Aula 2 - Princípios Da Terapia Cognitivo-Comportamental

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PRINCÍPIOS E PRESSUPOSTOS DA TERAPIA

COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Profª. Patricia G. Interaminense
• Filosofia Estóica:
“Os homens não se perturbam pelas
coisas que acontecem, mas sim pelas
opiniões sobre as coisas”

• Filosofias Orientais:
Origens - Taoísmo;
filosóficas da - Budismo;
abordagem
“Se pudermos reorientar nossos
pensamentos e emoções e reorganizar
nosso comportamento, então poderemos
não só aprender a lidar com o sofrimento
mais facilmente, mas, sobretudo e em
primeiro lugar, evitar que muito dele
surja.”
• Os fenômenos psicológicos são
determinados por fatores
Teoria biopsicossociais;
• Foco nos fatores cognitivos da
Cognitiva: psicopatologia;
pressupostos • Abordagem que reconhece a
teóricos influência dos pensamentos sobre
o afeto, a biologia, o
comportamento e o ambiente.
De acordo com a TC, os indivíduos
atribuem significado a
Teoria acontecimentos, pessoas,
sentimentos e demais aspectos da
Cognitiva: sua vida, com base nisso,
pressupostos comportam-se de determinada
teóricos maneira e constroem diferentes
hipóteses sobre o futuro e sobre a
sua própria identidade.
Influenciada pela
Teoria cultura (normas e
valores).
Cognitiva: Respotas do
pressupostos Indivíduo
Derivadas de
teóricos experiências
particulares e
peculiares.
Objeto de A Teoria Cognitiva tem como
Estudo da OBJETO de estudo principal a
natureza e a função dos aspectos
Teoria cognitivos (processamento de
informação/atribuição de significado).
Cognitiva
• Semelhante ao processo de
testagem empírica das teorias
científicas;

Na • Os sistemas de crenças são


Psicoterapia testados com relação as suas
consequências e funcionalidades
Cognitiva para a vida do paciente;

• Aplicação de conceitos
(embasamento teórico) e técnicas.
• Para Freud, pessoas depressivas
apresentavam um masoquismo, ou
necessidade de sofrer (hostilidade
retrofletida);

• 1956: Aaron Beck desenvolve uma


pesquisa, sob pressupostos
psicanalíticos, acerca da depressão;
História da • Investigando sonhos de pessoas
com depressão, Beck observou que
TC os conteúdos estavam mais
relacionados ao fracasso, privação e
perda do que à hostilidade;

• Resultados: os pacientes
apresentaram melhoras e não
resistiram às mudanças, contrariando
o esperado.
• Inicia-se uma série de estudos
sobre a depressão;

• Nova concepção da depressão:


- Tendência negativa como a
História da principal característica do
TC transtorno;
- Expectativas negativas com
relação ao resultado dos seus
comportamentos;
- Visão negativa de si mesma, do
contexto e dos seus objetivos.
• Beck passa a formar residentes
para desenvolver o método de
identificar, avaliar e responder aos
pensamentos irrealistas e
desadaptativos;
História da
TC • Em 1977, estudo de ensaio clínico
controlado e randomizado
concluiu:
- A TCC foi tão efetiva quanto a
imipramina (antidepressivo);
• O funcionamento psicológico
depende de estruturas de
cognição (esquemas) que nos
levam a interpretar a realidade.

Axiomas da • Vulnerabilidade cognitiva:


Teoria predisposição a fazer construções
cognitivas falhas.
Cognitva
• Tríade cognitiva: Os significados
são constituídos com relação ao
self (si), ao ambiente (mundo) e ao
futuro.
A Teoria Cognitiva é vista como
Teoria pertencente às teorias construtivistas
pois vê o homem como um ser que
Cognitiva e a constrói seus significados sobre
visão de os fatos e portanto constrói a sua
própria realidade já que a forma
homem como se interpreta seu mundo
determinará a maneira como ele irá
se comportar.
Aaron T. Beck
• Desenvolve sua Teoria na década de 1960;
• Professor Assistente de psiquiatria da
Universidade da Pennsylvania;
• Psicanalista de formação;
• Por ser cientista, acreditava que a
Psicanálise para ser aceita na comunidade
acadêmica, precisaria de demonstrar sua
validação empírica;

Resultados da pesquisa de Beck: cognições negativas


e distorcidas (pensamentos e crenças) são as
características primárias da depressão. Desenvolve
um tratamento de curta duração. Um dos objetivos
do tratamento era o teste de realidade do
pensamento depressivo do paciente.
• Psicoterapia desenvolvida por
Aaron Beck;
• Originalmente denominada de
Terapia Cognitiva = Terapia
Cognitivo-Comportamental;
Terapia
• TCC:
Cognitiva-
- Psicoterapia estruturada;
Comportamental - Curta duração;
- Focada no presente;
- Solução de problemas atuais;
- Modificação de pensamentos e
comportamentos disfuncionais.
• O Tratamento está baseado em
uma conceituação (compreensão
Terapia de cada paciente – Sistema de
crenças e padrões de
Cognitiva- comportamentos);
Comportamental
• Objetivo: produzir mudanças
cognitivas, para produzir
mudanças de emoções e
comportamentos.
• A TCC é adaptada para pacientes
de diferentes níveis de educação,
Terapia renda, diferentes culturas e
idades;
Cognitivo-
• Utilizadas em contextos
Comportamental educacionais, programas
educacionais, etc;
• Formato de grupo, casal e família;
• Duração da sessão individual: 45
minutos.
O modelo
cognitivo-
comportamental

• O pensamento
influencia nossas
emoções e os
nossos
comportamentos;
• Em determinados
transtornos, há
uma tendência de
desenvolver
pensamentos
disfuncionais.
O modelo
cognitivo-
comportamental

• Eventos
estressantes,
comentários,
ausência de
comentários,
memória de
eventos passados,
tarefas a serem
feitas, sensações
corporais.
• Uma pessoa deprimida ao cometer
erros, vai avaliar a situação da
seguinte maneira:
- “Eu não faço nada direito”
• Reação emocional: tristeza;
• Comportamento: ficar na cama,
chorar;
O modelo
Cognitivo • Uma pessoa com autoestima positiva,
ao cometer erros, pode pensar:
- “Eu sou passível ao erro, também
tenho pontos fracos”
• Emoções: desapontamento, porém
encorajamento.
• Comportamento: buscar a melhora,
estudar, etc.
• João tem ansiedade social;

• Situação: ir para a festa do bairro;


• P.As: “Não vou saber o que dizer,
todo mundo vai ver que sou
Modelo nervoso…vou parecer um
desajustado…vou travar e querer ir
Cognitivo- embora imediatamente”.
comportamental
• Emoções: ansiedade severa, tensão
física, excitação autonômica.

• Resposta comportamental: Telefona


para a pessoa que convidou e diz
estar gripado.
• Transtornos: depressão,
ansiedade, pânico, fobia social,
TOC, abuso de substâncias,
TDAH, transtornos de
alimentação, personalidade,
esquizofrenia (com medicação),
bipolar (com medicação), etc;

• Problemas: conjugais, familiares,


Eficácia da TCC luto, angústia, raiva, hostilidade,
etc;

• Problemas médicos com


componentes psicológicos: dores,
enxaquecas, zunido, dor do
câncer, disfunção erétil, insônia,
obesidade, etc.
• 1. A TCC é baseada na
formulação em
desenvolvimento contínuo dos
problemas dos pacientes e em
uma conceituação cognitiva
individual;

• 2. A TCC requer aliança


Terapêutica;

• 3. A TCC enfatiza a
colaboração ativa do paciente;

• 4. A TCC é orientada por


objetivos e focada em
problemas;
• 5. Ênfase no presente;

• 6. Educativa: ensina o
paciente a ser seu próprio
terapeuta e previne
recaídas;

• 7. Limitada no tempo;

• 8. Sessões estruturadas;

• 9. Ensina o paciente a
identificar, avaliar e
responder aos
pensamentos e crenças
disfuncionais;

• 10. Utiliza técnicas para


mudar os pensamentos,
humor e comportamentos.
• Falsa impressão de que a TCC é
simples;

• Habilidades de um terapeuta:
- Conceitualização de caso;
Habilidades de um - Relação Terapêutica (rapport);
Terapeuta
- Psicoeducar o paciente;
Cognitivo-
Comportamental - Identificar problemas;
- Coletar dados;
- Testar hipóteses;
- Resumir periodicamente o
processo.
Mitos e concepções equivocadas
sobre a TCC
• A TC é baseada no poder do
pensamento positivo;
- A TC é baseada no poder realístico
da mente;

• Os pensamentos são a única


causa das psicopatologias;
- Interação entre pensamentos,
desequilíbrios bioquímicos, eventos
de vida e relações interpessoais
interagem;
Mitos e concepções equivocadas
sobre a TCC
• A TC tem um limite de 15 a 25
sessões;
- Protocolos de pesquisa sugerem de
12 a 25 sessões.
- Dependerá da natureza do
problema;
- Motivação do paciente;

• A TC é a aplicação de uma série de


técnicas;
- Refletir sobre o uso estratégico de
técnicas.
• Desenvolvimento de uma relação
terapêutica:
- Alianças positivas estão relacionadas
com resultados positivos do
tratamento;
- Mais difícil de estabelecer com
pacientes portadores de transtornos
Visão geral do mentais graves;
tratamento
• Importa demonstrar boas habilidades
terapêuticas:
- Compreensão, compromisso, afirmações
empáticas: “Eu quero entender o que você
está passando e ajuda-lo”.
• Compartilhamento da conceitualização
e do plano de tratamento:
- Compartilhamento constante e
pergunta: “você concorda? Isso lhe soa
verdadeiro?”

• Tomadas de decisões colaborativas:


Visão geral do - Estímulo ativo à participação ativa do
tratamento paciente;
- Prioridade de problemas e soluções
compartilhadas;
- Busca de aprovação: “Eu acho que seu
estresse poderá ser reduzido se você
descansar durante o dia – tudo bem se
conversarmos sobre isso”?
• Busca de feedback:
- Estar alerta às reações emocionais dos
pacientes: expressões faciais, linguagem
corporal, escolha de palavras
- Solicita-se feedback ao final de cada
Visão geral do sessão;
tratamento
• Objetivo terapêutico: melhorar o
humor do paciente durante a sessão e
criar um plano para que ele se sinta
melhor e aja de maneira mais funcional
durante a semana.
• Ênfase no positivo:
- Principalmente nos casos de depressão,
ajudar a o paciente a prestar atenção
no positivo, nos ganhos terapêuticos;
Visão geral do - Trazer à tona os pontos fortes do
paciente:
tratamento “Quais pontos fortes e qualidades você
tem?”
“Que coisas positivas aconteceram desde
que nos vimos pela última vez?
• Ajudar o paciente a avaliar e responder
aos pensamentos automáticos;
• Ajudar o paciente a pensar em soluções
para seus problemas, colocá-los em
Visão geral do prática durante a semana;
tratamento • Ensinar ao paciente novas habilidades a
serem praticadas durante a semana.

• Uso do caderno de terapia.


• Verificação do humor: sessão anterior,
durante a semana;
- Por instrumentos: BDI, BAI.
- Autoavaliação: escala de 0 a 10;

• Agenda da sessão de comum acordo


com o paciente;
Estrutura da - Revisão da tarefa de casa;
Sessão - Hierarquizar os assuntos que serão
abordados na sessão;

• Estabelecer uma nova tarefa de casa;


• Revisar o humor final;
• Solicitar o resumo da sessão
(feedback);
• Originalmente a estrutura da sessão da
Terapia Cognitiva de Beck pressupõe o
formato:
- 15 a 20 sessões, 1x por semana;
Estrutura da - Duração de 45 a 60 minutos;
Sessão
• Últimos 2 meses, sessões quinzenais;
• Sessões de reforço por dois ou três
meses;
• Finalizar o tratamento.
Carla, 32 anos, secretária, solteira, curso
superior completo, procurou tratamento
por sentir-se deprimida desde que seu
namorado rompeu a relação há três meses.
Está insone, pessimista e sem ânimo.

Relata em sessão seu encontro com o ex-


namorado em uma festa no final de
Exemplo de semana:
caso
T: O que você pensou quando encontrou
seu ex-namorado na festa?
P: Pensei que ninguém nunca vai gostar de
mim e que não deveria ter ido à festa, me
senti uma boba.
P: Você pensou então: “Ninguém nunca
mais vai gostar de mim”; Não deveria ter
vindo à festa”; “Sou uma boba?”.
P: Sim.
Exemplo de T: E como você se sentiu ao pensar isso?
P: Ansiosa, triste…tão triste que resolve ir
caso embora.
T: (estimula a paciente a fazer o registro de
pensamento).
A TCC no mundo
A TCC no Brasil
REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS
ASSOCIAÇÃO DE TERAPIAS COGNITIVAS DO ESTADO DE
PERNAMBUCO
• Beck, J. Coceituação cognitiva. In BECK,
J. BECK, J. S. Terapia cognitivo-
comportamental: teoria e prática. 2.ed.
Porto Alegre: Artmed, 2013.
• KNAPP, Paulo. Terapia Cognitivo-
Comportamental na prática
psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed,
2004.
REFERÊNCIAS • RANGÉ, B. Psicoterapias cognitivo-
comportamentais: um diálogo com a
psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2011.
• WRIGHT, J. H.; BASCO, M. R.; THASE, M.
E. Aprendendo a terapia cognitivo-
comportamental: um guia ilustrado.
GRATIDÃO!

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