Resenha Av1
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Resenha AV1:
Anulabilidade do Casamento
O caso, trazido para apreciação, trata sobre o erro essencial sobre a pessoa, e os
reflexos do mesmo sobre a constituição do matrimônio, Tratarei sobre o reflexo legal e
os pormenores envolvendo a questão, respondendo às indagações ora propostas pela
saudosa Professora.
Primeiramente, há de se destacar que o aludido matrimônio não se configura
como Nulo, e sim Anulável, em virtude do Art.1.550, III c/c 1556 e 1557, I do CC/02,
ou seja, há vício sobre a identidade da contraente e sua história, visto que a mesma
utilizou-se da bem conhecida boa-fé do Senhor do Campo, ludibriando-o com fatos
falsos de suposto abandono por parte do genitor do nascituro, namorado da moça,
personalizando-se em desacordo com a realidade.
Em razão do art. 1559, a legitimidade para propor a ação de anulação de casamento é
do senhor do campo, motivo pelo qual o casamento é anulável (o casamento nulo, pode ser
impugnado por qualquer pessoa que tenha ciência da fator de impedimento para o
casamento), tendo esse o prazo de 3 anos para propor a ação. Sendo certo que a não
manifestação de seu repudium e a coabitação, após ciência dos fatos, validaria o ato
celebrado, também por força do aludido art. 1559 do CC.
O vício causador de anulabilidade por erro sobre a pessoa fora apreciado pelo
Tribunal de Justiça da Paraíba (TJ-PB), no processo de nº: 0000092-42.2009.8.15.0301, onde
transcrevo a Emenda:
"APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE
CASAMENTO C/C IMPUGNATÓRIA DE PATERNIDADE.
VÍCIO. ERRO ESSENCIAL. PROVAS SATISFATÓRIAS.
REQUISITOS AUTORIZADORES. ART. 1.556 E ART.
1.557, INCISO I DO CC. REFORMA DA SENTENÇA.
PROVIMENTO DO APELO. Nos termos do art. 1.556 do CC,
"o casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve
por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial
quanto à pessoa do outro". Devido o acolhimento do pedido de
anulação do casamento por erro essencial relacionado a
comportamentos anteriores do cônjuge, que somente foram
descobertos após a realização. O erro sobre a honra e boa fama
do cônjuge está relacionado a comportamentos anteriores ao
casamento, dos quais o nubente não tinha conhecimento, e que,
quando descobertos, tornou insuportável a vida em comum.
Considerando a existência de provas capazes de macular o ato,
por vício, ressoa evidenciada a anulação do casamento,
irradiando os efeitos dela decorrente. Sentença reformada."
Pode-se observar que o caso em questão não se parece com o caso sob a ótica da
atual resenha, mas a aplicação prática do art. 1.556 do CC é a mesma, visto o erro
essencial sobre a pessoa, sendo assim possível uma análise analógica do referido
dispositivo normativo e a manutenção da anulação do casamento em face do vício
estudado.
“Tratando do casamento contraído com vício na
vontade o legislador dedicou dois artigos no Código civil, 1556
e 1557, especificamente, para circunscrever o erro essencial
sobre a pessoa do outro cônjuge. Pode ser anulado o casamento
por vício na vontade se houve por parte de um dos contraentes
ao consentir erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge
(artigo 1556 do CC).” - Giovana Aparecida Santos Abbondanza
Cândido e Érika Rubião Lucchesi.
.Cabe ressaltar que o presente panorama do caso apresentado enseja também o
crime de estelionato, previsto no art. 171 do CP, visto que as ações da moça visavam
obter vantagem ilícita para si e para o namorado, valendo-se da boa-fé do senhor do
campo.
É sensível que casos. como o apresentado. são bastante frequentes em todo o
mundo e muitas vezes não observados, visto que o vício pode perdurar sem a ciência da
parte lesada. Creio que, infelizmente, o legislador não pode prever todas as atrocidades
que o ser humano pode praticar, limitando-se a prestar socorro nos casos onde há a
representação do ofendido.
Bibliografia e Fontes:
Tribunal de Justiça da Paraíba (TJ-PB) - processo de nº: 0000092-42.2009.8.15.0301 -
(TJ-PB 00000924220098150301 PB, Relator: DESA. MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA
CAVALCANTI, Data de Julgamento: 08/10/2019, 1ª Câmara Especializada Cível) https://tj-
pb.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/773795949/924220098150301-pb?ref=serp.
http://revistas.unaerp.br/rcd/article/view/857