AULA04

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EAD

ATUALIZAÇÃO EM DIREITO DE
FAMÍLIA
PROF. Solange Guimarães
CONTATO: professorasolange1966@gmail. com

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EAD
Aula 4

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Casamento Válido

Casamento válido é aquele em que estão presentes todos


os requisitos legais para sua realização: consentimento
das partes, habilitação, e celebração na forma da lei.

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Se um casamento não tiver a celebração na forma da lei,
ou não houver a manifestação da vontade dos nubentes, o
casamento não será inválido, mas inexistente. Assim, a
primeira análise a se fazer com relação ao casamento é a
da sua existência. Existindo casamento, veremos se ele é
válido ou inválido.

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Presentes os requisitos de
existência do casamento
(celebração na forma da lei e
consentimento das partes),
resta saber se existem
razões de nulidade ou
anulabilidade. Vamos estudar
as espécies de casamento
inválido a seguir.
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Casamento Putativo (art. 1561 CC)

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A teoria das nulidades apresenta algumas exceções no
que se refere ao casamento. Isso porque, embora os atos
nulos não gerem efeitos como regra, o casamento putativo,
que é uma espécie de casamento nulo, gera efeitos
jurídicos. Então é preciso observar essa distinção de
efeitos e não confundir com as regras gerais do direito
privado.

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Tem-se por casamento putativo aquele que é maculado
por uma das causas de nulidade, mas que foi celebrado de
boa-fé ao menos por um dos cônjuges. Todos os efeitos
jurídicos inerentes ao casamento incidem para o cônjuge
de boa-fé e aos filhos que sejam frutos da relação.
Engloba diversas possibilidades e regras legais referentes
ao matrimônio, uma vez que o objetivo do reconhecimento
do casamento putativo é a proteção ao cônjuge de boa-fé e
à eventual prole oriunda da relação matrimonial.

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Em suma, tem-se por casamento putativo aquele
celebrado com a mácula de alguma(s) das causas de
nulidade (art. 1.521) ou anulabilidade (arts. 1.556, 1.557 e
1.558) do casamento, gerando, todavia, efeitos jurídicos,
mas somente para a prole do casal e para o cônjuge que
agiu de boa-fé. Em caso de boa-fé de ambos os cônjuges,
os efeitos jurídicos incidem sobre os dois.

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Casamento nulo ( art. 1548 CC)

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O casamento nulo é aquele celebrado sob um dos
impedimentos do artigo 1521, nos termos do art. 1548 do
CC. Havia uma outra possibilidade de nulidade absoluta,
mas foi revogada pelo Estatuto da pessoa com deficiência.
Dizia o inc. I do art. 1548 que seria nulo o casamento se
fosse contraído por enfermo mental sem o necessário
discernimento para os atos da vida civil. Com a revogação
do dispositivo, a nulidade absoluta do casamento só ocorre
nos casos do art. 1521 CC, de acordo com o inc. II do art.
1548. O rol do art. 1521 é taxativo.
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A ação a ser proposta pelo interessado é a Ação
declaratória de nulidade. A sentença terá efeitos “ex
tunc” . Têm legitimidade para propor a ação qualquer
pessoa capaz que demonstre interesse, ainda que moral,
na declaração de nulidade, incluindo aí o MP.

A ação é imprescritível. Sendo ação de estado e versando


sobre direitos indisponíveis, é obrigatória a intervenção do
MP, como fiscal da lei.

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Casamento anulável ( art. 1550, I a VI CC)

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O casamento é anulável por defeito de idade; por falta de
autorização dos pais ou representantes; por vícios de
vontade (erro essencial e coação) ; por revogação de
mandato sem o devido conhecimento do mandatário;
incompetência relativa da autoridade celebrante
(disposição do artigo 1550, incs. I a VI).

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O casamento é anulável por defeito de idade; por falta de
autorização dos pais ou representantes; por vícios de
vontade (erro essencial e coação) ; por revogação de
mandato sem o devido conhecimento do mandatário;
incompetência relativa da autoridade celebrante
(disposição do artigo 1550, incs. I a VI).

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O casamento anulável produz todos os efeitos enquanto
não for anulado por decisão judicial transitada em julgado.
Se a ação não for proposta no prazo decadencial previsto
em lei, o casamento convalida-se , não sendo mais possível
a sua anulação, sendo a única alternativa para o
rompimento o divórcio.

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Proposta a ação anulatória, e julgada procedente , a
sentença tem efeitos “ ex tunc”, sendo os cônjuges
considerados como solteiros novamente, e como se nunca
houvessem casado. Eis aqui mais uma diferença dos
efeitos da anulabilidade no Direito de família. Os efeitos
são iguais aos da declaração de nulidade, salvo os casos
de putatividade.

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Há uma corrente minoritária que defende serem “ex nunc”
os efeitos da sentença anulatória, mas esta não se
sustenta, diante das peculiaridades do próprio divórcio.
A legitimidade para propositura da ação anulatória é
exclusiva dos cônjuges, e nos casos de defeito de idade ,
dos pais ou representantes legais. Os prazos são
decadenciais , e específicos para cada caso, mas não são
longos.

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A maioria dos casos de invalidade que chegam aos
tribunais são de ações anulatórias, principalmente por erro
essencial quanto à pessoa e defeito físico irremediável.
Vamos analisar cada uma dessas possibilidades.

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a) Defeito de Idade
Ocorre quando um dos nubentes não completou a idade
mínima para se casar e no caso do menor em idade núbil
quando não possui autorização de seu representante legal
(incisos I e II, art. 1.550, CC).
Assim, será anulável o casamento de menor de 16
(dezesseis) anos, ou do menor entre 16 e 18 anos que não
obteve autorização de seus representantes legais. Mas o
CC traz algumas situações especiais que veremos a
seguir.

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A primeira exceção é a do artigo 1.551 CC , o qual dispõe
que o casamento do qual resultou gravidez, não será
anulado em razão da idade dos nubentes.
Para a propositura da ação judicial de anulação de
casamento em razão da idade dos nubentes, somente será
competente o cônjuge menor, os seus representantes
legais ou seus ascendentes (artigo 1.552 e incisos, novo
Código Civil).

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O prazo para propor a ação, é de 180 dias a contar do dia
em que o menor deixar de ser incapaz de se casar, no
caso de ser ele o autor da ação, e do dia do casamento
quando a autoria da ação judicial for dos seus
representantes legais ou de seus ascendentes, como
dispõe o artigo 1.555 e seu parágrafo 1º do CC.
Vale salientar que a autorização ou a assistência dos seus
representantes legais no momento do matrimônio
desautoriza a anulação do casamento por incapaz de se
casar em virtude de sua idade, conforme dispõe o
parágrafo 2º do referido artigo.

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b)Erro Essencial sobre a pessoa do outro
cônjuge ( art. 1556 CC)
O art. 1.556 do Código Civil permite a anulação do
casamento por erro essencial quanto à pessoa (“error in
persona”) do outro cônjuge. O legislador, porém, não
deixou ao juiz a decisão sobre quais os fatos que podem
ser considerados erro essencial capaz de ensejar a
anulação. As hipóteses vêm especificadas no art. 1.557,
cujo rol é taxativo. Vejamos as hipóteses legais.

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I- Erro sobre a identidade do outro cônjuge, sua honra e
boa fama (inciso I) — A identidade pode ser de duas
espécies: física e civil. No erro sobre a identidade física
ocorre o casamento com pessoa diversa, por substituição
ignorada pelo outro cônjuge. É hipótese rara. Mais comum
é o erro sobre a identidade civil do outro cônjuge, sua
honra e boa fama. Identidade civil é o conjunto de atributos
ou qualidades com que a pessoa se apresenta no meio
social.

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Ao mencionar a honra e a boa fama, cogitou o Código,
especialmente, das qualidades morais do indivíduo.
Honrada é a pessoa digna, que pauta a sua vida pelos
ditames da moral. Boa fama é o conceito e a estima social
de que a pessoa goza, por proceder corretamente.

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Três são os requisitos para que a invocação do erro
essencial possa ser admitida: a) que o defeito seja
ignorado por um dos cônjuges; b) que seja anterior ao
casamento; c) que a descoberta da circunstância, após o
matrimônio, torne insuportável a vida em comum para o
cônjuge enganado.

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II- Ignorância de crime ultrajante ( art. 1557, II):
Caracteriza-se o erro, neste caso, quando o crime,
ignorado pelo outro cônjuge, tenha ocorrido antes do
casamento e, por sua natureza, torne insuportável a vida
conjugal (CC, art. 1.557, II). Não mais se exige que o crime
seja inafiançável, como o fazia o Código de 1916.

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Em determinados casos a prática de delito afiançável,
anterior ao casamento, e ignorada pelo outro cônjuge,
pode configurar erro essencial quanto à pessoa do outro
cônjuge, desde que, por sua natureza (como, p. ex., crime
de ato obsceno) torne insuportável a vida conjugal. Como o
dispositivo em análise não exige prévia condenação
criminal, a existência e a autoria do crime podem ser
provadas na própria ação anulatória.

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III. Defeito físico irremediável e moléstia grave ( art. 1557,
III)

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Defeito físico irremediável (inciso III) é o que impede a
realização dos fins matrimoniais. Em geral, apresenta-se
como deformação dos órgãos genitais que obsta à prática
do ato sexual. A impotência também o caracteriza, mas
somente a coeundi ou instrumental. A esterilidade ou
impotência generandi (do homem, para gerar filhos) e
concipiendi (da mulher, para conceber) não constituem
causas para a anulação.
Além da impotência podemos citar o infantilismo, o
gigantismo, o hermafroditismo etc
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A Moléstia grave, para caracterizar o defeito, deve ser
transmissível por contágio ou herança, e ser capaz de pôr
em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua
descendência, e anterior ao casamento. Exemplo: AIDS,
sífilis, hepatite C etc.

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O prazo para anular casamento por erro essencial é
decadencial de três anos , contados da celebração do
casamento ( art. 1560, III)

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c) Coação ( arts. 1559 e 1560)
Na hipótese de casamento contraído por pessoa coacta a
ação só pode ser promovida pelo próprio coacto, no prazo
de quatro anos a contar da celebração (CC, arts. 1.559 e
1.560, IV). Dispõe o art. 1.558 do Código Civil que se
caracteriza a coação “quando o consentimento de um ou
de ambos os cônjuges houver sido captado mediante
fundado temor de mal considerável e iminente para a vida,
a saúde e a honra, sua ou de seus familiares”.

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A coação deve ser a moral ou relativa (vis compulsiva),
que constitui vício do consentimento. A coação física ou
absoluta (vis absoluta) torna o casamento inexistente, em
razão da ausência de manifestação da vontade. A prova da
coabitação pode ser utilizada pelo coator para evitar a
anulação do casamento (CC, art. 1.559).

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d) Realização de casamento por mandatário
com mandato revogado ( art. 1550, V)
É anulável o casamento “realizado pelo mandatário, sem
que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do
mandato, e não sobrevindo coabitação entre os
cônjuges” (CC, art. 1.550, V). Cuida-se de hipótese em
que o outorgado, estando de boa-fé, utiliza um mandato já
anteriormente revogado sem seu conhecimento.

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Equipara-se à revogação a invalidade do mandato
judicialmente decretada (art. 1.550, parágrafo único). O
prazo para anulação do casamento “é de cento e oitenta
dias, a partir da data em que o mandante tiver
conhecimento da celebração” (art. 1.560, § 2º)

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e) Celebração por autoridade incompetente
(art. 1560, II)
É anulável, no prazo de dois anos a contar da data da
celebração (CC, art. 1.560, II), o casamento “por
incompetência da autoridade celebrante” (art. 1.550, VI).

A incompetência aqui é a do local, territorial, caso contrário


a hipótese é de inexistência e não de anulabilidade.

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