Apostila de Criminologia
Apostila de Criminologia
Apostila de Criminologia
0 em 15-11-2003
PROF. EVANDRO ANDRADE DA SILVA www.direitopenal.cjb.net <http://www.direitopenal.cjb.net/> e-mail: [email protected] <mailto:[email protected]> [email protected] <mailto:[email protected]>
Programa de Criminologia Universidade Estcio de S *Tipo Curso: *11 - GRADUAO *Curso:*1 - DIREITO *Verso Programa Disciplina: *1 *Vigncia: *1 /1/1999 At o momento EMENTA: Conceito. Evoluo histrica. Teorias Criminologia e Direito. Poltica Criminal. Criminologia e Cincias afins. Estatstica criminal. Investigao criminolgica. Delinqncia infanto -juvenil. Criminalidade feminina. Sistemtica penal. Estudo da conduta criminosa. Vitimologia. Fatores criminolgicos e solues. Constituio e sistemtica penal. Realidade prisional brasileira. OBJETIVOS: 1. Estudar o indivduo criminoso, a natureza da sua personalidade e os fatores crimingenas. 2. Analisar a criminalidade e sua nocividade social. 3. Conhecer e propor meios capazes de prevenir a incidncia e a reincidncia no crime e a recuperao do delinqente.
CONTEDO PROGRAMTICO: Unidade 1 - CONCEITO, EVOLUO HISTRICA E TEORIAS Unidade 2 - CRIMINOLOGIA E DIREITO Unidade 3 - Criminalidade e cincia afins Unidade 4 - POLTICA CRIMINAL E ESTATSTICA CRIMINAL Unidade 5 - DETERMINISMO CRIMINAL Unidade 6 - INVESTIGAO CRIMINOLGICA Unidade 7 - DELINQNCIA INFANTO-JUVENIL E CRIMINALIDADE FEMININA Unidade 8 - CONDUTA CRIMINOSA E VITIMOLOGIA Unidade 9 - SISTEMTICA PENAL E REALIDADE PRISIONAL Unidade 10 - FATORES CRIMINGENOS E SOLUES Unidade 11 - A CONSTITUIO FEDERAL E A SISTEMTICA PENAL
Conceito de Criminologia * * A palavra *Criminologia *foi empregada pela primeira vez em 1883, por Topinard, e aplicada deforma universal por Rafa-el Garofalo, em sua obra "Criminologia". Para denominar essa matria que a "cincia do delito como conduta", a histria aplicou vrios vocbulos, como "antropo-logia criminal", "biologia criminal", "endocrinologia criminal", "reflexologia criminal". Foi Lombroso quem deu incio sistemtico a antropologia criminal, precedido anteriormente por Joo Batista Della Porta (1540/1615) Kaspar Lavater (1741/1801) e Francisco Gall (1758/1828). Tendo em vista a aproximao de vrias classes do conheci-mento, englobando o saber criminolgico e os diferentes mbi-tos da realidade que devem ser analisados para compreender o fenmeno da delinqncia, define-se Criminologia como "cincia emprica e interdisciplinar", que se ocupa da circuns-tncia da esfera humana e social, relacionadas com o
surgimento, a comisso ou omisso do crime, assim como o tratamento dos violadores da lei.
Jimnez de Asa:
"A criminologia a cincia causal-explicativa composta de quatro ramos (antropologia criminal, psicologia crimi-nal, sociologia criminal e penologia) e distinta das cincias jurdico -repressivas (direito penal, direito processual penal e poltica criminal), da cincia da investigao criminal (compreendendo poltica criminal, medicina legal, penologia, psiquiatria forense, polcia judiciria cientfica, criminals-tica, psicologia judiciria e estatstica criminal)". [1] <#_ftn1>
lcito afirmar que, como cincia unitria e interdis-ciplinar que , a Criminologia se interliga s cincias humanas. De fato, a Biologia, a Psicologia e a Psicanlise so instrumentos essenciais Criminologia Clnica, Por outro lado e como j foi explanado, a Criminologia igualmente se relaciona com as cincias criminais: o Direito Penal lhe delimita o objeto; o Direito Processual Penal inquire a ocorrncia do ato criminal e se interessa pelo exame da personalidade do delinqente; o Direito Peniten-cirio, atravs de seus laboratrios de Biotipologia, regula o programa de ressocializao; a Medicina Legal, a Polcia Judiciria e "a Policiologia colaboram na investigao cientfica da materialidade do fato criminoso.
bem de ver que os trs elementos relacionados ao fenmeno penal - *o crime, o delinqente e a pena* - constituem o centro das preocupaes das cincias penais no seu todo, ou seja, a denominada Enciclopdia das Cincias Penais, cincias que assim so agrupadas e classificadas por Luis Jimenez de Asa: a) Cincias Histrico -Filosficas: Histria do Direito Penal, Filosofia do Direito Penal e Direito Penal Comparado; b) Cincias Causal-Explicativas: Criminologia, Antropologia Criminal, Sociologia Criminal, Biologia Criminal, Psicologia Criminal e
Psicanlise Criminal; c) Cincias Jurdico-Repressivas: Direito Penal, Direito Processual Penal e Direito Penitencirio; d) Cincias Auxiliares e de Pesquisa: Penologia, Poltica Criminal, Medicina Legal, Psiquiatria Forense, Polcia Judiciria Cientfica, Criminalstica, Psicologia Judiciria e Estatstica Criminal.
Importante salientar, ainda uma vez, a natureza cientfica da Criminologia e sua autonomia. cincia autnoma porque possui um objeto perfeitamente delimitado: os fatos objetivos da prtica do crime e luta contra o delito. Sua esfera de ao, alm disso, demarcada pl universo normativo do Direito.
Orlando Soares em sua obra , Curso de Criminologia disserta que a delinqncia composta de quatro fenmenos que so: o crime, o delinqente, a pena e a vtima.
A propsito, de assinalar que, em reunio internacional da Unesco, em Londres, logrou-se desmembrar a Criminologia em dois ramos: Criminologia Geral e a Criminologia Clnica. Desse conclave participaram criminlogos do mais alto nvel e, dentre eles, Pinatel, Kinber, Wolfgang, Sellin e o brasileiro Leondio Ribeiro. Esse desmembramento, do consenso da Unesco, inclusive foi acolhido por Lopez-Rey e pelo ilustre mdico e professor italiano Franco Ferracuti.
Para o socilogo norte-americano Martin E. Wolfgang e para o psiclogo italiano Franco Ferracuti, a Criminologia se desdobra em Criminologia Sociolgica e Criminologia Clnica. A Criminologia Sociolgica compreende o magistrio e a investigao com base na Sociologia. A Criminologia Clnica se manifesta por via da aplicao dos conhecimentos criminolgicos e do estudo dos problemas forenses e peni-tencirios, consistindo, em sntese, na aplicao integrada e conjunta do saber criminolgico e tcnico para soluo de casos particulares, com fins de diagnstico e teraputica.
As disciplinas preconizadas por Wolfgang e Ferracuti seriam de dois tipos: a) disciplinas fundamentais ou cincias criminolgicas: Bio-logia Criminal, Psicologia Criminal, Sociologia Criminal, Penologia e Criminologia propriamente dita; b) cincias anexas e Medicina Legal, Psicologia Judiciria e Polcia Cientfica.[2] <#_ftn2>
Pontifica do explicitado, por sua objetividade e abrangncia, a diviso adotada pela Unesco, ou seja: Criminologia Geral e Criminologia Clnica, competindo primeira a comparao e sistematizao dos resultados obtidos nas diversas cincias criminolgicas e estudando, a partir desse momento, o criminoso, o crime e a criminalidade. O crime sendo considerado consoante a situao do ato criminoso, sua forma, os fatores da infrao e a dinmica de determinados delitos. O criminoso sendo analisado segundo a disposio hereditria, o bitipo, o transtorno mental e o mundo circundante. A criminalidade sendo encarada em razo de suas tendncias, dos tipos criminosos e da vio-lncia empregada. Como bem esclarecem Wolfgang e Ferracuti, a Criminologia Cl-nica consiste no /approche /interdisciplinar no caso individual, com a contribuio dos princpios e mtodos das cincias criminolgicas. O objetivo desse enfoque interdisciplinar estudar a personalidade do de-linqente para estabelecer o diagnstico criminolgico e a prognose so-cial, com proposta do plano de ressocializao do criminoso. Em outras palavras: aplicar os princpios e mtodos das criminologias especializa-das, comportando as seguintes etapas: exame, diagnstico, prognstico e tratamento. O grande mrito do exame cr iminolgico aquele de ense-jar o conhecimento integral do homem delinqente, sem o que no se aplicar uma justia eficaz e apropriada, restando mero critrio de valo-rizao poltico-jurdica. A Criminologia Clnica consiste na aplicao pragmtica do conhecimento terico da Criminologia Geral, sem que isto desvirtue o ca-rter autnomo daquela, conquanto intimamente ligadas ambas as cri-minologias. Alm do mais, a pesquisa cientfica tem como ponto de partida a Clnica Criminolgica. Clnico e pesquisador se completam no progresso cientfico da Criminologia.
De lembrar que a Criminologia Geral que sistematiza os resulta-dos das criminologias especializadas e os dados da prtica criminolgica. O caso particular demanda um estudo interdisciplinar, com supedneo nas cincias criminolgicas e na experincia clnica dos centros de observao e estabelecimentos de reeducao do delinqente. A obser-vao cientfica um dos mtodos da Criminologia Clnica, seguida de interpretao no caso de diagnstico criminolgico, ainda que na fase de execuo do tratamento reeducativo, antes, portanto, da classificao penitenciria ou incio do programa de reeducao do delinqente.
Para Pinatel, e tambm para Carrol, a futura Criminologia sair da elaborao e sistematizao da prtica criminolgica. Tem -se a Criminologia Clnica como o trao de unio entre a Criminologia propriamen-te dita e a Penologia. A Criminologia Clnica, em ltima instncia, tem por finalidade o estudo da personalidade do delinqente e o seu trata-mento. Dissente, por conseqncia, da Psiquiatria Criminal, que se res-tringe percia psiquitrica e avaliao da responsabilidade criminal. No plano cientfico, na verdade, a Criminologia Clnica principia onde finda a Psiquiatria Mdico -Legal, melhor dizendo, onde se abandona o domnio patolgico. A rigor, o estudo da Criminologia Clnica dever absorver sua interdisciplinariedade e tambm os seguintes temas: Penologia, Direito Penitencirio, exame mdico-psicolgico e social do delinqente, classificao penitenciria e plano de tratamento reeducativo do preso, es-pcies de tratamento (institucional em semi-liberdade etc.), mtodos de trabalho reeducativo (pedaggicos, psicolgicos, psiquitricos, sociol-gicos) execuo do processo de cura reeducativo (labor nos centros de observao, nas casas de reeducao, nos nosocmios de custdia e as-sistncia psiquitrica etc.). Embora voltada para a reeducao do delinqente e sua r einsero social, a Criminologia Clnica igualmente contribui para a preveno da criminalidade e para a extirpao das condies crimingenas da sociedade atravs de pesquisas junto coletividade e notadamente em bairros miserveis e favelas. Compete, enfim, Criminologia, servindo-se do mtodo, cientfico, o estudo do criminoso e do crime, como acontecimentos sociais que so, provindos de mltiplas causas internas e externas. Minudenciando a conceituao, o criminologista Orlando Soares indica, com descortino, que a Criminologia cincia que pesquisa: as causas e concausas da criminalidade; as causas da periculosidade preparatria da criminalidade; as mani-festaes e os efeitos da criminalidade e da periculosidade preparatria da criminalidade; a poltica a opor, assistencialmente etiologia da criminalidade e periculosidade preparatria da criminalidade. assero pacfica que a Criminologia tem objeto independente e determinado. Sendo uma cincia realista e no normativa, a Cri minologia tem como objeto a dimenso naturalstica do evento criminoso.
O criminlogo absolutamente no poder ser observador passivo da sucesso criminal. No. Ele ter que ser um participante ativo, seja como cidado, seja como pesquisador, contribuindo com seu /know-how /de co-nhecimentos na abordagem e perquirio do fenmeno criminal. Utilizar-se-, o criminologista, da experimentao direta e indire-ta.
Por via da experimentao direta, alcanada por intermdio de dados propiciados pelos sistemas penitencirios, ele ter elementos de valia para indagar, verticalmente, a transio do homem normal ao homem delinqente. Concernentemente experimentao indireta, ela ser de-senvolvida com o estudo dos fatos anormais naturalmente sucedidos. Aqui, como ensina Roberto Lyra, o criminlogo no poder olvidar que "o crime um fato social de conseqncias jurdicas e no um fato jur-dico de aspectos sociais". Ter que saber o criminologista, por outro lado, que os fatos sociais so processos de interao que envolvem as pessoas, os grupos coletivos e as heranas sociais, no havendo critrios infalveis para diferenciar o homem que poder delinqir daquele que no poder delinqir. Comporta, por oportuno, a afirmativa de Gabriel Tarde que "nenhum de ns pode se gabar de no ser um criminoso nato relativamente a um estado social determinado, passado, futuro ou poss-vel". A idia do crime, verdadeiramente, inata no homem, talvez pre-existindo sua prpria conscincia.
A Criminologia a cincia que estuda o fenmeno criminal, a vtima, as determinantes endgenas, que isolada ou cumulativamente atuam sobre a pessoa e a conduta do delinqente, e os meios labor-teraputicos ou pedaggicos de reintegr-lo ao grupamento social.
Diferenas entre Direito Penal e Criminologia v O Direito Penal sendo uma cincia normativa; a cincia da represso social ao crime, atravs de regras punitivas que ele mesmo elabora. O seu objeto, portanto, o crime como um ente jurdico, e como tal, passvel de suas sanes. v A Criminologia uma cincia causal-explicativa, tem por objeto a incumbncia de no s se preocupar com o crime, mas tambm de conhecer o criminoso, montando esquemas de combate criminalidade.
A *CRIMINOLOGIA NA HISTRIA
Condutas que outrora eram atos normais e obrigatrios dos costumes da poca, com o tempo se tornaram crimes, e condutas que outrora eram crime, se tornaram fatos normais, conforme vejamos a seguir: Salienta Lombroso que a mesma dificuldade que se apresenta no es-tudo do crime, dentre os animais em geral, observa-se em relao aos seres humanos primitivos. Certas prticas, mais tarde consideradas delituosas, eram, por assim dizer, a regra geral; todavia, algumas dessas prticas confundem-se em suas origens com aes menos criminosas. Tais prticas, nos diversos idiomas, em sua origem, revelam. que no h uma diferena ntida entre ao e crime, surgindo logo depois a idia de pecado, ou seja, desobedincia aos deuses. Todas as lnguas convergem no sentido de nos apresentar a rapina e o assassinato como a primeira fonte da propriedade, alis, um dos aspectos do darwinismo social, como veremos oportunamente. Algumas prticas comuns entre os selvagens foram criminalizadas no curso da civilizao, como, por exemplo, o aborto. Em certas pocas, a es-cassez de alimentos, as dificuldades de vida e outros fatores constituram motivos, entre os primitivos, para a prtica do abortamento. O aborto premeditado, desconhecido dos outros animais, foi comum entre os selvagens, tanto nas primitivas tribos orientais, como na Amrica, atravs de expedientes rsticos, tais como, pancadas redobradas no ventre. Contemporaneamente, algumas tribos aborgenes brasileiras conservam a prtica do aborto da forma acima referida /(in Direitos Huma-nos na Amaznia, /publicao do Inst. dos Ad. Brasileiros, ps. 226 e 227, RJ,1997). As mesmas causas do aborto tornaram freqente o infanticdio, entre os primitivos; sacrificava-se aquele que vinha logo aps o primogni-to ou o segundo, e de preferncia as meninas, como ocorria na Austrlia e na Melansia. Na ndia, do Ceilo ao Himalaia, infanticdio consagrado pela religio. No Japo e na China, segundo Marco Plo, o infanticdio era uma for-ma de reduzir o crescimento populacional. Da mesma maneira, na Amrica e na frica. Em algumas tribos da frica Meridional, aps o infanticdio a criana era utilizada como isca para pegar lees; em certas regies da Aus-trlia matavam-se as crianas e sua gordura era utilizada em anzis, para as pescarias. Na Amrica, dentre os tasmaiano, pele-vermelha e esquim, a morte da me
era motivo para o infanticdio, porque o costume queria que as cri-anas fossem enterradas com ela. Havia outras causas para o infanticdio entre os primitivos: os preconceitos, por exemplo, como a averso aos gmeos, encarados como prova da infidelidade da mulher, pois entendia-se que o homem s podia produzir um filho de cada vez (Lombroso, O HOMEM CRIMINOSO, pgs. 30 e segs.) Na frica, quando as mulheres no podiam criar seus filhos, desesperadas pela fome, jogavam-nos no rio. O dever de assassinar os pais idosos, com mais de 70 anos, conser-vou-se, por transmisso hereditria, como um ato de piedade, mesmo sem necessidade, e s vezes, por acreditar-se que as qualidades e virtudes do sa-crificado se transmitiriam aos descendentes. Algumas vezes ocorriam sepultamentos em vida; as vtimas achavam o fato natural e elas prprias pediam a morte, caminhando deliberadamente em direo cova onde deviam repousar em definitivo, ou deixadas em abandono. A religio ensinava que se entrava na vida futura no mesmo estado em que se estava para deixar a Terra. O hbito de matar os velhos e os doentes foi praticado na Europa, sia, frica e Amrica. Alm do assassinato dos velhos e doentes, ocorriam homicdios de crianas, mulheres e homens sadios, seja por motivos religiosos, seja por instintos ferozes. s vezes, por ira, as disputas conjugais acabavam pelo assassinato da mulher; o marido, aps mat-la, comia o seu corao com um guisado de cabra.
As concepes lombrosianas, inspiradas na teoria de Darwin, sobre a criminalidade dentre os animais: Em sntese, no tocante comparao entre o equivalente daquilo que se considera crime, entre os homens, e certas ocorrncias em relao s plantas, Lombroso invocou as observaes de Darwin e outros naturalistas: As plantas insetvoras (que comem insetos), cometendo assim verdadeiros assassinatos deles, atraindo-os por meio duma secreo visco-sa, para em seguida os devorar, como meio de se nutrir. Outras plantas caam os insetos semelhana da maneira como os pescadores preparam armadilhas para os peixes. Essas prticas sobressaem com muito mais evid ncia em relao ao mundo animal, na nsia de nutrio, por meio do sacrificio das outras esp-cies, e, algumas vezes, atravs do canibalismo, quando ento o ser humano, assim como outros animais, devoram os da mesma espcie, no s
levados por fome, como tambm por outras motivaes, tais como a ira. Por sua vez, Ferri distinguiu, s para o assassinato, vrias motivaes entre os animais em geral. Certos animais, por exemplo, da mesma espcie, vivem em comum, mas os mais fortes devoram os mais fracos; isso comum dentre os peixes. freqente no s o canibalismo dentre os animais, como o infantic-dio e o parricdio, desmentindo-se assim os devaneios sobre o amor mater-nal e filial entre eles. A fmea do crocodilo, s vezes, come seus filhotes, que no sabem nadar. As abelhas defendem furiosamente as colmeias, onde armazenam o mel, produto do seu labor. H roedores - a fmea do rato, por exemplo - que devoram seus filhotes, quando molestados. A fmea do sagi, s vezes, come a cabea do filhote, ou esmaga-o contra uma rvore, quando cansada de carreg-lo. Dentre os gatos, as lebres, os coelhos, alguns comem seus filhotes. O canibalismo e o parricdio so encontrados dentre as raposas, cujos filhotes se entredevoram, freqentemente, e s vezes devoram a prpria me. Certa perversidade, rebeldia e antipatia aparecem em animais com de- formaes cranianas, determinando maus instintos e prticas criminosas. A velhice toma os animais desconfiados, teimosos, perigosos, agres-sivos, por isso so expulsos pelos companheiros e ento, no isolamento, tomam-se mais perversos. A fria, a ira e a raiva so comuns em certos animais, que matam seus semelhantes, sem nenhum motivo, violando os hbitos da maioria. Ocorrem tambm delitos passionais, por paixes exacerbadas, sobretudo pelo amor, pela cobia, pelo dio. Dentre as aves e os pssaros, s vezes, o macho destri o prprio ni-nho, num acesso de fria; aves domsticas atacam o ser humano. Durante o cio, as fmeas, dentre certos animais, tomam -se furiosas. Observou-se que um casal de cegonhas fazia o ninho em um vilarejo;um dia, quando o macho estava caando, um outro mais jovem veio corte-jar a fmea. Primeiro, ele foi rejeitado, depois tolerado, finalmente acolhi-do. Posteriormente, os dois adlteros voaram uma manh para o prado, onde o marido caava rs, e o mataram a bicadas.
Entre as cegonhas, o macho leva muito a srio o amor conjugal; quan-do as pessoas, por divertimento, colocam ovos de galinha em seu ninho, o macho, ao ver aquele inslito produto, se enfurece e entrega a "esposa s ou//tras cegonhas, que a dilaceram. Tm sido observadas certas prticas, entre as formigas, semelhantes violncia sexual, por parte dos machos adultos contra os menores, assim como entre certas aves. Algumas vacas substituem o touro junto s companheiras, da mesma forma que entre algumas galinhas. Ocorrem, tambm, prticas sexuais dentre animais de diferentes es-pcies, semelhana da bestialidade, em relao ao ser humano. s vezes, as cegonhas massacram os filhotes das companheiras, sob os olhos de suas prprias mes; outras matam os membros do bando que no momento da imigrao se recusam ou no conseguem segui-las. Dentre bois e cavalos selvagens comum um macho enfurecer -se contra o outro, para conseguir a supremacia sobre as fmeas. H animais domsticos que tm o hbito de furtar ob jetos dos bolsos de quem os acariciam. Certos ces domsticos devoram aves ou carneiros, dissimulando e apagando os vestgios de seu gesto. As bebidas alcolicas produzem nos animais sintomas semelhantes aos que ocorrem com os homens: tomam-nos irritveis, tontos e param de trabalhar, passando sem escrpulos, pilhagem e ao latrocnio. O consumo da carne, dentre os carnvoros, toma-os ferozes. Embora sejam poucos os animais, dentre os gatos, cachorros, elefan-tes, cavalos, que se mostram briges, indomveis, assassinos, isso, porm, tanto quanto dentre os seres humanos, repugna aos demais. A premeditao e a emboscada so comuns nas prticas criminosas dentre os animais. Os cinocfalos (gnero de macacos de cabea semelhante do co) so perfeitos ladres. Quando vo saquear uma plantao, colocam uma sentinela, para que d o alarme, no momento em que o homem se aproxima. Esta sentinela deve ficar muito atenta, porque sabe que se falhar, seus companheiros lhe infligiro a pena de morte (Lombroso, O /Homem Criminoso, /ps. 4 a 25).
importante para uma cincia que tenha um objeto e um mtodo, exame de seu contedo histrico. Na filosofia grega concebia-se a infrao contrrio a coisa pblica, e o delinqen-te responsvel por sua ao, deveria sofrer uma pena como ele-mento pedaggico.
Na Idade Mdia, mais precisamente no comeo do sculo XVII, a filosofia e a teologia influenciavam o Direito Penal, havendo uma enorme confuso entre delito e pecado, delin-qente e pecador. No Cdigo de Hamurabi, no sculo XVI e XVII a.c., tnha-mos j as responsabilidades distintas entre delinqente rico e delinqente pobre. No existe condies exatas de fornecer algo sistematica-mente pronto antes do incio da escola clssica, pois o que em realidade havia eram trabalhos esparsos. A expresso Criminologia teria sido usada pela primeira vez pelo antroplogo francs Topinard, em 1883. Em 1885, Rafael Garofalo, apresenta uma obra cientfica /A Crimino-logia./ A base fundamental do pensamento iluminista foi a partir do reconhecimento do estado natural. No estado natural, os homens gozam de igual liberdade e se perdem pelo contrato social, que fazem ganhar sua liberdade civil e a propriedade de tudo que possuem.
O delinqente que se coloca contra o contrato social um traidor e, portanto, expungido do mesmo. Cesare Bonesana, Marqus de Beccaria, quem melhor coloca o problema do delito e da pena. Adotam os iluministas posio crtica a respeito das coisas existentes e tambm res-peito ao Estado e sua estrutura. A Escola Clssica considera a pena um mal que deva elimi-nar outro mal. Para a Escola Carrariana, todos os homens so iguais, livres e racionais. Por tal fato, a pena eminentemente retribucionista, e seu fundamento est em ter o homem cons-purcado o social. Nos positivistas, apesar de terem afrontado claramente os clssicos, encontramos correntes utilitrias, alm do raciona-lismo e do cientificismo. Foi em 1876, aproximadamente um sculo aps o livro de Beccaria, que tivemos a primeira edio do /Homem Criminoso, /de Cesare Lombroso. Tnhamos a as cincias do homem e a contribuio das /Origens das espcies, /1859, de Darwin, e /Descendentes do homem, /1871. Foi Comte quem destacou a importncia social da cincia, e com tal significao, da sociedade social. Tudo isso implica a contradio de todo pensamento iluminista, cujo alicerce a metafsica. Como veremos adiante, o nascimento do positivismo exer-ceu influncia extraordinria no s na Criminologia, como tam-bm no Direito Penal.
_ESCOLAS CRIMINOLGICAS_ *1.1) ESCOLA CLSSICA* Para esta escola, a responsabilidade penal do criminoso baseia-se em sua responsabilidade moral, e se sustenta pelo livre arbtrio, que inerente ao ser humano. Para os clssicos, o livre arbtrio existe em todos os homens psiquicamente desenvolvidos e sos. Possuindo tal faculdade podem escolher entre motivos diversos e contraditrios e so moralmente responsveis por terem a vontade livre e imperadora. O criminoso totalmente responsvel porque tem a responsabilidade moral, e moralmente responsvel porque possui o livre arbtrio. * * *Cesare Bonesana, Marqus de Beccaria* Nasceu em Milo, em 1738 e faleceu em 1794. Educou -se no Colgio dos Jesutas, na cidade de Parma, tendo como cole gas Diderot e Voltaire, abastecendo-se intelectualmente do ambiente da Revoluo Francesa. Revolta-se contra as arbitrariedades da justia da poca. Em 1764, aos 27 anos, apresenta a obra* /"Dos delitos e das penas"./* Por temer a Corte, seu trabalho foi impresso em Livorno. Destacam-se entre os postulados fundamentais de Beccaria: a) somente as leis podem fixar as penas para os crimes; b) somente os magistrados podero julgar os delinqentes; c) a atrocidade se ope ao bem pblico; d) os juizes no podem interpretar as leis penais; e) dever existir proporo entre os delitos e as penas; f) a finalidade das penas no atormentar o culpado, mas impedir que agrida de novo a sociedade e, por conseqncia, destruir a todos; g) as acusaes no devem ser secretas; h) a tortura do acusado durante o processo uma ignomni a;
i) o ru no deve ser considerado culpado antes da sentena condenatria; j) no se deve exigir do ru o juramento; k) a priso preventiva no sano, mas apenas o meio de assegurar pessoa do presumvel culpado e, portanto, deve ser a mais leve possvel; l) as penas devem ser iguais para todas as pessoas; m) o roubo filho da misria e do desespero; n) as penas devem ser moderadas; o) a sociedade no tem direito de aplicar a pena de morte; p) as penas no sero justas se a sociedade no houver empregado meios de prevenir os delitos; q) a preveno dos delitos muito mais til que a represso penal. Beccaria ainda afirmava que "o indulto" o fruto da imperfeio da lei, ou da falta de compreenso das penas. * * *Francesco Carrara* O mestre de Pisa, que foi, sem dvida alguma, o artfice da escola clssica, afirmava: "O homem deve ser submetido s leis penais por sua natureza moral; em conseqncia, ningum pode ser socialmente responsvel pelo ato praticado se moralmente irresponsvel."^ [3] <#_ftn3>
"A imputabilidade moral indispensvel para a imputabilidade social". Garrara publicou* /Programma de derecho criminal,/* surgindo dois princpios: a) que o principal objetivo do direito criminal prevenir* os *abusos por parte da autoridade; b) que o crime no uma entidade de fato, mas de direito. O crime a violao de um direito, dessa maneira escreveu Garrara: "Acreditei ter achado essa forma sacramental; e pareceu que dela emanavam uma a uma todas as grandes verdades que o direito penal dos povos cultos j reconheceu e proclamou nas ctedras e no foro, expressei dizendo - o delito no um ente de fato, mas um ente jurdico. Com tal proposio se abririam espontaneamente as portas de todo o direito criminal, em
virtude de uma ordem lgica e impretervel. E esse foi o meu programa"^42 . * * *1.2) ESCOLA POSITIVA* A escola antropolgica baseada no determinismo psicolgico, inaceitando o livre arbtrio e expungindo a responsabilidade moral dos indivduos. O homem est sujeito a lei da causalidade e seus atos so conseqncias internas e externas, que do diretriz vontade. * * *Cesare Lombroso* Nasceu em Verona, em 6 de novembro de 1835, descendente pelo lado paterno de judeus-espanhis, expulsos de ptria plos Reis Catlicos, em 1492.
*Rafael Garofalo* Nasceu em 1852, vindo a falecer em 1934. Publicou o livro */Criminologia/* em 1884, foi Ministro da Corte de Apelao de Npoles. Iniciando-se do /Criminoso nato,/ de Lombroso, imaginou que houvesse sempre um delito em qualquer lugar ou poca. Do prisma do grande jurista, o ponto de partida seria sociolgico. Apesar de renunciar a uma universalidade absoluta da moral, de termina alguns instintos morais que fazem parte da espcie humana. Classificou os delinqentes segundo as descries feitas por Fedor Mijailovich Dostoievski nas obras:* /O idiota, Crime e castigo, A Casa dos mortos, Os irmos karamazov./* Dessa maneira, destacou: a) os que agridem os sentimentos de piedade (assassinos); b) os que agridem os sentimentos de probidade, (ladres), c) os que infringem ambos sentimentos, como os assaltantes e os criminosos; d) os cnicos, que cometem os crimes sexuais. * * * * *2.1) ESCOLA ECLTICA OU CRTICA*
Os seguidores dessa escola definem o conceito de crime conforme a escola positiva ou fazem uma reproduo da escola clssica.
Franz Von Liszt em seu* /Tratado de Direito Penal Alemo, /*afirma: " o injusto contra o qual o Estado comina pena, e o injusto, quer se trate de delito do direito civil, quer se trate do injusto criminal, isto , do crime, a ao culposa e contrria ao direito."^ [4] <#_ftn4> Examinando-se essa definio, temos os seguintes caracteres: 1. O delito sempre um ato humano, portanto, uma atuao voluntria transcendente ao mundo exterior. 2. O delito tambm um ato contrrio ao direito, um ato formal, que ataca um mandato de proibio de ordem jurdica, implicando materialmente numa leso ou perigo. 3. O delito , finalmente, um ato culpvel; melhor afirmando: um ato doloso ou culposo de um indivduo responsvel. O penalista alemo entende o delito como entidade jurdica. Segundo* Turati,* o crime teria como elemento principal as ms condies econmicas da sociedade, e a misria o fator primordial da existncia da criminalidade. *Tarde* explica como causa do crime, as causas sociais complexas. *Alexander Lacassagne* afirmou: "O meio social o caldo de cultura da criminalidade; o micrbio o criminoso, um elemento que no tem importncia, seno no dia em que acha o caldo que o faa fermentar. As sociedades tm os criminosos que merecem."^ [5] <#_ftn5> * * *2.2) A Terceira escola* So fundamentos da terceira escola:
1. O direito penal deveria permanecer como cincia independente, separando-se do pensamento de Lombroso, que pretendia inclu -lo na criminologia. 2. O grande nmero de causas do delito no exclusivo da constituio criminal do indivduo, adotando-se a teoria da escola francesa, que invoca o sujeito predisposto, o que ir tornar -se em delinqente no momento em que o meio se tornar favorvel.
3. necessrio o trabalho conjunto de penalistas e socilogos para atingir as reformas sociais que melhorem as condies de vida do povo, dessa forma aceitando-se os princpios da escola francesa (exgenos). 4. A pena como uma coao psicolgica sobre os indivduos, examinando-a no plano de imputveis ou inimputveis. Entre aqueles que organizaram a terceira escola temos* Carnevale e Bernardino Alimena .*
*2.3) Escola neoclssica* Os positivistas atacaram os clssicos, pois estes consideravam o crime apenas uma abstrao, descuidando-se dos criminosos. As circunstncias de idade, sexo, surdo-mudez, estados mrbidos, coao, reincidncia, tornavam nesses criminosos, variados, os matizes da inocncia ou culpabilidade.
O ilcito jurdico do crime tem um autor que o ser humano, ou seja, o criminoso, que no pode ser desprezado e suprimido. Deve-se estudar e entender o criminoso, mas acima de tudo devemos ser cuidadosos e atentos na proteo da sociedade, no sendo injustos e impiedosos. Entre os neopositivistas deve-se abrir espao para os neo-antropologistas. A antropologia criminal lombrosiana seria diferencial. A antropologia de Saldafa integral e trata antes da deformao, da runa do indivduo, como efeito inicial do vcio e do crime, e ao mesmo tempo, como causa de sua continuidade. Mendes Correia, por sua vez, antropologista e gnio, repe-le a antropologia criminal convencido da atipia dos criminosos por serem inclassificveis. A antropologia fsica ou psquica o que interessa no estudo do delinqente, embora tenhamos outra que estabelece as rela-es do fsico com o moral, ou seja, a antropologia criminal.
Embasa-se na Escola Clssica. Regressa ao livre arbtrio, que foi impulsionado pela negao do criminoso nato. Encontramos em tal escola Luchini, Vidal e Mayer.
*2.6) Escola neo-espiritualista* * * Colocou-se como meio termo entre o livre arbtrio e o deter-minismo. Propunha que se certo que o homem tem liberdade, esta no existe no sentido amplo, mas com limitaes determi-nadas pelo meio ambiente, reduzindo essa liberdade convi-vncia social. Era defendida por L. Proal /O *crime *e a *pena, */e o alemo De Baets.
*2.7) Escola dogmtica sociolgica, biossociolgica de Von Liszt* * * Pela teoria de Von Liszt, o homem o centro de seus estudos. Esta Escola props a independncia do Direito Penal, entretan-to, por aceitar os princpios da Escola Positiva (delito como fato natural e social, admitindo as causas endgenas e exge-nas) e os da Escola Clssica (delito como ente jurdico e o livre arbtrio), veio a se tornar ecltica. Define o delito com um fato biossocial e ambiental, mas examinado axiologicamente como ente jurdico. A pena, ape-sar de ser uma grande preocupao para essa escola, no um fim em si mesma, mas um meio. Aceita a multa, a priso condi-cional, a pena correcional e tambm a absolutria.
O continuador da escola de Ferri, Felipo Grispigni (1884-1955), destacou na Sociologia criminal, o estudo da delinqncia como fenmeno
Elementos gerais da delinqncia As formas de delinqncia dependem das condies de vida de um povo, sua religio, seus costumes, sua histria e o seu progresso.
Aqueles que alcanam grande desenvolvimento so temen-tes de uma guerra nuclear. A tecnologia de ponta acarreta um enfraquecimento de valo-res morais, como a prostituio. Destacamos, desde logo, a Repblica Norte Americana, em que os delitos se alteraram para uma atividade mais organizada, como os crimes do colarinho branco. . Na Inglaterra, Alemanha, Itlia, Frana, o crescimento da delinqncia juvenil um fato que se agrega a sua desorganiza-o social. Da mesma maneira, vamos encontrar essa extenso da delinqncia na Sucia, que, em face de uma concepo ultra materialista, impregnada do socialismo, traz resultados bas-tante cinzentos e funestos para aquela coletividade. O que nos chama a ateno nos pases ultra desenvolvidos a delinqncia oculta que se eleva de forma geomtrica.
*Fatores geogrficos da delinqncia* As variaes de tempo consagram determinados delitos nos pases frios e nos pases quentes. Os fatores geogrficos j haviam chamado a ateno de *Qutelet, *e da mesma forma afirmados por *Ferri, *que em levantamentos, confirmaram a predominncia dos delitos con-tra a pessoa nas regies equatoriais. Manteve-se em primeiro lugar nas regies frias, os crimes contra a propriedade.
*Fatores ecolgicos: cidade e campo* O criminologista *Denis Szabo, *demonstrou a relao entre a delinqncia e o meio urbano, demonstrou que a delinqn-cia no meio urbano foi mais reduzida no sculo XIX. Os resultados encontrados por Szabo devem ser levados em conta de uma forma relativa, e aplicados com grande cuidado, devido as oscilaes das relaes sociais.
Fatores econmicos
Cesar Herrero Herrero afirma em seu livro /Los delitos econmicos, /que "tanto o direito penal como a criminologia tem como parte de seu objeto o conceito de delito. O Direito Penal olha atravs de uma tica normativa, a cri-minologia trata de uma dimenso de maior amplitude". Continua Herrero afirmando que "haver delito econmico quando se trata de uma conduta tpica, antijurdica, imputvel, culpvel e punvel, sob as luzes de uma Lei pertencente ao direito econmico"48. Niggemeier define delito econmico: "como as infraes penais que se cometem explorando o prestgio econmico ou social, mediante o abuso das formas e as possibilidades de configurar os contratos que o direito vigente oferece, ou abusando dos usos e das razes de vida econmica, embasados em alta confiana, infraes penais que, de acordo com a forma que se cometem e as repercusses que tm, so idneas para perturba r ou colocar em perigo, acima do prejuzo dos particulares, a vida e a ordem econmica" [6] <#_ftn6>.
EVOLUO DA CRIMINOLOGIA *_ _* A sistematizao cientfica da Criminologia constitui esforo recente, abrangendo inclusive o estudo de sua evoluo, segundo o critrio de diviso em perodos histricos ou fases, como o fez Israel Drap-kin /(Manual de Criminologia, /pp. 9-69).
/Precursores da Criminologia na Grcia/ / / Na antiga Grcia, a mitologia est repleta de condutas delituosas: ho-micdios, roubos, violaes. Zeus, por exemplo, o pai dos deuses, pode ser considerado aquilo que Lombroso qualificou de "criminoso -nato"; ApoIo homossexual; Poseido, deus do mar, outro manaco sexual;
Vnus men-tirosa, cruel e adltera; Hermes, um criminoso precoce, e assim por diante. Dentre os pensadores gregos, que se destacaram no estudo dos problemas criminais, encontramos algumas idias precursoras.
Arquimedes (287-212 a.c.), grande fisico e matemtico, figura como o precursor da Criminalista, das percias e exames criminais.
Considera-se Hipcrates o iniciador da corrente biologista da Crimi-nologia, cujas particularidades examinamos noutra parte da presente obra. Por sua vez, Plato (427-347 a.c.) considerado o precursor das cor-rentes sociolgiocas da Criminologia; assinalava que o crime produto do meio ambiente; a misria um fator crimingeno, pois produz vadios e in-divduos srdidos; o ouro causa de muitos delitos, porquanto a cobia gerada pela abundncia, que consegue apoderar -se da alma enlouquecida pelo desejo.
/Precursores da Criminologia em Roma/ / / Em Roma, Sneca (c. 4 a.C.-65 d.C.) considerado o criminlogo de maior destaque; em sua anlise sobre a ira, ele a considera como motor b-sico do crime, por isso que a sociedade est sempre em luta fratricida. Sobre os aspectos das causas econmicas, como causa da criminali-dade, no existe nada em Roma, salvo uma polmica entre os qu e a consi-deravam um fenmeno social e os esticos e epicuristas, que exaltavam a pobreza, fonte da felicidade e a fora moral dos homens, pois entendiam que a riqueza os entorpecia e corrompia.
os chamados "doutores da Igreja" e escolsticos n o se ocuparam do problema da criminalidade, at que o monge Toms de Aquino (1226-1274) sustentou algumas idias prprias a respeito. Na /Sum-ma contra gentiles /afirma que a pobreza em geral uma ocasio de roubo. Na /Summa Theologica, /defende o furto famlico, e, sob certos aspectos, idias socialistas. Por sua vez, o monge Agostinho, embora vivesse no perodo de 354 a 430 d.C., considerado um pensador medieval; para ele, a pena de talio " a justia dos injustos". Sustentava que a pena dev e significar uma ameaa e um exemplo. Deve ser tambm u'a medida de defesa social, mas, principal-mente, contribuir para a regenerao do culpado.
chineses, hindus, egpcios e os maias -, sustentava que o comporta-mento se rege pelos atos e seus movimentos, influenciando assim a conduta delituosa humana. Alis, desde a mais remota Antigidade, a mitologia, a religio e Astrologia estavam intimamente ligadas, servindo hoje de meios auxiliares para diversas cincias. A Astrologia, por exemplo, considerada vestbulo da Astronomia. . A Demonologia, por sua vez, estudava a situao dos indivduos lou-cos, sujeitos a ataques de toda ordem, considerando-os possudos pelos de-mnios, o que permitiu inominveis crueldades e torturas, sob o manto de abusos da religio. Quando os algozes e torturadores dos tribunais da Inquisio supliciavam o suspeito de heresia, faziam-no na finne e fantica convico de que, quebrantando as foras fisicas da vtima, estavam com isso enfraquecendo as resistncias dos demnios, os quais supostamente dominavam os suplicados. Assim, a Demonologia, tentando estabelecer a relao entre o corpo e a alma humana - o orgnico e o psquico -, preocupa-se com a "natureza e as qualidades dos demnios"; ela tem antecedentes muito antigos, como na religio do Ir, onde se adorava um deus bom (Ormuz) e um mau (Ahra Mani).
/Renascimento e a Criminologia/ / / O Renascimento, como se sabe, constituiu um renascer cultural, sus-tentado pelos prprios humanistas dos sculos XIV, XV e XVI. Em oposio aos que consideravam as "trevas medievais", os huma-nistas exaltaram os novos tempos, em que ressurgem as Letras e as Artes: Petraca orgulha-se de haver feito renascer os estudos clssicos, por muitos sculos esquecidos; Boccaccio atribui a Dante o ressurgimento da poesia e a Giotto, o renascer da pintura, e assim por diante. Entre os filsofos e pensadores dos sculos XVI e XVII, relativamen-te Criminologia, destacou-se Thomas Morus (1478-1535), que foi chan-celer de Henrique VIII.
Em sua obra /Utopia /Morus descreve a enorn1e onda de criminalidade que assolava a Inglaterra, na poca em que ele viveu, poca essa marcada pela truculncia oficial, com a aplicao sumria da pena de morte. Alis, o prprio Morus acabou sendo decapitado por determinao de Henrique VIII. /A Utopia /representa a primeira crtica, fundamentada, ao regime
bur-gus em ascenso e uma anlise profunda das particularidades inerentes ao feudalismo em decadncia. A primeira parte da obra o espelho fiel das injustias e misrias da sociedade feudal; , em particular, o martirolgico do povo ingls sobre o reinado de Henrique VIII, um tirano avarento. Eram, porm, vrias as cau-sas da opresso e sofrimento do povo: a nobreza e o clero possuam a maior parte do solo e das riquezas pblicas; estes bens permaneciam estreis, en-quanto a fome atormentava a populao. Alm disso, nessa poca, os grandes senhores mantinham na multi-do de vassalos, seja por amor ao fausto, seja para - como polcia particu-lar, capangas - assegurar a impunidade dos crimes praticados pelos seus amos, ou ainda para utilizar ditos vassalos como instrumentos de violncia contra os habitantes da vila. Essa vassalagem era o terror do campons e dos trabalhadores em geral. Por outro lado, o comrcio e a indstria na Inglaterra no tinham muita expanso antes das descobertas de Vasco da Ga ma e Colombo. Assim, as geraes se. sucediam sem finalidade, sem trabalho, sem po. A agricultura estava em runas, desde que a nascente indstria da l, prometendo lucros espantosos, fez com que terras imensas fossem transformadas em pasta-gens para carneiros. Em conseqncia disto, u'a multido de camponeses viu-se reduzida misria, provocando a multiplicao da mendicidade, vagabundagem, roubos e assassnios.
/Perodo da Antropologia Criminal (1876-1890)/ / / Paralelamente ao desenvolvimento das Escolas de Direito Penal sur-giram diversas teorias, que constituram as bases da sistematizao cient-fica da Criminologia, no sculo XIX. Sob certo aspecto, as discusses estiveram centradas, em parte, no en-foque filosfico acerca do binmio livre arbtrio e determinismo, em rela-o s condutas delituosas do ser humano, e de outro lado na questo antropolgica, no ativismo. Malgrado a vulnerabilidade de suas teorias, acerca do crimino-so-nato, Cesar Lombroso (1835-1909) desenvolveu uma srie de estudos e pesquisas, que polarizaram as atenes do mundo cientfico de ento, quando, em 1876, ele publica o seu momentoso livro o /Homem Delinqen-te, /onde aborda, inclusive, aspectos relacionados criminalidade em geral, dentre as diversas espcies animais, como vimos anteriormente. Dentre os fundadores da Escola Positiva, em Direito Penal, conside-ra-se Lombroso o antroplogo, Garofalo o jurista e Ferri o socilogo. Incontestavelmente, Lombroso teve o mrito de contribuir para a sis-tematizao cientfica da Antropologia Criminal, com o que desviou a ateno do fato criminoso - at ento a preocupao mxima dos
crimina-listas - abrindo o caminho para o surgimento da Escola Positiva, em oposi-o Escola Clssica.
Este perodo evolutivo da Criminologia se confunde com o nome de scola Francesa ou de Lyon, ou das teorias do meio ambiente. Estas teorias compreendem todas as concepes sociais e ambientais que se levantaram contra as concepes lombrosianas, as quais se centravam na idia de que s fatores endgenos, ou seja individuais, predominavam na conduta do ind-ivduo, como decorrncia do atavismo, resultando no criminoso -nato. Para a Escola Francesa, ao contrrio, eram os fatores exgenos, isto , ambientais, os mais importantes em relao conduta do indivduo, levan-do-o ao crime, em determinadas circunstncias. Para essas teorias contriburam as idias de August o Comte(798-1857), os estudos de Quetelet, Emlio Ducptiot (1804-1868).
/Perodo da Poltica Criminal ou Fase Ecltica (de 1905 s Tendncias Atuais das Teorias Criminolgicas)/ / / Esse perodo se caracteriza por uma espcie de trgua na discusso inflamada, resultante do entrechoque de idias entre as teorias francesas e italianas, sobre as teorias lombrosianas.
Surgiram trs Escolas: 1) 2) 3) A Terza Scuola A Escola Espiritualista A Escola de Poltica Criminal
/Criminologia Tradicional ou Criminologia Clssica. Propostas ou Programas de erradicao da misria. Cestas bsicas/ / / A Criminologia Tradicional ou Criminologia Clssica engloba diferentes matizes ou vertentes, originrios todos, direta ou indiretamente, da fonte comum: a Escola Positiva. Para a Criminologia Tradicional ou Clssica h, fundamentalmente, certos comportamentos humanos considerados maus, em si, apenados em virtudes de normas que so, supostamente, produto de um consenso coleti-vo, segundo as concepes da democracia burguesa, o liberalismo polti-co-econmico. Em suma, a Criminologia Tradicional ou Criminologia Clssica se revela estacionria, imobilista. No atenta para o fundamental: a perma-nente crise crnica do sistema capitalista, decorrente dos antagonismos e contradies insuperveis, inerentes ao prprio sistema.
O termo enciclopdia se aplica a qualquer obra que abranja todos os ramos do conhecimento. Nesse sentido, destacaram-se os cognominados enciclopedistas fran-ceses, elaboradores da teoria do liberalismo (sculo XVIII), que serviu de fundamento ao advento do Estado liberal, aps a Revoluo Francesa (1789). Dentre esses enciclopedistas notabilizaram-se D'Alembert, Diderot, Buffon, Hume, Montesquieu, Rousseau e Helvetius, que procuraram, antes de tudo, "a distino entre a justia divina e a justia humana, pugnando pela soberania popular contra o absolutismo medi eval, pelos direitos e ga-rantias individuais contra o Estado totalitrio do Direito divino" (cf. Rober-to Lyra, /Novssimas Escolas Penais, /ps. 5 a 8). Essa poca foi considerada o perodo humanitrio do Direito Penal, a partir da publicao da obra de Cesar Bonecasa (1738-1794), marqus de Beccaria, nascido na Itlia, trabalho esse intitulado /Tratado dos Delitos e das Penas, /quando o autor contava 26 anos de idade, por volta de 1764; modestamente, ele afirmou que escreveu dita obra sob a inspirao dos en-ciclopedistas franceses. Seja como for, acentua Enrico Ferri, nem os romanos, com sua extra-ordinria intuio para os fenmenos jurdicos - intuio essa consubstan-ciada no acervo notvel que legaram posteridade no campo do Direito Civil-, nem os juristas da Idade Mdia lograram estruturar uma teoria ci-entfica em matria criminal, como sistema filosfico /(La
Sociologia Cri-minelle, /ps. 2 e 3). Da afirma-se que os romanos foram gigantes em matria de Direito Civil, porm, pigmeus no tocante ao Direito Penal.
/As disciplinas que compem a Enciclopdia das Cincias Penais/ / / Partindo do quadro e da esquematizao formulados por Luis Jimnez de Asa, com relao classificao das cincias penais - a Enciclop-dia das cincias penais -, em seu /Tratado de Derecho Penal /(Tomo *I, p. *92), diversos autores tm elaborado variantes dessa classificao, com li-geiras modificaes de somenos importncia, quanto ao agrupamento e na-tureza dessas cincias (Luis Rodrigues Manzanera- /Criminologia, /pp. 58, 82 e segs.). Essas cincias - como conjunto enciclopdico - podem ser agrupadas e classificadas, segundo a sua natureza, da seguinte forma:
/Cincias histrico-filosficas / Histria do Direito Penal Filosofia do Direito Penal Direito Penal Comparado
Antropologia a cincia do homem, como ser social e animal. A Antropologia se divide em dois amplos campos de estudo: um se refere forma fsica do homem, o outro a seu comportamento aprendido. Chamam-se, respectivamente, Antropologia Fsica e Antropologia Cultural.
A Antropologia Criminal baseia-se nos princpios gerais da Antropologia, Psicologia, Patologia, Psiquiatria, Biologia, Anatomia, Eugenia, Embriologia e Biotipologia.
A Biologia Criminal a cincia que trata dos seres vivos ou organismos, suas origens, natureza e evoluo.
Psicologia Criminal o ramo da Psicologia que estuda as manifestaes psquicas, atravs do estudo e da classificao dos processos psquicos do homem delinqente.
Psicanlise Criminal o ramo da Psicanlise que se dedica ao estudo da personalidade do delinqente, partindo das angstias e dos complexos de culpa que o afligem, levando-o procura da bebida, da droga, enveredando pelos caminhos do crime, para a soluo dos seus problemas ntimos.
Sociologia Criminal a cincia que estuda o fenmeno criminal do ponto de vista da influncia do meio social sobre a conduta humana criminosa.
*(ESTRESSE)** TRANSTORNO DE ESTRESSE PS-TRAUMTICO* terrorismo, guerra, violncia pessoal, seqestro, etc. O medo pode matar, e isso no nenhuma novidade na medicina. A ansiedade, que a verso civilizada do medo, tambm mata. Os atos de violncia, em qualquer de suas formas, desde violncia coletiva, como o caso da guerra, dos atentados, das violaes de direitos, etc, at a violncia individualizada, como so os assaltos, os estupros, a tortura, etc. podem ser comparados uma espcie de cncer da alma.
As vtimas diretas ou indiretas (familiares, testemunhas, etc) da violncia correm um risco de desenvolverem algum transtorno emocional em torno de 60%, enquanto a porcentagem da populao geral tem este mesmo risco reduzido a 20%.
As Vtimas do Terrorismo e Transtornos Mentais. Carmem Leal, Presidente da Sociedade Espanhola de Psiqu iatria, reconhece que as situaes catastrficas como aquelas ocorridas no World Trade Center, podem aumentar muito a incidncia do Transtorno de Estresse Ps-traumtico. Alerta que nem /todo o mundo/ est sofrendo do Transtorno de Estresse Ps-traumtico. Estar angustiado, ansioso ou nervoso, estar reagindo emocionalmente de uma maneira algo estranha por alguns dias no significa ter, obrigatoriamente, Transtorno de Estresse Ps-traumtico.
Algumas observaes tm constatado que s um ter o das pessoas expostas a estas situaes traumticas, no apenas s situaes que envolvam terroristas, mas tambm as catstrofes naturais, acidentes virios e, inclusive, a violncia domstica, tem probabilidades de apresentar o Transtorno de Estresse Ps-Traumtico (Shalev, 1992). Outras pesquisas chegam a 54% (Weisaeth, 1989).
Sabe-se hoje, serem muito freqentes as seqelas psico-traumticas nas pessoas afetadas por atentados terroristas. Shalev (1992) encontra 33% de Transtorno de Estresse Ps-Traumtico em vtimas civis israelitas. Medina et al. cita outros autores, como, por exemplo, Loughrey, que encontra 23% de Transtorno de Estresse Ps-Traumtico em 499 vtimas do terrorismo em Irlanda do Norte, Abenhaim, com incidncia de 18 % de Transtorno de Estresse Ps-Traumtico em 354 vtimas de 21 atentados produzidos na Frana de 1982 a 1987 e, finalmente, Weisaeth, para quem a incidncia do Transtorno de Estresse Ps-Traumtico chega a 54% em vtimas do terrorismo e da tortura.
O diagnstico do Transtorno por Estresse Ps-Traumtico baseia-se nos seguintes sintomas bsicos: 1. Atitude psquica de reviver o trauma, atravs de sonhos e de pensamentos durante a viglia; 2. Comportamento de evitao persistente de qualquer coisa que lembre o trauma e embotamento da resposta a esses indicadores; Estado afetivo hiperexitado persistentemente.
Do ponto de vista clnico, bem possvel que os Transtornos Fbicos dominem o quadro, como veremos abaixo, apresentando medo exagerado e sofrvel para sair de casa ou para freqentar lugares pblicos se a
vivncia foi bomba, incndio ou coisa assim. Tambm so freqentes as Depresses persistentes com autodepreciao e sentimentos de ser uma carga para os demais. *Quadro Clnico do Transtorno por Estresse Ps-Traumtico* *Sintomas*
% 1. Tenso no corpo
90 3. Sentimentos depressivos
39 Seja devido a Depresso, seja pelo prprio Transtorno por Estresse Ps-Traumtico, o paciente sente seu futuro desolador , turvo, e sem perspectivas. Depois da experincia traumtica, a pessoa com Transtorno por Estresse Ps-Traumtico mantm um nvel de hiperatividade e hipervigilncia crnica, com reao exagerada aos estmulos (sobressaltos, sustos) e descontrole emocional, tendendo ora irritabilidade, ora ao choro. Todos esses estudos sugerem que, de fato, provvel que alguns tipos de eventos sejam mais traumticos que outros e produzam taxas e gravidades diferentes de Transtorno de Estresse Ps-Traumtico. Outra observao importante nesses trabalhos que o Transtorno de Estresse Ps-Traumtico que aparece nas vtimas da violncia terrorista no tem preferncia em relao ao sexo, sendo acometidos de igual maneira tanto homens como mulheres diante dos atentados sobre a populao civil.
O CIDADO COMUM E O SEU DIREITO LEGITIMA DEFESA Para os defensores do desarmamento, as armas so como coisas vivas com vontade prpria. Eles descrevem armas como se elas tivessem braos, pernas e vontade prpria. Eles falam sobre "armas roubando lojas "; e "armas matando pessoas". Para usar o "pensamento" dessa nova classe de defensores dos grupos anti-armas, e para usar as palavras como eles
usam, deveramos acreditar que carros vo a bares, ficam bbados e ento correm para matar pessoas. Como "motoristas bbados no matam pessoas, carros matam pessoas"; Dever acreditar que martelos e madeiras constroem casas por vontade prpria. Como "pessoas no const roem casas, martelos e madeiras constroem por vontade prpria". Para essa classe, cada arma realmente algum tipo de Exterminador, e quando ningum est olhando, crescem braos e pernas nas armas e elas saem dos armrios para matar pessoas. Todos acham que o controle das armas ser a soluo para todos os problemas. Quando o "controle das armas" chegar, no haver mais roubos de carros, acabaro os assaltos , no haver mais crimes, cessaro os nascimentos ilegtimos, todos os traficantes desaparece ro e o mundo ser bom. Muitos deles pensam que animais so mais importantes que pessoas. Eles se preocupam mais em proteger animais do que proteger pessoas. (1) /OBS: Mesmo no Brasil, matar animais silvestres um crime inafianvel , enquanto que o agressor poder responder em liberdade se matar uma pessoa./
Sero as armas a causa da violncia? Menor nmero de armas ser igual a menor nmero de crimes? Muitas opinies tem surgido, a maioria movida por fatores pessoais na qual a pessoa coloca o seu prprio sofrimento ou histrias que ouviu contar.
Automveis matam mais do que qualquer outro meio violento . Atropelamentos matam 30 por dia. No ano de 1995 , 25.513 brasileiros morreram por acidentes de transito. Os alvos principais foram os pedestres (43,3% - 11052) seguidos por condutores (34.3% - 8754) e por passageiros (22,4% - 5.707) .Entre 1965 e 1973, na Guerra do Vietn, um dos mais encarniados combates deste sculo, morreram 45.941 soldados americanos. A mdia foi de 5.104 baixas por ano - pouco menos da metade dos 11.052 brasileiros fulminados por atropelamentos. No estamos falando dos que ficaram invlidos, e nem dos custos desses atropelamentos. Em Porto Alegre, de janeiro a agosto de 1996, 52 pedestres morreram atropelados. (2) Na BR-386 com 445 Km de extenso, temos os seguintes dados: - Uma pessoa morre a cada 3,5 dias ; - Uma pessoa fica ferida a cada 10 horas ; - A cada 6 horas ocorre um acidente ; - O custo com atendimento mdico - hospitalar a acidentados em estradas federais no pas custa cerca de US$ 22 milhes por ano.(19) Na BR-290 com 725,6 Km, temos os seguintes dados: * - Uma pessoa morre a cada 6 dias; * - Uma pessoa fica ferida a cada 11 horas; * * * *
* - A cada 5 horas ocorre um acidente; * - Um acidente custa uma mdia de US$ 27 mil Unio, includos neste valor gastos com patrulheiros e danos carga, principalmente quando so txicas. (20) Ser que as causas foram os veculos? Ou ser que as causas foram as pessoas imprudentes, irresponsveis ou as leis que no so cumpridas e que levam as pessoas a confiarem na impunidade; o desrespeito vida dos outros; a falta de educao e de princpios morais; ou seja muitas podem ser as causas, mas certamente no foram os meios. Pois, qualquer automvel parado na garagem, no sai sozinho para atropelar algum. *Estatstica Canadense :* O numero de mortes ocasionadas por carros no Canad em 1991 foi de 3882. O numero de mortes ocasionadas por armas de fogo em 1990 no Canad foi de 66. O custo do seguro mostra que armas de fogo so consideravelmente menos perigosas que automveis. A National Firearms Association oferece um seguro de $2.000.000,00 por apenas $4,75 por ano. O seguro de um automvel varia de $400 a $2000 por ano. Todos as taxas de seguro esto baseadas em estudos atuariais sobre riscos e histrias de acidentes. Carros versus Armas de fogo: * - Voc no necessita uma licena de motorista para comprar um carro (ou gasolina) * - Voc no necessita referencias para comprar um carro. * - Voc no necessita se submeter a uma ficha policial para comprar um carro. * - Voc no necessita justificar a compra de um carro. * - Voc no necessita ser membro de uma Associao ou Clube para ter um carro. * - Voc no necessita guardar o seu carro trancado em uma garagem fechada. * - Voc pode ter quantos carros voc desejar. (32) Muitas manchetes de jornal nos chamam a ateno, demonstrando que o numero de mortes por outros meios, que no as armas de fogo, so em grande nmero: * * * * "Preso o homem que matou com a p " (21) "Bebeu e matou com faca... " (22) "Menor esfaqueia marceneiro " (23) "Famlia assassinada a facadas " (24)
/Mutatis mutantis/, com as armas de fogo ocorre o mesmo . Nenhuma arma por livre vontade mata algum. Todos esto cansados de ouvir, mas poucos param para pensar numa frase que diz: Armas por si s no matam pessoas, pessoas matam pessoas. *O Papa Joo Paulo II declarou: "Quem mata o homem, no a sua espada ou seus msseis"*. O cardeal-arcebisbo, de So Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, defendeu um maior numero de policiais nas ruas, com mais armas. (25) Portanto no tirando os meios que resolve o fato. Mesmo porque , o dia
em que as "armas forem considerados fora da lei , somente os fora da lei tero armas". Desarmar a populao? Que populao? A que paga impos tos e mantm o Governo? A que deseja ordem e progresso como diz em nossa bandeira? Ou a populao de assaltantes, criminosos, marginais que proliferam, transformando o Pas num caos e colocando o trabalhador honesto numa priso albergue , da qual ele pode sair pela manh para trabalhar e voltar logo para casa e ficar trancado entre grades e portes de ferro. Conforme estatsticas do Departamento de Armas, Munies e explosivos ( DAME ), de Porto Alegre, nos ltimos 3 anos, das pessoas com porte de arma, somente duas se envolveram em confrontos, sendo que uma foi legitima defesa e a outra foi o chamado disparo acidental. Portanto, os tiroteios que ocorrem esto sendo realizados por marginais e por armas clandestinas, pois sabemos que o numero de ar mas clandestinas muito maior que o numero de armas legais. O contrabando ocorre em grande escala. No Fantstico, foi mostrado a venda de armas clandestinas (desde metralhadoras at fuzis de assalto) numa favela do Rio de Janeiro. Porque no desarmar esses marginais? Porque querer tirar do cidado de bem o seu legtimo direito de defesa? O Estado no possui condies de dar proteo ao cidado que paga impostos para ter segurana. Seria o caso de perguntar se isso no estaria incluso no cdigo do consumidor, no qual o cidado est pagando por um servio que no est tendo. E mesmo assim o Estado que deveria por lei proteger o cidado, ainda deseja coloc-lo frente a frente com o marginal, e ainda por cima desarmado? Se o Estado no pode devolver a vida, no tem o direito de tir-la. E est tirando quando nega a legitima defesa ao cidado. A Policia no onipresente, isto , no pode estar presente o tempo todo em todo o lugar. Normalmente ela chega aps o fato ocorrido. Podemos ter certeza de que se fosse realizado um plebiscito para sabermos a opinio da populao sobre o desarmamento, todos os marginais votariam a favor, pois assim o "trabalho" deles ficaria mais fcil, uma vez que somente eles teriam armas.
Existe uma questo crucial nas leis sobre controle de armas. Qual o seu verdadeiro efeito? Mais vidas sero salvas ou perdidas? Elas detero o crime ou o encorajaro? Para providenciar uma resposta mais emprica, foi realizado um estudo sobre uma lei de controle de armas, - a permisso para o porte de arma oculta, ou seja -sem ser visvel. Trinta e um Estados Americanos deram aos seus cidados o direito de portar armas caso no possussem ficha criminal ou historia de doena mental. O professor John R. Lott Jr., ( University of Chicago Law School) juntamente com David Mustard ( graduado em economia pela University of Chicago), analisaram as estatsticas criminais do FBI num total de 3.054 Condados Americanos entre 1977 e 1992. Os achados foram dramticos. O estudo mostrou que os Estados reduziram os assassinatos em 8,5%, os estupros em 5%; os assaltos mo armada em 7% e os roubos com armas em 3%. Se esses Estados tivessem aprovado essa lei antes, teriam evitado 1570 assassinatos, 4.177 estupros; 60000 assaltos mo armada e 12000
roubos. Para ser mais simples : "Os criminosos respondem racionalmente a tratamento intimidatrio." (John R. Lott Jr e David Mustard) Preocupados com a real escalada da violncia, logo ao inicio dos anos 80, polticos e autoridades ( tanto anti quanto pr-armas) autorizaram o Departamento de Justia Norte Americano a entabular uma pesquisa nacional entre os criminosos, tentando descobrir -se como eles pensavam sobre os diversos aspectos ligados direta e indiretamente ao teor de suas "atividades".
Segundo o professor John Lott Jr e David Mustard, o fato de pessoas portarem armas ocultas mantm os criminosos incertos quanto as suas vitimas pois no sabem se esto armadas ou no. A possibilidade de qualquer um poder estar carregando uma arma torna o ataque menos atrativo. Os estudos mostraram que enquanto alguns criminosos evitam crimes potencialmente violentos aps a lei do porte de arma discreto, eles no necessariamente abandonam a vida criminal. Alguns dirigem-se para crimes no qual o risco de confronto com uma vtima armada menor. De fato, enquanto a diminuio de crimes violentos contra vitimas portando armas diminui, crimes contra a propriedade aumentam. (ex. Roubo de automveis ou maquinas de vender). Isto certamente uma substituio que a sociedade pode tolerar. Numa enquete com mais de 3.000 policiais em resposta a uma pesquisa realizada pela associao beneficente da Policia da Georgia, mais de 90 % dos policiais disseram que leis para o controle de armas no ajuda o trabalho policial, porque essas leis so dirigidas aos cidados honestos, ao invs dos criminosos. A comunidade policial da Georgia tambm afirmou que eles sentem que o proprietrio de uma arma legalizada procura aprimorar-se na educao com armas, treinamento e segurana. Os oficiais foram unnimes em suas convices de que leis limitando a posse de armas pune cidados honestos, enquanto criminosos so deixados livres para obter armas ilegais. Os comentrios retorna ram com algumas sugestes includas : * - "Controle de armas ? No ! Punio aos infratores? Sim! (no aos cidados de bem)." * - "Eu acredito que as leis existentes necessitam ser reforadas com punies mais duras e os crimes cometidos com qualquer arma, deveriam tambm ser punidos em toda a extenso da lei". * - " Cidados honestos devem receber os direitos dados pela Constituio. Um policial no tem nada a temer de um cidado honesto." * - "O problema que ns estamos enfrentando so pobreza e drogas, no armas. O Governo Americano deveria se preocupar mais com segurana do transito, cncer, AIDS e lcool, os quais matam muito mais pessoas a cada ano". (6) Vitimas de violncia geralmente so pessoas fisicamente mais fracas. Permitindo uma mulher (habilitada) portar uma arma para sua defesa, faz uma grande diferena quando abordada por um marginal. Armas so um grande equalizador entre o fraco e o agressor. Um estudo sobre 300.000 portes de arma emitidos entre primeiro de outubro de 1987 e 31 de dezembro de 1995, na Florida - USA, mostrou que somente 5 agresses
armadas envolvendo essas pessoas foram cometidos nesse perodo e nenhum dessas agresses resultou em morte. Alguns perguntam: *"Discusses de transito entre pessoas armadas pode resultar em morte ?" *Em 31 Estados americanos, sendo que alguns permitem o porte de arma h dcadas, existe somente um relato de incidente armado (no Texas), no qual a arma foi usada aps um acidente de carro. Mesmo neste caso, o jri achou que o uso foi em legitima defesa - o proprietrio da arma estava sendo surrado pelo outro motorista. (John Lott Jr e Davis Mustard). Na mesma pesquisa dos Drs. Wright e Rossi, entrevistando 6.000 Sheriffs e oficiais policiais at o nvel administrativo, sobre como eles viam as armas em poder dos civis. * - Mais de 76 % dos policiais entrevistados declararam que o uso de uma arma por cidados ao defender uma pessoa, ou sua fam lia, era algo muito eficaz; * - Mais de 86 % deles declaram que, caso no estivesse trabalhando no cumprimento da Lei, teria uma arma para sua proteo . Estudos realizados na Florida, Oregon, Montana, Mississipi e Pennsylvania demonstraram que pessoas que so bons cidados e que desejam se submeter ao processo do porte de arma no transformam-se de uma hora para outra em psicopatas assassinos quando recebem a permisso para portar armas. *Dois teros de todos os homicdios canadenses no envolvem armas de fogo.* Estrangulamentos, facadas e surras contriburam para a maioria dos homicdios. lcool e drogas estiveram presentes em 50% de todos os homicdios em 1991. Historicamente o lcool tem sido estimado como o fator de m aior contribuio em 2 de cada 3 homicdios no Canad. Armas de fogo representam menos de 2% de todas as causas de mortes no Canad. Raios mataram mais canadenses em 1987 do que proprietrios legais de armas. No Canad, entre 1961 e 1990, menos de 1% de todos os homicdios envolveram armas de fogo legalmente registradas.
*Mulheres*
*Total*
36921
76211
25167
55648
7252
16663
3450
7224
2034
3593
1061
3437
727
2659
1153
2138
59
1050
176
485
108
275
69
247
Homicdio com arma de fogo * - Antes de 1968, quando qualquer um podia legalmente adquirir qualquer arma, nossas taxas de crimes eram a metade do que tem sido desde 1974. Comparando dois perodos de 20 anos, um onde uma pessoa podia legalmente possuir qualquer arma, e outro com "leis restritivas "- , de 1974 a 1993, a taxa de homicdio no canad foi 2,4 assassinatos por 100.000 pessoas e de 1946 a 1965 foi cerca de 1.1 por 100.000. O numero de armas um sintoma e no uma causa. Se armas produzissem assassinatos, ento Sua, Israel e Noruega deveriam ter taxas semelhantes aos EEUU, visto possurem um grande numero de armas. A lei Canadense de controle de armas foi efetivada em 1978. * - Taxa de aumento de crimes violentos no Canad entre 1977 e 1991: 89% * - Taxa de aumento de crimes violentos nos EEUU entre 1977 e 1991: 58%. Na ausncia de armas de fogo, os criminosos acham outros meios ou outros tipos armas. Nenhuma lei em nenhuma cidade, estado ou nao, reduziu o crime violento ou diminuiu as taxas em comparao com outras jurisdies sem essas leis.
*OS QUATRO ELEMENTOS RELACIONADOS AO FENMENO CRIMINAL: DO CRIME, DO DELINQENTE, DAS PENAS E DA VTIMA* * * /Elementos do fenmeno criminal/ / / Consideram-se elementos do fenmeno criminal os componentes deste, ou seja, o crime, o criminoso, a pena e a vtima. Historicamente, a Escola Clssica do Direito Penal (em que se desta-cou Francesco Carrara, Itlia, 1805-1888) considerava /elementos clssicos /dessa cincia penal o crime e a pena, enfatizando assim esses dois aspectos do fenmeno criminal, ou seja, a gravidade do fato, consistente na violao da norma dessa natureza, com a conseqente sano imposta pelo poder competente do Estado. Esse entendimento orientou as codificaes penais surgi das no sculo XIX, como no caso do nosso Cdigo Criminal de 1830. Alis, a denominao Cdigo Criminal- em lugar de Cdigo Penal-demonstra, por si s, a nfase atribuda ao elemento crime; na atualidade, alguns penalistas ainda preferem essa terminologia. Mais tarde, porm, a Escola Positiva (em que se destacaram Lombro-so e Ferri) comeou a chamar a ateno sobre o /delinqente, /como ser vivo e efetivo, aparecendo assim como o "prota gonista da justia penal", como o apresentou Ferri, considerando -o em sua "personalidade individual, em sua identidade biolgica e em sua
realidade como ser profundamente de-pendente do meio social em que vive". Da a oportunidade da afirmao de Gabriel Tarde: "Nenhum de ns pode se gabar de no ser um criminoso-nato, relati-vamente a um estado social determinado, passado, futuro ou possvel." A partir da, o delinqente passou a ter um papel destacado no Direito Penal, suscitando a ateno dos criminlogos, filsofos, socilogos, pena-listas e outros, no sentido do esforo de elaborao de normas legislativas especficas, pertinentes ao sujeito ativo da infrao penal, figurando assim como terceiro elemento do fenmeno criminal. Nesse sentido, surgiram as normas inscritas nos Cdigos Penais, como aquelas referentes individualizao da pena, periculosidade, apli-cao de medida de segurana, como ressaltamos noutro trabalho /(Comen-trios ao Cdigo Penal, /Parte Geral, p. 46).
O /quarto elemento do fenmeno criminal/ Contemporaneamente, a vtima, sujeito passivo da infrao penal, foi classificada como o quarto elemento do fenmeno criminal, pelos motivos que indicaremos, noutra parte da presente obra ao tratar das peculiaridade e da situao daquela. Em suma, os quatro elementos acima elencados constituem o centro das preocupaes das cincias penais, sob as diferentes angulaes, prprias de cada uma delas, como veremos oportunamente. A propsito, convencionalmente, o termo penalista serve para desig-nar o estudioso, professor, tratadista de Direito Penal, enquanto o vocbulo criminalista se aplica ao causdico, advogado que se dedica s causas cri-minais, cujo sucesso profissional costuma proporcionar-lhe larga fama.
/Conceito de Crimonognese/ / / A Criminognese o captulo da Criminologia que estuda os meca-nismos de natureza biolgica, psicolgica e social, atravs dos quais se en-gendram e desencadeiam os comportamentos delituosos. Trata-se, portanto, dum esforo que requer concorrncia interdisci-plinar, de natureza sociolgica, econmica, filosfica, poltica, mdica, psicolgica para a conceituao da Criminognese.
Sob esse aspecto, o psicolgico, por exemplo, en trega-se tarefa de compreender o crime e descobrir por motivao: "Estudos psicanalticos modernos vieram comprovar que o delinqente e aquele que jamais infrin-giu a lei no so diferentes morfologicamente no sentido de Lombroso. So diversos na maneira de dominar os impulsos anti-sociais, presentes nos cri-minosos e nos que no o so. Dessa forma, o delinqente realiza no plano real os prprios impulsos anti-sociais inconscientes. J o indivduo social-mente adaptado tem maiores possibilidades em reconhecer que a realiza-o daqueles impulsos redundar em seu prprio prejuzo e no da comunidade" (Luiz ngelo Dourado /-Razes Neurticas do Crime, /p. 15). Por sua vez, o poltico, o criminlogo, o socilogo, e assim por dian-te, nas suas respectivas reas de conhecimento, enfocaro a questo crimi-nal, buscando a pesquisa de suas causas, bem como os meios de sua preveno e modos de tratamento do criminoso, e assim por diante, contri-buindo para o aprimoramento da Criminognese, como lembramos alhures /(Criminologia, /ps. 127 e segs.).
/ / /A dinmica do delito e /o /itinerrio do crime /(iter-criminis). /As variveis/ / / Segundo os princpios tradicionais de Direito Penal, o delito apresen-ta regularmente o chamado /iter-criminis /(itinerrio do crime), o qual ini-ciado pela simples cogitao impunvel /(nuda cogitatio), /seguindo-se a preparao /(conatus remotus) /s punvel quando em si constitui ilcito penal; adiante a execuo /(conatus proximus) /e a consumao /(meta opta ta)./ Nesse contexto, apresenta-se a seguinte indagao, formulada por Mezger: o delito um produto da disposio e da ndole genuna do delin-qente e do meio ambiente, ou seja, uma resultante dos fatores endgenos e exgenos? Em outras palavras, como se desenvolve a dinmica do delito? Discusses acaloradas e interminveis se desencadearam a respeito, isto , sobre a relao recproca de ambos os tipos de causas e sobre o predomnio das causas internas - as denominadas /Teorias da disposio /- e das causas externas - as denominadas /Teorias do meio /- no advento de delito. Hoje, de acordo com a concepo da dinmica do delito, tanto as cau-sas pertinentes /disposio, /como ao /meio /no so realidades unvo cas, homogneas, admitindo-se outras formas de interpretao do fenmeno delituoso, eis que umas disposies influem sobre as outras, das mais dife-rentes maneiras. H, por exemplo, /disposies natas /e /predisposies, /em funo das /disposio herdada ou disposio germinal; disposio adquirida /ou /per-sonalidade /do sujeito, em deternlnado momento.
Em suma, h concorrncia duma srie de aspectos, englobando cau-sas e fatores, que culminam com o. desencadeamento do delito (Mezger, /Criminologia, /ps. 249 e segs.). Assim, pode verificar-se a ocorrncia duma srie de causas e fatores crimingenos, propcios prtica delituosa, mas a intervenincia ou inci-dncia de outros aspectos ou circunstncias - as chamadas variveis - aca-bam influindo no sentido de impedir a conduta anti-social, fazendo com que os freios inibitrios prevaleam, ou seja, ocorra o predomnio daquilo que Benigno *Di *Tullio denominou foras crimino-repelentes, contra as for-as crimino-impelentes /(Tratado de Antropologia Criminal, /ps. 13 e 209). O tema em apreo enseja a polmica jurdico -penal acerca da con-dio, causa e concausa do crime, como fato humano, como veremos em seguida.
/Polmica jurdico-penal acerca da condio, causa e concausa do crime, como fato humano/ / / Sem pretender aprofundar a apreciao do tema em apreo, vale, to-davia, ressaltar a opinio de Nlson Hungria a respeito: "(...) o crime, no seu aspecto .objetivo, /umfato humano, /compreen-dendo dois /momentos: /uma /ao /(voluntrio movimento corpreo) ou omisso (voluntria absteno de movimento corpreo) e um /resultado /(evento de dano ou de perigo)". Entre "esses dois /momentos /deve existir, condicionando a /imputatio facto, /uma relao de causa e efeito". A controvrsia jurdica gira em tomo de saber quando a ao ou omis-so tem o suficiente relevo de causa; e nessa indagao pululam as teorias, que podem ser classificadas em dois grupos: a) teorias que no vem diferena entre condio e causa; b) teorias que diferenciam causa e condio, buscando estabelecer critrios para dentre as condies destacar a causa /(Comentrios ao Cdi-go Penal, /voI. *I, *tomo *lI, *ps. 57 e segs.). Concluiu Hungria, sustentando nada importa que haja cooperado ou-tra fora causal, pois no existe diferena entre causa e concausa, entre cau-sa e condio, entre causa e ocasio, equivalendo -se em sua eficincia causal todas as foras, que concorrem para o resultado, pois o sistema do nosso Cdigo Penal constmdo sobre a teoria da equivalncia das condi-es: no distingue entre condio e causa." Causa toda /conditio sine qua non" /(ob. e loco cits.). Por sua vez, preleciona Anbal Bruno: "o resultado o termo final de uma cadeia de condies sucessivas ou concomitantes. O homem que con-corre com uma dessas condies sob a fonna de ao ou omisso reputa-se ter produzido o resultado desde que sem ela este no pudesse ocorrer" /(Di-reito Penal, /*I, *tomo 1, ps. 304, 305, 321 e 322).
De acordo com Giulio Battaglini, concausa o antecedente que dis-pe apenas de efi;incia parcial, vale dizer, de /per si /s insuficiente /(Direi--to Penal, /1 voI., p. 216). O tema relaciona-se ao disposto no art. 13, 1 e 2, /a /a c, do Cdigo Penal, como ressaltamos noutro trabalho /(Comentrios ao Cdigo Penal, /Parte Geral, ps. 79 e segs.).
/Classificao geral dos crimes/ / / A classificao geral dos crimes, ou seja, o crime apreciado quanto sua gravidade, moral idade, objeto, materialidade, do ponto de vista terico, baseia-se nas caractersticas da ao, nos efeitos que integram o fato, no bem jurdico protegido, nmero e qualidade dos sujeitos considerados em cada caso e muitas outras circunstncias que do lugar a uma srie de classificaes: figura de dano, de perigo, materiais, de pura atividade, unissub-sistentes, comuns, especiais. O estudo dessas classificaes contribui para a sistematizao dos di-versos ttulos: delitos de comisso e de omisso; dolosos e culposos (Se-bastian Soler - /Derecho Penal Argentino, /*I, *p. 221). Esta classificao geral, entretanto, no deve ser confundida com a classificao dos crimes em espcie, constante da Parte Especial dos Cdi-gos Penais, que nasceu duma necessidade prtica, sendo que, com o tempo, estabeleceram-se detem1inados princpios para a sua elaborao e sistema-tizao (Carrara - /Programa de Derecho Criminal, /Parte Geral, voI. *I, *ps. 109 e segs.). A classificao geral dos crimes tem sido tratada pelos diferentes autores de maneira no muito uniforme, como ressaltamos noutro trabalho /(Comentrios ao Cdigo Penal /- /Parte Geral, /ps. 51 e segs.). Apresentamos a classificao que segue, como expresso ecltica das teo-rias a respeito dessa matria:
/Quanto previso legal, segundo a gravidade (crime /e /contraveno)/ / / a) sistema tripartido: baseado na diviso crime, delito e contraveno, como o sistema adotado na Frana; b) sistema bipartido: baseado na diviso crime e contraveno, como o sistema adotado na Itlia, Brasil; c) sistema unitrio: no comporta as divises acima previstas, como o sistema adotado na Argentina, Mxico, e extinta URSS.
/Quanto inteno/ / / de a) dolosos: quando o agente quer o resultado ou assume o risco produzi-lo;
b) preterdolosos ou preterintencionais: quando h dolo no anteceden-te (crime principal) e culpa no conseqente (crime acessrio), como no fur-to ou roubo (crime principal) e receptao (crime acessrio); c) culposos: quando h culpa /stricto sensu./ / /
/Quanto materialidade/ / / a) simples: modalidade que no apresenta elementos acidentais, como o homicdio simples; b) materiais ou de resultado: so os que se tomam perfeitos com a po-sitivao do resultado, como caracterstico do tipo legal, com a inequvoca leso do bem jurdico protegido, como no caso do furto da coisa comum, na violao do domiclio, a extorso mediante seqestro; c) de leso ou dano: aqueles que s se consideram consumados, quan-do ocorre, no mais das vezes, uma leso efetiva de um bem ou interesse pe-nalmente tutelado; neles o dolo de dano, por exemplo, a calnia, a difamao, a injria, o constrangimento ilegal; d) de perigo: aqueles em que no necessrio que ocorra um dano efetivo e concreto, bastando a simples existncia da ao criminosa, como o fato de ter em depsito substncia entorpecente, ilegalmente; e) instantneos: aqueles em a atividade delituosa termina no momen-to preciso em que o seu efeito se produz, como no furto, nas ofensas fsicas; f) permanentes ou contnuos: aqueles em que o ato deles constitutivos no sofre interrupo, permanecendo o agente em estado de criminalidade ou de violao ininterrupta da lei penal; em tais casos, a consumao se protrai ou interrompe, dependendo da vontade do agente, ou de flagrante, como o crcere privado, a ocultao de menor. claro que, se o agente se livrar do flagrante, nem por isso estar isento de responsabilidade criminal, a ser apurada atravs de inqurito criminal e subseqente ao penal; g) instantneos de efeitos permanentes: aqueles cuja atividade delituosa se configura em determinado ato, cujos e feitos perduram, como a bigamia;
h) complexos: quando uma infrao penal envolve outra, distinta, alheia inteno do agente, como a morte da pessoa visada e ferimento de outra; , i) continuados ou sucessivos: aqueles em que o autor pratica vrios atos sucessivos e conexos, materialmente distintos, com uma s inteno e resoluo dolosa, como o agente que furta dum mesmo porta -talheres, vrias peas, em dias diferentes, dentro de breve espao de tempo; j) transeuntes: aqueles que no deixam vestgios, como a injria ver-bal, a violao de domiclio; 1) no transeuntes: aqueles que deixam vestgios, como o homicdio, a leso corporal; m) privilegiados: aqueles cometidos em virtude de relevante valor so-cial ou moral /(delictum privilegiatum /ou /delictum exceptum), /como o ho-micdio privilegiado; o crime consistente em receber de boa-f, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, e a restitui circulao, depois de co-nhecer a falsidade; n) qualificados: aqueles que se revestem duma forma mais grave, em virtude de ocorrerem circunstncias que assim o qualificam, como o homi-cdio qualificado, o aborto qualificado; o) distanciados: aqueles cuja ao e o resultado se separam no tempo ou espao, como a sonegao ou destruio de correspondncia, a extor-so, a extorso mediante seqestro; p) formais: quando a inteno do agente se presume do seu prprio ato, que se reputa consumado independentemente do resultado que possa produzir, como a falsificao de moeda, seja ou no posta em circulao; q) putativos ou imaginrios: aqueles em que o agente considera erro-neamente que sua conduta constitui crime, quando, na verdade no , como no caso em que algum pensa ter alvejado certa pessoa, quando na verdade foi outrem que o fez; .' r) putativos por obra do agente provocador: quando, de forma insidio-sa, uma pessoa provoca o agente, levando-o a praticar o crime, ao J?esmo tempo que adota providncias com a finalidade de evitar a consumao do mesmo; so os casos de flagrante preparado; s) de sangue: aqueles cuja execuo causa derramamento de sangue, com o emprego de arma de fogo, instrumento perfurocortante; t) hediondos: aqueles que se revestem das caractersticas dos qualifi-cados e de sangue.
/Quanto ao sujeito/ / /
a) comuns: quando h violao do preceito penal, imposto indistinta-mente a todos, praticado por qualquer indivduo. Por oposio a crime es-pecial, de mo morta; b) prprios: diz-se daqueles que s podem ser praticados por determi-nada categoria de pessoas, pressupondo no agente qualidade pessoal e par-ticular condio jurdica, como os crimes falimentares, que s podem ser praticados pelo devedor comerciante; os crimes praticados por funcionrios pblicos; c) de mo prpria: aqueles em que todos os elementos do tipo penal devem ser realizados pessoalmente pelo agente, sendo assim impossvel a figura do concurso de agentes. /So semelhantes aos delitos prprios, pois tambm aqui apenas as pessoas tipicamente referidas podem ser autoras. /Todavia, nos delitos prprios possvel a participao de terceiro, enquan-to nos delitos de mo prpria tal no acontece. Assim, so delitos prprios e simultaneamente de mo prpria o infanticdio, o abandono ou exposio de infante, /causa honoris, /o peculato; d) unissubjetivos ou individuais: aqueles em que a totalidade dos atos tpicos podem ser praticados por um nico autor, como a injria verbal; e) plurissubjetivos ou coletivos: aqueles em que so dois ou mais os autores, distinguindo-se, porm, duas subdivises, ou seja, os unilaterais ou convergentes ou de conduta convergente, nos quais as vrias participa-es se orientam em um mesmo sentido, como no crime de quadrilha ou bando, e os bilaterais ou plurilaterais em que as vrias participaes so contrapostas, como no caso de rixa; f) de mo morta: aqueles que s podem ser praticados pela pessoa in-dicada, em funo do prprio tipo, como no caso do adultrio, do abandono material; g) funcionais: aqueles cometidos por quem se acha investido de um oficio, ou funo pblica, quando no exerccio desta e relativamente a esta, como os crimes praticados por funcionrios pblicos; h) especiais: aqueles que exigem como elemento integrativo uma qualidade ou condio especial do agente, como no caso dos crimes funcio-nais, falimentares, militares; i) multitudinrios ou coletivos: aqueles que so praticados por multi-do em tumulto, contra pessoas ou coisas, por ocasio de manifestaes pblicas, greves; j) bilaterais: aqueles para cuja consumao se exige o encontro de vontades de dois agentes, como a receptao; 1) habituais: os que so praticados seguidamente pelo mesmo autor, com a mesma uniformidade e o mesmo objetivo, como a falsa identidade, o exerccio ilegal da profisso de mdico, dentista, advogado; m) passionais: aqueles em que o agente impulsionado por uma pai-xo ou emoo violenta e irreprimvel: o cime, um amor egostico ou con-trariado, um ultraje honra.
/Quanto ao objeto/ / / a) contra a coisa pblica: embora no Direito Penal atual e diviso clssica do direito romano - /delicta publica /e /delicta privata /- no tenha a mesma importncia, consideram-se crimes contra a coisa pblica aqueles que afetam determinados bens ou interesses eminentemente de ordem pblica, tais como os crimes contra a incolumidade pblica, contra a seguran-a dos meios de comunicao e transporte e outros servios pblicos, contra a sade pblica; b) contra a coisa privada: aqueles que afetam exclusivamente os bens ou pessoas privados, subdivididos em crimes de ao pblica e de ao privada; c) contra a economia popular: aqueles que resultam em leso de eco-nomia popular, previstos em legislao especial; d) polticos: aqueles que tm feio exclusivamente poltica; na prti-ca, hoje, no mais existe essa modalidade, pois, o poltico est ligado ao so-cial, ao econmico; e) poltico-sociais: a distino entre crime poltico e crime polti-co-social provm do Projeto do Cdigo Penal de Ferri (Itlia, 1921). "Antes do surto da grande indstria e do socialismo, que fruto seu, os cri-mes que visavam organizao social tinham feio exclusivamente polti-ca. Esta, porm, passou para o segundo plano. A estrutura econmica que hoje principalmente atacada. A caracterstica especfica da delinqncia poltico -social ser marcada pelo selo da mais incontestvel abnegao, do altrusmo mais puro e idealstico." /(Virglio de S Pereira)./ f) militares ou castrenses: aqueles prprios, praticados por militares, contra a hierarquia, a ordem jurdica, o dever, a segurana, a subordinao ou disciplina militares, previstos na legislao militar; g) crimes de guerra: aqueles que violam os princpios e as leis. Que re-guIam a guerra, praticados por militar ou assemelhado que : participar de um conflito armado; h) falimentares: aqueles praticados pelos comerciantes, cuja falncia considerada fraudulenta; i) principais: aqueles que antecedem necessariamente outros, sem o que estes no podem existir, como o roubo (principal) em relao recepta-o (acessrio); j) acessrios: aqueles que exigem um outro como principal e dos quais so dependentes, como o assassnio a fim de assegurar a prtica do roubo, a violao de domiclio igualmente com o fito de roubo; 1) sexuais: aqueles praticados para satisfazer o impulso ertico ou ten-dncias libidinosas;
m) de lesa-ptria: os crimes de alta traio, quando atentam contra a segurana e a soberania nacionais, por meio de inteligncia com potncias inimigas, durante o estado de guerra ou greve convulso social; n) pluriofensivos: so aqueles que ofendem a mais de um bem jurdi-co tutelado pela lei penal, como o roubo.
/ / /Quanto conduta/ / / a) comissivo: tambm chamados de ao; caracterizam-se por /umfa-cere, /ou seja, a prtica de atos positivos, contrrios lei penal, como o fur-to, o estupro; b) omissivos: consistem em um /non facere, /ou seja, em deixar de fa-zer o que a lei penal obriga, como o abandono material; c) comissivos por omisso ou omissivos imprprios: consistem em produzir, por meio de uma omisso um resultado definido na lei como cri-me; no caso, a omisso em si mesma incriminada, pois o que caracteriza a responsabilidade penal ter o agente faltado a um dever jurdico de agir para impedir o resultado, como o caso da me que, por privar o filho, re-cm-nascido, de alimentao, deixa-o morrer; d) comissivos e omissivos: tambm chamados delitos de conduta /mista, /pois se expressam necessariamente em duas formas, isto , positiva e negativa, ambas cooperantes, como o parto suposto (comportamento co-missivo no ato de apresentar o filho de outrem a registro e omissivo na ocultao da filiao verdadeira); e) necessrios: aqueles que so praticados em estado de necessidade, em legtima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exerccio re-gular de direito; f) de mpeto: tambm chamado /ex impetu, /caracterizam-se pelo de-sgnio delituoso instantneo ou repentino, motivado por clera, paixo ou terror, sem preceder deliberao, determinao ou raciocnio, ou seja, /per moto imprevisto./ / / / / /Quanto ao processo executivo/ / / a) em grau de tentativa: diz-se crime tentado quando iniciada a execu-o o crime no se consuma por circunstncias alheias vontade do agente; b) consumados: o crime consumado quando nele se renem todos os elementos de sua definio legal;
c) frustrados: "quando exaurida a ao o agente no logra obter o re-sultado perseguido; a ao pode exaurir-se antes da total realizao tpica (tentativa perfeita), coincidir com o momento consumativo, ou ento /ir alm /deste, mas sem determinar nova realizao tpica, e.g., homicdio em que a vtima recebe 11 facadas, morrendo da primeira; neste exato momento temos o tipo consumado, porm a ao vai exaurir -se em mo-mento posterior." d) imperfeitos ou tentativa perfeita: aqueles que no foram consuma-dos por ter sido interrompidos, ou mal executados, ou, ainda, porque era inidneo e o meio empregado pelo agente. So tambm chamados crimes falhos ou frustrados; e) perfeitos /(delictum pefeito): /aqueles que se revestem de todos os elementos imprescindveis sua existncia real, e em cuja execuo, at sua consumao, a inteno direta do agente foi inteiramente satisfeita.
/Quanto ao concurso de agentes/ / / a) conexos: so aqueles praticados -1) ao mesmo tempo, por diversas pessoas reunidas; 2) em conseqncia de um pacto previamente estabeleci-do, embora o delito seja perpetrado em diferentes tempos e lugares; 3) como meio de execuo de outros, ou como expediente p ara procurar a im-punidade; 4) quanto tm com outra infrao uma estreita interdependncia, ou nexo de tal natureza que se torna impossvel apreci-Ios isoladamente, cindindo a prova; b) de concurso facultativo ou simplesmente co -autoria: so os crimes em que a participao de dois ou mais agentes no constitui elemento fun-damental para configurao do delito; c) de concurso necessrio: so os crimes que exigem para a sua confi-gurao o concurso de duas ou mais pessoas, quer dizer, a prpria descrio tpica exige o concurso, como nos crimes coletivos (caso da quadrilha OU bando) ou nos bilaterais, sendo que nestes uma das pessoas pode no ser culpvel, como nos crimes de adultrio e bigamia.
/ / /Quanto aos atos que compem a execuo/ / / a) unissubsistentes: so aqueles cuja execuo se compe de um s ato, o 'qual coincide com a consumao, no admitindo assim a tentativa, podendo-se citar o perigo de contgio venreo, a omisso de socorro, vili-pndio de cadver. b) plurissubsistentes: so aqueles cuja execuo se compe de vrios
atos ou fases sucessivos, no tempo ou no espao, como os crimes distancia-dos ou a distncia, de que so exemplos, a sonegao ou destruio de cor-respondncia, a extorso, a extorso mediante seqestro.
/ / /Quanto persecusso criminal/ / / a) de ao penal pblica; b) de ao penal condicionada; c) de ao penal privada. (Giuseppe Maggiore - /Derecho Penal, /voI. *I, *ps. 295 e segs.; Joo Mestieri - /Teoria Elementar do Direito Criminal, /Tom. *I, *ps. 189 e segs.; Orlando Mara de Barros - /Dicionrio de Classificao de Crimes, /ps. 14 e segs.; Roberto Lyra - /Direito Penal Normativo, /p. 96).
/ / /Classificao dos crimes em espcie/ / / Como salientamos anteriormente, a classificao dos crimes em es-pcie decorre duma necessidade prtica de sistematizao, no s para o estudo da natureza dos mesmos, bem como para a sua codificao, obser-vando-se algumas variaes termino lgicas nos Cdigos Penais dos dife-rentes pases, quanto s classes e subc1asses daqueles. Da a denominao adotada pelos Cdigos Penais, ou seja, Parte Especial, que estabelece a classificao dos crimes em espcie, compreen-dendo-se como /espcies /as partes do /gnero, /sendo que este abrange vrias daquelas, conforme os critrios jurdicos, polticos, filosficos, sociolgi-cos e econmicos, adotados pelo legislador. Nessa ordem de idias, o Cdigo Penal (1940) estabeleceu, em sua Parte Especial, a seqncia de Ttulos em que classifica os crimes em espcie, com os respectivas rubricas, a saber: Titulo I - Dos Crimes Contra a Pessoa (arts. 121 a 154); Titulo II - Dos Crimes Contra o Patrimnio (arts. 155 a 183); Ttulo III - Dos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (arts. 184 a 196); Ttulo IV - Dos Crimes Contra a Organizao do Trabalho (arts. 197 a 207); Ttulo V - Dos Crimes Contra o Sentimento Religioso e Contra o Respeito aos Mortos (arts. 208 a 212); Ttulo VI Dos Crimes Contra os Costumes (arts. 213 a 234); Ttulo VII - Dos Crimes Contra a Fa-mlia (arts. 235 a 249); Ttulo VIII - Dos Crimes Contra a Incolumidade P-blica (arts. 250 a 285); Ttulo IX - Dos Crimes Contra a Paz Pblica (arts. 286 a 288); Ttulo X - Dos Crimes Contra a F Pblica (arts. 289 a 311); T-tulo XI - Dos Crimes Contra a Administrao Pblica (arts. 312 a 359). Cabe ressaltar que, alm dessas espcies de crimes, existem outras,
constantes da legislao penal extravagante, ou seja, previstas em leis es-pecficas, elencando determinados tipos penais, em decorrncia do proces-so de desenvolvimento poltico, econmico e social. Haja vista, dentre outros textos legais, a Lei n 4.898, de 09.12.1965-Regula o direito de representao e o processo de responsabilidade admi-nistrativa, civil e penal, nos casos de abuso de autoridade; Lei n 5.726, de 29.10.1971 - Dispe sobre medidas preventivas e repressivas ao trfico e uso de substncias entorpecentes ou que determinem dependncia fisica ou psquica, e d outras providncias; Lei n 8.072, de 25.07.1990, com altera-es introduzi das pelas Lei n 8.930, de 06.09.1994 e Lei n 9.695, de 20.08.1998, dispondo sobre os crimes hediondos; Lei n 9.455, de 07.04.1997 - Define os crimes de tortura.
Com efeito, a misria e a pobreza no constituem causas ou fatores de-terminantes, fatais, para que o indivduo se tome delinqente, bandido, assal-tante, narcotraficante, haja vista que, se assim fosse, a maioria da populao mundial enveredaria por essas prticas delituosas, posto que dita maioria carente, excluda, de acordo com as estatsticas existentes a respeito. Por outro lado, era de se esperar que, dentre as pessoas pertencentes s famlias abastadas, e que recebem esmerada educa o, jamais ocorres-sem desvios de comportamento, prticas criminosas; entretanto, isso no se verifica, pois muitas delas cometem no s delitos tpicos do "colarinho-branco", como tambm infrao penais comuns, ou seja, aquelas que os juristas burgueses e pequenos-burgueses consideram peculiares s "classes subalternas" da sociedade, isto , o proletariado.
/A Patologia Social. Neuroses. Socioses. Foras crimino -impelentes/ / / Como assinala J. Alves Garcia, Patologia a Cincia dos processos mrbidos, de suas causas, das alteraes estruturais ou funcionais do orga-nismo, e da sua evoluo. Todo processo patolgico resulta da interao de causas endgenas e externas, s quais se contrapem as defesas do organis-mo. Todo processo passa pelo clmax e atinge a fase crtica ou crise. Esta termina pela resoluo, pela cura ou restabelecimento da homeostase (esta-do de equilbrio), por estado enfermio permanente, ou pela morte /(Psico-patologia Forense, /ps. 157 e segs.). Por analogia, prossegue o referido autor, chama-se Patologia Social ao estudo das desorganizaes ou desarmonias internas da sociedade, so-madas s presses externas. Ento, o grupo intui o anormal, acusa o senti-mento da mudana brusca da estrutura social, do conflito de culturas, das transformaes, ou do ritmo acelerado da evoluo histrica.
A crise histrico-social ocorre quando, por um conjunto de circuns-tncias, a situao anteriormente aceitvel, toma -se da em diante intoler-vel, seja por fatores sociais, religiosos, polticos, econmicos, ou estes simultaneamente. Ora, as psicoses e as neuroses tm origem em desregulaes ou leses do sistema nervoso ou do organismo, sendo certo que a vida psquica resul-ta do jogo perptuo das influncias exteriores ou ambientais e das condi-es internas. "Nenhum fenmeno mental, normal ou patolgico, pode ser eXclusivamente endgeno, mas tambm nenhuma influncia exgena tem a sua eficcia caracterstica se no encontra um organismo preparado. Con-vencionou-se, por isso, ,dizer que certas afeces mentais so predominan-temente /endgenas, /enquanto outras no sobretudo /exgenas"./ Partindo desses princpios, o referido autor chama /socioses /aos dis-trbios psquicos ou orgnicos que resultam, predominantemente, das transformaes bruscas das estruturas sociais e culturais. Em suma, esse quadro social constitui uma fora crimino -impelente, conceituada noutra parte da presente obra. Assim, o quadro social contemporneo, em escala internacional, re-vela bruscas alteraes em sua estrutura scio-cultural, com profundo re-flexo com relao s doenas mentais e orgnicas, a saber: a) Aumento do infarto do miocrdio e do alcoolismo femininos, de-pois que as mulheres foram expostas s mesmas tenses emocionais a que esto sujeitos os homens, na luta pela sobrevivncia e afirmao social; b) Agravao da alcoolomania, sob a forma de /Delirium tremens, /de-vido s vivncias da solido e da desesperana; carncias alimentares; c) Transformao da psicose manaco-depressiva, com a quase desa-pario das grandes crises de excitao, a maior incidncia da sndrome melanclica, sob vrias formas e graus; d) Transformaes dos delrios esquizofrnicos, de tipo msti-co-religioso e cosmognico, em delrios hipocondracos, tcnicos, csmi-cos e astranuticos; e) Reduo dos sistemas mentais das psicoses e neuroses, e maior in-cidncia de fenmenos psicossomticos, ou organoneurticos; f) Aumento extraordinrio, em mbito mundial, das toxicomanias, sobretudo, nos jovens. Diante desse quadro, conclui que existe uma relao direta entre o progresso tecnolgico e o desenvolvimento da agressividade humana, in-vocando a opinio de Arnold Toynbee: "O processo atual, em acelerao desordenada da tecnologia, aumentou agora em grau alarmante a brecha as camadas consciente e inconsciente da psique humana" /(Psicopatologia Forense, /ps. 463,465,481 e 482).
/ / /Exacerbao das contradies sociais /e /seus reflexos sobre a violncia generalizada/ / / O fato que os desdobramentos do processo de evoluo capitalista, em escala internacional, a sua interao com os fenmenos poltico, jurdi-co, sociolgico intensificaram de tal forma a explora o do trabalho, que exacerbaram ao mximo as contradies sociais e a luta de classes, aumen-tando as desigualdades e injustias sociais, a misria, a fome, em contraste com o luxo e a ostentao duns poucos, que monopolizam a terra, os gne-ros alimentcios, os medicamentos. Considere-se ainda os que exploram o trfico de drogas, de armas, mulheres, e de menores - tudo isso mantido graas operao de regimes polticos autoritrios, de ndole militar -, de tal modo que, como num plano inclinado, a sociedade capitalista chegou ao ponto em que se encontra, ou seja, aquilo que alguns chamam de /sndrome da violncia, /que outra coisa no seno uma situao prxima duma con-vulso social de propores incalculveis, com um desfecho imprevisvel, assumindo, em certos casos - como no Brasil -, aspectos de verdadeira guerra civil, ou zona fronteiria dela. Efetivamente, como salienta Israel Drapkin, a civilizao ocidental, com as suas gigantescas cidade e a enorme concentrao demogrfica, est tomando o homem neurtico. Esse modelo de civilizao produziu um tipo humano fisico e organicamente mal dotado, propenso enxaqueca, calv-cie, ao nervosismo, frigidez sexual na mulher e impotncia no homem /(Manual de Criminologia, /ps. 151 e 152). Acresce que o homem traz em si um curioso paradoxo: a primitivida-de do seu esqueleto e do seu organismo - ou seja, o conjunto de condies biopsicolgicas - impem-lhe um nus inferiorizante, pois a patologia hu-mana a mais frtil e variada de toda a narrativa viva: nenhum outro animal mais vulnervel (J. Alves Garcia - ob. cit., p. 470).
/ / /A desnutrio, a fome e a violncia estrutural da sociedade capitalista, em concomitncia com a criminalidade/ / / A desnutrio, por sua vez, pode acarretar graves conseqncias. Em /Menores e Loucos /afirmou Tobias Barreto: "O homem o que come". George Guilhermet asseverou: "Sem ir at a dizer com Brillat Sa-varin dize-me o que comes e dir-te-ei quem s - a alimentao exerce in-fluncia fisiolgica, psicolgica e social" /(apud /Roberto Lyra -/Novssimas Escolas Penais, /ps. 13 e 176). Num livro candente - /Geopoltica da Fome /- escreve Josu de Cas-tro: "Fustigado pela necessidade imperiosa de comer, o homem esfome ado pode exibir a mais desconcertante conduta mental. Seu comportamento transforma-se como o de qualquer outro animal submetido aos efeitos da fome." E lembra que cerca de 2/3 da humanidade vive sob regime de fome
crnica, subnutrida, contando-se dentre milhes de criaturas as que tm morrido em conseqncia desse flagelo, pois, sinistramente, conforme o adgio popular: /A mesa do pobre escassa mas o leito da misria fecundo /(ob. cit., ps. 6, 34, 60 e 95). Nunca demais recordar a clebre deciso absolutria, proferida pelo tribunal francs de Chateau- Thierry, presidido pelo juiz Magnaud, magis-trado que passou posteridade como o "bom juiz", ocasio em que foi ab-solvida a inditosa Luiza Menard, num caso de furto famlico, por ter-se apropriado dum po, pois se encontrava com fome, sem trabalho e dinhei-ro, tendo a seu cargo um filho, como lembramos alhures /(Justia /e /Crimi-nalidade, /ps. 79 e segs.). As doenas mentais, por exemplo - uma porta larga para os desvios de conduta, especialmente de natureza criminosa -, tm mltiplas causas, a comear pelas carncias alimentares, desde o perodo de gestao, agra-vando-se naturalmente com a subnutrio nos primeiros anos de vida, como lembramos noutro trabalho /(Extino das Pris es /e /dos Hospitais Psiquitricos, /p. 140). A propsito, como observou Antnio Alfredo Fernandes, de "um contingente pr-escolar de 22 milhes e 500 mil crianas, apenas 20% re-cebem assistncia das reas de sade e nutrio; 70% so subnutridas e desnutridas, com as clulas nervosas do crebro irremediavelmente afeta-das", sugerindo inclusive a abertura de uma Comisso Parlamentar de Inqurito na Cmara Federal para investigar o assunto e criar uma legisla-o para a rea pr-escolar, "nica sada para que o Brasil deixe de ser um pas de no inteligentes" /(Jornal do Brasil, /14.04.78). Ora, em tais casos, a tendncia no sentido de que essas crianas, se sobreviverem, constituiro no futuro, como adultos, dbeis mentais, im-prestveis para o trabalho til e fecundo, enfim; um peso social morto. Observa Hans von Hentig, com lgica irretorquvel: j que trs -quartos de todos os crimes so crimes contra a propriedade, torna -se clara a importncia da condio econmica individual. Muit os outros cri-mes so causados indiretamente por dificuldades econmicas, pois a fome, o frio, ou a vida dos cortios no melhoram o controle dos nossos atos /(Cri-me, Causes and Conditions, /p. 96). Da a advertncia de von Lisz: "A influncia das circunstncias sociais e, sobretudo, econmicas sobre a vida dos indivduos comea muito tempo antes do seu nascimento. Remediai as circunstncias econmicas desfavorveis e salvareis, ao mesmo tempo, o futuro das novas geraes. , pois, evidente que as circunstncias sociais e, especialmente, eco-nmicas determinam a marcha da criminalidade" /(apud /Roberto Lyra -/Novssimas Escolas Penais, /p. 171).
Por seu turno, a violncia estrutural e institucional dos regimes polti-cos autoritrios, ditatoriais, ao impor um modelo econmico elitista, no in-teresse das multinacionais - com o objetivo de privilegiar uns poucos, com salrios principescos, a fim de que
constituam a clientela consumidora de produtos suprfluos - acabam gerando desigualdades sociais e injustias escandalosas, provocando agitao social, greves, descontentamento e in-conformismo generalizado, situao essa que aproveitada pelas foras con-servadoras e dominantes da sociedade, para justificar o desencadeam ento da represso poltico-social, aplicao de medidas de exceo, decretao de estado de stio, suspenso dos direitos e garantias constitucionais, como ocorreu no Brasil, ps-1964. Da por que, acerca do chamado crime poltico -social, salientou Cris-pigni que as maiores conquistas no sentido do aprimoramento das institui-es democrticas terem sido alcanadas justamente por essa espcie de crimes. No se pode ignorar que a queda das tiranias, a abolio da servido da gleba, a igualdade civil e poltica, os direitos do homem, a melhoria das condies de vida do proletariado etc. no teriam sido possveis sem o m-peto dos crimes poltico-sociais /(apud /Nlson Hungria /Comentrios ao Cdigo Penal, /voI. *I, *Tomo 1 , p. 185).
/ / /Caractersticas prprias da violncia no meio urbano e no rural/ / / No tocante ao proletariado urbano brasileiro, submetido violncia permanente do modo de produo capitalista, estima -se o seu nmero em 12.500.000 de trabalhadores, enquanto o proletariado rural, submetido a essa violncia estrutural, estimado em 4,9 milhes, ou seja, 1/3 da forma de trabalho agrcola, segundo dados da dcada de 1980. Na rea rural, devem ser acrescentados os assalariados temporrios, chamados "bias-frias", trabalhadores rurais esses que vivem nas periferi-as dos centros urbanos, sendo que a sua integrao nos processos produti-vos eventual, ocorrendo somente nas pocas de maior atividade agrcola (geralmente nas colheitas), e que correspondem categoria mais aniquila-da da classe trabalhadora brasileira, atingindo, aproximadamente, 10 mi-lhes de pessoas; esses trabalhadores esto, ainda, sujeitos expropriao por parte dos intermedirios ou contratadores dos servios, junto aos em-presrios agrcolas, intermedirios esses cuja alcunha - "gatos" - bem identifica a sua ao rapinante (Juarez Cirino - ob. cit., ps. 92 e 93).
Cumpre salientar que as alteraes desordenadas no meio rural, a substituio das culturas agrcolas, de subsistncia, pela criao intensiva de gado, destinado exportao, provocam, dentre outras conseqncias, o xodo rural, isto , a migrao do homem do campo em direo s cidades, onde se espera melhor sorte, para no acabar morrendo de fome; mas no meio urbano h .outras adversidades, tais como dificuldade em dispor do solo, para construo de moradia, at mesmo na zona de favelas, j super-congestionada, sem falar .na falta de ocupao, escolaridade, assistncia mdica, condies mnimas de hi giene e alimentao.
, O fato que so crescentes os ndices de violncia no Brasil, como as-sinalou o senador Geraldo Cndido, bastando citar o fato de que no primeiro trimestre de 1999 registraram-se 23 mil homicdios no Pas, o que permite estimar que esse nmero dever ultrapassar 50 mil por ano, futuramente. Tal fato pode ser comparado com o que ocorre na Colmbia, em con-seqncia da guerra civil nesse pas /(Jornal do Senado, /08.06.2001, p. 5).
O /gigantismo das cidades como fator crimingeno. Favelizao/ / / Em resumo, todo um elenco de dificuldades angustiantes, faz com que grande nmero de pessoas acabe buscando refgio sob viadutos, nas galerias de edifcios e embaixo de marquises, constituindo os chamados "dormidores de rua", sem teto, encontrados nas grandes cidades, onde pe-rambulam durante o dia, fazendo pequenos biscates, com minguados ga-nhos, caminho esse que leva fatalmente prtica criminosa, inclusive por parte dos menores, que vivem sob essas condies de existncia, como lembramos noutro trabalho /(Causas da Criminalidade /e /Fatores Crimin-genos, /ps. 52 e segs.). Ademais, os polticos demagogos tm objetivos exclusivamente eleitoreiros, imediatistas, tais como a criao dos chamados "cur rais eleitorais", urbanos e rurais, consistentes na concentrao de eleitores em determinadas reas, na condio de "clientela cativa", favorecida com algumas construes, especialmente habitacionais. Da, por exemplo, a absurda substituio de favelas em reas impr-prias - mangues e alagadios -, compostas de barracos constru dos com pedaos de folha de zinco e papelo, por outras habitaes de alvenaria, como foi o caso da denominada "favela da mar", s margens da Baa de Guanabara, no Rio de Janeiro, ao longo da via expressa Linha Vermelha, rea essa cuja fetidez e insalubridade atingem limites insuportveis, devido sobretudo ao fato de a regio constituir um desaguadouro de esgotos, com elevados ndices de poluio.
Acontece que ali uma regio de intenso trnsito rodovirio, desper-tando assim os olhares daqueles que circulam, em automveis e nibus, po-dendo desse modo revelar admirao por aquelas novas construes, obra de determinado poltico, sem considerar as inconvenincias acima apontadas. Ora, o que o bom senso e a coerncia recomendavam era um entrosa-mento entre os governos municipais, estaduais e federal, no sentido de construes habitacionais, prioritariamente, em reas rurais, prximas aos centros urbanos, de modo que as mesmas se destinassem ao cultivo de hor-tigranjeiros e criao de animais de pequeno porte, destinados alimenta-o, quer dos moradores desses conjuntos, quer para efeito de
venda a terceiros. Em suma, a construo de conjuntos habitacionais, destinados a po-pulaes carentes, nos moldes acima expostos, agrava a problemtica do congestionamento e superpopulao urbana, ou seja, o chamado gigantis-mo das cidades, um dos fatores crimingenos, como ressaltamos noutros trabalhos ("O gigantismo das cidades como fator crimingeno", /in Rev. do Curso de Direito da UF de Uberlndia, /voI. 17, 1988; /Incorporaes Imo-bilirias e Condomnio de Apartamentos, /ps. 15 e segs.). Com efeito, boa parte da populao de alguns desses conjunto s habi-tacionais se compe de adolescentes, jovens ,que no tm ocupao nem habilitao profissional, no dispondo de renda prpria, mas, sobretudo de-vido promiscuidade em que vivem, mantm relaes sexuais precoces, procriando numerosos seres humanos, dbeis, doentios, com insuficincia de peso, com sombrias perspectivas de vida. Alm disso, no bojo desse contingente humano, principalmente por causa da ociosidade, alastram-se as prticas delituosas, ramificaes do narcotrfico, do trfico de armas, prostituio, e assim por diante, tpicas do lumpemproletariado.
O /lumpemproletariado como subproduto da violncia capitalista/ / / Na terminologia marxista, o vocbulo lumpemproletariado se aplica s camadas sociais sem conscincia poltica e de classe, entregando-se prtica de contravenes penais e crimes, ou seja, jogatina, furtos, assaltos, seqestros, trfico de armas, narcotrfico, usufruindo vantagem do comrcio sexual, como "garotas e garotos de programa", e assim por diante, trilhando o caminho escabroso da criminalidade, o qual dificilmente oferece retorno. Em suma, a maior parte desse contingente humano constitui o que tradicionalmente se considera a canalha, malta, corja da sociedade, chegando a essa condio em conseqncia de diversas causas e fatores crimi-ngenos, de natureza biolgica, gentica, psicolgica, sociolgica, e outros, como ressaltamos noutra parte da presente obra, ao tratar das diver-sas concepes acerca do delinqente, como explica o darwinismo social. Concluindo o lumpemproletariado um subproduto da violncia capitalista.
Em sentido genrico, a expresso abuso de poder equiv ale a abuso de autoridade, isto , o uso imoderado ou exorbitante do poder pblico, por parte de um dos seus agentes, quando no exerccio das funes prprias do seu cargo, situao essa que, no Brasil, disciplinada pela Lei n 4.898, de 09.12.1965, que regulou o direito de representao e o processo de respon-sabilidade administrativa civil e penal, nos casos de abuso de autoridade, disposies legais essas que, alis, jamais tiveram qualquer eficcia, em face do autoritarismo poltico reinante, que, pela sua prpria natureza, vio-lenta de maneira permanente a legalidade democrtica. Entretanto, para efeito de estudos criminolgicos, mais precisamente, no esforo da construo da Teoria Crtica do Controle Social na Amrica Latina, a expresso abuso de poder assume conotaes particulares e espe-cficas, como veremos adiante. De fato, as concepes tradicionais acerca da idia de poder tm sido objeto de vrias consideraes, nos ltimos anos, sobretudo aps a Reu-nio Inter-regional de Expertos das Naes Unidas sobre "Delitos e Delin-qentes fora do Alcance da Lei", em Nova Iorque, em 1979, como salienta Lola Aniyar de Castro /(La Realidad Contra Los Mitos, /Maracaibo, 1982). Por sua vez, o poder opera em vrios nveis ou esferas; h centros de poder poltico, como assemblias, administrao, exrcito, polcia, magis-tratura, municpios, partidos polticos, assim como existem tambm cen-tros de poder econmico e centros de poder ideolgico. Da, "todo abuso de poder forma parte do mesmo exerccio do poder que se encontra dentro de uma formao social determinada, e obedece aos seus mecanismos" (Lola Aniyar - ob. cit., ps. 127 a 133). Nesse contexto, ao versar sobre o tema /Direito Penal Econmico e Direito Penal dos Negcios, /salientou Heleno Fragoso que, no Brasil, o Di-reito Penal tem sido amargo privilgio dos pobres e desfavorecidos, que povoam nossas prises horrveis e que constituem a clientela do sistema. A estrutura geral de nosso direito punitivo, em todos os seus mecanismos de aplicao, deixa inteiramente acima da lei os que tm poder econmico ou po-ltico, pois estes se livram com facilidade, pela corrupo e pelo trfico de in-fluncia /(Rev. de Direito Penal e Criminologia, /ps. 122 a 129, Forense, n 33).
O /trfico de influncia e a impunidade das multinacionais ou trans-nacionais/ / / A Amrica Latina se caracteriza, como se afirmou na Conferncia de Puebla, por uma escandalosa distncia crescente entre pobres e ricos e a de-sumana pobreza de extensas faixas da populao. H fome e desnutrio, salrios aviltados, desemprego e subemprego, enfermidade crnicas, anal-fabetismo, mortalidade infantil, falta de morada adequada, injustia nas re-laes internacionais, especialmente nas transaes comerciais, situaes de neocolonialismo econmico e
cultural, por vezes to cruel como o colo-nialismo poltico. Nosso direito tem permanecido fiel regra segundo a qual a respon-sabilidade criminal pessoal e subjetiva. As pessoas jurdicas no podem cometer crimes. Segundo Brcola, no entanto, num estudo luminoso, essa regra no tem valor ontolgico e apenas expresso da fora das leis do po-der econmico. Se se pretende permanecer fiel regra da responsabilidade penal subjetiva, indispensvel prever, para as pessoas jurdicas, sanes administrativas comparveis s sanes penais. Constitui um dos fatos mais destacados do mundo contemporneo a evoluo fantstica das empresas transnacionais, que operam largamente na Amrica Latina. Convm, assim, examinar em que medida necessria e possvel a represso penal dos abusos cometidos por essas sociedades. Os atos de corrupo realizados em Lockheed na Itlia, na Holanda e no Japo, que alcanaram repercusso internacional, so apenas um dos exemplos de aes delituosas. Sugere-se a elaborao pelos rgos internacionais de c-digos de conduta, que regulem a atividade dessas empresas, embora os seus efeitos sejam bem limitados /(Rev. de Direito Penal e Criminologia, /Foren-se, n 33, ps. 122 a 129). As imunidades diplomticas, como vimos, tm servido de disfarce para um sem-nmero de crimes, relacionados ao trfico de drogas, armas, aliciamento de mercenrios, espionagem industrial e comercial, corrupo, suborno. Nesse sentido, tornou-se particularmente escandaloso o episdio ocorrido, por longo perodo, na embaixada brasileira na Frana, em que o seu titular recebeu a alcunha de "embaixador dez por cento", pelo fato de perceber esse percentual, em decorrncia dos negcios realizados pelo seu pas, fato esse denunciado pelo clebre Relatrio Saraiva, jamais, porm, divulgado ou apurado em suas ltimas conseqncias, apesar de iniciati-vas, nesse sentido, na Cmara dos Deputados, em Braslia. Evidentemente, dispomos de instrumentos legais que reprimem os crimes de natureza econmico-financeira, como a Lei n 1.521, de 26.12.1951 (Altera dispositivos da legislao vigente sobre crimes contra a economia popular), bem como rgos especficos, como o Conselho Administrativo de Defesa Econmica (CADE), criado pela Lei n 4.137, de 10.09.1962 (Regula a represso ao abuso do Poder Econmico), instrumen-tos esses, porm, que se revelaram incuos, sobretudo ps-1964, a partir de quando as multinacionais impuseram o seu alvedrio economia nacional. A propsito, oferecemos a Indicao de n 61/84, ao Instituto dos Advogados Brasileiros, apresentando projeto de lei que modifica a composio do CADE, para nele incluir representante dos advogados e de outros segmentos de nossa sociedade, proposta essa rejeitada.
o fenmeno, que /denominamosfrenesi do automvel, /por exemplo, um caso tpico de fator crimingeno. Observe-se que falamos /emfrenesi do automvel, /uma vez que, lgico, o automvel, por si s, no constitui fator crimingeno. Entretanto, afigura-se como fator crimingeno o modelo econmico elitista, baseado na nfase da produo e propagao do consumo do auto-mvel, como privilgio duns poucos, em detrimento dos interesses coleti-vos, devido destinao de recursos pblicos para esse esforo de produo, atravs de incentivos fiscais, remessa de lucros para o exterior, juros, /royalties, /provocando com isso o agravamento do endividamento ex-terno, exigindo em conseqncia a exportao de gneros alimentcios es-senciais ao consumo da populao - como, no caso do Brasil: caf, soja, feijo, arroz, milho, carnes, frangos, frutas -, deixando aqui mesas vazias e bocas famintas. Em resumo, esse conjunto de fatos assume o aspecto de fator crimi-ngeno, pois da resultam injustias e tenses sociais, elevao dos ndices de acidentes de trnsito, sobretudo devido ao ma l uso do automvel, com numerosas vtimas, mortas, com deformao fisica, invalidez, sem falar nas neuroses urbanas, em conseqncia do rudo aterrador e da insegurana coletiva, provocada pelo prprio ritmo de velocidade desses veculos, pa- norama esse que se pretende justificar em vo, sob a inconsistente alegao de "preo do progresso", como lembramos noutro trabalho /(Causas da Cri-minalidade e Fatores Crimingenos, /ps. 69 e segs.). Em geral, nos pases subdesenvolvidos, submetidos a regimes polticos autoritrios, de exceo, o povo no dispe de liberdade poltica para organizar-se em sindicatos atuantes, associaes de defesa do consumidor e outros rgos de proteo da comunidade (J. M. Othon Sidou - /Proteo ao Consumidor, /Rio, 1977; Nina Ribeiro - O /Que Podemos Fazer, /Braslia, 1978; Ester Kefauver - /Em Poucas Mos /- O /Poder de Monoplio na Amrica do Norte, /Rio, 1967). Sob esse aspecto o Brasil se encontra completamente desprovido, merc do alvedrio das multinacionais, que controlam os principais setores de nossa economia: alimentos, medicamentos, transportes, tratamento da sade, poder publicitrio e de /marketing /(Mercadologia), atravs dos meios de comunicao social, a denominada /mdia, /que introjetam nos cidados a concepo segundo a qual /quem no possui automvel infeliz. /Haja vista que numa pesquisa realizada nos EUA, acerca do significado in-dividual do automvel, muitos dos entrevistados declararam que "amam os seus veculos" e "conversam com e les", enquanto outros revelaram que o "automvel est acima da prpria famlia, mulher e filhos" (cf. /Central Brasileira de Notcias / - CBN, 09.02.2002). O mesmo se pode dizer em relao a motocicletas, sendo que alguns tipos das mesmas poluem dez vezes mais do que os automveis.
/ / / / /Os descalabros no trnsito de veculos rodovirios. Automvel: smbolo de desabaladas corridas. Criminalidade tpica/ / / No setor de trnsito, por exemplo, grassam a insegurana e imp unidade, a comear pela inexistncia dum mnimo de requisitos nos automveis aqui produzidos e que circulam em nossas cidades e rodovias, Basta dizer que esses veculos no dispem de padres de segurana que os habilitem a circular em pases da Europa, nos EUA e Japo, como ficou apurado por ocasio dos trabalhos realizados pela Cmara dos Deputados, em Braslia (Nina Ribeiro - /Em Defesa do Consumidor, /Braslia, 1974). Somos perenes recordistas mundiais em acidente de trnsito e parece haver certo orgulho disso no subconsciente de muitos, pois sustenta -se que tal fato representa o "preo do progresso", quer dizer, sinal de que somos um pas em desenvolvimento, na senda da prosperidade. As multinacionais da indstria automobilstica, do petr leo, do seguro de acidentes e do tratamento da sade se sentem vontade no Brasil, pois re-presentamos um pasto frtil para as suas lucrativas e crescentes atividades. A fraude, corrupo, permissividade e complacncia da legislao e dos rgos do trnsito, bem como a tolerncia da justia penal, se harmo-nizam e satisfazem ao /status quo /existente, deixando satisfeitas as multina-cionais, que nos bastidores manobram eficientemente no sentido de que no ocorram mudanas. De acordo com os dados coligidos por Genoveva Miranda, enquanto em So Paulo, em 1980, ocorreram 15.193 atropelamentos, ou seja, cerca de 40 por dia, em 1981 se verificaram cerca de 26 mil acidentes dessa esp-cie, o que d u'a mdia de um a cada 22 minutos. Por outro lado, dados do Programa de Reduo de Acidentes - com a sugestiva sigla Pare -, vinculado ao Ministrio dos Transportes, indicam que, em nvel nacional, cerca de 350 mil pessoas so acidentadas anual-mente no trnsito rodovirio, sendo que do total de acidentados, aproxima-damente 40 mil correspondem a casos fatais (cf. pronunciamento do senador Mauro Miranda, /in Jornal do Senado, /16.08.2001, p. 10). Os tcnicos afirmam que em 1981 chegaram a 34 bilhes de cruzeiros os custos de socorro e hospitalizao das vtimas. Segundo eles, um em cada 4 atropelados tinha mais de 50 anos. Em grande parte, tudo isso se deve ao sistema de aprovao de novos motoristas. De acordo com o psiclogo Jacob Pinheiro Goldberg, so mui-tas as facilidades para obteno de carteira de habilitao no Brasil: "Aqui, para ser considerado apto, basta ter viso razovel,
provar que no analfa-beto, conhecer os sinais de trnsito e colocar o carro em movimento. E pronto! Depois de algumas ladeiras, a carta." Uma das sugestes do psiclogo a aplicao de testes psicotcnicos para todos, a cada 3 anos, e o uso de eletroencefalograma nos exames, para eliminar motoristas com problemas mentais. Outra sugesto do referido especialista diz respeito falta de condi-es de trabalho dos motoristas profissionais: excesso de carga horria, alto nvel de rudo e calor. Tudo isso, mais os longos turnos em mdia de 12 a 14 horas - provoca a fadiga, uma das causas dos acidentes. Em 1973, por exemplo, de acordo com estatsticas oficiais, apurou-se que 12% dos motoristas de nibus apresentavam disritmia, e todos dirigiam mais de 12 horas por dia, transportando u'a mdia de cem pessoas por viagem. Dois anos mais tarde, uma pesquisa tambm oficial constatou que 15% dos motoristas de uma empresa particular eram portadores de sfilis e verminose. Isso, quando no tinham problemas de hipertenso arterial e surdez, como lembramos alhures /(Criminologia, /ps. 115 e segs.).
Os /acidentes no trnsito, em virtude de os motoristas dirigirem alcoolizados. Bandidos do volante/ / / Por outro lado, os pases mais desenvolvidos possuem leis severas, no que diz respeito aos motoristas que tenham tomado bebidas alcolicas. Na Alemanha, por exemplo, considerada como infrao grave e embriaguez no volante. Bastam 2 copos de cerveja, apenas, para que o motorista seja considerado alcoolizado e, no caso, a medida tomada a cassao imediata e, na maioria das vezes, definitiva, da carteira de motorista . No Brasil, h um misto de sentimentalismo e escrpulo, no que diz respeito cassao da carteira de habilitao, ora sob a alegao de que isso representaria a perda do emprego, ora sob o fundamento de que o trn-sito implica num risco razovel. Com isso, um mesmo infrator ocasiona su-cessivos desastres, causando leses corporais e morte, e enquanto responde aos processos, continua de posse de duas carteira, sem ser molestado, ense-jando novos desastres, provocados pelos que denominamos "bandidos do volante" /(Comentrios ao Cdigo de Processo Civil, /art. 275, vol. I). O emprego do lcool, como combustvel automobilstico, trouxe no-vos complicadores em relao poluio ambiental, como veremos adian-te, ao que se soma ao fato de o motorista dirigir embriagado. que, de acordo com a estimativa duma Delegacia Especializada em Acidentes de Trnsito, cerca de metade dos motoristas paulistanos, homens e mulheres, dirigem seus carros em estado de embriaguez.
Conforme uma pesquisa realizada no Brasil, intitulada "A Influncia do Etanol nas Atividades Psicomotoras Envolvidas no Ato de Dirigir Ve-culos", constatou-se que o lcool rapidamente absorvido pelo aparelho gastrintestinal- cerca de 90% - em uma hora. Sua solubilidade alta na gua permite a passagem rpida por qualquer membrana humana e, uma vez di-ludo no sangue, entra imediatamente em contato com o crebro. A princ-pio a pessoa entra num estado de excitao e, logo aps, vem a depresso, quando, segundo Kalant, ocorre " uma diminuio da reao de alerta e a atividade dos centros regulatrios autnomos adquire um padro bastante aproximado do estado de sono". Ou seja, comeou a surgir os sintomas do sono, com a perda da capacidade de concentrao e disperso dos sentidos. So os seguintes os distrbios causados pela ingesto excessiva de be-bidas alcolicas: visuais, sonolncia patolgica, reflexos retardados, hipogli-cemia severa e disritmias epileptiformes, na crise de abstinncia de lcool. Diante desse quadro que se pode avaliar a extenso da impostoria e o descabido regozijo da fala ministerial, ou seja, o teor dos discursos pro- nunciados por ocasio da solenidade de comemorao do alcance da meta de produo de 10,7 bilhes de litros de lcool e da comercializao do milionsimo veculo a lcool, no Brasil (Publicao da Comisso Executiva Nacional do lcool- Secretaria Executiva, Braslia, 19.09.1983). O que se escamoteou, nessa ocasio, foi a verdade acerca da poluio causada ao meio ambiente, principalmente com o lanamento do vinhoto (resduo da cana-de-acar, com elevado teor txico) em nossos rios, oca-sionando a destruio da fauna aqutica, com igual reflexo nos oceanos; o agravamento da dvida externa, pois essas empresas automobilsticas re-metero, com esse aumento de produo de veculos, mais dividendos, ju-ros e /royalties /para as suas matrizes no exterior, e assim por diante, resultando mais esfomeao e misria para as camadas sociais carentes de nosso povo. Em Israel, por exemplo, no que diz respeito severidade das leis de trnsito, h um critrio para a perda da carteira de habilitao: basta que o motorista some 8 pontos em inftaes cometidas. Para o excesso de veloci-dade a punio 1 ms sem licena. Andar sem seguro so 8 pontos - e um juiz decide o tempo de cassao. O motorista surpreendido sem documen-tos tem o prazo de 24 horas para apresent -los. Sendo algum que estava suspenso, temporariamente, a perda s vezes duplicada de 1 para 3 anos. Quanto ao Brasil, com o advento do Cdigo de Trnsito Brasileiro (Lei n 9.503, de 23.09.1997), adotaram-se regras similares. Na Itlia, no caso de grave responsabilidade pessoal em acidente de trnsito com vtimas fatais, a carteira pode ser cassada, provisoriamente, at uma deciso judicial /(Vida e Sade, /SP, 1984). Enquanto se observa esse quadro, em relao ao transporte individual, o setor de transportes coletivos de trao eltrica, como convm ao Brasil, se encontra em completo abandono. . No captulo intitulado O /Delrio do Automvel, /do livro que publicou, o engenheiro Ren Fernandes Schoppa demonstra, com argumentos e fatos
irrespondveis, o absurdo da poltica de expanso da indstria automobils-tica, mesmo em relao aos EUA, acarretando um elevado custo social, com a aplicao de recursos em planos virios elitistas, para facilitar o transporte individual, poluio ambiental, e danos sade pblica /(Para Onde Caminham Nossas Ferrovias? /ps. 87 e segs.).
O /consumismo como fator crimingeno/ / / Por sua vez, o consumismo representa outro decisivo fator crimin-geno, na sociedade capitalista. Como notrio, os chamados estmulos publicitrios da sociedade capitalista tm como nico objetivo o lucro individual, sem que importem os meios empregados e as conseqncias que da possam advir. Cria-se, assim, uma sensao artificial de progresso e fantasias, atra-vs do intenso sugestionamento do pblico, no sentido de consumo dos bens produzidos e oferecidos, atravs dos meios de comunicao social, produtos esses tantas vezes suprfluos e nocivos sade, sem qualquer controle por parte das autoridades pblicas, quer se trate de alimentos, me-dicamentos, cosmticos e outros artigos, co mo, por exemplo, a publicidade insidiosa em torno do cigarro e das bebidas alcolicas. Nesse contexto, at o abundante oferecimento nos supermercados gera nsia de adquirir o suprfluo; quando muitas vezes no possvel rea-lizar esse desejo, ento estimulada a prtica de furtos, comO lembra Hans von Hentig /(El Delito, /voI. *III, *p. 43). Partindo dessa linha de raciocnio, chega-se concluso de que a atual sndrome de violncia, caracterstica da sociedade capitalista em geral, so-bretudo no tocante criminalidade patrimonial, no representa outra coisa seno a resultante generalizada da macia publicidade em tomo do consu-mismo, que transborda pelos meios de comunicao. Ora, com a recesso econmica, desemprego e carestia dominantes, sob o capitalismo, no se po-deria esperar outra reao coletiva, que se observa: o incontrolvel nmero de furtos, assaltos, seqestros, sem falar nas prticas estelionatrias.
/A fabricao de armas, seu trfico e as polcias particulares, como fatores de violncia e criminalidade/ / / Some-se a isso o fenmeno do trfico de armas de fogo, a propaga-o de sua fabricao e venda; a existncia de polcias particulares, fir-mas de segurana bancria, cujo pessoal, em sua maioria, recrutado dentre as camadas mais carentes da populao, sendo freqente o extra-vio de
seu armamento, inclusive o de armas de grosso calibre, consi-deradas de uso privativo das Foras Armadas. Lembram muitos observadores que o ano de 1968, no Brasil, repre-sentou o momento de transio entre o crime habilidoso para o violento, porque foi justamente nesse ano que o nefando "Esquadro da Morte" co-meou a atuar, institucionalizando a violncia, sugestionando assim igual atuao violenta por parte dos criminosos em geral, mostrando-lhes que o assalto mo armada muito mais proveitoso e eficaz, sendo a surpresa um importante elemento para o xito do assalto, como lembra Nlson Piz-zotti Mendes /(Criminologia, /ps. 320 e 323). Em seu livro /Agresso e Violncia no Mundo Moderno, /assim se ma-nifesta o autor norte-americano Friedrich Hackker: "Como compreender que um mesmo ato, quando cometido por um autorizado e legtimo, e quando cometido por outro, proibido e repreensvel?" A propsito, observe-se a marcha das discusses, travadas no Senado Federal, durante o ano de 2000, acerca da proibio e da regulamentao do porte de arma do fogo, quando ento vieram tona argumentos patticos a respeito, contrrios proibio em exame /(J ornal do Senado)./ Alis, bastante significativo o fato de o ex-presidente estadunidense Ronald Reagan, apesar de baleado no pulmo, no atentado que sofreu no dia 30 de maro de 1981, ter-se recusado a adotar qualquer medida, em re-lao ao controle de venda de armas de fogo a particulares, nos EUA. evidente que a fabricao e o comrcio dessas armas representam um bilionrio negcio, alm de expandir o crime organizado.
*A "DELINQNCIA JUVENIL"* * * /A problemtica da inimputabilidade penal em face da idade/ / / o emprego da expresso /delinqncia juvenil /tem suscitado intermin-vel discusso terica, quanto impropriedade tcnica dessa terminologia. A discusso est centrada no conceito analtico do delito, que, como se sabe, consiste na ao ou omisso tpica, antijurdica e culpvel.
Ora, sustenta-se, desde que inexista um, dentre os trs elementos, in-tegrantes do conceito analtico do delito - tipicidade, antijuridicidade e cul-pabilidade -, no se configura a hiptese de prtica delituosa. No caso, o cerne da questo gira em torno da culpabilidade, que cons-titui o elemento subjetivo do delito, isto , o nexo moral que liga o agente ao fato criminoso que lhe imputado. Na linha desse raciocnio, a culpabilidade pressupe a imputabilida-de, ou seja, a capacidade moral atribuda ao homem, pelo fato que lhe im-putado - /imputatio facti /-, como sua obra e a forma dessa imputao - dolo ou culpa -, /imputatio juris, /isto , a atribuio de um fato a um indivduo para faz-Io sofrer as conseqncias e torn-Io responsvel por isso. Em outras palavras, o imputvel o penalmente responsvel; o inim-putvel o irresponsvel.
Em geral, os Cdigos Penais no definem a imputabilidade, mas esta-belecem as condies de inimputabilidade, ou seja, as dirimentes, como o caso de nosso Cdigo Penal de 1940, em cujos artigos 22 a 24 adotou o cha-mado critrio biopsicolgico normativo, segundo o qual o agente isento de pena ou esta reduzida, em determinadas circunstncias, que o prprio Cdigo prev. . Nos casos concretos, isto , quando houver dvida sobre a integrida-de mental do agente, este ser submetido a exame mdico-legal, de nature-za psiquitrica, na forma prevista pelo artigo 149, do Cdigo de Processo Penal de 1941. Adotou o legislador de nosso Cdigo Penal de 1940 o princpio da chamada /responsabilidade moral, /que se baseia na conscincia e vontade do agente, responsabilidade essa sobre a qual a pena deve atuar, para a rea-lizao de sua finalidade inerente sua natureza aflitiva, expiatria, retri-butiva e tambm tendente a plasmar uma nova conscincia no delinqente.
/Conceito de responsabilidade ou imputabilidade penal/ / / Segundo Nlson Hungria, o Cdigo Penal de 1940, no d uma defi-nio /positiva /da /responsabilidade, /sob o ponto de vista jurdico-penal, li-mitando-se a declarar os casos em que esta se considera excluda, assim se expressando: "Por deduo /a contrario /do texto legal, verifica-se que a res-ponsabilidade pressupe no agente, contemporaneamente ao ou omis-so, a capacidade de entender o carter criminoso do fato e a capacidade de .
determinar-se de acordo com esse entendimento. Pode, ento, definir-se a responsabilidade como a existncia dos pressupostos psquicos pelos quais algum chamado a responder penalmente pelo crime que praticou. Se-gundo um critrio tradicional, que o Cdigo rejeitou, haveria que distinguir entre /responsabilidade /e /imputabilidade, /significando esta a capacidade de direito penal ou abstrata condio psquica da punibi1idade, enquanto. aquela designaria a obrigao de responder penalmente /in concreto /ou de sofrer a pena por um fato determinado, pressupostos da imputabilidade. A distino bizantina e intil. Responsabilidade e imputabilidade representam conceitos que de tal modo se entrosam, que so equivalentes, podendo, I,com idntico sentido, ser consideradas /in abstrato /ou /in concreto, a priori /ou /a posteriori. /Na terminologia jurdica, ambos os vocbulos podem ser indiferentemente empregados, para exprimir tanto a capacidade penal /in generis, /quanto a obrigao de responder penalmente pelo fato concreto, pois uma e outra so aspectos da mesma noo" /(Comentrios ao Cdigo Penal, /voI. *I, *Tomo 2, p. 314). Entretanto, esse entendimento no pacfico, do ponto de vista teri-co, dele discordando, por exemplo, Anbal Bruno /(Direito Penal, /*I, *Tomo U, p. 27), Jos Frederico Marques (cf. Euclides Custdio da Silveira, /in /Notas ao /Direito Penal, /10 voI., p. 242), autores esses que distinguem responsabilidade e imputabilidade.
/ / /Capacidade de entendimento tico-jurdico do agente do delito/ / / Como se sabe, segundo a sistemtica adotada pelo nosso Cdigo Pe-nal de 1940, a responsabilidade s deixa de existir quando /inteiramente /su-primidas no agente, ao tempo da ao ou omisso, a capacidade de entendimento tico-jurdico ou a capacidade de adequada determinao da vontade ou de autogoverno. Tal supresso, porm, est indeclinavelmente condicionada a certas causas biolgicas: "doena mental", "desenvolvi-mento mental incompleto ou retardado" e "embriaguez fortuita e comple-ta". Foi, assim, adotado o mtodo chamado /misto /ou /biopsicolgico, /devendo notar-se, entretanto, que o Cdigo faz uma exceo a essa regra quando trata dos /menores de /18 /anos, /pois, nesta hiptese a causa biolgica /(imaturidade) /basta, por si s, irrestritamente, sem qualquer indagao psi-colgica, para excluir a responsabilidade penal, como sustenta Nlson Hungria /(Comentrios ao Cdigo Penal, /voI. *I, *Tomo 2, ps. 314 e segs.).
/As reaes psquicas do embrio e do feto e seus reflexos no comportamento futuro do ser humano/ / / Na realidade, o critrio adotado pelo nosso Cdigo Penal de 1940 tem origens e explicaes de natureza psicolgicas, eis que, qualquer que seja o momento em que surpreendemos o germe humano, desde a sua
fecunda-o, at adquirir o carter de embrio (aos dez dias) ou de feto (aos dois me-ses), nele podem obter-se experimentalmente dois tipos de reao: /locais /e /globais, /reaes essas que, progressivamente, adquirem um carter unit-rio e intelectual, base das reaes psquicas, cujo aparecimento se d incon-testavelmente pelo sexto ms do desenvolvimento intra-uterino, coinci-dindo com a viabilidade do feto. Em suma, h portanto uma psicologia pr-natal (Emilia Mira y Lopez) Da os efeitos nocivos, nos casos das gestantes que rejeitam a materni-dade, isto , no desejam procriar, maldizem o feto, que se encontra em suas entranhas, utilizam-se de substncias para tentar abortar, por no disporem de recursos financeiros para re alizar o aborto, por meio de um mdico.
Aps a passagem migratria do feto para o mundo exterior, inicia-se a / I evoluo extra-uterina do recm-nascido, que atravessa diversas fases, at atingir a primeira e segunda infncias, da passando adolescncia (do la-tim /adolescere, /que significa crescer), que constitui um breve espao de tempo, que precede a puberdade, correspondendo aproximadamente ao pe-rodo entre os 11 e os 13 anos nas meninas e os 12 e 14 anos nos meninos. Nesse perodo, como ressalta Emilio Mira y Lopez, observam -se, a par de notveis transformaes anatmicas e psicolgicas, alteraes de conduta e mudanas morfolgicas sensveis. o momento evolutivo do chamado "estirn", ou seja, de um crescimento estatural acelerado. medida que a Psicologia vai progredindo, acentua -se a importncia do estudo da problemtica existencial dos adolescentes, ampliando -se a durao admitida para esse perodo, at compreender no somente a puber-dade, mais tambm grande parte da juventude, isto , o segundo decnio da vida. De sorte que, j no a adolescncia intercalada entre a meninice e a puberdade, mas sim entre a meninice e a maioridade, variando em conse-qncia os critrios legislativos de cada pas, no tocante concesso dos direito sociais e responsabilidade civil e penal do indivduo /(Psicologia Evolutiva da Criana e do Adolescente, /ps. 23, 24 e 157).
/Reflexos da problemtica capitalista sobre /o /comportamento da criana e do adolescente/ / / Como notrio, o sistema capitalista vive inexoravelmente sujeito a crises cc1icas, crises essas de natureza complexa, isto , social, poltica, econmica, familiar, devido a diversas causas e mltiplos fatores, inerentes ao prprio capitalismo, e que se manifestam atravs do desemprego, recesso, especulao desenfreada, fome, misria, impunidade da corrupo ad-ministrativa, ambio de lucros, utilizao nociva dos meios de comunicao social (rdio, televiso, filmes, jornais, revistas, escritos e impressos pornogrficos), explorao sexual, erotizao, trfico de drogas e de armas, bem como numerosos outros aspectos. Ora, tudo isso se reflete sobre a estrutura familiar, sobre o
comporta-mento humano, a moralidade pblica, os costumes. Em conseqncia dis-so: "A sociedade familiar decai. Crianas de oito, dez e doze anos se dedicam prostituio na Inglaterra. Jamais presenciei um comrcio de sexo infantil como agora", disse Arthur Nixon, delegado Reunio Anual da Associao Britnica de Diretores de Colgio em 1981.
Hungria sentenciou: "O /delinqente juvenil /, na grande maioria dos casos, um corolrio do /menor socialmente abandonado, /e a sociedade, per-dendo-o e procurando, no mesmo passo, reabilit-Io para a vida, resgata o que , em elevada proporo, sua prpria culpa" /(Comentrios ao Cdigo Penal, /voI. I, Tomo 2, ps. 353 e 354). Note-se que a Lei n 8.069/1990, assim considera e distingue a crian-a do adolescente, para os efeitos legais. "Art. 2 - Considera-se criana, para os efeitos desta Lei, a pessoa at doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Pargrafo nico. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto s pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade." Cabe lembrar que a adolescncia o perodo de vida caracterizado por amplas e profundas modificaes psicossomticas, em que se completa o desenvolvimento morfolgico-funcional do ser humano. Durante essa fase da existncia humana, definem-se os caracteres se-xuais secundrios, avivam-se os processos intelectuais, a sensibilidade, e toda uma nova problemtica, de ordem biopsicolgica, scio-cultural e po-ltico-econmica, situao essa que repercute na esfera jurdica, da por exemplo o fato de que aos dezoito anos completos o indivduo est sujeito convocao para efeito de prestao do servio militar, direito de voto e ser votado (arts. 14, 1, I, e 143, da Constituio de 1988), assim como o ho-mem contrair matrimnio, mediante consentimento dos pais ou de repre-sentante legal (arts. 183, XII, e 185 e segs. do Cdigo Civil de 1916). Quanto mulher, pode a mesma consorciar-se aps completar dezes-seis anos, observadas as formalidades para o consentimento, acima referidas.
/Terminologia adequada acerca dos desvios de comportamento da criana e do adolescente/ / / A expresso /delinqncia juvenil /foi usada pela primeira vez na Inglaterra, em 1815, por ocasio do julgamento de cinco meninos de 8 a 12 anos de idade. Atualmente, essa expresso tem suscitado vrias crticas, como assi-nalamos acima, sendo empregada com diferentes sentidos, conforme a
opi-nio dos autores, para exprimir os seguintes conceitos, principalmente: a) a delinqncia juvenil compreende os comportamentos an-ti -sociais praticados por menores e que sejam tipificados nas leis penais; b) a delinqncia juvenil no deve ser encarada sob uma perspectiva meramente jurdica, devendo incluir tambm os comportamentos anormais, irregulares ou indesejveis; c) a delinqncia juvenil abrange, alm do que foi assinalado nas teo-rias anteriores, aqueles menores que, por fora de certas circunstncias ou condutas, necessitam de reedu cao, cuidado, proteo. Das trs posies acima, a mais aceita a primeira. Salienta ainda Csar Barros Leal que, por ocasio do Segundo Con-gresso das Naes Unidas sobre Preveno do Delito e Tratame_to do De-linqente, realizado em Londres, em 1960, foi aprovada recomendao no sentido de que o significado da expresso delinqncia juvenil deve res-tringir-se o mais possvel s infraes do Direito Penal. Em muitos pases confunde-se delinqncia juvenil com inadapta-o, cujo conceito no apenas compreende menores autores de infraes penais, como tambm retardados, neurticos, desequilibrados, abandona-dos, rfos, vagabundos etc. /(A Delinqncia Juvenil: Seus Fatores Exge-nos /e /Preveno, /ps. 43 e segs.). Alis, o. Segundo Seminrio dos Estados rabes sobre Preveno e Tratamento do Delinqente, realizado sob os auspcios das Naes Unidas, em Copenhague, em 1959,jhavia concludo que os termos delinqncia e inadaptao no so equivalentes, pois, os dois problemas so diversos, eis que a delinqncia de menores abrange somente os atos que, pratiCados por adultos, seriam considerados delitos. Por sua vez, o Seminrio Latino-Americano sobre Preveno do De-lito e Tratamento do Delinqente, realizado no Rio de Janeiro, em 1953, embora conclusse que a expresso delinqncia juvenil "era tecnicamente inadequada" ("por no reunir os elementos essenciais do conceito doutri-nrio do delito"), reconheceu, contudo, que pela inexistncia de expresses substitutivas apropriadas, poderia continuar a ser utilizada.
/Casas dos desvios de comportamento da criana /e /do adolescente. As associaes em bandos para fins criminosos/ / / Da mesma forma que em relao aos adultos, diversas causa,s end-genas e exgenas - influem sobre a conduta delituosa do menor. Essas causas podem ser de natureza gentica, psicolgica, patolgica, econmica, sociolgica, familiar. As condies de vida miserveis dos pais, fome, subnutrio, alcoo-lismo, consumo de drogas, falta de condies mnimas de higiene,
ausn-cia de qualquer exame pr-natal e hbito de fumar da gestante, enfer-midades crnicas e outros aspectos, marcam a vida do novo ser antes do seu nascimento. No perodo de zero a sete anos, em que a criana mais necessita de as-sistncia sanitria e de nutrio, ocorrendo a falta desta, os neurnios (clu-las nervosas com os seus prolongamentos) do menor sero fatalmente atingidos, e o trabalho de recuperao, mesmo usando-se os mais sofistica-dos mtodos, no surte efeito, como salientou Antnio Alfredo Fernandes /(Jornal do Brasil, /14.04.1978). Segundo o relatrio da FAO (Organizao para a Alimentao e Agri-cultura, rgo da ONU), divulgado em 1978, o consumo mdio de calorias nos pases ricos subiu para 3.380, contra 2 mil calorias consumidas em m-dia nos pases subdesenvolvidos. Essas disparidades, segundo a F AO, provocam males, sob um duplo aspecto, isto , tanto ocasionam doenas por subnutrio como pelo con-sumo excessivo de alimentos ou a adoo de dietas inadequadas nos pa-ses ricos. Est fora de dvida, porm, que os males resultantes da fome so des-proporcionalmente maiores para os pobres, at porque estas condies lhes so impostas, como conseqncia das desigualdades internacionais e da explorao exercida pelas potncias imperialistas, atravs do controle de preo, aambarcamento e distribuio de alimentos, nos diversos pases capitalistas. A subnutrio no apenas um mal em si: todos os anos cem mil cri-anas ficam cegas por causa daquela; 40% das mulheres adultas dos pases subdesenvolvidos so anmicas. Na Amrica Latina, mais da metade das mortes entre as crianas de menos de dois anos atribuda a alimentao deficiente. De acordo com as previses de luan Pablo Terra, consultor da UNICEF (Fundo das Naes Unidas para a Infncia), se persistirem as con-dies atuais na Amrica Latina, morrero nos prximos 20 anos, cerca de 30 milhes de crianas e outras tantas sofrero desnutrio grave /(Rev. Bras. de Cinc. Jurdicas, /n 1, ps. 76 e segs.). Na dcada de 1980, a UNICEF divulgou um relatrio especfico acer-ca da situao da criana no Brasil, registrando elevados ndices de morta-lidade infantil, devido, entre outras causas, falta de assistncia pr-natal e cuidados mdicos, durante o parto; dito relatrio salientou tambm aspectos relacionados deficincia mental da criana, em razo da subnutrio das mes, bem como do prprio menor, nos primeiros meses de vida, com a conseqente atrofia das clulas cerebrais, insuficincia de peso, propenso a doenas etc. /(Jornal Nacional, /Braslia, 07.06.1984). Ora, esse conjunto de causas e fatores enseja inexoravelmente a formao de crianas deficientes e futuros adultos dbeis mentais, por conseguinte, uma porta larga para os desvios de comportamento, inclusive condutas delituosas, tomando tais seres humanos um peso morto, uma carga intil e nociva ao meio social em que vivem. Paradoxalmente, esse mesmo meio social - atravs de seus rgos punitivos - acaba de liquid-Ios, moral e fisicamente, nos seus estabelecimentos prisionais: as
/ / /Fatores crimingenos que atuam sobre a criana e o adolescente. Bandos juvenis/ / / Quanto aos fatores crimingenos, de natureza exgena, relacionados ao meio social, aos aspectos psicolgicos e psiquitricos, que atuam negativamente sobre a criana e o adolescente, destacam os autores os seguintes: a) disciplina mais rgida ou descontnua da parte do pai; b) superviso no adequada da parte da me; c) pai delinqente e hostil; d) me indiferente e hostil; e) famlia sem coeso; f) desejo marcante de afirmao pessoal na sociedade; g) atitu de marcante de desprezo e desafio; h) marcante destrutividade; i) aventureirismo; j) instabilidade emotiva; *1) *procedentes familiares de vcio ou delinqncia; m) falta de ocupao; n) influncias extrafamiliares, ms companhias; o) famlias numerosas com problemas econmicos etc. Segundo estudos realizados na extinta Alemanha Federal, cerca de metade das crianas estava crescendo em meio a um ambiente em que devem contar, a cada instante, com uma surra ou bofetada, ou seja, hbitos violentos por parte dos pais. O relatrio publicado a respeito informa que grande nmero de ocorrncias permaneciam ocultas, pois havia interesse em disfar -Ias, dificultando-se as sindicncias. Apesar disso, suponha-se como realista a cifra de 15.000 a 18.000 casos anuais de maus tratos fisicos a crianas, com reflexos negativos sobre a sua personalidade, conduta e reao emotiva /TribunaIAlemQ., /agosto, 1982).
fenmeno, resultando inclusive, em alguns casos, fraturas em crianas, sob o disfarce de quedas, acidentes. No que tange s associaes em bandos juvenis, elas existem de for-ma mais estruturada e em maior nmero nos EUA, onde, por coincidncia, tambm maior o ndice de crime organizado /(organized crime), /embora ditas associaes sejam universalmente conhecidas, inclusive no Brasil, como salientamos noutra parte deste trabalho. As denominaes dessas associaes variam nos diferentes pase s, a saber: gamberros (Espanha), vitelloni (Itlia), teddy -boys (Inglaterra), blousons noirs (Frana), Halbstarker (Alemanha), nosem (Holanda), ande-rujmer (Dinamarca), pasek (Tchecoslovquia), hooligans (URSS e Pol-nia), pavitos (Venezuela), zazous (frica), bodgies (Austrlia), taizo-zoke (Japo) e Tai-Pao (China), como assinala Csar Barros Leal (ob. cit., p. 39). No Brasil, inexistem estudos especficos, a respeito das associaes em bandos juvenis, com o objetivo de prticas delituosas; contudo, so fla-grantes e exuberantes os indcios e provas, quanto a existncia desses ban-dos, sendo os menores denominados, individualmente, de "trombadinhas" (So Paulo) e "pivetes" (Rio de Janeiro). /Mutatis mutandis, /da mesma forma que em relao aos adultos, existem /cifras douradas /(em relao aos menores pertencentes s classes sociais privilegiadas), /cifras negras /(prticas delituosas no detectadas, ou que escapam ao controle oficial) e as prticas delituosas reprimidas, em conformidade com a legislao aplicvel em cada pas.
/ / /Imaturidade penal/ / / Estabeleceu o art. 23, do nosso Cdigo Penal de 1940 que, os meno-res de dezoito anos so penalmente irresponsveis, ficando sujeitos s nor-mas estabelecidas na legislao especial, preceito esse reproduzido no art. 228 da Constituio de 1988. . A legislao especial em causa consistiu em diplomas legais especfi-cos, que se sucederam at a vigncia da Lei n 8.069, de 13.07.1990-Esta-tuto da Criana e do Adolescente -, que dispe, dentre outras medidas, sobre a assistncia, proteo, vigilncia, vida e sade dos mesmos. Como se v, pelos princpios acima expostos, a imaturidade indi-vidual e individual-sociai"do psiquismo das crianas e adolescentes consti -tui causa de excluso ou atenuao da imputabilidade, matria essa que tem recebido as solues mais diversas atravs dos tempos: a equiparao pe-nal do menor ao adulto, a excluso da pena para as primeiras idades, ou a sua atenuao subordinada ou no ao critrio dos discemimentos. "Hoje, o pensamento fundamental em referncia chamada criminalidade dos menores, que ela no constitui matria do Direito punitivo, mas de um re-gime tutelar" (AnbalBruno - /Direito Penal, /I, Tomo 2, ps. 163 e segs.).
/Critrios legislativos distintos sobre a incapacidade civil e penal dos menores de dezoito anos. A "malcia supre a idade"/ / / A incapacidade do indivduo, segundo a lei civil, de fato, e no de direito, quer dizer, as pessoas consideradas incapazes, II- sentido jurdico, tm direitos, mas no os podem exercer, ou ento, no 10 podem fazer de modo absoluto (art. 5, I a IV, do Cdigo Civil de 1916, ou relativamente a certo nmero de atos (art. 6, I a III, do referido Cdigo). Todavia, isso implica dizer, dentre outros aspectos, que a incapacida-de civil no isenta o agente incapaz, quanto obrigao de reparao do dano por ele causado, o que ocorre por intermdio de seu representante le-gal (arts. 84 e 1.521, I e II, do predito Cdigo), como decorrncia do princ-pio da responsabilidade por fato de terceiro, como lembramos noutro trabalho /(Responsabilidade Civil no Direito Brasileiro, /ps. 271 e segs.). Nesse sentido, preleciona Clvis Bevilqua, ao comentar o ar t. 155 do mencionado Cdigo, que dispe sobre a obrigao de o menor, entre de-zesseis e vinte e um anos, responder pelo seu ato, quando agir deso1amente, assim se manifestando: "A malcia supre a idade /malitia supplet octatem. /O menor que, do10-samente, esconde a sua idade consegue convencer a outrem, de que ca-paz, no pode invocar, depois a proteo da lei em favor de sua debilidade mental. A malcia no deve aproveitar a ningum, diz outro brocardo, nem, ainda, aos menores" /(Cdigo Civil, /p. 340, vol. I, 1956). Versando sobre o tema, salienta Ga1dino Siqueira que, "no homem a noo do /justo /surge mais cedo do que a noo do til", aduzindo o seguinte: "A lei civil mesmo tem em tanta conta este fato de observao, que declara o menor responsvel pelos seus delitos ou quase -delitos civis, ain-da que lhe seja permitido anular suas obrigaes convencionais, desde que prove ter sido lesado. Da por que a maioridade penal fixada antes da maioridade civil nas diferentes legislaes" (cf. /Direito Penal Brasileiro, /p. 354, vaI. I, 1932). Contudo, cumpre lembrar que a experincia legislativa brasileira adotou, no passado, o critrio de responsabilidade penal aqum dos dezoito anos, como veremos adiante.
em funo da idade. Critrio meramente presuntivo/ / / o nosso Cdigo Penal de 1890 estabeleceu em seu art. 27, que no so criminosos, dentre outros, os menores de nove anos completos, e os maiores de nove e menores de 14, "que obrarem sem discemimento" ( 1 e 2). Por sua vez, o art. 30, do mesmo diploma legal, disps que "os maio-res de nove anos e menores de 14, qlie tiverem obrado com discemimen-to, sero recolhidos a estabelecimentos disciplinares industriais, pelo tempo que ao juiz parecer, contanto que o recolhimento no exceda ida-de de 17 anos". Comentando o citado art. 27, do Cdigo Penal brasileiro de 1890, sa-lientou Oscar de Macedo Soares que o critrio de idade, adotado pelo Cdi. go Criminal do Imprio (1830) e pelo referido Cdigo de 1890, teve como fonte de inspirao o direito romano, que distinguia as trs classes: /infantes /(at os 7 anos), /impuberes /(dos 7 aos 14 anos), /minores /(dos 14 aos 18 ou aos 21 anos). Em suma, segundo o referido Cdigo, em se tratando de menores de 9 a 14 anos, que /obrarem sem discernimento, /a /irresponsabilidade / ple-na; quanto queles, da mesma idade, que /obrarem com discernimento, /a /irresponsabilidade / semiplena, e por isso determinava o Cdigo fossem recolhidos a estabelecimentos industriais, disciplinares, pelo tempo que o juiz determinasse, contanto que dito recolhimento no excedesse a idade de 17 anos /(Cdigo Penal da Repblica dos Estados Unidos do Brasil, /3a ed., p. 34). Por seu turno, a Consolidao das Leis Penais (Decreto n 22.213, de 14.12.1933), que vigorou at a entrada em vigor do Cdigo Penal de 1940, disps em seu art. 27 que no so criminosos, dentre outros, os men ores de 14 anos ( 1), enquanto o art. 30, do mesmo diploma punitivo, estabeleceu que "os menores de 18 anos, abandonados e delinqentes, ficam submeti-dos ao regime estabelecido pelo Decreto n l7.943-A, de 12.10.1927" (C-digo de Menores). . Versando sobre a matria, escreveu Francisco Pereira de Bulhes Carvalho, que em relao aos menores infratores da lei penal de 14 a 18 anos, o Cdigo de Menores, de 1927, determinou "um verdadeiro siste-ma penal prprio, isto , aplicao de sano penal r elativamente inde-terminada, correspondente prtica do delito e a ser cumprida em reformatrio ou estabelecimento anexo a penitenciria de adulto" /(Di-reito do Menor, /p. 34).
O fato que a fixao da idade, para efeito de responsabilidade penal, varia de acordo com os Cdigo Penais dos diversos pases, atendendo natu-ralmente a critrios relacionados s tradies jurdicas, condies sociais, situao econmica e outros, variando a idade de 14 a 21 anos, como vere-mos oportunamente. Por sua vez, o legislador de 1940 no cuidou da maior ou menor pre-cocidade psquica dos menores de dezoito anos: "declarou -os por presun-o absoluta, desprovidos das condies da responsabilidade
penal, isto , o entendimento tico-jurdico e a faculdade de auto governo" (cf. Nlson Hungria, /Comentrios ao Cdigo Penal, /art. 23, vol. *I, *tomo 2, 1955). Em outras palavras, em virtude de mera presuno legal, de natureza biopsicolgica, os menores de dezoito anos so considerados /imaturos, /si-tuao essa que basta, por si s, irrestritamente, sem qualquer indagao psicolgica, para excluir a responsabilidade penal, deixando-os "fora do Direito Penal (00')' sujeitos apenas /pedagogia corretiva /de legislao es-pecial" (cf. /Exposio de Motivos /ao Cdigo Penal de 1940, n 19, /infine)./ Por seu turno, a Lei n 7.209, de 11.07.1984, que alterou dispositivos do Cdigo Penal de 1940, manteve o mesmo critrio sobre a inimputabili-dade penal dos menores de dezoito anos (art. 27 da Parte Geral). Em outras palavras, no foram levados em conta os fundamentos de or-dem psicolgica, concementes ao discernimento e inteligncia, para efeito da fixao da idade para a responsabilidade penal, como veremos adiante.
/ / /Discernimento e inteligncia em funo da idade do ser humano/ / / Como seres humanos, embora com tenra idade, as crianas so tambm suscetveis de degenerescncia, seja por fatores ou causas heredit-rias, genticas, biolgicas, sociais, econmicas, psicol gicas, familiares, que podem exercer influncia malfica sobre aquelas, a ponto de transfor-m-Ias em verdadeiros monstros, entes perversos, insensveis, cruis, tor-pes, assassinos, sanginrios. Da a expresso /criana-monstro, /cujos casos concretos so conheci-dos desde a Antigidade, constituindo objeto de estudos psiquitricos (cr. Philip Solomon e Vemon D. Patch, /Manual de Psiquiatria, /ps.530 e segs.; Arthur Ramos, /A Criana Problema, /ps. 31 e segs.). Seja como for, o tema em apreo relaciona-se problemtica de natu-reza psicolgica, concemente ao discemimento e inteligncia, que devem servir de fundamento para a fixao da idade de responsabilidade penal.
Em sntese, discernimento a faculdade que tem o indivduo de distin-guir perfeitamente os atos que pratica, assim como calcular os seus efeitos. Por sua vez, J. Alves Garcia assim conceitua a inteligncia: "Chamamos inteligncia ao conjunto constitudo por todos os dons, talentos ou instrumentos que nos permitem adaptar s circunstncias e de-sencumbir das tarefas que nos prope a existncia.
Enquanto o desenvolvimento do corpo se opera at aos 20 ou mais anos, o da intelignCia detm-se aos 15 anos, ou mais geralmente nos 13 'ij anos, aps o que crescem a experincia e a educao, somente" /(Psicopato-logia Forense, /ps. 91 e segs.). Concluindo, a problemtica em apreo est intimamente relacionada ao fator decisivo afirmao individual, ou seja, o quociente da intelign-cia (QI) focalizado noutra parte da presente obra. Agora, a problemtica da inteligncia interessa como fundamento e critrio para a fixao da idade, para efeito de responsabilidade penal do in-divduo, como veremos adiante. Cabe lembrar ainda que, de acordo com os estudos sobre o assunto, o menor ou maior quociente de inteligncia, assim como o fenmeno do indi-" vduo superdotado no resultam da hereditariedade, constituindo sim ca-ractersticas individuais, da mesma forma, por exemplo, como os dotes vocais, a bela voz, o talento artstico.
/Direito Comparado acerca da fixao da idade para efeito de responsabilidade civil/ / / De acordo com os dados coligidos por Csar Barros Leal, a idade fixada para efeito de responsabilidade penal, nos diversos pases, dentre outros selecionados, a seguinte: Haiti - 14 anos; ndia, Paquisto, Hondu-ras, EI Salvador, Iraque-15 anos; Birmnia, Filipinas, Ceilo, Hong-Rong, Blgica, Nicargua, Israel- 16 anos; Malsia, Polnia, Grcia, Costa Rica - 17 anos; Brasil, Tailndia, ustria, Luxemburgo, Dinamarca, Finlndia, Frana, Sua, Iugoslvia, Peru, Uruguai, Turquia - 18 anos; EUA - h variao de critrios nos diversos Estados -Membros da Federao, entre 16,17,18,19 e 21 anos (ob. e loco cits.). Percentualmente, a variao de idade, nos diferentes pases, a se-guinte: 14 anos (0,5%),15 anos (8,0%),16 anos (13,0%),17 anos (19,0%), 18 anos (55,0%), 19 anos (0,5%) e 21 anos (4,0%).
/ / /Fundamento psicolgico para afixao da idade, para efeito de responsabilidade penal, aos quatorze anos/ / / Como vimos anteriormente, de acordo com Nlson Hungria, nosso legislador no "cuidou da maior ou menor precocidade psquica" dos me-nores de dezoito anos, simplesmente "declarou-os por presuno absoluta, desprovidos das condies da responsabilidade penal, isto , o entendi-mento tico-jurdico e a faculdade de auto governo" /(Comentrios ao Cdi-go Penal, /art. 23, voI. 2, 1955).
Acontece que, de acordo com os estudos e as concluses da Psicolo-gia, o desenvolvimento da inteligncia no indivduo se desenrola at aos 15 anos, ou mais geralmente aos 13 Y2 anos, aps o que conta somente o cres-cimento da experincia e da educao (cf. J. Alves Garcia, /Psicopatologia Forense, /ps. 91 e 93). Quer dizer, aos 15 anos o indivduo j se encontra com suficientes dis-cernimento e inteligncia para se desencumbir das tarefas lhe prope a exis-tncia, inclusive o entendimento tico -jurdico, a faculdade de autogoverno, enfim a capacidade para entendimento acerca dos atos ilcitos penais. Em face das consideraes acima expostas e da realidade brasileira, toma-se imperiosa a reflexo acerca da fixao da idade em quatorze anos, para efeito de responsabilidade penal, com o ressaltamos na Indicao n 187/1995, oferecida ao Instituto dos Advogados Brasileiros. Isso se justifica em face da incontrolvel violncia, por parte dos menores de 15 anos no Brasil, e dos elevados indices de infraes penais por eles praticadas; por outro lado, os mesmos competem ombro a ombro, em matria de ferocidade, com os delinqentes adultos, no que diz respeito aos sangrentos motins e rebelies, ocorridos nos estabelecimentos corre-cionais, conforme o noticirio divulgado pelos meios de comunicao so-cial, freqentemente, resultando da vrias mortes.
* * *CRIMINALIDADE FEMININA E MASCULINA* * * /Da criminalidade sexual. Erotizao ou sexismo. Contgio venreo/ / / Considera-se criminalidade sexual o conjunto de aes anti-sociais, praticadas para satisfazer o impulso ertico ou as tendncias libidinosas do indivduo. . A propsito, observa Nlson Hungria: "A disciplina jurdica de satisfao da /libido /ou apetite sexual, reclama, como condio precpua, a faculdade de livre escolha ou livre consentimento nas relaes sexuais" /(Comentrios ao Cdigo Penal, /voI. VIII, p. 111). Desse modo, do ponto de vista jurdico-penal, considera-se /liberdade sexual /"a liberdade de disposio do prprio corpo no tocante aos fins se-xuais", cuja violao consiste em /vencer, /mediante /violncia /(fisica ou moral)"ou /iludir, /mediante fraude, a oposio da vtima /(idem, ibidem)./ Da as diversas modalidades delituosas dessa espcie, COITO prev o
Cdigo Penal, sob o ttulo de crimes contra os costumes, a saber: crimes contra a liberdade sexual; seduo e corrupo de menores; rapto; lenoc-nio e trfico de mulheres; ultraje pblico ao pudor (arts. 213 e segs.), como lembramos alhures /(Sexologia Forense, /ps. 144 e segs.).
Cabe ressaltar a influncia deletria, exercida sobretudo pela televi-so, quanto exaltao da erotizao, ou seja, o chamado sexismo, como fator crimingeno, como lembramos alhures /(Comentrios Constituio da Repblica Federativa do Brasil, /lIa edio). Por outro lado, sob o ttulo de periclitao da vida e da sade prev o art. 130 do Cdigo Penal a figura delituosa consistente em /perigo de contgio venreo, /ou seja, as denominadas Doenas Sexualmente Trans-missveis (DST). A propsito, a Corte de Justia de Los Angeles condenou o esplio do ator Rock Hudson, ao pagamento da importncia de US$ 14,5 mi-lhes de dlares (NCz$ 14,5 milhes), em favor do ex -amante dele, Marc Christian, com quem conviveu durante cerca de dois anos, a partir de 1982. Em 1984, o relacionamento entre eles comeou a deteriorar -se por-que Marc revelou ao seu amante, que se prostitura com outro indivduo. Diante da iminncia de um rompimento, o amante de Hudson ameaou revelar publicamente o homossexualismo do gal, arruinando assim sua mscula reputao, constru da ao longo de muitos beijos, trocados com mocinhas, nas telas dos cinemas. Os membros do jri daquela Corte norte-americana entenderam que Marc Christian "sofreu um choque emocional", porque, at pouco antes da morte de Hudson (1985), ignorava ser este portador de AIDS, sujeitando-o, assim, ao perigo de contgio (O /Globo, /17.02.1989). Por outro lado, em 1987, na Califmia (EUA), o cidado Joseph Mar-kowski foi denunciado, por tentativa de homicdio, por ter doado sangue, mediante pagamento, sendo portador de AIDS, alm do fato de manter re-laes sexuais com cinco pessoas. Surgiu ento a polmica, acerca da vio-lao do princpio da reserva legal, visto que no h lei penal especfica sobre a matria, em que se pudesse amparar tal imputao penal /(Fantsti-/ co,19.07.l987). /Quid juris, /em face dos princpios jurdicos brasileiros? Versando sobre o ressarcimento, Jos de Aguiar Dias no deixa dvi-da acerca do carter ilcito e do dever de indenizar, no caso de transmisso de doena venrea, em face dos princpios que regem o ordenamento jur-dico ptrio, nessa esfera /(Da Responsabilidade Civil, /voI. lI, p. 445). Recorrendo-se opinio de Nlson Hungria, verifica-se que nosso Cdigo Penal de 1940 no previu "a hiptese de supervenincia da morte da vtima, conseqente ao efetivo contgio. Como resolver tal hiptese? Se o agente procedeu com dolo de perigo ou dolo de dano, o fato ser-lhe- im-putado a ttulo de "leso corporal seguida de morte" ou "homicdio preterintencional" (art. 129, 1). Se o /antecedente, /porm, era simplesmente culposo, responder por /homicdio culposo /(art. 121, 3)" /(Comentrios ao Cdigo Penal, /voI. V, p. 396).
At que ponto a falta de condies higinicas essenciais, a promiscui-dade sexual, debilitamento orgnico, estresse e outros aspectos, so res-ponsveis pelos elevados ndices de incidncia da AIDS, nos diversos pases? Segundo dados divulgados pela Organizao Mundial de Sade, a China, por exemplo, com mais de um bilho de habitantes, no registrava casos de AIDS, salvo os de 13 estrangeiros, l residentes, que se encontra-vam ento sob tratamento, hospitalizados /(Jornal do Brasil, /02.03.1988).
/ / /A criminalidade passional. Sadismo. Masoquismo. Sadomasoquismo/ / / Do latim /passionalis, /de /passis /(paixo), passional o vocbulo empregado na terminologia jurdica, especialmente no Dire ito Penal para designar o que se faz por uma exaltao ou irreflexo, cimes ou amor ofendido, desencadeando emoes, violncias, como ressaltamos alhures /(Sexologia Forense, /ps. 175 e segs.). Para Aftnio Peixoto, paixo a "emoo crnica", em t empo, por prolongada, e aguda em manifestao, por violenta". Segundo Nlson Hungria, emoo um estado de nimo ou de cons-cincia caracterizado por um viva excitao do sentimento. uma forte e transitria perturbao da afetividade, a que esto ligadas certas variaes somticas ou modificaes particulares das funes da vida orgnica (pul-sar precipite do corao, alteraes trmicas, aumento da irrigao cere-bral, acelerao do ritmo respiratrio, alteraes vasomotoras, intensa palidez ou intenso rubor, tremores, fenmenos musculares, alterao das secrees, suor, lgrimas e outras manifestaes. H certa diferena entre emoo e paixo, embora esta seja originria daquela. Kant dizia que a emoo como "uma torrente que rompe o dique da continncia", enquanto a paixo o "charco que cava o prprio leito, in-filtrando-se, paulatinamente, no solo". Conclui Hungria: "Pode dizer-se que a paixo a emoo que pro-trai no tempo, incubando-se, introvertendo-se, criando um estado cont-nuo e duradouro de perturbao afetiva em torno de uma /idia fixa, /de um pensamento obsidente. A emoo d e passa; a paixo permanece, alimentando-se de si prpria" /(Comentrios ao Cdigo Penal, /voI. I, Tom. 2, ps. 360 a 363).
O Cdigo Penal de 1940 no transigiu, no terreno da responsabilidade pe-nal, com os /emotivos /ou /passionais, /que no exorbitam da Psicologia normal. Ao contrrio, o Cdigo Penal de 1890 ensejou escandalosas absol-vies, sobretudo no mbito do Tribunal do Jri, em face da norma estabe-lecida no art. 27, que consideravam no ser criminosos: "Os que se acharem em
estado de completa privao de sentidos e de inteligncia no ato de cometer o crime", como lembramos alhures /(Comentrios ao Cdi-go Penal, /ps. 125 e segs.). Para Lon Rabinowicz, h um aspecto do amor sexual que bastante caracterstico: o dio que o acompanha. "Entre os dois amorosos s existe a carne: nenhuma ternura, nenhum sentimento os retm, alm do prazer carnal; por isso, entre dois momentos de desejo, o dio mistura-se com a volpia". Em suma, o crime passional culmina com a paixo homicida, enquanto o suicdio um sucedneo do crime passional (O /Crime Passional, /ps. 60,95 e 142). O interesse que a humanidade sente pelo homicdio, escreve Hans von Hentig, reside no fato de que o matar ou ser morto fere suas fibras mais ntimas. Embora, muitas vezes, sejam ignorados os motivos dos homicdios, a Estatstica Criminal tem que limitar-se a uma casustica desses motivos, assim agrupados: por lucros; para encobrir outras aes ou crime; por conflito; de natureza sexual. O chamado homicdio sdico, por exemplo, comporta numerosas va-riantes, envolvendo dio, mistrio, sangue, erotismo, crueldade e homos-sexualismo. Certo mdico introduziu na vagina e no reto de sua amante, "vaselina, goma e estrofantina, sendo que esta queima". Desesperada, a v-tima procurou uma clnica, onde foi atendida, cujo clnico de planto diag-nosticou apenas: "forte estado de excitao". Pouco depois, falecia a vtima /(Estudos de Psicologia Criminal, /voI. lI, ps. 9 e segs.). Nesse contexto se inserem sadismo (preverso sexual em que a satisfa-o ertica advm da prtica de atos de violncia ou crueldade), o masoquismo (preverso sexual em que a pessoa s tem prazer ao ser maltratada fsica e moralmente) e o sadomasoquismo (preverso sexual que consiste na conjugao do sadismo e do masoquismo), podendo em consqncia resultar leses corporais ou morte, te mas esses que abor-damos noutro trabalho /(Sexologia Forense, /ps. 140 e segs.).
/A criminalidade passional em face da eloqncia forense/ / / Os arquivos judicirios, nos diferentes pases, esto repletos de casos, relacionados violncia sexual, crime passional, duplo suicdio, homicdio seguido de suicdio frustrado, e outros, envoltos em sensacionalismo, que lograram escandalosas absolvies, nos Tribunais do Jri, da afinnar-se que um dos vcios da instituio do jri resulta da influncia da oratrio sobre os jurados, quer dizer, os jurados decidem
segundo a eloqncia, fan-tasia e astcia dos defensores, como lembramos alhures /(Curso de Direito Processual Penal, /ps. 315 e 316). Por sua vez, Enrique Ferri, que foi um gigante da oratria forense, ob-teve retumbantes vitrias nos Tribunais do Jri, em memorveis defesas penais, obras-primas de literatura jurdica, em que o romanesco se confun-de com as construes legais, do maior rigor cientfico. A defesa, por exemplo, de Carlos Cienfuegos, assassino da condessa Hamilton, mereceu o ttulo de /Amor e Morte, /uma apaixonante leitura, para os que se encantam com as obras de esprito. certa altura, desse belo texto literrio, assim se expressa o autor: "Estamos perante um caso de homicdio, seguido de suicdio frustrado, em seguida ao amplexo de amor, depois da febre e do frenesi que produzem, no momento fugitivo da volpia, o esquecimento da dor que atormenta, do destino inelutvel". E adiante: "Por amor se bate na pessoa amada, e at, por vezes, esta gosta de ser batida. Mas pessoas menos cultas como regra geral, nas pes-soas intelectualmente mais elevadas como fenmeno ocasional e pato-lgico - o amor, em vez de diminuir, aumenta com as sevcias e os maus-tratos, e assim, as misrias do masoquismo levam s violncias do sadismo, que so as doenas do amor e a sua gangrena." Prossegue: "O amor nasceu com a violncia. Nas florestas da humanidade primi-tiva, o macho impunha-se, violentamente, fmea esquiva e possua-a pela fora. E s a lenta e tormentosa elevao moral, de gerao para gerao, do Oriente mstico at a Grcia bela, at a poderosa Roma, conseguiu puri-ficar e imprimir uma certa delicadeza ao sentimento do amor, no qual, po-rm, palpita sempre, bem viva, a recordao nostlgica da violncia primitiva" /(Discursos de Defesa, /ps. 12 e 22). Sob a tica fascinante da arte, do canto e da literatura, escreve Ferri: / "A Cavalheira Rusticana /passou do fraco xito do conto aos triunfos dum drama onde se sucedem rapidamente, em cenas emocionantes, o aban-dono da amorosa, o adultrio, o duelo de morte, onde um marido vinga a sua honra e um amante paga com a vida a vileza do abandono e a sua boa sorte, onde enfim, os principais personagens so criminosos passionais. E o triunfo toma-se uma apoteose universal da arte italiana quando Mascagni empresta a essas paixes, mas ou menos criminosas, a mgica beleza da sua msica nervosa inspirada" /(Os Criminosos na Arte e na Li-teratura, /p. 86).
/ / o panorama legal, nos dias atuais, com relao prostituio feminina revela o seguinte quadro, nos diferentes pases capitalistas: a) proibicionismo: a prostituio era considerada um delito na extinta URSS, pases do leste europeu, EUA, pases escandinavos); b) abolicionismo: no h qualquer restrio atividade prostitucional (Brasil, Itlia, ndia, Japo); c) regulamentarismo: as prostitutas devem ser inscritas, submeti-das com maior ou menor rigor a medidas condicionantes de sua ativi-dade (Tailndia, Bolvia, Colmbia, Costa Rica, Equador, Venezuela, Peru, Uruguai). Segundo o testemunho de Jean-Gabriel Mancini, h tanta prostituio nos pases que a probem quanto nos que a permitem. O fato que, para certas mulheres, dificilmente outra atividade alm da prostitucional-lhes renderia tantos ganhos, como o declarou uma delas, perante um magistrado francs, que a processava criminalmente (Waldir de Abreu - O /Submundo da Prostituio, Vadiagem, Jo-go-da-Bicho, /ps. 17 a 38). A prostituio masculina, nos diversos pases capitalistas, grassa lar-gamente, tanto para satisfazer lascvia feminina como masculina, de ho-mossexuais ativos e passivos; nos EUA, por exemplo, so impressos catlogos, com endereo, telefone e demais indicaes, acerca da prostitui-o masculina, constituindo um rendoso negcio. Antes do desmoronamento ou desmascaramento do denominado so-cialismo real na extinta URSS, as autoridades soviticas alegavam que o incremento do turismo de estrangeiros havia provocado o aparecimento da prostituio naquele pas, verso essa desacreditada, aps e studos e pes-quisas divulgados a respeito. A prostituio, como fator crimingeno, pode decorrer ou conduzir ao vcio por drogas, alcoolismo, chantagens, assaltos, escndalo, adultrio, estando intimamente ligada ao crime organizado. Tanto a prostituta, ou prostituto, como o cliente podem ser infecta-dos por doenas venreas, mas estas esto atualmente mais difundidas pelo amor livre, homossexualismo e adultrio do que pela prpria pros-tituio (Philip Solomon e Vernon D. Path - /Manual de Psiquiatria, /ps. 301 e 302). A matria comporta vrios enfoques, como lembramos noutro trabalho /(Direito Penal /- O /Crime /- O /Processo /- /As Penas, /ps. 109 e segs.).
/ / /Efeitos do propalado liberacionismo sexual/ / / Segundo Wilhelm Reich, na URSS, aps a Revoluo Socialista (1917), a legislao sovitica simplesmente riscou a velha clusula tzarista sobre o homossexualismo, que castigava a atividade homossexual, com pe-sadas penas de privao de liberdade. Com esse ato, o governo sovitico deu um largo passo no sentido da liberalizao do movimento sexual-poltico, em relao Europa ocidental e Amrica, partindo do princpio segundo o qual a homossexualidade, quer seja concebida como inata, quer como resultado duma inibio do desen-volvimento psicossomtico, uma atividade que no prejudica a ningum. Tais concepes geraram certa tolerncia em relao s prticas ho-mossexuais, de tal forma que estas se propagaram em diversas camadas so-ciais, na juventude, no seio das Foras Armadas, inclusive no meio operrio. . Por volta de 1925, no Turquesto, foi criada uma clusula adicional ao Cdigo Penal da extinta Unio Sovitica, que j previa penalidades pe-sadas para os homossexuais. Surgiram espionagens e delaes, desprezo por parte dos comits do Partido Comunista inclusive expurgos. Em 1934, foi publicado um diploma legal assinado por Kalinin, de-clarando que as relaes sexuais entre homens eram consideradas como "crime social", com penas de cinco a oito anos. Entrementes, na Alemanha praticava-se em larga escala o homosse-xualismo, envolvendo figuras de proa do nazismo; at Hitler caiu sob sus-peita de prticas homossexuais. A imprensa sovitica encetou ento vigorosa campanha contra a ho-mossexualidade, considerando-a "um fenmeno de desnaturao da bur-guesia fascista", segundo o lema: "Exterminai os homossexuais e o fascismo desaparecer". Por sua vez, Wilhelm Reich formula interessante concepo acerca do que denominou de "economia sexual", ou seja, aquilo que diz respeito ma-neira de regulao da energia sexual, isto , a economia das energias sexuais do indivduo, a maneira pela qual o ser humano manobra a sua energia biol-gica, quanta energia ele represa e quanta ele descarrega organasticamente. Os fatores que influem nessa regulao so de natureza sociolgica, psicol-gica e biolgica, que devem ser objeto de estudo e sistematizao cientfica, em relao s prticas e manifestaes humanas /(A Revoluo Sexual, /ps. 245a315). A propsito, a Repblica Popular da China, nos dias atuais, com uma populao de cerca de 1 bilho de habitantes, obrigada que foi a estabelecer um rigoroso controle populacional, est enfrentando srios problemas de ordem sexual, ocorrendo ali numerosos casos de violncia dessa natureza, e estupros, com severas punies.
/ / /A criminalidade feminina. Aspectos psicossomticos de natureza darwinstica. A mulher como instrumento de troca. /O /crebro feminino/ / / A questo da criminalidade feminina tem suscitado uma srie de de-bates, em tomo dos quais aparecem curiosos aspectos de natureza histri-ca, romntica, preconceituosa, discriminatria, sentimental, psicolgica, fantasiosa que precisam ser examinados, sob o ngulo cientifico, para que da se tirem concluses prticas sobre o tema. Nessa linha de raciocnio, a Psicologia desenvolve esforos no senti-do da distinguir aspectos peculiares, relativos conduta delituosa masculi-na e feminina. Num trabalho notvel, polmico, com profundo teor cientfico, pu-blicado no Brasil, em 1894, pela Imprensa da Casa da Moeda, sob.os auspcios do Governo da Repblica, lembra Tito Lvio de Castro que os primeiros se-res humanos - homem e mulher - apareceram como os outros animais em geral, isto , feras; medida que se desenvolveu a inteligncia humana, a par de outros fatores, passou a haver predomnio masculino, sobretudo de-vido fora fsica deste. Por outro lado, o tipo de atividade, os exerccios fsicos, a luta pela sobrevivncia e outros aspectos fizeram com que o tipo masculino passasse por mais variadas transformaes e adaptaes cerebrais que o feminino. Da, sustenta, "a maior evoluo cerebral um carter perfeitamente distintivo em relao ao sexo; caracteriza quase tanto o sexo masculino, como as glndulas mamrias o sexo feminino". Em outras palavras, o autor parte do princpio segundo o qual, com base em numerosas observaes, o volume do crnio feminino inferior ao masculino. Salienta ainda que a mulher, pelo seu todo orgnico, se aproxima mais da criana do que do homem, porquanto ela menos crebro do que este. Histrica, poltica, econmica e sociologicamente, isso se deve, prin-cipalmente, ao fato de que as tarefas executadas pela mulher, o seu esforo pela sobrevivncia, a sua participao na vida comunitria enfim, a sua ati- vidade cerebral e a sua prpria alimentao foram inferiores, em quantida-de e qualidade, em relao ao homem. Lembra que, segundo a crena popular, a mulher mais corao do que crebro; isso, porm, equvoco, pois o msculo cardaco no se con-trai mais rapidamente e de modo mais enrgico; no maior, no mais ati-vo, no se altera mais por excesso dinmico na mulher do que no homem. Todos os rgos do corpo humano esto em relao ntima com o c-rebro,
por meio de seus filetes de comunicao nervosa; domina, assim, o princpio da simpatia no organismo, no havendo antipatias, sendo o cre-bro o rgo da cenestesia, e, portanto, da personalidade. Conclui ento que o homem cerebral, a criana e a mulher so me-dulares, pois o homem possui mais crebro, enquanto a mulher e a criana possuem mais medula espinhal (parte do sistema nervoso central (parte do sistema nervoso central contida na coluna vertebral). Nesse contexto, o tipo de desenvolvimento social, de civilizao, as relaes de produo e os costumes fizeram da mulher um instrumento de troca, um ser semelhante ao escravo, podendo ser praticado o homi cdio contra ela, impunemente, dentre alguns povos. Ela podia ser emprestada a um amigo, aliado ou estrangeiro; em al-guns casos, onde se praticava a antropofagia (como no Egito antigo), ela servia de alimento. Dentre alguns povos, o cavalo e o co tinham maior valor que a mulher. Entre outros, que admitiam a poligamia, o adultrio da mulher era considerado um roubo, porque ela era propriedade do marido. Durante a longa evoluo humana, a mulher no foi mais do que obje-to do homem, em funo das concepes polticas, econmicas, filosfi-cas, jurdicas, religiosas e demais instituies dominantes. A organizao familiar, patriarcal, se resumia noo de "grupo de escravos de um mesmo senhor ou co-escravido", e no "simpatias de con-sanginidade", como atualmente. Em resumo, a mulher pouco precisou do crebro, pouco serviu-se dele, por isso no se desenvolveu cerebralmente. A biologia nos ensina o mecanismo das atrofias por inanio. Da resulta que a mulher tem um crebro e u ma psique infantil, /por-que e s porque /foi submetida a uma existncia que, pelas prprias contin-gncias, buscou esse resultado. A instituio da escravido e da famlia no so apenas anlogas, e sim idnticas, provindo do direito de conquista, sendo o escravo e a mulher submetidos, como parte venci da e mais fraca, ao jugo do mais forte.
Assim, o crebro da mulher no foi criado "para" ser o que tem sido e somente isso. Podemos dizer que a sua organizao cerebral est de acordo com o tipo de civilizao existente, as necessidades e aspiraes femininas verificadas at agora, com ilimitadas possibilidades de transformao, conclui Tito Lvio de Castro /(A Mulher e a Sociogenia)./ Como se v, trata-se duma viso acerca da mulher, afinada com os fundamentos do darwinismo social.
/A publicidade enganosa sobre a mulher na sociedade capitalista. Peculiaridades somticas: menstruao e puerprio/
/ / Nos dias atuais, sob pretextos estticos, a publicidade capitalista con-tinua insistindo na recomendao, acerca de regimes alimentares especiais para as mulheres, objetivando a pouca ingesto de alimentos, para que as-sim elas mantenham a esbelteza, cintura fina, porte esguio, da resultando a languidez, pouca resistncia fisica, desinteresse pelos exerccios, como ocorre h milnios, embora sob outra motivao. Podemos concluir que o tipo de organizao social ainda existente sob o capitalismo -, de predomnio masculino, centrado nas diversas esferas do poder, isto , do ponto de vista econmico, jurdico, cultural, ideolgico, com arraigadas tradies de ascendncia masculina, no quer a evoluo mental da mulher, por vrios motivos, dentre eles, o mais forte: porque o estado atual da mulher o mais convenien te ao regime vigorante, s concepes econmicas, polticas, jurdicas, religiosas, filosficas e assim por diante, que mantm os privilgios de classe e o elitismo dominantes. Da por que se procura confundir e sabotar o movimento pela emancipao da mulher, apresentando-o como algo ridculo, ftil, como se fosse uma iniciativa de lsbicas (embora possa haver segmentos desse movimento, com essas tendncias), algo semelhante aos propsitos e manifestaes dos homossexuais, com os seus desfiles e demonstraes escandalosos. Seja como for, a ilusria luta pela conquista do socialismo abriu novas e amplas perspectivas para o movimento feminino e a emancipao da mulher. Na verdade, a emancipao da mulher s se toma possvel quando ela pode participar em grande escala, em escala social, da produo, e quando o trabalho domstico lhe toma apenas um tempo insignificante. Esta condio s pode ser alcanada com a grande indstria moderna, que no apenas per-mite o trabalho da mulher em grande esc ala, mas at o exige, e tende cada vez mais a transformar o trabalho domstico privado em uma indstria p- blica (atravs no s das grandes empresas industriais mas tambm da orga-nizao de creches, restaurantes, lavanderias, indstrias alimentcias). Desse modo, a luta pela sobrevivncia e o crescente desenvolvimento capitalista impeliram a mulher participao direta na produo social, atravs da grande indstria mecanizada, que acelerou o processo de ascen-so e independncia das operrias, ampliando-Ihes as perspectivas e crian-do novas condies de existncia, infinitamente superiores ao confina-mento patriarcal e artesanal, pr-capitalista (Lnin - O /Socialismo e a Emancipao da Mulher, /Rio, 1956). Por outro lado, como observa Alexandra Kollontai, a monogamia, o amor livre, as unies temporrias e a prpria liberdade opcional de ser me solteira, sem que isso seja necessrio unir -se ao homem pelo casamento, so formas de existncia que coexistiro no futuro, pois, afinal, a mulher passou a ver no prazer, na variao sexual descomprometida, como o homem, a ma-neira vlida e espontnea de se satisfazer; o mais deve constituir-se de traba-lho e xito profissional. De resto, o amor e o prazer sexual no so tudo na vida /(A Nova Mulher e a Moral Sexual, /ps. 69 e segs.).
So curiosos, no entanto, certos aspectos legais, com relao ao com-portamento psicossomtico feminino. O Cdigo Penal cubano, por exemplo, prev a hiptese de que a menstruao possa representar um fator de agressividade feminina, nos cri-mes contra a pessoa, constituindo assim uma atenuante da pena. Por outro lado, o estado puerperal, segundo o Cdigo Penal brasilei-ro, de 1940, /pode /determinar a alterao do psiquismo da mulher normal, ensejando situaes, teoricamente consideradas como "transitria con-turbao da conscincia", ou "loucura emotiva", cabendo ao juiz invocar o parecer dos peritos-mdicos, a fim de que estes informem se a infantici-da, ainda que isenta de taras psicopticas, francas ou latentes, teve a con-tribuir para o seu ato criminoso as desordens fisicas e psquicas derivadas do parto (Nlson Hungria - /Comentrios ao Cdigo Penal, /art. 123, vol. V, ps. 233 e segs.).
/ / / / /Dados comparativos acerca dos ndices de criminalidade feminina/ / / De acordo com dados coligidos por Israel Drapkin Senderey, os ndi-ces de criminalidade feminina aumentam medida que aumenta a partici-pao da mulher na vida social, poltica e econmica do pas em que vive. Assim, comparativamente, so os seguintes os percentuais de crimi-nalidade feminina, entre pases selecionados:
Arglia 4% Itlia 9% Blgica 13% Alemanha 15% Frana 17% Inglaterra 24%
Segundo o mesmo autor, tem-se utilizado o critrio estatstico para estudar a influncia do sexo na crimina1idade, critrio esse que no aceito unanimemente pelos especialistas do assunto, pois a Estatstica serve para demonstrar que cada qual tem razo, dependendo do ngulo de observao. De acordo com o critrio estatstico, existe um axioma no sentido de que a criminalidade feminina extraordinariamente menor do que a do ho-mem. As estatsticas nos revelam que a sexta parte dos crimes cometidos, o so pelas mulheres e o resto pelos homens, o que muito relativo. Conclui o referido autor: "Isto ocorre com a crimina1idade em geral, no obstante, se comearmos a observar particularmente os diversos deli-tos, veremos que esta apreciao varia fundamentalmente, pois a delin-qncia feminina ir aumentando at chegar ao delito especificamente prprio da mulher, como no infanticdio, o aborto, o 'furto caseiro' etc." /(Manual de Criminologia, /ps. 159 e 161).
Afirma-se que larga faixa de delitos praticados pela mulher permane-ce nas chamadas /cifras negras, /isto , escapam percepo penal, quer pe-las dificuldades de reunir provas, quer para se evitar o escndalo. Nos prostbulos dos EUA, por exemplo, se furta grande quantidade de dinheiro, sem que se leve o fato ao conhecimento da polcia, salvo ca-sos excepcionais (Hans von Hentig - /Estudios de Psicologa Criminal, /*I, */Hurto /- /Robo com fuerza en Ias cosas /- /Robo com violencia /o /intimida-cin, /p. 40). Muitos furtos e roubos se desenrolam atravs da provo cao de cenas e escndalos, desmaios, rixas para desviar a ateno dos presentes e possi-bilitar a prtica criminosa. H tambm freqentes enredos amorosos, familiares, matrimoniais, cenas de escndalos, adultrios forjados, cartas comprometedoras, que propiciam lucrativas chantagens (ob. cit., voI. m, p. 23). Certos momentos, atos e cerimnias constituem verdadeiros convites ou estmulos aos ladres, como, por exemplo, a coroao da rainha da Inglaterra, em 1953, que reuniu em Londres a aristocracia britnica, com suas requintadas jias, para esplendor da solenidade (ob. cit., voI. *I, *p. 65).
9.8. /A mulher e a criminalidade passional/ / / Freqentemente, nos crimes passionais, o assassinato se mescla com o sadomasoquismo. H casos de cnjuges, marido ou mulher, ou de aman-tes, que logo aps liquidarem o seu par, muitas vezes de maneira brutal, re-cebem de imediato cartas com temas declaraes amorosas e propostas matrimoniais, de missivistas desconhecidos, demonstrando com isso sensi-bilidade e admirao, pelo autor ou autora de homicdio (Hans Von Hentig, ob. cit., voI. *lI, *ps. 9 e segs.). Segundo Len Rabinowicz, a mulher trada nem sempre se vinga so-bre o marido ou sobre a sua cmplice. Com freqncia perdoa, po r vezes suicida-se de desespero, quando se v abandonada para sempre, mas quan-do toma a deciso de se vingar, a sua vingana atroz. um trao caracte-rstico da psicologia da mulher. Exasperada, passa a ser um monstro de ferocidade, que s respira vingana e s pensa em submeter a sua vtima aos mais atrozes sofrimentos. O mesmo autor, citando Paul Bourget, agrupa trs tipos de mulheres que se vingam: a envenenadora, que se vinga friamente, demoradamente; a revolverizadora, felina, de nervos desarranjados (O /Crime Passional, /ps. 134 a 151). Como decorrncia da atividade, mundialmente conhecida a atuao das chamadas "gateiras" (autores de furtos) ,nos hotis, onde exercem as funes de faxineiras, arrumadeiras, copeiras. A prostituio feminina constitui um dos mais graves fatores crimi-ngenos, propiciando escndalos, fraudes, corrupo, ameaas, furtos, roubos, agresses fisicas, morte, transmisso de molstias
venreas e ou-tras prticas criminosas. H pases, como vimos, em q ue a prostituio crimlnalizada e penalmente reprimida; outros a liberam ou regulamentam. Em qualquer caso, ela representa um elo com a criminalidade. Evidentemente, o quadro, com os seus diferentes aspectos, acima descritos, no esgota a problemtica em tomo da criminalidade feminina. Tal quadro retrata apenas as contingncias, isto , as condies adversas, os preconceitos, enfim, toda uma estrutura scio-poltico-eco-nmica obscurantista, com a incidncia de numerosos fatores criminge-nos, tipicamente caractersticos do capitalismo, influenciando negativa-mente a conduta feminina, direcionando mesmo o sentido de certas prticas delituosas, imputadas mulher, ao faz-Ia crer, por exemplo, que a sua plstica, seus atributos fisicos so tudo, ou quase isso, para a obten-o de sucesso na vida.
Naturalmente, sob uma nova ordem social, sem a influncia negativa desse conjunto de fatores, acima examinados, a conduta feminina ter ou-tro sentido a direo, pois at ento, como afirmou Afrnio Peixoto, a civi-lizao fez da mulher mquina de prazer: a mulher vadia, a cavalo de corrida, os gatos peludos e os cezinhos de luxo; e, somente numa socieda-de onde todos trabalhem e sejam remunerados apenas /pelo /seu trabalho, no haver tempo a perder, nem riqueza a acumular, e assim: "O homem amar a mulher, simplesmente, decentemente, sem luxo, sem punhal, sem perverses, sem morfina, sem revlveres, sem adultrios, sem profanaes, sem crimes passionais. Ser uma funo da vida, como as outras (...)" /(Criminologia, /p. 121).
/ / /Enfoque histrico-sociolgico acerca da criminalidade feminina/ / / Lembra Julita Lemgruber que, quando se discutem temas, acerca dos ndices de criminalidade, meios de combater a violncia, situao peniten-ciria:, as pessoas parecem visualizar antes o homem criminoso, o homem preso, enquanto que a figura da mulher criminosa e da presidiria no cos-tuma preocupar tanto, ou sequer vir baila, embora a questo tenha a sua especificidade. Nesse contexto, significativo o fato de os dados relacionados dis-tribuio de inquritos policiais ou processos criminais, no indicarem os protagonistas dos mesmos, isto , se so homens ou mulheres. Contudo, tomando-se o ano de 1976 como ponto de referncia, obser-va-se que na poca havia no Rio de Janeiro 310 mulheres e 8.511 homens, re-colhidos nos diversos estabelecimentos prisionais do Sistema Penitencirio, seja cumprindo pena ou aguardando julgamento, o que ento significava uma proporo de 3,5% mulheres e 96,5% homens para o total de detentos.
Considerando-se, em termos totais, a distribuio da populao mas-culina e da feminina na poca, verifica -se uma flagrante discrepncia, em matria de percentuais sobre criminali dade, ou seja, para uma populao de 5.249.000 homens e 5.455.000 mulheres (isto , 49% homens e 51% mulheres), a proporo de 3,5% mulheres e 96,5% homens, respectiva-mente, acima indicada, causa impresso ( /Criminalidade Feminina, in /Rev. da OAB-RJ, Ano VI, voI. VIII, 1980, ps. 28 e segs.). Para Lombroso, as mulheres seriam organicamente mais conservado-ras do que os homens, devido sobretudo imobilidade do vulo, compara-da mobilidade do espermatozide; mais passivas, tenderiam menos ao cri me do que os homens.
Por seu turno, Freud entendia que o crime feminino representa uma rebelio contra o natural papel biolgico da mulher e evidencia um "com-plexo de masculinidade". Entretanto, em 1950, Otto Pollack surge com uma nova idia: a mu-lher to criminosa quanto o homem; a diferena nas taxas de criminalida-de reflete, to-somente, o fato de que os crimes cometidos por mulheres so em geral menos detectveis do que aqueles cometidos por homens. Ade-mais, mesmo quando descobertos, os crimes femininos so menos freqen-temente relatados s autoridades e, quando relatados, h menor chance de que as mulheres sejam levadas a tribunais e consideradas culpadas, no oferecendo, porm, o mencionado autor, dados estatsticos confiveis, para a comprovao de suas assertivas. Estudos mais recentes, entretanto, trouxeram baixa fatores s-cio-estruturais, com argumentos e dados plausveis. Em geral, sustenta-se que as mulheres cometem menos crimes porque o seu estilo de vida apresenta-Ihes menos oportunidades para delinqir: mais afeitas s lides domsticas e menos expostas s presses econmicas, j que a responsabilidade pela obteno de recursos necessrios manuten-o da famlia tende a recair mais sobre os homens, as mulheres esto me-nos sujeitas ao crime. Alm disso, verificou -se tambm que na faixa de idade em que, hipoteticamente, as mulheres estariam ocupadas com os cui-dados de seus filhos menores, h menor incidncia na prtica de delitos. Nessa ordem de idias, as anlises das tendncias verificadas nas ta-xas de criminalidade nos ltimos anos parecem indicar que, medida que h maior participao feminina na fora de trabalho e maior igualdade juri-dico-poltica entre os sexos, a participao da mulh er nas estatsticas crimi-nais tende a crescer. Nos Estados Unidos, por exemplo, entre 1960 e 1972, o nmero de detenes para mulheres aumentou trs vezes mais rapida-mente do que para os homens. No Canad, essas detenes duplicaram, num perodo de nove anos. Na ndia, o nmero de presidirias quadrupli-cou entre 1962 e 1965. No Brasil, entre 1957 e 1971, as condenaes de mulheres cresceram duas vezes mais rapidamente do que as de homens, e, paralelamente, a participao da mulher brasileira na populao economi-camente ativa passa de 14,7% em 1950, para 17,9% em 1960, e finalmente, 21,0% em 1970 (Julita Lemgruber - ob. e 10c. cits., ps. 30 e 31).
-----------------------------------------------------------------------[1] <#_ftnref1> Tratado de Derecho Penal, Buenos Aires, 1950, tomo I, p. 75. [2] <#_ftnref2> Criminologia Integrada Newton Fernandes e Valter Fernandes Ed. Revista dos Tribunais [3] <#_ftnref3> /Programma de derecho criminal:/ parte general, vi I, p. 9, Bogot, Temis, 1988. [4] <#_ftnref4> Antnio Moniz Sodr de Arago - As Trs Escolas Penais, 3" ed.. Saraiva, So Paulo, 1928, pp. 139-140. [5] <#_ftnref5> Antnio Moniz Sodr de Arago -* As Trs Escolas Penais,* 3'* ed..* Saraiva, So Paulo, 1928, p. 147. [6] <#_ftnref6> Francisco Alonso Prez - Introduccin ao Estudio de Ia Criminologa, Editorial Reus, Madrid, 1999, p. 296.