Aula 03

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3

AULA
A cadeia de suprimentos
e a estratégia empresarial
Meta da aula
Apresentar a importância da gestão da cadeia de
suprimentos para a estratégia das empresas.
objetivos

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

1 elaborar uma análise SWOT com a função


logística para as estratégias organizacionais;

2 indicar os princípios que devem orientar


a estratégia logística;

3 identificar os níveis de planejamento


logístico;

4 caracterizar o sistema logístico como uma


rede de mercadorias e informações.
Logística Empresarial | A cadeia de suprimentos e a estratégia empresarial

O ALINHAMENTO DA ESTRATÉGIA CORPORATIVA


COM A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

Pretendemos, agora, destacar a importância do gerenciamento


logístico para a correta implementação de uma estratégia vencedora
nas organizações. A definição de uma orientação estratégica consiste
num processo criativo, de projeção do futuro que, de um modo geral, é
conduzido pela cúpula de uma organização, no qual são estabelecidas
as suas diretrizes e objetivos, bem como é elaborado um plano de ação
consolidado para que os objetivos sejam cumpridos e atingidos.
Talvez a maior preocupação da direção de uma empresa seja a
definição de sua orientação estratégica. É por meio dessa orientação
estratégica que a empresa se capacita para atingir os seus objetivos em
termos de crescimento, lucros e participação nos mercados.

O grande projeto conjunto que consolida as diretrizes e objetivos


estratégicos é dividido em planos específicos, de acordo com as distintas áreas
funcionais da empresa, tais como o Marketing, a Produção e a Logística.

Esses planos envolvem a tomada de decisões


com relação a aspectos como a localização dos
centros de estocagem/armazenamento, a determinação
das políticas de estocagem, o desenho de sistemas de
atendimento de pedidos, ou, ainda, a seleção dos
melhores modais de transporte.
A concepção da estratégia corporativa se inicia
com uma clara definição dos objetivos da empresa.
Fonte: http://www.stockxpert.com/browse.phtml?f=vi
ew&id=342921 De um modo geral, uma empresa pode almejar um
ou mais dos seguintes objetivos genéricos:
– um dado nível de lucro;
– uma dada taxa de retorno do investimento;
– crescimento das vendas;
– ampliação da fatia de participação no mercado (market share).

O passo seguinte consiste no estabelecimento da visão. De acordo


com Mintezberg et al. (2000, p. 98), a visão consiste numa representação
mental da estratégia, criada ou, ao menos, expressa na mente do
planejador. Assim, uma visão serve como guia ou como inspiração
acerca daquilo que precisa ser feito. Via de regra, a visão tende a ser
mais uma imagem do que um plano previamente articulado (em palavras

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MÓDULO 1
e números). Tal fato torna-a flexível, de maneira que o planejador pode

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adaptá-la às suas experiências e às condições relativas aos quatro

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componentes que uma estratégia vencedora deve considerar:
– clientes;
– fornecedores;
– concorrentes;
– a empresa (propriamente dita).

Devem ser consideradas, também, as variáveis ambientais, que


estão fora do controle da empresa, ou seja, a empresa não tem condições
de intervir nelas. São as denominadas oportunidades e ameaças.
As oportunidades são eventos do ambiente que podem ser aproveitadas
pela empresa. Por exemplo, o evento dos Jogos Pan-americanos, no Rio
de Janeiro, em 2007, foi uma oportunidade para vários profissionais e
empresas que puderam trabalhar ou negociar durante os jogos. Já as
ameaças são eventos do ambiente que podem prejudicar a empresa,
independente da vontade desta.
Um planejamento estratégico adequado
possibilita que as oportunidades sejam apro-
veitadas e as ameaças sejam neutralizadas. Essa
metodologia é conhecida pela denominação
análise SWOT, do acrônimo em inglês relativo
aos termos “forças” (strenghts), “fraquezas”
(weaknesses), “oportunidades” (opportunities)
e “ameaças” (threats). Ah, sim, um acrônimo é
uma palavra composta pelas iniciais de outras
palavras.
Ballou (2006, p. 50) registra que a estratégia corporativa por
sua vez vai se desdobrar nas estratégias específicas das diversas funções
empresariais, na medida em que elas se inserem no contexto da estratégia
principal, conforme a figura a seguir nos sugere:

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Logística Empresarial | A cadeia de suprimentos e a estratégia empresarial

Figura 3.1: Alinhamento do plano estratégico com as funções da empresa.

É possível afirmar que a estratégia corporativa apenas se concretiza


na medida em que as áreas funcionais de Produção, Logística, Finanças
e Marketing forem capazes de dar continuidade aos seus respectivos
planos, que devem estar alinhados com a estratégia principal.
Por exemplo, no contexto da produção, existem múltiplos aspectos
a serem considerados, que, segundo Slack et al. (2002, p. 101), podem
ser classificados em duas categorias de decisões: as decisões estruturais
e as decisões infra-estruturais.
As decisões estruturais em produção são aquelas que influenciam,
principalmente, as atividades de projeto. Por sua vez, as decisões infra-
estruturais são aquelas que exercem influência sobre a força de trabalho de
uma empresa, bem como as ações de planejamento, controle e melhoria.
Por exemplo, são decisões estruturais: definições acerca do
desenvolvimento de novos produtos ou processos; a promoção de
integração vertical (assumir o controle de todas as etapas da cadeia
produtiva); condições das instalações físicas; e escolha da tecnologia.
Como exemplos de decisões infra-estruturais, podemos citar: a
organização e distribuição da força de trabalho; a definição da capacidade
de produção; a escolha dos fornecedores; a definição do nível de estoques;
a definição dos sistemas de controle e avaliação de desempenho; os
critérios de melhoria. Vejamos agora o papel da Logística no contexto
estratégico da organização.

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MÓDULO 1
A função logística, tal como a função produção, também deve

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buscar seu alinhamento com a estratégia da organização. Há uma

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convergência de pensamento entre os autores da área que a Logística
deve atuar na estratégia da organização de tal forma a promover os
seguintes objetivos:
– redução de custos;
– redução do volume do capital empregado;
– melhoria dos serviços aos clientes.

A redução de custos pode ser alcançada na medida em que são


otimizados os custos variáveis relativos aos transportes e à armazenagem.
Normalmente, essa estratégia está relacionada à escolha dentre várias
opções possíveis de locais de armazenagem combinada com a escolha
da melhor modal de transporte.
Já a redução de capital consiste na minimização do nível dos
investimentos realizados nos sistemas logísticos, para aumentar o
RETORNO SOBRE OS INVESTIMENTOS. Como exemplos de ações que podem ser RETORNO SOBRE
O INVESTIMENTO
empreendidas nesse sentido, temos: o embarque diretamente para o cliente, ( ROI – R E T U R N
para evitar a armazenagem; o uso de sistemas de estoques mínimos; o ON INVESTMENT)
uso de prestadores terceirizados de serviços logísticos entre outras ações. É uma medida
de performance
Lembramos que nenhuma dessas ações se constituem em regras absolutas, financeira. Mede a
razão entre o lucro
e poderão ser adotadas ou não, dependendo de cada caso. gerado por um
Por sua vez, as estratégias de melhoria de serviços consideram que investimento e o
valor total deste.
os lucros dependem do nível de serviço oferecido aos clientes. Apesar Por exemplo,
suponha que um
de os custos também aumentarem à medida que os níveis logísticos do fazendeiro investiu
serviço ao cliente melhoram, de um modo geral, eles são compensados R$ 100.000,00 em
gado, e o mesmo
por um aumento superior dos lucros como conseqüência dessa melhoria. gado foi vendido
ao final de um ano
Trata-se de um trade-off que deve ser ponderado, ou seja, só devemos por R$ 120.000,00.
O lucro que o
aumentar os níveis de serviços logísticos se os benefícios gerados
fazendeiro teve foi
superarem os custos incorridos. Além disso, as estratégias de serviços de R$ 20.000,00.
Porém, o retorno
logísticos das empresas tendem a considerar como referência o padrão sobre o investimento
realizado foi a
de serviços oferecidos pelos seus concorrentes. relação entre o lucro
e o investimento
inicial, ou seja,
R$ 20.000,00
divididos por
R$ 100.000,00.
Podemos dizer,
então, que o ROI foi
de 20%.

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Logística Empresarial | A cadeia de suprimentos e a estratégia empresarial

Atividade 1
A empresa Alpha é a segunda no ranking de fabricantes de bebidas num certo 1
país. Ela dispõe de uma equipe de colaboradores bem treinada e motivada.
O setor é bastante concorrido, e as empresas não dispõem de recursos para investir.
Um ambiente como esse é desfavorável para a empresa que não consegue ampliar
suas vendas, pois pode acabar fora do jogo. A empresa Alpha utiliza uma ampla rede de
distribuição baseada no transporte rodoviário, mas não dispõe de qualquer ociosidade
na sua frota. A líder do setor possui um volume de vendas e um faturamento que são
superiores aos da Alpha, mas chegou ao seu limite de capacidade e está com dificuldades
para manter sua posição. A líder possui recursos para contratar com elevados salários
novos trabalhadores para expandir suas atividades. A modal logística que a líder emprega
com maior freqüência é a ferroviária, não tendo tradição com o uso de outras modais.
Está para ser inaugurada uma nova rodovia, permitindo o acesso para uma região com
forte potencial de vendas, que até então não era alvo da atenção do setor de bebidas.
O banco de fomento do país abriu linhas de crédito para o financiamento de novos
investimentos. Você, como responsável pela área de Logística, deve realizar uma análise
SWOT do quadro da situação, para estabelecer uma estratégia. Deve, também, indicar
como a função logística pode se inserir na estratégia organizacional.
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Resposta Comentada
Inicialmente, é preciso realizar a identificação das variáveis ambientais fora de
controle, bem como das variáveis internas sob o controle da organização.
Variáveis externas fora de controle
Oportunidades:
– a abertura de uma rodovia liberando acesso a uma região com forte potencial
de vendas;
– o relativo esgotamento da empresa líder do setor;
– a disponibilidade de linhas de crédito para investimentos.

Ameaças:
– o ambiente muito concorrido, apresentando altos riscos para investimentos, e
hostil para a empresa que permanecer inerte;
– possibilidade de fuga de talentos para a concorrente que pode pagar
maiores salários.

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MÓDULO 1
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Variáveis internas sob controle

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Pontos fortes:
– a empresa Alpha possui uma equipe de colaboradores motivada e
treinada;
– a empresa Alpha tem experiência na modal rodoviária.

Pontos fracos:
– a empresa Alpha já está com a sua capacidade de operação na modal
rodoviária saturada.

Alternativa estratégica para a função logística: a empresa Alpha deve aproveitar


sua experiência no emprego da modal rodoviária e desenvolver uma rede
logística suportada por essa modal para tentar conquistar o mercado, que será
disponibilizado com a abertura da nova rodovia. Para tanto, ela deve utilizar as
linhas de crédito abertas para investimentos de tal forma a construir os armazéns
e centros de distribuição na nova região, bem como adquirir veículos para atender
à demanda. A empresa Alpha também deve reestruturar seu plano de salários,
oferecendo novos incentivos, tais como participação nos lucros e resultados,
condicionados ao cumprimento de metas.

OS PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA ESTRATÉGIA LOGÍSTICA

Vimos que a estratégia logística deve estar alinhada com os planos


estratégicos da organização, para promover a sinergia entre as distintas
funções empresariais e atingir os objetivos pretendidos.
Já sabemos também que a eficiência logística, ocorrendo apenas em
uma empresa da grande rede logística ou cadeia de suprimentos, não consegue
produzir um efeito satisfatório no atual estágio de competição, globalização,
aumento de exigências dos clientes e convergência tecnológica.
Isso ocorre porque a ineficiência de um integrante da cadeia de
suprimentos compromete a eficiência da cadeia como um todo. Na
verdade, podemos dizer que a competição ocorre entre as cadeias de
suprimentos que operam cada vez mais integradas. Em virtude de todas
essas condições, extremamente rigorosas do ambiente competitivo, os
gerentes logísticos devem ser capazes de seguir um conjunto de princípios
orientadores da estratégia logística. De acordo com Christopher (2007,
p. 37), esses princípios são os “Quatro Rs” (das iniciais em inglês),
representados por: responsividade (responsiveness); confiabilidade
(reliability); resiliência (resilience); e relacionamentos (relationships).

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O princípio da responsividade busca atender às exigências de


prazos mais curtos de atendimento, combinada com a flexibilidade.
Assim, um determinado fornecedor será dito responsivo na medida em
que for capaz de atender às necessidades específicas de um dado cliente,
ou seja, um pedido customizado, num prazo curto.
A pedra de toque desse princípio orientador da estratégia logística
deve ser a agilidade, caracterizada pela capacidade de se movimentar com
velocidade e satisfazer sem demora a necessidade de um cliente.
Hoje em dia a velocidade da transformação dos mercados é
enorme, de forma que a agilidade acabou por se tornar mais importante
do que a capacidade de formulação de estratégias de longo prazo. Isso
ocorre porque para se estabelecer uma estratégia de longo prazo, é
preciso conhecer os padrões da demanda futura. Tendo em vista que esses
padrões de demanda futura são incertos, planejar a longo prazo torna-se
arriscado, e isso fortalece o papel da capacidade de agir rapidamente.
O princípio da confiabilidade está associado à capacidade de o
canal logístico prover produtos que são demandados pelos clientes, de
tal forma que não ocorra qualquer perda de qualidade em termos de
matéria-prima ou de qualquer outro componente, nem tampouco falta
de conformidade com as especificações do produto solicitado.
Para atender ao princípio da confiabilidade, é necessário que sejam
implementadas mudanças ou reestruturações nos processos que causam
impactos no desempenho da empresa.
Essa linha de ação já é praticada há muito tempo pelos gerentes
de manufatura, que perceberam que a melhor forma de aperfeiçoar a
qualidade do produto não é por intermédio de uma inspeção final, depois
que o mesmo estiver pronto, mas sim por meio do controle ao longo do
processo de fabricação.
Para que ocorra um aumento de confiabilidade nos processos
logísticos, é preciso aumentar a visibilidade do canal logístico, de tal
forma que todos os componentes da rede logística tenham a perfeita
compreensão do que está ocorrendo na ponta de venda ao cliente.
Na maior parte dos casos, não há uma boa visibilidade na demanda
a jusante do canal logístico. Trata-se de um problema que é agravado
à demanda final à medida que se afasta da organização da cadeia de
suprimentos. Assim, quando se atua no sentido de promover a abertura do
canal para permitir uma maior visibilidade desde o início a montante até o
cliente final a jusante, é obtida maior confiabilidade da resposta logística.

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MÓDULO 1
Por sua vez, o princípio da resiliência tem uma analogia com o

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sentido mecânico do termo, que significa a capacidade que um corpo

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possui de se reconstituir para o estado inicial após terem sido encerrados
os efeitos de forças que atuavam sobre ele.
Por exemplo, quando apertamos com a ponta
do dedo uma bola de borracha, para frescobol, ela
inicialmente cede, fazendo com que a sua superfície afunde
à medida que pressionamos com o dedo. Porém, quando
a pressão é interrompida e retiramos a ponta do dedo
da bola, a sua superfície se recompõe, ou seja, retorna à
posição inicial. Mais formalmente, podemos dizer que a
resiliência é a capacidade que um sistema tem de retornar
Fonte: http://www.stockxpert.com/browse.phtml
ao seu estado original ou desejado após terem cessados ?f=view&id=369711

os efeitos da perturbação que o alterou.


Para o caso das empresas, devemos considerar o fato de os
mercados, atualmente, serem voláteis, isto é, terem a volatilidade como
característica marcante, de forma que o ambiente de negócios fica muito
instável para que se possa planejar com eficácia. Assim, o ambiente
nas suas dimensões empresarial, política e econômica fica bastante
sujeito a choques e descontinuidades inesperadas. Um exemplo disso
foi o atentado ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, que
alterou completamente a percepção de risco da humanidade.
O exemplo anterior sugere que mesmo as cadeias de suprimentos
mais eficientes estão sujeitas aos efeitos de eventos impossíveis de se
prever. Como parte desse contexto, as cadeias de suprimentos tornam-se
vulneráveis à ruptura nos ambientes instáveis, o que ameaça a continuidade
dos negócios. A capacidade de suportar essa ocorrência sem solução de
continuidade traduz a resiliência de uma cadeia de suprimentos.
Em passado bastante recente, o principal objetivo de uma cadeia
de suprimentos consistia na minimização de custos ou na otimização do
serviço. Atualmente, o foco está centrado na resiliência de tal forma que
as cadeias de suprimentos possam resistir a distúrbios inesperados.
Um dos problemas na gestão das cadeias de suprimentos, nos
dias atuais, consiste na dificuldade da mudança de cultura dos diretores
e gerentes. Para muitos deles, a chave do sucesso continua a ser a busca
de soluções de baixo custo para ampliar as margens de lucros. Não
obstante, tal procedimento pode ter tornado as cadeias de suprimentos
mais vulneráveis à volatilidade dos mercados.

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Logística Empresarial | A cadeia de suprimentos e a estratégia empresarial

Assim, podemos verificar que as cadeias de suprimentos que


evidenciam resiliência podem até não ser aquelas que possuem os
menores custos, mas, em compensação, são as mais capazes de resistir
às incertezas do ambiente de negócios.
A característica mais importante das cadeias de suprimentos
resilientes é a capacidade de reconhecer onde está o seu elo mais vulnerável.
De um modo geral, essas vulnerabilidades decorrem da existência de
gargalos no processo, ou da dependência de um único fornecedor, ou
ainda de um fornecedor com tempo de reposição longo.
Os processos resilientes ao longo da cadeia de suprimentos são
flexíveis e ágeis, podendo alterar rapidamente a sua configuração, como
resposta às variações ambientais.
Dentre os aspectos que são necessários para a obtenção de resiliência
na cadeia de suprimentos, destaca-se o acesso rápido à informação.
A informação deve ser obtida por meio de um processo colaborativo,
que venha gerar aprendizado ao longo da cadeia de suprimentos. Esse
aprendizado se traduz no conhecimento das melhores práticas a serem
observadas ao longo da cadeia.
O principal objetivo desse compartilhamento de informações
e conhecimento consiste em constituir uma comunidade na cadeia de
suprimentos, por meio da qual passe a existir maior visibilidade dos
distintos perfis de risco a montante e a jusante da cadeia, bem como criar
um compromisso compartilhado para atenuar e gerenciar esses riscos.
Por fim, o último dos princípios a serem observados para a
orientação da estratégia logística é representado pelos relacionamentos.
Hoje existe uma tendência no sentido de que os clientes estão reduzindo
sua base de fornecedores. Para que se tenha uma idéia dessa tendência,
já é comum em muitos setores a prática do “fornecedor único”.
Existe vulnerabilidade evidente de se dispor de uma fonte única,
porque pode acarretar comprometimento nos fluxos de produtos através
do canal logístico da empresa. Entretanto, se partirmos da suposição
de que a cadeia como um todo já é resiliente, então o fato de se ter um
único fornecedor não constituiria um problema sério.
Esse tipo de medida proporciona alguns benefícios, tais como: o
incremento da qualidade; o compartilhamento de inovações; a redução
de custos; e a integração entre a produção e as entregas.

16 CEDERJ
MÓDULO 1
Não obstante, para que tais benefícios se tornem viáveis, é preciso

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que o fornecedor e a empresa cliente estabeleçam uma parceria, sob a

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forma de relacionamentos de longo prazo. As empresas estão descobrindo
que a prática gera benefícios de longo prazo.
Não apenas a empresa cliente se beneficia do aumento da qualidade
e da eficiência, pois os vínculos decorrentes da integração dos processos
entre o fornecedor e a empresa cliente gera uma interdependência mútua,
o que torna mais difícil a entrada de concorrentes desse fornecedor.
É preciso observar que o gerenciamento da cadeia de suprimentos
pressupõe a gestão de relações ao longo de redes complexas de
empresas que, embora sejam, do ponto de vista jurídico-legal, entidades
independentes umas das outras, sob a ótica do sistema logístico são
bastante interdependentes.
Dessa forma, as cadeias de suprimentos que terão sucesso no
futuro serão aquelas que estarão permanentemente voltadas para a busca
de soluções que impliquem compartilhamento de ganhos, com base numa
relação de confiança e de reciprocidade.
É preciso observar que, se esse não é o modelo que até então
prevaleceu como regra de ação entre as empresas, as mudanças no ambiente
de negócios fizeram com que seja talvez o único modelo que terá êxito no
futuro, uma vez que a competição está deixando de ocorrer entre empresas
isoladas e sim entre cadeias de suprimentos como um todo.

Atividade 2
Com base na descrição dos exemplos a seguir, explique quais são os princípios
2
orientadores da estratégia logística que foram violados ou que foram atendidos,
bem como aponte algumas soluções para corrigir a estratégia:
Uma empresa de transporte marítimo de petróleo faz a rota entre o Golfo Pérsico e os
EUA, transportando o produto comprado no Kuwait, cuja empresa de petróleo é seu
fornecedor exclusivo. Ela integra uma cadeia de suprimentos de importante empresa
petroquímica que atua tanto na atividade de refino do petróleo, quanto na produção de
outros derivados sintéticos que, por sua vez, são insumos dos fabricantes de plásticos.
Subitamente, o estreito de Ormuz é bloqueado por uma operação militar do Irã, que exige
a retirada das tropas americanas do Iraque. A cadeia de suprimentos foi interrompida por
essa operação militar.

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Logística Empresarial | A cadeia de suprimentos e a estratégia empresarial

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Resposta Comentada
A empresa de transporte marítimo de petróleo se colocou numa situação de
extrema vulnerabilidade ao restringir suas compras a apenas um fornecedor.
Repare que não se trata de manutenção de relacionamentos, pois as diferenças
culturais não permitiriam avanços significativos, caracterizando-se a relação como
meramente contratual. Com relação à manutenção de apenas uma rota, num local
conturbado por vários conflitos nos últimos anos, houve violação do princípio da
resiliência. Não foi respeitada a possibilidade de rotas alternativas.

OS NÍVEIS DE PLANEJAMENTO DE LOGÍSTICA E CADEIA DE


SUPRIMENTOS

Verificamos em Ballou (2006, p. 52) que o planejamento logístico


tem como propósito responder perguntas acerca do quê, quando e como,
desenvolvendo-se em três níveis: estratégico, tático e operacional.
Podemos diferenciar os três tipos de planejamento em termos de
horizonte de tempo. O horizonte de tempo representa o período à frente
coberto pelo planejamento.
De um modo geral, o planejamento estratégico é considerado
como sendo de longo prazo, e o seu horizonte de tempo é superior a um
ano. Já o planejamento tático possui um horizonte de tempo mais curto,
em regra compreendendo períodos menores do que um ano. Por fim, o
planejamento operacional envolve a tomada de decisão no curto prazo,
com vistas à tomada de decisões diárias ou a cada hora.

18 CEDERJ
MÓDULO 1
Cada nível de planejamento exige uma perspectiva de análise

3
GIRO DE ESTOQUE
distinta. Em razão de seu horizonte de tempo mais longo, o planejamento

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representa o número
estratégico admite o uso de modelos que empregam dados incompletos e de dias necessários
para que todo o
inexatos. Nesse nível de planejamento, os dados podem ser referenciados estoque seja vendido
ou empregado nas
a uma média, e os planos em geral são considerados convenientes atividades operacionais
quando se mostram próximos de um nível ótimo apenas. Por sua vez, da empresa. A empresa
será tão eficiente
o planejamento operacional requer maior precisão dos dados, e as quanto maior for o
giro dos estoques. Para
metodologias de emprego desses dados devem ser capazes de operar se obter essa medida
com a maioria deles num grau de precisão mais elevado. de desempenho, é
preciso identificar o
Como exemplo dos dois tipos de planejamentos, podemos supor total de vendas anuais
(do Demonstrativo de
que o estratégico estabeleça um determinado nível de GIRO DOS ESTOQUES Resultados) e dividi-lo
pelo saldo da conta
como um todo. Já um plano operacional para os estoques deveria
estoques no mesmo
pressupor uma gestão específica para cada item do estoque. período. Será obtido o
número de vezes que
Apresentamos a seguir a Tabela 3.1, que exemplifica algumas o estoque “girou” ao
longo do ano. Para
decisões nos contextos estratégico, tático e operacional. se obter o giro de
estoque em termos
Tabela 3.1: Níveis de decisões logísticas de dias, basta dividir
o número de dias do
Área da Estratégica Tática Operacional ano (considerando-se
decisão um ano de 12 meses
de 30 dias temos que
Roteamento e o ano tem 360 dias)
Seleção da Leasing de
Transporte despacho de pelo valor do giro do
modal equipamento
item estoque. Por exemplo,
Separação suponhamos que
Escolha dos as vendas anuais
Layout da de pedidos/
Armazenagem espaços para tenham um valor de
instalação reposição de
estoques R$ 2.400,00 e que o
estoques
saldo da conta estoques
Desenvolvimento Contratação Liberação no balanço patrimonial
de relações entre e seleção de de pedidos e na mesma data seja
Compra de R$ 120,00. O giro
empresas fornecedores agilização de
compras de estoque terá valor
20. Isso significa que
os estoques foram
Fonte: Adaptado pelo autor. repostos e usados vinte
vezes no ano. Para
obtermos o tempo
O planejamento logístico busca a solução para problemas situados em que os estoques
são completamente
em quatro grandes áreas: empregados antes de
nova reposição basta
– níveis de serviços aos clientes; dividir 360 dias por 20.
– localização das instalações; Teremos então o fato
de que os estoques são
– estoques de produtos; totalmente empregados
em média a cada
– modais de transportes. 18 dias.

CEDERJ 19
Logística Empresarial | A cadeia de suprimentos e a estratégia empresarial

É possível conceber a estrutura do planejamento logístico voltada,


prioritariamente, para o serviço ao cliente, de tal forma que as demais
áreas do planejamento se complementam e interagem com vistas à
promoção de melhorar o nível de serviço ao cliente, conforme sugere a
figura a seguir:

Estratégia de Estratégia de
estocagem localização

Serviço
ao cliente

Estratégia de
transportes

Figura 3.2: Planejamento logístico.

A tomada de decisão logística integra as distintas áreas para que


possa atingir um elevado nível de serviço ao cliente. É preciso observar que
existe uma relação inversa entre a qualidade do serviço ao cliente e os custos
logísticos. Para um baixo nível de serviço ao cliente, é possível empregar
um sistema logístico que utilize modais baratas e que tenha poucos locais
de armazenamento. Não obstante, caso se queira um serviço de elevado
nível de qualidade, maiores serão os custos logísticos. Em virtude dessa
circunstância, a principal meta em termos de planejamento logístico consiste
na determinação de níveis apropriados de serviços aos clientes.
No quesito relacionado à localização das instalações, ou seja, a
localização geográfica dos pontos de estoque e de seus centros de distribuição,
bem como a definição de sua quantidade e tamanho, deve-se tomar por
referência a fatia da demanda que se pretende atender, ou seja, a partir de
uma parcela da demanda (a quantidade que o mercado deseja comprar),
são estabelecidos os caminhos pelos quais os produtos são direcionados
ao mercado.

20 CEDERJ
MÓDULO 1
O estudo de localização das instalações deverá se preocupar

3
em atender à demanda a partir das fábricas, dos vendedores ou locais

AULA
intermediários de estoque, até a entrega ao cliente. A escolha entre
atender o cliente diretamente das fábricas ou optar por passar por pontos
selecionados de armazenamento implicará diferentes níveis de custos de
distribuição. Portanto, uma vez definido o nível de serviço aos clientes,
determinar a estrutura de localização que propicie os menores custos e,
por conseqüência, a maior lucratividade, constitui-se no grande objetivo
da estratégia de localização.
Por sua vez, no quesito relativo às decisões sobre os estoques,
seu foco diz respeito à forma pelo qual os mesmos são gerenciados.
Existem duas possibilidades: os estoques são alocados (“empurrados”)
aos pontos de armazenagem ou os estoques são “puxados” pelos pontos
de armazenagem, conforme regras de reposição.
Além dessas duas possibilidades, a empresa pode, adicionalmente,
localizar de forma seletiva múltiplos itens da sua linha de produtos,
em armazéns da própria fábrica ou em armazéns fora dela. Ela pode,
também, gerenciar os níveis de estoques mediante o uso de métodos de
controle contínuo.
As decisões da empresa com relação aos estoques vão influenciar a
localização das suas instalações, e, por isso, devem ser levadas em conta
na concepção da estratégia logística.
Já o quesito relativo às decisões sobre os transportes diz respeito à
seleção dos modais de transporte mais apropriados, os volumes de carga
a serem transportados, as rotas e a programação dos embarques.
Os aspectos a serem considerados nas decisões sobre os transportes
são a proximidade ou a distância entre os armazéns, as fábricas e os
clientes. Esses fatores costumam influenciar também a localização dos
armazéns. Por fim, é preciso destacar que os níveis de estoques também
dependem das decisões sobre as modais de transporte, haja vista que vão
variar conforme o volume de cada remessa transportada.

CEDERJ 21
Logística Empresarial | A cadeia de suprimentos e a estratégia empresarial

Atividade 3
A empresa Alpha conseguiu um financiamento e vai iniciar o seu planejamento 3
logístico para a tentativa de aproveitamento do mercado recém-aberto. Ela
pretende instalar um centro de distribuição na região central do novo mercado.
Pretende adquirir muitos veículos pequenos e médios para a distribuição, de forma
bastante capilarizada, mas vai optar por fazer leasing em parte da frota por razões
tributárias. Vai, também, disponibilizar geladeiras com bebidas diretamente nos pontos
de venda a varejo, em parceria com os proprietários. Como serão muitos os varejistas
parceiros, boa parte do estoque ficará nos próprios pontos-de-venda, de forma que
o centro de distribuição não será muito grande, reduzindo os custos de estocagem.
A grande jogada será o controle de vendas diretamente no varejista, por intermédio de
leitoras óticas, permitindo que a empresa Alpha tome conhecimento imediato do volume
de vendas em cada ponto e possa acionar a logística de transportes para ressuprimento
no nível mais eficiente. Você foi chamado para indicar os níveis de planejamento logístico
contemplados nesta situação.
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Resposta Comentada
São três níveis de planejamento: estratégico, tático e operacional. Vejamos a
indicação das ações que serão implantadas:

Planejamento estratégico
– o uso da modal rodoviária, com muitos veículos médios e pequenos, para
permitir maior capilarização;
– a definição do tamanho dos centros de distribuição;
– o estabelecimento de relações com os seus clientes.

Planejamento tático
– a opção por fazer leasing em parte da frota por razões tributárias;
– a idéia de disponibilizar geladeiras com bebidas diretamente nos pontos-de-venda
a varejo.
Planejamento operacional
– o controle de vendas diretamente no varejista por intermédio de leitoras
óticas;
– o acionamento da logística de transportes para ressuprimento no nível
mais eficiente com base nas vendas efetivadas.

22 CEDERJ
MÓDULO 1
O PLANEJAMENTO LOGÍSTICO SOB A ÓTICA DE REDE

3
AULA
Segundo Ballou (2006, p. 54), é possível conceber a questão do
planejamento logístico a partir de sua idealização como sendo uma rede
abstrata de ligações e nós, conforme a figura a seguir:

Nó da rede

Ligações

Figura 3.3: Representação gráfica de uma rede logística – fluxo integrado de mate-
riais e informações.

As ligações da rede representam a movimentação de mercadorias


entre os diversos pontos de estocagem. Esses pontos, que podem ser as lojas
varejistas, as fábricas, os vendedores ou os armazéns, são os nós da rede.
Numa rede como essa, podemos admitir a existência de múltiplas
ligações entre os nós, de tal forma a representar diferentes formas de serviços
de transporte, distintas rotas, bem como produtos diferenciados.
Em cada nó também podemos admitir que ocorra uma parada
temporária. Por exemplo: um determinado nó representa um armazém geral
e ali o produto permanece estocado durante um tempo, até ser encaminhado
para uma loja de varejo, antes de chegar ao consumidor final.
É preciso observar que essas atividades de transporte e armaze-
nagem a que são submetidos os fluxos de materiais representam apenas
uma parcela do sistema logístico como um todo. Ao lado dessas
atividades, existe uma rede de fluxos de informação. Na figura, os
fluxos de estoques são representados por linhas cheias e os fluxos de
informação por linhas cortadas.

CEDERJ 23
Logística Empresarial | A cadeia de suprimentos e a estratégia empresarial

As informações são originadas a partir de ganhos com vendas, de


custos de mercadorias, de níveis de estoques, do grau de utilização dos
armazéns, das previsões, das tarifas de transporte etc.
Para os fluxos de informações, os nós da rede representam os vários
pontos de coleta de dados e informações, que podem ser fisicamente
representados pelo funcionário responsável pelo processamento dos
pedidos ou mesmo pelo sistema de computador que realiza as atualizações
periódicas dos registros de estoques.
Do ponto de vista conceitual, é possível verificar semelhanças entre
a rede de fluxo de informações e a rede de fluxo de mercadorias, na medida
em que ambas podem ser vistas como uma malha de ligações e nós.
Não obstante, existe uma diferença fundamental entre essas duas
redes. No canal de distribuição, que vai ao encontro do consumidor final,
as mercadorias transportadas fluem a jusante do processo, ou seja, “rio
abaixo”. Já as informações costumam fluir principalmente, mas não
totalmente, no sentido do cliente para as fontes de matéria-prima, ou a
montante do processo (“rio acima”).
O sistema logístico como um todo integra a rede de mercadorias
e a rede de informações. Essa integração é requerida desde o projeto, de
tal forma que não se deve projetar separadamente cada uma dessas duas
redes, sob pena de reduzir a qualidade do sistema, uma vez que ambas
são interdependentes.
Por exemplo, o projeto da rede de informação deve influenciar os
prazos do ciclo de pedidos de clientes. Esses ciclos de pedidos vão afetar
os níveis de estoques que devem ser mantidos em cada um dos nós da rede
de produtos. Já a disponibilidade de estoques afeta o nível de serviços aos
clientes. O grau de satisfação dos clientes vai influenciar, novamente, o
ciclo de pedidos. Além dessas, existem várias outras interdependências
no sistema logístico.
Com base no que foi visto, podemos afirmar que a chave do efetivo
planejamento logístico consiste na elaboração de um bom projeto de
sistema logístico, capaz de integrar a rede de mercadorias com a rede
de informações.
Assim, a rede deve ser projetada e construída como uma
configuração de armazéns, pontos-de-venda a varejo, fábricas, serviços
de transporte e sistemas de processamento de informações, de tal forma
que seja otimizado o equilíbrio entre os benefícios gerados pelo nível de
serviço ao cliente e os custos de operação da rede.

24 CEDERJ
MÓDULO 1
Atividade Final

3
AULA
A hipercompetição é uma característica marcante no atual ambiente de mercado
4
e, por isso, exerce forte pressão para que as empresas cortem custos sempre que
possível. Avalie a situação a seguir e comente o que você faria como Gerente de Logística
da Empresa Alfa. Você é responsável por parcela significativa dos custos e por função
relevante na operação da empresa.

Menores custos permitem maiores margens de lucro, e as empresas devem buscar soluções
que aumentem a sua eficiência. Amparada nessa razão, a Empresa Alfa está considerando
uma oferta da Empresa Beta, que é fabricante de software integrado de gestão. Ela
oferece um pacote específico, com vantagens de preços e formas de pagamento, mas
não permitiria conexões com programas de outros fabricantes de software.

Não foi pesquisado junto aos parceiros (fornecedores, varejistas etc.) se esse programa
poderia estabelecer comunicação com os seus computadores.

A direção da Empresa Alfa pretende efetivar a compra do pacote, sob o argumento


de que isso fortaleceria a posição da empresa no mercado, melhorando a gestão das
operações e reduzindo os custos.

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Resposta Comentada
Atualmente, é forte a noção de que são as cadeias de suprimentos que competem e não
as empresas soladamente. Dessa forma, a visão de que basta uma empresa melhorar
a sua performance individual, para que seus problemas se resolvam, é falsa. No caso
em questão, é preciso compreender que a empresa está inserida numa rede de fluxos
de materiais e informações, e que o seu êxito é função da eficiência dos fluxos
como um todo. Tal eficiência apenas seria possível na medida em que
ocorresse uma integração ao longo da cadeia de

CEDERJ 25
Logística Empresarial | A cadeia de suprimentos e a estratégia empresarial

suprimentos, e isso apenas seria possível mediante o uso de um software que integrasse
todos os seus elementos. Logo, adquirir um software integrado de gestão que não fosse
compatível com os sistemas de informações das demais empresas não seria uma ação
eficiente, ao contrário, poderia acarretar perdas no futuro, comprometendo a efetividade
de toda a cadeia de suprimentos.

RESUMO

A rede logística é fundamental para a estratégia da empresa como um


todo. Os princípios que devem orientar uma estratégia vencedora são:
responsividade (responsiveness); confiabilidade (reliability); resiliência
(resilience); e relacionamentos (relationships). O planejamento logístico
tem como propósito responder a perguntas acerca do quê, quando e como,
desenvolvendo-se em três níveis: estratégico, tático e operacional. Por fim, a
cadeia de suprimentos como uma rede de fluxos de materiais e informações.
A chave do efetivo planejamento logístico consiste na elaboração de um
bom projeto de sistema logístico que seja capaz de integrar a rede de
mercadorias com a rede de informações.

INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na próxima aula veremos a influência do resultado econômico das


organizações. Afinal, é o lucro que importa como medida de desempenho.

26 CEDERJ

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