Movimentos Feministas e LGBTQIAP+

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MOVIMENTO FEMINISTA

SURGIMENTO
O feminismo é um movimento social, político e filosófico que começou a partir
do século XIX e que tem como finalidade propor direitos iguais entre as mulheres
através do empoderamento feminino, sem a existência de padrões patriarcais ou
impostos pela sociedade.
Estudiosos explicam que a origem do movimento feminista está associado ao período
das revoluções liberais, das quais o grande destaque foi a Revolução Francesa,
influenciada pelos ideais do Iluminismo, pois nessa época foi escrita a “Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão”. Sendo assim, dois anos depois, a revolucionária e
feminista francesa Olímpia de Gouges compôs a “Declaração dos Direitos da Mulher e
da Cidadã”, proclamando que a mulher possuía os mesmos direitos que os homens e
que, por isso, tinha o direito de participar, direta ou indiretamente, da formulação das
leis e da política em geral. Embora ela não tenha sido aceita na Convenção de Direitos,
atualmente, a sua declaração é considerada um símbolo bastante representativo para
o feminismo democrático e racionalista. Contudo, no dia 3 de novembro de 1793, ela foi
executada na França, o que gerou picos de revoltas pelo país e fez surgir vários
movimentos feministas pelo mundo.

Ainda no século XIX, com as mudanças causadas pela Revolução Industrial, esse
cenário começou a mudar, já que as mulheres foram obrigadas a trabalhar nas fábricas
para ajudar no sustento da família. No entanto, as condições de trabalho tanto para
homens quanto para as mulheres eram as piores possíveis. Isso provocou várias
rebeliões, nas quais a classe proletariada exigia melhores condições de trabalho. A
partir de então, o feminismo e a luta pela valorização da mulher começaram a ganhar
espaço.

No final do século XIX, o primeiro movimento feminista surgiu entre mulheres brancas e
de classe média que lutavam por direitos jurídicos e políticos. Elas reivindicavam o
direito de voto e uma vida fora do lar. Elas ainda lutavam pela participação ativa no
cenário político e econômico do país, protestavam pelo direito à educação, ao contrato,
à propriedade, ao divórcio, à igualdade de salário, etc.

A francesa Simone de Beauvoir foi uma importante representante para o feminismo no


final da década de 60 e 70. Ela se tornou uma das maiores teóricas do feminismo
moderno, e ficou popularmente conhecida pela célebre frase publicada em seu livro "O
Segundo Sexo”: "Ninguém nasce mulher, torna-se mulher"
MOVIMENTO FEMINISTA NO BRASIL
No século XIX surgiram os primeiros núcleos em defesa dos ideais feministas em toda
a América Latina. No Brasil, o surgimento do movimento estava bastante relacionado
com a chegada dos ideais anarquistas e socialistas que haviam sido trazidos da
Europa pelos imigrantes. Esses ideais pregavam melhores condições de trabalho em
fábricas, em sua maioria têxtil, onde predominava a força de trabalho feminina. No
mesmo ano, foi aprovada a resolução para salário igualitário e a aceitação de mulheres
no serviço público.

Ao final dos anos 70, as ações feministas do país aliaram-se aos movimentos de luta e
resistência contra a Ditadura Militar no Brasil. Diante disso, ocorreu também uma
aproximação com movimentos sociais de negros e homossexuais.

Já em 24 de fevereiro de 1932, no governo de Getúlio Vargas, é garantido o sufrágio


feminino, sendo inserido no corpo do texto do Código Eleitoral Provisório o direito ao
voto e à candidatura das mulheres, conquista que só seria plena na Constituição de
1946. Um ano após o Decreto de 32, é eleita Carlota Pereira de Queiróz,
primeira deputada federal brasileira.

Com o tempo, o movimento incorporou questões que necessitam melhoramento até os


dias de hoje, entre elas o acesso a métodos contraceptivos, saúde preventiva, igualdade
entre homens e mulheres, proteção à mulher contra a violência doméstica, equiparação
salarial, apoio em casos de assédio, tais discussões que trouxeram para o Brasil
resultados positivos na luta a favor dos direitos das mulheres. Resultado disso é a Lei
Maria da Penha, sancionada durante o governo do presidente Lula em 2006. A Lei
prevê a punição para homens que cometem violência contra a mulher.
O PORQUÊ DO FEMINISMO SE FAZER ESSENCIAL NO SÉCULO XXI
Na reação contemporânea ao feminismo, um dos argumentos é que as mulheres já
teriam conquistado tudo e teriam, hoje, até “mais direitos do que os homens”. Essa ideia,
definida pelo termo pós-feminismo, se popularizou na década de 1980.
Embora exista atualmente, em muitos aspectos, igualdade formal entre mulheres e
homens – reconhecida, por exemplo, nas leis – a igualdade material, ou seja, concreta,
ainda precisa avançar.
Mesmo com as conquistas dos últimos séculos, mulheres ainda vivenciam uma série de
desigualdades por conta de seu gênero: são assassinadas por companheiros e ex-
companheiros, realizam a maior parte do serviço doméstico, mesmo quando trabalham
fora, são minoria em cargos de liderança e ganham menos do que os homens realizando
a mesma ocupação, ainda que tenham, em média, escolaridade mais alta, convivem
com o assédio sexual desde a adolescência, na rua, no transporte público, no trabalho.
Um estudo divulgado em 2020 pelo Fórum Econômico Mundial projeta que, dada a
lentidão dos avanços na igualdade de gênero no mundo entre 2006 e 2020, serão
necessários 257 anos para superar as desigualdades entre mulheres e homens nos
mais de cem países analisados
Ou seja, ainda há muitas consequências do patriarcado enraizado na sociedade que
precisam ser erradicados para a existência de uma sociedade igualitária.
MOVIMENTO LGBT
SURGIMENTO

O Movimento LGBT é um movimento civil e social que busca defender a aceitação das
pessoas LGBT na sociedade. Apesar de não ser um movimento centralizado e
organizado nos seus mais diversos núcleos ao redor do mundo, existem inúmeras
organizações não-governamentais que atuam nesse sentido, oferecendo apoio e
representação para essa parcela da sociedade.

Sempre enfrentando ondas de preconceito e de ódio, agem em busca da igualdade


social, seja por meio da conscientização das pessoas
contra bifobia, homofobia, lesbofobia e transfobia, seja pelo aumento da
representatividade das pessoas LGBT nos mais diversos setores da sociedade civil.

Os primeiros registros históricos de indivíduos homossexuais são datados de cerca de


1.200 a.C., de modo que boa parte dos pesquisadores, estudiosos e historiadores
afirmam que a orientação homossexual era aceita em diversas civilizações.
Entretanto, em vários momentos e partes do mundo, a comunidade LGBT foi e ainda é
violentada, torturada, morta e tem seus direitos usurpados

Em um contexto no qual Inglaterra e Portugal, junto com a Espanha e a França,


dominavam boa parte dos territórios ao redor do globo, a influência de legislações
preconceituosas se estendeu não apenas pela Europa, mas também por todas as
colônias.

Os séculos seguintes também não apresentaram grandes avanços, sendo que grandes
genocídios foram cometidos contra os LGBT. Durante o avanço do nazismo alemão,
por exemplo, a população LGBT era levada aos campos de concentração e extermínio.
Inclusive, dois símbolos do movimento tiveram suas raízes nesse momento
histórico: o triângulo invertido de cor rosa, que designava homens gays, e o triângulo
preto invertido, para as mulheres “antissociais”, grupo no qual se incluíam as lésbicas.
Os LGBT foram submetidos a métodos de tortura, castração, terapias de choque,
lobotomia e até mesmo “estupros corretivos”, tudo isso sob a alegação de que, segundo
teorias de médicos e psicólogos nazistas, a homossexualidade seria uma doença de
ordem mental.

Até os anos 1960, ser homossexual era crime em todos os estados dos Estados Unidos
da América, exceto Illinois, até então símbolo de progressismo no mundo ocidental.
Uma das maiores mentes de todos os tempos, o pai da computação, Alan Turing, por
exemplo, sofreu castração química como pena do governo inglês em 1952, mesmo
após trazer avanços que ajudaram no fim da Segunda Guerra Mundial.

Ao redor do mundo, várias clínicas particulares, sob forte influência religiosa, oferecem
serviços que prometem uma “cura gay” para algo que não é uma doença. Ainda nos
anos 2010, ter relações homossexuais é considerado crime em mais de 73 países,
sendo que 13 punem com a pena de morte.
A REBELIÃO DE STONEWALL

Um dos maiores símbolos de resistência do movimento LGBT foi a chamada Rebelião


de Stonewall. Até os anos 1960, em Nova Iorque nos Estados Unidos, relações entre
pessoas do mesmo sexo eram consideradas ilegais e, por isso, bares e clubes eram um
refúgio para as pessoas da comunidade, já que nestes espaços era possível se
expressar e socializar livremente.

Outros comportamentos também eram considerados ilegais, como por exemplo dar as
mãos, dançar com ou beijar alguém do mesmo sexo. A cidade também proibia estes
estabelecimentos de venderem bebidas alcoólicas para pessoas LGBT+, com a
justificativa de que a reunião de pessoas da comunidade causava “desordem”. Por conta
disso, os policiais costumavam fazer inspeções regulares nestes bares e clubes. Com
o esforço de ativistas da causa, em 1966, esta legislação deixou de ser aplicada.

Durante esta época, a família criminosa Genovese controlava quase todos os bares e
clubes que recebiam a comunidade LGBT+ em Greenwich Village, Nova Iorque. Em
1966, eles compraram o Stonewall Inn, antes um bar e restaurante mais tradicional, e
que após uma reforma foi aberto como um bar para a comunidade LGBT+.

A família Genovese costumava subornar os policiais da cidade para que avisassem


antes de fazerem as inspeções regulares. Os donos também
costumavam chantagear os frequentadores mais ricos do bar, em troca de manter a sua
sexualidade em segredo. Em 28 de junho de 1969, a polícia de Nova Iorque tinha um
mandato para fazer a inspeção do Stonewall Inn. Como desta vez os donos do bar não
foram avisados, quando a polícia chegou, prendeu treze pessoas, desde funcionários
a frequentadores do bar.

Por conta do tratamento agressivo dos policiais, alguns membros da comunidade que
estavam do lado de fora do bar e outras pessoas foram se juntando no local, mas desta
vez as pessoas não se dispersaram como costumava ocorrer durante as ações policiais.
De acordo com relatos de pessoas que estavam em Stonewall, ao tentar prender uma
mulher LGBT que estava no local, o policial acabou por bater a cabeça dela na viatura
e ela começou a pedir apoio do restante do grupo, gritando para que as pessoas no
local começassem a jogar os materiais em volta nos policiais.

Em pouquíssimo tempo, a rebelião começou, a polícia teve de se proteger dentro do bar


e os manifestantes continuaram até outros policiais e bombeiros chegarem ao local.
Depois deste episódio, manifestações nos arredores da cidade ocorreram por cinco
dias e envolveram milhares de pessoas.

Após um ano da rebelião de Stonewall, milhares de pessoas da comunidade LGBT+


marcharam do local do bar até o Central Park. Essa marcha foi reconhecida como a
primeira parada gay dos Estados Unidos. Esse ocorrido também impulsionou a
organização dos ativistas da causa LGBT+ e diversas organizações foram fundadas nos
anos seguintes.

Em 2016, o então Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, designou a área
de Stonewall e arredores como um monumento nacional de modo a reconhecer a
sua importância na luta pelos direitos das pessoas LGBT+ no país.
O MOVIMENTO NO BRASIL E SUAS CONQUISTAS

No Brasil, até a década de 1980 o chamado “homossexualismo” (com o sufixo –ismo,


utilizado para designar doenças) ainda era visto como um transtorno sexual pelo Código
de Saúde do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social. Assim, o
Grupo Gay da Bahia iniciou, no ano de 1981, uma campanha em nível nacional para
a despatologização da homossexualidade, obtendo vitória em 1985 frente ao
Conselho Federal de Medicina. Este processo aconteceu cinco anos antes de a OMS
retirar a homossexualidade de sua lista internacional de doenças.

Também na década de 1980, o Movimento LGBT, por meio do Grupo Triângulo Rosa,
defendeu a utilização do termo “orientação sexual” contra o até então socialmente
utilizado “opção sexual”. A ideia era incluir menções ao termo na Constituinte de 1987,
mais particularmente nas políticas que vetam a discriminação. Apesar de não conseguir
atingir este objetivo em nível nacional, o termo passou a fazer parte de legislações
municipais e estaduais.

A união civil estável e o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo são algumas das
mais recentes e mais importantes conquistas do Movimento LGBT brasileiro. O
casamento entre homossexuais foi legalizado, em 2013, pelo Conselho Nacional de
Justiça.

Os procedimentos de redesignação sexual, também conhecidos popularmente como


“mudança de sexo”, do fenótipo masculino para o feminino, passaram a ser autorizados
pelo Conselho Federal de Medicina. Assim, desde 2008, o Sistema Único de Saúde
(SUS) oferece a cirurgia para os brasileiros. Já em 2010, o processo de redesignação
do fenótipo feminino para o masculino foi aprovado e passou a ser atendido pela rede
de saúde pública. Entretanto, a fila de espera pode ultrapassar os 20 anos, de modo
que a maioria das pessoas busca por soluções privadas, quando há condição financeira
para tanto.

A utilização do nome social e as mudanças de registro civil para a população de


transexuais e travestis também é outra importante conquista do Movimento LGBT.
Desde 2009 os nomes sociais podem ser utilizados no SUS e, desde 2013, é permitido
o uso no Enem. Já em março de 2018, o STF determinou que os indivíduos
transgêneros fossem permitidos a alterar, oficialmente e em cartório, seus nomes e
registros de sexo.
A SIGLA LGBTQIA+ E SEU SIGNIFICADO

LESBICAS: São mulheres que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo


gênero, ou seja, outras mulheres

GAYS: São homens que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero, ou
seja, outros homens.

BISSEXUAIS: Diz respeito aos homens e mulheres que sentem atração


afetivo/sexual pelos gêneros masculino e feminino

TRANSGÊNERO: Diferentemente das letras anteriores, o T não se refere a uma


orientação sexual, mas a identidades de gênero. São pessoas que assumem o
gênero oposto ao de seu nascimento. Uma identidade ligada ao psicológico, e
não ao físico, pois nestes casos pode ou não haver mudança fisiológica para
adequação.

QUEER: Sempre foi usada como uma ofensa para a comunidade LGBTQIA+,
no entanto, as pessoas do grupo se apropriaram do termo hoje é uma forma de
designar pessoas que não se encaixam à heterocisnormatividade, que é a
imposição compulsória da heterosexualidade e da cisgeneridade

INTERSEXO: Pessoas que não se adequam à forma binária (feminino e


masculino) de nascença. Ou seja, seus genitais, hormônios, não se encaixam
na forma típica de masculino e feminino.

ASSEXUAIS: São pessoas que não sentem atração sexual por outras pessoas,
independente do gênero, mas podem sim sentir atração romântica. Existem
diferentes níveis de assexualidade e é comum essas pessoas não verem as
relações sexuais humanas como prioridade.

+ O símbolo de “mais” no final da sigla aparece para incluir outras identidades


de gênero e orientações sexuais que não se encaixam no padrão cis-
heteronormativo, mas que não aparecem em destaque antes do símbolo.

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