Resumo Criminologia
Resumo Criminologia
Resumo Criminologia
CONCEITO:
Para Afrânio Peixoto, a criminologia “é a ciência que estuda os crimes e os criminosos, isto é, a
criminalidade”.
Autor: Para a Escola Clássica, o criminoso era um ser que pecou, que optou pelo mal, embora pudesse e
devesse escolher o bem. O apogeu do valor do estudo do criminoso ocorreu durante o período do
positivismo penal, com destaque para a antropologia criminal, a sociologia criminal, a biologia criminal etc.
A Escola Positiva entendia que o criminoso era um ser atávico, preso a sua deformação patológica (às vezes
nascia criminoso). Outra dimensão do delinquente foi confeccionada pela Escola Correcionalista (de
grande influência na América espanhola), para a qual o criminoso era um ser inferior e incapaz de se
governar por si próprio, merecendo do Estado uma atitude pedagógica e de piedade. Registre-se, por
oportuno, a visão do marxismo, que entendia o criminoso como vítima inocente das estruturas econômicas.
O estudo atual da criminologia não confere mais a extrema importância dada ao delinquente pela
criminologia tradicional, deixando-o em plano secundário de interesse.
Vítima: Nos dois últimos séculos, o direito penal praticamente desprezou a vítima, relegando-a a uma
insignificante participação na existência do delito. Verifica-se a ocorrência de três grandes instantes da
vítima nos estudos penais: a “idade do ouro”; a neutralização do poder da vítima e a revalorização de sua
importância. A idade do ouro compreende desde os primórdios da civilização até o fim da Alta Idade Média
(autotutela, lei de Talião etc.); o período de neutralização surgiu com o processo inquisitivo e pela assunção
pelo Poder Público do monopólio da jurisdição; e, por derradeiro, a revalorização da vítima ganhou destaque
no processo penal, após o pensamento da Escola Clássica, porém só recentemente houve um direcionamento
efetivo de estudos nesse sentido, com o 1º Seminário Internacional de Vitimologia (Israel, 1973). Tem-se
como fundamental o estudo do papel da vítima na estrutura do delito, principalmente em face dos problemas
de ordem moral, psicológica, jurídica etc., justamente naqueles casos em que o crime é levado a efeito por
meio de violência ou grave ameaça. Ressalte-se que a vitimologia permite estudar inclusive a criminalidade
real, efetiva, verdadeira, por intermédio da coleta de informes fornecidos pelas vítimas e não informados às
instâncias de controle (cifra negra de criminalidade).
Ambiente: Análise do ambiente em que o fato criminoso é praticado. Por que é tão propicio ocorrer crimes
naquela localidade? Quais são os fatores ambientais que influenciam.
CRIMINOLOGIA MODERNA: Desde os primórdios até os dias de hoje a criminologia sofreu mudanças
importantes em seu objeto de estudo. Houve tempo em que ela apenas se ocupava do estudo do crime
(Beccaria), passando pela verificação do delinquente (Escola Positiva). Após a década de 1950, alcançou
projeção o estudo das vítimas e também os mecanismos de controle social, havendo uma ampliação de seu
objeto, que assumiu, portanto, uma feição pluridimensional e interacionista.
*A criminologia moderna não esta preocupada somente com os atores, com as causas. Alem de tudo,
preocupada com a solução da problemática. O objetivo principal da criminologia moderna é propor soluções
para a criminalidade.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA E PRINCIPAIS ESCOLAS
Escola Clássica: Crime como ente jurídico, punibilidade baseada no livre arbítrio, pena retributiva com a
finalidade de prevenir e restaurar a ordem social, calculo racional do infrator.
Não existiu propriamente uma Escola Clássica, que foi assim denominada pelos positivistas em tom
pejorativo (Ferri). As ideias consagradas pelo Iluminismo acabaram por influenciar a redação do livreto de
Cesare Beccaria, intitulado Dos delitos e das penas (1764), com a proposta de humanização das ciências
penais. Além de Beccaria, despontam como grandes intelectos dessa corrente Francesco Carrara
(dogmática penal) e Giovanni Carmignani.
Os Clássicos partiram de duas teorias distintas: o jusnaturalismo (direito natural, de Grócio), que decorria
da natureza eterna e imutável do ser humano, e o contratualismo (contrato social ou utilitarismo, de
Rousseau), em que o Estado surge a partir de um grande pacto entre os homens, no qual estes cedem parcela
de sua liberdade e direitos em prol da segurança coletiva. Ambas as teorias buscavam limitar o arbítrio
estatal da época.
Positiva – Crime como fenômeno social e natural, pena como instrumento de controle social e estabelecido
por esta. Obs: o crime deixa de ser um ente juridico para ser social.
1) Antropologica (Lombroso) – Crime como um fenômeno biologico
2) Sociologica (Ferri) – Criminalidade derivada de fenômenos antropologicos, fisicos e culturais
3) Juridica (Garofalo) – Crime representa a degeneracao do homem e isso é natural. Crime inerente ao
ser humano. Cada um se identifica com um tipo de transgressao. Recomendacao do livro “somos
todos criminosos”. Quem nunca cometeu um crime? Crime hoje não é mais amanha e vice versa.
*Escola Moderna Alemã: Esta corrente foi também denominada Escola Sociológica Alemã, e teve como
principais expoentes Franz von Lizst, Adolphe Prins e Von Hammel, criadores, aliás, da União Internacional
de Direito Penal, em 1888. Von Lizst ampliou na conceituação das ciências penais a criminologia (com a
explicação das causas do delito) e a penologia (causas e efeitos da pena). Os postulados da Escola de
Política Criminal foram: a) o método indutivoexperimental para a criminologia; b) a distinção entre
imputáveis e inimputáveis (pena para os normais e medida de segurança para os perigosos); c) o crime como
fenômeno humano-social e como fato jurídico; d) a função finalística da pena – prevenção especial; e) a
eliminação ou substituição das penas privativas de liberdade de curta duração.
MÉTODO: O método de trabalho utilizado pela criminologia é o empírico. Basicamente, segue um
processo indutivo.
A investigação extensiva é caracterizada pelo uso dominante de técnicas quantitativas. Sua principal
vantagem é o fato de permitir o conhecimento em extensão de fenômenos ou acontecimentos criminais.
A intensiva, analisa em profundidade as características, opiniões, uma problemática relativa a uma
população determinada, segundo vários ângulos e pontos de vista. Nessa segunda estratégia, privilegia-se a
abordagem direta das pessoas em seus próprios contextos de interação. A pesquisa tende a usar não apenas
técnicas qualitativas, mas também quantitativas ou extensivas. Porém, a visão multilateral e intensiva do
objeto de pesquisa definido é sempre dominante.
A investigação-ação e consiste na intervenção direta dos cientistas, que são chamados a participar em
projetos de intervenção. Os objetivos de aplicação mais direta dos conhecimentos produzidos tornam essa
lógica específica (criminólogos, estatísticos, policiais, promotores, juízes etc.).
TESTES: Os testes em criminologia são técnicas de investigação que, por meio de padrões ou tipos
preestabelecidos, destacam as características pessoais e da constituição do indivíduo, mediante respostas
a estímulos previamente planejados, visando traçar o perfil psicológico e a capacitação pessoal de
cometimento ou recidiva no crime.
Testes projetivos são aqueles que procuram medir a personalidade através do uso de quadros, figuras,
jogos, relatos etc., que imprimem estímulos no examinado, que provocam, consequentemente, reações das
quais resultam as respostas que servirão de base para a interpretação dos resultados desejados.
Testes prospectivos compreendem o emprego de técnica voltada a explorar, com minúcias, as intenções
presentes e futuras, retirando do paciente as suas crenças e potencialidades lesivas ou não. Trata-se de teste
muito mais profundo, que depende bastante da habilidade do responsável e da sinceridade do examinando.
Deve-se revelar ao paciente que o fim do teste é traçar sua personalidade, em caráter sigiloso, e que os
eventuais benefícios dependerão da honestidade das respostas.
Teste de inteligência numa análise amplíssima, pode-se dizer que inteligência é raciocínio,
capacidade de entendimento, poder de abstração, julgamento, percepção exterior, memorização, iniciativa
e bom senso. Em psicologia e, mais de perto, na criminologia se procura medir a inteligência por meio do
denominado quociente de inteligência – Q I.
Denomina-se Q I a divisão da idade mental (IM) pela idade cronológica (IC), multiplicada
por 100.
Escola de Chicago – Ecologia criminal ou desorganização social, similaridade com o Rio de Janeiro,
mobilidade social e fluidez, crescimento das cidades dificulta o controle informal, com ausência e escassez
do estado, o ambiente se torna propício ao crime.
A escola de Chicago começa a dizer que tem ambientes mais propícios que outros para a delinquência. O
ambiente é fator determinante ou inibidor. Questão de mobilidade social, o camarada que é pobre quer
crescer, ele vê a oportunidade. Alguns estudam e buscam, outros querem usar a ilegalidade. Outro conceito
da escola é a fluidez, a transição do indivíduo dentro da cidade. Mora na periferia e vai aos grandes centros.
Comete crime para alcançar aquilo. Crescimento da cidade, quando cresce muito você não conhece seu
vizinho, não há o controle informal social. Pobreza é fator criminal? Isoladamente NÃO. Vc visita cidades
miseráveis no interior, com mt menos condições que rocinha por ex, sendo que lá os índices são mt menores.
Fatores mesológicos, do meio social. La é mt pobre, mas tem estrutura familiar, sentimento de
pertencimento, controle social informal eficaz.
Há dois conceitos básicos para que se possa entender a ecologia criminal e seu efeito criminógeno: a ideia de
“desorganização social” e a identifi cação de “áreas de criminalidade”. O crescimento desordenado das
cidades faz desaparecer o controle social informal; as pessoas vão se tornando anônimas, de modo que a
família, a igreja, o trabalho, os clubes de serviço social etc. não dão mais conta de impedir os atos
antissociais. Destarte, a ruptura no grupo primário enfraquece o sistema, causando aumento da criminalidade
nas grandes cidades. No mesmo sentido, a ausência completa do Estado (não há delegacias, escolas,
hospitais, creches etc.) cria uma sensação de anomia e insegurança, potencializando o surgimento de bandos
armados, matadores de aluguel que se intitulam mantenedores da ordem. O segundo dado característico é a
existência de áreas de criminalidade, segundo círculos concêntricos, por meio de um conjunto de zonas ou
anéis a partir de uma área central. Assim, a 2ª zona favorece a criação de guetos, a 3ª zona mostra-se como
lugar de moradia de trabalhadores pobres e imigrantes, a 4ª zona destina-se aos conjuntos
habitacionais da classe média e a 5ª zona compõe-se da mais alta camada social.
O que essa escola mais agregou a criminologia? A importância do ambiente como fator criminologico.
Associação diferencial – Comportamento delitivo se aprende com seus pares, “bandidolatria”.
Anomia – atos em contrariedade as normas e convenções sociais, falta de ordem.
Merton explica que o comportamento desviado pode ser considerado, no plano sociológico, um sintoma de
dissociação entre as aspirações socioculturais e os meios desenvolvidos para alcançar tais aspirações. Assim,
o fracasso no atingimento das aspirações ou metas culturais em razão da impropriedade dos meios
institucionalizados pode levar à anomia, isto é, a manifestações comportamentais em que as normas sociais
são ignoradas ou contornadas.
A anomia é uma situação de fato em que faltam coesão e ordem, sobretudo no que diz respeito a normas e
valores.
O RJ em 2013 chegou à beira da anomia. Um nível tão critico de desordem que mesmo você que é ordeiro,
anda na desordem e comete um ato delitivo. Ex: andando da central e joga uma pedra porque todos estão
jogando. Justiçamento, briga de torcida.
Teorias do Conflito: argumentam que a harmonia social decorre da força e da coerção, em que há uma
relação entre dominantes e dominados. Nesse caso, não existe voluntariedade entre os personagens para a
pacificação social, mas esta é decorrente da imposição ou coerção.
Labelling approach – “Entiquetamento”, rotulação e reação social, reincidência, defesa da politica dos 4
Ds “descriminalização, diversão, devido processo legal e desinstitucionalização”, praticas como: direito
penal mínimo, desencarceramento, progressão de regime e abolitio criminis.
Por meio dessa teoria, a criminalidade não é uma qualidade da conduta humana, mas a consequência de um
processo em que se atribui tal “qualidade” (estigmatização). Destarte, condutas desviantes são aquelas que
as pessoas de uma sociedade rotulam às outras que as praticam. A teoria da rotulação de criminosos cria um
processo de estigma para os condenados, funcionando a pena como geradora de desigualdades.
Teoria crítica ou radical – inspirada pelo marxismo, capitalismo egoísta leva ao crime, estigmatização da
população marginalizada, compreensão pelo criminoso, propostas de reformas sociais.
a) a concepção conflitual da sociedade e do direito (o direito penal se ocupa de proteger os interesses do
grupo social dominante);
b) reclama compreensão e até apreço pelo criminoso;
c) critica severamente a criminologia tradicional;
d) o capitalismo é a base da criminalidade;
e) propõe reformas estruturais na sociedade para redução das desigualdades e consequentemente da
criminalidade.
Neorretribucionismo (lei e ordem, tolerância zero e broken windons theory) – Realismo de direito
Influência da escola de Chicago, espaço público como algo “sagrado”, inibição de pequenos delitos como
prevenção dos mais graves, relação de causalidade entre desordem e criminalidade mais do que outros
fatores, encarceramento em massa de “menos favorecidos”, redução de 57% de criminalidade geral e 65%
de homicídios em NY.
VITIMOLOGIA:
Discussão recente: O ser humano tem mais ódio do autor que piedade da vítima.
Classificação de Mendelson - Vitima pode ser:
a) vítima inocente, que não concorre de forma alguma para o injusto típico;
b) vítima provocadora, que, voluntária ou imprudentemente, colabora com o ânimo
criminoso do agente;
c) vítima agressora, simuladora ou imaginária, suposta ou pseudovítima, que acaba justificando a
legítima defesa de seu agressor.
.Ações de tutela das vítimas no Brasil (Ex.: lei Maria da Penha, crimes Hediondos contra Policiais).
Vítima (crime contra a vida)/ ofendido (contra honra)/ lesado (contra patrimônio)
Vitimização primária (aquela causada pelo crime em si), secundária (causada pelas instâncias formais de
controle social) e terciária (falta de apoio/amparo de órgãos públicos ou da própria sociedade).
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMINOSOS:
Odon RamosMaranhão ensina que “o ato criminoso é a soma de tendências criminais de um indivíduo com
sua situação global, dividida pelo acervo de suas resistências”. Esquematicamente:
Equação:
C = ato criminoso;
T = tendências criminais;
S = situação global;
R = resistências.
PREVENÇÃO:
Primária: Ataca a raiz do conflito (educação, emprego, moradia, segurança etc.); aqui
desponta a inelutável necessidade de o Estado, de forma célere, implantar os direitos sociais progressiva
e universalmente, atribuindo a fatores exógenos a etiologia delitiva; a prevenção primária liga-se à
garantia de educação, saúde, trabalho, segurança e qualidade de vida do povo, instrumentos preventivos
de médio e longo prazo.
Secundária: Destina-se a setores da sociedade que podem vir a padecer do problema criminal
e não ao indivíduo, manifestando-se a curto e médio prazo de maneira seletiva, ligando-se à ação
policial, programas de apoio, controle das comunicações etc.
Terciária: Voltada ao recluso, visando sua recuperação e evitando a reincidência (sistema
prisional); realiza-se por meio de medidas socioeducativas, como a laborterapia, a liberdade assistida, a
prestação de serviços comunitários etc.