Aula 7 As Convenções Marítimas Internacionais

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Disciplina: Estrutura Portuária e Transporte Marítimo Internacional

Aula 7: As convenções marítimas internacionais

Apresentação
No Brasil, todas as normas sobre a segurança do tráfego aquaviário da navegação emanam da
Autoridade Marítima, que é Marinha do Brasil e estão compiladas na Lei 9.537, de 11 de
dezembro de 1997, também conhecida como LESTA.

Os navios mercantes em tráfego internacional são regidos pelas normas do Direito Comercial
Marítimo Internacional, cujas premissas são estabelecidas por Convenções Internacionais.

Essas convenções têm como objetivo maior a preservação da segurança de passageiros e


tripulantes, do tráfego das embarcações, das mercadorias objeto do comércio internacional e do
meio ambiente marinho.

Nesta aula, apresentaremos algumas das principais convenções internacionais orientadas para
a segurança da navegação marítima.

Objetivos
Descrever os conceitos básicos sobre as principais convenções marítimas internacionais;
Identificar a aplicação das principais convenções marítimas internacionais.
International Maritime Organization (IMO)
A Organização Marítima Internacional é uma agência especializada das Nações Unidas,
orientada para a segurança no mar, adoção de medidas preventivas para evitar e
combater a poluição marinha, e a normatização da movimentação e transporte de
mercadorias perigosas. A IMO possui 133 países-membros.

 Fonte: IMO.org. Acesso em: 20 ago. 2018.


Atenção

Além dessas funções, a IMO também responde por:

Combater todas as ações com potencial de agredir o meio ambiente


marinho;
Garantir a implantação uniforme da regulamentação internacional sobre
mercadorias perigosas;
Promover a intensificação por parte dos governos, da repressão a pirataria,
terrorismo, tráfico de drogas etc.

Os órgãos brasileiros que têm representação junto a IMO são:

1. Marinha do Brasil;
2. Ministério da justiça;

3. Ministério das relações exteriores;

4. Ministério dos transportes.

5. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;

6. Ministério do Meio Ambiente;

7. Ministério das Minas e Energia;

8. Ministério das Comunicações.

A Representação Permanente do Brasil junto à Organização Marítima Internacional


(RPBIMO), criada pela Portaria nº 203/MB, de 07 de julho de 2000, posteriormente
alterada pela Portaria nº 263/MB, de 10 de outubro de 2000, tem suas atividades e a
organização estruturadas pelo Regulamento aprovado pela Portaria nº 8/EMA, de 25 de
janeiro de 2001.

Desse modo, o Brasil precisa estar apto a discutir assuntos nas mais diversas áreas,
tais como segurança, meio ambiente, pirataria etc.

A Segurança do Tráfego Aquaviário (STA) existe para proteger as

pessoas (tripulação e passageiros), o meio ambiente e a propriedade

(embarcação, carga etc). Para que a STA exista é necessário que se

estabeleçam regras e normas para disciplinar o setor.

As Normas da Autoridade Marítima (NORMAM) complementam a LESTA e RLESTA. As


NORMAM regulamentam uma série de atividades da Marinha Mercante, entre elas:

NORMAM 01 Embarcações Empregadas na Navegação de Mar Aberto


NORMAM 02 Embarcações Empregadas na Navegação Interior
NORMAM 03 Embarcações de Esporte e Recreio e para Cadastramento e
Funcionamento das Marinas, Clubes e Entidades Desportivas
Náuticas
Operação de Embarcações Estrangeiras em Águas sob Jurisdição
NORMAM 04
Nacional
Homologação de Material e Autorização de Estações de
NORMAM 05
Manutenção
Reconhecimento de Sociedade Classificadora para atuarem em
NORMAM 06
Nome do Governo Federal
NORMAM 07 Atividade de Inspeção Naval
Tráfego e Permanência de Embarcações em Águas sob
NORMAM 08
Jurisdição Nacional
NORMAM 09 Inquéritos Administrativos
Pesquisa, Exploração, Remoção e Demolição de Bens afundados,
NORMAM 10
Submersos, Encalhados e Perdidos
Obras, Dragagens, Pesquisa e Lavra de Materiais Sob, Sobre e às
NORMAM 11
Margens das Águas sob Jurisdição Nacional
NORMAM 12 Serviço de Praticagem
NORMAM 13 Aquaviários
Cadastramento de Empresas de Navegação, Peritos e Sociedades
NORMAM 14
Classificadoras
NORMAM 15 Atividades Subaquáticas

Os deveres e direitos da tripulação constam do Capítulo 4 da NORMAM


13 — Normas para Aquaviários e Amadores.

Associação Mundial para Infraestrutura de


Transporte Aquaviário (PIANC)
Fundada em 1885, a PIANC é a organização global que fornece orientação para a
infraestrutura de transporte marítimo sustentável de portos e hidrovias. É também um
fórum em que profissionais de todo o mundo se unem para prestar consultoria
especializada em infraestrutura econômica com o intuito de desenvolver o transporte
aquaviário.
 PIANC. Fonte: Pianc.org. Acesso em: 20 ago. 2018.


Atenção

A missão da PIANC é fornecer orientação especializada e assessoria técnica,


reunindo os melhores especialistas internacionais das mais diversas áreas, como
economia, infraestrutura e meio ambiente. Além disso, mantém a comunidade
fluvial internacional conectada, por meio de congressos e conferências
internacionais, e de seu website, que está disponível ao público. Seus membros
incluem governos nacionais, autoridades públicas, empresas e pessoas
interessadas.

A seguir, abordaremos principais convenções internacionais em vigor no tráfego


marítimo internacional.

Standards of Training, Certi cation and


Watchkeeping for Seafarers (STCW)
A Convenção Internacional sobre Padrões de Formação, Certificação e Serviços para
Tripulantes Marítimos foi estabelecida em Londres, na sede da Organização Marítima
Internacional (International Maritime Organization), em 1º de dezembro de 1978,
estabelecendo os padrões mínimos para a formação, certificação e requalificação
periódica dos tripulantes marítimos para executarem serviços a bordo dos navios
operando em mar aberto, sob a bandeira de qualquer nação signatária do STCW,
destacando-se o treinamento em simuladores.

Além da capacitação técnica devidamente certificada e de reavaliações periódicas, o


STCW requer a comprovação da saúde física e mental dos tripulantes de navios,
mediante exames periódicos.

 Fonte: Sergei Bachlakov/Shutterstock.


Saiba mais

O STCW não se aplica aos seguintes casos:

Navios de guerra ou outras embarcações de propriedade ou operados pelo


Estado, que sejam utilizados somente em serviços governamentais não
comerciais;

Navios de pesca;

Embarcações de recreio;

Embarcações de madeira ou construção primitiva.

International Convention of Safety of Life at


Sea (SOLAS)
A Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar é aplicável a
navios mercantes com mais de 500 toneladas brutas de arqueação e engajado em
viagens internacionais. Foi estabelecida em Londres, na sede da Organização Marítima
Internacional (IMO) em 1º de novembro de 1974. O Brasil ratificou o Protocolo em 1978.
Na SOLAS, podemos destacar os seguintes capítulos:

Capítulo I Inspeções e Emissões de documentos (Certificados)


EConstrução naval - Estrutura, Estabilidade, Máquinas e
Capítulo II-1
Instalações Elétricas
Capítulo II-2 Construção — Proteção, detecção e extinção de incêndios a bordo
Capítulo III Equipamentos salva-vidas e outros dispositivos
Capítulo IV Radiocomunicações
Capítulo V Segurança da navegação — equipamentos de salvatagem
Capítulo VI Transporte de grãos
Transporte de mercadorias perigosas
Parte A - IMDG International Maritime Dangerous Goods Code
Capítulo VII Parte B - Requerimentos para construção de Navios Químicos
Parte C - Requerimentos para construção de Navios Gaseiros
Parte D - Transporte de Material Radioativo INF
Capítulo VIII Navios Nucleares
Gerenciamento para a operação segura de navios. ISM Code -
Capítulo IX
International Safety Management (Resolução IMO A 741)
Capítulo X Medidas de segurança para embarcações de alta velocidade
Instituições autorizadas (Sociedades Classificadoras) e
Capítulo XI-1 reconhecidas para fazer as inspeções em nome da Administração
(Bandeira) do país signatário

Sociedades classi cadoras


São empresas ou organismos reconhecidos internacionalmente para atuar na
regularização, no controle e na certificação de embarcações, nos aspectos relativos à
segurança da navegação, salvaguarda da vida humana e da prevenção da poluição
ambiental, por meio de auditorias, inspeções, vistorias e emissões de certificados e
demais documentos previstos nas Convenções e Códigos Internacionais das quais o
país é signatário e/ou na legislação nacional aplicável.

As principais Sociedades Classificadoras internacionais (em ordem alfabética) são:


1

American Bureau of Shipping

New York

Bureau Veritas

Paris
3

Der Norske Veritas

Oslo

Germanisher Lloyd

Berlim
5

International Association of Class Societies (IACS)

Londres
6

Lloyd’s Register of Shipping

Londres

Nippon Kaiji Kyokai

Tóquio
8

Polish Register of Shipping

Varsóvia

Registro Navale Italiano

Roma

Principais Certi cados


Certi cados de Classe

Validade de 5 anos, com vistoria anual.

Classe de Casco;
Classe de Maquinas;
Classe de Caldeiras;
Classe de Instalações Automatizadas.

Certi cados Estatutários

Válidos por 5 anos com vistoria anual.

Registro na Bandeira;
Segurança e Construção para Navios de Carga;
Segurança de Equipamentos;
Segurança de Equipamentos Comunicação;
Arqueação.

International Regulations for Preventing


Collisions at Sea (COLREGS)
A Convenção COLREGS foi estabelecida em Londres, na sede da Organização Marítima
Internacional (IMO), em 20 de outubro de 1972, definindo arranjos, procedimentos e
sistemas para evitar abalroamento no mar, tendo como base códigos de sinalização
visual e por luzes. Em 1981, sofreu alterações e recebeu alguns aditivos.

O Regulamento Internacional Para Evitar Abalroamentos no Mar (RIPEAM) é a versão


brasileira da COLREGS.
Em linhas gerais, o RIPEAM é um conjunto de regras que regula o trânsito
de embarcações em mar aberto e em todas as águas a este ligado, no

âmbito internacional.

International Ship and Port Facilities


Security Code (ISPS Code)
Com os ataques terroristas ocorridos em Nova Iorque em 11 de setembro de 2001, os
países signatários da SOLAS decidiram, em 2 de dezembro de 2002, implantar o Código
Internacional de Segurança em Navios e Portos, contendo algumas regras destinadas a
dotar de maior segurança as operações comerciais dos navios e instalações portuárias.
Entre as medidas adotadas destacam-se:

Delimitação do perímetro dos portos;


Instalação de sistemas de vigilância nos limites do perímetro dos portos;
Cadastramento das pessoas e veículos que entram nas instalações portuárias;
Maior rigor no controle na entrada e saída de pessoas e veículos das instalações
portuárias.

 Fonte: Mangpink/Shutterstock.

Segundo o ISPS, antes de chegar a um porto, todos os navios devem informar à


Autoridade Marítima (Marinha do Brasil) os dez últimos portos em que esteve. Caso
algum desses portos não esteja certificado, poderão ser adotadas medidas como
inspecionar o navio, colocá-lo em quarentena, entre outras, o que causará atrasos na
operação do navio.
Logo após a entrada em vigor do Código ISPS, a IMO criou um site
<http://gisis.imo.org/Public/Default.aspx>  onde podem ser verificadas as instalações
portuárias que possuem certificação.

No Brasil, a certificação dos navios é realizada pela Autoridade Marítima (Marinha do


Brasil) e a das instalações portuárias pela Comissão Nacional de Segurança Pública de
Portos, Terminais e Vias Navegáveis (CONPORTOS), da qual participam os Ministérios
da Justiça, Defesa (Marinha do Brasil), Fazenda, Relações Exteriores e Transportes.

Maritime Pollution Control (MARPOL)


Entre 1954 e 1958, foi lançada a primeira versão de uma Convenção Internacional para a
Prevenção da Poluição do Mar por Óleo, criando zonas proibidas para a poluição
marinha. Em 1962, essas zonas proibidas foram ampliadas, com a inclusão de navios de
pequeno porte. Em 1969, foram estabelecidas restrições para a descarga no mar de
misturas oleosas provenientes dos tanques de cargas e praça de máquinas dos navios.

Com o objetivo de limitar o derrame de óleo, em caso de acidentes com colisões e


encalhes, em 1971 foi reduzido o tamanho dos tanques de cargas dos navios petroleiros
a serem construídos a partir de 1972.

Finalmente, em 2 de novembro de 1973, a IMO adotou a Convenção Internacional para


Prevenção a Poluição Por Navios (MARPOL), destinada a prevenir a poluição no mar
pelos navios, devido a causas operacionais ou acidentais. O Protocolo da Convenção foi
endossado pelo Brasil em 1978.

 Derramamento de óleo do navio - Textura de


derramamento de petróleo bruto na água (Fonte:
Nightman1965/Shutterstock).

Atenção

A MARPOL impõe novos padrões para a construção naval e amplia as restrições


para a poluição marinha por óleo, substâncias tóxicas e outras substâncias
perigosas em geral, esgoto sanitário, resíduos e/ou lixo produzido por navios, e
outras formas de controle sobre a poluição ambiental causada por navios.

Embora a MARPOL seja muito extensa, podemos destacar os seguintes aspectos de


grande importância:

1. Em viagem um navio só pode deixar escapar até 1/15.000 de sua capacidade de


carga, mas a perda não pode exceder 30 litros por milha viajada.
2. Nenhuma descarga de óleo pode ser feita a menos de 50 milhas da costa mais
próxima.
3. Em navios-tanques construídos após 1975, os tanques de lastro e de produtos
segregados devem estar isolados e incomunicáveis.

Relação dos principais anexos da MARPOL:

Anexo I

Poluição por óleo

Anexo II

Poluição por substâncias nocivas a granel

Anexo III

Poluição por substâncias perigosas empacotadas


1

Anexo IV

Poluição por esgoto sanitário

Anexo V

Poluição por lixo

Anexo VI

Poluição do Ar (não ratificado pelo Brasil)


Saiba mais

Loadline Convention

A Convenção Internacional das Linhas de Carga trata do Certificado de Borda Livre,


resistência estrutural, estabilidade e estanqueidade dos navios.

Esta Convenção foi concluída em Londres, em 5 de abril de 1966 e posteriormente


alterada em 1988.
Atividade
1. Convenção Internacional que estabelece padrões mínimos para a Formação,
Certificação e Requalificação periódica dos tripulantes marítimos para fins de
executar serviços a bordo dos navios mercantes operando em mar aberto.

a) LOADLINE.
b) MARPOL.
c) IMO.
d) STCW.
e) SOLAS.

2. Convenção internacional que define arranjos, procedimentos e sistemas para


evitar abalroamento no mar, tendo como base códigos de sinalização visual e por
luzes:

a) COLREGS.
b) SOLAS.
c) LOADLINE.
d) LESTA.
e) MARPOL.
3. Conjunto de regras adotadas internacionalmente para dotar de maior segurança
as operações comerciais dos navios e instalações portuárias.

a) MARPOL.
b) LOADLINE.
c) RIPEAM.
d) SOLAS.
e) ISPS.

Referências

LUDOVICO, Nelson. Logística de Transportes internacionais. São Paulo: Saraiva, 2010.

_________________. Logística Internacional — um enfoque em Comércio Exterior. São Paulo:


Saraiva, 2007.

PEREIRA, Newton Narciso. Transporte Marítimo e Internacional. Rio de Janeiro: SESES, 2015.

Próximos Passos

Conceitos Básicos Relacionados ao Shipping;


Tipos de Navegação Marítima e Bandeiras de conveniência;
Natureza das Atividades das Organizações Intervenientes no Transporte Marítimo.

Explore Mais

Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto.

Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no
ambiente de aprendizagem.

Visite o site da IMO <http://www.imo.org/en/Pages/Default.aspx> e saiba mais sobre a sua


atuação;
Leia as Normas da Autoridade Marítima Brasileira (NORMAM)
<https://www.dpc.mar.mil.br/normas/normam> .

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