6.09.coc - Cor Na Prática
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6.09.coc - Cor Na Prática
Composição
Elisabete Barbosa Castanheira
6. COR NA PRÁTICA
Para o autor, bastaria fazer uma pequena pesquisa sobre o tema para perceber que,
de fato, os arquitetos vinham privilegiando uma paleta mais sóbria. Veja, por exemplo,
o MUBE – Museu Brasileiro da Escultura, de 1995, projeto do arquiteto Paulo Mendes
da Rocha, em São Paulo.
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Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/797077/paulo-mendes-da-rocha-arquitetura-nao-
quer-ser-funcional-quer-ser-oportuna
Ou o Walt Disney Concert Hall, em Los Angeles, do arquiteto Frank Gehry, que
começou a ser construído em 1987 e só foi finalizado em 2003.
Fonte: https://vejasp.abril.com.br/cultura-lazer/memorial-da-america-latina-renova-atracoes/
A cor entra quase como uma intervenção capaz de captar a atenção e reforçar a
mensagem que se deseja transmitir. Repare na escultura de Oscar Niemeyer, instalada
no Memorial da América Latina. A inserção da cor tem um objetivo muito claro em
termos conceituais, como refere o arquiteto: “Suor, sangue e pobreza marcaram a
história desta América Latina tão desarticulada e oprimida. Agora urge reajustá-la num
monobloco intocável, capaz de fazê-la independente e feliz”.
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Fonte: http://www.memorial.org.br/obras-de-arte/mao/
O século XXI, segundo Fraser (2007), emerge com o firme propósito de resgatar a cor
enquanto elemento da arquitetura. O autor cita arquitetos como Rem Koolhaas, por
exemplo, que apresenta concepções arquitetônicas com intensos elementos
cromáticos.
Veja o seu projeto para a Biblioteca de Seattle, nos Estados Unidos, de 2004, e a
inserção de cores vibrantes em áreas de circulação do equipamento.
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/571042427723772717/
Ou, ainda, Alessandro Mendini, que apresenta a cor como uma das principais
características de seu trabalho. O arquiteto e designer italiano tem parte de sua obra
elaborada a partir do conceito denominado Kitsch que, segundo o dicionário Aurélio, é
um estilo estético associado a estereótipos sociais e culturais e a um tipo de
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sensibilidade que se adequa ao gosto majoritário da população não erudita. Em outras
palavras: que é de gosto duvidoso.
Fonte: https://www.disup.com/clasicos-sillon-proust-de-alessandro-mendini/
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Fonte: https://www.flickr.com/photos/iharsten/8593186004
Fraser (2007) menciona também Norman Foster e a sua relação projetual com a cor.
No projeto da Galeria Sperone Westwater Gallery, em Bowery, próximo de Manhattan,
em Nova York, cuja fachada apresenta a cor como elemento compositivo, o arquiteto
privilegiou 3 pontos em sua concepção: a participação ideal de luz em um espaço de
exibição de arte, o isolamento acústico necessário à apreciação do objeto artístico e,
por fim, estabelecer um manifesto arquitetônico, um marco na cidade, capaz de atrair
a visitação interessada em arte.
Fonte: https://jakerajs.photoshelter.com/image/I0000a5JisBpQGNs
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Fonte: https://www.fosterandpartners.com/es/projects/beijing-capital-international-airport/
Esta reflexão sobre o assunto, na perspectiva de Koolhaas, se deve ao fato de a cor ser
elemento de fundamental importância na maneira como se percebe a arquitetura e na
maneira como o elemento cromático é capaz de alterar o espaço e a sua percepção.
O uso da cor pode se dar também por meio de distintos materiais. Repare no projeto
do Museu de Arte Contemporânea de Castilla y León, em León, na Espanha, de Luis
Mansilla e Emilio Tuñón, cuja fachada é constituída por painéis de vidros coloridos em
uma composição que ora se mostra como uma transformação de claro e escuro e, em
outras, com forte contraste.
Fonte: https://casavogue.globo.com/Arquitetura/noticia/2012/09/top-10-predios-mais-
coloridos-do-mundo.html
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Veja o projeto do prédio Manzana Perforada, em Madri, de autoria de Amann-
Canovas-Maruri. Este, que é um conjunto habitacional, apresenta uma composição
com forte contraste cromático obtido por meio do material, chapa metálica, que
reveste o exterior de cada unidade residencial.
Fonte: https://casavogue.globo.com/Arquitetura/noticia/2012/09/top-10-predios-mais-
coloridos-do-mundo.html
Fonte: https://desporto.sapo.pt/futebol/artigos/camara-de-leiria-abre-concurso-para-topo-
norte-do-estadio-municipal
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É claro que não há como generalizar o uso da cor, seja em projetos arquitetônicos ou
de interiores. O Centro Heydar Aliyev, em Baku no Azerbaijão, da arquiteta Zaha Hadid,
é um projeto de 2007 e também apresenta a monocromia em sua forma orgânica.
Fonte: https://donaarquiteta.com.br/influencia-das-cores-na-arquitetura/
A cidade de São Paulo, nos tempos mais recentes, tem visto a sua configuração
cromática ser alterada. O projeto de autoria do arquiteto Ruy Ohtake abriga, desde
2001, o instituto de arte que leva o nome de sua mãe, a artista Tomie Ohtake.
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A edificação apresenta uma fachada com elementos que parecem tremular ante o
vento paulistano mostrando uma paleta de cores de faz conviver azuis, roxos e até o
vermelho.
Fonte: https://donaarquiteta.com.br/influencia-das-cores-na-arquitetura/
Fonte: http://ideazarvos.com.br/pt/empreendimento/joao-moura-1144/
O edifício Brasil, na Bela Vista, centro de São Paulo, também apresenta um elemento
cromático forte em sua fachada, que tem início no azul escuro, vai perdendo
intensidade e se transforma em um verde muito claro, até atingir um verde fortíssimo
no alto da edificação. É um marco se comparado ao redor cinzento e sério do centro
paulistano.
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Fonte: https://wzarzur.com.br/
Até a próxima!
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Harmônico complementar
O harmônico complementar é aquele que apresenta maior contraste uma vez que faz
conviver as polaridades cromáticas, ou seja, a cor e a sua oposta, a sua complementar.
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Harmônico complementar divididas
Nesta fachada, temos este tipo de harmônico por meio do laranja e das cores vizinhas
da sua complementar, o verde e o azul.
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Já este conjunto de casas apresenta o harmônico complementar a partir do azul e as
cores vizinhas da sua oposta, o laranja muito intenso e o laranja mais amarelado.
São duas cores, onde existe o intervalo de uma cor entre ambas, e as complementares
correspondentes.
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Repare nesta fachada, onde a harmonia análoga complementar é obtida por meio de
elementos das próprias edificações e elementos paisagísticos.
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Trio harmônico
À primeira vista pode parecer uma composição cromática com poucas chances de
sucesso, mas veja que interessante pode ficar o verde como moldura inferior do
arranjo bi cromático: laranja/roxo.
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Estas composições podem, numa impressão preliminar, dar a sensação de
aleatoriedade na elaboração cromática, muito em função da grande quantidade de
cores envolvida.
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Quando pensamos em espaços comerciais, por exemplo, não podemos nos esquecer
que a própria mercadoria pode contribuir para a construção de uma linguagem de
projeto.
Até a próxima!
Neutro
O harmônico neutro é aquele constituído, em exclusivo, pelo branco, pelo preto e pela
variação da mistura dos dois, ou seja, do cinza.
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Cria um ambiente mais sóbrio, que pode ter pouco contraste, se os elementos
utilizados estiverem na zona mais clara da escala de cinza.
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Monocromático
Análogo
Este harmônico pode, em algumas ocasiões, resultar em uma composição pouco usual,
mas, interessante em termos da combinação.
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A proporção de utilização entre as cores também é importante. Repare que nesta sala
o laranja é utilizado apenas em pequenos detalhes que acabam por contrastar de
forma mais discreta com a cor dominante da parede, causando menos estranheza na
combinação.
Conclusão
No final do século XX a arquitetura passa por um período de abstinência cromática,
segundo Fraser (2007). A economia na utilização da cor faz com que constitua
pequenas intervenções que reforçam a linguagem projetual.
No início deste século, a cor reaparece como elemento de projeto, alterando a cidade,
as relações e, sobretudo, a percepção diante da edificação.
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Há muitos caminhos para conceber a harmonia cromática. Desde os arranjos mais
vibrantes das cores complementares, passando pelas análogas até chegar ao que nos
oferece a sobriedade da composição acromática, também conhecida como neutra.
A proporção no arranjo da cor é tão importante quanto a própria, pois, esta alquimia
dos matizes só resulta ante uma perfeita interação. Uma convivência em harmonia.
REFERÊNCIAS
FRASER, Tom. O guia completo da cor. São Paulo: Editora SENAC, 2007.
MUNARI, Bruno. Das coisas nascem as coisas. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2002.
PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. Rio de Janeiro: Leo Christiano Editorial,
1980.
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