Unidade Vi
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Metodológicos do Ensino
da Arte e Música
As Linguagens Artísticas: Artes Visuais
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
As Linguagens Artísticas:
Artes Visuais
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Estudar as linguagens do Desenho, Pintura, Escultura, Gravura, Cinema e
Linguagens contemporâneas;
• Refletir sobre como essas Linguagens foram tratadas na Escola e quais são os caminhos
frente à Arte Contemporânea e ao seu ensino;
• Ampliar os conhecimentos metodológicos, com a apresentação de fundamentos e de
proposições pedagógicas.
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Fonte: https://bit.ly/30yakq4
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Somos seres linguajantes, como diz Maturana (2001). Criar Linguagens tem sido
nossa história. Algumas Linguagens são sonoras, outras são gestuais e outras tantas
são visuais. Para cada Linguagem, há um modo de fazê-las e de, também, compreen-
dê-las. Algumas foram valorizadas em determinadas épocas e outras tiveram de
conquistar seu lugar ao longo do tempo.
Esses povos também dançavam e criavam sons na Música ritualística desse tempo,
chamado de Pré-História.
As imagens não descreviam uma situação vivida pelo grupo, mas possuíam um
caráter mágico, preparando o grupo para essa tarefa que lhes garantiria a sobre-
vivência. Há historiadores que defendem a ideia de que essas pessoas acreditavam
que podiam capturar a alma do animal por meio da representação em desenhos e
pinturas e, assim, conseguir sucesso na caça.
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Pelo mundo afora, os seres humanos foram criando imagens. Na Idade Média,
principalmente no Ocidente, as imagens foram criadas com o objetivo de doutrinar
segundo a cultura católica, e constituíram a Arte sacra.
Hoje, vivemos imersos na Cultura Visual. O que virá ainda não sabemos, mas é
certo que devemos procurar compreender esse universo visual.
Para iniciar seus estudos da história da Arte, seguem algumas explicações sobre
estilos e tendências estéticas e artísticas:
• Renascimento: o termo Renascença (Rinascità), que foi utilizado pela primeira
vez em 1550 por Giorgio Vasari, serve-nos hoje para designar o vasto movi-
mento literário e artístico que se desenvolveu na Itália, e daí por toda a Europa,
pelos séculos XV e XVI. Esse movimento consagra o início dos tempos moder-
nos (Por exemplo: Dierick Bouts, Domenico Ghirlandaio) (FRÓIS; MARQUES,
2011, p. 198);
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• Barroco: termo de origem portuguesa, que se refere a uma pérola defeituosa,
mas grande. Passou a ser utilizado pelos historiadores para designar o estilo que
prevaleceu, na Arte europeia ocidental, entre 1580 e inícios do século XVIII,
tendo em conta que esse estilo artístico foi essencialmente caprichoso e flore-
ado. Na realidade, o Barroco combinou vários elementos: uma revolta contra
o Maneirismo e a sua intelectualidade, elitismo e frieza de emoções, acrescen-
tando o desejo de servir ao impulso religioso da Contrarreforma, criando temas
religiosos acessíveis às grandes massas, e também interesse no movimento dinâ-
mico e nos efeitos teatrais. As mais típicas obras de Arte produzidas durante o
Barroco juntaram Arquitetura, Escultura e Pintura de modo a criar uma síntese,
que causa impacto maior do que se essas três modalidades fossem tomadas
separadamente. Na Pintura, explora dramaticamente os efeitos do claro-escuro
(FRÓIS; MARQUES, 2011, p. 193-4);
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Figura 6 – COURBET, G. “Os quebradores de pedra”
Fonte: wikiart.org
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Figura 9 – FREYTAG-LORINGHOVEN, E. von. “Dada Portrait of Berenice Abbott”
Fonte: wikiart.org
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Desenho, Pintura, Escultura, Gravura, Cinema
e outras Linguagens Contemporâneas
Usamos a Linguagem do desenho como uma das primeiras formas de criar
imagens. Quando somos crianças, essa é uma forma muito expressiva. Fazemos
garatujas, desenhos simbólicos, com intenção realista, criamos bichos, figuras,
objetos e paisagens, mundo imaginários com formas, linhas, cores.
A Pintura também vem se transformando e podemos ter pintores que criam suas
obras manualmente, como pinturas gigantes feitas no computador e impressas.
O Desenho pode ser definido pela linha, pelo traço e pela forma, já a Pintura usa
massa de cores para criar formas. A escultura é considerada a Arte dos volumes.
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Foi a época dos grandes “mestres” da Arte, que trouxe, de um lado, a valorização
dessas áreas expressivas e, de outro, a “aura” sobre a obra de Arte. A Arte passou a ser
vista como produção de alguém considerado “gênio”, e surgiu a ideia de “obra-prima”.
Os estudantes, no início, não criavam; apenas ajudavam seus mestres nas enco-
mendas feitas ao Atelier ou Casa de Ofícios, como era chamado esse tipo de Escola.
Quando um aprendiz conseguia ter competência para criar a sua própria obra, reali-
zava o sonho da “obra-prima” (primeira obra). Depois, esse termo começou a ser usado
para designar a obra mais importante do artista, mesmo que feita em sua maturidade.
Muitos nomes surgiram, a partir dessa época, com status de artistas celebres,
que tinham seus serviços requisitados para a produção de obras. Assim, pintores e
escultores ganharam fama e valorizaram essas Linguagens.
A gravura também é uma linguagem importante nas Artes Visuais e sua origem
remete-nos aos tempos pré-históricos, mas, com o tempo, principalmente com o
avanço das mídias impressas, essa Arte tornou-se popular.
A gravura é a Arte de gravar traços ou formas sobre uma matriz que permite
passar materiais e imprimir várias cópias.
Depois, essa forma de fazer imagens estáticas deu origem à chamada sétima Arte:
o Cinema, linguagem artística em movimento que mudaria, para sempre, o modo
como vemos as imagens.
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Elementos de Linguagem
e Alfabetização Visual
A artista Fayga Ostrower (1920-2001) diz que, nas Artes visuais, com alguns
elementos de Linguagem, como superfície, linha, cor e luz, e conhecendo esses
elementos, podemos criar várias imagens em diferentes linguagens.
Assim, com “tão poucos elementos, e nem sempre reunidos, formulam-se todas as
obras de Arte, na imensa variedade de técnicas e estilos” (OSTROWER, 1991, p. 65).
Ensinar Arte é ensinar os elementos de Linguagem, como eles podem ser articu-
lados e como, na Linguagem Escrita – em que as letras combinadas formam vocábu-
los, estudados e regidos pela Gramática – as linguagens artísticas, que possuem seus
elementos de Linguagem (seus códigos) combinados, constroem formas e conteúdos.
Cada Linguagem Artística possui sua própria “gramática”.
Nas Artes Visuais, temos: ponto, linha, plano, cores, luz e formas:
• Ponto: é um elemento na composição que pode expressar foco de visão ou
início de uma linha;
• Linha: é a trajetória dos pontos. Se escolhemos um lugar para começar a linha,
escolhemos um ponto de partida. Aí, traçamos até chegar a algum outro ponto.
Podemos, também, em um desenho, traçar muitas linhas em vários formatos,
como as sinuosas, as retas, em ziguezague, linhas grossas, finas, verticais, horizon-
tais, diagonais, contínuas ou interrompidas. São muitas as possibilidades da linha;
• Planos e espaços: o espaço de plano bidimensional possui duas dimensões
(altura e largura); como exemplo, podemos pensar em uma pintura. O espaço
tridimensional possui, além de altura e da largura, a profundidade, a exemplo
da Escultura e da Arquitetura. Nossas percepções visuais são tridimensionais.
Enxergamos em três planos: o que está mais próximo, o que se encontra à meia
distância e o que está mais distante. O Cinema, com a Tecnologia 3D, busca
essa intenção da tridimensionalidade. Você já teve a experiência em assistir ao
Cinema 3D? Os objetos, paisagens e personagens parecem estar próximos de
nós, ou seja, em nosso espaço;
• Cores: vivemos em um mundo repleto de cores, tanto naturais quanto virtuais.
Temos cores quentes, frias, primárias, secundárias, terciárias, em harmonia ou
em contraste. Cores neutras ou cores puras, matizadas ou uma ao lado da outra.
Há muitas formas de usar a cor;
• Luz: a luminosidade de uma imagem pode ser percebida de muitas maneiras.
Às vezes, vemos imagens com tons mais claros, ou imagens em contrastes entre
claros e escuros. Os artistas barrocos foram mestres em usar os contrastes entre
luzes e sombras para criar efeitos de dramaticidade nas pinturas;
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• Perguntas para analisar (elementos de linguagem, como cores, linhas, formas...);
• Perguntas para julgar (o que as crianças acham das imagens).
Proposições Pedagógicas
A alfabetização na Arte pode acontecer mesmo com crianças bem pequenas e
até com pessoas na vida adulta. Sempre haverá uma nova linguagem artística para
conhecermos e tentarmos interpretar, além de atribuir-lhe significados simbólicos e
culturais. O universo da Arte é um mundo de símbolos, vocabulários, ideologias e,
dessa forma, é uma linguagem complexa.
Assim, seu entendimento não poderia ser diferente: também requer um pensa-
mento complexo e subjetivo.
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Uma brincadeira que a criança gosta de fazer desde bem pequena é a imitação.
Ela observa, reproduz gestos e faz caretas quando algo é mostrado a ela. Aos dois
anos de idade, ela já memorizou algumas brincadeiras e já formulou um repertório
de gestos para expressar suas emoções.
A Escola pode valorizar essas formas de brincadeiras das crianças e propor al-
guns exercícios:
• Podemos escolher várias imagens com rostos e pedir que as crianças imitem as
expressões. Se estiverem na fase da oralidade, também podemos estimulá-las a
falar o que acham que a personagem da imagem está sentindo;
• Com crianças maiores, as perguntas podem explorar, além dos aspectos de
interpretação (contextual), os elementos de Linguagem (analítica), como cores,
formas, linhas e texturas, entre outras possibilidades;
• Quando temos várias imagens, podemos trabalhar com a proposta comparativa,
explorando semelhanças e diferenças, solicitando que as crianças prestem
atenção ao que estão vendo, que expressem seu julgamento, que façam (no caso
das crianças maiores) análises sobre como a obra foi feita.
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Não há uma regra estabelecida para o tipo de pergunta que podemos fazer às
crianças. Mas o bom professor mediador faz boas perguntas a partir das respostas
que as crianças vão dando no decorrer da leitura. É preciso prestar atenção aos
diálogos e às falas das crianças. O grau de complexidade da pergunta a ser feita,
mais contextual ou mais analítica, vai depender do movimento em que elas estão.
O importante é oferecer oportunidades de leituras para crianças de todas as idades,
de preferência de maneira lúdica.
Não há uma indicação em relação às imagens que são adequadas para cada idade,
mas o importante, para o professor mediador, é saber perceber a potência da ima-
gem, isto é, cada obra de Arte, seja visual, seja gestual, seja sonora, apresenta uma
força, uma potência em sua forma ou temática (forma e conteúdo).
Assim, a escolha deve ser feita em função, sempre, dos conceitos que estão
sendo trabalhados.
Podemos apenas mostrar imagens e brincar com elas ou conversar sobre elas.
Esses momentos são fundamentais para nutrir o repertório da criança.
Só mais tarde, quando as crianças estão no terceiro movimento, elas têm a inten-
ção realista.
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Essa visão simbólica sobre as coisas também se aplica à leitura de imagens. Sua
compreensão sobre as obras também se dará por ideias simbólicas. A observação
alimenta a memória, e a memória fortalece a imaginação criadora.
Como sugestão de leitura, explore as questões simbólicas nas imagens com jogos:
• O que será que há na imagem?
• O que é o que é?
• E outros jogos possíveis a partir do que a imagem oferece em sua potência.
Como sugestão, escolha algumas imagens, recorte uma forma, brinque com as
crianças sobre a figura que está faltando. Depois apresente a figura às crianças
e faça uma leitura com a obra completa;
• Crie situações de mistério envolvendo outras imagens e fazendo perguntas
como: O que será que aconteceu depois desta cena? Quem será que está nesta
figura? Como será sua vida? Essa é uma entre outras possibilidades de estimular
a imaginação das crianças por meio de invenção de histórias.
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• Outra proposta é escolher uma imagem e convidar as crianças a inventar sons
e movimentos para imaginar situações a partir da imagem. Por exemplo: para
uma imagem de chuva, que sons podemos criar? E como podemos fazer movi-
mentos do vento que está balançando a árvore? O importante é que o professor
possa ver, na imagem, qual sua potência para criar sons e movimentos;
• Outra brincadeira é apresentar imagens que mostrem alimentos ou pessoas
comendo ou cheirando algo. Assim o professor poderá trabalhar a memória
corpórea em relação a odores e sabores;
• Levar até as crianças objetos que estão na cena da imagem, como chapéus,
roupas e outros, pode ser outra forma de brincar, fazendo de conta que todos
fazem parte da cena;
• Com as crianças acima de 5 anos, podemos criar cenas improvisadas, inventan-
do histórias a partir da imagem. Nessa fase, as crianças já estão prontas para
desenvolver jogos de regras. Assim, os jogos dramáticos podem ser explorados;
• Caça ao tesouro também é uma boa brincadeira. A professora expõe de cinco
a dez imagens na sala de aula. Escolhe uma imagem, reproduz essa imagem,
corta-a em pedaços e coloca cada pedaço escondido espalhado pela Escola.
O professor pode dar pistas para a turma encontrar as partes da imagem. De-
pois que todos os pedaços forem encontrados, as crianças montam e associam
a imagem a uma daquelas expostas na sala de aula. Em seguida, com a ima-
gem montada, a professora poderá iniciar um processo de leitura mais siste-
matizada, principalmente, se as crianças forem de idade acima de cinco anos;
• Essas atividades podem ser exploradas com crianças de qualquer idade, mas a
leitura terá níveis diferentes de procedimentos. Dessa forma, as propostas suge-
ridas são apenas exemplos que podem ser direcionados para a Educação Infantil
ou o Ensino Fundamental I e II;
• Em uma Escola, cada educador pode criar um jogo ou uma proposta de aula
e guardar em uma caixa que circule pela Escola. Assim, todos terão várias
propostas de leituras de imagem ou, ainda, esses jogos podem fazer parte da
Brinquedoteca, se a Escola tiver um espaço desse tipo.
Ler, fazer e contextualizar o mundo das imagens amplia a visão cultural dos alu-
nos em qualquer idade e, por que não dizer, dos educadores também.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Canal da Escola de Artes Visuais no Parque Lage
https://bit.ly/30AVvCX
Redesenhando o Desenho – Ana Mae Barbosa
https://youtu.be/krlulEQtC8g
Curso de História da Arte da UNESP – Parte I
https://youtu.be/5LooCGIl-Vw
Curso de História da Arte da UNESP – Parte II
https://youtu.be/21UyjJlaZ_Y
Leitura
A Arte na Escola deve ir além das Aulas de Pintura e Desenho
https://glo.bo/2YnEysV
Ensino da Arte na Escola pública e Aspectos da Política Educacional: Contexto e Perspectivas
GOMES, K. B.; NOGUEIRA, S. M. de A. Ensino da Arte na Escola pública e
aspectos da política educacional: contexto e perspectivas. Ensaio: aval. pol. públ.
Educ., Rio de Janeiro, v. 16, n. 61, p. 583-596, out./dez. 2008.
https://bit.ly/3hfwcfz
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Referências
ARGAN, G. C. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
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Sites Visitados
ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural,
2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3640/romantismo>.
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