Cultura Do Renascimento
Cultura Do Renascimento
Cultura Do Renascimento
O renascimento corresponde ao início da época moderna que desapontou nos séculos XIV e
XV. Vamos ter duas conjunturas importantes, uma em Florença e outra na Flandes, porém,
iremos ter uma construção de uma linguagem alternativa global que se espalhará pelo resto da
Europa e mistura-se com as tradições locais de cada região.
Conceitos importantes neste período (novos valores artísticos, culturais e científicos fundados
nestes conceitos):
A. Homem: o renascentista ainda é religioso, ainda teme pela sua salvação e sua alma (não
se afasta da igreja), porém irá contrapor-se ao pensamento medieval teocêntrico e
passará a ser o protagonista da sua própria vida.
B. Antropocentrismo: o homem como medida de todas as coisas, no sentido literal de
medida e proporção, e no sentido cultural.
C. Humanismo: criado por Leonardo Bruni, o termo aplicava-se aos studio humanitas
composto por cinco disciplinas que “aperfeiçoavam o homem” – a gramática, a retórica,
a ética, a poesia e a história. Os humanistas eram intelectuais ecléticos que
questionaram os saberes teóricos e livrescos da Idade Média e construíram novos
conhecimentos, baseados nos autores clássicos, na observação direta da Natureza e na
sociedade do seu tempo.
Outras características:
A. Sentido de valorização do dinheiro: (algo que herdamos do renascimento) Os
medievais não pensavam em dinheiro. Os renascentistas não vivem só da terra, mas
também do comércio (para quem vive da terra as estações são essenciais, para os
renascentistas o tempo está ligado ao dinheiro e a geografia - as redes de rotas). Por
exemplo, na Idade Média não tinham uma data para terminar uma catedral, neste
período isto é algo inviável pois “tempo é dinheiro”. (as coisas têm um valor e
aumentam consoante a produção).
B. Contratos de 1 ano e 1 dia e companhias de seguros: dois mecanismos que
permitiam fortalecer o poder e assegurar que os lucros fossem consistentes. Neste
período tudo era contratual.
C. Evidenciar o valor das coisas: os ricos mercadores, comerciantes e banqueiros vão
disputar para as suas cortes os melhores artistas e as melhores matérias para realizar as
obras – necessidade de superiorizar-se.
D. Sentido de investimento: tanto no negócio e no seu nome, como o nome da família
(filhos/netos etc).
E. Contabilidade: os italianos inventam as duas colunas – o que tenho e o que deu.
F. Mecenato: classe de famílias nobres e burguesas que protegiam e apoiavam os artistas
e intelectuais, financiando a produção artística, literária e científica durante o
renascimento, angariando prestígio e reconhecimento publico por tal apoio – protetores
da arte.
Esta mudança deveu-se, sobretudo, aos descobrimentos marítimos, contacto com outros
povos e descobertas de novos territórios e culturas, a ampliação das rotas comerciais o
que diversificou os produtos de consumo, o aumento do comércio onde emergiu o
homem burguês que começa a acumular riqueza e passa a investir na produção
artística: o mecenato.
ARTE DO RENASCIMENTO
O contexto histórico do Renascimento e a nova mentalidade deram à arte um carácter mais
antropocêntrico e humanista, quer a nível físico quer a nível espiritual, o que se nota nos temas e
motivos tratados e nas funções a que se destinava – glorificar a Deus e sua doutrina, mas
também os homens e sua individualidade.
Trata-se de uma arte feita pelo homem e para o homem, então, a medida que o homem evolui a
arte evolui. Desta forma, foi preciso criar uma produção artística para traduzir essas mudanças.
É uma linguagem que precisa estar em sintonia com o recetor.
Em relação as características, podemos dizer que é um retrocesso ao Gótico, pois é uma
simplificação desta. Pela 1º vez, uma sociedade irá renegar a tradição dos seus pais/avós para
basear-se nos antigos. Para eles, estavam inaugurando uma nova época baseada nos antigos,
rompendo com a tradição do passado recente, até então considerada um período de decadência
artística e civilizacional, “era das trevas”.
Pela 1º vez os artistas criam um sistema de aferição em arte.
À medida que a produção artística passa ser considera uma atividade intelectual que exigia
estudos, conhecimentos vários e génio criativo e domínio técnico, os artistas começa a ser
reconhecidos profissionalmente (transforma-se num tradutor da realidade e dos
humanistas.), vão ser considerados cada vez mais como teóricos, e não são meros artistas
mecânicos à semelhança da Idade Média, mas sim, eruditos, têm um estatuto de exceção
(passam a ombrear com músicos, poetas e outros intelectuais) E, elevados à esta condição, o
artista podia agora individualizar a sua obra, assinando-a e distinguindo o papel do autor no
processo criativo.
Conceitos importantes:
A. Imitação: Podemos referir imitação aos modelos clássicos, porém é importante saber
que os artistas não eram “macacos de imitação”, segundo Peter Burke, mas sim o
objetivo era assimilar-se ao modelo, ou se possível, ultrapassá-lo. E, imitação da
natureza (mas também a superar porque acreditavam que ela podia ser melhorada), e
para representar a realidade, o renascimento utiliza a perspetiva, a tridimensionalidade
de uma arte.
B. Perspetiva: há um novo homem que precisa de uma expressão artística para traduzir
essas mudanças, e para representar a realidade é preciso um sistema para representar a
distância, a perspetiva. A perspetiva que na sua etimologia latina significa “ver
claramente”, decorre da mudança cultura do modo de ver e representar a realidade, num
espaço equivalente, homogéneo e constante em todas as suas partes, desta forma, a
perspetiva irá traçar linhas que formam uma pirâmide e convergem num ponto de fuga.
Assim, cria-se a ilusão de um espaço tridimensional numa superfície plana, o que
significou uma rutura com o sistema medieval de representação (ausência de
profundidade, imobilidade das figuras etc).
C. Medida, módulo e proporção: Esta ideia de representar espaços não é algo novo, o
que há de novo é uma construção teórica da perceção do espaço e perspetiva. Percebem
que, sendo o homem a medida de todas as coisas, podem construir um espaço
ilusionístico (o módulo de toda a composição é a figura humana, esta dá a dimensão
real de tudo o que é representado).
D. A cor e a luz: irão trabalhar o claro-escuro e percebem que conseguem dar volumetria a
obra.
OBRAS
1. Lamentação sobre Cristo Morto, Andrea Mantegna
Evidencia a aplicação dos princípios da perspetiva, os pés estão em primeiro planos mas
temos também a inversão da perspetiva, e mudança do ponto de vista- quebra de regras, isto
é, escapa a norma.
2. Expulsão dos demónios, Giotto
A leitura visual começa pela esquerda inferior com S. Francisco a rezar (figura
nimbada) e por trás está a igreja (não está a orar sozinho, tem a força da igreja).
Passamos de um bloco para o outro através da figura intermédia com o seu gesto
(braço esticado).
Composição nova e dinâmica;
As cores são cruas e secas, pois é pintada muito rapidamente.
Giotto é o 1º protagonista dessa nova linguagem renascentista (apesar de ser um
artista da época medieval), ele é o precursor do renascimento que irá romper com a
tradição medieval recriando a relação entre o indivíduo e o universo.
Giotto não conhece a perspetiva pois esta aparece no quatrocentto, baseia-se na
perspetiva empírica.
Domínio do desenho;
Forma de matizar as cores com tons reais e humanos;
Regresso a vitalidade da cor e luz da pintura clássica;
Formas narrativas épicas e coerentes; (toda a arte conta uma história)
Forte pathos emotivo;
Pintura que condiciona o olhar do observador de acordo com a vontade do pintor;
Inovação na leitura das histórias bíblicas e da vida dos santos, sob um ponto de
vista narrativo e descritivo, o que permite que o fiel as leia como se elas se
referissem ao seu tempo e a sua própria existência.
OBRAS
A. ANDREA MANTEGNA: figura muito importante, muitos papas acabam por trazer um
conjunto de artista à Roma, tal foi o caso de Andrea. É um mestre que evolui, não só irá
demonstrar um naturalismo que caracteriza toda a pintura, gosto pela antiguidade e
reconhecimento da sua importância. Talvez é um dos melhores artistas que exemplifica
a criação do espaço ilusório.
Exemplo 1. Judite e Holofernes
Mantegna nutria grande predileção por este tema. A temática, tirada dos livros apócrifos
da Bíblia, e que traz a idealização de uma mulher judia que decapitou um homem
poderoso e mau, foi muito usada na arte renascentista por diversos pintores.
A cena acontece dentro de uma tenda aberta, que é o abrigo do general Holofernes. Ali
se encontram com Judite, sua serva e o corpo sem vida do general babilônico sobre uma
cama, do quela só se vê o pé direito. A heroína aproveita-se da embriaguez do inimigo
de seu povo para decapitá-lo.
Durante o Renascimento, Judite passou a simbolizar a virtude cívica da intolerância
à tirania, quando o bem triunfa sobre o mal.
Judite com o olhar voltado para fora traz na mão a cabeça de Holofernes e a espada que
o decapitou, não passa nenhum tipo de emoção. É retratada de pé, como se fosse uma
estátua clássica, mostrando a influencia também do escultor Donatello sobre o artista.
O painel possui cores brilhantes e variadas. O contraste entre o vermelho do manto da
criada e o amarelo de sua túnica, cores que se fortalecem com o fundo escuro da tenda é
típico do artista.
Quando criam um espaço pictórico, é porque querem sugerir um espaço real. Para
Andrea não lhe interessava a representação típica da natureza. O que lhe interessa é a
perspetiva.
Mantegna e o desenho – é através do desenho que se estuda. Irá ter uma importância notável,
recorre a temas da antiguidade.
Ele sabe desenhar rigorosamente, porque experienciou, mediu, e sabe aquilo que é clássico do
que aquilo que não é, aquilo que é romano e o que não é. Irá aplicar na sua obra o sentido
volumétrico da escultura, o tratamento da figura humana monumental quase escultórico (ex.
São sebastião).
A cena principal esta divida entre três secções pelas colunas coríntias, mas que se
interligam.
Articulação entre a pintura e a escultura. As colunas são escultura, mas toda a
perspetiva se articula ao longo dos painéis separadas pelas colunas em madeira.
Conseguiu construir nesta pintura de painel, não é fresco, é de tempera sob painel de
madeira, um sentido familiar e profundo que envolve S. João Batista, e uma série de
santos em torno da virgem.
Pintura brilhante e saturada;
As figuras ocupam um espaço real feito através da ilusão da perspetiva.
Está representado a Virgem Maria com cristo no colo, anjos a cantar, a corte celestial. É
um paraíso clássico, antigo num espaço pagão.
Temos figuras que vêm de tempos diferentes: Maria, Jesus, S. Pedro, S. Paulo, S. João,
S. Zeno, provavelmente a pessoa que trouxe a cristandade para Verona. S. João Batista
também está representado em contraposto, naturalismo da sua pose como uma figura
real.
Mantegna era devoto em estudar a antiguidade clássica, e é obvio que ele olhou para a
escultura para conseguir representar figuras deste tipo.
Uso preciso da luz.
Ele condiciona o olhar do observador, não só para a esquerda e para a direita, mas cada
vez mais para o fundo, para a paisagem, os elementos que conduzem à uma
espacialidade.
Domínio da figura humana, ele põe a figura a fazer o que quiser, sentada, em pé, de um
lado para o outro.
Construção de um espaço que não é real, mas tem elementos reais.
Criar a regra e ultrapassar a regra, cria-se a regra, mas sempre que é necessário, o artista
pode ultrapassar a regra para criar um efeito visual (tal como o maneirismo). Se eu altero
um pouco a perspetiva para criar um efeito, mas dramático, então eu faço-o, o barroco percebeu
isso e irá usar em exaustão, criar um efeito mais impactante no observador de modo a não se
esquecerem.
Ex. O Olimpo
B. SANDRO BOTICELLI
Pinta as paredes da sistina e ganha um enorme destaque. Desenhador exímio, que trabalha muito
facilmente. Conhecimento profundo da natureza;
Ex. nascimento de vênus
O quadro criado entre 1482 e 1485, é de autoria do pintor italiano Sandro Botticelli. A tela é um
ícone incontornável do Renascimento. Antes de criar essa tela, o artista costumava pintar cenas
bíblicas. Foi depois de uma viagem à Roma, onde esteve exposto à muitas obras da cultura
greco-romana que, no regresso à casa, inspirado pelo que viu, começou a pintar cenas baseadas
na mitologia.
ARQUITETURA RENASCENTISTA
As estruturas arquitetónicas quer do gótico quer do renascimento são extremamente complexas.
Toda a construção tem a ver com equilíbrio. Por isso, dá-se a multiplicação de elementos
para haver um equilíbrio. A complexidade da arquitetura gótica, dá-nos construções com grande
qualidade das soluções técnicas que foram sendo desenvolvidas ao longo do tempo. Uso dos
contrafortes que são o alicerce para segurar as paredes. A geometria é a base da arquitetura,
ainda nos dias de hoje. Arquitetura não é uma arte onde se pode ser curioso, senão os
edifícios caem.
Florença tem um centro histórico pequeno, no período do renascimento era uma cidade
muralhada pequena.
A. FILLIPO BRUNELLESCHI:
Nasceu em uma família de classe média na Florença, começou a vida como ourives e foi,
posteriormente, um arquiteto, o pioneiro desta arte na Renascença. Entrou para a história ao
concluir a Santa Maria del Fiore, em Florença, uma das primeiras catedrais em estilo
renascentista. Inspiração na antiguidade clássica, não foi brunelleschi que inventou a perspetiva,
a perspetiva é uma invenção coletiva, resulta de uma colaboração de vários artistas que a
trabalharam e desenvolveram.
Mandada construir no século XIII, apesar da cúpula nunca ter sido executada até ao
século XV, quando Brunelleschi regressa a Florença, e propõe um projeto: uma pela
que embora se considere como modelo inaugural do ponto de vista do renascimento, é
dependente da tectónica gótica. Temos uma base octogonal com uma série de arcos
apontados que atravessam metade do vão, desde os pontos de apoio em baixo até ao
ponto central onde se unem no topo da cúpula.
Constituída por um esqueleto que sustenta toda a estrutura, as nervuras são de pedra e
os panos (paredes) a tijolo (utilizado por ser um material mais leve). Na verdade, o
desenho é mais complexo, pois trata-se de duas cúpulas, estando em vários pontos
ligados uma à outra, segurando-se/suportando-se uma à outra (não se sabendo ainda
bem como). Por baixo da cúpula, ergue-se sobre o octógono um tambor que a sustenta.
Existe também outro problema que é, como é que Brunelleschi conseguiu segurar todos
os tijolos, que conseguiu através da alternação dos panos verticais de tijolo, com fileiras
de tijolos colocados na diagonal que vão travando os tijolos e segurando-os. A partir do
sistema de andaimes.
Podemos observar, que a cúpula foi desenvolvida de forma cuidadosa, por camadas
sobrepostas, sendo reforçadas à medida que a estrutura ia subindo.
Esta é caracterizada pela sensação de leveza, em torno de um carácter simplista e puro,
de modo a transmitir a elegância, assim alcançou o máximo prestígio e marcou a visão
dos florentinos.
Cúpula é pintada pelo interior, feita de tijolo.
Introduziu novas inovações no processo de construção, com a introdução de andaimes
temporários, de modo a reduzir a madeira utilizada. Não era só o Leonardo que se
preocupava com as máquinas mecânicas etc. aqui vemos o aperfeiçoamento das
máquinas de construção de circular para elevatório.
Demostra sua criatividade e devoção nesta obra que seria o grande marco da sua vida.
EXEMPLO. Hospital dos Inocentes:
Simplificação;
Obra pública, construída a base das necessidades da sociedade, é uma
instituição de apoio à crianças adotadas, órfãs, abandonadas.
Apesar de os arquitetos, pela primeira vez, terem um modelo para se guiar,
Filipe irá ter um modelo próprio.
Geometrismo puro: cada tramo da estrutura desenvolve-se a partir de um
quadrado, depois esse quadrado desenvolvendo-se tridimensionalmente dá
origem ao cubo.
Toda a arquitetura do renascimento tem escala humana;
O exterior é composto por uma fachada desenvolvida em torno de uma
sucessiva arcaria, erguida um pouco acima do solo, designa-se por loggia,
consistindo assim em uma passagem coberta. A arcada é regular e é
fundamental pela visão de transparência, já não usa os pilares góticos e sim
colunas, o que permite uma transparência visual do espaço;
Uso da coluna, uso do arco a pleno centro seguindo regras de simetria e
proporção.
A maioria dos elementos arquitetónicos correspondem à ordem clássica, desde
a arquitrave aos diversos minuciosos ornamentos.
O arquiteto desenvolve o hospital em torno de formas padronizadas, sendo a
edificação dividida de forma igualitária, os diversos tramos compõem a
separação dos espaços protegidos pelas cúpulas.
As janelas encontram-se entre as colunas da arcaria, a distancia entre cada
coluna é idêntica, correspondendo também a distancia destas paredes, formando
uma composição simétrica, harmoniosa, equilibrada e proporcional.
Modulo que se baseia no modulo do ser humano;
O Arco a pleno centro não pode subir muito alto, senão quebra pelo meio. Há
que encontrar uma modulo e medida, e elevar até ao máximo do que é possível.
Exemplo. Basílica de São Lourenço
B. BATISTA DE ALBERTI
Figura marcante na época, sendo um grande humanista, arquiteto, filósofo da arquitetura e do
urbanismo, pintor, músico e escultor, construiu diversas edificações. Alberti desenvolvera
diversos tratados fundamentais, pois apresentam as codificações das inovações ou invenções
que os diversos artistas desenvolveram durante o Renascimento. Desta forma, será uma
ferramenta importante para a divulgação das transformações que estão a acontecer neste período
e principalmente na Itália, que se espalhará por toda a Europa.
Marcação de plantas (não tem escala, mas acrescenta as medidas na planta que não é
muito rigorosa, faz a planta e o alçado).
É um homem que escreve, toda a descrição da planta esta descrito. Usa a linguagem
para descrever a arquitetura e dar indicações – texto escrito + desenho.
Ao contactar com Vitrúvio, percebe que a arquitetura é muito mais que uma edificação,
tem algo por trás, é estética, tem um corte teórico. Não é um trabalho de mestres
construtores.
Na descriptio urbis romae, em 1444 fez o levantamento de todos os monumentos
romanos da Antiguidade, descreve a Roma Antiga.
Devido ao seu profundo conhecimento de Roma monumental, o papa nicolau V pediu-
lhe opinião quanto a urbanização e renovação da cidade eterna.
Alberti tem a necessidade de definir o arquiteto: é arquiteto aquele que consegue
construir tudo (fortaleza, jerónimo, armazém etc) pois a arquitetura é versátil. Arquiteto
precisa do conhecimento teórico (conceito do belo, modulo, medida) e do conhecimento
técnico e prático.
Arquitetura é uma arte útil que serve a comunidade, neste sentido, o arquiteto tem o
papel de contribuir para essa utilidade – servir as necessidades do homem.
Sabe dividir as coisas com seu espírito e inteligência, sabe compor com perfeição. Sabe
colocar elementos no edifício e produzir uma sensação agradável.
Distribuição uniforme da luz;
Na arquitetura o espaço criado é lido através da luz. Fundamentalmente é o espaço interno,
a transparência, a limpeza da luz. O encomendador, nesta altura, já não é só a igreja, cada
vez mais as pessoas vivem melhor, em palácios e casas. O sentido do espaço só sentimos
quando entramos dentro do espaço. A ideia do espaço é mais importante que os materiais.
Exemplo 1. A igreja de São Francisco, Templo Malatestiano.
Antiga igreja gótica que passou a ser um mausoléu de S. Francisco, em Remini. Isto é,
pega numa igreja medieval e transforma-a num modelo renascentista.
Edifício marcado pela sua fachada constituída por 3 nichos semelhantes, austeros e
rígidos de arco de volta perfeita, albergando nas laterais os sarcófagos de pedre, sendo o
do centro a entrada principal para a edificação.
Usa o arco de triunfo na fachada, que transmite a ideia de poder, e um grande frontão
triangular.
No friso tem uma inscrição que comemora a família, escrita em latim, nas letras que os
próprios romanos utilizavam nos seus monumentos.
Alberti foi buscar alguns elementos diretamente a um arco que existia em Roma.
Rejeita, pela primeira vez, a policromia característica das fachadas florentinas e
toscanas, e prefere a fachada toda branca que era como viam os edifícios clássicos sem
policromia.
É mais uma placagem do que arquitetura;
Edifício complexo;
A fachada ficou incompleta, o andar superior não foi terminad. Sbae-se que estava
previste, e existe um documento que é a medalha comemorativa onde cunha o projeto
inicial.
Aqui nasce o conceito do “arquiteto”.
Liberdade de construção. Temos uma fachada inovadora, não há nada que se assemelha
ao que é típico deste tempo;
Arquitetura de afirmação absoluta, é uma peça que deixa marcas no futuro;
Alberti trabalha muito bem o volume.
ESCULTURA
Conceito de diacronia: evolução da arte, neste período as coisas evoluem em simultâneo. Todos
os artistas conhecem-se e comungam das mesmas ideias. A arte evolui, o homem evolui e,
transformam-se em outra coisa.
A. Donato de Niccoló, Donattello
É através da figura humana que a história é narrada. A narratividade é criada e desenvolvida em
torno do espaço real. A escultura é afetada pelo mundo real ( é um objeto 3D) e tem um lugar
efetivo no meio, ela partilha nosso espaço, a mimesis com a realidade é automática. Os
escultores, desde o gótico, aproximam-se da realidade muito mais cedo.
Podemos aplicar à escultura a mesma linguagem plástica da pintura (composição, módulo,
volume, luz etc). O escultor trabalha com as três dimensões reais, e a quarta dimensão é a luz
(que tem de ser real).
A escultura é uma sequência de côncavos e convexos, é um jogo compositivo que precisa da
luz, cria-se a composição em função da luz.
O escultor escolhe o seu material, é essencial tentar dominar o material que se trabalha.
Os materiais quanto mais táteis, quanto mais fáceis de talhar mais detalhe conseguem
colocar (em história da arte, a matéria-prima é o calcário).
A cor e a pintura: toda escultura de madeira no renascimento é pintada, a pedra não – a
mimesis com a realidade é importante e a realidade tem cor.
Durante toda a sua carreira cobre todo o tipo de escultura (vulto, relevo, estatuas equestres,
altares etc), tem a capacidade de manipular diferentes materiais.
Está na criação da norma. Tem 5 fases na sua vida. Ele cobre quase inteiramente a península
itálica (não trabalha no sul).
Ex 1. Porta de Mandorla, Catedral de florença
Desproporção da figura (a figura não está sentada como devia, a bacia etc.
São peças colocadas em lugares altos.
Escultura destinada à torre sineira da Catedral de Florença.
Transparece a conceção grandiosa da figura humana, a presença solene da figura
humana que é um dos tópicos do Renascimento.
Ex. 4. S. Marcos, Osanmichelle