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HISTÓRIA DO SURGIMENTO DO MOVIMENTO LGBTQIAPN+
Os primeiros registros históricos de indivíduos homossexuais são datados de
cerca de 1.200 a.C., de modo que boa parte dos pesquisadores, estudiosos e historiadores afirmam que a orientação homossexual era aceita em diversas civilizações. Entretanto, em vários momentos e várias partes do mundo, a comunidade LGBTQIAPN+ foi e ainda é violentada, torturada, morta e tem seus direitos usurpados. Os séculos seguintes também não apresentaram grandes avanços, sendo que grandes genocídios foram cometidos contra os LGBT. Durante o avanço do nazismo, por exemplo, a população LGBT era levada aos campos de concentração e extermínio. Os LGBT foram submetidos a métodos de tortura, castração, terapias de choque, lobotomia e até mesmo estupros corretivos, tudo isso sob a alegação de que, segundo teorias de médicos e psicólogos nazistas, a homossexualidade seria uma doença de ordem mental. Até os anos 1960, ser homossexual era crime em todos os estados dos Estados Unidos da América, exceto Illinois. Ao redor do mundo, várias clínicas particulares, sob forte influência religiosa, oferecem serviços que prometem uma “cura gay” para algo que não é uma doença. Ainda nos anos 2010, ter relações homossexuais é considerado crime em mais de 73 países, sendo que 13 punem com a pena de morte. Em 28 de junho de 1969, uma das mais importantes rebeliões civis da história se inicia, nos Estados Unidos. Gays, lésbicas, travestis e drag queens enfrentam a força policial em um episódio que serviu de base para o Movimento LGBT em todo o mundo. Conhecido como a Rebelião de Stonewall, o episódio durou seis dias seguidos como uma resposta contra a ação preconceituosa do efetivo policial, que tinha como rotina a promoção de batidas e revistas de cunho humilhante nos bares e boates gays da cidade de Nova York. Uma das principais consequências da rebelião foi a criação de dois importantes grupos para a história do Movimento LGBT: o Gay Liberation Front e o Gay Activists Alliance. Já para a vertente transexual, apesar de não haver consenso sobre um episódio específico, a criação da publicação Transvestia: The Journal of the American Society for Equality in Dress, do ano de 1952, foi um marco importante para a luta trans nos Estados Unidos. Isso sem contar que a própria Rebelião de Stonewall contou com a participação importantíssima de duas travestis: Sylvia Rae Rivera e Marsha P. Johnson. Por fim, a articulação do movimento lésbico ganhou muita força durante a segunda onda feminista, que abrangeu as décadas entre os anos 1960 e 1980. Dentro do próprio movimento feminista, a crescente tensão entre as mulheres heterossexuais e as mulheres lésbicas fez com que, aos poucos, elas se auto organizassem em sua própria luta. Hoje, o Movimento LGBT abrange diversas orientações sexuais e identidades de gênero de modo que, mesmo sem uma organização central, promove diversas frentes de luta pelos direitos civis da comunidade.
OBJETIVOS DO MOVIMENTO LGBTQIAPN+
O Movimento LGBTQIA+ é um movimento civil e social que busca defender a aceitação das pessoas representadas por esses termos na sociedade, além do respeito integral aos direitos dessas pessoas. Apesar de não ser um movimento centralizado e único nos seus mais diversos núcleos ao redor do mundo, existem inúmeras organizações não-governamentais que atuam nesse sentido, oferecendo apoio para essa parcela da sociedade. Sempre enfrentando ondas de preconceito e de ódio, o Movimento LGBTQIAPN+ age em busca da igualdade social. Seja por meio da conscientização das pessoas contra bifobia, homofobia, lesbofobia e transfobia. Seja pelo aumento da representatividade das pessoas LGBTQIAPN+ nos mais diversos setores da sociedade. Naturalmente, como todo e qualquer movimento social, o movimento LGBTQIAPN+ é composto por uma ampla rede de ativismo político. Inclui as famosas marchas de rua, bem como grupos voltados para a mídia, as artes e até mesmo as pesquisas acadêmicas.
IDEOLOGIA DO MOVIMENTO LGBTQIAPN+
Por não se tratar de um movimento centralizado, com lideranças organizadas e definidas, é muito difícil afirmar com exatidão quais as pautas principais do Movimento LGBT. Isso se dá, principalmente, porque os diferentes contextos sociais e políticos de cada país demandam uma atuação diferente. Entretanto, existem diversos objetivos comuns aos movimentos ao redor do mundo, como: criminalização da LGBTfobia; fim da criminalização da homossexualidade e das penas correlatas; reconhecimento social da identidade de gênero; fim do tratamento das identidades trans como patologias; fim dos tratamentos de “cura gay”; casamento civil igualitário; permissão para casais homoafetivos adotarem crianças; respeito à laicidade do Estado e fim da influência religiosa nos processos políticos; políticas públicas pelo fim da discriminação; fim dos estereótipos LGBT na mídia e representatividade da comunidade nos meios de comunicação.
AGENTES OPOSITORES AO MOVIMENTO LGBTQIAPN+
Um dos principais opositores do movimento LGBTQIAPN+ são os cristãos, na sua maioria evangélicos. Esse grupo de pessoas são opositores desse movimento usando como justificativa sua religião. Os opositores dizem que a homossexualidade é um pecado, usando como fontes a Bíblia e seus “ensinamentos”. Os mesmos não pensam duas vezes ao julgar, maltratar, judiar e desrespeitar a comunidade LGBTQIAPN+, esquecendo muitas vezes que diante de constituição todos nós devemos ser respeitados e ter nossos direitos garantidos por sermos seres humanos e não por nossa orientação sexual. É importante ressaltar que no ano de 2023, 230 pessoas da comunidade foram mortas brutalmente e cruelmente simplesmente por serem quem são, infelizmente esses números de lá pra cá estão crescendo rapidamente. O Brasil segue em primeiro lugar por 15 vezes seguidas do pais que mais mata pessoas LGBTs no mundo. Esses mesmos opositores pensam que fazer parte da comunidade LGBTQIAPN+ é uma escolha que fazemos, estão totalmente errados a respeito dessa afirmação. É muita ignorância dizer algo tão estúpido, essas pessoas não escolhem ser gays, não escolhem ser lésbicas, não escolhem ser transexuais, não escolhem ser expulsas de suas casas, não escolhem ter que viver da prostituição e muito menos escolhem serem mortas e ser só mais um no meio de milhares. Nossa sociedade teve guerras históricas horrorosas e as piores foram aquelas que foram feitas em nome de Deus, as cruzadas é um exemplo, a escravidão é um exemplo, o nazismo é um exemplo, a ditadura militar, que torturou e explodiu silicones de travestis, matou e escondeu corpos, todas em nome de Deus. Lembrando que a comunidade LGBTQIAPN+ não buscam uma guerra com os cristãos, o que o movimento quer concretizar com muito sacrifício e com muita dificuldade é defender os pouquíssimos direitos que eles possuem em uma sociedade que os oprimi e os marginalizam, todos os dias constantemente.
CONQUISTAS DO MOVIMENTO LGBTQIAPN+
Ao longo das décadas, o Movimento LGBTQIAPN+ obteve diversas conquistas. No Brasil, até a década de 1980 o chamado “homossexualismo” (com o sufixo –ismo, utilizado para designar doenças) ainda era visto como um transtorno sexual pelo Código de Saúde do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social. Assim, o Grupo Gay da Bahia iniciou, no ano de 1981, uma campanha em nível nacional para a despatologização da homossexualidade, obtendo vitória em 1985 frente ao Conselho Federal de Medicina. Este processo aconteceu cinco anos antes de a OMS retirar a homossexualidade de sua lista internacional de doenças. Também na década de 1980, o Movimento LGBTQIAPN+, por meio do Grupo Triângulo Rosa, defendeu a utilização do termo “orientação sexual” contra o até então socialmente utilizado “opção sexual”. A ideia era incluir menções ao termo na Constituinte de 1987, mais particularmente nas políticas que vetam a discriminação. Apesar de não conseguir atingir este objetivo em nível nacional, o termo passou a fazer parte de legislações municipais e estaduais. As Paradas do Orgulho LGBT também são uma importante conquista do movimento no Brasil, reunindo um grande público a cada ano e trazendo ainda mais visibilidade para a comunidade. A união civil estável e o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo são algumas das mais recentes e mais importantes conquistas do Movimento LGBTQIAPN+ brasileiro. O casamento entre homossexuais foi legalizado, em 2013, pelo Conselho Nacional de Justiça. Os procedimentos de redesignação sexual, também conhecidos popularmente como “mudança de sexo”, do fenótipo masculino para o feminino, passaram a ser autorizados pelo Conselho Federal de Medicina. Assim, desde 2008, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a cirurgia para os brasileiros. Já em 2010, o processo de redesignação do fenótipo feminino para o masculino foi aprovado e passou a ser atendido pela rede de saúde pública. Entretanto, a fila de espera pode ultrapassar os 20 anos, de modo que a maioria das pessoas busca por soluções privadas, quando há condição financeira para tanto. A utilização do nome social e as mudanças de registro civil para a população de transexuais e travestis também é outra importante conquista do Movimento LGBTQIAPN+. Desde 2009 os nomes sociais podem ser utilizados no SUS e, desde 2013, é permitido o uso no Enem. Já em março de 2018, o STF determinou que os indivíduos transgêneros fossem permitidos a alterar, oficialmente e em cartório, seus nomes e registros de sexo.
IMPORTÂNCIA ATUAL DO MOVIMENTO LGBTQIAPN+
O movimento LGBTQIAPN+ é importante porque, acima de tudo, ele representa uma luta constante de toda uma comunidade por condições de vida e acesso igualitário a oportunidades, espaços e direitos. De forma incansável, esses indivíduos buscam superar preconceitos e legislações que resultam em crimes de ódio e invisibilização de diversas formas de existência. No dia a dia, inúmeros desafios são impostos aos indivíduos LGBTQIA+. A alguns grupos, como as pessoas trans, a luta pelo acesso a locais de uso comum sem ser vítima de violência ou preconceito ainda é uma realidade. Em alguns casos, o acesso à saúde gratuita e com uma abordagem humanitária e livre de preconceitos também é dificultado. Esses desafios são resultados de um longo período de cerceamento ao acesso e demonização de algumas identidades de gênero, muitas vezes respaldado pela legislação vigente e com apoio de uma parte da sociedade. É importante lembrar que toda forma de amor é válida!