Curso Transporte Ferroviario
Curso Transporte Ferroviario
Curso Transporte Ferroviario
FERROVIÁRIO DE CARGA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
ACADEMIA MRS LOGÍSTICA S.A.
Rio de Janeiro
2006
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
ACADEMIA MRS LOGÍSTICA S.A.
Rio de Janeiro
2006
2
AGRADECIMENTOS
A todas as pessoas que assim como eu sentem-se realizadas neste momento com a
conclusão de mais um desafio em minha vida.
A MRS Logística pelo incentivo e confiança em mim depositada para realização
deste curso e a todos os meus companheiros de trabalho.
Ao Instituto Militar de Engenharia pelos conhecimentos fornecidos.
À professora orientadora Maria Cristina Fogliatti de Sinay pela excelência na
orientação do trabalho e pelo aprendizado a mim repassado.
Ao tutor José Geraldo Ferreira por todo conhecimento e pelo apoio fundamental no
desenvolvimento deste trabalho.
À minha família, em especial meus pais por tudo na vida. Este trabalho também é
deles.
A Mônica, pelo apoio incondicional em todos os momentos e pelo amor.
3
SUMÁRIO
1 – Introdução ........................................................................................................... 3
1.1 Introdução e justificativa do tema................................................................................. 3
1.2 Objetivos ..................................................................................................................... 3
1.3 Estrutura do Trabalho .................................................................................................. 3
2 – Transportes......................................................................................................... 3
2.1 Conceitos básicos de transportes ................................................................................ 3
2.2 Características dos Modais de Transportes................................................................. 3
2.3 Tipos de Modais de Transportes.................................................................................. 3
2.4 Modal Ferroviário......................................................................................................... 3
2.4.1 Introdução ao Modal Ferroviário ........................................................................... 3
2.4.2 Elementos de uma Ferrovia .................................................................................. 3
2.4.3 Planejamento Ferroviário ...................................................................................... 3
2.4.4 Produtividade em Ferrovias .................................................................................. 3
3 – Ferramentas analíticas e computacionais para o cálculo de produtividade
de sistemas ............................................................................................................... 3
3.1 Teoria de Filas............................................................................................................. 3
3.1.1 Introdução............................................................................................................. 3
3.1.2 Objetivos da Teoria de Filas ..................................................................................... 3
3.1.3 Elementos de uma Fila ......................................................................................... 3
3.1.4 Medidas de Desempenho de Filas........................................................................ 3
3.1.5 Notação Kendall ................................................................................................... 3
3.1.6 Modelos Básicos de Filas ..................................................................................... 3
3.1.8 Uso de Simulação para análise de filas ................................................................ 3
4 – Estudo de Caso – MRS Logística...................................................................... 3
4.1 Descrição da Empresa ................................................................................................ 3
4.2 Pátio Arará .................................................................................................................. 3
4.2.1 Breve descrição do Arará ..................................................................................... 3
4.2.2 Acesso ao Pátio.................................................................................................... 3
4.2.3 Problemas enfrentados pelo Arará........................................................................ 3
4.2.3 Planejamento de cargas para o pátio do Arará ..................................................... 3
4.4 – Modelagem do sistema............................................................................................. 3
4.5 – O Modelo no Arena................................................................................................ 3
4.6 - Ferramenta proposta ................................................................................................. 3
5 – Conclusões e sugestões.................................................................................... 3
4
Índice de Figuras
5
Índice de Gráficos
6
Índice de Tabelas
7
Siglas
8
RESUMO
9
1 – Introdução
No caso da MRS Logística que vêm passando por crescimento muito rápido,
estão ocorrendo o surgimento de novos problemas até então desconhecidos pela
empresa, alguns dos quais que provocam perdas de desempenho em virtude do
aumento de etapas no ciclo de produção que não agregam valor.
10
Essa relação pode ser representada pela fórmula 1 à seguir:
C.V × Dias
CP =
Ciclo
Onde:
11
On time de chegada - Resultado global MRS x Trens destino Arará
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
FAR Global
Analisando o gráfico acima, pode-se perceber que os trens com destino ao pátio
do Arará estão com uma acertividade bem inferior à média da empresa. Isso que
dizer que os clientes que são atendidos nesta rota estão recebendo um nível de
serviço abaixo do esperado.
1.2 Objetivos
12
Devido à abrangência do tema, será tratado especificamente o pátio do Arará da
MRS Logística situado no porto do Rio de Janeiro.
13
2 – Transportes
14
2.2 Características dos Modais de Transportes
15
• velocidade, refere-se ao tempo decorrido de movimentação da carga do
ponto de origem até o destino, também conhecido como transit time, sendo
o modal aéreo o mais rápido de todos. Vale lembrar que, considerando que
dentro deste critério é levado em consideração o tempo de carga e
descarga, a vantagem do modal aéreo só ocorre para distâncias médias e
grandes, Nazário, et al (2000).
Estas dimensões dão uma orientação sobre os pontos forte de cada modal
transporte uma vez que eles não são estritamente concorrentes, mas
complementares, cada um com seu campo de ação mais eficiente (BUSTAMANTE,
2005).
16
Ferrovia Rodovia Aquavia Aerovia Dutovia
Disponibilidade
17
• o transporte dutoviário tem disponibilidade linear ao longo dos dutos de
passagem dos produtos transportados.
Acessibilidade
18
o ferroviário. Quanto aos índices de desempenho disponibilidade e consistência (ver
item 2.2), pode-se afirmar que são diretamente dependentes das condições
climáticas (inverno pode apresentar águas congeladas e verão com períodos de
secas). Algumas barcaças são capazes de transportar até 40 mil toneladas o que
torna o modal como um transporte de alta capacidade e flexibilidade. Os
investimentos feitos nos últimos anos para a melhoria do modal foram: sistemas de
navegação por radar, piloto automático, entre outros.
19
o Oleodutos, cujos produtos transportados são, em sua grande maioria:
petróleo, óleo combustível, gasolina, diesel, álcool, GLP, querosene e
nafta, entre outros.
20
2.4.2.1 Via permanente
É a via da Ferrovia. Recebeu este nome no passado por ser o único modal
terrestre a manter a operação em época de chuvas. Ela se decompõe em três partes
complementares, a saber:
21
Lastro: na maioria dos casos, corresponde à pedra britada. Serve de apoio para
os dormentes, realizando a função de distribuir corretamente os esforços para a
infra-estrutura. Exerce também o papel de drenagem superficial e de reconstituição
do nivelamento da via.
22
Figura 3 – Dormente de madeira
(fonte: Telmo Giolito Porto, Curso Ferrovias)
Fixação: são as estruturas que permitem que os trilhos fiquem presos aos
dormentes. Elas podem ser rígidas, quando impedem qualquer tipo de
movimentação do trilho em relação ao dormente ou elásticas que permitem uma
oscilação vertical controlada e são mais eficientes.
23
2.4.2.2 Material Rodante
24
Os sistemas de sinalização têm a capacidade de aumentar a segurança e
capacidade da via de acordo com a tecnologia empregada. Os primeiros sistemas
de sinalização eram realizados por telex / telegrama / telefone e depois evoluíram
para o sistema staff. O próximo passou foi a evolução para a tecnologia de Controle
de Tráfego Sinalizado – CTC que trouxe grandes impactos positivos na capacidade
das vias. O CTC baseia-se na utilização de circuitos de via, intertravamento, sinais,
sistemas de transmissão de dados e de um Centro de Controle Operacional (CCO).
25
2.4.2.4 Pátios Ferroviários
26
o planejamento anual também é utilizado como base para realização do orçamento
anual da Companhia.
Planejamento de Vagões
C.V × NV × Dias
D=
Ciclo
Onde:
D: Demanda planejada
CV: capacidade do vagão
NV: número de vagões alocados no fluxo
Dias: Dias do período de análise
Ciclo: ciclo dos vagões
27
Com esta fórmula fica claro que as únicas variáveis possíveis de serem
trabalhadas é a capacidade do vagão (caso seja possível alterar o tipo de vagão
para atender ao fluxo), ciclo dos vagões ou número de vagões alocados no fluxo.
Vale lembrar que no caso das cargas denominadas Heavy Haul*, os vagões
são agrupados em tabelas que irão circular em conjunto em trens unitários caso seja
viável. Exemplo:
Planejamento de Trens
Somente são planejados os trens de Carga Geral* uma vez que os trens
unitários de Heavy Haul não tem horário de partida e chegada nem paradas
intermediárias para anexação ou desanexação de vagões funcionando
operacionalmente semelhante a um carrossel que carrega, viaja, descarrega, viaja e
carrega novamente.
Carregado
Trânsito
Trânsito
Vazio
v
Destino: Descarga
Origem 1: Carga
Origem 2:
Carga
Destino 2:
Descarga
v
Destino 1: Descarga
QTD.
ORIGEM DESTINO CHEGADA E PARTIDA NOS PÁTIOS ONDE EXISTE PROGRAMA DE
N.º TREM Trânsito LOCOS P/
ATIVIDADE DO TREM - PAT
LOCAL HORA LOCAL HORA TREM
Planejamento de Locomotivas
Para o caso dos trens unitários de Heavy Haul, deve-se levar em consideração a
quantidade de tabelas de vagões que serão necessárias para atender a demanda do
mês e então calcular a quantidade de locomotivas a serem alocadas para cada uma
destas tabelas.
Planejamento de Equipagem
d) estratégia competitiva;
e) sistema de avaliação de desempenho da força de trabalho e da gestão;
saídas
produtividade =
entradas
C.V × NV × Dias
D=
Ciclo
Sendo assim, fica claro que quanto menor o ciclo dos trens menor será a
necessidade de vagões, locomotivas e maquinistas para realizar o mesmo volume.
Ou seja, um ciclo menor significa menos insumos para realizar a mesma produção.
Desta forma, a operação de uma ferrovia deve buscar intensamente a redução do
ciclo dos trens para aumentar sua produtividade. O ciclo de um trem é composto
pelas seguintes etapas:
Carga
Viagem
Carregado
Vazio
Viagem
Descarga
Sendo:
Quando uma operação estiver otimizada de tal forma que ganhos de ciclo não
são possíveis de serem atingidos somente com melhorias operacionais, deve-se
buscar realizar investimentos de forma a aumentar a capacidade de produção do
sistema como um todo.
3 – Ferramentas analíticas e computacionais para o cálculo de
produtividade de sistemas
3.1.1 Introdução
O grande problema das filas é que, quando se fala de empresas que prestam
serviços, sua ocorrência acarreta em insatisfação para o cliente que acaba
retornando o prejuízo para o fornecedor do serviço. Por outro lado, as filas em linhas
de produção são responsáveis pelo aumento da parcela de tempo do ciclo que não
agrega valor ao produto. Por isso, o gerenciamento dos sistemas de processamento
de fluxo, de sua capacidade e das filas que eventualmente sejam formadas é uma
parte fundamental da determinação do nível de serviço que uma unidade produtiva
oferece (CORREA, 2004).
A Teoria de Filas é um método analítico que tem como objetivo determinar e
avaliar as medidas de desempenho de um sistema que expressam sua
produtividade/operacionalidade. Entre essas medidas podem-se citar:
Custos
Servidor
Servidor
População Fila
Servidor
Atendimento
Número de servidores
Capacidade do sistema
LIFO ou UEPS (“Last in Firs Out” ou “Último a Entrar Primeiro a Sair”): isto é,
quem chega por último é o primeiro a ser atendido. É um tipo de disciplina mais
aplicado a modelos de estoque.
onde:
∞/FIFO
3.1.6.1 Modelo M/M/1/∞
Pn Probabilidade de n usuários no Pn = ρ n (1 − ρ )
sistema
Número médio de usuários no ρ
L L=
sistema (1 − ρ )
ρ2
Lq Número médio de usuários na fila Lq =
(1 − ρ )
1
W Tempo médio de espera no sistema W =
µ −λ
ρ
Wq Tempo médio de espera na fila Wq =
µ −λ
Wq (t) Função de probabilidade acumulada Wq (t ) = P(Tq ≤ t ) = 1 − ρe − ( − µ −λ )t
de tempo de espera na fila
W (t) Função de probabilidade acumulada W (t ) = 1 − e − ( −1− ρ )t
de tempo de espera no sistema
Cabe lembrar que, conforme cita Prado (2005), sistemas estáveis exigem um
valor de λ menor que µ o que é equivalente a dizer uma taxa de utilização ρ < 1. Isso
acontece pois, quando ρ tende para 1, a fila tende a aumentar infinitamente,
conforme demonstração a seguir:
ρ
L=
(1 − ρ )
Pela fórmula, pode-se verificar que se ρ tender para 1, L tende para infinito,
saturando o sistema.
20
18
16
Tamanho Médio da Fila
14
12
10
8
6
4
2
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Taxa de Utilização
λ n’ = λ, ∀ 0<= n <= K
0, n >= K
µn = µ
onde n = número de usuários no sistema
Principais indicadores de desempenho do Modelo
1
W Tempo médio de espera no sistema W=
λ (1 − PK )
1
Wq Tempo médio de espera na fila Wq = W −
µ
Wq (t) Função de probabilidade K −2 n
(ut ) i − µt
Wq (t ) = 1 − ∑ q n +1 ∑ e
acumulada de tempo médio de espera n =0 i =0 i!
na fila
qn Série Pn truncada devido à restrição Pn
qn =
de capacidade do sistema 1 − Pk
Tabela 3 - Principais indicadores de desempenho do modelo M/M/1/K/FIFO
(Fonte: Sinay, 2005)
3.1.6.3 Modelo M/M/c/∞/FIFO
λn = λ, ∀ n >= 0 e
1 rcµ
W Tempo médio de esperado sistema W = + P
2 0
µ (c − 1)!(cµ − λ )
rcµ
Wq Tempo médio de espera na fila Wq = P0
(c − 1)!(cµ − λ ) 2
Wq (t) Função de probabilidade rc
Wq (t ) = 1 − P0 e − ( cµ − λ ) t
acumulada do tempo de espera na fila c!(1 − ρ )
Tabela 4 - Principais indicadores de desempenho do modelo M/M/c/∞/FIFO
(Fonte: Sinay, 2005)
λ n’ = λ, ∀ 0<= n <= K
0, n >= K
e
µn = nµ, se 1 <= n < c
cµ, se c <= n <= K
P0 r c ( K − c + 1)( K − c) se r
Lq = → = 1
c! 2 c
K −c K − c +1
Número médio r r r
Lq de usuários na − 1 ( K − c + 1) + 1 −
P0 r c +1 c c c r
fila Lq = 2
→
se
=
c!c r c
1 −
c
Tempo médio
L
W de espera no W=
λ (1 − PK )
sistema
Tempo médio
Lq
Wq de espera na Wq =
λ (1 − PK )
fila
Tabela 5 - Principais indicadores de desempenho do modelo M/M/c/K/FIFO
(Fonte: Sinay, 2005)
Sistema
Real
Intervenção
Experimentação com
direta sobre a
modelos
operação
Uso de Modelagem
protótipos Matemática
Soluções
Simulação
analíticas
Devido a estes fatores, a simulação está cada vez mais sendo utilizada como
uma ferramenta de suporte à decisão. Soma-se a isto a evolução que sofreram os
softwares nos últimos tempos, com a melhora da interface com o usuário e
permitindo uma maior representação da realidade, aliado ao crescente poder de
processamento dos computadores atuais.
Reconhecimento do
Coleta de dados Experimentação
problema
Vantagens:
Desvantagens:
A MRS Logística é uma empresa do setor ferroviário que foi constituída em 1996
partir de uma concessão da Rede Ferroviária Federal S. A. para atuação na Malha
Sudeste (antiga Superintendência Regional 3 - SR3). Os trechos que foram
concedidos para a exploração do transporte ferroviário de cargas, estão distribuídos
nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e são aqueles que
pertenceram às antigas ferrovias, Estrada de Ferro Central do Brasil, nas linhas que
ligam Rio de Janeiro a São Paulo e a Belo Horizonte, bem como a Ferrovia do Aço e
aqueles pertencentes à Estrada de Ferro Santos-Jundiaí excluídas, em ambos os
casos, as linhas metropolitanas de transporte de passageiros no Rio de Janeiro e
em São Paulo, totalizando extensão de 1.674 km distribuídos.
Arará
Devido aos tipos de cargas operadas pelos terminais atendidos pelo pátio do
Arará, o acesso ferroviário ao pátio é feito por trens de Carga Geral utilizando a
própria malha da MRS. A chegada ao Arará apresenta diversos problemas
operacionais devido, principalmente, à cruzamentos com os trens de passageiros da
Supervia e invasão pelas comunidades locais da faixa de domínio da MRS nas
regiões próximas ao porto do Rio de Janeiro restringindo a velocidade de cruzeiro do
trem nesta região.
O ingresso do trem no pátio se dá da seguinte forma: Caso haja disponibilidade
de espaço nas linhas de manobra do Arará, o trem entra no pátio pela linha 2 (ver
figura 19). Não havendo capacidade do pátio para recebimento do trem, ele fica
aguardando em outro pátio na malha da MRS até que possa ser recebido (percebe-
se que este é um fator causador de filas). A partir daí, os vagões são manobrados
nas linhas do pátio e levados aos respectivos terminais de destino. Caso o terminal
não possa receber a carga, o vagão fica aguardando em uma das linhas do pátio
diminuindo sua capacidade de manobra (outro gerador de filas). Após o vagão ser
entrega ao terminal, a MRS aguarda que ele seja carregado ou descarregado para
então realizar a manobra de busca do vagão, formar o trem de retorno e sair do
pátio pela linha 3.
Além disso, existem problemas de chegada de trens no pátio uma vez que os
vagões não chegam agrupados por terminal de destino e, portanto, precisam ser
separados no próprio pátio ocasionando maior ocupação das linhas de manobra.
Vale lembrar também que, como o pátio ativo mais próximo do Arará é o de Rocha
Sobrinho que fica a uma distância de 28 km, o Headyway (espaço temporal entre
trens sucessivos) é alto, diminuindo, desta forma, a capacidade do pátio. Para
agravar ainda mais este problema, entre estes dois pátios ocorrem cruzamentos com
trens de passageiros da Supervia que têm prioridade de circulação sobre os trens de
carga garantida por legislação.
Por outro lado, existem os impasses de cunho social que acabam por limitar a
operação no pátio. Ou seja, de forma geral, as áreas próximas às ferrovias e as
áreas portuárias são regiões em que o índice de pobreza é alto e na maioria dos
casos o poder público não se encontra presente. No caso do acesso ao Arará, essa
ausência do governo vêm gerando graves problemas de invasão da faixa de domínio
que forçam a diminuição da velocidade do trem nesta região e dificultam
manutenção da via ou a expansão física da ferrovia, além de ocorrem em furtos de
carga.
Figura 20 – Invasão da faixa de domínio da MRS nas vias de acesso ao pátio do Arará
Por fim, como quase todos os terminais que possuem interface com o pátio do
Arará não são contratados pela MRS, incluindo neste caso a Triunfo que representa
o maior volume, o pátio não exerce muita influência na operação dos terminais.
Como conseqüência, o pátio enfrenta dificuldades de planejamento pois pouco se
sabe sobre a previsão de recebimento de vagões dos terminais ou a necessidade de
entrega de vagões para descarga. Essa dificuldade acaba por prejudicar todo o
planejamento da Companhia uma vez que nem sempre a necessidade de vagões
vazios da MRS para atender outros clientes está alinhada com o que os terminais
irão descarregar.
4.2.3 Planejamento de cargas para o pátio do Arará
5%
74%
Após a coleta dos dados, eles foram lançados no Input Analyser que faz parte do
pacote do Arena para analisar qual distribuição de probabilidade mais se adequava
à amostra. A seguir o resumo dos resultados emitidos pelo Arena.
Com já foi dito anteriormente que uma das grandes dificuldades de planejamento
é saber a capacidade do sistema Arará como um todo e não só as capacidades
isoladas dos terminais e do pátio, partiu-se para a análise do sistema com o auxílio
de ferramentas matemáticas de modelagem.
Lógica do modelo
69
Realidade Simplificação Justificativa
São os 5 terminais mais
Existem vários terminais atendidos pelo Considerados somente 5
representativos em termos de
pátio do Arará. terminais.
quantidade de vagões.
Prioridade para algumas cargas para Adotada a política de Não representa diferença nos
cumprimento de dead line de navios. atendimento FIFO. resultados do modelo.
Considerados todos os
Existem terminais com mais de um ponto A diferença foi refletida na
terminais com 1 servidor de
de descarga. taxa de atendimento.
atendimento.
70
Figura 22 – Estrutura do modelo no Arena
Parâmetros imputados
Arará Triunfo Multitex Petrolog Multiportos Multiterminais
205 + 635 * 455 + 2.85e+003 * 210 + 1.48e+003 * 585 + 330 + WEIB(1.16e+003,
Distribuição da Taxa de Chegada NA
BETA(0.878, 1.5) BETA(0.81, 1.26) BETA(0.853, 1.43) EXPO(1.19e+003) 1.13)
Distribuição da Taxa de 76 + GAMM(251, 60 + 390 * 51 + WEIB(143,
NA 96 + EXPO(355) 39 + EXPO(222)
Atendimento 0.889) BETA(0.578, 1.5) 1.09)
Distribuição Tamanho dos Blocos 7.5 + 37 * 1.5 + 11 * 0.5 + 13 * BETA(1.15,
NA TRIA(0.5, 1.17, 17.5) TRIA(0.5, 7.67, 8.5)
de Vagões BETA(1.18, 1.25) BETA(0.967, 1.46) 1.37)
Como todos os parâmetros imputados, foi feita uma simulação equivalente a 100
dias de operação.
71
Barras azul
Vermelha
72
o Tempo médio de fila: 276,73 minutos
o Tempo máximo de fila: 6447,35 minutos
o Número médio de blocos na fila: 2,60 blocos
o Quantidade Média de Vagões no Pátio do Arará: 88,33 vgs.
o Quantidade Média de Vagões na Triunfo: 38,30 vgs.
o Quantidade Média de Vagões na Multitex:: 0,15 vgs.
o Quantidade Média de Vagões na Petrolog: 0,43 vgs.
o Quantidade Média de Vagões na Multiportos:: 0,10 vgs.
o Quantidade Média de Vagões na Multiterminais: 0,001 vgs.
73
o Tempo médio de permanência no sistema dos vagões da Petrolog: 563 min.
o Tempo médio de permanência no sistema dos vagões da Multiportos:
547,12 min.
o Tempo médio de permanência no sistema dos vagões da Multiterminais: 82,45
min.
74
ociosidade para a MRS. Além disso, sabe-se que estes terminais operam cargas
transportadas por carretas e na verdade não ficam ociosos.
75
Figura 24 – Fluxograma de funcionamento da ferramenta
Características da ferramenta
76
Programação Semanal
Programação de carregamentos
Previsão
Origem Destino Terminal Seg Ter Qua Qui Sex Sab Dom
Chegada
77
Programação Semanal
Taxa de
Terminal Seg Ter Qua Qui Sex Sáb Dom Chegada Descarga
(vagões / min)
Triunfo 50 60 90 76 84 76 70 0,0500 76 + GAMM(251, 0,889)
Multitex 10 0 15 0 8 0 0 0,0033 60 + 390 * BETA(0,578, 1,5)
Petrolog 22 30 15 33 25 15 16 0,0155 96 + EXPO (355)
Multiportos 8 9 0 12 0 0 0 0,0029 51 + WEIB (143, 1.09)
Multiterminais 15 10 0 0 20 15 17 0,0076 39 + EXPO (222)
Simular
Programação Semanal
Simular
78
Após validado os resultados, a programação poderá ser efetivada e os clientes,
o pátio e os terminais deverão ser informados do que foi planejado para se
prepararem no decorrer na semana para seu cumprimento. Como pôde ser
percebido, a ferramenta não é capaz propor uma solução e sim testar as soluções
propostas pelo usuário informando como o sistema se comporta com ela.
A ferramenta deverá ser criada em uma linguagem de programação que
possua algum tipo de interface com o Arena para garantir a interface desejada.
79
5 – Conclusões e sugestões
Pode-se afirmar que os objetivos inicialmente traçados para este trabalho foram
plenamente atingidos. Fica claro que atual processo de planejamento e
programação da MRS não será capaz de suportar a demanda prevista para os
próximos anos e por isso torna-se necessário o incremento de novas ferramentas
para dar suporte a este crescimento. Dentre as limitações existentes uma delas é a
incapacidade de enxergar algumas restrições do sistema tal como os terminais de
descarga.
No início desta monografia, partiu-se com uma idéia de que com a utilização de
técnicas de Teoria de Filas seria possível analisar o sistema e utilizar a modelagem
matemática como base para uma ferramenta de apoio as atividades de
planejamento e programação. Todavia, no decorrer das pesquisas verificou-se que
em sistemas complexos como o caso de pátios ferroviários em contatos com
diversos terminais a simulação é a ferramenta mais adequada uma vez que ela
permite a representação de algumas realidades que a Teoria de Filas não é capaz
de conduzir, sem com isso, perder a qualidade da informação.
80
no sistema com antecedência, visando evitar a tomada decisões baseadas em
empirismos.
Sendo assim, sugere-se para a MRS implementar esta ferramenta com caráter
de projeto piloto na área de planejamento da Empresa e então repetir este mesmo
tipo de trabalho para outros sistemas geradores de filas na empresa, tais como
Cremalheira, Manoel Feio, Transbordo com Estrada de Ferro Vitória Minas em
Lafaiete Bandeira, entre outros de forma que se possa implementar um processo de
planejamento integrado visualizando todas as restrições do sistema. Para isso, será
necessária a modelagem através da simulação de todos estes sistemas. Além disso,
sugere-se também implantar este mesmo tipo de ferramenta para outros horizontes
de planejamento tal como mensal e anual.
81
Referências bibliográficas
LAW, A. M., KELTON, W. D. Simulation Modeling and Analysis, 3 ed. New York,
2000.
82
LÍCIO, A. “Os eixos estruturadores e dos corredores de transportes”. Revista de
Política Agrícola. Brasília, 1995.
STÜLP, V.J.; PLÁ, J.A.. Estudo do setor agroindustrial da soja. Porto Alegre,
1992.
83