Questões Gêneros Literários
Questões Gêneros Literários
Questões Gêneros Literários
(USF SP/2016) –As obras lidas para este vestibular pertencem a gêneros e períodos
distintos de nossa produção literária. A respeito delas, analise as afirmativas a seguir e
identifique a(s) correta(s).
I. Vidas secas apresenta um vocabulário seco, como a temática tratada. O narrador, ao
contar a saga de Fabiano, Sinhá Vitória, dos meninos sem nome e da cachorra Baleia,
registra a marginalização social, a exploração do homem pelo homem, a desumanização
dos personagens e a falta de comunicação nas relações familiares, entre outras abordagens.
II. Memórias póstumas de Brás Cubas, a obra que inicia o Realismo brasileiro, é
impregnada da visão cientificista, bem ao gosto do público da época. Questões como o
Determinismo biológico, social e histórico, o materialismo, o predomínio do instinto sobre
a razão e do psicológico sobre a ação são algumas das características mais marcantes da
obra.
III. Memórias de um sargento de milícias pode ser entendida como uma obra de transição
entre o Romantismo e o Realismo. A história de Leonardinho é permeada por aventuras nos
subúrbios cariocas e mostra um herói atrevido, politicamente incorreto e irreverente. Além
disso, a voz narrativa antecipa a conversa com o leitor e a metanarrativa que ganhará força
com a literatura machadiana.
IV. Sentimento de mundo mostra um eu lírico que se reconhece no mundo que precisa ser
salvo, mas que reconhece também o fatal distanciamento entre os homens. O poeta
solitário se transforma, então, em poeta solidário, que recria o mundo pela depuração,
buscando sua essência.
É correto o que se afirma apenas em:
a) II, III e IV.
b) I, III e IV.
c) II e IV.
d) I e III.
e) I, II, III e IV.
Texto 1
No meio do caminho
No meio do caminho tinha
uma pedra
Tinha uma pedra no meio
do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha
uma pedra
[…]
(ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro/ São Paulo: Record, 2000. (fragmento).
Texto 2
A comparação entre os recursos expressivos que constituem os dois textos revela que:
a) o texto 1 perde suas características de gênero poético ao ser vulgarizado por histórias em
quadrinho.
b) o texto 2 pertence ao gênero literário, porque as escolhas linguísticas o tornam uma
réplica do texto 1.
c) a escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes, caracteriza-os como
pertencentes ao mesmo gênero.
d) os textos são de gêneros diferentes porque, apesar da intertextualidade, foram
elaborados com finalidades distintas.
e) as linguagens que constroem significados nos dois textos permitem classificá-los como
pertencentes ao mesmo gênero.
(UFSCar – 2002)
Soneto de fidelidade
(Vinicius de Moraes)
(UCS RS/2016) –Os excertos a seguir são de Cecília Meireles e Carpinejar, respectivamente.
“Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas”.
(MEIRELES, 2000, p. 27).
Em ambas as composições, os versos acima revelam que o sujeito lírico tem do mundo uma
percepção
a) emotiva.
b) sensorial.
c) onírica.
d) racional.
e) sentimental.
O soneto é uma das formas mais tradicionais e, na maioria das vezes, tem conteúdo:
a) lírico.
b) cronístico.
c) épico.
d) dramático.
e) satírico.
(UERJ)
Este trecho faz parte do início de um conto. Seu narrador alerta o leitor para o caráter
ficcional do relato que passará a ler.
Isso se dá por meio do seguinte recurso:
a) assumir uma história sem princípio, meio e fim
b) construir uma frase longa com ritmo fluente de narrativa
c) usar o verbo supor como marca de início dos acontecimentos
d) sugerir o Tempo e a Eternidade como metáforas humanizadas
(UERJ)
O início do conto Sonata estabelece as referências para categorias importantes da
narrativa. As categorias de tempo, espaço e o caráter do personagem-narrador são
delimitados, respectivamente, pelos seguintes elementos do texto:
a) outono, ruas, piano
b) tempo, rio sem nascentes, barco
c) Segunda Guerra, Paris, Beethoven
d) gramofone, cômodos, bicho-de-concha
(UFTM-MG)
Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! votei meus pobres dias
À sina douda de um amor sem fruto…
E minha alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus? morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!
(Álvares de Azevedo, Adeus, meus sonhos!; em Lira dos Vinte Anos)
Assinale a alternativa que dá sequência à frase, fazendo citação em discurso indireto do
trecho do poema, de acordo com a norma culta. O eu lírico afirmou que:
a) ele pranteia e morre.
b) tanta vida morria na sua triste mocidade.
c) ele votou seus pobres dias…
d) sua alma na terra então dormia.
e) morra comigo a estrela de cândidos amores.
Gêneros Literários: Leia o trecho abaixo e assinale a opção que melhor o descreve.
“IV
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.”
a) Possui características do gênero lírico e do épico.
b) Possui características do gênero épico e dramático.
c) Possui características do gênero lírico e do dramático
d) Possui características apenas do épico.
(ENEM – 2009)
Gênero dramático é aquele em que o artista usa como intermediária entre si e o público a
representação. A palavra vem do grego drao (fazer) e quer dizer ação. A peça teatral é, pois,
uma composição literária destinada à apresentação por atores em um palco, atuando e
dialogando entre si. O texto dramático é complementado pela atuação dos atores no
espetáculo teatral e possui uma estrutura específica, caracterizada: 1) pela presença de
personagens que devem estar ligados com lógica uns aos outros e à ação; 2) pela ação
dramática (trama, enredo), que é o conjunto de atos dramáticos, maneiras de ser e de agir
das personagens encadeadas à unidade do efeito e segundo uma ordem composta de
exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho; 3) pela situação ou ambiente, que é o
conjunto de circunstâncias físicas, sociais, espirituais em que se situa a ação; 4) pelo tema,
ou seja, a ideia que o autor (dramaturgo) deseja
expor, ou sua interpretação real por meio da representação.
COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973
(adaptado).
Considerando o texto e analisando os elementos que constituem um espetáculo teatral,
conclui-se que:
a) a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um fenômeno de ordem individual,
pois não é possível sua concepção de forma coletiva.
b) o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e construído pelo cenógrafo de
modo autônomo e independente do tema da peça e do trabalho interpretativo dos atores.
c) o texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros textuais, como contos,
lendas, romances, poesias, crônicas, notícias, imagens e fragmentos textuais, entre outros.
d) o corpo do ator na cena tem pouca importância na comunicação teatral, visto que o mais
importante é a expressão verbal, base da comunicação cênica em toda a trajetória do teatro
até os dias atuais.
e) a iluminação e o som de um espetáculo cênico independem do processo de
produção/recepção do espetáculo teatral, já que se trata de linguagens artísticas diferentes,
agregadas posteriormente à cena teatral.
(ENEM – 2009)
Confidência do Itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa…
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
ANDRADE, C. D.
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.
Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento modernista brasileiro.
Com seus poemas, penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as
inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é feita de uma relação tensa entre o
universal e o particular, como se percebe claramente na construção do poema Confidência
do Itabirano. Tendo em vista os procedimentos de construção do texto literário e as
concepções artísticas modernistas, conclui-se que o poema acima:
a) representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom contestatório e à utilização de
expressões e usos linguísticos típicos da oralidade.
b) apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a apresentação objetiva
de fatos e dados históricos.
c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por intermédio de
imagens que representam a forma como a sociedade e o mundo colaboram para a
constituição do indivíduo.
d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do poeta e da poesia em
comparação com as prendas resgatadas de Itabira.
e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da individualidade, da saudade da
infância e do amor pela terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos.
(ENEM-2009)
A partida
Acordei pela madrugada. A princípio com tranquilidade, e logo com obstinação, quis
novamente dormir. Inútil, o sono esgotara-se. Com precaução, acendi um fósforo: passava
das três. Restavame, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco.
Veio-me então o desejo de não passar mais nem uma hora naquela casa. Partir, sem dizer
nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e de amor.
Com receio de fazer barulho, dirigi-me à cozinha, lavei o rosto, os dentes, penteei-me
e,voltando ao meu quarto, vesti-me. Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da
cama. Minha avó continuava dormindo. Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas
palavras… Que me custava acordá-la, dizer-lhe adeus?
LINS, O. A partida. Melhores contos. Seleção e prefácio de Sandra Nitrini. São Paulo: Global,
2003.
No texto, o personagem narrador, na iminência da partida, descreve a sua hesitação em
separarse da avó. Esse sentimento contraditório fica claramente expresso no trecho:
a) “A princípio com tranquilidade, e logo com obstinação, quis novamente dormir”
b) “Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco”
c) “Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da cama”
d) “Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e amor”
e) “Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras…”
(ENEM – 2010)
Texto I
Logo depois transferiram para o trapiche o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes
proporcionava. Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas,
porém, que aqueles meninos, moleques de todas as cores e de idades as mais variadas,
desde os nove aos dezesseis anos, que à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da
ponte e dormiam, indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando, indiferentes à
chuva que muitas vezes os lavava, mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com
os ouvidos presos às canções que vinham das embarcações…
AMADO, J. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento).
Texto II
À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do mercado de peixe, ergue-se o velho
ingazeiro – ali os bêbados são felizes. Curitiba os considera animais sagrados, provê as
suas necessidades de cachaça e pirão. No trivial contentavam-se com as sobras do
mercado.
TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009
Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados são exemplos de uma abordagem
literária recorrente na literatura brasileira do século XX. Em ambos os textos, a linguagem
afetiva:
a) aproxima os narradores dos personagens marginalizados.
b) a ironia marca o distanciamento dos narradores em relação aos personagens.
c) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela a sua origem social.
d) o espaço onde vivem os personagens é uma das marcas de sua exclusão.
e) a crítica à indiferença da sociedade pelos marginalizados é direta.