papel primordial da escola seria gerenciar a aprendizagens.
E a aprendizagem significativa tem justamente aí esta informação ou esta determinação
enquanto teoria de aprendizado.
Fazer com que o aluno possa de maneira individualizada mas não descontextualizada,
caminhar adiante e caminhar sempre de maneira motivadora tanto para si mesmo quanto
para os colegas que estão ao lado.
Acho que vale apenas os educadores buscarem mais informações deste teórico que está
chegando no Brasil com bastante força, tudo na educação infantil e ensino fundamental.
Buscar seus apontamentos.
A partir da teoria dele que nós temos a construção dos mapas conceituais que muitos
educadores já conhecem os mapas conceituais que estão na teoria de Ausubel.
Os mapas conceituais apresentam metodologias absolutamente interessantes para que a
criança construa o aprendizado, ou seja, se uma criança está estudando sobre seres vivos ela
começa a pensar; “O que comem esses seres vivos animais?”, “Estas plantas que eles
comem nascem em quais regiões?”, “Para estas plantas nascerem, de quais condições elas
precisam?”, um conhecimento leva a outro e tudo isso pode ser determinado em um mapa.
Tudo isso pode ser determinado em um mapeamento, em um diagrama. Isso é Ausubel, isso
é teoria da aprendizagem significativa, isso é a prática pedagógica deste momento presente
da escola brasileira.
No mais, como sempre digo, ensinar e educar é sempre um ato de persistir com delicadeza.

Jean Piaget - Instituto Net, Claro e Embratel 

Pensadores na educação - Jean Piaget - 1896/1980

O pensamento do biólogo e psicólogo suíço se destaca, entre outras características, por:


- descrever as diferentes etapas do desenvolvimento infantil;
- analisar os fatores que influenciam o processo de aprendizagem das crianças;
- desenvolver uma teoria de conhecimento conhecida como epistemologia genética. 

Lino de Macedo - Professor aposentado de Psicologia do desenvolvimento na USP

Quem foi Jean Piaget? 


Piaget era um suíço e nasceu em 1896 e morreu em 1980 e foi professor da universidade de
Genebra a vida toda e um professor de… na verdade de epistemologia. É possível recortar a
obra de Piaget em vários momentos de interesse de pesquisa. Uma primeira fase, Piaget se
interessava muito pela linguagem, pelas representações que as crianças tinham das coisas,
pelo julgamento moral. Então existe uma primeira fase em que o Piaget de um modo
clássico da psicologia daquela época que era fazer perguntas para as crianças bem verbal
mesmo, bem conceitual, abstrata até. Depois disso inaugura uma segunda fase do Piaget em
que ele observou seus filhos e ele escreveu livros importantíssimos sobre o nascimento da
inteligência na construção do real, então, ele colocava problemas bem concretos como que
elas iam desenvolvendo o que ele chamou de inteligência sensorial motora e etc. E uma fase
seguinte é que o Piaget passou a estudar processos de pensamento tomada de consciência,
realizar e compreender, processos de abstração, memória, como que as crianças
argumentam, como que elas discutem entre si e debatem idéias. Nesse sentido este trabalho
do Piaget, foi muito incorporado na escola mesmo até que se não utilize o nome dele. 
Por que a obra de Piaget é importante?
Uma contribuição que eu acho muito atual do Piaget foi que ele fez estudos e pesquisas
mostrando que a criança pequena, quando eu falo criança pequena é criança aí de 0 à 6 anos
mas sobre tudo do 0 aos 3, 4 anos, que as crianças desenvolvem, elas aprendem, elas
brincam, elas têm interesse, curiosidade pelo conhecimento e etc. É muito interessante
porque coisas que hoje são muito valorizadas, por exemplo, o centro do desenvolvimento da
criança da universidade de Harvard dá muito valor para os processos para os processos de
desenvolvimento e aprendizagem nos primeiros anos de vida, nos primeiros 6 anos de vida
porque esses desenvolvimentos têm impacto sobre o futuro, sobre o adulto, a criança. Outra
coisa, por exemplo, hoje praticamente há um consenso da importância do processo de
escolarização para o desenvolvimento da autonomia na criança por que, esta autonomia é
fundamental para a condição do adulto. Por isso que a teoria de Piaget é uma teoria do
empoderamento, vamos dizer assim, do ser humano ao preço dele se tornar parte do mundo,
da natureza, das pessoas, da sociedade. 
Como Piaget dialoga com as diferentes teorias da educação?
É muito interessante isso pois Piaget, no que diz respeito a pedagogia, ele era na verdade
um estudioso dos grandes teóricos da educação digamos do século 15 para cá. Ele
conversou criticamente com duas grandes ideias muito importantes que no fundo são: qual é
o papel da natureza e da cultura no processo de desenvolvimento de um indivíduo. O Piaget
gostava muito do Waddington. Waddington é o criador da epigenética que estuda na
biologia, por exemplo, a influência do fenótipo sobre o genótipo. O genótipo é herança
genética do DNA e o fenótipo tem a ver com as mudanças, a influência do ambiente, da
cultura sobre as pessoas no sentido delas se tornarem diferentes. Neste sentido Piaget foi um
grande crítico, um grande debatedor e um grande leitor destas duas formas de compreensão
dos processos de desenvolvimento é o inatismo e o culturalismo. Mas a pergunta dele é:
como cada um de nós, pouco a pouco, vai fazendo uma leitura pessoal marcada por uma
sensibilidade, uma forma de compreensão, por uma interpretação, por uma sensibilidade às
experiências que tornam cada um de nós únicos neste sentido como indivíduo.
Quais são os conceitos que norteiam Piaget?
Dois autores Gruber e Vanish escreveram um livro em que eles reuniram o que eles
consideravam o mais importante da obra do Piaget toda. Então aí eles propuseram que na
teoria de Piaget existem 4 modelos que são muito úteis para educação um era o modelo que
eles chamavam de Taos, outro era o modelo que eles chamaram de Paris, outro era o
modelo que eles chamaram de Eldorado e outro era o modelo que eles chamaram de Atenas.
Então, um grande professor no modelo Taos é um artesão tendo um repertório de propostas
importantes para o processo de aprendizagem e ensino dos alunos. O modelo Paris é o
seguinte, um bom professor consegue colocar os alunos em uma roda de conversa em uma
discussão entre iguais. Nesta situação, Paris, o professor mobiliza debate mas ele mesmo
não entra no debate pois se ele entra, o aluno se cala. O professor é um organizador do
debate. O modelo Atenas tem a ver com a ideia de Sócrates. Então um grande professor,
professor competente, é um professor que sabe fazer perguntas, que sabe refletir na frente
dos alunos. O que é uma referência para os alunos no sentido de perguntas que geram
conhecimento. E o modelo Eldorado, que é uma metáfora para o Eldorado, que é o
professor no sentido de que ele também é um aprendiz, também é um estudioso. O professor
hoje não é aquele que sabe tudo e só transmite ele, tal como os alunos ainda que em outra
posição, ele estuda, está atrás do ouro do Eldorado, ele é um aprendiz eterno daquilo que ele
ensina na sala de aula. E o Piaget que fez o prefácio do livro falou; -Poxa vida eles me
entenderam melhor que eu mesmo. Foram capazes de abstrair 4 modos de valorizar o
professor em sala de aula, o papel do professor em sala de aula, que eu mesmo não saberia
resumir destas 4 formas. Acho isso muito interessante. 
Existe um método Piagetiano?
Eu acho que não há um método piagetiano. Por exemplo, o famoso construtivismo apareceu
na Rússia na década de 20 na arte, no cinema e etc. Aisenstein, por exemplo, era um
construtivista, então o que é o construtivismo na verdade, o construtivismo, nas artes, se
caracterizou para este olhar do artista para dentro da obra. Por exemplo, no caso das artes
visuais é pesquisa, por exemplo, da cor, do traço, ou seja, dos elementos que compõem a
arte visual. No caso da educação, o construtivismo não é transmissão na escola de algo
externo a ela como o conhecimento científico e etc, mas o professor, por exemplo, olha para
dentro da sua classe, de cada um de seus alunos, das suas facilidades ou dificuldades das
suas fases de desenvolvimento. Ele é uma construção em que se realiza por descobertas e
por invenções, mas por uma construção que implica um olhar para dentro, dentro de quem?
Dentro do aluno, dentro do professor dentro da matéria, dentro das relações que permeiam o
cotidiano da sala de aula, isso quer dizer construtivismo. Agora, há muitos modos de você
praticar isso, então neste sentido não há um método consagrado, único e exclusivo. 
Quais obras você indica para conhecer melhor o pensamento de Piaget?
Temos muitas traduções dos livros de Piaget para a língua portuguesa. Felizmente hoje é
fácil de você encontrar as obras mais importantes de Piaget traduzidas para língua
portuguesa. O fato é que o texto de Piaget é um texto difícil. Como Piaget era um construtor
de teoria, Piaget não era um divulgador de teoria, ele era um construtor de teoria. Ele é um
autor não didático neste sentido, não tendo preocupação didática. Têm até autores que
tentaram transformar Piaget em uma leitura mais didática. Um autor brasileiro que eu acho
muito importante mas que infelizmente está esquecido é o Lauro de Oliveira Lima. E tem
no Brasil neste sentido felizmente muitos colegas como Fernando Becker, professor Ivy
Dilatar, Telma Vinha, professora Emília Ferreiro que é da Argentina mas mora no México
enfim, existem grandes autores tanto nacionais como de língua espanhola que souberam
falar de certos aportes da teoria de Piaget de um modo que facilite para uma pessoa
iniciante. O fato é que cedo ou tarde você terá que entrar em contato com o autor, beber na
fonte mesmo. Isso eu espero que seja possível para aqueles que se interessem pelo autor até
porque eu diria que Piaget continua muito atual no século XXl.

Lev Vygotsky - 1896/1934


O pensamento do psicólogo russo se destaca, entre outras características, por:

 ressaltar o papel da cultura no processo de cognição;


 dar ênfase ao papel do educador no desenvolvimento intelectual da criança;
 criar o conceito de mediação, descrito como uma experiência social que requer
participação e colaboração.

Edna Martins - Coordenadora do curso de pedagogia da UNIFESP

Quem foi Lev Vygotsky?


Vygotsky nasceu em 1896 em uma pequena cidade da Rússia. Viveu lá por um período,
mas depois mudou-se logo para Gomel que é uma cidade pequena também onde ficavam os
Judeus pois era filho de Judeus. Era um território só para Judeus. Ele teve uma vida bastante
interessante pois a família tinha grandes posses podendo contratar um tutor. Então,
Vygotsky estudou os primeiros anos de vida dele com um tutor conseguindo uma vaga na
universidade de Moscou e foi fazer o curso de medicina. Só que ele estudou medicina por
pouquíssimo período, um mês e talvez dois mudando para faculdade de direito. Contrário
do que pensamos, Vygotsky não possui uma formação em psicologia se formando em
direito inicialmente. Depois, logo ele vai estudar história e filosofia e só depois é que ele vai
se debruçar sobre o estudo da psicologia. 
Brincamos falando que o grande erro do Vygotsky foi ter morrido cedo pois morreu de
tuberculose com 37 anos em 1934. Neste pouco tempo de vida ele produziu mais de 200
artigos científicos. Se tem uma grande pergunta a qual podemos atribuir que é a pesquisa de
Vygotsky sendo a pergunta de pesquisa dele era; Como ocorre o desenvolvimento das
funções psicológicas superiores que tem a ver com os processos de pensamento de
linguagem, memória, atenção e etc. Então é bastante importante ressaltar que ele não estava
tentando entender apenas como ocorre a cognição humana mas tentando entender esse
marco, de como essas funções psíquicas se desenvolvem na criança e no ser humano como
um todo.

Por que a obra de Vygotsky é importante?


Uma das máximas de Vygotsky é apontar que o homem não nasce humano e vai se
humanizar. Então a partir do contato da criança com a cultura, com o grupo social do qual
ela está inserida sendo a partir disso que se desenvolve as funções psicológicas superiores.
O Vygotsky, por exemplo, vai mostrar que é importante que quando estamos pensando no
desenvolvimento da criança que levemos em conta o contexto no qual ela está inserida.
Então, por exemplo, não podemos entender que as crianças que Vygotsky estudou são as
mesma crianças do Piaget. Não podemos entender uma criança que vive no Brasil na década
de 70 é a mesma criança que vive no Brasil no momento histórico que estamos vivendo
com todo avanço da tecnologia e tudo mais. Então ele traz uma contribuição importante que
é mostrar que devemos ver que este homem que estamos estudando possui uma visão de
homem e mundo como um ser que é historicamente e socialmente datado e geograficamente
datado. Não dá para pensar em uma criança universalizada. Precisamos pensar crianças
específicas em contextos específicos de vida. A própria formulação dos espaços de trabalho
nas salas de aula precisam ser modificados tendo um novo olhar para essa sala de aula. Se
valoriza mais as classes heterogêneas com crianças diferentes onde elas possam se ajudar,
colega mais inteligente pode ajudar um outro que saiba menos de determinados assuntos
podendo haver uma troca maior entre as crianças além do adulto que é o grande mediador
desse conhecimento.

Como Vygotsky dialoga com as diferentes teorias da educação?


O trabalho de Vygotsky traz uma contribuição importante nesta área, destas
fundamentações filosóficas que podemos trazer que é o Inatismos, Ambientalismo,
Empirismo, como queira… porque que é uma corrente que vai trazer grandes modificações
na forma de pensar uma criança. Então, ao contrário de pensar uma criança que traz todas
características humanas prontas com ela como no Inatismo, Vygotsky  vai pensar na
importância das ferramentas culturais, do conhecimento produzido pela humanidade
dizendo justamente que a criança não nasce pronta mas que ela vai se humanizar a partir do
desenvolvimento com o outro. Ele pensa, por exemplo, no desenvolvimento dialético destes
dois canais. Então, são as duas coisas em um movimento dialético que vai fazer com que
esse indivíduo se torne humano e se humanize de fato. É bastante interessante que ele vai
trazendo todos os autores da época e na escrita dele, ele traz uma importante contribuição
tentando trazer uma nova psicologia. A velha psicologia é essa aqui mas a que eu trago é
uma nova psicologia para uma nova sociedade que está em mudança.

Quais são os conceitos que norteiam a obra de Vygotsky? 


Nos processos de ensino e aprendizagem, um dos conceitos importantes de Vygotsky é o
conceito de internalização. Internalização não seria a criança só introjetar as coisas do meio
para si mas é internalizar toda essa cultura, essas ferramentas e esses conhecimentos
acumulados que o homem traz e faz uma transformação para si. Então parte de algo que é
extra-psíquico para intra-psíquico. Então não dá para dizer que todos conhecem ou
constroem um conhecimento da mesma forma e um dos conceitos importantes no trabalho
de Vygotsky é o conceito de mediação. O conceito de mediação é bastante discutido a partir
do trabalho do professor. O professor é visto como mediador desse conhecimento. Ele
funciona como um agente que traz todo esse conhecimento que foi acumulado pela
humanidade como ferramentas culturais e propicia o movimento de trabalho com o
estudante no qual ele se interesse em desenvolver essa aprendizagem. A figura do professor
em sim não pode ser vista como único dos mediadores possíveis. Então colocamos que a
partir da obra de Vygotsky os mediadores, chamamos de outros social, vamos dizer assim,
como todos os elementos que estão presentes na cultura. Então, tanto ferramentas que a
criança tem acesso, objetos culturais, obras de artes, mapas, revistas, livros e etc, tudo isso
são considerados mediadores. É importante ressaltar que não é só a figura do professor e
dessas ferramentas todas, mas algo que temos estudado e levantado, que é bastante
importante, é atividade pedagógica. Então, não tem mediador mais importante do que
aquela atividade que o professor planeja e propõe para o aluno que vai motivá-lo a
aprender. Um outro conceito importante na obra de Vygotsky, bastante discutido desde que
a obra dele chegou no Brasil, é o conceito de “zona de desenvolvimento proximal” que a
partir das novas traduções, temos visto que têm mudado o termo proximal. Vygotsky diz em
sua obra que para pensar o desenvolvimento da criança precisamos entender um pouco onde
a criança chegou em termos de aprendizagem e onde ela poderá chegar. Então ele divide o
desenvolvimento da criança em dois níveis importantes para pensarmos isso. Em um
primeiro nível é o nível de desenvolvimento real onde é colocado tudo aquilo que a criança
já consegue fazer sozinha. O outro nível de desenvolvimento seria o nível de
desenvolvimento potencial que seriam aquelas aprendizagens que a criança consegue fazer
mas sem a ajuda de outra pessoa. É como se fosse um… como se ela precisasse de um
empurrãozinho para chegar onde ela precisa. A distância entre esses dois níveis é onde se
encontra o que Vygotsky chama de zona de desenvolvimento proximal ou zona de
desenvolvimento iminente que é aquele lugar que a criança tem todo o potencial para se
desenvolver e onde seria o lugar específico que o professor precisa trabalhar. Essa zona de
desenvolvimento proximal indica, como o próprio autor coloca, a criança como um botão de
flor que está para desabrochar. Entender esse movimento, esse lugar específico em cada
aprendizagem da criança e olhar ela de forma individualizada é a forma de chegar neste
processo de aprendizagem de forma mais promissora eu diria. 

Existe um método vygotskyano? 


Quando falamos de método vygotskyano, estamos falando de uma forma de ver o fenômeno
que estamos estudando. Então não existe um método vygotskyano que eu possa aplicar na
educação. Ele nunca criou metodologia específica alguma. Mas quando eu trabalho, por
exemplo, o método histórico dialético, o método da psicologia histórico cultural, estou
mostrando que existe um jeito específico de olhar no qual o Vygotsky nos permitiu, a partir
da sua teoria entender melhor, que é olhar o fenômeno não a partir de sua mera descrição,
não fenômeno fossilizado como ele trazia mas olhar o fenômeno na sua história, em seu
contexto, no seu movimento que é dialético, contraditório. Aí sim podemos dizer em
método vygotskyano se assim pudesse dizer. Existem muitos grupos de pesquisa no Brasil
que não colocam mais Vygotsky como um pesquisador sócio-interacionista sendo uma idéia
que vigorou lá quando Vygotsky estava chegando no Brasil e quiseram juntar Vygotsky
com Piaget e criaram essa história do sócio-construtivismo mas hoje não utilizamos mais
Vygotsky  como um autor sócio-construtivista. Falamos de uma psicologia histórico
cultural de um método histórico cultural.

Que obras você indica para conhecer melhor o pensamento de Vygotsky?


Nós temos muitos problemas de tradução. O primeiro livro “Pensamento e Linguagem” não
recomendo mais. Foi um livro que tivemos o primeiro contato com a obra de Vygotsky.
“Formação Social da Mente” também não recomendo, mas colocaria para as pessoas lerem
essa nova tradução que é “A Construção do Pensamento e da Linguagem” que é um livro de
Martins Fontes e traduzido por um professor da USP trazendo essa tradução do russo para o
português. E aí temos vários outros autores que são bastante lidos no Brasil, que são autores
que estudaram Vygotsky e que escrevem sobre ele. Temos Luisa Smolka na Unicamp,
professora Marta Kohl na USP… Então temos alguns professores que têm se debruçado e
vários outros textos que temos produzidos na universidade com pesquisas e que estão aí em
revistas de psicologia na educação que são bem qualizadas e boas para ler.

Pensadores na Educação - Henri Wallon 1879 – 1962


O pensamento do médico francês se destaca, entre outras características, por:
- chamar a atenção para a afetividade no processo de aprendizagem da criança.
- descrever três dimensões psíquicas (motora, afetiva e cognitiva) como igualmente
importantes para a aquisição de conhecimento.
- fundamentar quatro campos funcionais: movimento, emoções, inteligência e construção do
eu.
Laurinda Ramalho de Almeida – vice-coordenadora do Programa de Psicologia da
Educação – PUC-SP

Quem foi Henri Wallon? Ele nasceu em 1879 e faleceu em 1962. Portanto, ele participou
das duas grandes guerras mundiais. Como médico, começou a trabalhar em uma instituição
psiquiátrica, atendendo crianças com problemas de comportamento, com distúrbios motores
ou mentais. Chegou a elaborar uma tese, que recebeu o nome de “Criança turbulenta”. Essa
tese já estava concluída quando ele foi participar como médico da Primeira Guerra Mundial.
Então ele percebeu que determinados comportamentos dos soldados ocorriam sem que
houvesse qualquer problema neurológico como as crianças que ele atendia apresentavam.
Foi quando ele percebeu que havia uma ligação muito forte entre emoção e razão ou
emoção e os comportamentos que ocorriam e modificou sua tese. Neste momento que ele
começa a trabalhar, havia sobre emoção duas teorias em destaque. Uma que considerava a
emoção algo catastrófico, que desorganizava o comportamento do indivíduo, e outra que
considerava emoção algo energético, que estimulava para um comportamento mais
estimulado, mais adequado para resolver uma situação. Ele vai concordar com as duas
posições, dizendo a emoção é isto e aquilo. Aliás, em Wallon tudo nunca é isto ou aquilo, é
isto e aquilo. Mas ela, acima de tudo, é um recurso de sobrevivência humana, porque,
quando o bebê nasce e é totalmente desprovido de recursos para viver sozinho, é pela
emoção que ele se liga ao outro, pelo choro, pelo grito, pelos movimentos desordenados que
o outro vem cuidar dele e com isso garante a sobrevivência. É interessante também pensar
que Wallon é entendido de uma forma truncada por algumas pessoas. Alguns pensam:
Wallon é o psicólogo da emoção. Outros: Wallon é o psicólogo da criança. Outros: Wallon
é o idealizador do projeto Langevin-Wallon sobre a reforma do ensino francês. Na verdade,
ele é tudo isso, mas ele é principalmente um psicólogo do desenvolvimento.
Por que a obra de Wallon é tão importante? Ele não foi pedagogo, ele foi psicólogo do
desenvolvimento. Mas a teoria dele dá pistas muito boas para quem trabalha em educação,
que trabalha em formação de professores, quem é professor de criança pequena. Dando um
exemplo, se eu sou uma professora que trabalho com crianças de três a quatro anos e eu não
conhecer as características desse período, eu vou entender que elas estão se movimentando
porque são indisciplinadas. Então isto daí decorre, do ponto de vista da pedagogia, esta
ideia. Bom, um ambiente vazio, sem nada que a criança possa aproveitar, possa se utilizar é
um ambiente muito propício à indisciplina. Como formadora, agora pensando como
formadora, há aspectos da teoria dele que são boas pistas. Por exemplo, quando ele discute
a questão da emoção, que é muito importante, na teoria dele, a questão da afetividade que
engloba emoção, sentimento, paixão, a gente tem que ter em vista que, mesmo o adulto,
quando ele está numa situação de formação, eu tenho que criar um ambiente livre de
pressão, livre de situações que provoquem medo, para que ele utilize o seu tempo para
aprender e não para vencer as emoções.
Como Wallon dialoga com as diferentes teorias da educação? Diretamente voltado para a
pedagogia, para a educação, ele dialogou com os pensadores da Escola Nova ele analisou
Rosseau, Montessori, Froebel, Drecoly, mostrando o que ele chama dicotomias que essas
teorias fazem, tendendo hora para privilegiar o indivíduo, hora para privilegiar a sociedade.
E na análise que ele faz o que o educador que de forma mais coerente faz esta esta junção,
esta integração indivíduo sociedade é Decroly, o educador belga que vai trabalhar com os
centros de interesse. Ele disse que ele, sim, consegue trazer a sociedade para dentro da sala
de aula. Ele conhecia a obra de Piaget. O Piaget faz referência a ele. Quando houve uma
sessão de homenagem ao Wallon depois de sua morte, Piaget esteve presente e disse que ele
ia discutir uma questão sobre a qual não havia qualquer divergência entre ele e Wallon, que
era a questão da imitação. Então os dois conheciam as obras e tinham algumas divergências.
No caso do Wallon, uma coisa assim que fica bem patente na obra dele é que o caminho do
desenvolvimento é da socialização para individualização. O indivíduo ao nascer já cai num
caldo de cultura e ele se socializa primeiro para depois, mais tarde e gradativamente, se
individualizando, se tornando um ser que se entende como um único, diferente dos outros.
Piaget vê isso ao contrário. Então há sim algumas propostas que há o diálogo, mas ele
afirma a posição dele que é sempre essa, da socialização para a diferenciação. Isso ele
mostra de uma forma cristalina nas obras dele.
Quais são os conceitos que norteiam a obra de Wallon? Eu penso que o conceito mais
importante da teoria de desenvolvimento de Wallon é o conceito de integração. Porque ele
leva em conta dois aspectos: a integração organismo meio, ou seja, a integração dos
componentes que são recebidos da própria espécie e dos antepassados e os fatores
ambientais, que são muitos. Meio também é um conceito muito importante na obra do
Wallon. Ele distingue meio como um conjunto de circunstâncias mais ou menos
duradouras, no qual as pessoas passam grande parte de sua vida, e meio de ação, isto é, um
meio que oferece instrumentos para criança ou mesmo para o adulto agir. Há uma frase dele
que é assim: o meio no qual a criança vive e com o qual ela sonha, eles são fundamentais no
seu desenvolvimento. Ele não coloca meio só como meio concreto onde a criança vive, mas
como o meio que ela sonha, que ela representa. Isso dá para a escola uma importância muito
grande, porque ela tem que dar à criança elementos para que ela perceba que, mesmo ela
esteja numa situação que não tem muitas possibilidades pra ela se desenvolver, ela pode
sonhar com outros meios. Com o conhecimento que ela vai adquirir na escola, com a ajuda
dos professores, ela pode pensar em mundos diferentes do que ela está vivendo. Não se
pode deixar de falar da afetividade, porque eu acho que a grande contribuição que ele
trouxe é mostrar que afetividade, conjunto afetividade, ele é constitutivo da pessoa.
Afetividade é a capacidade que nós humanos temos de sermos afetados pelo mundo externo
e pelo mundo interno. No caso da afetividade, eu tenho emoções, e assim, ela é efêmera,
contagiosa e expressiva. Uma emoção o outro percebe imediatamente. Já o sentimento tem
um efeito, uma conotação cognitivizada. ele tem mais, entra já o cognitivo. E paixão, para
Wallon, é bem diferente do senso comum. A paixão para ele é quando a razão está ainda
mais fortemente agindo, isto é, eu sou capaz de camuflar, de esconder emoções e
sentimentos para atingir um objetivo que é muito importante para mim.

Que obras você indica para conhecer melhor o pensamento de Wallon? Eu acho que, para
quem vai fazer uma primeira leitura de uma obra, mesmo de uma obra do Wallon, uma boa
leitura é começar pelo “Do ato ao pensamento”, quando ele faz exatamente o caminho do
pensamento, como começa da inteligência prática ou das situações, do concreto e chega ao
abstrato. É uma obra que não é muito longa e não tem tantos detalhes médicos, de
descrições minuciosas, como por exemplo “As origens do caráter”. Do ponto de vista de
estudiosos do Wallon, sem falsa modéstia, eu diria que um livro que ajuda quem vai
começar a estudar Wallon e ainda não leu nada dele, é exatamente “Henri Wallon –
Psicologia e Educação”, que Abigail Mahoney e eu organizamos, que é uma coletânea que
tem ali os vários estágios. Então tem uma introdução da professora Abigail, que é muito
interessante porque ela discute de forma muito objetiva o método de trabalho do Wallon
usando o materialismo dialético, apresenta os diferentes estágios, fala das leis de
desenvolvimento. Um outro livro que é “A constituição da pessoa na proposta de Henri
Wallon”, aí nós pegamos os vários conjuntos funcionais. E o capítulo final eu escrevo sobre
ser professor na proposta de Wallon.

2.1 Abordagens teóricas da aprendizagem


Começaremos agora uma nova etapa dos nossos estudos. Apresentaremos algumas
observações feitas por teóricos famosos, já citados em aulas anteriores, acerca de algumas
reflexões no processo de ensinar e aprender. A intenção é lhe mostrar, de forma geral, as
diferentes maneiras como o indivíduo pode aprender; quais situações, motivações e
ambientes o possibilitam realizar tal feito. Portanto faz-se necessário entender que a
“Psicologia da Aprendizagem” é uma teoria que procura explicar, por diferentes enfoques,
como o indivíduo aprende, como se expressa o desenvolvimento mental de uma pessoa e
como se estruturam as Instituições de ensino. Vamos lá? Boa aula!

É de extrema importância que todo educador tenha o conhecimento das diversas abordagens
teóricas para a melhoria da qualidade de ensino, assim como sobre utilização de métodos,
técnicas e recursos de aprendizagem. Cada uma dessas abordagens apresentará uma visão
do processo de ensinar e aprender. Veja logo mais abaixo algumas abordagens e suas
respectivas conceituações:

Behaviorismo

O Behaviorismo é uma teoria que entende o aprendiz como um ser que responde a
estímulos do meio exterior, não levando em consideração o que ocorre dentro de sua mente
durante o processo. Compreende-se esta aprendizagem apenas como uma mudança de
comportamento. O principal teórico desta abordagem é o estudioso Burrhus Frederic
Skinner (Susquehanna, Pensilvânia, 20 de Março de 1904), que interpreta a aprendizagem
como uma série de repetições, ou melhor, reforços que levam o indivíduo a aprender. A
base do trabalho de Skinner refere-se à compreensão do comportamento humano, dizia que
o seu interesse era compreender o comportamento humano e não manipulá-lo.

Construtivismo

Construtivismo é a ideia de que nada está pronto, acabado e de que o conhecimento não é
dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do
indivíduo com o meio físico e social, com o mundo das relações sociais; e se constitui por
força de sua ação e não por qualquer bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que
podemos afirmar que antes da ação não há consciência e, muito menos, pensamento.

Compreende-se que construtivismo na Educação é a forma teórica que agrega as várias


tendências atuais do pensamento educacional. Tendências que têm em comum a
insatisfação com um sistema educacional que teima em continuar essa forma particular de
transmissão que é a Escola. Consiste em fazer repetir, recitar, aprender, ensinar o que já está
pronto, em vez de fazer agir, operar, criar, construir a partir da realidade vivida por alunos e
professores.

A Educação deve ser um processo de construção de conhecimento que deve envolver, por
um lado, os alunos e professores e, por outro, os problemas sociais atuais e o conhecimento
já construído ao longo da história da humanidade.

Estruturalismo

No estruturalismo, não vemos o indivíduo com a ideia de sujeito isolado, colocamo-lo em


uma condição de Estrutura, as possibilidades desse sujeito são margeadas em sistema – são
as redes, estruturas que fazem esse sujeito pensar desta ou de outra forma. Os sujeitos estão
se construindo a todo tempo neste sistema, nesta estrutura de ensino e de vida atual. E
podemos questionar que tipo de “sujeito” está sendo construído no modelo de ensino no
qual nos encontramos hoje inseridos.

Caro/a estudante, levando em consideração as explicações acima no que se refere às


abordagens de ensino mais relevantes para os nossos estudos e também a ironia do diálogo
da charge, julgamos ser relevante que você compreenda as mudanças pelas quais passou,
vem passando e ainda passará a Educação.

Chegar a um modelo pronto e acabado de “ensinar e aprender” ainda se faz tarefa difícil,
considerando que pensar e fazer educação sejam um processo diário de pensamentos, de
maturação de ideias e de ações eficazes levando sempre em consideração os valores sócio-
culturais do instante local e/ou mundial vivido.

Pensadores na Educação - Burrhus Frederic Skinner 1904-1990


O pensamento do psicólogo estadunidense se destaca, entre outras características, por: -
Partir da pesquisa experimental com animais para detectar padrões de comportamento.
- Estudar como ações podem ser moldadas a partir da interação com outros indivíduos em
diferentes circunstâncias.
- Olhar de forma crítica para a questão da punição.

Natália Matheus – doutora em Psicologia da Educação – PUCSP

Quem foi Frederic Skinner? Skinner é um cientista norte-americano, e na biografia dele, ele
diz que tropeçou na Psicologia. Foi depois que ele se formou em Letras que acidentalmente
foi parar num grupo de pesquisa da Psicologia e acabou desenvolvendo uma teoria da
aprendizagem, que é a análise experimental do comportamento, análise do comportamento,
que tem as suas derivações e um braço dedicado à educação. Quando ele aterrissou,
digamos assim, nesses estudos, tanto Thorndike quanto Pavlov eram cientistas que estavam
trabalhando com animais em laboratório.

[Edward Thorndike (1874-1949) Ivan Pavlov (1849-1936) Cientistas pioneiros em pesquisa


comportamental] Então, o começo da carreira do Skinner é todo de publicação, produção de
conhecimento a respeito da aprendizagem desses animais. Ele queria entender como é que
eu faço que um organismo se comporte de um certo jeito, o que eu posso fazer. Ele
trabalhava principalmente com ratos e pombos de laboratório e com comportamentos muito
simples. O rato tinha que pressionar uma barra, passar por dentro de uma argola ou o
pombo tinha que bicar um disco, por exemplo. Mas ele estava preocupado, quando fazia
esses experimentos, em entender princípios do comportamento. Na medida em que ele foi
encontrando regularidade nesses experimentos, foi expandindo essa interpretação,
extrapolando esses achados para chegar na análise do comportamento que a gente conhece
hoje. Ele estava preocupado, sim, em explicar o comportamento humano. Mas ele estava
fazendo isso olhando para a menor unidade possível, para o mais simples possível. Daí ele
saiu com um conceito que talvez seja importante a gente falar, que é o conceito de
contingência. Ele fala: para eu entender o comportamento, tenho que olhar para uma
unidade mínima. Que unidade é essa? É a relação entre o que o sujeito faz, a resposta, e o
que acontece no ambiente como efeito dessa resposta, que a gente chama de consequência.
Então essa é a minha unidade mínima de análise. Eu não posso tentar explicar o que o
sujeito faz olhando só para o sujeito ou descontextualizando o que ele está fazendo do que
acontece no entorno.

Além da contingência, que outros conceitos foram criados por Skinner? Para a gente
entender o Skinner, a gente precisa pensar no conceito de contingência, que é essa relação
de dependência entre eventos, do sujeito e do ambiente. Os outros conceitos têm a ver com
os tipos de consequências, eles são importantes para a gente entender, principalmente
pensando na educação, a gente possa pensar em reforçamento. É um conceito importante,
algumas respostas do sujeito podem ser reforçadas ou não, e se elas forem reforçadas, a
probabilidade do sujeito se engajar nesse comportamento no futuro aumenta. Então
aprendizagem está basicamente envolvida nesse conceito de contingência, que envolve uma
resposta e uma consequência reforçadora. Uma criança que está aprendendo a escrever, ela
tem ali na mão condições para emitir essa resposta de escrita, ela tem um giz ou uma caneta,
ela tem uma superfície onde ela escreve, o traçado da resposta dela se marca no papel. Bem
no comecinho da experiência da criança com o letramento, com a escrita, o reforçador para
o ato de mover a caneta sobre o papel é produzir um traço no papel. Aquele traço que não
existe que agora existe é o que manterá essa criança engajada na resposta de fazer esse
tracejado. Com o passar do tempo, e a gente vai arranjando ambiente educacional para que
isso aconteça, qualquer tracejado não será suficientemente valoroso para reforçar. Ele tem
que se parecer minimamente com o exemplo que a professora dá, ou ele tem que ficar sobre
a linha pontilhada da atividade que foi dada, ou tem que ficar parecido com o que está
escrito na lousa, ou sei lá, tem que cumprir com os critérios da caligrafia. O segredo, a
função da educação é manter essa criança engajada até conseguir obter esses reforçadores
naturais do próprio responder. Ela olhar e pensar “fiz, escrevi o meu nome, escrevi o nome
da minha mãe”. Mas tem outros conceitos que são importantes para análise do
comportamento e para a gente ir compreendendo essa contingência. Um é o estímulo
antecedente, aquilo que está presente no ambiente antes da resposta, a situação antecedente.
O conceito de motivação é um conceito importante, e, principalmente para a educação, a
gente precisa entender a posição do Skinner sobre punição. O Skinner tem uma posição
muito clara de que a punição não deveria ser utilizada para diminuir comportamentos. Ele é
categórico em relação a isso, fala que não deve ser uma estratégia. E por que não? Veja, ele
está vindo de uma linhagem de experimentos que mostram para ele que a aprendizagem
acontece quando você tem uma resposta sendo emitida e uma consequência reforçadora
sendo produzida. Então como eu faço para que esse sujeito, este organismo aprenda uma
coisa que ele não sabe? Eu vou provocando que ele se engaje naquele responder que eu
quero que emita e vou reforçando. Eu crio motivação para ele se comportar, e na medida
que ele se comporta, eu vou reforçando. Por que quando a gente vai falar “eu quero que o
sujeito pare de se comportar”, por que a gente tem que usar um recurso diferente desse. Se
para ele aprender eu reforço, para ele desaprender eu não posso punir, eu tenho que mexer
nessa contingência que mantém ele engajado. Para ele não faz nenhum sentido as
contingências de você usar a punição como um recurso. Ele descreve a punição como um
fenômeno social a ser compreendido. Se punição funcionasse, um aluno só era expulso da
sala uma vez na vida e depois nunca mais. Não é isso que a gente vê. Ele explica o
comportamento do punidor por reforçamento negativo. O exemplo do professor que tira o
aluno de sala de aula: o professor até pode dizer que está punindo o aluno, mas o que
mantém o professor fazendo aquilo não é o fato de o aluno melhorar, é o fato da condição
ambiental do próprio professor melhorar, ele se livrou da perturbação do ambiente.

Como Skinner influenciou a educação brasileira? Na verdade, o que aterrissou no Brasil não
foi exatamente o Skinner, foi a análise do comportamento. Lá pelos anos 60, mais ou
menos, veio o pesquisador americano Fred Keller (1899-1996) para a Universidade de São
Paulo e deu um curso de psicologia experimental. Aí ele criou uma pequena célula de
discípulos dessa psicologia experimental que foram aprofundando os estudos e tal. Pelo fato
de o Skinner ser norte-americano e de ele ter sido incorporado justamente nesse período que
politicamente a gente estava vivendo, a ditadura e uma proposta de formação mais
tecnicista e tal, quando a ditadura acabou, a decisão foi então “a gente vai começar tudo de
novo”. Acabou que o Skinner, meio que todas as contribuições que a análise do
comportamento poderiam ter dado ou ter permanecido na educação no contexto brasileiro,
as pessoas acabaram descartando, então ele ficou meio preterido. Isso, claro, combinado
com algumas coisas próprias da análise do comportamento que acho que são complicadas
mesmo para você criar a interlocução com outras abordagens. Isso acabou criando uma
certa animosidade, e o polo de análise do comportamento ficou sempre muito fechado em si
mesmo. É uma comunidade muito grande, o Brasil é o segundo polo de maior concentração
de analistas do comportamento do mundo, mas não tem o mesmo impacto social, a mesma
inserção social que têm os analistas o comportamento nos Estados Unidos, até por uma
questão cultural.

Quais obras você indica para conhecer melhor o pensamento do Skinner? Acho que para
quem está começando precisa ler os comentadores. Tem um livro que chama “Análise do
comportamento e educação”, organizado pela Maria Martha Hübner e pela Miriam
Marinotti. Para ler o original, uma obra central sobre educação que é o livro “Tecnologia do
ensino”. Ele é um compilado de publicações, artigos, palestras que ele foi dando em
contextos diferentes. Então, a primeira coisa: não vai ler o livro achando que você vai ler
uma coisa com o começo, meio e fim, não é assim. Mas todo mundo tem que ler, acho que
tem que conhecer. Outro livro que, enfim, é para todo skinneriano, para todo mundo que
quer estudar o Skinner tem que conhecer o “Ciência e comportamento humano”. É um livro
que ele vai dos primórdios, discute desde o comportamento reflexo, discutir contingência,
reforçamento, punição e vai além, vai discutir emoção, autocontrole, cultura, sociedade. Ele
vai lá da minúcia até a complexificação máxima do envolvimento do comportamento
humano em todas as suas instâncias. Dá para ver a genialidade da obra, dá para ver como
ele saiu de experimentos muito simples para chegar numa interpretação que você pode até
não concordar, mas faz sentido. Você consegue entender esta lógica de análise, falar “o cara
está propondo uma interpretação”, então, acho que é bem legal.

Juli Wexel - apresentadora


Olá, você está de novo com a gente no Conexão Futura, ao vivo aqui pelo Canal Futura e
também pela internet, onde você pode acessar o nosso live streaming pelo site
www.futura.org.br. Num mundo onde as expressões “compartilhamento, colaboração,
construção de conhecimento coletivo, autonomia e cidadania” ganham força e também
renovam seus sentidos com a presença das novas tecnologias digitais e do acesso à rede de
computadores mundial, a internet, a escola também ganha novas discussões a respeito de
suas práticas. Essas mesmas expressões que a gente acabou citando – colaboração,
construção coletiva - também têm significados importantes quando se fala do
construtivismo. Você que é professor já deve ter ouvido falar sobre esse conceito, ele surge
com base nos estudos do suíço Jean Piaget, mas ele não foi o único educador a inspirar o
surgimento dessa teoria. Para entender de que maneira essa teoria foi elaborada, de que
forma os construtivistas e o construtivismo pode ser aplicado na escola e como isso
influencia nos processos de ensino e aprendizagem, na relação professor estudante, a gente
recebe aqui no estúdio a Beatriz Gouveia, que é coordenadora de projetos do Instituto Avisa
Lá. A gente recebe também o Eugênio Cunha, que é psicopedagogo, pesquisador na área
educacional e também professor de educação básica, e a Ana Carolina Rosa, que é
orientadora pedagógica da Escola Parque, do Rio de Janeiro, na unidade Barra da Tijuca.
Você que está com a gente, que nos assiste, também é nosso convidado para entrar nessa
roda de conversa. Você pode aproveitar as nossas redes sociais, compartilhar sua história
como educador, como estudante, tirar suas dúvidas sobre esse tema, que a gente vai trazer
aqui para os nossos participantes do programa. Participe!
Muito bem-vindos. Como a gente comentava no início do programa, a gente vem revendo
conceitos de uma série de práticas dentro da escola, e o Brasil, em especial, pelo Plano
Nacional de Educação, pela Base Nacional Curricular Comum, tem trazido discussões
importantes para repensar esse jeito de fazer educação formal no Brasil. Vamos começar
entendendo como o construtivismo já contribui para esse tipo de construção de uma nova
escola. Ana Carolina.
Ana Carolina Rosa - Bom, boa tarde. Eu penso o seguinte: o construtivismo, essa discussão
não é nova. Acho que vem trazendo contribuições não são de hoje. Eu vim de uma família
de professores e eu me lembro bem pequena minha mãe tendo discussões bem parecidas
com as que eu vivo hoje dentro da escola. Eu penso que o construtivismo vem trazer um
olhar que não é só para dentro da escola. Entendo o construtivismo como uma visão de
mundo, uma filosofia. Então a escola vem beber um pouco nessa fonte que não é só
educação que olha. A gente tem outras áreas que vêm discutindo visões que compartilham
de conceitos que são a base do construtivismo, a sociologia, a filosofia, a antropologia.
Acho que muitas áreas vêm discutindo um diferente olhar para o sujeito, entendendo esse
sujeito como um sujeito que pensa, entendendo esse sujeito como inteligente. A inteligência
não é um dom, ela é uma característica humana, os sujeitos nascem inteligentes, eles
nascem com a capacidade de pensar. A escola entender isso muda radicalmente a maneira
de se fazer o trabalho.
Juli Wexel - apresentadora Bia, para a gente entender, claro que é difícil simplificar um
conceito que tem muitas formas também de ser visto, mas para a gente entender: de que
maneira o construtivismo trabalha esse processo de aprendizado?
Beatriz Gouveia - Complementando o que a Ana explicou tão bem. Olhar para o sujeito
como um sujeito potente, inteligente, isso é uma revolução epistemológica, que o Piaget
contribuiu muito. Foi uma pesquisa no campo da genética, da epistemologia genética, mas
que traz uma contribuição importantíssima para a educação. Por que é uma contribuição tão
importante? Porque até então o sujeito aprendiz era visto como um sujeito receptor só,
alguém que recebia informação, que estava ali passivamente só recebendo e não ativo no
processo de aprendizagem. Então essa é uma contribuição importante, reconhecer o aluno
como um sujeito que é potente, que a relação que ele estabelece com o objeto de
conhecimento é uma relação de quem vai compreendê-lo, vai construir conhecimento sobre.
Então, diante de um conteúdo novo, de um novo objeto, ele não vai só receber
passivamente, ele já aciona um conhecimento que ele dispõe, a gente costuma chamar de
conhecimento prévio, é um termo muito usado na educação e que que vem da obra do
Piaget, que o aluno aciona um conhecimento que já tem e, à medida que ele se relacionar
com esse conhecimento novo, o dilema, a tensão, o problema que é colocado, ele vai
relacionando esse conhecimento que ele tem com o problema que é colocado pelo
conhecimento novo e vai conseguindo modificar gradativamente o conhecimento que
dispõe. Ou seja, ele tem algo sempre para acionar diante de um conteúdo novo, diante de
um objeto, mas na tensão, no problema que é apresentado por um novo, ele vai conseguindo
modificar. Só uma observação muito importante: ele não vai fazer isso sozinho, ele precisa
muito da mediação de alguém.
Juli Wexel - apresentadora - Essa é a minha pergunta para você, Eugênio. Como isso na
prática, um exemplo, acontece em sala de aula, entre o professor e o estudante?
Eugênio Cunha - O professor é um papel importante nesse processo. Acho que isso está
muito claro, desde os primeiros estudos a respeito do ensino e da aprendizagem que foram
lançados nos teóricos do construtivismo. O professor vai servir como essa ponte. De certa
forma, esse motivador que vai estimular o aluno e vai fazer esse diálogo do conhecimento
que o aluno tem daquilo que ele almeja alcançar. Na sua chamada, você falou sobre a
questão das tecnologias, da internet, e a gente vê essa questão da mediação já lá no início da
Escola Nova, o aluno é um ser ativo, de certa forma quem vai ativar essa potencialidade
desse aluno é o professor. Então é fundamental que ele também entenda de ensino e de
aprendizagem, que tenha uma formação que dê condições de observar o aluno e ver onde
ele vai ali suscitar esse interesse, esse afeto, essa paixão pela aprendizagem.
Juli Wexel - apresentadora - A Camila Camilo é repórter da revista Nova Escola e conversa
com a gente agora. Afinal, você fez a produção da capa da revista deste mês, fez a
reportagem “Construtivismo está nos detalhes”. Camila, muito bem-vinda ao Conexão
Futura de hoje. Você colocou um foco muito interessante na desmistificação de conceitos
do construtivismo, com foco no professor mesmo. O que você descobriu de interessante
sobre esses mitos que se tem do construtivismo e que muitas vezes afasta o professor de
tentar experimentar essa linha e o que de fato acontece em sala de aula?
Camila Camilo - Boa tarde. Bom, a ideia principal da pauta era elencar alguns mitos, alguns
equívocos recorrentes sobre o construtivismo. Recorrentes não só entre os professores, mas
também que uma ideia um pouco do senso comum que se tem a respeito, talvez uma
divulgação equivocada quando se fala sobre o assunto que acaba determinando uma visão
de que construtivismo é uma coisa “hippie”, no mau sentido. Uma coisa assim os alunos
fazem o que querem, o professor não se organiza, não corrige os erros das crianças, como se
fosse livre demais. Na verdade, pesquisando, a gente acabou procurando professores cujas
práticas desmentissem esses mitos. Todo o trabalho que a gente faz na revista, que é muito
ligada ao construtivismo. Pelo contrário, o professor construtivista é um professor
organizado, a escola construtivista é uma escola com muita formação e justamente esse
olhar que a Bia e o Eugênio falaram sobre o aluno demonstra isso. Você precisa estar muito
capacitado para conseguir identificar o que o aluno já sabe para trabalhar com base no que
ele conhece e entender que ele está sempre pensando em construir coisas.
 Juli Wexel - apresentadora - Isso é permanente, não só dentro da escola. Ana Carolina, a
Escola Parque nasce num contexto construtivista, ela surge na década de 70. Como é
trabalhado isso, desde o ensino básico até a gestão da escola?
Ana Carolina Rosa - A gente lida com esses mitos, desmistificando esses mitos todos os
dias. Eu penso que o maior trabalho do professor na Escola Parque é anterior, antes de ele
chegar na sala de aula com os alunos. Ele precisa entender como que as crianças pensam,
como a Bia falou. O trabalho maior do professor é no planejamento, é pensando de que
maneira ele vai criar boas situações, problemas intencionais para que esse aluno possa
acionar os conhecimentos prévios num desafio adequado, então para isso é preciso conhecer
o aluno. A Escola Parque atua nesse lugar, de criar boas situações, problemas intencionais
desde crianças bem pequenininhas, de um ano, que tem possibilidades mil de pensar e de
agir sobre o mundo, de fazer relações e de conhecer esse mundo e experimentá-lo, até a
gestão da escola, que também coloca situações problema para que a equipe toda a escola
pense e crie soluções.
Juli Wexel - apresentadora - Uma das questões mais interessantes quando você vai ler sobre
o construtivismo, enquanto um conceito, é de que o erro não é considerado necessariamente
um erro, como problema. Como isso na prática entra no processo de aprendizado e como ele
é interpretado de uma maneira equivocada também por quem tem uma preparação mais
tradicional e não entende que o erro pode ser aproveitado mesmo em sala?
Beatriz Gouveia - O erro é base para aprendizagem. A gente costuma dizer que ele é
primordial, porque até para você compreender um novo objeto de conhecimento você
precisa dinamitá-lo, precisa construir teorias provisórias, precisa enfrentá-los, precisa criar
uma tensão ali com ele e pensando criar novas hipóteses. Agora, se por um lado o professor
precisa compreender, conhecer tanto o objeto, a natureza do objeto de conhecimento, a
natureza do conteúdo que ele oferece para a criança, como ele precisa compreender também
o processo de aprendizagem do sujeito sobre aquele objeto, para poder entender que, no
processo de aprendizagem daquele objeto, ele vai construir hipóteses, precisa mesmo
passar, porque ele vai dinamitar, ele vai precisar errar...
Juli Wexel - apresentadora - É algo mais circular do que simplesmente manhã uma linha
reta. Eu recebo o que o professor me oferece, eu tenho que aprender, decorar isso e saber
isso para colocar numa prova.
Beatriz Gouveia - É diferente de quando há situações em que ele precisa corrigir. Aí tem
uma parte que é absolutamente construtivista no sentido de que o erro não deve ser evitado,
tampouco repudiado, mas também tem uma outra questão, que aí vira algo absoluto “então
não pode nunca nem corrigir”. Não é isso. Há situações em que há uma informação, em que
durante o processo de ensino e aprendizagem precisa, sim, ter correção, naquele contexto.
Juli Wexel - apresentadora - Você dá um tempo para as coisas acontecerem, para o processo
acontecer. Já que a relação, Eugênio, do professor também muda, o lugar do professor muda
dentro da própria sala de aula, perante o conhecimento, qual acaba sendo o papel do afeto?
Porque esse é um dos pilares do próprio construtivismo e você inclusive escreveu um livro,
que eu vou mostrar agora, “Afeto e aprendizagem - Relação de amorosidade e saber na
prática pedagógica”. Como é isso?
Eugênio Cunha - O afeto, como diz Piaget, é a mola propulsora da do conhecimento. É o
que vai levar o aluno, nós mesmos, a descobrir um conhecimento novo. É o início ele não é
em absoluto tudo, porque em cima do afeito você vai construir outras coisas, elementos
importantes para a aprendizagem. Então eu acho que o professor, ele vai ter um papel muito
importante para descobrir esse afeto do aluno, esse interesse do aluno, onde está e de que
forma ele pode criar vínculos com o que ele tem que ensinar com esse interesse. Eu chamo
isso de hiperlinks. A gente vai procurar um assunto na internet e descobre vários hiperlinks,
que vão nos levar para vários caminhos.
Juli Wexel - apresentadora - Você abre várias janelas para chegar a respostas diferentes e
uma vai levando a outra.
Eugênio Cunha - O professor tem que criar esse hiperlink, essa construção dessa relação
que faz com o seu aluno.
Juli Wexel - apresentadora - Camila, você conversou com vários professores. O que você
percebeu em relação a esse contexto de relacionamento com o estudante nos professores
que trabalham com essa linha pedagógica?
Camila Camilo - Bom, Juli, o que a gente nota com bastante clareza é que esses professores
que a gente mostrou na matéria e também alguns tantos outros que a gente costuma abordar
e mostrar na Nova Escola, é que quando o professor tem essa preocupação diante de como o
aluno aprende, ele tem essa preocupação com o que ele já conhece e como eu posso
trabalhar, o que eu posso fazer com base no que ele já conhece é um professor que se
preocupa muito com o olhar da criança. Para você conseguir fazer isso, você precisa ter
bastante formação, que é o caso dos professores que estão aí na reportagem. O caso da
professora que aparece capa, a Larissa, a gente tem na foto de capa uma professora real com
uma aluna real, ela faz uma formação constante, ela tem vínculo com o Instituto Chapada,
que é um instituto bastante conhecido em educação, é uma professora muito bem formada e
muito preocupada em estar sempre ensinando melhor e saber mais como os alunos
aprendem e o que ela pode fazer diante disso.
Juli Wexel - apresentadora Certo, obrigada, Camila, pela sua participação no Conexão
Futura de hoje, até a próxima edição da revista Nova Escola. Depois eu vou mostrar
direitinho o site e como chegar pra acompanhar sua matéria na íntegra pela internet.
Obrigada, viu? Já que a Camila, Bia, tocou no projeto Chapada, esse é um projeto antigo,
que, digamos. em termos de política pública de utilização do construtivismo, acaba sendo
um exemplo no país. Quero trazer esse exemplo à tona para saber de vocês o que vocês
observam termos de utilização do construtivismo que começou em São Paulo na década de
80, por volta de 1983, no Rio Grande do Sul também, que tenham já experiências na
prática, no ensino público.
Beatriz Gouveia - A Chapada é um exemplo. Ele começou atuando mesmo no ano 2000, é
um exemplo importante, porque ele está absolutamente constituído no marco construtivista
e desde então atuando, que é muito interessante, porque é desenhado todo o programa com a
formação permanente. A ideia de que só vai conseguir um resultado na qualidade da
aprendizagem das crianças se for feita a formação permanente dos professores nas escolas.
Essa ideia de que todos os sujeitos envolvidos na educação precisam de formação
permanente. Essa ideia que é absolutamente construtivista, de que o sujeito se relaciona
com os novos objetos. Esse desenho projeto Chapada, o que aconteceu é que eles foram
conseguindo manter o projeto a despeito das mudanças políticas, que é o que a gente
observa de modo geral acontecer no Brasil e que isso é um problema. A descontinuidade
acaba impedindo bons programas de formação continuarem. Então elas conseguiram, no
projeto Chapada, manter em função de toda uma mobilização política e de uma mobilização
da comunidade para a permanência do projeto Chapada, que tem um bom resultado ali na
qualidade da aprendizagem. Então o resultado interessante é em leitura e escrita, porque é
um projeto que focou em leitura e escrita, nas práticas de leitura e escrita. E o resultado, só
para ter um resultado mais objetivo, é que em 2009 foi melhor Ideb do estado da Bahia,
municípios lá do projeto da Chapada. Municípios pequenos e com condições adversas
conseguiram os melhores resultados do estado da Bahia.
Juli Wexel - apresentadora - Com isso, a gente responde uma das questões da Margareth
Domingues, de Niterói, no Rio de Janeiro, que postou no Facebook uma questão. Ela
perguntou se o construtivismo é privilégio das redes privadas ou existe nas redes públicas.
Pode falar, Eugênio.
Eugênio Cunha - Acho que é uma prática, é uma teoria que vai fundamentar uma prática.
Isso pode ocorrer, na medida do possível, dentro da abertura que a escola vai dar para o
professor, em qualquer instituição pública ou privada. Acho que é o professor que vai se
inspirar nessa teoria, nesses pressupostos, e tentar transformar sua prática, mesmo dentro de
uma escola pública. Até mesmo na escola pública, com pouco recurso, ele pode fazer isso.
É como a Bia falou, vai depender muito da formação do professor.
Ana Carolina Rosa - Estou aqui pensando que a gente tem os documentos, grandes
documentos de referência curriculares nacionais são construtivistas. Se a gente pegar os
referenciais curriculares para a Educação Infantil, os parâmetros curriculares para o Ensino
Fundamental são documentos que falam de uma prática construtivista.
Juli Wexel - apresentadora - Inclusive existe um grupo de metas que diz respeito a conceitos
construtivistas não deliberados, mas fala em relação à valorização da diversidade, ao ensino,
à autonomia. Existe uma preocupação direta da meta número 5 que é alfabetizar todas as
crianças no máximo até o final do terceiro ano do Ensino Fundamental. De que forma essa
meta dialoga com a forma construtivista de alfabetizar, Ana?
Ana Carolina Rosa - Eu penso que as crianças estão se alfabetizando desde que elas
nascem. Se a gente tem aquela visão clássica de alfabetização como sendo o momento em
que você fecha a base alfabética, que você consegue juntar o B com o A e descobrir que ele
faz BA, eu acho que o construtivismo vai trazer um outro olhar. Se a gente pensa nesse
olhar, a gente pensa que as crianças têm condições de se alfabetizarem muito antes da
terceira série. A gente vê crianças pensando e sendo estimuladas a pensarem desde muito
pequenas e que vão fazendo relações entre a grafia e os sons dessas letras desde muito
pequenas. Então eu acho que a escola tem um papel muito importante de fomentar esse
conhecimento, de fazer a criança construir. E elas conseguem. A gente tem que pensar que a
meta não é nossa. O objetivo não é do professor. O professor tem a obrigação de oferecer
instrumentos para uma competência que a criança tem. Ela é capaz. Claro que tem toda uma
discussão de políticas públicas, mas a escola é feita de gente. Quando ele fala “é possível na
escola particular, na escola pública”, é para todos, é uma reflexão comum.
Eugênio Cunha - Interessante que a criança chega na escola lendo Facebook, Whatsapp.
Então ela consegue. O professor, a professora, pode em cima dessa construção que ela já fez
construir mais coisas e assim chegar à questão da alfabetização e do letramento.
 Juli Wexel - apresentadora - Gente, infelizmente nosso tempo acabou. A gente não
conseguiu nem entrar na questão do uso dos materiais didáticos e outros recursos
pedagógicos nessa linha. Eu agradeço muito a participação de vocês. Eu quero dar, antes de
encerrar o programa, alguns sites que eu acho importante as pessoas terem acesso como
basenacionalcomum.mec.gov.br. A partir do dia 15 de setembro (2015) está aberto para a
população, para as instituições, entidades discutirem a construção da base nacional comum
curricular. O ministro da Educação esteve aqui semana passada e comentou isso com muita
ênfase. É importante, é uma oportunidade da comunidade, da sociedade civil participar da
construção da base nacional curricular comum. A gente também tem o site do
avisala.org.br, que faz um trabalho especial na formação dos professores. Nós temos o site
da revista Nova Escola revistaescola.abril.com.br, onde você também pode acompanhar
essa reportagem do construtivismo “Construtivismo é uma questão de detalhe” e as outras
edições da revista. E o site da escolaparque.G12.br, que é um exemplo de escola que
trabalha com o ponto de vista do construtivismo. Obrigado a você de casa que esteve com a
gente. Eu volto amanhã, a partir das duas e meia da tarde. Você pode acompanhar as nossas
reapresentações à meia-noite e meia, às sete e meia da manhã também. A gente sempre tem
nosso encontro aleatório, marcado a qualquer hora do dia e da noite no site futura.org.br e
do nosso canal no Youtube. Eu te vejo amanhã, então. Beijo grande. Créditos

.2 Definição e construção de mapas conceituais


Você já viu um esquema, organograma ou um diagrama sobre determinado assunto? Os
mapas conceituais assemelham-se a eles. E hoje, nesta aula, apresentaremos tudo sobre a
conceituação e construção destes recursos de aprendizagem, os Mapas Conceituais!

Como falamos anteriormente, o mapa conceitual é similar a um esquema, organograma ou


diagrama, pois todos são representações de conceitos ligados por palavras. Esses mapas
podem contemplar as diversas áreas do conhecimento e baseiam-se na teoria construtivista,
aquela em que o indivíduo constrói o seu conhecimento a partir de um conhecimento prévio
sobre o assunto.

A proposta de trabalho com mapas está embasada na teoria de Ausubel, lembrando que,
nessa teoria, ele observou que, para que o aluno construa seu conhecimento, deve querer
aprender.

Os mapas transformam a aprendizagem de qualquer conteúdo em uma aprendizagem


significativa, estabelecem relações entre o novo conhecimento e os conhecimentos que o
aluno já possui. O mapa conceitual foi desenvolvido na década de 70 por Joseph Novak.
Eles são estruturados por meio de conceitos e suas relações. Consequentemente, esses
conceitos são destacados em caixas de textos e as relações existentes entre eles são ligadas
por linhas ou setas, lembrando que sempre haverá uma palavra ou frase de ligação. O
objetivo aqui é resumir uma estrutura cognitiva e seus elementos básicos.
Figura 1 -  Mapa conceitual

Fonte: adaptado de Blog Pop News.

Descrição da imagem: Trata-se de um fluxograma. “Estrutura Cognitiva” é o termo inicial. A partir dele, há uma conexão com “Aprendizagem significativa”, que gera dois outros conceitos: “Aprendizagem por

recepção” e “Aprendizagem por descoberta”. O termo “Aprendizagem por recepção” se conecta a dois outros termos “mecânica” e “significativa”. O item “significativa” indica para “ideias de esteio” que pode ser
“relação arbitrária” ou “relação não arbitrária”.

Técnicas de construção de mapas conceituais

Para você não esquecer!

Em um mapa conceitual, sempre relacionamos: um conceito – ligamos por uma seta ou


linha – relacionando-o a outro conceito. Este link nos mostra o seguinte: Uma possível
técnica de construção de um mapa conceitual pode seguir as seguintes etapas:

1. ter, antes, uma boa pergunta inicial cuja resposta estará expressa no mapa conceitual
construído;
2. escolher um conjunto de conceitos (palavras-chave) dispondo-os aleatoriamente no
espaço em que o mapa será elaborado; 
3. escolher um par de conceitos para estabelecimento da(s) relação(ões) entre eles;
4. decidir qual a melhor relação e escrever uma frase de ligação para esse par de
conceitos escolhido;
5. a repetição das etapas 3) e 4) tantas vezes quanto se fizer necessário (em geral até
que todos os conceitos escolhidos tenham, ao menos, uma ligação com outro
conceito).

Agora está ficando mais claro como fazer um mapa conceitual?

Com o uso dos mapas no processo de ensino-aprendizagem, o professor pode avaliar o que
o aluno já sabe, pois ele percebe como o aprendiz relaciona, estrutura e o integra a um
determinado conceito. Os mapas podem ser utilizados como ferramentas de aprendizagem,
com eles podemos fazer anotações, preparar avaliações, planejar estudo, fazer relatórios.
Eles auxiliam muito a tarefa diária do professor de esclarecer conceitos e reforçar a
aprendizagem dos alunos. Por isso, ao escolhermos um tema a ser estudado pelos mapas,
precisamos definir nosso objetivo, colocar em sequência as ideias para fazermos as
interligações necessárias, definindo sempre as apresentações dos tópicos. Veja o exemplo
que trouxemos para você:

Figura 2 - Inteligências múltiplas

Viu como não é difícil criar um mapa conceitual? Você também irá criar o seu nas
atividades sugeridas no final desta aula.
Figura 3 - Mapa conceitual

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM - O que são mapas conceituais? Prof. Dr. Paulo R.


M. Correia Escola de Artes, Ciências e Humanidades – USP Leste
Olá, aluno, seja bem-vindo à disciplina Psicologia da Aprendizagem e eu nesse módulo de
quatro aulas vou discutir com você um pouco mais sobre os mapas conceituais. Eu sou o
professor Paulo Correia, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP Leste e
trabalho há mais de 10 anos com mapas conceituais. Vamos agora olhar rapidamente o
percurso que será cumprido nas próximas quatro quatro aulas. Primeiro nós vamos discutir
o que são os mapas conceituais e quais os benefícios que ele pode trazer como um
organizador gráfico para representar o conhecimento. Depois disso, nós vamos ver como
elaborar mapas conceituais que representem o conhecimento que a gente tem, visando a
comunicação, ou seja, apresentar de forma organizada e sistematizada o conhecimento que
a gente tem para outras pessoas. Num terceiro momento, nós vamos discutir como é
possível melhorar os mapas conceituais que a gente faz, ou seja, há uma série de técnicas e
estratégias que o mapeador pode utilizar para deixar os seus mapas conceituais claros e
bastante fáceis para serem compartilhados. E, por fim, nós vamos discutir uma aplicação
bastante interessante dos mapas conceituais que é a colaboração, ou seja, como os mapas
conceituais podem ser utilizados para sustentar um processo colaborativo.
Agora nós vamos até a lousa e vamos fazer uma linha do tempo para que esse percurso
fique apresentado de uma maneira bastante clara. Eu construí uma linha do tempo para que
a gente consiga enxergar melhor o percurso ao longo dessas próximas quatro aulas. Há uma
marcação para a aula 1, 2, 3 e 4. E agora, para a gente ter uma ideia geral do que está por
vir, eu vou pontuar os conceitos principais de cada um dos nossos encontros. Na aula 1, nós
vamos destacar o conceito de proposição. Na aula 2, nós vamos destacar o conceito de
elaboração porque nós vamos criar um mapa conceitual. Já na aula 3, nós revisaremos o
mapa conceitual elaborado, então o conceito-chave dessa aula será a revisão. Por fim, na
última aula, nós veremos uma aplicação do mapeamento conceitual e vamos acoplar os
mapas conceituais num processo de colaboração. Esse percurso descreve em linhas gerais o
que está por vir nas próximas quatro videoaulas. Vamos agora nos deter especificamente
sobre os objetivos dessa primeira aula. Nessa primeira aula, nós iremos compreender os
mapas conceituais como um tipo de organizador gráfico e vamos ver que, no caso dos
mapas conceituais, as proposições tem um valor enorme, porque as proposições são os
elementos que tornam explícitas as relações conceituais que eu quero expressar. Pensando
um pouco melhor nos organizadores gráficos, nós vamos perceber que eles estão à nossa
volta nos mais diferentes formatos, numa tentativa de combinar imagem e conteúdo na
forma de textos. Essa tentativa visa tornar mais fácil a assimilação de uma grande
quantidade de conteúdos.
 Agora eu vou exemplificar isso mostrando três tipos bastante usuais de organizadores
gráficos. Esse primeiro que está projetado aqui na tela mostra um infográfico que representa
tudo aquilo que é publicado na internet em um minuto. É muito fácil você perceber, ao
explorar esse infográfico, que a quantidade de informação online aumenta de uma forma
quase inimaginável. Vou exemplificar isso mostrando que, no Youtube, você tem 72 horas
de vídeo, na forma de uploads por minuto, acrescentando um repertório enorme de vídeos
que está disponível nessa plataforma. No caso do Google, você tem 2 milhões de buscas a
cada minuto no Google. E por fim, no Facebook, você tem 1,8 milhões de likes a cada
minuto. Então veja que, nesse formato, a informação fica mais amigável, é mais fácil de
você combinar várias informações e permitir que o sujeito que está vendo esse infográfico
se aproprie dessa informação. Ele começa a ter uma ideia bastante geral de que a
informação on-line é publicada numa velocidade assustadora e ela pode ser publicada em
várias plataformas diferentes.
Além dos infográficos, nós temos um mapa que é bastante comum e que é chamado de
mapa mental. O mapa mental tem uma carga pictórica bastante grande, como a gente pode
ver aqui na tela. Ele também combina algumas palavras-chave, alguns conceitos ou até
algumas expressões para descrever um determinado tema. Aqui na tela a gente tem um
exemplo que está disponível na internet. Está em inglês, mas o que vale aqui é a
apresentação deste organizador gráfico, muito menos que o seu próprio conteúdo. Mas a
gente pode verificar que a gestão de tempo é o ponto central desse mapa mental. A tentativa
deste autor é colocar próximos, associar conceitos relevantes para explicar a gestão de
tempo. A partir deste conceito que está no centro do mapa mental, você começa a criar
ramificações para hierarquicamente organizar conteúdos que detalhem o conhecimento
sobre gestão de tempo. Eu vou ilustrar aqui uma parte específica desse mapa mental. Por
exemplo, em termos de clareza, motivação e simplificação, você, por exemplo, tem não só
esta ramificação como também imagens. Por exemplo, a imagem de um gato, que ora está
nervoso e arisco e ora está calmo. Então a gente consegue ver que, nesse tipo de
organizador que são os mapas mentais, há uma associação de conceitos, expressões ou
palavras-chave e há também um uso bastante rico de elementos visuais, como as cores e as
imagens, tudo isso para ajudar a organizar e escrever aquilo que o mapeador sabe sobre
gestão de tempo. Há um ponto que merece ser destacado que é o caráter idiossincrático
desta ferramenta, ou seja, percebam que somente o autor desse mapa mental sabe o que
aquele gato faz ali perto da clareza. Eu não tenho a menor ideia, aquilo é uma representação
que está na cabeça de quem faz um mapa mental, e o mapa mental por si só não tem uma
carga de informação explícita que me permita fazer essa interpretação. Se a gente olhar
mapas mentais de uma maneira geral, eles funcionam muito bem para associar ideias, mas
eles não conseguem revelar exatamente aquilo que estava na cabeça do elaborador do mapa.
Você tem nessa ferramenta uma virtude que é a associação de conceitos relevantes. Os
mapas mentais, por exemplo, são muito poderosos para fazer um brainstorms,
levantamentos de ideias, mas eles são muito pouco eficientes para revelar o entendimento
conceitual que eu tenho sobre um dado tema.
Esta terceira estrutura já tem o aspecto visual daquilo que nós vamos trabalhar nessas aulas
da disciplina que são os mapas conceituais. Percebam que os conceitos estão contidos em
caixas, essas caixas são ligadas por setas, e as setas indicam um sentido de leitura. Até esse
ponto eu tenho algo muito parecido com os mapas mentais, ou seja, eu tenho uma
associação de conceitos, tenho os conceitos em caixas, tenho flechas que indicam um
sentido de leitura, mas até agora eu não tenho relação conceitual. Novamente eu tenho um
problema. Eu imagino que, para quem elaborou esse mapa conceitual, os próprios mapas
conceituais têm alguma relação com a comunicação. E essa relação com a comunicação
passa por proposições e clareza. Mas percebam: os pontos de interrogação questionam quais
são as relações conceituais entre esses conceitos. Então o próximo slide, que é esse que eu
apresento agora, revela a essência do mapa conceitual. O mapa conceitual é um organizador
gráfico, mas é um organizador gráfico construído para favorecer a transmissão das relações
conceituais do mapeador. Eu troco aqueles pontos de interrogação por frases de ligação que
contêm um verbo. Agora eu começo a ler o mapa conceitual a partir das suas proposições.
Vocês vão perceber que cada proposição carrega um conteúdo semântico claro, preciso, que
é passível de um julgamento. Você pode avaliar se está certo ou se está errado, se o
conteúdo revelado faz parte ou não, se seria conveniente ou não ao tema que está em
debate. Então aqui eu tenho uma primeira diferença que é bastante importante para os
mapas conceituais: eu defino uma questão focal, defino uma pergunta focal, e isso vai
orientar a construção do mapa conceitual. Neste caso, eu vou usar como exemplo a seguinte
pergunta focal: como os mapas conceituais ajudam a comunicação? A partir de agora, eu
vou ler as proposições desse mapa conceitual, seguindo a numeração que está no slide. (1)
Os mapas conceituais facilitam o pensamento sistêmico. Percebam que “mapas conceituais
facilitam o pensamento sistêmico” é um conteúdo semanticamente claro e preciso, eu
entendo o que foi dito, eu entendo o que está representado e eu, que posso não ser o
mapeador, sou capaz de fazer um julgamento sobre a correção e a clareza deste conteúdo.
Esta é a virtude do mapa conceitual, ele expressa, por meio dessa estrutura que eu chamo de
proposição, algo que é claro, e é claro porque o conteúdo é revelado a partir da relação
conceitual expressa com um verbo no termo de ligação.
Para ficar mais fácil, vamos ler o restante do mapa conceitual para que você se familiarize
com esse tipo de organização do conhecimento. (1) Os mapas conceituais facilitam o
pensamento sistêmico. (2 – 3) Pensamento sistêmico é a busca de relações entre parte.
Pensamento sistêmico é a busca relações entre o todo. Parte e todo aqui atuam num jogo
que acaba revelando o pensamento sistêmico, e o mapa ajuda nisso. (4) Os mapas
conceituais apresentam proposições. (5) As proposições garantem clareza. (6) A clareza
favorece a comunicação. Veja que agora há uma relação conceitual ou um conjunto delas
para explicar a relação dos mapas conceituais com a comunicação, e isso é o valor do mapa
conceitual. Se antes havia só uma mera associação, agora você tem um conteúdo de
relações para poder analisar. (7 – 9) Por fim, as proposições, que são as unidades
fundamentais do mapa conceitual, contêm um conceito inicial, contêm um termo de ligação
e contêm um conceito final. (10 – 11) O termo de ligação é aquele conteúdo com um verbo
que explica a relação entre o conceito inicial e o conceito final.
Mais um exemplo de mapa conceitual já nessa primeira aula. Vamos entender melhor o
conceito de proposições, que é o que diferencia o mapa conceitual dos outros organizadores
gráficos, utilizando um mapa conceitual sobre as proposições. Antes de mais nada, só
vamos lembrar o que é uma proposição. Ela é este conjunto que aparece aqui embaixo,
formado por um conceito inicial, uma frase de ligação, que a rigor é uma oração, porque
precisa conter um verbo, e esta frase de ligação, esta oração externaliza a relação conceitual
entre o conceito inicial e o conceito final. Por isso é importante indicar o sentido de leitura.
Se a gente quiser entender melhor o que são as proposições, poderia, por exemplo, dar uma
breve definição disso ou eu posso revelar o que eu sei sobre proposições na forma de um
mapa conceitual. Então, neste slide, nós temos um mapa que explica o que são as
proposições. (1) Proposições explicitam a relação entre conceitos. (2 – 3) Os conceitos são
regularidades percebidas em objetos ou eventos. (4) As proposições devem conter alto grau
de clareza semântica. (5) A clareza semântica é garantida quando a frase de ligação
apresenta um verbo. (6) Proposições podem conter erros conceituais. (7 – 8) Os erros
conceituais podem ser identificados e corrigidos. Com essa parte final do mapa conceitual
sobre proposições, nós já notamos o valor que esse tipo de organizador gráfico pode ter em
sala de aula. Não é porque você fez um mapa conceitual externalizando o que você sabe que
tudo está correto. Você pode ter imprecisões conceituais. Agora, ao elaborar um mapa sobre
o que você está estudando, essas imperfeições, esses erros vão ficar claros. Isso vai ajudar o
professor ou a outra pessoa a identificar essas limitações e esses equívocos e a providenciar
estratégias ou métodos para uma correção. A gente pode pensar num contexto de sala de
aula, em que o mapa conceitual passa a ser uma indicação daquilo que eu tenho que estudar
mais e do que aquilo que eu posso estudar agora que eu já domino um dado conteúdo.
Para terminar esta aula, nós vamos avaliar um conjunto de proposições. As proposições são
as unidades fundamentais do mapa, e esse é o conceito mais importante dessa aula sobre
mapas conceituais. A pergunta que você tem que se fazer sempre que você lê uma
proposição é: ela está certa? Ela está clara? Veja, aqui eu vou como começar a construir
relações entre chocolate e alimento. Esse número 1 indica uma mera associação, uma vez
que não há explicação sobre a relação conceitual. O sujeito sabe que chocolate tem alguma
relação com alimento, mas ele não mostra qual é. No próximo item, número 2, ele usa uma
conjunção: “chocolate e alimento”. Perceba, você consegue concordar? “Chocolate e
alimento”: não parece que está faltando algo para essa informação se revelar de forma
clara? Esse é exatamente o caso, e ele ocorre porque aqui não há um verbo. O termo de
ligação só tem uma conjunção. Agora, “chocolate é alimento”. Basta um acento agudo no
“e” para que a gente consiga inserir um verbo. “Chocolate é alimento” é uma mensagem
clara. Podemos discutir se ele é ou não, mas isso já garante que a comunicação da relação
conceitual foi feita com sucesso. Vejam que pequenas variações do termo de ligação
permitem mudar drasticamente o conteúdo da proposição. Por exemplo: “chocolate não é
alimento”, “chocolate é um bom alimento”, “chocolate é um mal alimento”, “chocolate foi
alimento”, e isso é curioso porque às vezes o tempo verbal também é um sinalizador de
correção conceitual. Chocolate foi um alimento ou chocolate ainda é um alimento até os
dias de hoje? Então percebam que o tempo verbal aqui indicaria uma pequena imprecisão
conceitual. “Chocolate será alimento”, “chocolate pode ser alimento”, “chocolate deve ser
alimento”. Então veja que o verbo faz toda a diferença e que pequenas alterações no termo
de ligação, ou seja, nessa mensagem que está dentro da seta, geram uma alteração profunda
no conteúdo que eu estou expressando por meio de proposições.
Agora nós vamos passar a uma parte de procedimentos para que você consiga instalar um
programa para fazer mapas conceituais. Esse programa se chama Cmap Tools. Ele foi
elaborado pelo criador dos mapas conceituais, o dr. Joseph Novak, em parceria com o dr.
Alberto Cañas. Esse programa está disponível na internet e é gratuito. Até hoje é
desenvolvido pelo Instituto de Cognição Homem Máquina, da Flórida. Vamos agora
verificar o passo a passo para que você instale o Cmap Tools no seu computador. O
primeiro passo, que eu não vou fazer aqui, é você fazer o download do arquivo de
instalação diretamente no endereço da internet que está especificado aqui embaixo do
vídeo: http://camp.ihmc.us Com esse arquivo no computador, eu vou agora clicar no ícone
do arquivo de instalação e vou deixar agora a instalação ocorrer de forma praticamente
automática. Esse procedimento de instalação do programa, esse método é bastante seguro.
Eu lembro que o programa é gratuito. Essa é uma tela agora que aparece com uma série de
informações, a gente pode passar para as etapas seguintes, aqui a gente concorda com a
licença de uso. Lembro que o programa é gratuito, então não há nenhum problema. Escolha
a configuração típica de instalação, então eu deixo este campo aqui selecionado. Eu posso
escolher uma pasta de destino, mas eu vou manter todas as opções padrão que o programa
sugere. Ele vai fazer agora a instalação, o tempo de instalação varia em função da
capacidade que o seu processador tem, mas basta ter paciência que tudo vai dar certo. O
programa é feito em diversos idiomas, incluindo o português, então você pode escolher o
português e depois para usar o programa na sua máquina. A partir de agora, se você for em
Iniciar, você vai encontrar o ícone do programa Cmap Tools como uma forma de acessar o
programa a partir da sua máquina, isso é sinal que a instalação deu certo. Aqui é importante
você entrar com os seus dados, porque se o mapa conceitual for publicado num servidor e
alguém se interessar pelo conteúdo que você mapeou, essa pessoa pode entrar em contato
com você. Então eu vou preencher esses campos e aí eu começo a usar o programa. Você
vai digitar o seu nome, sua organização, se for o caso pode deixar em branco, o seu e-mail.
Depois você escolhe uma identificação de usuário e, por final, a senha. Essa senha você
digita duas vezes para evitar equívocos. Isso você só vai precisar fazer na primeira vez que
você for utilizar o programa Cmap Tools. Veja que agora o programa já abre na tela do seu
computador. Bem, isso é suficiente para a aula de hoje. Na próxima aula, nós vamos utilizar
o programa Cmap Tools para desenvolver um mapa conceitual. Agora vamos à lousa para
fazer o fechamento dessa aula e apontar os materiais de estudo relacionados às discussões
de hoje. Instalamos o programa Cmap Tools e vamos utilizá-lo na próxima aula para
construir um mapa conceitual.

omo elaborar bons mapas mentais? Prof. Paulo R. M. Correia Escola de Artes, Ciências e
Humanidades – USP Leste

 Olá, aluno, seja bem-vindo. Na aula de hoje, nós vamos elaborar um mapa conceitual
utilizando o programa Cmap Tools. Mas, antes disso, vamos lembrar do que foi tratado na
última aula. Nós vimos, na última aula, que os mapas conceituais são um tipo de
organizador gráfico que ajudam a representar conhecimento. Eles são melhores do que as
outras alternativas porque eles tornam explícitas as relações conceituais, fica fácil
compreender como o mapeador relaciona os conceitos. E isso se deve às proposições. A
proposição é o elemento fundamental para construir mapas conceituais. É uma oração com
sentido completo, e esse sentido completo é garantido pela presença de um verbo no termo
de ligação. Nós terminamos a última aula instalando o programa Cmap Tools no
computador. Aproveito para lembrar que hoje tudo pode ser salvo na nuvem e com esse
método não é diferente. Então há a possibilidade de se usar o Cmap Cloud para que você
crie uma pasta na internet e salve os seus mapas conceituais online. Isso também pode ser
útil para compartilhar mapas conceituais com pessoas que não estão próximas a você. Antes
de a gente começar gostaria de traçar alguns objetivos específicos para a aula de hoje. Nós
vamos basicamente verificar os procedimentos de elaboração de bons mapas conceituais e
faremos isso utilizando o programa Cmap Tools.

Antes de ir para o programa Cmap Tools, vamos à lousa para verificar qual é o percurso
proposto para as nossas aulas e onde nós estamos neste exato momento. Hoje, aluno, nós
estamos na aula 14. Na aula passada, nós discutimos os fundamentos do mapeamento
conceitual e trabalhamos com o conceito de proposição. Hoje é o dia de elaborar um mapa
conceitual. Então, na aula número 14, que é a aula de hoje, eu te convido a usar o programa
Cmap Tools. Aqui as janelas do programa Cmap Tools já estão abertas. É necessário que
você tenha instalado o programa, seguindo os procedimentos da aula anterior. Eu vou
destacar as duas janelas que existem no programa. Essa primeira, que eu vou deslocar aqui
para cima, que é a de visualização. Eu tenho uma pasta chamada Meus Cmaps, onde vou
salvar os meus mapas conceituais. E esta segunda janela, que está à direita, atualmente sem
título, que é onde eu vou criar um mapa conceitual. Esta tela é uma folha em branco, e eu
vou usar essa tela pra fazer um mapa como eu poderia fazê-lo manuscrito. Mas agora vou
fazer usando o programa Cmap Tools. Eu vou expandir essa tela e clicar duas vezes sobre
essa parte em branco e eu crio uma caixinha onde posso digitar um conceito. Possa associar
esse conceito, se eu clicar nessa parte branca, eu estico, formo uma flechinha e posso ter um
outro conceito. Aqui, no meio da flechinha, aparecem aqueles pontos de interrogação, então
eu consigo inserir um termo de ligação, e esse tema de ligação contendo um verbo torna
clara a relação entre esses conceitos. Esta é a estrutura básica de uma proposição. No mapa
de hoje, nós vamos trabalhar um tema, que interessa me muito e certamente você também,
que são as ciências da natureza. O que eu vou fazer aqui é puxar essa estrutura geral de
proposições para cima na tela. Agora nós vamos começar a fazer o mapa propriamente dito.
Eu sou ministrante de uma disciplina lá na USP Leste chamada Ciências da Natureza e nós
tentamos articular os conhecimentos científicos atuais com as suas potenciais implicações
para a sociedade e para o ambiente, por meio de aparatos tecnológicos que estão no nosso
dia a dia e a gente usa isso de maneira bastante constante. Então as relações entre ciência,
tecnologia, sociedade e ambiente precisam ficar claras para o professor, que sou eu, e para
os alunos. O primeiro passo é definir o tema. O tema é uma disciplina que envolve as
Ciências da Natureza. A partir da definição desse tema eu vou pensar em conceitos.
Conceitos que são importantes para expressar o que é exatamente a disciplina Ciências da
Natureza. Vou clicar duas vezes agora aqui na tela e começar a pensar em conceitos que me
ajudam. Essa é uma etapa de brainstorm, de levantamento de ideias, então eu não preciso
me preocupar em levantar todos os conceitos ou em depois ter que usá-los todos. Eu só
preciso resgatar aquilo que me parece importante para descrever a disciplina. Eu vou
começar pelas partes da disciplina, o nascimento da ciência, também vou falar de mudanças
climáticas, bioética. De nascimento da ciência, a gente fala um pouco sobre o universo, fala
sobre ciência certamente. Que mais? Vai falar que a razão em certa medida ajuda a explicar
os fenômenos e a fé também. Certamente uma parte da disciplina passa por biologia
molecular. Mais alguma coisa? Veja que o brainstorm acaba se esgotando e não há nenhum
problema. No momento que eu me recordo são esses conceitos, então eu vou destacá-los
aqui. Eles são a matéria-prima para eu fazer meu mapa. Antes de começar a estruturar
proposições, que é o passo seguinte, eu vou salvar o meu mapa, clicando em “Arquivo” e
“Salvar Mapa Conceitual como”, e vou dar um nome para o meu mapa. Aliás, uma dica: eu
acho que é sempre útil salvar os mapas com as datas invertidas, então eu estou salvando
aqui com a data de hoje, 150702. Vou chamar este arquivo CN, porque ele é o tema
principal do meu mapa. Vou salvar e agora não perco mais nada do que eu vou começar a
elaborar. Então eu posso agora movimentar esses conceitos pela tela e posso começar a
buscar alguns tipos de articulação. A disciplina tem três eixos, que são nascimento da
ciência, mudanças climáticas e bioética. Podemos criar um conceito com o nome da
disciplina. Fica “ciências da natureza”, que é o nome da disciplina e agora eu vou relacionar
com o nascimento da ciência. Por exemplo, as “ciências da natureza”, a disciplina
contempla contempla o “nascimento da ciência” e também contempla “mudanças
climática”. Eu posso ligar com esse conceito também, contempla “bioética” ou a “biologia
molecular”. Não, vamos pôr bioética, que vai ficar melhor. Então contempla bioética. Esses
são os eixos da disciplina e você percebe que a ponta de seta não aparece sempre. Depende
muito da posição do conceito na tela. O que eu vou fazer? Eu vou selecionar tudo, vou em
“Editar” e “Selecionar tudo”, “Formatar”, “Estilos”. E aí, na janela de “Estilos”, eu vou
clicar aqui na aba “Linha” e vou pedir esta opção de linha: “Mostrar setas se as conexões
terminarem em conceitos”. Pronto, acabou meu problema com as pontas de seta. Eu vou
salvar meu arquivo e agora já tenho as três primeiras proposições do meu mapa: “Ciências
da natureza” contempla o “Nascimento da ciência”. Até pra ser bastante preciso em termos
de clareza eu posso pôr contempla “as” mudanças climáticas e “a” bioética. Depois a gente
pode deixar isso aqui mais bonito, mas agora eu tenho uma relação mais precisa e clara.
“Ciências da natureza” contempla três eixos: “nascimento da ciência”, “mudanças
climáticas” e “bioética”. Começando pelo “nascimento da ciência”. Isso tem alguma coisa a
ver com o universo, lembrando dos tempos de Galileu, então eu poderia pôr alguma coisa
como inclui discussões sobre o universo. Claro que o que marca aquele tempo histórico, que
eu estou chamando aqui de nascimento da ciência, você vai discutir não só coisas sobre o
universo neste momento da disciplina, mas sobre coisas também sobre a ciência.
Interessante lembrar, porque, pensando no tempo de Galileu, universo podia ser explicado
de duas formas, pela fé e nesse momento passa a ser explicado pela razão. A gente pode
expressar dessa maneira. O universo é compreendido pela fé e depois desse momento ele
também é compreendido pela razão. Você veja que começa a aparecer a rede proposicional
do mapa conceitual. Já há uma sequência de proposições. Então eu vou salvar para não
perder esse conteúdo. Agora posso continuar. Pensando em mudanças climáticas,
certamente tem alguma implicação com a tecnologia, veja que eu vou pôr um conceito que
não tinha ocorrido, “tecnologia”. Podemos pôr que as mudanças climáticas são decorrentes
do avanço da tecnologia e biologia molecular, que está aqui como um conceito também de
exemplo, tem uma relação com bioética. O avanço, a descoberta da estrutura molecular de
DNA gera uma série de pesquisas, as pesquisas agora passam a ter uma discussão de ordem
ética. Eu posso fazer uma proposição bioética “está relacionada com o avanço” da biologia
molecular. Veja aqui, com isso, eu consigo agora até incluir novos conceitos e pensar numa
descrição cada vez mais precise e completa da disciplina “ciências da natureza”, que é o
tema deste mapa. Se a gente recapitular, você começa a fazer o seu mapa conceitual com
um brainstorm, levantando conceitos e você vai criando essas caixinhas de conceito. Eu
gosto muito de deixar isso na parte esquerda da tela. Depois, num segundo momento, eu
começo a relacionar esses conceitos dois a dois e tento garantir clareza nas proposições que
eu estou montando. Por isso que eu penso sempre em dois conceitos por vez. E desenvolvo
um termo de ligação que me permita deixar a ideia da forma mais clara possível. Esse
processo é bastante dinâmico, ele mexe muito com as minhas ideias. Por isso que, de
tempos em tempos, eu vou salvando esse mapa conceitual e, na verdade, o que eu faço
agora é explorar este processo por geralmente 50 minutos. Nos últimos 10 minutos, para
completar uma hora, que é o tempo que geralmente eu gasto para fazer mapas conceituais,
eu posso, por exemplo, usar a ferramenta “Estilos’ para mudar a fonte, colorir os conceitos.
Por exemplo, vou destacar o conceito inicial, que é o conceito por onde começo a ler o
mapa, vou deixar em amarelo. Eu poderia, por exemplo, deixar os conceitos “nascimento da
ciência”, por exemplo, numa cor laranja, porque é um dos eixos da disciplina, assim como
“mudanças climáticas” e “bioética”. Então, da minha hora, naquela hora que eu falo que é
importante ter para fazer um mapa conceitual, 50 minutos eu gasto no processo de
elaboração conceitual de formação de proposições e revisão das proposições. Nos últimos
10 minutos, eu posso de alguma maneira melhorar a apresentação visual do mapa e aqui eu
poderia avisar um leitor desse mapa que comece a ler o meu mapa pelo conceito em
amarelo, que é “ciências da natureza”, que é o tema do mapa. E essa disciplina tem três
eixos e os três eixos estão nomeados nas caixas laranja.

Vou salvar o meu mapa e com isso terminamos a aula de hoje, já com um primeiro mapa
começado. Exploramos as proposições, aquela estrutura fundamental do mapa conceitual
para detalhar as relações que aparecem na disciplina “ciências da natureza”. Fica aqui o
meu convite para que você, a partir dos conteúdos de uma disciplina que você está cursando
neste momento, faça o mesmo exercício. Por que não construir um mapa da própria
disciplina “Psicologia da aprendizagem” ou de outra qualquer que você está pensando nesse
semestre. Você vai pôr em prática as reflexões conceituais que eu acabei usando neste
momento, só que no meu caso para falar de uma disciplina que eu conheço bem. No seu
caso, fica o desafio para você falar de uma disciplina que você está aprendendo agora.

Então encerramos por aqui, aluno, a elaboração do nosso primeiro mapa conceitual
utilizando programas Cmap Tools. Veja que neste exercício eu mobilizei os meus
conhecimentos sobre a disciplina que eu ministro, “Ciências da natureza”, e fica um
convite. Por que não fazer isto com as disciplinas que você cursa neste semestre? Seria uma
boa ideia você agora parar pra pensar nos conceitos, por exemplo, da disciplina “Psicologia
da aprendizagem” e tentar organizá-los na forma de mapas conceituais. Você vai verificar
que o exercício cognitivo que você vai passar foi muito parecido com o exercício que eu
acabei de passar para fazer essa demonstração. Eu acho muito importante que, entre essa
aula e a próxima, você pratique a elaboração de mapas, utilizando uma disciplina que você
esteja cursando neste semestre.

Para encerrar, vamos à lousa para destacar materiais complementares que são importantes
para o seu estudo. Para reforçar os conceitos que nós vimos hoje, ou seja, trabalhar melhor e
entender melhor como elaborar bons mapas conceituais, eu recomendo a leitura de um
artigo científico que está publicado na Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em
Ciências, que a gente chama de RBPEC. Este material da RBPEC vai ser útil para você
consultar a partir de agora sempre que você precisar revisitar as características e as boas
práticas de elaboração de mapeamento conceitual. Lembro a você que no descritivo desse
vídeo contém um link que vai direto para este artigo.

2.3 Tipos de aprendizagem segundo Ausubel


Para esta aula, selecionamos como conteúdo as ideias de Ausubel, por considerarmos serem
úteis para as situações de aprendizagem que ocorrem na sala de aula. Vamos lá?

Ausubel (1982) deixa claro em seus estudos que, quando alguém recebe informações novas,
sempre as relaciona com as informações que já estavam presentes em sua estrutura
cognitiva.
Ele utiliza um termo que nos diz que, quando conseguimos “ancorar” conhecimentos novos
aos anteriores, aí sim, ocorrerá uma aprendizagem significativa, e os conhecimentos antigos
auxiliam no processo de aquisição de novos significados.

“Ponto de ancoragem”- no qual as novas informações encontrarão um modo de se integrar


àquilo que o indivíduo já conhece.

Porém, se não encontrarem esses conhecimentos prévios para ancorar os novos, ocorrerá
apenas uma aprendizagem por percepção, mas tanto a aprendizagem por percepção quanto a
aprendizagem significativa formam um processo contínuo de aprendizagem e os dois
permitem a ancoragem de novos conhecimentos.

Ausubel identifica quatro tipos de aprendizagem:

TIPO DE APRENDIZAGEM CARATERÍSTICAS

1. Significativa por recepção: o aluno recebe conhecimentos e consegue relacioná-los


com os conhecimentos da estrutura cognitiva que já tem.
2. Significativa por descoberta: o aluno chega ao conhecimento por si só e consegue
relacioná-lo com os conhecimentos anteriormente adquiridos.
3. Mecânica por recepção: o aluno recebe conhecimentos e não consegue relacioná-los
com os conhecimentos da estrutura cognitiva que já tem.
4. Mecânica por descoberta: o aluno chega ao conhecimento por si só e não consegue
relacioná-lo com os conhecimentos anteriormente adquiridos.

Para Ausubel, a aprendizagem ocorre em três fases:

1. Primeira fase - centrada no organizador prévio: o professor explicita o objetivo da


aula, apresenta o conteúdo e relaciona o que o aluno já sabe com o que ele irá
aprender.
2. Segunda fase - centrada em informações novas: o professor organiza o novo
material de forma lógica, propõe atividades significativas.
3. Terceira fase - centrada no fortalecimento da estrutura cognitiva:  relacionam-se
informações novas ao que o aluno já conhece.

Assim, fica claro que é de suma importância que os professores/educadores usem a


criatividade para descobrir os conhecimentos prévios de seus alunos, adaptando os
conteúdos e atividades à realidade de cada um.

Ausubel recebeu a contribuição de Joseph Donald Novak, educador americano, nascido em


1932, cuja pesquisa está centrada na aprendizagem humana, em estudos educacionais e na
representação do conhecimento.

Joseph refinou e divulgou a teoria de Ausubel, modificando o foco do ensino do modelo


estímulo → resposta → reforço positivo, para o modelo aprendizagem significativa →
mudança conceptual → construtivismo.

3.1 Fatores que favorecem o ensino significativo


Quando falamos em aprendizagem significativa, primeiramente devemos pensar no fator
físico, que é o espaço no qual se promove a aprendizagem. Um espaço físico agradável e
confortável já seria um bom começo para que o ensino ocorresse em nossas escolas. Hoje, a
maioria das Instituições de ensino não se encontra preparada para acompanhar uma época
em que o conhecimento faz-se cada vez mais acessível e moderno, é necessário pensar e
preparar um ambiente que atenda às necessidades tanto das aulas presenciais quanto das
aulas virtuais.

Muitas de nossas escolas não agradam aos nossos alunos por estarem velhas, ultrapassadas,
não oferecendo ao aprendiz recursos modernos, práticos e acessíveis, pelo contrário,
limitam-se apenas ao quadro negro e ao giz.

Assim, muitas vezes, o aluno perde o prazer pelo aprender tornando-se um indivíduo
apático e desmotivado, alheio aos questionamentos e pensamentos do mundo moderno.
Segundo Marilice Costi (2007), muitos fatores interferem na aprendizagem.

Além da relação educador-aluno, da parte afetiva, até a estrutura física de uma sala de aula
interferirá nesse processo.

Pensando nessas questões, achamos interessante apresentar a você alguns estudos e projetos
que explicam e comprovam a interferência das cores no comportamento humano.

Estudos feitos comprovam que o ambiente, o tamanho das salas, as cores das paredes
interferem em nossa percepção. Outro fator relevante à construção do saber é o aspecto
temporal, pois tudo que almejamos conhecer/ compreender precisa de um determinado
tempo e os indivíduos dispõem de tempos diferenciados no que se refere à assimilação de
determinado assunto. Cada tarefa realizada pelo aluno exige uma dedicação temporal
específica e a assimilação do conteúdo pode acontecer em momento posterior a sua
explicação e com isto o educador não deve se preocupar.

Um fator importante nesta construção do saber é o período, a duração do curso, pois o aluno
precisa cumprir tarefas em um tempo estipulado e por vezes esse período pode ser
insuficiente, e as obrigações e conteúdo serão lançados a esse aprendiz de forma rápida e
sem profundidade, não favorecendo a assimilação da matéria e consequente aprendizado.
Outro fator que assegura a aprendizagem significativa é a organização de grupos de estudos,
aulas diferenciadas, dinâmicas de grupo, construção de mapas conceituais. Enfim, a
utilização de ferramentas modernas de ensino que conduzam o aluno em um trajeto
educacional prazeroso e eficaz.

Utilizando Moran (2007), podemos concluir que a escola precisa reaprender a ser um local
no qual aconteça o aprendizado. Precisa ser inovadora, empreendedora e estimulante. A
escola está envelhecendo com seus métodos e currículos ultrapassados e frequentá-la, para
muitos, é obrigação e isto não deve acontecer.
A Instituição precisa ser um espaço centrado no aluno, que desperte nele a curiosidade e a
investigação. Precisa utilizar atividades significativas e incorporar o humano, a afetividade,
a ética e as novas tecnologias, pois mesmo que haja dificuldades, a escola ainda estará
preparando e formando indivíduos para o futuro que, consequentemente, mudarão a
história, tornando o ato de ensinar e aprender uma ação dignificante e modificadora.

Mostraremos a você uma breve explicação sobre a influência das cores em determinados
ambientes e quais percepções o indivíduo consegue ter em relação a elas. Veja as definições
a seguir:

 Amarelo: cor quente, estimulante de vivacidade e luminosidade. Tem elevado índice


de reflexão e sugere proximidade. Se usada em excesso, pode tornar o ambiente
monótono e cansativo. Boa para ambientes onde se exija concentração, pois atua no
sistema nervoso central. É utilizada terapeuticamente para evitar depressão e estado
de angústia.
 Azul: está associado, na cultura ocidental, a fé, confiança, integridade, delicadeza,
pureza e paz. O azul escuro dá a sensação de frieza e formalismo.
 Laranja: cor estimulante e de vitalidade. Está relacionada com ação, entusiasmo e
força. Possui grande visibilidade, chamando atenção para os pontos que devem ser
destacados. Rosa: aquece, acalma e relaxa. Está ligada à fragilidade, feminilidade e
delicadeza.
 Verde: quando em tom claro, transmite sensação de paz e bem estar. É uma cor que
sugere tranquilidade, dando a impressão de frescor. Tons escuros desta cor tendem a
deprimir.
 Vermelho: cor estimulante. Desperta entusiasmo, dinamismo, ação e violência. Dá
sensação de calor e força, estimulando os instintos naturais e sugerindo
proximidade. Se usada em excesso, pode irritar, desenvolver sentimentos de
intranquilidade e despertar violência.
 Violeta: em excesso, torna o ambiente desestimulante e agressivo, leva à melancolia
e à depressão. Sugere muita proximidade, contato com os sentimentos mais
elevados e com a espiritualidade. Assim como o vermelho, o azul e o verde escuro,
não se recomenda seu uso em grandes áreas.

As cores transmitem mensagens e desencadeiam emoções que causam interferências em


nosso organismo. Segundo Lacy (1989), a cor está muito ligada aos nossos sentimentos,
ajudando-nos em nossas atividades e influenciando em nossa sociabilidade, introversão e
extroversão. Por isso, caro aluno, defina um lugar e o melhor horário para seus estudos,
tenha disciplina,não exagere,comece aos poucos e assim você não se cansará nem perderá a
motivação. Faça tudo o que gosta, não deixe de curtir momentos importantes em sua vida.
Todos nós precisamos de descanso.

Tenha sempre uma alimentação saudável e lembre-se de que todo conhecimento requer
tempo e dedicação. Tenha força de vontade e desta maneira obterá o sucesso almejado. Um
bom ambiente para os estudos deve prestigiar as boas energias, a comunicação e as
atividades mentais.
A importância da iluminação no ambiente escolar - Maria Clara - Colégio Certus

Antes de dizer sobre o meu projeto, eu vou dizer de como tive minha ideia. Estava em
reunião do TED, estávamos falando sobre os projetos e as ideias, e algumas ideias
envolviam as luzes. Então fui pesquisar mais e descobri que as luzes têm uma influência tão
grande na nossa vida que nós nem imaginamos. Inclusive na vida dos estudantes, no
ambiente escolar, onde passamos a maioria do nosso tempo. Pesquisando mais, eu descobri
a cromoterapia, que para quem não sabe é um tratamento terapêutico feito com as luzes,
mas não luzes comuns, são luzes coloridas. Então fui pesquisar sobre as cores e descobri
que, assim como as luzes, as cores têm influência muito grande na nossa vida. Por exemplo,
a cor do nosso quarto. Hoje temos que ter um momento de tranquilidade e relaxamento,
para que tenhamos uma noite de sono melhor, para nós descansarmos do nosso dia a dia. O
nosso ambiente de trabalho, onde é o lugar que temos de ter concentração, porém um
incentivo. Vou contar uma coisa para vocês. As cores podem fazer isso por nós. Pensando
nisso eu fui fazer algumas perguntas para os professores e alunos do meu colégio. Muitos
disseram que as salas do meu colégio eram agitadas e eufóricas, fazendo com que
atrapalhasse o rendimento dos alunos e das aulas. Pensando nisso eu criei meu projeto. Meu
projeto é para instalar luzes coloridas nas salas de aula. Meu projeto, como eu disse, é sobre
as cores e a cor que eu pensei foi a cor azul, porque a cor azul traz serenidade e
tranquilidade para o que os alunos que eufóricos e agitados ficassem mais tranquilos e
rendessem as aulas. Mas eu não poderia fazer isso sem antes fazer um teste para comprovar
para vocês que isso realmente daria certo. Eu fiz um teste, onde eu peguei 10 voluntários
que são alunos do colégio, entre 14 e 15 anos. Eles fizeram uma avaliação sobre
interpretação de texto com dois temas diferentes - um tema era algo mais pesado e outro
tema era algo mais do dia a dia - em dois ambientes que preparei. Um ambiente era um
ambiente mais tranquilo e outro ambiente tinha uma parede mais escura. No primeiro
ambiente, que era o ambiente mais pesado, eles fizeram a avaliação que era mais tranquila,
que era um tema do dia a dia. No outro, eles fizeram sobre o tema que era mais pesado. A
conclusão do meu teste foi que, onde eles fizeram as atividades no ambiente mais tranquilo,
por mais que tenha sido um tema mais pesado, foi mais leve para eles fazerem. Eles
disseram que ficou muito mais tranquilo, apesar de o tema ter sido mais difícil. Na sala em
que não foi preparado, que era uma sala em que o ambiente era mais pesado, apesar de o
tema ter sido mais simples, eles ficaram muito mais nervosos antes de fazer. Com isso eu
quero mostrar para vocês que o ambiente mais leve faz com que os alunos fiquem mais
tranquilos em suas aulas, para que consigam aprender as matérias que eles já têm
dificuldade, facilitando as avaliações e o desenvolvimento deles em aula. Obrigada.

3.2 Quebrando as barreiras do ensino


Estamos chegando à etapa final desta disciplina e gostaríamos de compartilhar com você o
imenso prazer que sentimos em estar diretamente ligadas à construção do seu
conhecimento. Esperamos que os momentos compartilhados tenham sido Significativos e
que você possa dar continuidade aos seus estudos.

Esta disciplina visou plantar em você a semente da mudança rumo à construção de um


futuro educativo que prestigie o saber significativo, o humano e suas complexidades,
ancorado nas novas tecnologias de ensino.
Agora, com a mesma dedicação e alegria costumeira, daremos início a mais uma etapa de
nossa caminhada. Entremos de cabeça no conteúdo desta última aula. Tenha uma boa aula e
muito sucesso!

Quando nos referimos à dificuldade de aprendizagem, observamos que alguns fatores que
interferem são a emoção e o afeto do educador em relação aos alunos.

Entre as possibilidades relacionadas a dificuldade de aprendizagem, observa-se que quando


um professor espera um bom desemprenho de seus estudantes, aumenta-se a probabilidade
que isso ocorra. Da mesma forma, o contrário; quando não há expectativa de um bom
resultado, aumenta a probabilidade de os estudantes não responderem a contento do
docente.

Percebemos, então, que o professor é fundamental neste processo, suas expectativas, por
meio do encorajamento dos seus alunos, mostrando que os mesmos têm que acreditar em si
próprios, os ajudarão significativamente no processo de aprendizagem.

Por isso é assertivo dizer que todo profissional da educação precisa ser uma pessoa positiva,
que acredita em si e nos seus conhecimentos, pois a partir desse comportamento também
pensará que seus estudantes são capazes e podem crescer moral e intelectualmente.  

Quando o educador expressa rejeição aos alunos, trata-os com frieza, discriminação em
relação aos que possuem dificuldade em aprender, o aluno sente-se incapaz de superar os
obstáculos e provavelmente será um candidato à repetência.

Alguns estudiosos na área da educação constataram que grande parte dos professores trata
com indiferença os alunos que não se encaixam no padrão idealizado por eles, e como
consequência, esses alunos vão sendo rotulados e excluídos.

O educador nunca poderá gerar no aluno um sentimento de inferioridade, nem fazer


comparações em que um seja melhor do que o outro. Ele deve, com competência, mostrar
que os alunos são capazes de aprender, ajudá-los a superar os obstáculos que às vezes
podem surgir e assim eles se sentirão mais capazes e autoconfiantes.

Precisamos observar que o relacionamento afetivo no contexto escolar se torna negativo,


tenso e desestimulante também quando o clima na Escola é de medo e castigo. Um exemplo
claro ocorre quando professores utilizam as avaliações como ameaça.

As avaliações devem ser entendidas como um ato de acolhimento e interação, não de


punição. Quando uma avaliação é conduzida nesse pensamento, o estudante transforma o
receio que existia nesse tipo de avaliação e entende que essa é uma etapa para diagnosticar
as dificuldades encontradas e de que forma essas barreiras serão superadas. 

Devemos lembrar que ninguém aprende da mesma forma, que cada um tem seu ritmo, sua
dificuldade, por isso o professor precisa criar novos contextos que se adaptem às
individualidades de cada um. Hoje, com a nova política educacional, sabemos que a
educação é para todos. Não podemos rotular os alunos, nem atribuir a eles o fracasso
escolar.

Mesmo apresentando alguma deficiência no desenvolvimento psicomotor, linguístico,


emocional ou cognitivo, têm o direito de frequentar uma escola que precisa respeitar e
trabalhar adequadamente com esses alunos.
Um professor competente e dedicado cria situações de aprendizagem que promovam
desafios intelectuais, utilizando sempre as relações afetivas que são desenvolvidas através
da convivência em sala de aula, construindo sempre novas habilidades em seus alunos. As
dificuldades de aprendizagem remetem também à estrutura física da escola e da sala de
aula.

Encontramos hoje, em algumas de nossas Instituições de ensino, verdadeiros presídios,


prédios sucateados, salas de aula sem infraestrutura, banheiros precários e nenhuma área de
lazer. Na verdade, hoje, qualquer lugar pode se tornar um ambiente de sala de aula. Tal
situação inviabiliza e denigre o sentido e a motivação de se educar em nosso país.

Com uma realidade assim, o aluno não se sente motivado, nada o atrai e o mesmo acontece
com o professor. Ambos se veem imersos em uma realidade de descaso, apatia e frustração,
sendo estes fatores relevantes ao mau andamento da Educação atual.

Com todos os questionamentos, observações e reflexões feitas durante esta aula,


entendemos a necessidade de rever conceitos, propor mudanças e, desta forma, caminhar
buscando novos rumos com vistas ao conhecimento, à formação, à informação, como forma
de poder auxiliar as escolhas de cada cidadão.

A Educação está com sede de mudanças, por isso caberá a nós, educadores e aspirantes a
esta profissão, a difícil tarefa de desconstrução e reconstrução dos nossos atuais modelos de
ensino. Sendo assim, poderemos nos orgulhar de ser brasileiros letrados e alfabetizados com
toda a autoridade que tais definições nos trazem.

ecoreba ou Aprendizagem Significativa?


ANDREA RAMAL - A gente precisa realmente revolucionar.
MV BILL Nas salas de aula, acontece isso ainda de um jovem aprender as respostas para as
questões que a professora vá perguntar, para poder passar nas provas, mas que no dia a dia,
além dele não utilizar, ele não aprendeu sobre o assunto?
ANDREA RAMAL É, e depois ele acaba esquecendo tudo. Ainda acontece, mas está
mudando muito. Antigamente se pensava que você precisava memorizar para depois
aprender. Tabuada: dois vezes dois, quatro; cinco vezes seis, trinta; e tal. Hoje em dia se
acredita exatamente o contrário. Você memoriza quando você realmente aprendeu o
significado daquilo. Então o que se chama de aprendizagem significativa. O que o professor
tenta hoje? Puxar pela memória do aluno, pelos sentidos, pela imaginação, trazer alguma
cena do cotidiano, para que ele veja o sentido daquilo que ele vai aprender e aí
instantaneamente aquilo vai ficar retido na memória. Pena que tem alguns pais que em casa
ficam obrigando os filhos a decorar, porque eles aprenderam assim. Nessa hora, os pais
acabam muitas vezes atrapalhando o método mais novo de ensino que não é mais a
decoreba.

FRANÇA, Denise Mendes; SOUSA, Roberta Amaral de. Aprendizagem Significativa.


Cuiabá: Universidade Federal do Mato Grosso/Rede e-Tec Brasil, 2015.

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