Criminologia - Murillo Ribeiro - DPC-MG
Criminologia - Murillo Ribeiro - DPC-MG
Criminologia - Murillo Ribeiro - DPC-MG
CRIMINOLOGIA
PROF. MURILLO RIBEIRO DE LIMA
@murilloribeirodelta
CRIMINOLOGIA
Criminologia como ciência empírica e interdisciplinar: conceito, objeto, método, sistema e funções
da criminologia.
CIÊNCIAS CRIMINAIS
O DIREITO PENAL, a CRIMINOLOGIA e a POLÍTICA CRIMINAL são os três pilares de sustentação das
Ciências Criminais.
A Política Criminal é uma disciplina que oferece aos poderes públicos as opções científicas concretas
mais adequadas para controle do crime, de tal forma a servir de ponte eficaz entre o direito penal
e a criminologia, facilitando a recepção das investigações empíricas e sua eventual transformação
em preceitos normativos. Para a doutrina majoritária, a Política Criminal não tem autonomia de
ciência, já que não possui método próprio.
Exemplo de atuação de Política Criminal: melhoria do sistema de iluminação em locais com alta
incidência de crimes em período noturno.
Criminologia como ciência: reúne uma informação válida, confiável e contrastada sobre o problema
criminal, que é obtida graças a um método que se baseia na análise e observação da realidade.
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CRIMINOLOGIA
→ MARCO CIENTÍFICO:
Corrente majoritária: obra L’Uomo Delinquente (1876), ou O Homem Delinquente, por Cesare
Lombroso – ESCOLA POSITIVISTA.
Corrente minoritária: Dei Delitti e Delle Pene (1764), ou Dos Delitos e Das Penas, de Cesare Bonesana
(ou Marquês de Beccaria, ou Cesare Beccaria) – ESCOLA CLÁSSICA.
De todo modo, ambos trouxeram relevante contribuição aos estudos do fenômeno criminal.
CONCEITO
Ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima
e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida,
contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime – contemplado este como
problema individual e como problema social - , assim como sobre os programas de prevenção eficaz
do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos modelos ou
sistemas de resposta ao delito (Antonio García-Pablos de Molina).
MÉTODO
A Criminologia está oposta ao Direito Penal, uma vez que trabalha de forma indutiva, e não
dedutiva, como o segundo. Enquanto a Criminologia utiliza um método empírico, observando a
realidade para analisá-la e extrair das experiências as consequências, o Direito Penal faz uso do
método dedutivo, partindo da regra geral para o caso concreto de forma lógica e abstrata. Se à
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criminologia interessa saber como é a realidade, para explicá-la e compreender o problema criminal,
bem como transformá-la, ao direito penal só lhe preocupa o crime enquanto fato descrito na norma
legal, para descobrir sua adequação típica. A criminologia se baseia mais em fatos que em opiniões,
mais na observação que nos discursos ou silogismos.
*Nestor Sampaio Penteado Filho: a criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico.
Como ciência empírica e experimental que é, a criminologia utiliza-se da metodologia experimental,
naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não sendo suficiente, no entanto, pra delimitar
as causas da criminalidade. Por consequência disso, busca auxílio dos métodos estatísticos,
históricos e sociológicos, além do biológico.
Portanto:
Dada a complexidade do fenômeno delitivo, cabe sim completar o método empírico com outras de
natureza qualitativa, não incompatíveis com aquele.
Interdisciplinar: a análise científica reclama uma instância superior que integre e coordene as
instâncias setoriais procedentes das diversas disciplinas interessadas no fenômeno delitivo e que
instrumentalize um genuíno sistema de retroalimentação. É uma exigência estrutural do saber
científico. A Criminologia somente se consolidou como ciência autônoma quando conseguiu se
emancipar daquelas disciplinas setoriais em torno das quais nasceu e com as quais, com frequência,
se identificou indevidamente.
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MÉTODO E TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO (classificação de Antonio García-Pablos de Molina)
Follow up: estudam a evolução do indivíduo durante um determinado período de tempo operando
com uma série de fatores psicológicos e sociológicos. São eles, pois, métodos dinâmicos e
evolutivos. Investigar a gênese, evolução e manifestações de uma carreira criminal. Outros em torno
do problema da reincidência: até que deriva da falha do tratamento penitenciário ou de outros
fatores.
Por muito tempo, o objeto tradicional de estudo da Criminologia foi embasado pelos ideais da Escola
Positiva (Lombroso, Garofalo, Ferri), sendo subdividido em dois: DELITO e DELINQUENTE. Em
meados do Século XX, particularmente de sua metade até os dias atuais, foram acrescentados dois
outros pontos de interesse: VÍTIMA e CONTROLE SOCIAL. Hoje, portanto, é pacífica a divisão do
objeto da Criminologia em quatro vertentes: DELITO, DELINQUENTE, VÍTIMA e CONTROLE SOCIAL.
Passemos à análise.
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DELITO
Incidência massiva na população: o crime não pode ser um fato isolado. Ex: crítica de Sérgio
Salomão Shecaira, com a tipificação do crime de molestar cetáceo na Lei nº 7.643/1987 (banhista
que colocou um palito de sorvete no “nariz” de um filhote de baleia – fato isolado).
Incidência aflitiva do fato praticado: o crime deve ser algo que cause dor, quer à vítima, quer à
comunidade como um todo.
Persistência espaço-temporal: o crime deve ser algo que seja distribuído pelo território ao longo de
certo período de tempo.
Inequívoco consenso: não são todos os fatos massivos, aflitivos, com persistência espaço-temporal
em que há um inequívoco consenso da necessidade de criminalização. Ex: uso do álcool.
DELINQUENTE
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ESCOLA POSITIVA: para a Escola Positiva, o infrator era um prisioneiro de sua própria patologia
(determinismo biológico) ou de processos causais alheios (determinismo social). Enquanto para os
clássicos a pena deveria ser proporcional ao mal causado, para os positivistas deveria ser utilizada
uma medida de segurança com finalidade curativa, por tempo indeterminado, enquanto
persistisse a patologia.
ESCOLA CORRECIONALISTA: não teve reflexos significativos no Brasil. Defendia que o criminoso era
um ser débil, inferior, e que deveria receber do Estado uma postura pedagógica e de proteção. Ex:
proteção ao menor infrator no Brasil, tida como uma influência da corrente correcionalista.
MARXISMO: para Marx, quem é culpável pelo crime é a própria sociedade, já que o crime seria
decorrente de certas estruturas econômicas.
VÍTIMA
I) Protagonismo (na chamada “idade de ouro”, desde os primórdios da civilização até o fim da Alta
Idade Média).
II) Neutralização (o Estado como o responsável pelo conflito social – Código Penal Francês e as
ideias do liberalismo moderno).
Estado monopoliza o poder punitivo estatal e trata a pena como garantia coletiva e não vitimaria.
Instituto como a legítima defesa foram esquecidos.
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III) Redescobrimento/revalorização (traz contornos mais humanos à postura estatal em relação à
vítima – sobretudo após a 2ª Guerra Mundial).
Na segunda metade do Século XX, o estudo sobre a vítima assumiu contornos marcados, sendo
fundada uma nova disciplina (ou ciência, para parte da doutrina), a VITIMOLOGIA, o estudo das
relações da vítima com o infrator (chamada pela doutrina de “dupla penal”) ou com o sistema. Com
a definição dos contornos do Estado Democrático de Direito, surgiu a necessidade da redefinição
da vítima sob uma perspectiva mais humana, exigindo-se um fazer estatal para implementação
de seus direitos e buscando a diminuição dos efeitos da Vitimização Secundária*.
TIPOS DE VITIMIZAÇÃO:
VITIMIZAÇÃO é, segundo Antonio Garcia-Pablos de Molina, o processo pelo qual uma pessoa sofre
as consequências negativas de um fato traumático, especialmente, de um delito.
A Vitimização Secundária é entendida como o sofrimento suportado pela vítima nas fases do
inquérito e do processo, em que muitas vezes deverá reviver o fato criminoso por meio de
interrogatórios, declarações e exames de corpo de delito, além de submeter-se a situações como
presenciar a argumentação dos defensores do autor sugerindo que deu causa ao fato e o reencontro
com o delinquente.
Por fim, entende-se por Vitimização Terciária a ausência de receptividade social em relação à
vítima, que em diversos casos se vê compelida a alterar sua rotina, os ambientes de convívio e
círculos sociais em razão da estigmatização causada pelo delito. São exemplos a segregação social
sentida pelas vítimas de crimes sexuais e as consequências da divulgação não autorizada de fotos
ou vídeos íntimos nas redes sociais.
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CLASSIFICAÇÕES DAS VÍTIMAS:
De acordo com Benjamin Mendelsohn as vítimas podem ser classificadas da seguinte maneira:
1. Vítima completamente inocente ou vítima ideal. Trata-se da vítima completamente estranha à ação
do criminoso, não provocando nem colaborando de alguma forma para a realização do delito.
Exemplo: uma senhora que tem sua bolsa arrancada pelo bandido na rua.
2. Vítima de culpabilidade menor ou por ignorância. Ocorre quando há um impulso não voluntário
ao delito, mas de certa forma existe um grau de culpa que leva essa pessoa à vitimização. Exemplo:
um casal de namorados que mantém relação sexual na varanda do vizinho e lá são atacados por ele,
por não aceitar esta falta de pudor.
3. Vítima voluntária ou tão culpada quanto o infrator. Ambos podem ser o criminoso ou a vítima.
Exemplo: Roleta Russa (um só projétil no tambor do revólver e os contendores giram o tambor até
um se matar).
4. Vítima mais culpada que o infrator. Enquadram-se nessa hipótese as vítimas provocadoras, que
incitam o autor do crime; as vítimas por imprudência, que ocasionam o acidente por não se
controlarem, ainda que haja uma parcela de culpa do autor.
5. Vítima unicamente culpada. Dentro dessa modalidade, as vítimas são classificadas em: a) Vítima
infratora, ou seja, a pessoa comete um delito e no fim se torna vítima, como ocorre no caso do
homicídio por legítima defesa; b) Vítima Simuladora, que através de uma premeditação irresponsável
induz um indivíduo a ser acusado de um delito, gerando, dessa forma, um erro judiciário; c) Vítima
imaginária, que trata-se de uma pessoa portadora de um grave transtorno mental que, em decorrência
de tal distúrbio leva o judiciário à erro, podendo se passar por vítima de um crime, acusando uma
pessoa de ser o autor, sendo que tal delito nunca existiu, ou seja, esse fato não passa de uma
imaginação da vítima
CONTROLE SOCIAL
Instituições, estratégias e sanções sociais que pretendem promover a submissão dos indivíduos aos
modelos e normas comunitárias de modo orientador e fiscalizador. Com relação aos seus
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destinatários, pode ser difuso (à coletividade) ou localizado (a determinados grupos). Subdivide-se
em controle social formal (realizado pelo Estado, caracterizado pelo Sistema de Justiça Criminal –
Polícias, Poder Judiciário, MP, Administração Prisional) e controle social informal (realizado pela
sociedade civil – família, mídia, opinião pública, religião, ambiente de trabalho etc.).
Quando as formas de controle social informal falham, aparecem as formas de controle formal. A
pena privativa de liberdade é a mais grave das sanções do controle social formal.
FUNÇÕES
Intervir na pessoa do infrator (qual é o impacto real da pena, avaliar programas reais de reinserção
e fazer a sociedade perceber que o crime é um problema comunitário).
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PREVENÇÃO
Prevenção primária: medidas de médio e longo prazo que atingem a raiz do conflito criminal.
Investimentos em educação, trabalho, bem-estar social.
A base do modelo está na punição do delinquente, que deve ser intimidatória e proporcional ao
dano causado. Os protagonistas do modelo são o Estado e delinquente, estando excluídos a vítima
e a sociedade.
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Modelo ressocializador
Este modelo se preocupa com a reinserção social do delinquente. Assim, a finalidade da pena não
se reduz ao retribucionismo (retribuição do mal feito pelo castigo corporal), mas procura
ressocializar o agente para reinseri-lo na sociedade.
A sociedade tem papel de destaque na efetivação da ressocialização, pois cabe a esta afastar
estigmas, como o de ex-presidiário.
Este modelo procura restaurar o status quo antes da prática do delito. Para tanto utiliza-se meios
alternativos de solução. A restauração do controle social abalado pelo delito se dá pela via da
reparação do dano pelo delinquente à vítima. A ação conciliadora, com a participação dos
envolvidos no conflito, é fundamental para a solução do problema criminal. Exemplo no sistema
brasileiro: composição civil dos delitos nos Juizados Especiais Criminais.
SISTEMAS DA CRIMINOLOGIA
Pertencem à Criminologia:
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II) DISCIPLINAS RELACIONADAS COM O PROCESSO: a Criminalística (Tática e Técnica Criminal).
Criminalística é o conjunto de teorias que se referem ao esclarecimento dos casos criminais (ciência
policial). Tática criminal: modus operandi mais adequados para o esclarecimento dos fatos e
identificação do autor. Técnica criminal: se ocupa das provas, analisando os métodos científicos
existentes para demonstrar realisticamente uma determinada hipótese.
Penologia: ciência que examina o cumprimento e execução das penas. A Ciência Penitenciária é
subdisciplina da Penologia, centralizando os estudos nas penas privativas de liberdade e a Pedagogia
Correcional se preocupa com orientar a execução do castigo para a significação de um impacto
positivo, de reinserção social.
Profilaxia: meta prioritária de luta contra o delito, articulando as estratégias oportunas para incidir
eficazmente nos fatores individuais e sociais criminógenos, antecipando-se ao crime.
CONCEPÇÃO ESTRITA
Admite as disciplinas relacionadas com a realidade criminal, mas afirma que a Criminalística (esta
é, para a concepção estrita, disciplina auxiliar do direito penal), a Penologia (é uma ciência técnica
e não sistema da Criminologia que, por sua vez, é uma ciência “pura”) e a Profilaxia (não cabe à
Criminologia assumir uma postura beligerante contra o delito) NÃO DEVEM fazer parte do sistema
da Criminologia.
NASCIMENTO DA CRIMINOLOGIA
Fase pré-científica: período desde a Antiguidade, com textos esparsos de alguns autores que já se
preocupavam com o crime. A Escola Clássica, segundo a doutrina, também fazia parte da fase pré-
científica da Criminologia.
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Fase científica: estudo da criminalidade, com atenção científica e sistemática. Marco científico
inaugural: Escola Positiva, com a obra O Homem Delinquente, de Lombroso (1876).
ESCOLA CLÁSSICA
Delimitação histórica: momento conhecido como “época dos pioneiros” = teorias sobre o crime,
sobre o direito penal e sobre a pena (século XVIII e início do século XIX) – Feuerbach, Cesare
Beccaria e escola clássica de direito penal na Itália.
A Escola Clássica, por adotar o método lógico, abstrato, dedutivo, faz parte da fase pré-científica da
Criminologia. A fase científica é inaugurada com a Escola Positiva.
Escola Liberal Clássica: o homem delinquente não era um ser diferente, não há um rígido
determinismo. O delito é um conceito jurídico, ou seja, é a violação de um direito e, também,
daquele pacto social que estava na base do Estado e do direito, segundo o liberalismo clássico. O
delito surgia da livre vontade do indivíduo e não de causas patológicas. Critérios da pena:
necessidade ou utilidade e princípio da legalidade.
A Escola Clássica não pretendeu oferecer uma teoria etiológica da criminalidade, das causas desta,
senão o suporte de uma resposta racional e justa ao delito.
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Para Beccaria, o dano social e a defesa social constituem os elementos fundamentais,
respectivamente, da teoria do delito e da teoria da pena.
Arcabouço teórico = Cesare Beccaria, com a obra Dos Delitos e das Penas (1764).
O crime é uma quebra do pacto. A pena era a reparação do dano causado pela violação de um
contrato (o de Rousseau). Serão ilegítimas todas as penas que não relevem da salvaguarda do
contrato social. Pena deve ser suficiente para reparar o dano causado pela violação do contrato.
“Se depois do primeiro delito existisse uma certeza moral de que não ocorreria nenhum outro, a
sociedade não teria direito algum de punir o delinquente” (Giandomenico Romagnosi).
Para Carrara, o crime não é um ente de fato, é um ENTE JURÍDICO; não é uma ação, é uma infração.
É um ente jurídico porque a sua essência deve consistir necessariamente na VIOLAÇÃO DE UM
DIREITO. Direito não no sentido das mutáveis legislações positivas, mas sim de “uma lei que é
absoluta, porque constituída pela única ordem possível para a humanidade, segundo as previsões e
a vontade do Criador”. Parte teórica (fundamento lógico é a verdade, pela natureza das coisas,
imutável) e prática do direito penal (autoridade da lei positiva). Para Carrara, o fim da pena não é a
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retribuição, mas a eliminação do perigo social que sobreviria da impunidade do delito. A reeducação
do condenado pode ser um resultado acessório e desejável, mas não a sua função essencial.
O crime é a violação do direito como EXIGÊNCIA RACIONAL e não como norma de direito positivo.
O homem viola porque tem VONTADE. Advém daí O LIVRE-ARBÍTRIO.
Para os clássicos, a pena é uma retribuição jurídica que tem como objeto o restabelecimento da
ordem externa violada. A pena, como negação da negação do direito (Hegel).
“O delito, como ação, é para Carrara e para a Escola Clássica um ente juridicamente qualificado,
possuidor de uma estrutura real e um significado jurídico autônomo, que surge de um princípio por
sua vez autônomo, metafisicamente hipostasiado: o ato da livre vontade de um sujeito (Alessandro
Baratta, Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal).
“A reeducação do condenado pode ser um resultado acessório e desejável, mas não a função
essencial da pena” (Francesco Carrara).
Por ser tão racional, a escola clássica encontrou dificuldade para explicar diversos fenômenos. Ex: a
suposta homogeneidade absoluta de todos os homens no que toca aos processos pessoais,
biopsicológicos, de motivação do ato delituoso. Foi daí que surgiu a crítica positivista.
ESCOLA POSITIVA
Delimitação histórica: teorias na Europa no final do século XIX e início do século XX. Autores: Escola
Sociológica Francesa (Gabriel Tarde), Escola Social na Alemanha (Franz Von Liszt) e principalmente
a Escola Positiva Italiana (Lombroso, Enrico Ferri e Raffaele Garofalo).
Principais autores: Lombroso (fase antropológica), Enrico Ferri (fase sociológica) e Raffaele Garofalo
(fase jurídica).
A Escola Positiva ofereceu uma reação contra as hipóteses racionalistas de entidades abstratas.
Modelo positivista da Criminologia: estudo das causas ou dos fatores da criminalidade (paradigma
etiológico), a fim de individualizar as medidas adequadas para removê-los, intervindo sobretudo no
sujeito criminoso. “O foco era o homem delinquente, considerado como um indivíduo diferente e,
como tal, clinicamente observável” (Alessandro Baratta).
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Alessandro Baratta defende que o delito é, também para a Escola Positiva, um ente jurídico, mas o
direito que qualifica este fato humano não deve isolar a ação do indivíduo da totalidade natural e
social. A Escola Positiva procura encontrar todo o complexo das causas na totalidade biológica e
psicológica do indivíduo e na totalidade social que determina a vida do indivíduo.
Para Lombroso, o crime é um fenômeno biológico e não um ente jurídico (como sustentavam os
clássicos), razão pela qual o método que deve ser utilizado para o seu estudo havia de ser o
empírico. O delito é um ente natural, um fenômeno necessário, como o nascimento, a morte, a
concepção, determinado por causas biológicas de natureza sobretudo hereditária.
“A visão predominantemente antropológica de Lombroso seria depois ampliada por Ferri, com a
acentuação dos fatores sociológicos, e com Garófalo, com a acentuação de fatores psicológicos”
(Alessandro Baratta, Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal).
Conceito de criminoso: para Lombroso, o criminoso é um ser atávico que representa a regressão do
homem ao primitivismo. É um selvagem que já nasce delinquente. Sustentava também a
agressividade explosiva do epilético.
Bases de sua teoria básica: atavismo, degeneração pela doença e criminoso nato, com certas
características. Fronte fugidia, assimetria craniana, cara larga e chata, grande desenvolvimento das
maças do rosto, lábios finos, criminosos na maioria das vezes canhotos, cabelos abundantes, barba
rala; ladrões com olhar errante, móvel e oblíquo; assassinos com olhar duro, vítreo, injetado de
sangue. Características anímicas: insensibilidade à dor, tendência à tatuagem, cinismo, vaidade,
crueldade, falta de senso moral, preguiça excessiva, caráter impulsivo.
Para Lombroso, os fatores exógenos só servem como desencadeadores dos fatos clínicos
(endógenos). Desencadeador de uma predisposição inata, própria do criminoso. O criminoso
sempre nascia criminoso. O determinismo é biológico, sendo o livre-arbítrio uma mera ficção.
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A principal contribuição de Lombroso para a Criminologia não reside em sua tipologia de criminoso
nato, mas do método empírico. Sua teoria é fruto de mais de 400 autópsias de delinquentes e 6000
análises de delinquentes vivos, além de um estudo minucioso de 25 mil presos.
Principal seguidor de Lombroso no Brasil: Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906), conhecido como
“Lombroso dos Trópicos”.
Diferentemente de Lombroso, Ferri dá ênfase às ciências sociais, com uma compreensão mais
alargada da criminalidade, evitando-se o reducionismo antropológico.
ANTROPOLÓGICOS: constituição orgânica e psíquica do indivíduo, raça, idade, sexo, estado civil,
etc.)
SOCIAIS: densidade da população, opinião pública, família, moral, religião, educação, etc.
Louco: levado ao crime não somente pela doença mental, mas também pela atrofia do senso moral,
que é sempre a condição decisiva na gênese da delinquência.
Habitual: descrição daquele nascido e crescido num ambiente de miséria e pobreza, começando
por pequenos delitos até delitos mais graves. Grave periculosidade e difícil readaptabilidade.
Passional: praticam crimes impelidos por paixões pessoais, como também políticas e sociais.
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“Para eles (os Clássicos), a ciência só necessita de papel, caneta e lápis, e o resto sai de um cérebro
repleto de leituras de livros, mais ou menos abundantes, e feitos da mesma matéria. Para nós, a
ciência requer um gasto de muito tempo, examinando um a um os feitos, avaliando-os, reduzindo-
os a um denominador comum e extraindo deles a ideia nuclear” (FERRI).
A pena, como meio de defesa social, não age de modo exclusivamente repressivo, segregando o
delinquente e dissuadindo com sua ameaça os possíveis autores do delito, mas, também e
sobretudo, de modo curativo e reeducativo.
O critério de medição de pena não está ligado abstratamente ao fato delituoso singular, ou seja,
à violação do direito ou ao dano social produzido, mas às condições do sujeito tratado. A duração
deve ser medida em relação aos seus efeitos (melhoria e reeducação).
Para Garofalo, o crime sempre está no indivíduo, e que é uma revelação de uma natureza
degenerativa, sejam as causas antigas ou recentes. Utiliza o termo temibilidade (perversidade
constante e ativa do delinquente e a quantidade do mal previsto que se deve temer por parte deste
delinquente). A temibilidade é fundamento para a medida de segurança (meio de contenção).
Segundo o autor, o crime está fundamentado em uma anomalia - não patológica -, mas psíquica ou
moral (déficit na esfera moral de personalidade do indivíduo, de base interna, de uma mutação
psíquica, transmissível hereditariamente).
O estudioso criou o conceito de delito natural, em que descreve condutas nocivas em si, em
qualquer sociedade e em qualquer momento, com independência, inclusive, das próprias
valorações legais e mutantes.
Delito natural: a violação daquela parte do sentido moral que consiste nos sentimentos altruístas
fundamentais de piedade e probidade, segundo o padrão médio em que se encontram as raças
humanas superiores, cuja medida é necessária para a adaptação do indivíduo à sociedade (tal
conceito foi criticado pela doutrina, uma vez não ser possível estabelecer uma ideal geral de delito
natural).
Principal contribuição de Garofalo: filosofia do castigo, dos fins da pena e da sua fundamentação.
O Estado deve eliminar o delinquente que não se adapta à sociedade e às exigências da
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convivência. O autor entende ser possível a pena de morte em certos casos (criminosos violentos,
ladrões profissionais e criminosos habituais, em geral), assim como penas severas em geral (ex:
envio de um criminoso por tempo indeterminado para colônias agrícolas).
Resumo do positivismo: o crime passa a ser reconhecido como um fenômeno natural e social,
sujeito às influências do meio e de múltiplos fatores, exigindo o estudo da criminalidade a adoção
do método experimental. A pena será uma medida de defesa social, para recuperação do criminoso,
por tempo indeterminado (até obtida a recuperação). O criminoso será sempre psicologicamente
um anormal, temporária ou permanentemente.
Para a Escola Positiva, a criminalidade podia tornar-se objeto de estudo nas suas causas,
independentemente do estudo das reações sociais e do direito penal.
Conclusão.
Para a doutrina, as influências do positivismo foram mais marcantes, sobretudo pela relação com a
antropologia, sociologia, filosofia, psiquiatria, não considerando o direito como a única fonte de
explicações.
Para Antonio García- Pablos de Molina, são quatro os principais modelos ou enfoques teóricos
explicativos do comportamento criminal:
a) Criminologia Clássica e Neoclássica (esta última será estudada a seguir, na Teoria da Opção
Racional como Opção Econômica);
b) Criminologia Positivista;
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d) Diversas correntes da Moderna Criminologia. Para o autor, as correntes da Moderna
Criminologia tratam de explicar o delito seguindo um enfoque dinâmico com métodos
preferencialmente longitudinais. Esses enfoques não pretendem fazer uma análise etiológica do
delito, nem uma teoria generalizada da criminalidade. O objetivo é descrever a gênese do
comportamento delitivo de forma dinâmica, ou seja, avaliar o processo e a evolução dos padrões
de conduta na vida do autor, durante as diversas etapas. Exemplos: estudos de trajetórias e
carreiras criminais, teorias do curso da vida e Criminologia do Desenvolvimento.
Antes de analisar as Teorias Sociológicas, Molina traz em sua obra a explicação da chamada Escola
Neoclássica (Teoria da Opção Racional como Opção Econômica) e de outras teorias situacionais da
criminalidade (modelos relacionados à prevenção de delitos).
Década de 70 do Século XX, ou seja, mais de dois séculos da Escola Clássica do Século XVIII.
Análise econômica do delito: a ação delitiva é uma opção racional econômica do criminoso. Para
cometer um crime, o autor alia uma opção racional à opção econômica, baseada em custos e
benefícios (não estritamente monetários, mas também outros fatores, como o prestígio, o
conforto, a conveniência etc.).
O homem delinquente, assim como para a teoria clássica propriamente dita, não se distingue do
homem não delinquente do ponto de vista da racionalidade do seu comportamento.
O infrator valora as chances que existem e escolhe a alternativa que lhe traga mais vantagens e
menos riscos.
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Como solução de prevenção, a teoria destaca o caráter retribucionista da pena. Se o criminoso tiver
a certeza da punição, ele não cometerá o crime. Desta forma, o modelo acredita na lei penal, no
impacto dissuasivo da pena e nas instâncias de controle social formal.
Resumo: a Escola Neoclássica propõe uma imagem racional ao impulso do comportamento humano,
reiterando sua confiança na lei penal (efeito dissuasório desta) e nas instituições de controle social
formal.
Não basta a existência de um delinquente disposto (motivado) para a ocorrência do delito, mas
também a oportunidade propícia ou situação idônea para que aquece passe à ação.
Para que um CRIME ocorra deve haver CONVERGÊNCIA de TEMPO e ESPAÇO de pelo menos três
elementos (tais elementos são representados como três lados de um triângulo):
I) INFRATOR MOTIVADO e com habilidades necessárias. Essa motivação pode estar vinculada a
diversos fatores, como patologia individual, maximização do lucro, o criminoso como subproduto
de um sistema social perverso ou deficiente, desorganização social e oportunidade.
II) ALVO ADEQUADO: pode se referir tanto a uma pessoa, como objeto ou local. Se o crime, por
exemplo, é um arrombamento em um comércio, então o alvo adequado deve ser um local em que
se acredita haver dinheiro ou um produto com valor significativo de revenda. Se o crime é um roubo,
cometido em uma avenida qualquer, o alvo adequado, por exemplo, pode ser uma mulher de idade
avançada carregando objetos de valor para o agressor, desprotegida e com pequenas chances de
reagir.
II) AUSÊNCIA DE UM GUARDIÃO. O termo guardião pode se referir a policiais, vigilantes privados,
testemunhas que passam pelo local, um cão de guarda na residência ou no estabelecimento,
câmeras de monitoramento, cercas, alarmes etc.
→Para prevenir o crime, Glensor e Peak recomendam que a polícia e a comunidade estejam atentas
a três fatores vinculados a cada um dos lados do triângulo. Deve haver um CONTROLADOR DO
INFRATOR (alguém que exerça influência neste a fim de evitar o crime, como seus pais, sua mulher,
seu marido etc), um AMBIENTE RESPONSÁVEL (alvos inadequados) e a PRESENÇA de um guardião.
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Para a teoria, a sociedade pós-industrial oferece mais ou melhores oportunidades ao delinquente,
já que a organização tempo-espacial de suas atividades cotidianas e estilos de vida atuais
possibilitam tais oportunidades. Ex: locomoções diárias dos cidadãos, lares vazios por longos
espaços de tempo, saídas noturnas e de fim de semana, vitrine de bens valiosas, a necessidade de
expor seus bens materiais (ex: redes sociais ostentando viagens e itens de luxo) etc. Assim, o
aumento da criminalidade guarda relação direta com o perfil e a organização das atividades
cotidianas lícitas de nossa sociedade.
Para a teoria, o espaço físico exerce papel de relevância para a gênese do comportamento delitivo.
Aponta mais para metas prevencionistas do que para modelos etiológicos explicativos do crime.
Newman, um dos estudiosos do tema, cria a expressão “defensible space”: modelo para ambientes
residenciais que inibe o delito, criando a expressão física de uma fábrica social que se defende a si
mesma. Área de maior eficácia do controle social informal.
Após a chamada Luta de Escolas (Clássica x Positivista), segundo Molina, surgiram no panorama
criminológico três orientações relativamente definidas: as biológicas, as psicológicas e as
sociológicas.
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conduta delitiva. O crime é encarado como consequência de alguma patologia, disfunção ou
transtorno orgânico do indivíduo. Ex: estudos sobre Biotipologia, anomias, genética etc.
TEORIAS SOCIOLÓGICAS
As Teorias da Sociologia Criminal são separadas em dois grupos, segundo a doutrina, para fins
didáticos: Teorias do Consenso e Teorias do Conflito.
Teorias do Conflito: toda sociedade é baseada na coerção, na imposição de uns membros aos
outros. Teoria do Labelling Approach e Criminologia Crítica.
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TEORIAS DO CONSENSO
ESCOLA DE CHICAGO
Utilização dos inquéritos sociais, que são realizados por meio de um interrogatório direito feito
normalmente por uma equipe, junto a um universo determinado de pessoas, sobre certos aspectos
de interesse do pesquisador e de estudos biográficos de casos individuais.
A ideia central é que as cidades não são apenas aglomerados de prédios e pessoas, mas sim um
estado de espírito. Cada cidade tem sua cultura própria, seus estatutos, seus ditames, uma
organização formal e outra informal, seus usos e costumes, enfim, sua própria identidade.
A cidade moderna, em face da grande mobilidade, acaba por romper com os mecanismos
tradicionais de controle (família, vizinhança, etc.). A família, a igreja, a escola, o local de trabalho,
os clubes de serviço não conseguem refrear as condutas humanas (fator potencializador da
criminalidade).
Classes mais pobres = convivem com áreas industriais, tolerando fumaça, cheiro desagradável,
feiúra, sujeira, barulho.
Isso faz surgir zonas desabitadas ou superpovoadas, gerando movimentos favoráveis à proliferação
de atos delituosos decorrentes dessa desorganização social.
A ausência completa do Estado (faltam hospitais, creches, escolas, parques, delegacias, praças e
outras áreas de lazer) gera uma anomia na população, potencializando a criação de justiceiros,
grupos armados, milícias, etc. para substituir o Estado no controle social. No mais, nas regiões
desorganizadas não há um contato social antigo entre as pessoas, o que fragiliza os laços.
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Áreas de delinquência: trechos da cidade que apresentavam índices de criminalidade mais
significativos e que estavam ligados à degradação física, à segregação econômica, étnica, racial, etc.
Zonas concêntricas mais próximas ao loop (zona comercial) = maior incidência da criminalidade.
Pessoas moram perto das áreas centrais por necessidade. É um vetor criminógeno e não um
determinismo ecológico.
Na grande cidade não há o controle informal que existe nas pequenas. Isso decorre do ANONIMATO
do ser.
Melhoria no aspecto físico das cidades (lembrar da experiência da “tolerância zero” americana).
Contribuições:
Envolvimento de toda a comunidade por meio de seus diferentes canais para o enfrentamento do
problema.
O foco é votado para a comunidade local, com a mobilização das instituições locais para a redução
da desorganização social. Envolvimento preventivo da comunidade.
Depois da Escola de Chicago, não há qualquer política criminal série que não se baseie em estudos
empíricos da criminalidade na cidade.
Críticas:
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Perspectiva limitadora na investigação criminal. Alguns delitos são realizados nas áreas de moradias
dos criminosos, outros não (ex: furto de veículos).
A teoria ecológica não tem condições de explicar as condutas desviadas ocorridas fora das áreas
delitivas.
TEORIA DA ANOMIA
Durkheim.
Anomia = sem lei, injustiça, desordem. Ausência ou desintegração das normas sociais de referência
(crise de valores).
Para Durkheim, o crime é um fenômeno normal de toda estrutura social. Só deixa de ser normal
quando ultrapassa determinados limites, criando uma desorganização. O comportamento desviante
é um fator necessário e útil para o equilíbrio e o desenvolvimento sociocultural. O fato criminoso
só terá relevo quando atingir a consciência coletiva na sociedade.
A pena não tem a função de amedrontar ou dissuadir e sim satisfazer a consciência comum. Ela
exige reparação e o castigo do culpado é esta reparação feita aos sentimentos de todos.
Pena deve agir sobretudo sobre as pessoas honestas, pois serve para curar as feridas feitas nos
sentimentos coletivos.
Merton.
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A anomia, fomentadora da criminalidade, advém do colapso na estrutura cultural, especialmente
de uma bifurcação aguda entre as normas e objetivos culturais e as capacidades (socialmente
estruturadas) dos membros do grupo de agirem de acordo com essas normas e objetivos.
A anomia, em palavras mais simples, ocorre quando há um desajuste daquilo que se “vende” como
MODELO DE SUCESSO (metas/fins culturais) com aquilo que se efetivamente tem disponível (ex:
consigo ser um indivíduo com sucesso ganhando um salário mínimo?).
Este desajuste propicia o surgimento de condutas que vão desde a indiferença perante as metas
culturais até a tentativa de chegar às metas mediante meios diversos daqueles socialmente
prescritos.
d) Inovação: delinquência propriamente dita. Meios ilegais para atingir os sonhos e objetivos.
Atalhos. Há adesão aos fins culturais, sem o respeito aos meios institucionais. Ex: tráfico de drogas.
Toda vez que a sociedade acentuar a importância de determinadas metas, sem oferecer à maioria
das pessoas a possibilidade de atingi-las, por meios legítimos, estamos diante de uma situação de
anomia.
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TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL
Sutherland conceitua os crimes de colarinho branco: crime cometido no âmbito de sua profissão
por uma pessoa de respeitabilidade e elevado estatuto social.
O crime não pode ser definido simplesmente como disfunção ou inadaptação de pessoas de classes
menos favorecidas, não sendo ele exclusividade destas. O homem aprende a conduta desviada e
associa-se com referência nela.
Não há herança biológica, mas sim um PROCESSO DE APRENDIZAGEM que conduz o homem à
prática dos atos socialmente reprováveis.
A associação diferencial é possível porque a sociedade se compõe de vários grupos com culturas
diferentes.
Colarinho branco: crime cometido no âmbito de sua profissão por uma pessoa de respeitabilidade
e elevado estatuto social. Não pode ser explicado pela pobreza, pela má habitação, falta de
educação, etc. A dificuldade das estatísticas se dá pela altíssima cifra negra.
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I) O juízo dos grandes empresários, banqueiros, etc. é um misto de medo e admiração, não sendo
concebível tratá-los como delinquentes.
II) Em geral, as penas não são altas, admitem mecanismos de substituição da pena privativa da
liberdade, são mais pecuniárias que pessoais (lembrar do tratamento dos crimes tributários no
Brasil).
III) Os efeitos dos crimes de colarinho branco são complexos e difusos, não sendo diretamente
sentidos pela comunidade.
Todos esses fatores levam a comunidade jurídica a não querer punir da mesma forma o crime de
colarinho-branco, ainda que as suas consequências sejam muito mais lesivas.
Tal teoria coloca em descrédito vários argumentos de teorias tradicionais, como as antropológicas
e as positivistas.
A contracultura é uma subcultura que desafia a cultura e a sociedade dominantes: Ex: movimento
hippie.
Histórico: sociedade americana e o American Dream (1950). A constituição das subculturas criminais
representa a reação necessária de algumas minorias altamente desfavorecidas diante da exigência
de sobreviver, de orientar-se dentro de uma estrutura social, apesar das limitadíssimas
possibilidades legítimas de atuar.
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I) Não-utilitarismo da ação: os crimes são realizados por puro prazer, sem um fim utilitarista.
II) Malícia da conduta: as condutas são realizadas para causar desconforto alheio. Ex: hostilidade
gratuita contra jovens que não pertencem a gangues.
III) Negativismo: objetivo de mostrar o rechaço deliberado dos valores da classe dominante.
Ao contrário das ideias da Escola de Chicago, as áreas de delinquência não eram âmbitos
“desorganizados socialmente”, e sim áreas em que vigoram normas distintas das oficiais, de
valores invertidos, mas em estado de funcionalidade.
A subcultura é a expressão de um sistema normativo próprio, cujos valores diferem dos majoritários
de forma oposta.
Subculturas da classe média: trotes em universidades, gangues de jiu-jitsu e a morte do índio Pataxó
(morto queimado no ponto de ônibus em Brasília).
TEORIAS DO CONFLITO
Para a teoria do conflito, a coesão e a ordem na sociedade são fundadas na força e na coerção, na
dominação por alguns e sujeição por outros. O pressuposto da natureza coercitiva da ordem social
é um princípio heurístico, e não um juízo factual.
Não é a cooperação voluntária ou o consenso geral, mas a coerção imposta que faz com que as
organizações sociais tenham coesão.
Premissas:
Toda sociedade exibe a cada momento dissensão e conflito e o conflito social é ubíquo.
Todo elemento em uma sociedade contribui de certa forma para sua desintegração e mudança.
31
Toda sociedade é baseada na coerção de alguns de seus membros por outros.
Surge nos EUA no início dos anos 60. Os principais estudiosos são Erving Goffmann e Howard
Becker.
Não mais se indaga o porquê de o criminoso cometer crimes. A pergunta passa a ser: por que é que
algumas pessoas são tratadas como criminosas, quais as consequências desse tratamento e qual a
fonte de sua legitimidade?
Desviação primária: é poligenética e se deve a uma série de fatores culturais, sociais, psicológicos
e sociológicos.
Desviação secundária: resposta de adaptação aos problemas ocasionados pela reação social à
desviação primária.
Para ser rotulado como criminoso basta que cometa uma única ofensa criminal e isto passará a ser
tudo que se tem de referência estigmatizante dessa pessoa.
As condutas desviantes parecem ser alimentadas pelas agências designadas para inibi-las.
32
A criminalização primária produz rotulação, que produz criminalizações secundárias
(reincidência).
Eficácia constitutiva do controle social = este criaria o delito, não se limitaria a declarar a sua
existência.
I) Preso passa a ser desculturado, pela perda do nome com a atribuição de um número de prontuário
(sua nova identidade);
III) É medido, fotografado, identificado e analisado por um médico para depois ser lavado, o que
significa despir de sua identidade antiga para assumir uma nova.
Longe de ser ressocializado para a vida livre, está sendo socializado para viver na prisão.
Desviação como um ato dentro de um contexto de coletividade. O ato jamais é um ato isolado; é a
expectativa da reação ao ato. É a própria interação com o ato. A maneira como o ato será avaliado
é que produzirá um novo contexto de ação. Por isso a teoria também é chamada de teoria da reação
ou da interação social.
Delinquência primária –> resposta ritualizada e estigmatização –> distância social e redução de
oportunidades –> surgimento de uma subcultura delinquente com reflexo na autoimagem –>
estigma decorrente da institucionalização –> delinquência secundária.
Regime progressivo de cumprimento de pena (após a reforma de 1984): serve para atenuar o
choque da reinserção social quando o preso está institucionalizado.
33
Lei nº 9.099/95 e os institutos despenalizadores.
Conclusão: ao aproximar as condutas desviantes dos processos de interação, nos conduz para a
investigação acerca das agências de controle social e de seu papel definitorial da própria reprodução
do poder.
CRIMINOLOGIA CRÍTICA
Tem origem nos EUA e na Inglaterra nos anos 70. Escola de Berkeley (EUA) e National Deviance
Conference (Inglaterra).
As leis penais são aprovadas para gerar uma estabilidade temporária, encobrindo confrontações
violentas entre as classes sociais.
Após dez anos de estudos, surgem basicamente três tendências da criminologia moderna:
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a) O neo-realismo de esquerda (law and order): a ideia continua a ser socialista, mas realista.
Defendem uma nova relação entre a polícia e a sociedade, com a finalidade de contribuir para uma
luta comum contra o delito. Sugerem, de outra parte, uma linha reducionista na política criminal,
descriminalizando certos comportamentos e criminalizando outros. Os crimes graves merecem uma
resposta enfática da sociedade. Aceitam a ideia do cárcere, em situações extremas
b) A teoria do direito penal mínimo: qualquer radical aplicação da pena pode produzir
consequências mais gravosas quanto aos benefícios que pode trazer. Deve-se deixar de atribuir
relevo aos pensamentos tradicionais da criminalidade de massa de rua (roubo, furto) para pensar
uma criminalidade dos oprimidos (racismo, crimes do colarinho-branco, etc.). O direito deve ser
utilizado para a defesa do mais fraco perante uma eventual reação mais forte que a pena
institucional por parte do ofendido e em prevenção ao cometimento ou ameaça de novo delito.
Contração do sistema penal em certas áreas para expansão de outras. Caráter fragmentário do
direito penal, intervenção punitiva como última ratio e reafirmação da natureza acessória do direito
penal.
Alessandro Baratta, em sua obra Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal, enfatiza que o
sistema escolar e o sistema penal reproduzem e reafirmam a seleção e a marginalidade social. Veja
as principais frases e conclusões extraídas do capítulo:
35
I) O SISTEMA ESCOLAR COMO PRIMEIRO SEGMENTO DO APARATO DE SELEÇÃO E DE
MARGINALIZAÇÃO NA SOCIEDADE.
Para Alessandro Baratta, o sistema escolar, no conjunto que vai da instrução elementar à média e à
superior, reflete a estrutura vertical da sociedade e contribui para cria-la e para conservá-la, através
de mecanismos de seleção, discriminação e marginalização.
Uma das razões do insucesso escolar consiste na dificuldade de crianças provenientes de classes
proletárias de se adaptarem a um mundo estranho a eles. A escola reage com exclusão.
Pesquisas revelam a correlação do rendimento escolar com a percepção que o menino tem do juízo
e das expectativas do mestre em relação a ele.
O sistema escolar e o sistema penal criam contraestímulos à integração dos setores mais baixos e
marginalizados.
Direito penal abstrato: criminalização primária. A formulação técnica dos tipos penais e a espécie
de conexão entre agravantes e atenuantes favorece a punição dos mais pobres.
36
Na definição de Zaffaroni, criminalização primária “é o ato e o efeito de sancionar uma lei penal
material que incrimina ou permite a punição de certas pessoas” e a criminalização secundária “é a
ação punitiva exercida sobre pessoas concretas, que acontece quando as agências policiais
detectam uma pessoa que supõe-se tenha praticado certo ato criminalizado primariamente”.
Alessandro Baratta: “a distância linguística que separa julgadores e julgados, a menor possibilidade
de desenvolver um papel ativo no processo e de servir-se do trabalho de advogados prestigiosos,
desfavorecem os indivíduos socialmente mais débeis.
IV) A INCIDÊNCIA DOS ESTEREÓTIPOS, DOS PRECONCEITOS, DAS TEORIAS DE SENSO COMUM NA
APLICAÇÃO JURISPRUDENCIAL DA LEI PENAL.
Para Baratta, pode-se afirmar que existe uma tendência por parte dos juízes de esperar um
comportamento conforme a lei dos indivíduos pertencentes aos estratos médios e superiores; o
inverso ocorre com os indivíduos dos estratos inferiores.
As sanções que mais incidem sobre o status social são usadas, com preferência, contra aqueles cujo
status social é mais baixo:
A nova sociologia criminal inspirada no labelling approach nos ensina que a criminalidade é uma
realidade social de que a ação das instâncias oficiais é elemento constitutivo.
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VI) NEXO FUNCIONAL ENTRE SISTEMA DISCRIMINATÓRIO ESCOLAR E SISTEMA DISCRIMINATÓRIO
PENAL.
Baratta: “ulterior série de mecanismos institucionais, os quais, inseridos entre os dois sistemas
(escolar e penal), asseguram a sua continuidade e transmitem, através de filtros sucessivos, uma
certa zona da população de um para outro sistema”.
Uma longa pena carcerária não é capaz de transformar um delinquente antissocial violento em um
indivíduo adaptável.
Prisionalização: educação para ser criminoso e educação para ser um bom preso.
O cárcere reflete a sociedade capitalista: relações baseadas no egoísmo e na violência ilegal, onde
indivíduos mais débeis são constrangidos a papeis de exploração e submissão.
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3 e 4) AS LEIS DE REFORMA PENITENCIÁRIA ITALIANA E ALEMÃ E A PERSPECTIVA DE RUSCHE E
KIRCHHEIMER: AS RELAÇÕES ENTRE MERCADO DE TRABALHO, SISTEMA PUNITIVO E CÁRCERE.
“Todo sistema de produção tem uma tendência a descobrir (e a utilizar) sistemas punitivos que
correspondem às próprias relações de produção”.
Este tema é extraído da obra de Luiz Flávio Gomes e Antonio García-Pablos de Molina, abordando
o modelo consensual de Justiça Criminal e as inovações trazidas pela Lei nº 9.099/95.
Justiça criminal consensuada: justiça reparatória (ex: Juizados), Justiça Restaurativa (feita por
mediação) e Justiça negociada (plea bargaining), que não existe no Brasil.
Nova filosofia político-criminal = vítima, reparação dos danos e o direito penal de ultima ratio.
Enfraquecimento da crença do full enforcement.
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Princípio da oportunidade regrada, da autonomia da vontade do imputado e da desnecessidade da
pena de prisão.
Sistema que privilegiou a vítima, assim como a ressocialização do infrator por outras vias
alternativas, distintas da prisão. A Lei 9.099 foi uma quebra do modelo político-criminal
palorepressivo (Ex: Lei de Crimes Hediondos, penas mais severas etc).
Institutos despenalizadores.
Vitimologia e Modelo de Justiça Consensual: a prioridade não é o castigo, mas a reparação dos danos
causados à vítima.
Caro aluno,
Com isso, estudamos todos os tópicos do edital, dando destaque aos conteúdos em que há uma cobrança
expressiva em prova. Obrigado pela confiança e sucesso!
EM DELTA
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CRIMINOLOGIA
PROF. MURILLO RIBEIRO
EXERCÍCIOS
1) (CESPE – Defensor Público Federal – 2018) A respeito do conceito e dos objetos da criminologia,
julgue o item a seguir.
3) (FAPEMS – Delegado de Polícia MS/2018) A atividade policial dentre suas finalidades deve
prevenir e reprimir o crime. Em particular, à polícia judiciária cabe investigar, com o fim de
esclarecer fatos delitivos que causaram danos a bens jurídicos relevantes tutelados pelo direito
penal. A criminologia dada a sua interdisciplinaridade constitui ciência de suma importância na
atividade policial por socorrer-se de outras ciências para compreender a prática delitiva, o infrator
e a vítima, possuindo métodos de investigação que visam a atender sua finalidade. Diante do
exposto, assinale a alternativa correta sobre a criminologia como ciência e seus métodos.
41
a) Como ciência dedutiva; a criminologia se vale de métodos científicos, humanos e sociais,
abstratos, próprios do Direito Penal.
e) Os métodos biológico e sociológico são utilizados pela criminologia, que, por meio do empirismo
e da experimentação, estuda a motivação criminosa do sujeito.
4) (VUNESP – Delegado de Polícia/BA - 2018) Assinale a alternativa correta no que diz respeito à
criminologia e ao controle social.
b) A afirmação do criminólogo Jeffery, no sentido de que “mais leis, mais penas, mais policiais, mais
juízes, mais prisões significam mais presos, porém não necessariamente menos delitos”, refere-se
a uma crítica ao controle social informal.
d) a conclusão de uma pesquisa que indica maior punibilidade para negros (mais condenados do
que indiciados e mais presos em flagrante do que indiciados por portaria) contradiz os fundamentos
da criminologia crítica em relação ao controle social.
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5) (CESPE, Delegado de Polícia, PC/PE, 2016) Os objetos de investigação da criminologia incluem
o delito, o infrator, a vítima e o controle social. Acerca do delito e do delinquente, assinale a opção
correta.
a) Para a criminologia positivista, infrator é mera vítima inocente do sistema econômico; culpável é
a sociedade capitalista.
b) Para o marxismo, delinquente é o indivíduo pecador que optou pelo mal, embora pudesse
escolher pela observância e pelo respeito à lei.
c) Para os correcionalistas, criminoso é um ser inferior, incapaz de dirigir livremente os seus atos:
ele necessita ser compreendido e direcionado, por meio de medidas educativas.
d) Para a criminologia clássica, criminoso é um ser atávico, escravo de sua carga hereditária, nascido
criminoso e prisioneiro de sua própria patologia.
e) A criminologia e o direito penal utilizam os mesmos elementos para conceituar crime: ação típica,
ilícita e culpável.
O italiano Cesare Lombroso, autor da obra “L’Uomo delinquente”, foi um dos precursores da Escola
Clássica de Criminologia, a qual admitia a ideia de que o crime é um ente jurídico - infração - e não
ação.
a) Construção de uma praça com equipamentos de lazer em uma comunidade com altos índices de
criminalidade e de vulnerabilidade social com o fim de evitar que jovens daquele local, em especial
em situação de risco, envolvam-se com a criminalidade.
b) Projeto Começar de Novo, que visa devolver aos cumpridores de pena e egressos a autoestima e
a cidadania suprimidas com a privação de sua liberdade, por meio de ações de caráter preventivo,
educativo e ressocializador, atuando, assim, na humanização, a fim de que referido público valorize
a liberdade e passe a fazer escolhas melhores em sua vida, evitando o retorno ao cárcere.
43
c) Implementação de sistemas de leitores óticos de placas de veículos nas ruas e avenidas da cidade
de Salvador para identificação de veículos relacionados a algum tipo de crime.
e) Melhoria de atendimento pré e pós-natal a todas as gestantes de uma determinada cidade com
a finalidade de reduzir os índices criminais no município.
8) (VUNESP – Delegado de Polícia/BA - 2018) No que diz respeito aos estudos desenvolvidos no
âmbito da vitimologia, assinale a alternativa correta.
a) O linchamento do autor de um crime por populares em uma rua pode ser classificado como uma
vitimização secundária e terciária.
b) A chamada da vítima na fase processual da persecução penal para ser ouvida sobre o crime, por
inúmeras vezes, é denominada de vitimização secundária.
c) A longa espera da vítima de um crime em uma delegacia de polícia para o registro do crime é
denominada de vitimização terciária.
d) A vítima só passa a ter um contorno sistemático em sua abordagem criminológica a partir do fim
da primeira guerra mundial, na segunda década do século XX.
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c) As teorias desenvolvidas nas escolas positivistas a partir do método dedutivo buscaram maximizar
as garantias individuais na persecução penal e fora dela.
d) No pensamento criminológico das escolas clássicas, identifica-se uma grande preocupação com
os conceitos de crime e pena como entidades jurídicas e abstratas de modo a estabelecer a razão e
limitar o poder de punir do Estado.
10) (CESPE – Delegado de Polícia Substituto de Goiás– 2017) A respeito do conceito e das funções
da criminologia, assinale a opção correta.
e) A criminologia é orientada pela política criminal na prevenção especial e direta dos crimes
socialmente relevantes, mediante intervenção nas manifestações e nos efeitos graves desses crimes
para determinados indivíduos e famílias.
11) (CESPE, Delegado de Polícia, PC/PE, 2016) Considerando que, conforme a doutrina, a moderna
sociologia criminal apresenta teorias e esquemas explicativos do crime, assinale a opção correta
acerca dos modelos sociológicos explicativos do delito.
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a) Para a teoria ecológica da sociologia criminal, que considera normal o comportamento delituoso
para o desenvolvimento regular da ordem social, é imprescindível e, até mesmo, positiva a
existência da conduta delituosa no seio da comunidade.
b) A teoria do conflito, sob o enfoque sociológico da Escola de Chicago, rechaça o papel das
instâncias punitivas e fundamenta suas ideias em situações concretas, de fácil comprovação e
verificação empírica das medidas adotadas para contenção do crime, sem que haja hostilidade e
coerção no uso dos meios de controle.
d) A Escola de Chicago, ao atentar para a mutação social das grandes cidades na análise empírica do
delito, interessa-se em conhecer os mecanismos de aprendizagem e transmissão das culturas
consideradas desviadas, por reconhecê-las como fatores de criminalidade.
12) (VUNESP, Delegado de Polícia do Ceará – 2015) Os objetos de estudo da moderna criminologia
estão divididos em
46
13) (CESPE, Delegado de Polícia GO – 2017) Em busca do melhor sistema de enfrentamento à
criminalidade, a criminologia estuda os diversos modelos de reação ao delito. A respeito desses
modelos, assinale a opção correta.
a) De acordo com o modelo clássico de reação ao crime, os envolvidos devem resolver o conflito
entre si, ainda que haja necessidade de inobservância das regras técnicas estatais de resolução da
criminalidade, flexibilizando-se leis para se chegar ao consenso.
c) Para a criminologia, as medidas despenalizadoras, com o viés reparador à vítima, condizem com
o modelo integrador de reação ao delito, de modo a inserir os interessados como protagonistas na
solução do conflito.
14) (CESPE, Delegado de Polícia PE – 2016) Acerca dos modelos teóricos explicativos do crime,
oriundos das teorias específicas que, na evolução da história, buscaram entender o
comportamento humano propulsor do crime, assinale a opção correta.
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d) Entre os modelos teóricos explicativos da criminologia, o conceito definitorial de delito afirma
que, segundo a teoria do labelling approach, o delito carece de consistência material, sendo um
processo de reação social, arbitrário e discriminatório de seleção do comportamento desviado.
e) O modelo teórico de opção racional estuda a conduta criminosa a partir das causas que
impulsionaram a decisão delitiva, com ênfase na observância da relevância causal etiológica do
delito.
16) (PC/SP, Escrivão de Polícia – 2010) A teoria do “Labelling Approach” ou da Reação Social é
também conhecida como
a) Teoria da Anomia.
b) Teoria da Subcultura.
c) Teoria Ecológica.
e) Teoria Espacial.
17) (PC/SP, Desenhista Técnico-Pericial, 2014) Teoria desenvolvida pelo sociólogo americano
Edwin Sutherland, que cunhou a expressão “white colar crimes” para definir autores de crimes
específicos, que se diferenciavam de criminosos comuns, afirmando, ainda, que o
comportamento criminoso é aprendido, nunca herdado. Trata-se da teoria
a) do neorretribucionismo.
b) crítica.
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c) da associação diferencial.
d) do labelling approach.
e) radical.
18) (VUNESP, Delegado de Polícia CE/2015) Sobre a teoria da “anomia”, é correto afirmar:
a) é classificada como uma das “teorias de conflito” e teve, como autores, Erving Goffman e
Howard Becker.
b) foi desenvolvida pelo sociólogo americano Edwin Sutherland e deu origem à expressão white
collar crimes.
d) iniciou-se com as obras de Émile Durkheim e Robert King Merton, e significa ausência de lei.
e) foi desenvolvida por Rudolph Giuliani, também conhecida como “Teoria da Tolerância Zero”.
20) (UFPR – DPE/PR/ 2014) Em relação às distintas teorias criminológicas, a ideia de que o
“desviante” é, na verdade, alguém a quem o rótulo social de criminoso foi aplicado com sucesso
foi desenvolvida pela Teoria
a) da anomia.
49
b) da associação diferencial.
c) da subcultura delinquente.
d) da ecologia criminal.
50
GABARITO
1–E
2–D
3–E
4-C
5-C
6-E
7-E
8-B
9-D
10 - D
11 - D
12 – E
13 - C
14- D
15 – E
16 – D
17 – C
18 – D
19 – A
20 – E
51