Homeopatia Teorico II

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Origem, Obtenção das Tinturas e Escalas

Homeopáticas

Conteudista: Prof.ª M.ª Renata Faleiros de Freitas


Revisão Textual: Esp. Danilo Coutinho de Almeida Cavalcante

Objetivos da Unidade:

Confeccionar rótulos de acordo com as normas;

Conhecer os métodos e escalas de manipulação de medicamentos.

ʪ Material Teórico

ʪ Material Complementar

ʪ Referências
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ʪ Material Teórico

Introdução
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os medicamentos são produtos
farmacêuticos preparados utilizando-se como matéria-prima insumos de origem química,
sintética e natural, que são usados para tratamentos fisiopatológicos ou fisiológicos.

Os medicamentos alopáticos possuem sua ação terapêutica de acordo com a quantidade de


droga administrada, enquanto que, com os medicamentos homeopáticos, obtêm-se a cura por
meio da sua capacidade de atuar sobre a vitalidade, visto que o medicamento homeopático atua a
nível energético (Energia Vital – EV) (BRASIL, 2019).

“Medicamento homeopático é toda forma farmacêutica de dispensação ministrada

segundo o princípio da semelhança e/ou da identidade, com finalidade curativa


e/ou preventiva. É obtido pela técnica de dinamização e recomendado para uso
interno ou externo.”

- FARMACOPEIA HOMEOPÁTICA BRASILEIRA, 2011


O simillimum de um paciente será o "remédio" manipulado segundo os princípios da
homeopatia.

Hoje em dia, as prescrições, as preparações e a dispensação desses medicamentos são domínio


do farmacêutico homeopata, assim como acontece com outras formas farmacêuticas,
manipuladas de acordo com a farmacotécnica homeopática Brasileira. Dentre essas outras
formas podemos citar os isoterápicos e os autoisoterápicos, que não são testados em pessoas
sadias (FELIX, 2018).

Origem do Medicamento Homeopático


As origens dos medicamentos homeopáticos podem ser dos reinos vegetal, mineral ou animal.
Substâncias químicas, farmacêuticas, biológicas, fungos, bactérias e protozoários, são
exemplos de matérias-primas empregadas para a manipulação dos medicamentos
homeopáticos (FONTES, 2018).

Reino Vegetal
Cerca de 80% dos remédios homeopáticos são obtidos a partir do material bruto de algumas
plantas: pode-se utilizar a planta inteira, cascas, folhas, raízes, frutos, sementes, flores,
produtos extraídos ou mesmo transformados (chamados de sarcódios), além de produtos de
origem patológica (os chamados de nosódios). Sendo todos muito utilizados na preparação dos
medicamentos homeopáticos.

Muitos confundem homeopatia com fitoterapia, pois ambas utilizam vegetais para o tratamento
de seus pacientes. A diferença é que a homeopatia usa doses mínimas potencializadas e
prescritas seguindo a lei dos semelhantes, enquanto que a fitoterapia utiliza concentrações
específicas e segue a lei dos contrários (FELIX, 2018)

As partes vegetais utilizadas para a preparação das tinturas homeopáticas (tinturas-mães) nem
sempre coincidem com as partes de uma mesma planta utilizadas na fitoterapia.

Medicamentos homeopáticos preparados a partir de vegetais:


Plantas inteiras: Atropa belladonna, Drosera rotundifolia, Pulsatilla nigricans,
Hypericum perforatum.

Figura 1 – Atropa Belladonna


Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons

Suas partes: bulbos, raízes, rizomas, sementes, folhas, flores e frutos.


Figura 2 – Allium Cepa (bulbo)
Fonte: Wikimedia Commons

Outras partes:

Lycopodium clavatum (esporos);

Berberis vulgaris (casca da raiz);

China o cinalis (casca do caule);

Hamamelis virginiana (mistura de cascas do caule e folhas);

Crocus sativus (estigmas);

Thuya occidentalis (ramos);

Ruta graveolens (parte aérea);


Carbo vegetabilis (lenho) (RIGOTTI, 2016).

Figura 3 – Lycopodium clavatum (esporos)


Fonte: Wikimedia Commons

Seus produtos extrativos ou de transformação (sarcódios):

Terebinthina (oleorresina);

Colchicinum (alcaloide);

Opium (látex).
Figura 4 – Opium (látex)
Fonte: cdn.adf.org.au

Origem patológica (Nosódios): Ustilago maidis (patologia encontrada no milho


ocasionada pelo fungo).
Figura 5 – Ustilago maidis (doença do milho provocada por
um fungo)
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 6 – Secale cornutum (esporão do centeio)
Fonte: Wikimedia Commons
A parte a ser utilizada, deve-se pesquisar em monografias e na Farmacopeia. É necessário
atentar para a época de coleta e até mesmo para o ambiente onde o vegetal foi cultivado, já que
limpeza e outros cuidados são fatores importantes para a preparação de tinturas e
medicamentos homeopáticos a partir de plantas (BRASIL, 2019).

Diferentes partes de um mesmo vegetal poderão ser utilizadas , desde que possuam patogenesia
iguais às partes originalmente experimentadas. As plantas frescas são preferíveis às dessecadas,
pois o rendimento das drogas obtidas a partir de plantas dessecadas é, na média, inferior em
30% nos órgãos subterrâneos, 50% nas cascas e 15% nas folhas e demais partes aéreas
(FONTES, 2018; RIGOTTI, 2016).

Reino Mineral
No reino mineral, muitos materiais são obtidos naturalmente, enquanto outros são produzidos
em laboratórios. Há uma rica quantidade de substâncias minerais empregadas na manipulação
dos medicamentos homeopáticos: algumas são simples, como Mercurius solubilis, outras são
compostas, como Kalium iodatum. Outros medicamentos minerais comumente prescritos são:
Sulfur, Phosphorus e Causticum.

O Sulfur, adotado na homeopatia, é o enxofre, vindo de minas italianas, na Sicília.


Figura 7 – Sulphur (enxofre proveniente das minas
italianas na Sicília)
Fonte: Wikimedia Commons

Acidum muriaticum, Acidum phosphoricum, Kalium sulfuricum e Sulfanilamidum são exemplos de


medicamentos de origem industrial, produzidos em laboratórios e indústrias químicas.

As preparações especiais são obtidas de acordo com as fórmulas e normas técnicas deixadas por
Hahnemann, como Calcarea acetica, Hepar sulfur, Causticum e Mercurius solubilis (FONTES,
2018). 

Reino Animal
Importantes drogas empregadas com frequência em homeopatia são Sepia o cinalis e Calcarea
carbonica. À maneira dos vegetais, o animal pode ser utilizado inteiro, por meio de suas partes,
de seus produtos extrativos ou de transformação (sarcódios) ou ainda dos seus produtos
patológicos (nosódios).

Figura 8 – Sepia o cinalis


Fonte: Wikimedia Commons
Figura 9 – Calcarea carbonica
Fonte: Wikimedia Commons

Medicamentos homeopáticos preparados a partir de animais:

Animais inteiros: Apis mellifica (abelha europeia), Formica rufa (formiga-ruiva),


Aranea diadema (aranha porta-cruz);

Suas partes: Thyroidinum (glândula tireoide); Carbo animalis (couro de boi


carbonizado);

Seus produtos extrativos ou de transformação: Lachesis muta (veneno da cobra


surucucu); Calcarea carbonica (parte interna da concha da ostra); Crotalus horridus
(veneno da cascavel norte-americana); Sepia succus (secreção da bolsa tintória da
sépia);
Seus produtos patológicos: Medorrhinum (pus blenorrágico); Psorinum (conteúdo
seroso da vesícula escabiótica) (RIGOTTI,2016).

Reino Fungi (Fungos)


Os fungos, cogumelos e leveduras fazem parte do reino vegetal, os fungos não possuem
clorofila, celulose e tecidos verdadeiros (RIGOTTI, 2016; FONTES, 2018).

Exemplo: Agaricus muscarius (agárico mosqueado).


Figura 10 – Agaricus muscarius (agárico mosqueado)
Fonte: Pixabay

Reino Monera (Bactérias)


São compostas por células sem núcleos organizados (células procariontes) e são classificadas
pelos seus produtos fisiológicos: as toxinas (sarcódios).

Exemplos:

Streptococcinum (Streptococcus pyogenes);

Colibacillinum (Escherichia coli);

Tuberculinum (tuberculina bruta de Koch).

Toxinas não podem ser consideradas nosódios, pois não são produzidas pelo organismo
doente e sim pelas próprias bactérias.
Figura 11 – Streptococcinum (Streptococcus pyogenes)
Fonte: Rawpixel

Reino Protista (Protozoários)


Apresentam células com núcleos organizados (células eucariontes).

Exemplos:
Giardinum (Giardia lamblia – um protozoário);

 Fucus vesiculosus (Fuscus vesiculosus – uma espécie de alga) (FONTES, 2018).

Figura 12 – Fucus vesiculosus (uma espécie de alga)


Fonte: Wikimedia Commons

Veículos e Excipientes / Recipientes, Embalagens e


Rotulagem
Os produtos e substâncias utilizados na manipulação de medicamentos homeopáticos, como as
extrações (TM), as diluições e as sucussões, são chamados de insumos inertes. Esses insumos
são conhecidos como veículos e excipientes, não possuindo ação terapêutica. São insumos
inertes: água, álcool etílico, glicerina, lactose e sacarose; também os glóbulos, os microglóbulos,
os comprimidos e tabletes inertes.
A Farmacopeia Homeopática Brasileira, em sua 3ª edição, considera ainda como insumos
inertes, para as formas farmacêuticas homeopáticas de uso externo: o algodão e a gaze
utilizados para os apósitos medicinais (emplastros); as bases para os linimentos, pomadas,
cremes, géis, géis-creme e supositórios; bem como os amidos, carbonatos, estearatos e outros
utilizados na preparação dos pós medicinais (FARMACOPEIA HOMEOPÁTICA BRASILEIRA, 2011).

Água
Na homeopatia, utiliza-se a água obtida através dos processos de destilação, deionização com
filtração esterilizante, Milli-Q e osmose reversa. A água utilizada deverá possuir algumas
características, como ser incolor, inodora, límpida e isenta de impurezas, como amônia, cálcio,
metais pesados, sulfatos e cloretos. 

Álcool
O álcool etílico deverá ser incolor, límpido, com odor, sabor ardente e isento de impurezas, como
aldeídos e álcoois superiores. Este é um insumo inerte bastante usado em diversas
concentrações para as diluições e preparações de tintura e matrizes.

Álcool 20%: usado na diluição da forma sólida (trituração) para a forma líquida;

Álcool 30%: usado na dispensação dos remédios homeopáticos cuja forma


farmacêutica é a de gotas;

Álcool 70%: usado nas dinamizações intermediárias;

Álcool igual ou superior a 70%: usado na manipulação de formas farmacêuticas


sólidas (glóbulos, comprimidos, tabletes);

Álcool 96%: usado na manipulação das dinamizações na escala cinquenta milesimal


(proporção 1/50.000);

Outras diluições alcoólicas: utilizadas na manipulação partindo das tinturas e nas


diluições subsequentes; nas três primeiras dinamizações preparadas na proporção
1/100 (centesimais) ou nas seis primeiras dinamizações preparadas na proporção
1/10 (decimais) (FONTES, 2018).

Glicerina
Deverá ser incolor, bidestilada, com viscosidade, odor característico, sabor doce, isenta de
contaminantes como: acroleína, sulfatos, cloretos, metais pesados etc.

A glicerina deverá ser usada na manipulação de tinturas homeopáticas quando insumo ativo for
de órgãos e glândulas de animais (FELIX, 2018).

Lactose
Originada do leite, deve ser livre de impurezas como: amido, sacarose e glicose.

Sacarose
Originada da cana-de-açúcar, deve ser livre de impurezas como: metais pesados, cálcio, cloretos
e sulfatos (FONTES, 2018).

Glóbulos Inertes
Originados da sacarose ou mistura de sacarose e lactose, são obtidos industrialmente com peso
médio de 30mg (nº 3), 50mg (nº 5) e 70mg (nº 7), na forma esférica. 

Microglóbulos
Originados da sacarose e amido, sua fabricação é parecida com a dos glóbulos e a padronização
de seu peso médio é de 63 mg para cada cem microglóbulos (FONTES, 2018).
Comprimidos Inertes
Originados da lactose ou da mistura de lactose e sacarose sob compressão, têm peso entre 100 e
300 mg e forma discoide, sendo homogêneos e regulares.

Microglóbulos Inertes
Originados da sacarose e amido, sua fabricação é parecida com a dos glóbulos e a padronização
de seu peso médio é de 63 mg para cada cem microglóbulos (FONTES, 2018).

Comprimidos Inertes
Originados da lactose ou da mistura de lactose e sacarose sob compressão, têm peso entre 100 e
300 mg e forma discoide, sendo homogêneos e regulares.

Tabletes Inertes
Originados da lactose, são feitos em tableteiro por meio de moldagem. Têm peso entre 100 e 300
mg (FELIX, 1988).

Recipientes e Acessórios
Na preparação, estocagem e dispensação dos medicamentos homeopáticos, as substâncias
deverão ser armazenadas em recipiente e acessórios livres de interações.

Para as tinturas-mães, deve ocorrer o mesmo procedimento, sendo utilizados


preferencialmente frascos de vidros (ABFH, 2003).
Embalagens e Rotulagens
Os medicamentos homeopáticos devem obedecer à Resolução RDC nº 67, de 8 de outubro de
2007, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), bem como as regras da última
edição da Farmacopeia Homeopática Brasileira.

Os produtos manipulados e dispensados nas farmácias homeopáticas devem apresentar nos


rótulos os seguintes dizeres: nome do estabelecimento, endereço completo, telefone, CNPJ
(Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), número da licença da farmácia fornecido pelo órgão de
saúde competente, nome do farmacêutico responsável e seu número de inscrição no Conselho
Regional de Farmácia e a farmacopeia ou código utilizado. Além dessas exigências, os rótulos
devem apresentar os seguintes elementos: nome do paciente; nome do medicamento;
dinamização; escala e método; forma farmacêutica; quantidade e unidade; data de fabricação e
prazo de validade (FONTES, 2018).

Técnicas de Obtenção de Tinturas Homeopáticas


Os medicamentos homeopáticos são preparados a partir de drogas e de tinturas homeopáticas
conhecidas como tinturas-mães. Uma tintura-mãe corresponde a uma forma farmacêutica
básica (FFB), pois se trata de substância que constituiu o ponto de partida para a manipulação
das formas farmacêuticas derivadas (FFD).

Tintura-mãe (símbolos TM ou Ø) é o processo pelo qual uma droga vegetal, animal ou mineral,
sofre extração e/ou dessorção. Esse processo pode ocorrer por meio de soluções hidroalcoólicas
ou hidroglicerinadas, bem como pelos processos de maceração ou percolação. A TM pode ser
obtida a partir de vegetal fresco ou dessecado e de animal vivo, recém-sacrificado ou dessecado
(FONTES, 2018).

Processos de Obtenção de Tinturas-mães


Os principais processos de obtenção das tinturas-mães são a maceração, a percolação e a
expressão. Esses métodos de extração são utilizados de acordo com a natureza da droga
empregada na preparação da TM.

O método de maceração integra a droga vegetal ou animal com os solventes, os quais deverão
sofrer agitação em tempo fracionado (ABFH, 2007).

O método de percolação consiste essencialmente em fazer passar o insumo inerte através da


droga, já umedecida e contida em um recipiente adequado, até que todos os fármacos solúveis
sejam esgotados (ABFH, 2007).

O método de expressão consiste na redução da droga vegetal fresca em pedaços pequenos até a
obtenção de uma pasta fina (ABFH, 2007).

Preparação de Tintura-mãe de Origem Vegetal (Fresco)

Droga: vegetal fresco ou dessecado;

Parte empregada: vegetal inteiro, parte ou secreção;

Líquido extrator: etanol em diferentes graduações, segundo monografia da droga.


Caso não haja especificação em monografias, o teor alcoólico no início da extração
deverá ser de 60% (v/v) e, ao final, de 55% (v/v) a 65% (v/v);

Método de extração: maceração ou percolação;

Relação resíduo sólido/volume final da TM: 1:10 (p/v) (10%) (FONTES, 2018).

Cálculos do Resíduo Sólido


Calcular o resíduo sólido (r.sol.):

TM = 10x % do r.sol.
100g do vegetal deixa em estufa até peso constante.

peso final – peso inicial = r.sol.

Saiba Mais
Plantas com resinas, óleos essenciais, materiais voláteis:
temperatura da estufa ≤ 50ºC, demais = 100ºC.

A seguir, calcular % do r. sol. na amostra, arredondando o valor para o número inteiro mais
próximo. Se < 20%, arredondar para 20% para obter a quantidade final da TM x 10. A relação
droga/insumo inerte é de 1:10 ou 10% (FONTES, 2018).

O insumo inerte extrator será uma mistura hidroalcóolica cujo teor dependerá do resíduo sólido
(r.sol).

Tabela 1 – Teor Hidroalcoólico para Resíduos Sólidos

Resíduo Sólido Teor Hidroalcóolico

Até 25% Usar álcool 90% (p/p)

Entre 30 e 35% Usar álcool 80% (p/p)

Entre 40 e 50% Usar álcool 70% (p/p)


Tendo a quantidade final de TM a se obter e o teor hidroalcóolico do extrator, basta saber a
quantidade necessária desse veículo inerte capaz de extrair a maior quantidade possível de
princípios ativos solúveis. Para isso, é necessário subtrair da quantidade final de TM a
quantidade de água do vegetal.

Para vegetais com alto teor de água, o r.sol. é inferior a 20%. Nesses casos, considerar, para
efeito de cálculo, o resíduo igual a 20%; podendo utilizar quantidade insuficiente de veículo
inerte para extrair os princípios ativos do vegetal e conservar a TM (FARMACOPEIA
HOMEOPÁTICA BRASILEIRA, 2011).

Preparação de Tintura-mãe de Origem Vegetal


(Fresco) por Maceração
O vegetal rasurado deverá ser misturado com 85% do volume total de álcool calculado. Agitar a
mistura três vezes por dia por 20 dias, filtrar o macerado e prensar o resíduo. Repetir esse
processo até que se atinja a quantidade de 10 vezes o r.sol, deixar em repouso por 48 horas e
filtrar o preparado em papel de filtro (FONTES,2018).

Preparação de Tintura-mãe de Origem Vegetal


(Dessecado)
A quantidade de água nos vegetais varia de acordo com o tecido:

Folhas (60 – 90%); 

Flores (90%);

Órgãos subterrâneos (70-85%).


A água favorece degradação dos fármacos contidos nos vegetais, se o vegetal não for usado
fresco, recomenda-se dessecá-lo, deixando até 5% de água, no máximo. Calor natural ou
artificial!!!

Os vegetais dessecados devem ser armazenados em recipientes de madeira, sacos de papel ou


plásticos. (FONTES, 2018).

Preparação de Tintura-mãe de Origem Droga Seca


Na preparação da TM partindo de vegetal seca, não há necessidade de calcular r.sol., por ser
isenta de umidade.

Para obter dez partes da TM, a partir de uma parte da droga e dez do insumo inerte, proporção de
1:10.

Processo de Maceração:

1 Material dessecado, dividido, em maceração com quantidade de veículo extrator


calculado de maneira a obter uma TM a 10%, por 20 dias;

2 Recipiente de vidro! Agitar a mistura três vezes por dia! Decantar e filtrar!

Processo de Percolação:

1 Reduzir a droga a pó moderadamente grosso (tamis 40-60) em recipiente com


veículo extrator em quantidade a 20% do peso da droga, por quatro horas;

2 Adicionar o pó no percolador, acrescentar solvente já calculado para a obtenção da


TM. Coletar o material obtido.

Preparação de Tintura-mãe a Partir de Animais


Droga: animal vivo, recém-sacrificado ou dessecado;

Parte empregada: animal inteiro, parte ou secreção;

Líquido extrator: etanol (65% a 70% (v/v), mistura de etanol, água e glicerina
(1:1:1), mistura de água e glicerina (1:1), mistura de etanol e glicerina (1:1) ou outro
qualquer especificado na respectiva monografia;

Relação droga/líquido extrator: 1:20 (p/v) (5%) (FONTES, 2018).

Preparação de Tintura-mãe A Partir de Animais


Vivos, Recém-sacrificados ou Dessecados

Órgãos e glândulas: insumo inerte – mistura água e glicerina;

Insetos: insumo inerte – mistura hidroalcoólica.

Saiba Mais
Nas TM de origem vegetal, a proporção é de 1: 10 (10%) .
Nas TM de origem animal, a proporção é de 1:20 (5%).

Processo de Maceração: a droga animal deve estar com 20 partes do insumo inerte,
durante 20 dias em glicerina e 15 dias etanol, agitando-se o recipiente três vezes por
dia e mantida em local fresco e protegido da luz. Filtrar. Se a quantidade de TM não
atingir 20 vezes o peso da droga, acrescentar ao resíduo do macerado quantidade
suficiente de veículo extrator – manter 0 em repouso por 48 horas e filtrar
(FONTES, 2018).
Acondicionamento e Conservação da TM
As tinturas-mãe devem ser conservadas em frascos de vidro âmbar, bem fechados, a o abrigo da
luz e calor. Nunca utilizar frascos plásticos!

TM em soluções hidroalcoólicas – devem ser mantidas em temperaturas entre 16 °C e 22°C.

TM em soluções hidroglicerinadas – devem permanecer no refrigerador e contam com 6 meses


de validade.

A validade da TM vai depender das condições de estocagem e de sua natureza. Com passar do
tempo, as TM perdem suas propriedades farmacológicas. Embora a validade das TM seja de 5
anos, deve-se realizar o controle de qualidade da TM hidroalcoólica anualmente ou sempre que
necessário (presença de turvação, precipitação ou mudança nas características organolépticas
(FONTES, 2018).

Métodos e Escalas Empregadas na Preparação de


Medicamentos Homeopáticos

Formas Farmacêuticas Derivadas


Consiste em dinamizar os insumos ativos por meio de uma diluição, de sucussões ou triturações
seriadas. Pode-se usar as escalas decimal, centesimal e cinquenta milesimal, além dos métodos
hahnemanniano, korsakoviano e de fluxo contínuo.

Escala Decimal
Na escala decimal (DH), a diluição é na escala de 1/10, sendo uma parte do insumo ativo diluída
em nove partes do insumo inerte. Símbolos usados em vários países são: 
X (dez em algarismos romanos), D e DH, que significa dinamização na escala decimal de Hering
preparada segundo o método hahnemanniano.

Exemplos:

1X, D1 ou 1 DH: primeira dinamização decimal;

2X, D2 ou 2 DH: segunda dinamização decimal.

No Brasil, são usados os símbolos 6 DH, onde o 6 é a potência, D é a escala e H é o método


(FONTES, 2018).

Escala Centesimal
Na escala cinquenta milesimal, a diluição é preparada na proporção 1/50.000. 

Na manipulação em escala de (1/50 mil), é utilizada a lactose na fase sólida e etanol e água para
diluir. Símbolos usados: Q ou LM. Assim, 1Q ou 1LM significam primeira dinamização cinquenta
milesimal (FONTES, 2018).

Sucussão

Processo manual: consiste em movimentos rítmicos e fortes no frasco, repetidos cem


vezes e em um ângulo de 90 graus;

Processo mecânico: feito com auxílio de máquinas sucussionadoras ou braços mecânicos


capazes de reproduzir o movimento manual.

Nas formas farmacêuticas derivadas utiliza-se a diluição e a trituração.

Para usar o método de diluição é necessário que a TM ou a droga sejam dissolvidas e, em


seguida, que seja realizado o processo de dinamização de cem vezes. Já na trituração, os insumos
ativos são insolúveis, usa-se então a lactose para preparar a dinamização da trituração (FONTES,
2018).
Métodos
MÉTODO HAHNEMANNIANO (H): criado por Hahnemann, divide-se em três outros métodos:

Método Clássico ou dos Frascos Múltiplos: empregado para preparar FFD nas
escalas decimal (DH) e centesimal (CH), iniciando pelas tinturas-mães e drogas
solúveis;

Método da Trituração: empregada para preparação de FFD nas escalas decimal (DH)
e centesimal (CH), iniciando pelas drogas insolúveis. Esse método é utilizado
também na escala cinquenta milesimal, a partir de drogas solúveis ou não;

Método da Cinquenta Milesimal: empregado para preparar FFD na escala cinquenta


milesimal (LM), iniciando pelas drogas minerais, animais, vegetais, e TM
(FARMACOPEIA HOMEOPÁTICA BRASILEIRA, 2011).

Método Hahnemanniano – Escalas Decimal e Centesimal

Drogas insolúveis: Solubilidade menor que 10% (DH) ou 1% (CH) em água ou em


etanol. Como insumo inerte, deve-se usar lactose nas três primeiras triturações CH
e nas seis primeiras para DH. Nas diluições 4 CH ou 7 DH, usar etanol em diferentes
graduações, o procedimento de trituração para ativos sólidos e sucussão para ativos
líquidos;

Drogas solúveis: Inicia-se com a TM solúvel em água ou etanol, com solubilidade


igual ou superior a 10% (DH) ou 1% (CH). Para insumo inerte deve-se usar lactose

nas três primeiras triturações para CH e nas seis primeiras para DH. Para

estocar e preparar as demais formas derivadas, utilizar etanol


a 77% (v/v) ou superior (matriz: álcool 70% e álcool 96%;
validade: 5 anos). Para a dispensação, tanto na CH quanto na
DH, utilizar etanol a 30% (v/v) (FONTES, 2018).
Para estocar e preparar as demais formas derivadas, utilizar etanol a 77% (v/v) ou superior
(matriz: álcool 70% e álcool 96%; validade: 5 anos).

Para a dispensação, tanto na CH quanto na DH, utilizar etanol a 30% (v/v) (FONTES, 2018).

Método Korsakoviano (K) – Frasco Único


Chamado de método do frasco único ou do fluxo descontínuo, foi criado pelo oficial do Exército
Russo, Semyon Korsakov, e usado para altas potências. Nesse método, é utilizado um frasco
contendo pequena quantidade da solução, desprezando-se o restante e, para um novo processo
de diluição, completa-se o volume com insumo inerte na quantidade adequada.

Método de Fluxo Contínuo (FC)


Usado para altíssimas potências na Homeopatia. Esse método é usado para manipulação de FFD
a partir da trigésima dinamização centesimal hahnemanniana (potência 30 CH). Foi criado pelo
homeopata médico americano, James Tyler Kent, que projetou um aparelho dinamizador para
promover diluição e agitação simultâneas. Mais tarde, esse método foi aperfeiçoado por Skinner.

É colocada uma quantidade de insumo ativo e uma grande quantidade de água purificada que,
por intermédio de um mecanismo giratório, consegue alcançar altas diluições (FARMACOPEIA
HOMEOPÁTICA BRASILEIRA, 2011; KENT, 1926).

Método de Fluxo Contínuo (FC) – Técnica


O método consiste em adicionar água no funil e ajustar com o tubo, com o volume da matriz em
álcool a 70% (V/V) de acordo com o volume do aparelho. É iniciado a dinamização com a câmara
cheia, liga-se a água e o motor, juntos, reiniciado com a última potência FC em que a preparação
foi interrompida duas potências antes.

As próximas potências utilizar o método hahnemanniano em escala centesimal, usando como


insumo inerte álcool a 70% (V/V) ou superior. 
Somente as potências em álcool a 70% (V/V) poderão ser estocadas.

A dispensação do medicamento preparado segundo o Método de Fluxo Contínuo deve se dar a


partir da 200 FC até a 100.000 FC (FONTES, 2018).
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ʪ Material Complementar

Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

  Leitura  

Homeopatia na Graduação Médica: Trajetória da


Universidade Federal Fluminense

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ACESSE

Efeito do Extrato de Bidens Pilosa L., Mel e Pomadas


Homeopática e Alopática na Cicatrização de Feridas Cutâneas
de Ratos Wistar

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ACESSE
Novas Evidências Documentais para a História da
Homeopatia na América Latina: Um Estudo de Caso Sobre os
Vínculos Entre Rio de Janeiro e Buenos Aires

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE

O Organon da Arte de Curar, em Escritos Menores

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE
3/3

ʪ Referências

AMERICAN INSTITUTE OF HOMEOPATH. The homoeopathic pharmacopoeia of the United States.


9th. ed. [S. l.]: [s. n.], 1999.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FARMACÊUTICOS HOMEOPATAS. Manual de normas técnicas para


farmácia homeopática. 2. ed. Rio de Janeiro: ABFH, 1995.

________. Manual de normas técnicas para farmácia homeopática: ampliação dos aspectos
técnicos e práticos das preparações homeopáticas. 3. ed. Curitiba: ABFH, 2003.

________. Manual de normas técnicas para farmácia homeopática: ampliação dos aspectos
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