Etnografia e Etnometodologia
Etnografia e Etnometodologia
Etnografia e Etnometodologia
Muita gente confunde etnografia e etnometodologia. A metodologia científica chamada Etnografia bem como
o pressuposto metodológico denominado Etnometodologia são os assuntos deste artigo e do vídeo que
acompanha logo abaixo. Por fim também será possível verificar diferentes estudos práticos sobre a etnografia
e a etnometodologia.
O surgimento da Etnometodologia
Em primeiro lugar, surge na década de 60 a Etnometodologia, corrente sociológica, também desenvolvida nos
Estados Unidos. Pregava que a realidade da sociedade era desenvolvida de acordo com o dia-a-dia de cada
pessoa. Do mesmo modo pregava, também, que em convivência em união e por intermédio da comunicação
diária, constrói a sociedade em que vivemos.
Tem como principal obra literária o livro Studies in Ethnomethodology, de Harold Garfinkel, de tal forma que
é considerado o iniciador desse movimento sociológico, a partir do final da década de 1950, nos Estados
Unidos. Ademais, o livro inaugural nessa corrente, Studies in Ethnomethodology (GARFINKEL, 1984), foi
traduzido e publicado em português, graças ao esforço do grupo de Paulo Gago e Raul Magalhães (2009) na
Universidade Federal de Juiz de Fora. Você pode conferir parte deste trabalho conforme neste link.
Para que serve a etnometodologia?
Em primeiro lugar podemos dizer que a etnometodologia serve para estudar todas as ações realizadas pelos
membros de um grupo. Conjuntamente a esse estudo, bem como deve-se observar o significado que essas
ações têm para esses indivíduos, no intuito de que a partir dessa observação se consiga entender o porquê de
se realizar tais práticas.
Em síntese é possível afirmar que a etnometodologia utiliza o estudo da sociedade, se baseando no cotidiano
dos indivíduos, sendo estes vistos sempre como um conjunto de pessoas e não como um ser individual.
De acordo com Alain Coulon (1995, p. 30) em seu livro “La Etnometodologia” essa corrente sociológica é
formada por conceitos-chave que lhe serve de alicerce, são elas:
Conceitos-chave da pesquisa etnometodológica
• Prática ou realização. A princípio, a “prática” ou também conhecida como “realização”, é a parte da
etnometodologia responsável em tratar e estudar as atividades cotidianas dos indivíduos e o modo
como estes indivíduos atribuem sentido a essas ações. Assim verifica-se que a etnometodologia busca
demonstrar que as leis não interferem nas ações da sociedade. Isto é, na verdade são as ações do dia
a dia e o senso comum que criam e modificam as leis.
• Indicialidade. A indicialidade fala que para os etnometodólogos entenderem o mundo social devem,
antes de tudo, estarem conscientes do modo de comunicação que os indivíduos se utilizam para
realizarem as suas interações, sendo ela a linguagem. Ou seja, é por meio da linguagem que os
indivíduos trocam informações por meio da interação que há em uma conversação. Portanto, a
etnometodologia estuda a linguagem dando uma atenção especial para os novos significados que são
atribuídos a determinadas palavras ao passar dos anos. A indicialidade fala ainda que esses novos
significados atribuídos a essas palavras é dada devido a interação que os indivíduos estabelecem.
Os demais conceitos…
• Reflexividade. Em primeiro lugar, a reflexividade refere-se à propriedade reflexiva que os indivíduos
exercem sobre os resultados das interações sociais e as influencias que esses resultados geram na
sociedade. Ou seja é a parte da etnometodologia que fala que as ações desenvolvidas pelos indivíduos
são provocadas a partir da reflexão que é feita das ações realizadas por outrem e das realizadas pelo
próprio indivíduo. Para o sociólogo Coulon, as reflexões feitas pelos indivíduos são realizadas de forma
instintiva, pois a pessoa a realiza sem que haja a percepção ou vontade para isso, é algo espontâneo.
• Relatabilidade também denominado accountability. A relatabilidade também denominado
accountability nada mais é do que o modo como os indivíduos descrevem as suas ações e as ações da
sociedade, após ter dado a devida reflexividade a estas, ou seja, é a parte da etnometodologia que
estuda o modo como os indivíduos descrevem os significados e sentidos constituídos a partir da
reflexão realizada desses, servindo assim para fazer com que os significados sejam relatados de modo
individual, onde após ser ouvido vários sentidos constituídos chegue-se a um significado comum.
• Noção de membro. Em conclusão temos a noção de membro, na qual para a etnometodologia
membro não é apenas o indivíduo que pertence a um grupo, tendo ainda este que estar composto de
vários outros procedimentos para ser determinado como membro de um grupo ou da sociedade. Para
que seja considerado como membro deve-se contribuir de alguma forma para a construção social da
comunidade a qual pertence participando da interação nela existente, com o tipo de comunicação
comum ao grupo em que convive e deste modo contribuindo para dar significação ao mundo em que
está inserido.
Um pouco mais…
No lugar de formular a hipótese de que os atores seguem as regras, o interesse da Etnometodologia consiste
em colocar em dia os métodos empregados pelos atores para “atualizar” ditas regras. Isto as faz observáveis
e descritivas. As atividades práticas dos membros, em suas atividades concretas, revelam as regras e os
procedimentos. Dito isto de outra forma, a atenta observação e análise dos processos levados a cabo nas
ações permitiriam colocar em dia os procedimentos empregados pelos atores para interpretar
constantemente a realidade social para inventar a vida em uma bricolagem permanente (COULON, 2005, p.
34).
Continuando…
As pesquisas são realizadas dessa forma com que os pesquisadores verifiquem como os participantes do grupo
em estudo, pela etnometodologia denominados como “membros”, se comportam se utilizando dos seus
instintos. Sendo assim esses instintos são para a etnometodologia apena um espelho das referências retiradas
do grupo, a partir da interação social realizada pela troca de informações existentes dentro do convívio social.
Os estudos etnometodológicos sobre as estruturas formais se destinam ao estudo de fenômenos como, por
exemplo, suas descrições pelos membros, quaisquer que sejam, abstendo-se de todo juízo sobre a sua
pertinência, seu valor, sua importância, sua necessidade, sua “praticalidade”, seu sucesso ou consequência.
Damos a esse modo de proceder o nome de “indiferença metodológica”. […] A nossa indiferença se refere
sobretudo ao conjunto do raciocínio sociológico prático, e esse raciocínio implica inevitavelmente para nós,
sejam quais forem as suas formas, o domínio da linguagem natural.” (GARFINKEL; SACKS, 1996, p. 82)
Muito cuidado com a sua observação!
Desde já um dos maiores cuidados que os escritores orientam a tomar é sobre os métodos de coleta de
informações a serem utilizados, de modo que esses métodos sejam escolhidos prezando pelas informações
reais passadas pelos entrevistados e, além disso, que esses métodos sejam escolhidos de modo que não
interfira na obtenção das informações pertinentes a pesquisa.
Para a realização de sua pesquisa, a etnometodologia, logo, se utiliza das técnicas etnográficas para que haja
uma melhor verificação dos resultados e para que, se utilizando das metodologias qualitativas que essas
técnicas lhe proporcionam. Além de introduz um olhar a mais, indo assim além das técnicas e proporcionando
uma investigação mais detalhada, de modo que as técnicas etnográficas lhe dão apenas uma parte dos dados
necessários. Uma peculiaridade da etnometodologia é a de que o pesquisador pode se sentir parte do grupo
que está sendo analisado, pois ao longo da pesquisa, para a análise dos dados que estão sendo coletados, seja
por entrevistas, diálogos ou anotações ele pode se utilizar da auto-reflexão para que se chegue a uma
conclusão. Deste modo ele está fazendo um estudo e ainda sendo parte desse estudo, pois está se utilizando
das suas experiências de vida para que com isso tente entender as ações realizadas pelo grupo de uma visão
única, a dele.
Algumas Indicações Bibliográficas Sobre Etnografia e Etnometodologia
HERSKOVITS, M. J. Antropologia cultural: o homem e seu trabalho. São Paulo: Mestre Jou, 1963. p. 98-108.
LEACH, E. A diversidade da antropologia: perspectivas do homem. Lisboa: Edições 70, 1982.
GUALDA, D. M. R. Eu conheço minha natureza: um estudo etnográfico da vivência do parto. São Paulo, 1992. p. 185.
Tese (Doutorado) – Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo.
BRAGA, C. M. L. A etnometodologia como recurso metodológico na análise sociológica. Ci. Cult., v. 40, n. 10, p. 957-66,
out. 1988.
BERNARDI, B. Introdução aos estudos etno-antropologicos: perspectivas do homem. SP: Edições 70, 1974. p.50-61.
ETNOMETODOLOGIA E PESQUISA ETNOMETODOLÓGICA: MATERIAL COMPLETO
A etnometodologia busca pesquisar, empiricamente, os métodos que os indivíduos utilizam para dar sentido e
ao mesmo tempo realizar as suas ações de todos os dias.
Significado de etnometodologia e pesquisa etnometodológica
A etnometodologia é a pesquisa empírica dos métodos que os indivíduos utilizam para dar sentido e ao mesmo
tempo realizar as suas ações de todos os dias: comunicar-se, tomar decisões, raciocinar (COULON, 1995, p.
30). A etnometodologia é, portanto, o estudo das atividades cotidianas, quer sejam triviais ou eruditas,
considerando que a própria sociologia deve ser considerada como uma atividade prática.
Esta metodologia não costuma ser utilizada para TCCs e monografias, mas sim em dissertações e teses.
Etnometodologia de Harold Garfinkel
A Etnometodologia é uma corrente sociológica, que se desenvolveu nos Estados Unidos, e tem como principal
obra literária o livro “Studies in Ethnomethodology”, de Harold Garfinkel, considerado o iniciador desse
movimento sociológico. Esta corrente pensa a sociedade de acordo com o dia-a-dia de cada pessoa, que em
convivência em união e por intermédio da comunicação diária, constrói a sociedade em que vivemos.
Para a criação dessa nova corrente sociológica foram reciclados vários aspectos dos movimentos já
consolidados na Escola de Chicago mais especificamente o interacionismo simbólico, a teoria da ação social e
a fenomenologia.
Sendo utilizado o que se encaixava nessa nova corrente sociológica e tirando o que não ia de encontro aos
pensamentos etnometodológicos.