O Caso Dos Exploradores Da Caverna
O Caso Dos Exploradores Da Caverna
O Caso Dos Exploradores Da Caverna
DIREITO 2° SEMSTRE
DISCIPLINA:
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DO DIREITO
13 DE ABRIL DE 2022
O caso dos exploradores da Caverna (LON L. FULLER).
Parecer jurídico: Se você fosse o juiz do caso, qual seria o seu posicionamento?
DO RELATÓRIO:
Em maio de 4299 cinco exploradores, membros da Sociedade Espeleológica, saíram a explorar uma
caverna de rocha calcária, mas ocorreu um desmoronamento que obstruiu a única entrada/saída
conhecida. Passado algum tempo a família, percebendo a demora de retorno dos exploradores,
pediram ajuda a Sociedade Espeleológica. O resgate foi dificílimo, pois novos desmoronamentos
ocorriam. No vigésimo dia, estabeleceu-se comunicação com os exploradores e a equipe de resgate.
Os exploradores perguntaram quanto tempo demoraria para eles saírem e a resposta foi mais 10 dias;
depois perguntaram para um médico se eles poderiam sobreviver sem comer por mais 10 dias e ele
respondeu que provavelmente não. Um dos exploradores, Roger Whetmore, propôs aos quatro
colegas que jogassem dados e quem perdesse seria morto e dado de alimento para os demais, antes
de ser jogado os dados ele pediu para adiar 7 dias, e os outros exploradores o acusaram de quebra
de boa vontade e continuaram arremessando os dados. Quando chegou a vez de Whetmore, os dados
foram lançados por um dos réus, e ele foi inquirido a levantar quaisquer objeções que tivesse quanto
à justiça do arremesso, afirmando que não teria nenhuma objeção. O resultado foi contrário à
Whetmore, e ele foi morto e consumido pelos seus companheiros. Após serem tratados, no hospital,
por desnutrição e choque, os réus foram indiciados pelo assassinato de Roger Whetmore.
FUNDAMENTAÇÃO:
O referido caso, enquadra-se na categoria utilizada por alguns teóricos, como Dwoerkin e Hart, como
sendo, um hard cases. Um caso complexo, onde a resposta legal não é tão óbvia, portanto se faz
necessário levar em conta um enorme leque de fatores e princípios.
Apresenta-se ainda, neste caso, um claro conflito entre a lei (o que está escrito), o direito (que não
é formado apenas pela lei, mas também por princípios, doutrina e jurisprudência).
Tomando como referência o dispositivo legal do N. C. S. A. (n. s.) § 12-A: "Quem quer que
intencionalmente prive a outrem da vida será punido com a morte". Encontra-se neste dispositivo
legal, uma lacuna no termo INTENCIONALMENTE, pois neste caso, a intencionalidade foi retirada,
diante do acordo firmado entre os réus e a vítima, pois a intenção mediante o acordo era de salvação,
o resguardo da vida dos demais sobreviventes, ou seja não existe DOLO no ato realizado.
CONCLUSÃO:
Neste caso, o fato não se adequa perfeitamente a lei. Existindo a atipicidade formal do caso,
ocasionado pela ausência de intencionalidade de matar, de se cometer homicídio, ocasionado pelo
acordo que fizeram.
Diante desta falta de tipicidade formal, não há crime, devendo os réus serem absolvidos (Art
386,III, do CPP).