Just in Time
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Just in Time
JUST-IN-TIME
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INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO PARANÁ
FESP- FUNDAÇÃO DE ESTUDOS SOCIAIS DO PARANÁ
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS COM
HABILITAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR 4º ANO
DISCIPLINA: LOGÍSTICA, TRANSPORTES E SEGUROS
PROFESSOR: ALBERTO POSSETTI DATA: / /
ALUNO: Nº:
1 Sistema Just-in-Time
O sistema Just-in-Time, doravante designado por JIT, foi desenvolvido na Toyota Motor
Company, no Japão, pelo sr. Taiichi Ono. Pode-se dizer que a técnica foi desenvolvida para
combater o desperdício. Toda atividade que consome recursos e não agrega valor ao produto é
considerada um desperdício. Dessa forma, estoques que custam dinheiro e ocupam espaço, refugos
e retrabalhos são formas de desperdício e consequentemente devem ser eliminadas ou reduzidas ao
máximo.
Posteriormente, o conceito de JIT se expandiu, e hoje é mais uma filosofia gerencial, que
procura não apenas eliminar os desperdícios, mas, também, colocar o componente certo, no lugar
certo e na hora certa. As partes são produzidas em tempo (Just-in-Time) de atenderem às
necessidades de produção, ao contrário da abordagem tradicional de só produzir nos casos (Just-
in-Case) em que sejam necessárias. O JIT leva a estoques bem menores, custa mais baixo e
melhor qualidade do que os sistemas convencionais.
Além de eliminar desperdícios, a filosofia JIT procura utilizar a capacidade plena dos
colaboradores, pois a eles é delegada a autoridade para produzir itens de qualidade para atender,
em tempo, o próximo passo do processo produtivo. Em um sistema JIT, onde a qualidade é
essencial, o colaborador tem a autoridade de parar um processo produtivo, se identificar algo que
não esteja dentro do previsto. Deverá, também, estar preparado para corrigir a falha ou então pedir
ajuda aos colegas de trabalho. Essa atitude seria impensável nos sistemas tradicionais de produção
em massa, onde a linha jamais poderia ser parada.
A aplicação adequada do sistema JIT leva a empresa a obter maiores lucros e melhor
retorno sobre o capital investido, decorrente de redução de custos, redução de estoques e melhoria
na qualidade, objetivo de todos.
• 1 Programa mestre (master plan). No JIT, o programa mestre de produção (ou programa de
montagem final) tem horizonte de 1 a 3 meses, a fim de permitir que os postos de trabalho,
como também os fornecedores externos, planejem seus trabalhos. No mês corrente o programa
mestre é balanceado em bases diárias, a fim de garantir carga uniforme para as máquinas e
para os fornecedores.
• 2 Kanban. O JIT usa um sistema simples (chamado kanban) para retirar as peças em
processamento de uma estação de trabalho e puxá-las para a próxima estação do processo
produtivo. As partes fabricadas ou processadas são mantidas em contêineres e somente alguns
desses contêineres são fornecidos à estação subseqüente. Quando todos os contêineres estão
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cheios, a máquina pára de produzir, até que retorne outro contêiner vazio, que funciona como
uma “ordem de produção”. Assim, estoques de produtos em processo são limitados aos
disponíveis nos contêineres e só são fornecidos quando necessário. O programa de montagem
final puxa as partes dos postos anteriores e estes, por sua vez, também puxam as partes de seus
postos anteriores, e assim sucessivamente até chegar aos fornecedores externos. Se o processo
pára em decorrência da quebra de uma máquina ou problema de qualidade, as máquinas que
ainda estão funcionando irão também parar tão logo seus contêineres estejam cheios. A figura
1 mostra esquematicamente o funcionamento do sistema. Nos sistemas convencionais a
necessidade de manter as máquinas em operação acaba produzindo peças e componentes ainda
não solicitados. A fim de desocupar espaço essa produção acaba sendo empurrada para o
posto subseqüente no processo produtivo.
• 3 Tempos de preparação (setup time). O objetivo do JIT é produzir lotes ideais de uma
unidade. Na maioria dos casos é economicamente inviável, devido aos custos de preparação
das máquinas, comparados com os custos de manutenção dos estoques. O que se procura é
reduzir os tempos de preparação (setup time) ao máximo. Tempos de preparação baixos
resultam em menores estoques, menores lotes de produção e ciclos mais rápidos. A redução
dos tempos de preparação é um dos pontos-chaves do sistema JIT. Com tempos de preparação
mais curtos e um menor número de peças em processo, o sistema torna-se muito mais flexível
às mudanças na demanda do produto final.
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• 5 Layout. O layout da fábrica é muito diferente com o sistema JIT, já que o estoque é mantido
no chão da fábrica entre as estações de trabalho e não em almoxarifados. É mantido em recito
aberto, de modo a facilitar seu uso nas estações seguintes, sendo normalmente baixo e apenas
o suficiente para manter o fluxo produtivo por poucas horas. Isso leva a uma substancial
redução nos espaços necessários.
Como se pode ver, o JIT afeta praticamente todos os aspectos de operação de uma fábrica:
tamanho dos lotes, programação, qualidade, layout, fornecedores, relações trabalhistas e muitos
outros. Enquanto, os efeitos são de conseqüência profunda, assim, são também os benefícios
potenciais: giros de estoque de 50 a 100 vezes por ano, qualidade superior a substanciais
vantagens de custos (15% a 30%).
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Figura 2: Esquema do envolvimento das várias áreas da empresa com o sistema JIT
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nível hierárquico. Esse processo não tem fim. A empresa deve melhorá-lo sempre. É a melhoria
contínua ou kaizen.
Uma analogia do JIT já se tornou clássica, por aparecer em praticamente todos os
compêndios que tratam do assunto, é vista na figura 3. A produção é vista como um curso de água,
o nível é visto como o estoque e, no fundo do curso de água, estão as pedras, que são os
problemas, como excesso de refugo, layout inadequado, longos tempos de preparação etc. Quando
o nível está alto, vale dizer, os estoques estão altos, ele encobre todas as pedras e, aparentemente,
está tudo bem. Quando, porém, baixamos o nível, os problemas ficam à vista.
Essa analogia é muito boa, porque ressalta a abordagem de solução de problemas, que está
no coração do sistema JIT.
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2 O Sistema Kanban
O Kanban é um método de autorização da produção e movimentação do material no
sistema JIT. Na língua japonesa a palavra Kanban (Kahn + Bahn) significa uma marcador (cartão,
sinal, placa ou outro dispositivo) usado para controlar a ordem dos trabalhos em um processo
seqüencial. O Kanban é um subsistema do JIT. Os dois termos não são sinônimos.
O objetivo do sistema é assinalar a necessidade de mais material e assegurar que tais peças
sejam produzidas e entregues a tempo de garantir a fabricação ou montagem subseqüentes. Isso é
obtido puxando-se as partes na direção da linha de montagem.
Somente a linha de montagem final recebe o programa de expedição, que deve ser
aproximadamente o mesmo todos os dias. Todos os outros operadores de máquinas e fornecedores
recebem as ordens de fabricação, que são os cartões Kanban, dos postos de trabalho subseqüentes.
Se a produção parar, qualquer que seja o motivo, por um certo tempo, o posto pardo não mais
enviará cartões Kanban para o posto que o precede, e este também acabará parando tão logo
complete os contêineres que estava enchendo, e assim sucessivamente.
O Kanban é um sistema de controle físico que consiste em cartões e contêineres. Por exemplo,
oito contêineres são usados entre os postos A e B (a fornece para B), e cada contêiner tem
capacidade para 20 peças. O estoque máximo que pode existir entre os dois postos é 160 unidades
(8 x 20).
Para controlar o movimento dos contêineres há dois tipos principais de cartões Kanban: de
acordo com a Figura 4, cartões de produção (CP) e cartões de movimentação (CM) (transporte).
Esses cartões são usados para autorizar a produção e identificar as peças em qualquer contêiner.
Os cartões Kanban podem ser feitos de papel, de metal ou de plástico. Abaixo um exemplo de
cartão.
Figura 4: Cartões Kanban
Cartão de produção (CP)
Código da peça: 3XYW CP n.º 3 de 8
Nome da peça: Eixo principal
Posto de trabalho: 3J
Capacidade do contêiner: 20 unidades
Materiais necessários:
• Barra de aço – Código : XYW3A
• Localização – Prateleira: C3-P17-L9
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No curso normal dos acontecimentos, os oito contêineres irão circular como demonstrado na
Figura 5, ou seja:
O aspecto significativo do sistema Kanban é sua natureza visual. Todas as peças são
colocadas em contêineres de um mesmo tamanho. O acúmulo de contêineres vazios indica
problemas no posto de produção, e o acúmulo de contêineres cheios é um sinal de que a linha está
parada. O lote de produção deve ser igual à capacidade do contêiner.
O sistema Kanban, como descrito acima, vem sofrendo modificações. Hoje, são comuns os
sistemas sem cartões.
O número de contêineres necessários para operar uma linha é função de sua capacidade, da
demanda e de seu tempo de circulação. Ou seja:
Tc
ne = D
C
Onde:
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Tc = tempo gasto para um contêiner completar um ciclo completo, isto é, encher, esperar,
movimentar, esperar, esvaziar e retornar para ser novamente enchido em [u.t.] (lead time de
fabricação)
C = capacidade do contêiner em números de peças, usualmente menor que 100 % da demanda
diária em [u]/[c]
2.1 Exemplo
O posto de trabalho B monta peças em que um dos componentes é produzido no posto A.
A demanda, devidamente estabilizada, é de 5,5 unidades por minuto. A empresa deseja implantar
um sistema Kanban entre os postos A e B, utilizando um conjunto de contêineres já disponíveis e
que têm capacidade para 160 unidades do componente. Os tempos, em minutos, de preparação, de
operação, de transporte e de espera são dados a seguir:
Tempos e Postos
Movimentos (min.) A B
Preparação 6 8
Operação/unidade 0,2 0,6
Movimentação 3 2
Espera 12 24
Solução:
DT
n=
C
5,5unidades / min .x183 min . / ciclo
n= = 6,29
160 unidades / contêiner
n = 7contêinere s
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5,5 x170 ,2
n= = 5,85
160
n = 6contêinere s
Há a redução de um contêiner.
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4 Exercícios Propostos
1. A Cia. Correta está analisando a possibilidade de implantar um sistema Kanban entre duas
estações de trabalho. A estação J abasteceria a L de acordo com as necessidades desta. Em
face do volume das peças produzidas e das dificuldades no transporte, a empresa está
idealizando um carrinho especial para as peças, que poderá transportar no máximo 20
unidades. Em virtude de seu layout, a empresa poderá dispor de, no máximo, 8 carrinhos. A
demanda estimada é de 20 unidades/dia. Os tempos de operação e preparação nas duas
estações são:
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Carregado de B para C 6
Vazio de B para A 2
Vazio de C para B 5
2. Comente alguns tipos de desperdícios usualmente encontrados nas empresas. Como a filosofia
do JIT pode ajudar a reduzi-los ou mesmo eliminá-los?
3. Por que se deve estabilizar o plano de produção, com uma demanda diária constante, para o
sucesso da aplicação do sistema Kanban?
4. Como a redução dos tempos de preparação (setup times) influencia os estoques em processo?
Como influencia o sistema Kanban?
6. Descreva um sistema Kanban que possa operar sem cartões. Elabore um esquema, ou
fluxograma, de sua operação. Que vantagens traz em relação ao sistema com cartões?
8. Como poderia o sistema JIT ser aplicado na indústria de serviços. Cite alguns exemplos onde
isso é perfeitamente viável.
10. Como o JIT trata os gargalos no fluxo produtivo de um determinado produto ou família de
produtos? Explique e justifique através de exemplos.
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6 Referências Bibliográficas
1 CAVANHA FILHO, Armando Oscar. Logística: novos modelos. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 2001.
2 CHING, Hong Yuh. Gestão de Estoques na Cadeia de Logística Integrada: Supply Chain.
São Paulo: Atlas, 2001.
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