Direito Maritimo 2020 1 0
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AUTORES: GODOFREDO MENDES VIANNA, LUCAS LEITE MARQUES E LIVIA SANCHES SANCIO
GRADUAÇÃO
2020.1
DIREITO MARÍTMO
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
SUMÁRIO
Direito Marítimo
Aula VIII – Capitania dos Portos, Tribunal Marítimo e Acidentes e Fatos da Navegação
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
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MATEESCO, Mircea. Le droit maritime sovietique face au droit occidental, 1996, p. 154 apud
LACERDA, José Candido Sampaio de. Curso de direito privado da navegação. 3. ed. rev. e atual. por
Aurélio Pitanga Seixas Filho. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1984. p.18.
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DIREITO MARÍTMO
(i) Países que seguiram as bases das Ordenanças Francesas e do Código Comercial
Francês (Espanha, Portugal, Itália, Brasil, Argentina, México etc.);
(ii) Países que seguiram as bases do Código Alemão de 1897 (Suécia, Dinamarca,
Noruega etc.); e
(iii) Países que seguiram as bases anglo-saxônicas, onde o Direito Marítimo não é
codificado (Inglaterra – Merchant Shipping Act e Estados Unidos – Harter Act).
Durante a primeira metade do século XX, com o crescimento do comércio
internacional e do cenário de guerras, notava-se que a regulamentação interna de cada país
era insuficiente para evitar conflitos de leis marítimas, sendo necessária a uniformização
das principais regras pelas nações mercantilistas.
A busca pela uniformização e harmonização das normas de direito marítimo levou
à criação de organismos internacionais, os quais buscam atingir o objetivo proposto
desenvolvendo convenções internacionais que são adotadas pelos mais diversos Países.
Ultrapassado este breve relato histórico, abordaremos as atuais fontes do Direito
Marítimo brasileiro.
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“E assim temos que ‘piloto’, no Código Comercial, é o prático de hoje em dia.” ANJOS, J. Haroldo dos.
Curso de Direito Marítimo. Rio de Janeiro: Renovar, 1992. p. 13.
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“Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica
estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.”
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“Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a
autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as
disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. ”
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“Art. 1º O Tribunal Marítimo, com jurisdição em todo o território nacional, órgão, autônomo, auxiliar do
Poder Judiciário, vinculado ao Ministério da Marinha no que se refere ao provimento de pessoal militar e
de recursos orçamentários para pessoal e material destinados ao seu funcionamento, tem como atribuições
julgar os acidentes e fatos da navegação marítima, fluvial e lacustre e as questões relacionadas com tal
atividade, especificadas nesta Lei. ”
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“Art. 3º A responsabilidade do navio ou embarcação transportadora começa com o recebimento da
mercadoria a bordo, e cessa com a sua entrega à entidade portuária, ou trapiche municipal, no porto de
destino, ao costado do navio. ”
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“Art. 8º Prescrevem ao fim de um ano, contado da data do término da descarga do navio transportador, as
ações por falta de conteúdo, diminuição, perdas e avarias, ou danos à carga. ”
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regulamenta demais disposições legais que regulam a exploração dos portos organizados
e de instalações portuárias.
Vale abordar a definição de reclamação marítima, o que, segundo a Convenção
Internacional de Arresto de 1999 (não ratificada pelo Brasil), seria decorrente de um ou
mais dos seguintes eventos:
a) perdas ou danos causados pela operação marítima;
b) perda de vida ou danos pessoais que ocorram, em terra ou no mar, diretamente
resultantes da operação do navio;
c) operações de salvamento ou qualquer contrato de salvamento incluindo, onde
couber, remuneração especial relativa às operações de salvamento de um navio
que, por si ou por sua carga, constitui ameaça ao meio ambiente;
d) danos ou ameaça de danos causados pelo navio ao meio ambiente, ao litoral ou a
interesses a estes relacionados, medidas tomadas para prevenir, minimizar ou
remover tais danos, compensação por tais danos; custos de medidas razoáveis para
a recomposição do meio ambiente, efetivamente empreendidas ou a serem
empreendidas; perdas incorridas ou provavelmente a serem incorridas por
terceiros relativamente a tais danos; e danos, custos ou prejuízos de natureza
similar aos identificados neste subitem;
e) custos ou despesas relativas ao içamento, remoção, recuperação, destruição ou
com formas de tornar inofensivo um navio naufragado, destroçado, encalhado ou
abandonado, incluindo qualquer coisa que esteja ou tenha estado a bordo de tal
navio, e os custos e despesas relativos à preservação de um navio abandonado e à
manutenção de sua tripulação;
f) qualquer acordo relativo ao uso ou afretamento do navio, quer parte de um contrato
de afretamento, quer de outra forma acordado;
g) qualquer acordo relativo ao transporte de bens ou passageiros a bordo do navio,
quer parte de um contrato de afretamento quer de outra forma acordado;
h) perda ou dano àou em relação a bens (incluindo bagagem) transportados a bordo
do navio;
i) avaria grossa;
j) reboque;
k) praticagem;
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DIREITO MARÍTMO
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Para saber mais sobre as Normas da Autoridade Marítima, consultar o site: <
https://www.marinha.mil.br/dpc/normas >. Acesso em: 30 de janeiro 2020.
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DIREITO MARÍTMO
Algumas das principais convenções ratificadas pelo Brasil são: Convenção para
Unificação de Certas Regras em Matéria de Abalroamento de 1910 (Bruxelas) –
promulgada pelo Decreto n° 10.773/1914, Convenção de Direito Internacional Privado
(Código Bustamante) de 1929 sobre a Lei do Pavilhão nas embarcações – promulgada
pelo Decreto n° 18.871/1929, Convenção Internacional para Unificação de Certas Regras
Relativas à Limitação de Responsabilidade dos Proprietários de Embarcação Marítima de
1924 (Bruxelas) – promulgada pelo Decreto n° 350/1935, Convenção Internacional para
Unificação de Certas Regras relativas aos privilégios e hipotecas marítimas – promulgada
pelo Decreto n° 351/1935, Convenção Internacional para Prevenção de Poluição por
Navios (MARPOL) – promulgada pelo Decreto n° 2.508/1998, Convenção sobre
Regulamento Internacional para Evitar Abalroamento no Mar (RIPEAM) – promulgada
pelo Decreto n° 80.068, de 02/08/1977 e a Convenção Internacional sobre Salvamento
Marítimo, de 1989, internalizada pelo Decreto Legislativo n° 263/2009.
Por fim, note-se que diversas disposições da Constituição Federal, do Código
Civil, do Código Penal, da Consolidação das Leis Trabalhistas, Código de Defesa do
Consumidor – quando aplicável ao caso concreto – são diretamente aplicáveis no âmbito
do Direito Marítimo, uma vez que este se encontra interligado com questões relacionadas
ao meio ambiente, à responsabilidade civil, obrigações, contratos, seguros, sanções
criminais, administrativas sancionadoras e trabalhistas (acidente de trabalho).
Conclui-se, portanto, que diante da infinidade de normas e temas que interferem
no Direito Marítimo, surgem sempre conflitos acerca de hierarquia, especialidade e
temporalidade, o que, por via de consequência, gera um enorme desafio para os militantes
na área exercerem aconselhamento jurídico aos seus clientes e para o Judiciário aplicar o
melhor direito à espécie nos casos concretos.
9
Para saber mais sobre a International Maritime Organization, consultar o site: <www.imo.org>.
10
Atos Multilaterais Assinados pelo Brasil no Âmbito da Organização Marítima Internacional, retirado do
site: <www2.mre.gov.br/dai/imo.htm> . Acesso em: 19 ago. 2011.
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Promulgação
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Decreto
Emenda à Convenção Internacional de Linhas de Carga,
15/11/1979 Legisla- 28/06/1984
de 1966. (Resolução A.411 - XI)
tivo 32
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Para saber mais sobre a Unidroit, consultar o site: <http://www.unidroit.org/about-unidroit/overview >
Acesso em: 30 de janeiro de 2020.
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Para saber mais sobre o Comitê Marítimo Internacional, acesse o site: <www.comitemaritime.org/>.
Acesso em 20 jul. 2015.
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13
Para saber mais sobre a Baltic Maritime Council, consultar o site: <www.bimco.org/>. Acesso em: 20
jul. 2015.
14
“Há, no mundo, diversas empresas que realizam o serviço de vistoria e classificação de navios, bem como
outros tipos de vistoria e classificação, como contêineres, mercadoria, etc. Elas costumam classificar os
navios em primeira classe, segunda classe, etc. Algumas das principais classificadoras de navios, entre as
muitas existentes, são as seguintes: American Bureau of Shipping – New York; Bureau Veritas – Paris; Det
Norske Ventas – Oslo; Germanisher Lloyd – Berlim; Lloyd’s Register of Shipping – Londres; Nippon Kaiji
Kyokaí – Tóquio; Polish Register of Shipping – Varsóvia; Registro Italiano – Roma.” KEEDI, Samir;
MENDONÇA, Paulo C. C. Transportes e Seguros no Comércio Exterior. São Paulo: Aduaneiras, 2000.
p.86.
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4 Regras de York-Antuérpia15
As regras de York-Antuérpia foram criadas no ano de 1864 na cidade de York, e
revisadas em 1877, em Antuérpia, passando a vigorar com o nome de York-Antuérpia.
Essas regras constituem um direito uniforme e são utilizadas no comércio internacional
para regulação de avaria comum no direito marítimo. Já sofreram várias revisões, sendo
que a última foi a versão 2016, aprovada no âmbito do Comitê Marítimo Internacional,
que podem ser incorporadas aos contratos de transporte marítimo e de políticas de seguros.
15
O texto completo da revisão de 2004 das Regras de York e Antuérpia pode ser encontrado em: <
http://www.comitemaritime.org/Uploads/YAR%202004%20english.doc >. Acesso em: 20 jul. 2015.
16
Regras de Haia ou Convenção de Bruxelas em
<www.admiraltylawguide.com/conven/haguerules1924.html>. Acesso em: 20 jul. 2015.
17
Regras de Haia-Visby em <www.admiraltylawguide.com/conven/visbyrules1968.html>. Acesso em: 20
jul. 2015.
18
SANDRI, Luciana Aboudib. Regime jurídico aplicável aos corredores interoceânicos. Dissertação de
Mestrado em Direito das Relações Econômicas Internacionais, PUC/SP, São Paulo, 2002. p.173.
19
Países signatários das Regras de Haia em < http://www.comitemaritime.org/Uploads/pdf/CMI-
SRMC.pdf >. Acesso em: 20 jul. 2015.
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6 Regras de Hamburgo20
As Regras de Hamburgo, de 31.03.1978, entraram em vigor em 01.11.1992. O
Brasil é signatário dessa convenção, mas não a ratificou até o presente momento.
Nenhuma das nações tradicionalmente marítimas ratificou essa convenção, pois a maioria
submete-se às Regras de Haia e às Regras de Haia-Visby. 21,22
Essas regras surgiram devido ao pleito dos países exportadores e em
desenvolvimento, no âmbito da ONU, para opor-se às Regras de Haia e às Regras de Haia-
Visby, que privilegiam os transportadores e armadores.
As Regras de Hamburgo incluíram o conceito da culpa presumida do
transportador, além de uma indenização por atraso na entrega das mercadorias.
Assim, as Regras de Hamburgo têm uma aplicação bem restrita.
20
Texto das “Regras de Hamburgo”, United Nations Convention on the Carriage of Goods by Sea, em <
http://www.uncitral.org/pdf/english/texts/transport/hamburg/hamburg_rules_e.pdf >. Acesso em: 21 jul.
2015.
21
SANDRI, Luciana Aboudib. Regime jurídico aplicável aos corredores interoceânicos. Dissertação de
Mestrado em Direito das Relações Econômicas Internacionais, PUC/SP, São Paulo, 2002, p.173.
22
Países signatários das “Regras de Hamburgo” em:
< http://www.uncitral.org/uncitral/en/uncitral_texts/transport_goods/Hamburg_status.html >. Acesso em:
21 jul. 2015.
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DIREITO MARÍTMO
7 Regras de Roterdã23
Trata-se da mais recente convenção criada sobre o transporte marítimo
internacional de mercadorias. Tal convenção, desde logo intitulada como Regras de
Roterdã, está disponível para assinaturas pelos Estados-Parte desde 23 de setembro de
2009, na Cidade de Roterdã, na Holanda.
Conforme expressamente referido em seu preâmbulo, as Regras de Roterdã tem
por objetivo atualizar as disposições das Regras de Haia (1924), Regras de Haia-Visby
(1968) e Regras de Hamburgo (1978), incorporando os novos conceitos, práticas e
costumes do comércio marítimo internacional “globalizado” e integrado com outros
modais, os quais nos últimos trinta anos sofreram forte influência e modificação com as
inovações tecnológicas introduzidas nas atividades mercantis, seja em relação à acelerada
modernização das embarcações, seja por força do avassalador impulso dos meios
eletrônicos de comunicação utilizados nas transações mercantis e na emissão de
documentos fiscais e de transporte, cobrindo ainda a circulação mundial de mercadorias.
O texto da convenção foi discutido, exaustivamente, por mais de 12 anos pela
UNCITRAL (United Nations Commission on International Trade Law) e contou com a
participação ativa de representantes de algumas nações de grande influência, como
Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Japão, China, Índia, Rússia e Brasil.
Até o presente momento, a referida Convenção já conta com 25 países signatários,
os quais juntos representam mais de 25% do comércio marítimo global, de acordo com
dados estatísticos da ONU. Os países signatários até o mês de janeiro de 2018 são os
seguintes: Armênia, Camarões, Congo, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França,
Gabão, Gana, Grécia, Guiné, Guiné-Bissau, Holanda, Luxemburgo, Madagascar, Mali,
Niger, Nigéria, Noruega, Polônia, República Democrática do Congo, Senegal, Suécia,
Suíça e Togo24. No entanto, as Regras de Roterdã só passarão a ter eficácia após um ano
e um mês da data da 20ª ratificação pelos países signatários. 25
23
Regras de Roterdã em: < http://www.rotterdamrules.com/sites/default/files/pdf/convention.pdf>. Acesso
em: 21 jun. 2016.
24
Status das ratificações das Regras de Roterdã em <
https://treaties.un.org/Pages/ViewDetails.aspx?src=TREATY&mtdsg_no=XI-D-
8&chapter=11&lang=en#EndDec >. Acesso em 20.jul.2015
25
Artigo 94, I das Regras de Roterdã.
26
Comite Maritime International. Status das ratificações das convenções marítimas internacionais de
Bruxelas em: < http://www.comitemaritime.org/Uploads/pdf/CMI-SRMC.pdf >. Acesso em: 20 jul. 2015.
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DIREITO MARÍTMO
- International convention for the unification of certain rules of law relating to Collision
between vessels and protocol of signature Brussels, 23 de setembro de 1910. Entrou em
vigor em: 01 de março de 1913. O Brasil ratificou.
- International convention for the unification of certain rules relating to the Limitation of
the liability of owners of sea-going vessels and protocol of signature Brussels, 2 5 de
agosto de 1924. Entrou em vigor em 02 de junho de 1931. O Brasil ratificou.
- International convention for the unification of certain rules of law relating to Bills of
lading and protocol of signature “Hague Rules 1924” Brussels, 25 de agosto de 1924.
Entrou em vigor em 02 de junho de 1931. O Brasil não ratificou.
- Protocol to amend the International Convention for the unification of certain rules of law
relating to bills of lading, Brussells, 25 de agosto, 1924. Visby Rules Brussels, 23 de
fevereiro de 1968. Entrou em vigor em 23 de junho de 1977. O Brasil não ratificou.
- Protocol to amend the International Convention for the unification of certain rules
relating to bills of lading as modified by the Amending Protocol of 23 rd February 1968.
SDR Protocol Brussels, 21 dezembro, 1979. Entrou em vigor 14 de fevereiro de 1984. O
Brasil não ratificou.
- International convention for the unification of certain rules relating to Maritime liens
and mortgages and protocol of signature Brussels, 10 de abril de 1926. Entrou em vigor
no dia 02 de junho de 1931. O Brasil ratificou.
CASO GERADOR
O navio Fast Dubay de propriedade da British Navigation Company (empresa
inglesa) e registrado sob a bandeira do Panamá, foi afretado por tempo (time charter de
12 meses sujeito à lei inglesa e à Alta Corte de Londres) em dezembro de 2007 à empresa
italiana IT Shipping Company, especializada em transporte marítimo de granéis sólidos,
a qual foi contratada pela empresa chinesa Daruma Steel Corporative para transportar
87.500 toneladas de minério de ferro do Porto de Xangai na China até o Porto de
Paranaguá/PR. Referida carga era objeto de contrato internacional de compra e venda
celebrado entre a Daruma e uma empresa brasileira de siderurgia.
Em que pese à conclusão da operação de carregamento no Porto de Xangai haver
transcorrido normalmente, o navio Fast Dubay, em razão de descumprimento de
determinadas exigências das Autoridades Marítimas Chinesas, já iniciou a expedição
21
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DIREITO MARÍTMO
litígios no Brasil e na Inglaterra, teria fundamento a parte que pleiteou a jurisdição inglesa
requerer a suspensão/extinção dos litígios no Brasil?
QUESTÕES DE AUTOMONITORAMENTO
1. Após ler a apostila, você é capaz de resumir o caso gerador, identificando as partes
envolvidas, os problemas atinentes e as possíveis soluções cabíveis?
2. Qual seria a base das normas positivadas do Direito Marítimo?
3. Quais são as fontes do Direito Marítimo?
4. Indique quatro ramos do direito que guardam estreita relação com o Direito Marítimo
e fundamente.
5. Indique três reclamações que poderiam ser caracterizadas como disputas marítimas.
6. Pense e descreva, mentalmente, alternativas para a solução do caso gerador.
REFERÊNCIAS
Bibliográficas
1 Utilizadas
ANJOS, J. Haroldo dos; GOMES, Carlos R. C. Curso de Direito Marítimo. Rio de
Janeiro: Renovar, 1992.
DANJON, Daniel. Tratado de Derecho Marítimo. Tomo I. Madrid: Réus, 1931.
FARINA, Francisco. Derecho Comercial Maritimo. Madrid: Departamento Editorial del
Comisariado Español Marítimo, 1948.
FERREIRA, W. M.. O Comércio Marítimo e o Navio. In: Revista da Faculdade de Direito
de São Paulo. São Paulo, 1930, v. 36.
GILBERTONI, Carla Adriana Comitre. Teoria e Prática do Direito Marítimo. 2. ed. Rio
de Janeiro: Renovar, 2005.
LACERDA, José Candido Sampaio de. Curso de direito privado da navegação. 3. ed.,
rev. e atual. por Aurélio Pitanga Seixas Filho. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1984.
MATOS, Azevedo. Princípios de Direito Marítimo. Lisboa: Edições Ática, 1955.
KEEDI, Samir; MENDONÇA, Paulo C. C. Transportes e Seguros no Comércio Exterior.
São Paulo: Aduaneiras, 2000.
PIMENTA, Matusalém Gonçalves. Responsabilidade Civil do Prático. Rio de Janeiro:
Lúmen Júris, 2007.
RIPERT, Georges. Précis de droit maritime. Dalloz: Paris, 1949.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
Eletrônicas
Atos Multilaterais Assinados pelo Brasil no Âmbito da Organização Marítima
Internacional. Disponível em: <http://www2.mre.gov.br/dai/imo.htm>.
BIMCO, Baltic Maritime Council. Disponível em: <http://www.bimco.org/>.
CMI, Comitê Marítimo Internacional. Disponível em:
<http://www.comitemaritime.org/>.
DPC, Diretoria de Portos e Costas. Disponível em:
<https://www.dpc.mar.mil.br/normam/tabela_normam.htm>.
IMO, International Maritime Organization. Disponível em: <http://www.imo.org/>.
REGRAS DE YORK E ANTUÉRPIA 2004. Disponível em: <http://
http://www.comitemaritime.org/Uploads/YAR%202004%20english.doc >.
REGRAS DE HAIA OU CONVENÇÃO DE BRUXELAS. Disponível em:
<http://www.admiraltylawguide.com/conven/haguerules1924.html>.
REGRAS DE HAIA-VISBY. Disponível em:
<http://www.admiraltylawguide.com/conven/visbyrules1968.html >.
UNCITRAL. Disponível em: <http://www.uncitral.org/uncitral/en/index.html>.
UNIDROIT. Disponível em: < http://www.unidroit.org/ >.
UNITED NATIONS. United Nations Convention on the Carriage of Goods by Sea.
Disponível em:
<http://www.uncitral.org/pdf/english/texts/transport/hamburg/XI_d_3_e.pdf>.
Jurisprudenciais
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Resp n. 302.212-RJ. Relator: Ministro Castro
Filho. In: DJU, de 27 de junho de 2005.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
Legislativas
BRASIL. Código Civil.
BRASIL. Código de Processo Civil.
BRASIL. Código de Defesa do Consumidor.
BRASIL. Decreto n° 10.773, de 19 de fevereiro de 1914.
BRASIL. Decreto n° 18.871, de 13 de agosto de 1929.
BRASIL. Decreto n° 350, de 25 de janeiro de 1935.
BRASIL. Decreto n° 351, de 01 de outubro de 1935.
BRASIL. Decreto n° 52.493, de 23 de setembro de 1963.
BRASIL. Decreto-Lei n° 116, de 25 de janeiro de 1967.
BRASIL. Decreto n° 64.387, de 22 de abril de 1969.
BRASIL. Decreto n° 64.988, de 13 de agosto de 1969.
BRASIL. Decreto n° 64.989, de 13 de agosto de 1969.
BRASIL. Decreto n° 66.103, de 22 de janeiro de 1970.
BRASIL. Decreto n° 79.437, de 28 de março de 1977.
BRASIL. Decreto n° 80.068, de 02 de agosto de 1977.
BRASIL. Decreto n° 80.672, de 07 de novembro de 1977.
BRASIL. Decreto n° 82.533, de 01 de novembro de 1978.
BRASIL. Decreto n° 87.186, de 18 de maio de 1982.
BRASIL. Decreto n° 87.458, de 16 de agosto de 1982.
BRASIL. Decreto n° 87.975, de 18 de agosto de 1982.
BRASIL. Decreto n° 89.817, de 20 de junho de 1984.
BRASIL. Decreto n° 89.822, de 20 de junho de 1984.
BRASIL. Decreto Legislativo nº 32, de 28 de junho de 1984
BRASIL. Decreto n° 90.385, de 30 de outubro de 1984.
BRASIL. Decreto n° 92.610, de 02 de maio de 1986.
BRASIL. Decreto n° 85, de 11 de abril de 1991.
BRASIL. Decreto n° 144, de 28 de junho de 1991.
BRASIL. Decreto Legislativo nº 69, de 16 de julho de 1996.
BRASIL. Decreto nº 2.256, de 19 de junho de 1997.
25
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
1 Navio e embarcação
O Código Comercial Brasileiro não faz distinção entre as expressões embarcação
e navio. Entretanto, na esteira do entendimento manifestado por SIMAS 27, embarcação
significaria toda a construção destinada a correr sobre água, enquanto o navio seria “toda
construção náutica destinada à navegação de longo curso, de grande e pequena cabotagem,
apropriada ao transporte marítimo ou fluvial” 28 reservada à indústria da navegação.
27
SIMAS, Hugo. Compêndio de direito marítimo brasileiro. São Paulo: Saraiva & Cia Editores, 1938, p.
48.
28
Art. 3º do Decreto n° 15.788/22.
26
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
Assim, é correto afirmar que o navio é uma espécie cujo gênero é a embarcação.
29
Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário.
30
“Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força alheia, sem
alteração da substância ou da destinação econômica social. ”
31
“[...] os navios, por força do art. 82 do Código Civil/1916, são considerados bens móveis. ” (STJ – Resp.
no. 792.444/RJ).
27
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
Nos termos da noção dada pelo direito civil para os bens móveis e atendendo
ao conceito de navio supra-indicado, deve o navio figurar entre aqueles bens.
E assim tem sido considerado desde o direito romano até os dias presentes,
exceto na época medieval, em que o valor do navio, crescendo grandiosamente,
fez que se o admitisse imóvel, a fim de melhor explicar a necessidade de
aumentar o crédito aos senhores feudais32.
32
LACERDA, José Candido Sampaio de. Curso de direito privado da navegação. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 1984, 3ª ed. rev. e atual. por Aurélio Pitanga Seixas Filho, p.53.
33
Lei n° 7.652/1988.
34
Art. 478 do CCom – “Ainda que as embarcações sejam reputadas bens móveis, contudo, nas vendas
judiciais, se guardarão as regras que as leis prescrevem para as arrematações dos bens de raiz; devendo as
ditas vendas, além da afixação dos editais nos lugares públicos, e particularmente nas praças do comércio,
ser publicadas por três anúncios insertos, com o intervalo de 8 (oito) dias, nos jornais do lugar, que
habitualmente publicarem anúncios, e, não os havendo, nos do lugar mais vizinho. Nas mesmas vendas, as
custas judiciais do processo da execução e arrematação preferem a todos os créditos privilegiados.”
35
Decreto n° 15.788/22.
36
Item 0221 da NORMAM/DPC 1.
37
Item 0221 da NORMAM/DPC 1 e 2.
28
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
1.2.1.2 Classe
A classe é estabelecida de acordo com as condições de navegabilidade do navio.
Importante ressaltar que são as sociedades classificadoras as responsáveis por emitir o
certificado de classe, que significa que o navio se encontra dentro dos padrões
internacionais de navegabilidade.
38
LACERDA, José Candido Sampaio de. Curso de direito privado da navegação. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 1984, 3ª ed. rev. e atual. por Aurélio Pitanga Seixas Filho, pp.55-56.
29
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
[...]
Para Embarcações com arqueação bruta inferior a “cem toneladas” não existe a
obrigação de registro de propriedade junto ao Tribunal Marítimo. Para tanto, necessário
se faz a inscrição junto à Capitania dos Portos. O Superior Tribunal de Justiça já se
manifestou sobre a questão. Vejamos:
[...] Embarcações com arqueação bruta inferior a cem toneladas não estão
obrigadas a realizar o registro de propriedade, seja no Tribunal Marítimo, seja
no Tabelião de Registro de Contrato Marítimo. Para essas embarcações, a
inscrição junto à Capitania dos Portos, obrigatória para qualquer tipo ou
tamanho de embarcação, é suficiente para comprovação de propriedade. 39
1.6 Armador
Armador é a pessoa física ou jurídica que arma a embarcação 40, colocando-a nas
condições de navegabilidade necessárias para seu emprego em sua finalidade comercial,
não devendo ser confundido com o proprietário da embarcação.
A definição de armador pode ser encontrada no artigo 2°, III da Lei n° 9.537/1997,
verbis:
Art. 2°. Para os efeitos desta Lei, ficam estabelecidos os seguintes conceitos e
definições:
[...]
III – Armador – pessoa física ou jurídica que, em seu nome e sob sua
responsabilidade, apresta a embarcação para fins comerciais, pondo-a ou não a
navegar por sua conta.
1.6.1 Armador–proprietário
39
REsp 864409 - Relator Ministro Luis Felipe Salomão - Órgão Julgador: 4ª Turma – Data do Julgamento:
23/06/2009 – Data da Publicação/Fonte: DJe 01/07/2009.
40
Armar uma embarcação significa prover-lhe dos materiais necessários para seu funcionamento e muitas
vezes significa, ainda, a colocação de toda a tripulação que irá seguir na expedição marítima.
41
LACERDA, José Candido Sampaio de. Curso de direito privado da navegação. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 1984, 3ª ed. rev. e atual. por Aurélio Pitanga Seixas Filho, p. 69.
32
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
1.6.2 Armador-locatário
Constata-se a existência de proprietários de navios que, por determinado motivo,
não entendem ser conveniente explorar diretamente a embarcação e desenvolver
atividades econômicas na área marítima.
Dessa forma, esses proprietários simplesmente cedem seus navios, desarmados e
sem tripulação a terceiros, os quais assumem a posse e controle dos mesmos visando
exercer uma atividade econômica e tendo o encargo de armar e tripular a embarcação.
Em suma, os proprietários da embarcação abdicam da gestão náutica da
embarcação, bem como da atividade empresarial, deixando essas funções a cargo do outro
contratante, o qual se denomina armador-locatário.
[...] a figura do Operador Técnico surge quando o armador não possui estrutura
própria para suprir o navio com os itens operacionais (Tripulação, Material,
Reparos, etc.) ou mesmo não tem interesse em fazê-lo, e contrata empresa
especializada nesse ramo [...] que passa a agir em nome do Armador em troca
de uma taxa mensal.42
1.8 Fretador
Fretador é a pessoa que dá o navio em afretamento, figurando como parte
contratada nos contratos de afretamento. Pode ser o proprietário da embarcação ou não,
mas também pode ser um afretador que subafreta.
1.9 Afretador
Afretador é aquele que toma o navio em afretamento, figurando como parte
contratante nos contratos de afretamento.
1.10 NVOCC
42
GIBERTONI, Carla Adriana Comitre. Teoria e Prática do Direito Marítimo. Rio de Janeiro: Renovar,
2005. p. 122.
33
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
43
KEEDI, Samir & MENDONÇA, Paulo C. C. Transportes e Seguros no Comércio Exterior. São Paulo:
Aduaneiras, 2000.
44
“É possível, contudo, que o transporte marítimo de mercadorias envolva mais relações negociais.
Normalmente, quando o exportador tem apenas um pequeno lote de mercadorias a embarcar, ele busca um
transportador NVOCC (non vessel operator common carrier), que é uma empresa armadora sem navio, que
se propõe a realizar o transporte de mercadorias unitizando (reunindo) várias cargas em navios de armadores
tradicionais (com navio). Os chamados NVOCC são, portanto, transportadores marítimos não proprietários
de navios que, para realizar o transporte de mercadorias, utilizam espaço em navios de terceiros celebrando
com estes contratos de fretamento, cuja natureza jurídica (conforme já foi ressaltado) é de contrato de
transporte.
O NVOCC, então, ainda que não disponha de navio para realizar o transporte ao qual foi contratado, recebe
do embarcador a mercadoria a ser transportada emitindo conhecimento de embarque (Bill of Lading ou
B/L). E sendo assim, ele assume normalmente as obrigações inerentes à contratação responsabilizando-se
pela correta execução do transporte contratado. Em seguida, esse NVOCC buscará um armador com navio
para que este realize o efetivo transporte de todas essas pequenas cargas recebidas das empresas
exportadoras. Esse transportador, por sua vez, ao receber as mercadorias do NVOCC emitirá outro
conhecimento de embarque estabelecendo-se distinta relação negocial. Nesse contexto, importante verificar
que o NVOCC, na primeira relação negocial, figura como transportador contratado, e, na segunda, como
embarcador contratante. ” (TJRS – AC no. 70020843017 – julg. 29.11.07).
34
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
45
Artigo 2°, inciso XIII da Lei nº 12.815/2013.
35
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--- X ---
46
“O agente marítimo é o representante do armador durante a estada do navio no porto, atuando como seu
mandatário. Nessa condição, pode ser responsabilizado por infração sanitária decorrente de ato próprio. Não
responde, porém, por ato não relacionado com o objeto de seu mandato, praticado por terceiro. Precedentes
da 1ª e da 2ª Turma. (REsp 641.197/PE, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 4.9.2006.)”
(STJ - AgRg no REsp 860149 / PB – julg. 06.11.07).
47
GIBERTONI, Carla Adriana Comitre. Teoria e Prática do Direito Marítimo. Rio de Janeiro: Renovar,
2005. p. 125.
36
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
[...]
Tendo, no entanto, atuado como mero mandatário do armador no que toca aos
desembaraços portuários e outras providências adjacentes, forçoso é concluir
que sua responsabilidade se resume aos encargos efetivamente assumidos, até
porque não teve qualquer influência na escolha da empresa responsável pelas
operações de carga e descarga (fls. 135/139).
[...]
-X-
48
TJSP – AC no. 1094775-0/9 – Des. Relator Carlos Nunes – julg. 29.07.08.
49
BRASIL. STJ – REsp 404745 / SP; Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, DJ 06.12.2004.
50
Publicado no Diário Oficial da União em 17 de agosto de 2010.
37
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1.12.2 Transitários
A Doutrina define transitários da seguinte forma:
51
GIBERTONI, Carla Adriana Comitre. Teoria e Prática do Direito Marítimo. Rio de Janeiro: Renovar,
2005. p. 126.
52
LACERDA, José Candido Sampaio de. Curso de direito privado da navegação. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 1984, 3ª ed., rev. e atual. por Aurélio Pitanga Seixas Filho, p.147.
38
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DIREITO MARÍTMO
1.12.5 Reboque
Atividade desempenhada por embarcação normalmente de pequeno porte com
máquinas de grande potência, no sentido de puxar ou empurrar embarcação que se
encontra impossibilitada de utilizar sua propulsão própria ou que não a apresenta.
A operação de reboque mais usual é realizada com cabos de reboque que são
conectados no rebocador e no navio rebocado, por meio dos quais é exercida a força de
tração.
O reboque igualmente pode ser realizado através da atividade de empurrar, sistema
que é mais utilizado no transporte fluvial de barcaças sem propulsão. O rebocador,
denominado empurrador, posiciona-se na popa do comboio formado por barcaças e
empurra as embarcações durante a travessia fluvial.
O reboque pode ser utilizado para auxílio em manobras de atracação/desatracação
em diques, terminais e portos ou para deslocamento de barcaças, plataformas e outros
navios em alto mar ou em hidrovias, sejam para fins de transporte ou para salvamento de
embarcação.
Classificam-se, portanto, os serviços de reboque como:
a) rebocadores para auxílio de manobras, ou reboque-manobra; e
b) rebocadores para reboque propriamente dito de embarcações ou reboque-transporte.
Importante destacar que nas operações de atracação, desatracação, amarração,
desamarração, entrada e saída de barras, o Comandante do navio auxiliado por
rebocadores sempre permanece responsável e comanda a manobra. Já nos serviços de
reboque-transporte, a responsabilidade e comando da manobra são do Comandante do
rebocador.
Atualmente, existem empresas altamente especializadas na prestação de serviços
de reboque, seja na operação de reboque-manobra, seja na operação de reboque-
transporte.
39
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
Rebocadores operando
1.12.6 Praticagem
A praticagem53 é o serviço de assistência prestado por profissional devidamente
habilitado ao Comandante de navio em manobras nas quais é imprescindível expertise e
conhecimento específico sobre determinadas condições e características de determinadas
áreas, visando sempre a segurança da navegação.
A Doutrina aborda o assunto com clareza, verbis:
53
Decreto n° 2.596/1998.
“Art. 1º Os aquaviários constituem os seguintes grupos:
(omissis)
V - 5º Grupo - Práticos: aquaviários não-tripulantes que prestam serviços de praticagem embarcados; ”
54
GIBERTONI, Carla Adriana Comitre. Teoria e Prática do Direito Marítimo. Rio de Janeiro: Renovar,
2005. p. 133.
40
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41
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DIREITO MARÍTMO
55
PIMENTA, Matusalém Gonçalves. Responsabilidade Civil do Prático. Rio de Janeiro: Lúmen Júris:
2007, 1ª ed., p. 135.
42
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-X-
56
Processo nº 19.042/00.
43
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
De tudo o que consta nos presentes autos, verifica-se que a causa determinante
do encalhe, foi o erro de manobra realizada na desatracação do navio.
A unanimidade da prova produzida nos autos indicou que o navio não possuía
qualquer deficiência de máquinas ou governo, como também todas as ordens
indicadas pelo prático foram prontamente atendidas pelos rebocadores.
Também restou provado que as condições da batimetria e do posicionamento
das bóias eram normais, além de não existir qualquer anormalidade nas
condições ambientais.
O laudo de exame pericial deu conta de apurar que houve por parte dos
responsáveis pela manobra, prático e comandante, erro na escolha do rumo e
na avaliação dos abatimentos recomendados para as condições reinantes de
maré e corrente no momento do acidente.
Assim, deve ser julgado integralmente procedente a representação,
responsabilizando os representados pelo acidente.
Assim, acordam os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à
natureza e extensão do acidente: encalhe de N/M com danos de pequena monta,
sem vítimas; b) quanto à causa determinante: erro de manobra; c) decisão:
julgar o acidente da navegação previsto no art. 14, ‘a’, da Lei nº 2.180/1954,
como decorrente da imperícia dos representados, [...], prático, e [...],
comandante, condenando cada um à pena de multa de R$ 1.000,00 (mil reais)
e custas. [...]57.
57
Processo nº 21.644/05.
58
CCom “Art. 497 - O capitão é o comandante da embarcação; toda a tripulação lhe está sujeita, e é obrigada
a obedecer e cumprir as suas ordens em tudo quanto for relativo ao serviço do navio. ”
44
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
59
CCom “Art. 519 - O capitão é considerado verdadeiro depositário da carga e de quaisquer efeitos que
receber a bordo, e como tal está obrigado à sua guarda, bom acondicionamento e conservação, e à sua pronta
entrega à vista dos conhecimentos (artigo nºs 586 e 587). ”
45
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46
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DIREITO MARÍTMO
-X-
II - área do porto organizado: área delimitada por ato do Poder Executivo que
compreende as instalações portuárias e a infraestrutura de proteção e de acesso
ao porto organizado;
VIII - (VETADO):
48
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
a) (VETADO);
b) (VETADO); e
c) (VETADO);
1.14.1 Intermodalidade
É o transporte de mercadorias em duas ou mais modalidades em uma mesma
operação, na qual cada transportador emite seu próprio conhecimento de transporte,
responsabilizando-se individualmente pelo serviço prestado durante o seu respectivo
modal, que pode ser rodoviário, ferroviário, marítimo, aéreo, hidroviário ou dutoviário.
1.14.2 Multimodalidade
49
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DIREITO MARÍTMO
CASO GERADOR
A empresa “Montefiore”, com sede no Rio de Janeiro, adquiriu no exterior
diversas peças para produção de geladeiras em sua fábrica no Brasil.
Para o transporte marítimo de suas mercadorias, contratou o N.V.O.C.C. "Fast
Logistics", que emitiu o Conhecimento de Transporte (HB/L) nº FLGE0123.
O N.V.O.C.C, por sua vez, contratou o transportador marítimo grego “Anteros”,
que possui linhas regulares para o Brasil, o qual emitiu o seu próprio Conhecimento de
Transporte master (MB/L) nº SRN1111, atestando o recebimento da carga a bordo do seu
navio "Eros" em bom estado.
Sendo assim, a aludida mercadoria foi então embarcada no porto de origem,
acondicionada no contêiner nº GLEU5738 viagem 013N, com destino ao Porto de Itaguaí
- RJ.
Sucede que, durante a travessia marítima, o navio "Eros" enfrentou forte
tempestade, resultando em avarias nas mercadorias importadas pela "Montefiore".
50
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
QUESTÕES DE AUTOMONITORAMENTO
1. Após ler a apostila, você é capaz de resumir o caso gerador, identificando as partes
envolvidas, os problemas atinentes e as possíveis soluções cabíveis?
2. Defina armador.
3. Defina NVOCC.
4. Quais são as funções do agente marítimo? O agente marítimo seria parte legítima para
responder por avaria de carga transportada por seu armador?
5. Qual é a função e importância do prático?
6. Discorra sobre as funções do Comandante.
7. Pense e descreva, mentalmente, alternativas para a solução do caso gerador.
REFERÊNCIAS
Bibliográficas
1 Utilizadas
ANJOS, J. Haroldo dos & GOMES, Carlos R. C. Curso de Direito Marítimo. Rio de
Janeiro: Renovar, 1992.
FARINA, Francisco. Derecho Comercial Maritimo. Madrid: Departamento Editorial del
Comisariado Español Marítimo, 1948, 1ª ed.
FERREIRA, W. M. “O Commercio Marítimo e o Navio”. In Revista da Faculdade de
Direito de São Paulo. São Paulo, 1930, vol. 36.
51
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DIREITO MARÍTMO
Jurisprudencial
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp n. 864409. Relator: Ministro Luis Felipe
Salomão Quarta Turma. Julgado em 23 de junho de 2009. In: DJe, de 01 de julho de 2009.
BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. REsp n. 792444 / RJ – J. 06/09/2007. In: DJ, 26
de setembro de 2007.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AgRg no REsp n. 860149-PB. Julgado em 06 de
novembro de 2007.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp n. 404745-SP. Relator: Ministro Jorge
Scartezzini. In: DJ, de 06 de dezembro de 2004.
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. AC n. 70020843017.
Julgado em 29 de novembro de 2007.
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. AC n. 1094775-0/9. Relator:
Desembargador Carlos Nunes. Julgado em 29 de julho de 2008.
Legislativa
BRASIL. Código Comercial
BRASIL. Código Civil
BRASIL. Decreto n° 15.788, de 08 de novembro de 1922.
52
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
ROTEIRO DE ESTUDO
A cadeira de meio ambiente marítimo pretende não só tratar das consequências
imediatas da poluição marinha, mas também alçar os pontos nodais ao tratamento legal
das questões ambientais de modo a que sejam compreendidos os princípios e os
instrumentos que lastreiam a política ambiental, inicialmente como gestora e, só após,
como fiscalizadora das condutas poluentes.
Tratar de poluição marinha sob o aspecto jurídico sem conhecer os princípios e as
políticas de meio ambiente, seria como imaginar que para o bom exercício da advocacia,
qualquer um, desde que vestido com um bom terno, pudesse exercer bem a profissão,
mesmo sem conhecê-la. É como imaginar que apenas o “bom senso” seria suficiente para
convencer o Judiciário ou o órgão fiscalizador. Precisa, antes de tudo, compreender que a
visão do Direito Ambiental não pode ser a mesma daquela do Direito Civil.
Hoje, o bom advogado/gestor, ao tratar de meio ambiente, precisa conhecer todos
os elos da cadeia. Desde a viabilização econômica (fontes de financiamento) do
empreendimento, passando pelo projeto, instalação e início da operação, a gestão
ambiental, os incidentes e o descomissionamento. Precisa também conhecer o “Negócio”
e aprender a língua do técnico ambiental, de modo a facilitar sua tarefa e encurtar o
caminho do seu cliente.
Considerando que a prevenção não é somente o mais correto como também o mais
econômico modo de tratar o meio ambiente, faz-se mister ao advogado/gestor
53
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
60
Organização das Nações Unidas.
54
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
documento final, intitulado “O Futuro que Queremos”61, consta uma parte destinada aos
mares e oceanos, destacando-se os artigos 158 -164 e mais em especial o artigo 163, que
abaixo destacamos como exemplo;
“163. We note with concern that the health of oceans and marine biodiversity
are negatively affected by marine pollution, including marine debris, especially
plastic, persistent organic pollutants, heavy metals and nitrogen-based
compounds, from a number of marine and land-based sources, including
shipping and land run-off. We commit to take action to reduce the incidence
and impacts of such pollution on marine ecosystems, including through the
effective implementation of relevant conventions adopted in the framework of
the International Maritime Organization, and the follow-up of relevant
initiatives such as the Global Programme of Action for the Protection of the
Marine Environment from Land-based Activities,42 as well as the adoption of
coordinated strategies to this end. We further commit to take action to, by 2025,
based on collected scientific data, achieve significant reductions in marine
debris to prevent harm to the coastal and marine environment.”
61
Documento disponível em: < www.uncsd2012.org/thefuturewewant.html >.
55
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
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62
Ver também: < http://www.imo.org/Pages/home.aspx>.
58
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61
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63
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66
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DIREITO MARÍTMO
Esta lei trouxe uma série de inovações entre elas a responsabilização de pessoas
jurídicas e físicas, autoras e coautoras da infração e o fato de que a punição poderá ser
extinta com a apresentação de laudo que comprove a recuperação do dano ambiental. No
entanto, para constatação do dano à fauna pelos vazamentos de óleo, por exemplo, é
necessário comprovar que houve dano, fato este que nem sempre é fácil de ser evidenciado
principalmente quando se trata da microfauna marinha. 63
63
Ver também: Lei 12.305/10 Artigos 7º ao 15; 23 e 54.
64
Ver também: Lei 9.966/20 Artigos 6º ao 9º.
65
Ver também: Lei 9.966/2000 Artigos 15 a 17; 21 e 23.
67
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
66
Ver também: Lei 9.966/200 Artigo 25.
67
Ver também: Lei 9.966/200 Artigos 27; 28 e 32.
68
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
atingiu o percentual mínimo da frota mundial-, o Brasil já aplica a NORMAM 20, que
possui as mesmas diretrizes da Convenção.
Importante ressaltarmos que esta Normam disciplina a constatação das infrações,
a competência para sua apuração, lavratura do auto de infração, defesa e julgamento do
autuado, recurso contra decisão condenatória, pagamento da multa, responsabilidade civil
pelos danos causados pelo lançamento poluente e caução.
Destarte, existem embarcações que são isentas do cumprimento desta Norma
devendo operar de modo a evitar a contaminação do meio ambiente pelo deslastro da
Água de Lastro e seus sedimentos. Para tanto, é necessário solicitar à Diretoria de Portos
e Costas (DPC) a emissão do certificado de isenção, de forma previa e fundamenta, pelo
armador ou responsável pela embarcação.
69
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DIREITO MARÍTMO
70
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
Lei Federal nº 7.347 de 24/07/85: Ação Civil Pública por Danos Causados ao Meio
Ambiente - Institui a Ação Civil Pública de Responsabilidade por Danos Causados ao
Meio Ambiente, ao Consumidor, a Bens e Direitos de Valor Artístico, Estético, Histórico
e Paisagístico. Estas ações objetivam responsabilizar e obrigar o poluidor a reparar o dano
gerado. A lei disciplina as Ações Civis Públicas que podem ser propostas pelo Ministério
Público, pela União, Estados e Municípios ou por autarquias, empresas públicas,
fundações, sociedades de economia mista ou associações de defesa ao meio ambiente.
3. Responsabilidade ambiental
A doutrina é fértil para propor conceitos ambientais. A Lei de Política Nacional
do Meio Ambiente nº 6.938/1981, em seu art. 3º, também prevê alguns conceitos
importantes, senão vejamos:
Meio ambiente – conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas;
Degradação da qualidade ambiental - alteração adversa das características do meio
ambiente;
Poluição - degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta
ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
Poluidor: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável,
direta ou indiretamente, por atividades causadoras de degradação ambiental;
Recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas,
os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo e os elementos da biosfera, a fauna
e a flora. (Redação dada pela lei 7.804/89).
71
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
68
FIORILLO, 2010. p.72.
72
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
3.4 Responsabilidades
No tocante à responsabilidade ambiental, cumpre destacar que a responsabilidade
se subdivide em penal, civil e administrativa.
A responsabilidade pode ser individual ou coletiva. No caso da responsabilidade
coletiva, as pessoas jurídicas poderão ser responsabilizadas administrativa, civil e
penalmente, conforme o disposto na Lei nº 9.605/1998, nos casos em que a infração seja
cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado,
no interesse ou benefício da sua entidade.
75
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
Nesse particular, o sujeito do crime poderá ser quem, de alguma forma, concorre
para a prática dos crimes previstos na Lei nº. 9.605/1998, incidindo nas penas a estes
cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o
membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário
de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua
prática, quando podia agir para evitá-la.
Quanto à responsabilidade penal ambiental das pessoas jurídicas, não obstante
ainda muito discutida e menos ainda aplicada, foi uma tentativa de avanço a fim de que
se possa responsabilizar empresas, grandes conglomerados e grupos econômicos. Para a
culpabilidade da pessoa jurídica, será considerada a responsabilidade social, englobando
aí seu comportamento institucional, a exigibilidade de conduta diversa. Ressalte-se que a
responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras
ou partícipes do mesmo fato.
Os sujeitos ativos do crime estão previstos nos artigos 2º ao 4º da Lei nº 9.605/1998
e o sujeito passivo será sempre a coletividade conforme depreende o Art. 225 da CRFB
ao afirmar que o meio ambiente é um bem de uso comum do povo.
As penas aplicáveis às pessoas jurídicas por responsabilidade ambiental no âmbito
penal estão dispostas no Art. 15 da lei 6.938/81, quais sejam:
Multa;
Restritivas de direitos:
Suspensão parcial ou total de atividades: quando estas não estiverem obedecendo às
prescrições legais;
Interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
69
SILVA, Bruno Campos. Direito Ambiental – Enfoques variados. São Paulo: Lemos & Cruz, 2004. p. 270.
76
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
Proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios,
subvenções ou doações.
Prestação de serviços à comunidade:
Custeio de programas e de projetos ambientais;
Execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
Manutenção de espaços públicos;
Contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
Desde 2002, portanto, passa a ser cabível a responsabilidade penal das pessoas
jurídicas.
A consciência ambiental pátria deve estar bem conjugada com os modernos
mecanismos empresariais e de grupos de sociedades, bem como se mostra cada vez mais
importante a noção de desenvolvimento sustentável/responsabilidade corporativa de
modo a juntos antever o futuro do direito penal caminhando para o exercício das medidas
várias também em face de pessoas jurídicas.
adequada às normas ambientais, ainda terá que reparar os danos causados ao meio
ambiente, assim como a terceiros.
Da mesma forma, a doutrina mansa e pacífica considera que a responsabilidade é
solidária entre todos os agentes indicados, sendo o Ministério Público da União e dos
Estados legitimados para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos
causados ao meio ambiente, ficando a cargo do poluidor as custas e despesas processuais.
78
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
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para apuração destas infrações e dá outras providências”, destacando seus arts. 61 e 62,
que vem no mesmo sentido do art. 54 da lei 9.605/98.
Por fim, convém comentar que o STJ proferiu recentemente no AREsp 62584/RJ,
decisão que tende a ser um leading case, aplicando natureza subjetiva à responsabilidade
administrativa ambiental70.
3.4.3.2 Competências
O Brasil, como uma República Federativa, pressupõe a ideia de cooperação mútua
para preservação e proteção do meio ambiente. Logo, nos diferentes âmbitos da federação
(federal, estadual ou municipal) importantes órgãos governamentais tratam da questão
ambiental, por meio da cooperação e da divisão de funções, senão vejamos:
SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente, instituído Lei nº
6.938/1981, e regulamentado pelo Decreto n° 99.274/1990, tem como órgão
superior o Conselho de Governo; órgão consultivo e deliberativo do
70
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. DANO AMBIENTAL. ACIDENTE
NO TRANSPORTE DE ÓLEO DIESEL. IMPOSIÇÃO DE MULTA AO PROPRIETÁRIO DA CARGA.
IMPOSSIBILIDADE. TERCEIRO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA.
I - A Corte de origem apreciou todas as questões relevantes ao deslinde da controvérsia de modo integral
e adequado, apenas não adotando a tese vertida pela parte ora Agravante. Inexistência de omissão.
II - A responsabilidade civil ambiental é objetiva; porém, tratando-se de responsabilidade administrativa
ambiental, o terceiro, proprietário da carga, por não ser o efetivo causador do dano ambiental, responde
subjetivamente pela degradação ambiental causada pelo transportador.
III - Agravo regimental provido.
(STJ, AgRg no AREsp 62584 - RJ, Rel. Min. REGINA HELENA COSTA, Primeira Turma, Julgado em 18
de junho de 2015)
79
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71
Conselho Nacional do Meio Ambiente.
81
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72
Lei nº 9.605/1998.
83
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Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou
outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado.
Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será fixado no regulamento
desta Lei e corrigido periodicamente, com base nos índices estabelecidos na
legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 e o máximo de R$
50.000.000,00.
84
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73
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 294.
74
Sistema Nacional do Meio Ambiente.
85
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instalações de apoio,75 deve ser comunicado ao órgão ambiental competente, bem como à
Capitania dos Portos e à ANP.76
75
Lei nº 9.966/2000 – “Art. 22. Qualquer incidente ocorrido em portos organizados, instalações portuárias,
dutos, navios, plataformas e suas instalações de apoio, que possa provocar poluição das águas sob jurisdição
nacional, deverá ser imediatamente comunicado ao órgão ambiental competente, à Capitania dos Portos e
ao órgão regulador da indústria do petróleo, independentemente das medidas tomadas para seu controle.”.
76
Agência Nacional do Petróleo.
86
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77
Estudo de Impacto Ambiental.
87
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78
International Convention for the Safety of Life at Sea, ratificada pelo Brasil pelo Decreto nº 87.186/1982.
88
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89
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O transporte marítimo desde os tempos arcaicos sempre foi o meio mais utilizado
pelo comércio global. Com a globalização e a intensificação das transações internacionais,
nos últimos tempos, aumentou drasticamente o fluxo de bens, exigindo cada vez mais
ampliação e modernização das instalações portuárias por todo o mundo.
De acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e
Desenvolvimento (UNCTAD) estima-se que o transporte marítimo lida com mais de 80%
do comércio mundial em volume 79, muito a frente dos transportes aéreos e terrestres, e a
porcentagem é ainda maior para a maioria dos países em desenvolvimento.
Atualmente, o transporte marítimo/portuário está enfrentando um novo e
complexo momento, o que envolve tanto desafios como oportunidades.
Na busca soluções para esta problemática e em razão da necessidade de proteger
o meio ambiente costeiro e marinho sem impedir o desenvolvimento econômico, os portos
devem se adequar às normas ambientais preventivas, mitigatórias ou compensatórias para
evitar e/ou reduzir os impactos gerados por suas próprias instalações e pelas embarcações.
Observa-se que os empreendimentos portuários são implantados em locais que
podem guardar imensa importância ambiental por sua variedade de fauna e flora, sendo
estes altamente sensíveis aos impactos negativos provocados pelo homem.
Os portos, na maioria das vezes, são construídos em localidades de natureza
favorável e abrigados, como regiões de estuários e baías, onde a ação das ondas é mínima
possibilitando atividades de atracação, carga e descarga, dentre outros. Quando instalados
fora dessa área, os riscos ambientais já são potencializados e iminentes, pois é necessária
a construção de quebra-mares, alargam-se ou dragam-se rios e canais, etc.
Sendo assim, as estruturas organizacionais desses empreendimentos devem ser
capazes de atender aos cuidados e demandas ambientais. E por tal motivo são necessárias
ações diversas, como, por exemplo, a educação ambiental dos agentes portuários, que
geralmente é definida como uma condicionante no processo de licenciamento. 80
79
Disponível em: <http://unctad.org/en/Pages/Publications/Review-of-Maritime-Transport-(Series).aspx>.
Acesso em: 19/08/2015.
80
ALVES, Marina. O que as Mudanças Climáticas, a Sustentabilidade, o Princípio da Precaução e do
Poluidor-Pagador, as Evidências e Outras Questões Ambientais se Relacionaram de Forma Simples com a
Atividade Portuária. In: Direito Portuário: contratos, regulação e mercado. (Conclusões do III
Seminário sobre Direito Portuário). Brasília: IP. 2011, p. 153.
91
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81
Ver também: Principais Portos do Brasil. Disponível em:
< http://www.antaq.gov.br/Portal/Portos_PrincipaisPortos.asp>.
82
GÓIS SOBRINHO, Ednaldo Moreno. Análise dos Impactos Econômicos dos Investimentos no Porto de
Suape – Parte I Disponível em:
< http://www.fipe.org.br/publicacoes/downloads/bif/2014/3_17-25-edn.pdf >.
92
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83
Disponível em: < http://www.portosdobrasil.gov.br/assuntos-1/meio-ambiente>.
84
O art. 12 da Resolução CONAMA n° 237/97 admite que o órgão ambiental competente definirá, caso
necessário, procedimentos específicos para as licenças ambientais. É admissível, por exemplo, a tramitação
de processo de licenciamento único para pequenos empreendimentos, como versa o § 2º do mesmo
dispositivo.
85
BRASIL. Resolução CONAMA n° 237 de 19 de dezembro de 1997. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano.cfm?codlegitipo=3.
93
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86
BRASIL. Decreto nº 95.733, de 12 de fevereiro de 1988. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D95733.htm >.
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4.4 Dragagem
A dragagem é uma das operações essenciais para a construção e manutenção dos
portos, pois permite a continuidade operacional e das condições de navegabilidade através
da remoção, limpeza, desobstrução, derrocamento ou escavação de material do fundo do
mar.
Pode ser realizada no momento da implantação do porto para aumentar ou manter
a profundidade do canal de navegação, no cais de atracação e na bacia de evolução, sendo
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Por fim, cumpre pontuar que outros institutos reforçam a preocupação ambiental
no setor marítimo e portuário como, por exemplo, a Agenda Ambiental Portuária (APP),
Índice de Desempenho Ambiental Portuário (IDA) e Auditoria Ambiental.
87
DPC. NORMAM 11. Disponível em:
< https://www.dpc.mar.mil.br/normam/N_11/normam11.pdf>.
98
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REFERÊNCIAS
Bibliográficas
1 Utilizadas
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental. São Paulo: Malheiros, 2008.
MARTINS, Eliane Maria Octaviano. Curso de Direito Marítimo. 4º Edição. Volume I –
Teoria Geral. São Paulo: Manole, 2013.
MILARÉ, Edis. Direito do Meio Ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.
PEREIRA, Rucemah Leonardo Gomes. Impactos ambientais em desastres marítimos. Rio
de Janeiro: FUNENSEG, 2003.
PETERS, Edson Luiz; PIRES, Paulo de Tarsa de Lara. Manual de Direito Ambiental.
Curitiba: Juruá, 2000.
POLIDO, Walter. Seguros para riscos ambientais. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2005.
PORTO, Marcos; TEIXEIRA, Sergio. Portos e Meio Ambiente. São Paulo: Aduaneiras,
2002.
SCALASSARA, Lecir Maria. Poluição Marinha e proteção jurídica internacional.
Curitiba: Juruá, 2008.
SILVA, Bruno Campos. Direito Ambiental – Enfoques variados. São Paulo: Lemos &
Cruz, 2004.
Eletrônicas
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas: < http://www.abnt.org.br/>.
ABTC - Associação Brasileira de Logpistica e Transporte de Carga: <
http://www.abtc.org.br/>.
Agência Nacional de Águas: < http://www2.ana.gov.br/Paginas/default.aspx>.
Ambiente Brasil: < http://www.ambientebrasil.com.br/>.
Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo: < http://www.abeam.org.br/>.
Cais do Porto: < http://www.caisdoporto.com/v2/index.php>.
Comissão Coordenadora dos Assuntos da Organização Marítima Internacional (CCA-
IMO): <https://www.ccaimo.mar.mil.br>.
Diretoria de Portos e Costas: <https://www.dpc.mar.mil.br/pagina.html>.
ESPO - European Sea Ports Organisation: < http://www.espo.be/ >.
100
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DIREITO MARÍTMO
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis: <
http://www.ibama.gov.br/>.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: < http://www.ibge.gov.br/home/>.
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada: < http://www.ipea.gov.br/portal/>.
Marinha do Brasil: < http://www.marinha.mil.br/>.
Ministério do Meio Ambiente: <www.mma.gov.br>.
Ministério dos Transportes: < http://www.transportes.gov.br/>.
Organização Marítima Internacional: <www.imo.org>.
Porto gente: < http://portogente.com.br/>.
Secretaria de Portos: < http://www.portosdobrasil.gov.br/>.
Tribunal Marítimo: < https://www.mar.mil.br/tm/>.
UNCTAD - United Nations Conference on Trade and Development: <
http://unctad.org/en/Pages/Home.aspx>.
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Legislativas
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ROTEIRO DE ESTUDO
1 Seguros Marítimos
1.1 Aspectos gerais do contrato de seguro
A indústria da navegação e do transporte marítimo, bem como outras diversas
operações comerciais relacionadas à área, envolve vultoso capital econômico, o que, por
um lado, pode significar considerável retorno aos grandes investimentos realizados e, por
outro, grandes prejuízos.
Isto porque as atividades em comento, notadamente o transporte marítimo,
normalmente estão submetidas a grandes riscos, os quais, caso materializados, podem
resultar em prejuízos extraordinários que nem sempre são passíveis de absorção pelas
reservas financeiras das empresas envolvidas.
Nesse sentido, inclusive, emprega-se a expressão “Aventura Marítima” à
navegação sobre o mar, em razão da dificuldade de controlar ou suportar as imprevisíveis,
irresistíveis e inevitáveis intempéries da natureza.88
Em virtude dos riscos e probabilidades de ocorrência de grandes prejuízos para os
players da área marítima, ainda que presente a adoção de medidas de prevenção rigorosas
e teoricamente eficazes, insurge a necessidade de obtenção de garantias de forma a
conceder a segurança imprescindível ao desempenho das atividades econômicas.
Trata-se do relevante instituto do seguro, segundo o qual se opera a transferência
de risco para terceiro, o segurador. Sobre o assunto, registre-se, inclusive, que o primeiro
ramo do seguro a ser praticado era relacionado exatamente à área marítima.
Nos termos da definição legal, “Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga,
mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo à
pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados. ” (Art. 757 do Código Civil).
88
Registre-se que atualmente, com a significativa evolução tecnológica, há corrente doutrinária e
jurisprudencial que rechaça o referido conceito.
89
FIÚZA, César. Direito Civil – Curso Completo. 5. ed. Rio de Janeiro: Del Rey, 2002.
____________________________________________________ 104
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DIREITO MARÍTMO
[...] pelo qual o segurador, tomando sobre si a fortuna e riscos do mar, se obriga
a indenizar ao segurado da perda ou dano que possa sobrevir ao objeto do
seguro, mediante um prêmio ou soma determinada, equivalente ao risco
tomado, só pode provar-se por escrito, a cujo instrumento se chama apólice;
contudo julga-se subsistente para obrigar reciprocamente ao segurador e ao
segurado desde o momento em que as partes se convierem, assinando ambas a
minuta, a qual deve conter todas as declarações, cláusulas e condições da
apólice. (art. 666)
90
Nesse sentido: “Majoração do risco coberto, descompasso existente entre a realidade resultante do risco
atual e do valor do prêmio. ” BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. AC n.
2007.001.56739. Julgado em 05 de dezembro de 2007. Vide também: BRASIL. Tribunal de Justiça do
Estado do Rio de Janeiro. AC n. 55760/2007. BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. AC n.
983625-0/1.
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91
Art. 766 do Código Civil: “Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ou
omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito à
garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido.
Parágrafo único. Se a inexatidão ou omissão nas declarações não resultar de má-fé do segurado, o segurador
terá direito a resolver o contrato, ou a cobrar, mesmo após o sinistro, a diferença do prêmio. ”
92
Dicionário de seguros do IRB, p. 123.
____________________________________________________ 106
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DIREITO MARÍTMO
1.4 Resseguro
O resseguro é um mecanismo de transferência de riscos garantidos por uma
seguradora (que passa a ser denominada cedente ou ressegurada neste processo), cuja
retenção não é financeiramente viável e/ou estrategicamente interessante, para outra
seguradora (então ressegurador).
O resseguro é um tipo de pulverização em que o segurador transfere a outrem, total
ou parcialmente, o risco assumido, sendo, em resumo, um seguro da seguradora.
Entretanto, há que se observar que a seguradora, independentemente das cessões
de resseguro que realizar, permanece integralmente responsável, perante o segurado, pela
garantia dos riscos cobertos pela apólice emitida, bem como pelo pagamento de eventual
indenização securitária. Após mais de 60 anos de monopólio do IRB – Instituto de
Resseguros do Brasil – nas operações de resseguro e retrocessão, ocorreu a abertura do
mercado no ano de 2007/2008. A Lei Complementar n° 126/2007 e a Resolução CNSP
n° 168/2007 dispõem que as operações de resseguro e retrocessão passam a ser realizadas
por resseguradoras locais, admitidas e eventuais.
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DIREITO MARÍTMO
1.5 Retrocessão
Operação feita pelo ressegurador e que consiste na cessão de parte das
responsabilidades por ele aceitas a outro ou outros resseguradores. Em outro enfoque: é o
seguro de um ressegurador.
Os contratos de retrocessão são, basicamente, da mesma natureza dos utilizados
em operações de resseguro, deles diferindo apenas na condição dos participantes, pois
enquanto o segurador direto faz cessões em resseguro, o ressegurador faz retrocessões a
outros resseguradores.
Em qualquer caso, tanto nas operações de resseguro quanto nas de retrocessão, o
ressegurador e o retrocessionário, como regra geral, obrigam-se apenas com as entidades
que lhes fizeram cessões ou retrocessões, e não diretamente com os segurados ou com os
cedentes anteriores.
____________________________________________________ 108
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
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Lloyd’s atualmente
93
Hull & Machinery Insurance.
94
Art. 690 do Código Comercial: Declarando-se genericamente na apólice, que se segura o navio sem outra
alguma especificação, entende-se que o seguro compreende o casco e todos os pertences da embarcação,
aprestos, aparelhos, mastreação e velame, lanchas, escaleres, botes, utensílios e virtualhas ou provisões; mas
em nenhum caso os fretes nem o carregamento, ainda que este seja por conta do capitão, dono ou armador
do navio.
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6 – RISCOS NÃO COBERTOS
6.1 – Falta de Condições de Navegabilidade – A Seguradora não responderá por qualquer prejuízo nem
indenizará qualquer perda ou dano proximamente causado ou atribuível à inavegabilidade da embarcação
coberta por esta apólice:
a) nos seguros por viagem, se a embarcação não tiver, ao início do risco, condições satisfatórias de
navegabilidade para levá-la a bom termo; e, se a viagem compreender etapas distintas que demandem
equipamento ou aprestamento especial, se não tiver tais condições em cada etapa de per si;
b) nos seguros a prazo quando, em qualquer tempo e com o conhecimento e tácito assentimento do segurado,
seu proprietário/armador ou administrador, a embarcação se fizer ao mar ou outra via navegável, iniciando
ou prosseguindo viagem ou operação, sem que para tanto tenha condições satisfatórias de navegabilidade e
segurança.
6.2 – Vício Próprio – Esta apólice não cobre o vício próprio, o uso e desgaste, ou a deterioração do objeto
segurado ou de parte do mesmo, nem as despesas necessárias à sua eliminação; e a Seguradora não
indenizará qualquer perda ou dano proximamente causado ou atribuível a quaisquer daqueles fatores, salvo
na hipótese de “Vício Oculto” admitido pela Seguradora ou pelo Tribunal Marítimo, ou pela autoridade
judicial competente, em decisão final.
6.3 – Fato do Segurado – A Seguradora não responderá por qualquer prejuízo proximamente causado ou
atribuível a fato do Segurado, mas, salvo disposição em contrário nesta apólice, responderá por qualquer
prejuízo proximamente causado por risco objeto da cobertura, ainda que tal prejuízo não devesse ter
ocorrido senão por falta ou negligência do Capitão, dos Oficiais, do prático ou da tripulação. Para os fins
deste item, a palavra “Segurado” compreende também o proprietário, armador ou administrador que detiver
o efetivo controle e gerência da embarcação Segurada.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
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6.4 – Operações Ilícitas – Esta apólice não dá qualquer cobertura, seja a que título for, aos riscos diretamente
resultantes do emprego da embarcação no contrabando ou em outra operação, tráfego ou comércio ilícito
ou clandestino, ou em violação de bloqueio, e a Seguradora não admitirá qualquer pedido de indenização
de prejuízos proximamente causados ou atribuíveis àqueles riscos, quer tal emprego ocorra com a
conivência do Segurado, armador ou administrador da embarcação, quer decorra de sua negligência
caracterizada ou omissão culposa (subitem 5.2.1) em relação ao disposto na alínea “c” do item 5.2 da
Cláusula 5.
6.5 – Desvio de Rota – Nos seguros por viagem, a agravação dos riscos resultante do desvio ou
prolongamento voluntário da rota originalmente prevista na apólice e os prejuízos daí decorrentes só terão
cobertura mediante o cumprimento do disposto no item 1.2 da Cláusula 1 (COBERTURA); salvo em caso
de força maior, como medida de segurança para o navio e/ou sua carga, ou para prestação de socorro ou
assistência a outra embarcação em apuros e/ou visando ao salvamento de vida humana em perigo.
6.6 – Roeduras por Vermes, etc. – Esta apólice não cobre os danos causados a embarcação ou seus pertences
por roeduras ou perfurações por vermes, insetos ou outros bichos, nem as despesas de substituição das partes
afetadas; quanto aos prejuízos consequentes daqueles danos e apenas quando caracterizado o “vício oculto”,
aplica-se o disposto no item 6.2.
6.7 – Quarentena e Estadia em Porto – Nenhuma reclamação ou indenização será admitida sob esta apólice
com base em despesas de invernada ou quarentena por motivos sanitários ou regulamentares. Em caso de
sinistro coberto por esta apólice, as despesas de estadia só serão indenizáveis quando e na medida em que
compreendidas em condição particular anexa à presente apólice. Em nenhuma outra hipótese caberá
qualquer indenização a título de demora ou estadia da embarcação no porto.
6.8 – Lucros Cessantes – Acham-se excluídos da cobertura concedida por esta apólice os lucros cessantes,
ou perdas equivalentes sofridas pelo Segurado ou beneficiário deste seguro, seja qual for sua causa, origem
ou conceituação e ainda que decorrentes de sinistro coberto por esta apólice.
6.9 – Poluição – A poluição que venha a ser causada pela embarcação segurada, ou que dela se origine, bem
como as multas, prejuízos, danos e responsabilidades que dela resultarem, acham-se totalmente excluídas
da cobertura concedida por esta apólice.
6.10 – Riscos de Radioatividade – Ressalvado o disposto na alínea “e” do item 1.3 da Cláusula 1, a presente
apólice não dá qualquer cobertura aos riscos de radioatividades e às responsabilidades decorrentes.
6.11 – Roubo e Furto – Não estão compreendidos na cobertura, nem equiparados à pilhagem e a predação,
para fins desta apólice, o roubo e/ou furto de peças, pertences ou provisões da embarcação ou de sua
tripulação, nem o da própria embarcação, praticado por tripulantes ou por outrem.
6.12 – Riscos de Guerra, Greves e Correlatos – Acham-se igualmente excluídos da cobertura, salvo
disposição expressa em contrário nas cláusulas ou condições particulares anexas a esta apólice ou que a ela
venham a incorporadas por endosso e apenas na medida em que tais cláusulas ou condições particulares
revoguem e prevaleçam sobre as exclusões objeto desta cláusula e unicamente enquanto permaneçam em
vigor.
I – qualquer perdas, danos ou despesas proximamente causados por, resultantes de, ou incorridas em
consequência de:
a) captura, sequestro, arresto, retenção ou detenção ou qualquer tentativa nesse sentido;
b) hostilidade ou operações bélicas ou equivalentes tenha ou não havido uma declaração de guerra;
ressalvado que estas exclusões não se aplicam em casos de abalroação ou de contato com aeronaves,
foguetes ou mísseis similares, ou com quaisquer objetos fixos ou flutuantes que não minas, torpedos ou
engenhos de guerra semelhantes, de mau tempo, de encalhe, incêndio ou explosão que não causados
diretamente por ato hostil de ou contra uma potência beligerante e independentemente da natureza da
viagem ou do serviço que a embarcação segurada ou qualquer outra embarcação nela envolvida esteja
executando; e ressalvando ainda que a expressão “potência”, na forma aqui empregada inclui qualquer
autoridade mantendo força naval, terrestre ou aérea em associação com uma potência;
II – qualquer perda, dano, responsabilidade ou despesa causada por qualquer pessoa agindo maliciosamente
ou por motivação política e que se origine:
a) de detonação de um explosivo;
b) de qualquer arma de guerra.
III - qualquer perda, dano, responsabilidade ou despesa que se origine de qualquer arma de guerra
empregando fissão e/ou fusão atômica ou nuclear ou outra reação semelhante ou força ou matéria-radioativa.
____________________________________________________ 111
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
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Incumbe ao Segurado, ao reclamar a indenização por Perda Total Real na hipótese em comento, fornecer
ao Segurador indícios convincentes de que o desaparecimento do objeto segurado teve lugar durante a
vigência desta apólice.
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Circular SUSEP n° 001/1985.
2.7 – Se a embarcação tiver carga a bordo e os serviços de Assistência e Salvamento, prestados ou aceitos
sob acordo formal e no interesse da preservação comum, forem reconhecidos como Avaria Grossa, a
responsabilidade da Seguradora pelas despesas e demais prejuízos deles decorrentes será limitada à
contribuição proporcional atribuível à embarcação na regulação da Avaria Grossa, ainda que o Segurado
renuncie à contribuição da carga; porém, se a embarcação estiver segurada por importância inferior ao seu
justo valor, a indenização ao Segurado será reduzida na medida da insuficiência da importância segurada.
____________________________________________________ 113
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Item 2.8 da Circular SUSEP n° 001/1985.
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Art. 787, § 2º do Código Civil: É defeso ao segurado reconhecer sua responsabilidade ou confessar a
ação, bem como transigir com o terceiro prejudicado, ou indenizá-lo diretamente, sem anuência expressa
do segurador.
100
Item 3.6 da Circular SUSEP n° 001/1985.
____________________________________________________ 115
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
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Seguradora; ou, b) indispensáveis à boa execução posterior dos reparos definitivos; ou, c)
proporcionarem uma redução compensadora nos custos e despesas com os reparos
definitivos.
Necessário salientar que a cobertura de AP não engloba: a) reparos ou
substituições de partes ou peças que apresentem defeitos de construção, fabricação,
reparação ou instalação, vício próprio conhecido ou oculto ou afetadas pelo uso e desgaste
natural ou por deterioração gradual; b) despesas de raspagem e/ou pintura do fundo do
casco, salvo quando tais despesas constituírem parte do reparo da avaria parcial
indenizável do fundo do casco e limitadas à parte assim preparada; c) despesas com rancho
e soldadas do Capitão, Oficiais e demais tripulantes, ou de qualquer deles, exceto quando
for necessário remover a embarcação de um para outro porto onde as avarias devam ser
reparadas, ou durante viagem de experiência para testar os reparos efetuados, casos em
que tais despesas serão admitidas em Avaria Particular exclusivamente pelo tempo em
que a embarcação estiver efetivamente sendo removida ou em viagem de experiência e na
medida em que não sejam, no todo ou em parte recuperáveis em Avaria Grossa; d)
despesas de ratificação de Protesto Marítimo, feitas no exclusivo interesse da cobertura
de Avaria Particular concedida sob esta cláusula; e) perdas ou avarias parciais que não
tiverem sido substituídas ou reparadas, quando, ainda durante a vigência desta apólice,
ocorrer a Perda Total do objeto segurado, ou quando esta Perda Total tiver ocorrido após
o vencimento desta apólice e o objeto segurado não houver sido vendido.
[…] a person may belong to a society (such as a P. & I. Club) whose rules do
not entitle him to an indemnity but only to contributions from other members
towards his loss. Since the essence of a contract of insurance is that the insured
should be entitled to an indemnity, it seems that in such a case there cannot be
a contract of insurance.102
101
Apelação Cível nº 0189045-59.2016.8.19.0001 – Rel. Des. Teresa de Andrade Castro Neves – Sexta
Câmara Cível – Data do julgamento: 23/05/2018
102
MCGILLIVRAY; PARKINGTON. Insurance Law. 8th ed. Londres: [s.d.], 1998.
____________________________________________________ 117
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DIREITO MARÍTMO
estabelecidas pelas Regras do Clube (Club Rules), as quais devem ser lidas e interpretadas
em conjunto com o formulário de aplicação, com os atos constitutivos do Clube P&I
(regulam a relação entre Membros e o Clube), e outras informações e documentos
trocados.
Dentre as coberturas fornecidas pelos Clubes P&I, que, sobretudo, relacionam-se
com responsabilidade civil, vale destacar:
a) despesas de arribada;
b) avarias à propriedade de terceiros, em terra ou no mar, fixa ou flutuante;
c) responsabilidade por avaria, perda ou falta de carga;
d) avarias a outra embarcação decorrentes de abalroação, desde que não cobertas por
apólice de Casco e Máquinas;
e) custos e despesas com remoção de destroços (wreck removal);
f) responsabilidade por perda de vida ou acidente pessoal causado à tripulante, passageiro
ou terceiro;
g) despesas e custos com desertores, clandestinos e refugiados;
h) despesas de salvamento e avaria grossa, desde que não cobertas por apólice de Casco e
Máquinas;
i) multas e indenizações relacionadas à poluição por óleo;
j) despesas incorridas para mitigação de prejuízos que teriam cobertura;
1.10 DPEM
O seguro obrigatório DPEM, instituído pela Lei nº 8.374/1991 e regulado pela
Resolução CNSP n° 128/2005 (alterada pelas Resoluções CNSP n°s 152/2006 e
237/2011), tem por finalidade dar cobertura aos danos pessoais causados por embarcações
ou por sua carga às pessoas embarcadas, transportadas ou não transportadas, inclusive aos
proprietários, tripulantes e condutores das embarcações, independentemente da
embarcação estar ou não em operação.
A obrigatoriedade de contratar o DPEM atinge todos os proprietários ou armadores
em geral, de embarcações nacionais ou estrangeiras sujeitas à inscrição nas Capitanias dos
Portos ou repartições a estas subordinadas.
Os danos pessoais cuja cobertura é fornecida pelo referido seguro compreendem
as indenizações por morte (R$ 13.500,00), invalidez permanente (até R$ 13.500,00) e
despesas de assistência médica e suplementares (até R$ 2.700,00).
103
International Commercial Terms – Câmara Internacional do Comércio.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
104
Art. 3º da Circular SUSEP n° 354/2007: “É permitida a inclusão de coberturas não previstas nestas
condições padronizadas, bem como eventuais alterações, observadas as demais disposições desta norma e
de outros normativos específicos.”
____________________________________________________ 121
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
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operações de carga e descarga do navio; e i) perda total decorrente de fortuna do mar e/ou
de arrebatamento pelo mar; j) inundação, transbordamento de cursos d’água, represas,
lagos ou lagoas, durante a viagem terrestre; k) desmoronamento ou queda de pedras,
terras, obras de arte de qualquer natureza ou outros objetos, durante a viagem terrestre; l)
terremoto ou erupção vulcânica; e m) entrada de água do mar, lago ou rio, na embarcação
ou no navio, veículo, “container”, furgão (“liftvan”) ou local de armazenagem.
A cobertura básica restrita C apresenta amplitude de cobertura similar à básica
restrita B, com exclusão dos riscos cobertos descritos nos itens j a m acima.
Importante observar que todas as três coberturas básicas apresentam características
em comum, tais como cobertura para avaria grossa e despesas de salvamento incorridas
pelo Segurado e/ou Beneficiário e excludentes de indenização por perdas, danos ou
despesas decorrentes direta ou indiretamente por atos ilícitos do Segurado e/ou
Beneficiário, inadequação ou insuficiência de embalagem, vício próprio da mercadoria,
atos terroristas, greve etc.
A importância segurada normalmente deve corresponder ao valor da mercadoria
segurada, contudo, é possível que outras verbas como frete, despesas, lucros esperados e
tributos sejam abrangidas, desde que haja cobertura adicional pactuada. 105
Para a contratação do seguro, o segurado deve fornecer as seguintes informações
básicas ao segurador viabilizando a avaliação do risco: descrição e natureza da carga, peso
bruto e líquido, cubagem, embalagem, valor total da mercadoria, local de embarque e
desembarque, transbordo (se houver), modal de transporte, identificação do veículo de
transporte, etc.
105
Dentre outras coberturas adicionais, podem-se citar ainda as específicas para riscos de greve e de guerra.
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DIREITO MARÍTMO
de carga, ou ainda outro documento hábil, desde que aqueles danos materiais ocorram
durante o transporte e sejam causados diretamente por:
I – encalhe, varação, naufrágio ou soçobramento, do navio ou embarcação;
II – incêndio ou explosão, no navio ou embarcação;
III – abalroação ou colisão, ou contato, do navio ou embarcação com qualquer
corpo fixo ou móvel;
IV – incêndio ou explosão, nos depósitos, armazéns ou pátios usados pelo
Segurado nas localidades de início, pernoite, baldeação e destino da viagem, ainda que os
referidos bens e mercadorias se encontrem fora do navio ou embarcação.
Nos termos da Resolução, o Segurado será exclusivamente empresa brasileira de
navegação autorizada pela ANTAQ – Agência Nacional de Transportes Aquaviários a
operar no transporte aquaviário de cargas.
A Resolução CNSP nº 182/2008 prevê, ainda, que o pagamento poderá realizado
pela Seguradora diretamente em favor de terceiro, mediante anuência do segurado.
A Resolução CNSP nº 182/2008 prevê, ainda, extenso rol de riscos não cobertos
pelo Seguro Obrigatório RCA-C, caracterizados por danos às mercadorias decorrentes de
vício próprio, diminuição natural de peso, furto, roubo, extravio, má arrumação e/ou mau
acondicionamento, entre outros.
Estão expressamente excluídos da cobertura danos morais, lucros cessantes e
multas, assim como obrigações fiscais, tributárias e/ou judiciárias, à exceção do valor dos
impostos suspensos e/ou benefícios internos relativos aos bens ou mercadorias
transportadas, desde que contratada a Cobertura Adicional específica.
A importância segurada corresponderá ao valor integral declarado no
conhecimento de embarque e o limite máximo de garantia deverá ser fixado na apólice.
2 Sub-rogação e ressarcimento
Trata-se a sub-rogação de um instituto que, no âmbito do seguro, transfere ao
segurador todos os direitos e ações do segurado, operando-se por meio do pagamento da
indenização securitária.
Dessa forma, ao efetuar o pagamento de indenização securitária decorrente de
sinistro com cobertura prevista na apólice, o segurador sub-roga-se automaticamente até
o montante desembolsado em todos os direitos e ações em face de terceiros causadores do
dano.
____________________________________________________ 123
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
A sub-rogação securitária é matéria regulada pelo Código Civil, 106 pelo Código
Comercial107 e, inclusive, já teve sua eficácia pacificada por meio do enunciado n° 188 da
Súmula de Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 108
Atualmente, ainda há controvérsia acerca de quais direitos e/ou obrigações seriam
transmitidas para o segurador por meio da sub-rogação, particularmente quanto à questão
do Código de Defesa do Consumidor109 (caso aplicável ao segurado), das cláusulas de
eleição de foro110 e das cláusulas compromissórias.111
106
Código Civil
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
(omissis)
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do
primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.
Art. 786. Paga a indenização, o segurador sub-roga-se, nos limites do valor respectivo, nos direitos e ações
que competirem ao segurado contra o autor do dano.
107
Art. 728 do Código Comercial: “Pagando o segurador um dano acontecido à coisa segura, ficará sub-
rogado em todos os direitos e ações que ao segurado competirem contra terceiro; e o segurado não pode
praticar ato algum em prejuízo do direito adquirido dos seguradores. ”
108
“O segurador tem ação regressiva contra o causador do dano, pelo que efetivamente pagou, até o limite
previsto no contrato de seguro. ”
109
“TRANSPORTE MARÍTIMO DE MERCADORIA. SEGURADORA. COBRANÇA. […] Como
cediço, ao efetuar o pagamento da indenização ao segurado em decorrência de danos causados por terceiro,
a seguradora sub-roga-se nos direitos daquele, podendo, dentro do prazo prescricional aplicável à relação
jurídica originária, buscar o ressarcimento do que despendeu, nos mesmos termos e limites que assistiam
ao segurado. Não se desconhece, outrossim, que a seguradora ao sub-rogar-se nos direitos e ações que
competiriam ao segurado contra o autor do dano, faz jus à aplicação de todos os institutos do CDC,
evidentemente, quando no caso da relação originária ser configurada como de consumo. ” BRASIL.
Superior Tribunal de Justiça. AgRg noResp n. 1169418/RJ. Relator: Min. Ricardo Villas Bôas Cueva.
Julgado em 06.02.2014.
110
“RECURSO ESPECIAL – CONTRATO DE TRANSPORTE MARÍTIMO – AÇÃO DE REGRESSO –
SUB-ROGAÇÃO – CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DO FORO – MATÉRIA PROCESSUAL –
INOPONIBILIDADE AO SUB-ROGADO – AUSÊNCIA DE INSURGÊNCIA EM RELAÇÃO A TODOS
OS FUNDAMENTOS DO V. ACÓRDÃO RECORRIDO – INCIDÊNCIA, POR ANALOGIA, DO
ENUNCIADO N. 283 DA SÚMULA/STF – RECURSO NÃO CONHECIDO.
I - O instituto da sub-rogação transfere o crédito apenas com suas características de direito material. A
cláusula de eleição do foro estabelecida no contrato entre segurado e transportador não opera efeitos com
relação ao agente segurador sub-rogado.
II - Acórdão assentado em mais de um fundamento, sem que todos tenham sido objeto de impugnação.
Aplicação, por analogia, da Súmula n. 283/STF.
III - Recurso especial não conhecido. ” BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. RESP n. 1038607/SP.
“PROCESSO CIVIL. COMPETÊNCIA RELATIVA. FORO DE ELEIÇÃO. DIREITO
INTERNACIONAL PRIVADO. CONTRATO DE TRANSPORTE MARÍTIMO. SUB-ROGAÇÃO DE
EMPRESA SEGURADORA. Válida é a cláusula de eleição de foro fixada em contrato de transporte
marítimo. Precedentes do STJ (RESP 379949). Transfere-se à empresa seguradora, por sub-rogação, a
relação jurídica contratual intacta, incluindo os créditos e suas peculiaridades contratuais. ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento 130439-2, acordam os
Desembargadores componentes da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco,
na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas respectivas, à unanimidade de votos, em
dar provimento ao recurso, determinando o envio dos autos do processo originário ao juízo de direito da
Comarca do Rio de Janeiro. Recife, 13 de julho de 2006.” BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.
AI n. 130439-2.
111
“SEGURO – Transporte marítimo de mercadorias – Ação regressiva – Cláusula compromissória
____________________________________________________ 124
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
QUESTÕES DE AUTOMONITORAMENTO
1. Após ler a apostila, você é capaz de resumir o caso gerador, identificando as partes
envolvidas, os problemas atinentes e as possíveis soluções cabíveis?
2. Qual é o principal objetivo do seguro? Discorra sobre a importância no referido
instituto, notadamente na área marítima.
3. Quais são as coberturas oferecidas na Apólice de Casco e Máquinas de acordo com a
Circular SUSEP n° 085/2001?
4. Identifique três riscos excluídos da cobertura da Apólice de Casco e Máquinas de
acordo com a Circular SUSEP n° 085/2001.
5. A negligência do comandante ou da tripulação da embarcação segurada configura
excludente de cobertura na Apólice de Casco e Máquinas de acordo com a Circular
SUSEP n° 085/2001?
6. Defina Clube P&I e discorra sobre as principais coberturas oferecidas.
7. Discorra sobre a cláusula Sue & Labor.
8. De acordo com a Circular SUSEP n° 354/2007, quais são as coberturas básicas do
seguro de transporte, suas diferenças e similaridades?
9. Discorra sobre sub-rogação securitária e ação regressiva de ressarcimento.
assumida entre a beneficiária dona da carga transportada e a responsável pelo transporte – Eficácia também
em face da empresa seguradora dada a subrogação não somente dos direitos mas também dos deveres
contratualmente assumidos por sua segurada [...] Entre as obrigações assumidas pela segurada, está a
cristalizada naquela cláusula compromissória [...] a segurada não poderia deixar de cumpri-la, acaso, ela
própria, exercitasse [...] ação direta de cobrança [...] Sem sombra de dúvida o ajuste da cláusula
compromissória é do cerne do contrato, isto é, decorreu também do acordo de vontades que desaguou no
conjunto dos pontos assumidos pelas partes contratantes. [...] tendo ajustado a cláusula compromissória,
‘ficam os contratantes vinculados à solução extrajudicial da pendência’ (REsp 606.345-RS citado),
vinculação a que se deve sujeitar também a apelada, subrogada tanto nos direitos como nos deveres de sua
segurada. ” BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. AC n. 7307457000.
“[...] Ação regressiva decorrente de contrato de seguro. Cláusula arbitral instituída com a segurada e não
com as seguradoras. Hipótese em que a resolução de conflitos por arbitragem só obriga as partes contratantes
e não terceiros. Aplicação da legislação estrangeira, por esse mesmo motivo, que só poderia ser reconhecida
em demanda própria entre aqueles que figuram no primitivo contrato de prestação de serviços. Extinção do
processo inadmissível. Impossibilidade de se negar a incidência de lei nacional. [...] As seguradoras vieram
a juízo pleitear direito próprio decorrente do contrato de seguro e não do contrato de prestação de serviços
firmado pela ARACRUZ com a agravante e a co-ré A.B.B. LTDA. A sub-rogação da seguradora não é do
mesmo direito material, por óbvio, porque a origem do seu direito de regresso é o contrato de seguro,
enquanto que o direito da segurada resulta do descumprimento do contrato de prestação de serviços [...]”
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. AI no. 1.257.807-7.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
(v) Em face de qual parte a seguradora que indenizou os interesses das cargas
avariadas poderia ajuizar ação regressiva de ressarcimento?
REFERÊNCIAS
Bibliográficas Utilizadas
ALVIM, Pedro. Política Brasileira de Seguros. São Paulo: Manuais Técnicos de Seguros,
1980.
ANJOS, J. Haroldo dos; GOMES, Carlos R. C. Curso de Direito Marítimo. Rio de
Janeiro: Renovar, 1992.
____________________________________________________ 126
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
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AZUA, Daniel E. Real de. Transportes e Seguros Marítimo para o exportador. São Paulo:
Aduaneiras, 1987.
BURANELLO, Renato Macedo. Do Contrato de Seguro. São Paulo: Quartier Latin, 2006.
FIUZA, César. Direito Civil – Curso Completo. 5. ed. Rio de Janeiro: Del Rey, 2002.
GILBERTONI, Carla Adriana Comitre. Teoria e Prática do Direito Marítimo. 2. ed. Rio
de Janeiro: Renovar, 2005.
GUERREIRO, Marcelo da Fonseca. Seguros Privados: doutrina, legislação e
jurisprudência. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
HAZELWOOD, Steven J. P&I Clubs: law and practice. Londres: Lloyd’s of London Press
Ltda, 1989.
HUDSON, N. G. ALLEN, J.C. Marine Claims Handbook. Londres: Lloyd’s of London
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LACERDA, José Candido Sampaio de. Curso de direito privado da navegação. 3. ed.
rev. e atual. por Aurélio Pitanga Seixas Filho. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1984.
KEEDI, Samir; MENDONÇA, Paulo C. C. Transportes e Seguros no Comércio Exterior.
São Paulo: Aduaneiras, 2000.
MARQUES, Fernando José. Direito do Seguro Marítimo: doutrina e jurisprudência. Rio
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MCGILLIVRAY; PARKINGTON. Insurance Law. 8th ed. Londres: [s.d.], 1998.
OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Teoria Geral do Contrato de Seguro. V. 1. Campinas:
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PEREIRA, Rucemah Leonardo Gomes. Avaria Grossa e Perigo: regras de York e
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SANTOS, Ricardo Bechara. Direito de seguro no novo Código civil e a legislação
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SILVA, Claudio Ferreira da. Transportes, Seguros e Distribuição Física Internacional
das Mercadorias. 2. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2003.
SIMAS, Hugo. Compêndio de direito marítimo brasileiro. São Paulo: Saraiva & Cia
Editores, 1938.
TZIRULNIK, Ernesto. O contrato de seguro: de acordo com o novo código civil
brasileiro. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.
____________________________________________________ 127
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
Jurisprudenciais
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. RESP n. 302212/RJ.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. RESP n. 1038607/SP.
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. AI n. 130439-2.
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. AC n. 55760/2007.
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. AC n. 2007.001.56739.
Julgado em 05 de dezembro de 2007.
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. AC n. 983625-0/1.
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. AI n. 1333155-8. Relator:
Desembargador Encinas Manfre. Julgado em 22 de fevereiro de 2005.
Legislativas
BRASIL. Código Civil.
BRASIL. Código Comercial.
BRASIL. Decreto-Lei n° 73, de 21 de novembro de 1966.
BRASIL. Lei nº 8.374, de 30 de dezembro de 1991.
BRASIL. Lei n° 9.307, de 23 de setembro de 1996.
BRASIL. Lei Complementar n° 126, de 29 de novembro de 2007.
____________________________________________________ 128
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ROTEIRO DE ESTUDO
1 Histórico / Introdução
A atividade portuária vem sofrendo impactantes alterações legislativas desde
dezembro de 2012 quando a Presidência da República editou a Medida Provisória nº 595
visando alterar o regime jurídico da antiga Lei dos Portos de nº 8.630 de 1993, até então
conhecida pelo meio portuário como um grande marco legislativo e amplamente aclamada
como a Lei de Modernização dos Portos.
A Medida Provisória nº 595 teve a sua vigência iniciada em 06 de Dezembro de
2012 e trouxe à baila muitas polêmicas em razão das enormes alterações no Regime
Jurídico de Exploração dos Portos.
Na exposição de Motivos da referida Medida Provisória, percebe-se o desejo de
mudanças na exploração da atividade portuária, conforme se verifica na transcrição
abaixo, de um trecho da exposição:
112
EM Interministerial nº 00012-A - SEP-PR /MF/MT/AGU.
____________________________________________________ 130
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113
Mais detalhes sobre a votação podem ser encontrados em: Câmara dos Deputados. Henrique Alves
comemora aprovação de MP dos Portos, após 40 horas de votações. 15/05/13. Disponível em
<http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/442611-HENRIQUE-ALVES-
COMEMORA-APROVACAO-DE-MP-DOS-PORTOS,-APOS-40-HORAS-DE-VOTACOES.html>.
Acesso em 05/08/2013
____________________________________________________ 131
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____________________________________________________ 132
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É certo que essa nova legislação, ainda em fase prematura de implantação, tem
sido alvo de muitos debates pelo setor e farta regulamentação.
II - área do porto organizado: área delimitada por ato do Poder Executivo que
compreende as instalações portuárias e a infraestrutura de proteção e de acesso
ao porto organizado;
VIII - (VETADO):
a) (VETADO);
b) (VETADO); e
c) (VETADO);
____________________________________________________ 133
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114
A Resolução da ANTAQ nº 3.290 de 14 de fevereiro de 2014 dispõe sobre procedimento para obtenção
da autorização referente à terminais de uso privado, estação de transbordo de carga, instalação portuária
pública de pequeno porte e de instalação portuária de turismo. No anexo da referida Resolução consta um
modelo de requerimento de autorização.
115
Informações detalhadas podem ser encontradas em tabela disponibilizada pela SEP em <
http://www.portosdobrasil.gov.br/assuntos-1/investimentos/itens/tabela-de-tups-31-03-
2016_atualizada.pdf/view > . Acesso em 27/06/2016
116
A relação e visualização de todos os contratos está disponível no sítio eletrônico da ANTAQ em <
http://www.antaq.gov.br/Portal/Instalacoes_Portuarias.asp >. Acesso em 27/06/2016
118
Idem.
119
O Termo de Liberação de Operação só é emitido após o cumprimento das etapas descritas no artigo 27
da Resolução da ANTAQ 3.290 de 14 de fevereiro de 2014.
____________________________________________________ 135
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120
Ver art. 11 da Resolução nº 3274 da ANTAQ de 6 de fevereiro de 2014. Ainda, de acordo com o art. 3º
da Resolução nº 3259 da ANTAQ de 30 de janeiro de 2014 "Cabe à ANTAQ fiscalizar e regular a prestação
de serviços de transportes aquaviários e a exploração da infraestrutura aquaviária e portuária, de ofício ou
mediante Ação Fiscalizadora, zelando pelo cumprimento de todos os dispositivos legais, regulamentares e
instrumentos contratuais sob sua regulação, em especial a adequada prestação do serviço ou exercício da
atividade.".
____________________________________________________ 136
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
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que por alguma razão operacional, econômica ou estratégica, não foram arrendadas e por
isso podem ser utilizadas por qualquer operador portuário.
A qualificação dos operadores portuários, anteriormente à edição da Lei 12.815,
seguia norma editada por cada Companhia Docas em seu porto respectivo, hoje,
entretanto, há uma regra geral, a Portaria da SEP n. 111 de 07 de Agosto de 2013.
A nova lei dos portos, Lei nº 12.815 de 2013 praticamente repete o modelo
aplicado a partir de 1993 e em seu artigo 32 prevê que, os operadores portuários deverão
constituir, em cada porto organizado, um órgão de gestão de mão de obra do trabalho
portuário destinado a:
121
Conforme disposto na Lei nº 8.630/1993, art. 25 e hoje tratado na Lei nº 12.815/2013 em seu art. 32 e
seguintes.
122
O órgão gestor de mão de obra possui uma diretoria executiva e um conselho de supervisão, cuja
composição deve observar o disposto no art. 38, §1º e §2º do Decreto nº 8.033 de 27 de junho de 2013, bem
como na Portaria nº 252 de 6 de dezembro de 2013 da Secretaria de Portos.
____________________________________________________ 137
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Por ser considerado como dotado de utilidade pública 123, o OGMO não pode ter
fins lucrativos, prestar serviços a terceiros ou exercer atividades não vinculadas às suas
finalidades. 124
No que diz respeito ao pagamento da remuneração devida ao trabalhador portuário
avulso, a mesma deve ser recolhida pelo operador portuário ao OGMO, cabendo a este
último efetuar o pagamento ao trabalhador. Destaque-se que o operador portuário e o
OGMO são solidariamente responsáveis pelo pagamento dos encargos trabalhistas, das
contribuições previdenciárias e demais obrigações. 125
Em resumo, o escopo precípuo da criação dos OGMOs foi contribuir para a
modernização do sistema portuário brasileiro, garantindo mão de obra especializada aos
operadores portuários e zelando pela melhoria da qualidade do treinamento e vida do
trabalhador.
Importante destacar que, a adoção pelo ordenamento jurídico brasileiro de um
sistema de gestão unificada de mão de obra portuária avulsa – OGMOs - facilita a
observância das normas estabelecidas na Convenção nº 137 da Organização Internacional
do Trabalho (OIT).
123
Sobre a utilidade pública do OGMO, que já era reconhecida desde a antiga lei, ver TRT-2. Recurso
Ordinário 323200844202002/SP. Rel. Des. Rovirso Aparecido Boldo, 8ª Turma, julgado em 28/05/2010.
Na ementa do julgado lê-se que "[...] O OGMO é entidade civil de utilidade pública, sem fins lucrativos,
constituída por operadores portuários, e tem como finalidade administrar o fornecimento de mão de obra
do trabalhador avulso portuário. [...].".
124
Lei nº 12.815/2013, art. 39.
125
Lei nº 12.815/2013, Artigo 33, inciso , § 2º; Lei Lei nº 9.719/1998, art. 2º,I e §4º.
____________________________________________________ 138
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____________________________________________________ 139
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126
Lei nº 9.719/1998, art. 4º.
127
Lei nº 9.719/1998, art. 5º.
128
Sobre a taxatividade das categorias elencadas no artigo 40,§2º da nova lei dos portos, ver o julgado:
BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho. Segunda Região. RO n. 00020823120125020445. Sexta Turma.
Julgado em 11 de fevereiro de 2014.
____________________________________________________ 140
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129
Ver: TST. AIRR 232-07.2010.5.01.0067. Rel. Min. Fernando Eizo Ono, julgado em 10/06/2015, 4ª
Turma, publicado em DEJT 03/07/2015.; TST. AIRR 24400-33.2010.5.17.0001. Rel. Min. Fernando Eizo
Ono, julgado em 01/10/2014, 4ª Turma, plubicado em DEJT 10/10/2014.;
130
Neste sentido verificar os seguintes julgados: BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho. Sexta Região.
Tribunal Pleno. BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho. Sexta Região. 00185-2004-000-06-00-1. Julgado
em 20 de janeiro de 2005. BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho. Primeira Região. Seção Especializada
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
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DIREITO MARÍTMO
131
Lei 12.815/2013, Art 17º §2º. A competência para elaborar o plano Geral de Outorgas - PGO é da
Secretaria de Portos da Presidência da República conforme Decreto nº 8.033/2013, Art. 2º, I.
132
A Portaria SEP nº 206/2014 alterou o Anexo I da Portaria SEP 03/2014. Já a Portaria SEP nº 499/2014
além de modificar o Anexo I alterou também a redação do art. 2º,PÚ, art. 3º,PÚ e art. 9º,§1º.
____________________________________________________ 143
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
Ainda, de acordo com o art. 11 da portaria supracitada, o PDZ tem como objetivo
geral promover a modernização do porto e sua integração com os demais meios de
transporte.
Dentro dos portos organizados, a autoridade portuária interage com outras
autoridades, quais sejam: autoridade marítima (Capitania dos Portos) e autoridade
aduaneira (Receita Federal), esta interação está expressamente prevista na Lei, nos
seguintes termos:
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
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DIREITO MARÍTMO
do poder público, ficando excluída a participação dos usuários (os clientes, empresas que
necessitam dos portos para escoar ou receber as suas cargas) como bloco próprio.
A composição dos novos CAPs deve observar o regramento previsto no Parágrafo
Terceiro, do artigo, 20 da nova Lei dos Portos que dispõe da seguinte forma:
§ 3o A distribuição das vagas no conselho a que alude o caput observará a
seguinte proporção:
I - 50% (cinquenta por cento) de representantes do poder público;
II - 25% (vinte e cinco por cento) de representantes da classe empresarial; e
III - 25% (vinte e cinco por cento) de representantes da classe trabalhadora.
Art. 37. Cada conselho de autoridade portuária será constituído pelos membros
titulares e seus suplentes:
(Grifamos)
participação dos usuários - cuja representação passou a fazer parte da classe empresarial,
conforme se infere do art. 37, II,c transcrito -, dando maior peso à participação do poder
público.
Com a edição da nova Lei dos Portos, a realização dos procedimentos licitatórios
(não apenas de concessões como também de arrendamentos, até então realizados pelas
Companhias Docas de cada Porto) passou a ser de competência da ANTAQ, respeitadas
as diretrizes do poder concedente.
Portanto, a competencia para elaborar os editais de todas as licitações passou a ser
da Agência Reguladora.
As licitações dos contratos de concessão e arrendamento passaram a ter como
critérios para julgamento, conjunta ou isoladamente, a maior capacidade de
movimentação, a menor tarifa ou o menor tempo de movimentação de carga, bem como
outros critérios extras estabelecidos no edital, tudo conforme regulamento. 135
No entanto, o § 5o do artigo 6o da nova Lei prevê que, o poder concedente poderá
determinar a transferência das competências de elaboração do edital e a realização dos
procedimentos licitatórios à Administração do Porto, delegado ou não.
133
Sobre a regulamentação das atividades de fiscalização da ANTAQ, ver a Resolução da ANTAQ nº 3259
de 30 de janeiro de 2014. Em relação ao regimento interno da ANTAQ ver a Resolução da ANTAQ nº 3585
de 18 de agosto de 2014.
134
Sobre a fiscalização da prestação dos serviços portuários e infrações e sanções administrativas, ver a
Resolução da ANTAQ nº 3.274 de 6 de fevereiro de 2014.
135
Ver Decreto nº 8.033/2013, art. 6º.
____________________________________________________ 148
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
136
A Portaria nº 38 da Secretaria dos Portos de 14 de março de 2013 autorizou a Estruturadora Brasileira
de Projetos (EBP) a desenvolver projetos e/ou os EVTA dos novos contratos de concessão e arrendamento.
137
Para as regras de autorização de instalações portuárias, ver :Decreto nº 8.033/2013 – Art. 26 a 35 e
Portaria da Secretaria de Portos nº 110, de 2 de agosto de 2013. Sobre o procedimento para autorização de
instalações portuárias, ver Resolução da ANTAQ n 3.290 de 14 de fevereiro de 2014.
138
Decreto nº 8.033/2013, art. 27,parágrafo único.
139
Em relação ao procedimento sancionador de competência da ANTAQ, ver a Resolução da ANTAQ nº
3259 de 30 de janeiro de 2014.
____________________________________________________ 149
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
140
Sobre o procedimento referente ao processo seletivo público, ver artigos 13 e seguintes da Resolução nº
3290 da ANTAQ de 13 de fevereiro de 2014.
____________________________________________________ 150
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
Portanto, a competência para tratar dos portos fluviais e lacustres passou também
a ser da Secretaria de Portos, juntamente com a competência para tratar dos portos
marítimos143.
141
Conforme o parágrafo único do art. 6º da L. 11.518/07.
142
A Portaria da SEP nº 408, de 27 de novembro de 2014 dispõe sobre os regimentos internos de cada
órgão da SEP.
143
Sobre a competência da Secretaria de Portos da Presidência ver Lei nº 12.185/2013, Art. 16 e Decreto nº
8.033/2013, art. 2º.
____________________________________________________ 151
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
Ademais, a elaboração dos Planos Gerais de Outorga que antes da nova lei eram
de competência da ANTAQ passaram a ser da SEP, ampliando, portanto, as competências
da Secretaria que anteriormente apenas aprovava os PGOs.
Entre as atribuições e competência da Secretaria, verifica-se a formulação de
políticas e diretrizes para o fomento do setor, além da execução de medidas, programas e
projetos de apoio ao desenvolvimento da infraestrutura portuária.
Compete, ainda, à SEP, a participação no planejamento estratégico e na elaboração
dos planos de outorgas, visando a assegurar eficiência e segurança ao transporte de cargas
e passageiros no país.
O artigo 16 da nova Lei dos Portos ampliou consideravelmente as competências
da SEP, considerada para todos os fins como o Poder Concedente.
Portanto, conforme art. 16,II da nova lei, a SEP passou a definir as diretrizes para
a realização dos procedimentos licitatórios e respectivos editais e instrumentos
convocatórios, o que antes era de competência da ANTAQ.
A partir de agora a SEP deverá celebrar os contratos de arrendamento, bem como
os contratos de concessão e expedir as autorizações de instalação portuária, antes
competências exclusivas das Companhias Docas e ANTAQ.
As normas para a pré-qualificação dos operadores portuários que eram
estabelecidas pelas Companhias Docas com a aprovação dos Conselhos de Autoridade
Portuária, hoje passaram a ser de competência da SEP, de acordo com o art. 16, IV da Lei
12.815/13.144
Assim, a criação de uma secretaria específica voltada para a atividade portuária
demonstrou a conscientização da relevância desta atividade no cenário econômico
brasileiro e a centralização de competências nesta Secretaria a partir do novo marco
regulatório demonstra o desejo de fortalecimento e centralização das estratégias para o
setor portuário.
144
Sobre o procedimento para pré qualificação ver: Portaria nº 111, de 7 de agosto de 2013 da Secretaria de
Portos.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
bem como as demais disposições legais que regulam a exploração de portos organizados
e de instalações portuárias.
O mencionado Decreto revogou expressamente os Decretos nº 4.391 de 2002 e nº
6.620 de 2008. Este último era alvo de amplo debate por conta de sua total
incompatibilidade com o novo modelo regulatório, pois tratava de forma completamente
diversa a exploração da atividade portuária nas Instalações Portuárias de Uso Privado,
apesar de não ter sido revogado pela nova lei dos postos.
O Decreto nº 8.033/2013 veio dispondo de sete capítulos, e em seu primeiro
capítulo esclareceu que, na atividade portuária o poder concedente seria exercido por
intermédio da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP), dando a esta a
competência para elaborar o Plano Geral de Outorgas - PGO do setor portuário e
disciplinar o conteúdo, forma e periodicidade de atualização dos Planos de
Desenvolvimento e Zoneamento dos portos - PDZ. Assim, houve uma concentração da,
definição da política portuária nacional e regional em apenas uma entidade.
Este Decreto também transferiu para a SEP competências que anteriormente eram
das Companhias Docas, tais como: a) definir as diretrizes para a elaboração dos
regulamentos de exploração dos portos; b) aprovar a transferência do controle societário
ou de titularidade dos contratos de arrendamento;145 c) aprovação de investimentos não
previstos no contrato de arrendamento.
Das competências da ANTAQ transferidas para a SEP podemos destacar a
condução e aprovação dos Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental do
objeto da concessão ou do arrendamento.
Obviamente, com transferência da competência para celebrar contratos de
arrendamento para a SEP e de realização do procedimento licitatório pela ANTAQ, 146 não
há mais o risco de termos uma administradora privada no porto organizado tendo que
licitar uma instalação portuária de uso público, através de contrato de arrendamento, pois
isto seria inviável pela total incompatibilidade dos regimes jurídicos de direito privado e
público.
O Decreto prevê ainda itens indispensáveis a serem considerados no edital de
licitação, estabelece o procedimento a ser observado, alguns critérios de julgamento e suas
145
Sobre o procedimento para transferência de titularidade de autorizações, ver a Portaria nº 249, de 29 de
novembro de 2013 da Secretaria de Portos.
146
Em relação às regras de licitação, ver Seção II da Resolução ANTAQ nº 3708 de 17 de outubro de 2014,
a qual aprova norma reguladora da exploração de áreas e instaçaões portuárias nos portos organizados.
____________________________________________________ 153
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
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147
Decreto nº 8.033/2013, Arts. 8º a 18º.
148
Decreto nº 8.033/2013, Arts. 26 a 35 e Portaria da Secretaria de Portos nº 110, de 2 de agosto de 2013.
149
Decreto nº 8.033/2013, Art. 36 e seguintes.
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150
Decreto nº 8.033/2013, Art. 36 e seguintes.
[1]
Sobre AS 159 áreas a serem licitadas e a divisão por blocos, ver a tabela elaborada pela SEP constante
em <http://www.portosdobrasil.gov.br/assuntos-1/investimentos/arrendamentos-1/blocos-de-
arrendamentos-e-cronograma-de-licitacoes>. Acesso em 27/06/2016.
[2]
Informações sobre quais áreas serão licitadas e seus blocos podem ser encontradas no sítio eletrônico da
SEP: <http://www.portosdobrasil.gov.br/assuntos-1/investimentos/arrendamentos-1/areas-passiveis-de-
arrendamento-definidas-pela-portaria-sep-pr-15>. Acesso em 05/08/2015.
[3]
A Comissão Mista SEP/ANTAQ foi criada através da Portaria Conjunta SEP/ANTAQ nº 91/2013 para
avaliar e selecionar os projetos e estudos de viabilidade econômica, técnica, ambiental e operacional.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
[4]
Para acesso à análise detalhada do TCU, ver TCU, Acórdão 3.361/2013. Rel. Ana Arraes, Plenário,
julgado em 10/12/2013.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
para sua análise os critérios utilizados para fundamentar a política tarifária de cada
arrendamento.
Ao final do processo, o TCU manteve válidos os itens do Acórdão nº 3.661/2013
que não foram alterados. Desse modo, a partir dessa última decisão as licitações do
primeiro dos quatro blocos seriam iniciadas.[5]
Em 26 de outubro de 2015 e em 22 de janeiro de 2016, a ANTAQ publicou os
Avisos de Licitação dos Leilões referentes, respectivamente a 3 e 6 áreas para
arrendamentos de terminais em São Paulo e Pará. Tais ofertas eram relativas a
determinados terminais portuários dos Blocos de Concessões 1 e 2, respectivamente.
Sendo que, em ambos os processos licitatórios, o resultado do leilão foi aquém do
esperado pelo governo que, no momento, visa a arrecadação de altos valores de outorga.
A adoção do critério de maior outorga para seleção do licitante vencedor, apesar
de o TCU reconhecer que reduz a competitividade dos processos licitatório, de acordo
com o Tribunal, não encontra obstáculos legais e é de livre escolha do poder licitante. Esta
escolha, porém, demonstrou-se a mais adequada para o governo que vislumbrava
aproveitar os leilões para aumentar sua arrecadação, dada a crise econômica que o país
vem enfrentando.
Atualmente, portanto, os principais óbices aos arrendamentos são econômicos,
tendo em vista que a iniciativa privada não tem mostrado capacidade de atingir os valores
exigidos pelo governo em seus editais de licitação. Conclusão, algumas áreas colocadas a
leilão não foram arrecadadas por falta de ofertantes.
Cabe, finalmente, mencionar que, em 02 de junho de 2016, a ANTAQ publicou a
Resolução Normativa nº 7, que regula a exploração de áreas e instalações portuárias sob
gestão da Administração do Porto no âmbito dos Portos Organizados, adaptando sua
regulamentação à mencionada Lei dos Portos.
Essa resolução é o resultado da Audiência Pública nº 4/2014 aberta pela ANTAQ
para recolher contribuições relativas a esta matéria, que foi, anteriormente, regulamentada
pela Resolução da ANTAQ nº 2.240/2011. Dentre as mudanças trazidas pela
regulamentação, destacam-se:
[5]
Ministério do Planejamento e Gestão. Ministros consultam TCU sobre licitação de áreas portuárias
do bloco 1 por outorga. 16/06/2015. Disponível em <http://www.planejamento.gov.br/assuntos/logistica-
e-tecnologia-da-informacao/noticias/ministros-consultam-tcu-sobre-licitacao-de-areas-portuarias-do-
bloco-um-por-outorga>. Acesso em 27/06/2016.
____________________________________________________ 157
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
7 Conclusão
Foram inúmeras as polêmicas decorrentes do novo marco regulatório dos portos,
ora envolvendo discussões encabeçadas pelos arrendatários dos terminais públicos que
vislumbravam uma abertura excessiva da exploração portuária, com concorrência
desigual e predatória por parte dos terminais privados, ora sob o prisma dos terminais
privados, que viram na nova lei interferências excessivas em sua atividade com a
necessidade de realização de anúncio público, chamada pública e oferecimento de
garantias contratuais.
Entre outros pontos, vimos surgir também questionamentos no aspecto trabalhista
da legislação que recebeu pequenas, mas impactantes modificações realizadas de última
hora.
Entretanto, apesar de tantas divergências, é inegável a tentativa de avanço do setor
com a nova legislação, a abertura para participação dos terminais privados não se deu de
forma simples e os entraves burocráticos enfrentados pelos terminais de uso público não
foram sanados de modo a permitir uma equidade nas relações concorrenciais.
Perdeu-se também uma grande oportunidade de modernização da legislação
trabalhista portuária que ainda permanece sob os moldes e os anseios do passado, tendo
sido ultrapassada pela nova demanda do mercado.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
QUESTÕES DE AUTOMONITORAMENTO
1. Após ler o material, você é capaz de resumir o caso gerador, identificando as partes
envolvidas, os problemas atinentes e as possíveis soluções cabíveis?
2. O interessado em obter a autorização de instalação portuária deverá protocolizar o seu
pedido perante qual órgão? Autoridade Portuária, ANTAQ ou SEP?
3. De acordo com o novo Marco Regulatório de Portos, quem é considerado a Autoridade
Portuária e quem é considerado o Poder Concedente?
4. Nas licitações de concessão e de arrendamento quais serão os critérios utilizados para
julgamento?
5. São os Sindicatos que representam as várias categorias de trabalhadores portuários
quem administra a mão de obra avulsa nos portos brasileiros?
6. É possível a contratação de mão de obra de capatazia fora dos quadros dos trabalhadores
registrados no OGMO? Em caso negativo, esse tipo de contratação já foi possível? Por
quê?
7. De quem é a competência para aprovar o Plano Geral de Outorgas – PGO do Setor
Portuário?
8. De quem é a competência para aprovar o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do
Porto – PDZ?
9. Existe algum erro ou imprecisão na frase “De acordo com a Nova Lei dos Portos os
Conselhos de Autoridade Portuária - CAPs passaram a atuar como órgão deliberativos da
administração do porto”.
10. Pense e descreva, mentalmente, alternativas para a solução do caso gerador.
REFERÊNCIAS
BibliográficasBOTELHO, Martinho Martins. Coletânea de Legislação Brasileira de
Direito Marítimo e Portuário. São Paulo: Lex, 2007.
CASTRO JR., Osvaldo Agripino de. Direito Portuário, Regulação e Desenvolvimento.
Belo Horizonte: Fórum, 2010.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
Jurisprudenciais
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF nº 139, em Trâmite
Perante o Supremo Tribunal Federal.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AgRg no REsp nº 964417/SP. Primeira Turma.
Julgado em 08 de outubro de 2013
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Pedido de Reexame AC 1077/15. Plenário.
Julgado em 10 de dezembro de 2013.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acompanhamento de Desestatização AC
3661/2013. Plenário. Julgado em 06 de maio de 2015.
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Seção Especializada de dissídios coletivos. DC
n. 1746116-74.2006.5.00.0000. Julgado em 16 de agosto de 2007.
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. AIRR 24400-33.2010.5.17.0001. Quarta
Turma. Julgado em 10 de outubro de 2014.
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. AIRR 122000-96.2009.5.01.0013. Sexta
Turma. Julgado em 27 de fevereiro de 2015.
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. AIRR 232-07.2010.5.01.0067. Quarta Turma.
Julgado em 03 de julho de 2015.
BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho. Sexta Região. Mandado de Segurança n. 00185-
2004-000-06-00-1. Julgado em 20 de janeiro de 2005.
BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho. Primeira Região. RO n. 00020-2006-027-01-
00-8. Oitava Turma. Julgado em 14 de agosto de 2007.
BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho. Primeira Região. Seção Especializada em
Dissídios Individuais. Mandado de Segurança n. 07038-2008-000-01-00-3. Julgado em
02 de abril de 2009.
BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho. Segunda Região. RO n. 323200844202002.
Oitava Turma. Julgado em 28 de maio de 2010.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
Sítios Eletrônicos
Câmara dos Deputados. Henrique Alves comemora aprovação de MP dos Portos, após 40
horas de votações. 15/05/13. Disponível em
<http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/442611-HENRIQUE-
ALVES-COMEMORA-APROVACAO-DE-MP-DOS-PORTOS,-APOS-40-HORAS-
DE-VOTACOES.html>. Acesso em 05/08/2013MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E
GESTÃO. Ministros consultam TCU sobre licitação de áreas portuárias do bloco 1 por
outorga. 16/06/2015. Disponível em <
http://www.planejamento.gov.br/assuntos/logistica-e-tecnologia-da-
informacao/noticias/ministros-consultam-tcu-sobre-licitacao-de-areas-portuarias-do-
bloco-um-por-outorga>. Acesso em 05/08/2015.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
AULA VIII - Capitania os Portos, Tribunal Marítimo e Acidentes e Fatos da
Navegação
ROTEIRO DE ESTUDO
1 Do Tribunal Marítimo
Durante a Revolução de 1930, com os ânimos acirrados e na iminência de
um golpe de Estado, um navio a vapor alemão chamado "BADEN", registrado em
Hamburgo, zarpou do porto do Rio de Janeiro ao anoitecer transportando
mercadorias e numerosa tripulação em direção ao porto de Buenos Aires. Ignorando
a sinalização da Fortaleza Santa Cruz para retornar ao porto, o BADEN, no jargão
da navegação, "forçou a barra" da Baía de Guanabara, recebendo dois tiros de
advertência, disparados do Forte do Leme, na praia de Copacabana. Ao insistir na
manobra e aumentar a velocidade, o BADEN foi então alvejado por um tiro de
canhão que destroçou o mastro principal, obrigando-o a retornar. O incidente, que
causou repercussão internacional à época, deixou 15 tripulantes mortos e diversos
feridos.
Na ausência de um Tribunal administrativo especializado no Brasil, o
incidente foi processado e julgado perante o Tribunal Marítimo da Alemanha. O
Tribunal alemão, após ouvir o depoimento do comandante do BADEN, atribuiu a
responsabilidade principal do incidente à Fortaleza de Santa Cruz, que não teria
feito uso da sinalização internacional, impedindo que o comandante do BADEN
interpretasse adequadamente a ordem de retorno ao porto. O Tribunal também
responsabilizou a guarnição do Forte do Leme, por não ter tentado contato via rádio
antes de efetuar os disparos que atingiram o navio. Ao comandante alemão, foi
atribuída apenas responsabilidade subsidiária pelo incidente, por não ter parado o
navio ao receber sinalização cujo significado ignorava.
A decisão do Tribunal Marítimo alemão foi vista como tendenciosa pelas
autoridades brasileiras à época e, no ano seguinte, foi editado o decreto 20.829/31,
que instituiu o Tribunal Marítimo no Rio de Janeiro, com competência
administrativa para apreciação dos incidentes e fatos da navegação em todo o
território nacional. Mas foi o Decreto n. 24.585 de 5 de julho de 1934, que criou o
tribunal marítimo administrativo que, posteriormente, passou a obedecer aos termos
da lei 2.180/1954.
DIREITO MARÍTMO
_______________________________________________________________ 164
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
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151
ANJOS, José Haroldo dos; GOMES, Carlos Rubens Caminha. Curso de direito marítimo. Rio de
Janeiro: Renovar, 1992. p. 111.
_______________________________________________________________ 165
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
responsáveis nos limites das suas atribuições, podendo, inclusive, propor medidas
de segurança e preventivas, visando a resguardar as peculiaridades da navegação e
do acidente ou fato ocorrido, evitando com isso que aconteçam fatos correlatos.
Nesse particular, é importante observar que, a fim de se evitar eventual prescrição
em desfavor de alguma parte, não correrá prescrição até a prolação de decisão
definitiva pelo Tribunal Marítimo. 152
Já com relação à jurisdição voluntária, que envolve os processos
administrativos de expediente, o Tribunal Marítimo se restringe à expedição de
certidões, autuações, despachos de mero expediente etc. No que tange aos processos
de controle administrativo, suas atribuições são mais extensivas, abrangendo as
diversas atividades que dispõem sobre o registro da propriedade naval, os direitos
reais que incidem sobre as embarcações, as atividades relacionadas à armação
nacional e os registros marítimos, previstos na Lei nº 9.432/1997, regulamentada
pelo Decreto nº 2.256, de junho de 1997.
Por oportuno, destaque-se que o Tribunal Marítimo poderá funcionar como
tribunal arbitral caso escolhido pelas partes.
152
Lei n° 2.180/1954 - “Art. 20. Não corre a prescrição contra qualquer dos interessados na apuração
e nas consequências dos acidentes e fatos da navegação por água enquanto não houver decisão
definitiva do Tribunal Marítimo.”
_______________________________________________________________ 166
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_______________________________________________________________ 167
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_______________________________________________________________ 168
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_______________________________________________________________ 169
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153
PIMENTA, Matusalém Gonçalves. Processo Marítimo. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
_______________________________________________________________ 170
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DIREITO MARÍTMO
alegando que o naufrágio teria sido fraudulento. Apesar do enorme esforço dos
advogados dos seguradores em tentar provar que a decisão do Tribunal Marítimo
não deveria prevalecer, por ter sido incompatível com a prova dos autos, o STF
rejeitou o recurso, valorando sobremaneira a decisão do Tribunal Marítimo.
Diante de sua importância para o atual estudo, faz-se necessária à
transcrição dos seus pontos principais:
_______________________________________________________________ 171
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154
Lei n° 2.180/1954 – “Art. 33. Sempre que chegar ao conhecimento de uma Capitania dos Portos
qualquer acidente ou fato da navegação será instaurado inquérito.”
_______________________________________________________________ 172
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155
NORMAM 9, item 0107, alínea a.
156
NORMAM 9, item 0108, alínea a.
157
NORMAM 9, item 0111, alínea a.
_______________________________________________________________ 173
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158
NORMAM 9, item 0111, alínea a.
159
Lei n° 2.180/1954 – “Art 41. O processo perante o Tribunal Marítimo se inicia:
a) em virtude de representação do interessado;
b) por iniciativa da Procuradoria;
c) por decisão do próprio Tribunal.”
160
Lei n° 2.180/1954 – “Art. 41. O processo perante o Tribunal Marítimo se inicia:
I - por iniciativa da Procuradoria;
II - por iniciativa da parte interessada;
_______________________________________________________________ 174
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5.2.2 Defesa
Respeitando-se o devido processo legal, a defesa nos autos do processo
administrativo está prevista no art. 56 da Lei nº 2.180/1954,162 devendo ser
interposta de forma escrita, especificando os meios de provas que se pretende
produzir, no prazo de quinze dias contados a partir da notificação, sendo
obrigatoriamente subscrita por advogado constituído nos autos, conforme
determina o art. 31 da mesma lei. 163
5.2.3 Instrução
A instrução, assim como em qualquer procedimento judicial, é a fase
comprobatória que visa a elucidar os fatos. É nesta fase que se dará o depoimento
pessoal do representado, as inquirições das testemunhas envolvidas no caso, todas
as inspeções e perícias técnicas necessárias, juntada de documentos, dentre outras
diligências inerentes à instrução do processo.
5.2.4 Relatório
5.2.5 Julgamento
O julgamento é a decisão proferida pelo órgão judicante, nos limites
objetivos da causa, não possuindo qualquer vinculação com o relatório elaborado
pelo juiz relator, que servirá tão somente como fundamento para o julgamento da
causa, devendo, conforme determina do art. 68 da Lei nº 2.180/1954,167 obedecer
às seguintes normas:
Relatório;
Sustentação das alegações finais pelas partes;
164
Lei n° 2.180/1954 – “Art. 65. Finda a instrução, será aberta vista dos autos por dez dias,
sucessivamente, ao autor e ao representando para que aduzam, por escrito, alegações finais, e em
seguida serão os autos conclusos ao relator para pedido de julgamento.”
165
Lei n° 2.180/1954 – “Art. 67. O relator terá dez dias a fim de estudar os autos que lhe forem
conclusos para pedido de julgamento afora o tempo consumido nos atos a que se refere o artigo
precedente.”
166
Código de Processo Civil – “Art. 469. Não fazem coisa julgada:
I – os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença;
II – a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;
III – a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo.”
167
Lei n° 2.180/54 – “Art. 68. O julgamento do processo obedecerá às seguintes normas:
a) relatório;
b) sustentação das alegações finais, sucessivamente, pelas partes;
c) conhecimento das preliminares suscitadas e dos agravos;
d) discussão da matéria em julgamento;
e) decisão, iniciando-se a votação pelo relator, e seguido este pelos demais juízes, a partir do mais
moderno no cargo.”
_______________________________________________________________ 176
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
168
SANTOS, Theophilo de Azeredo. Direito da Navegação (Marítima e Aérea). Rio de Janeiro:
Forense, 1964. p. 429.
169
Cumpre salientar que, com o advento da Lei n° 5.056, de 29 de junho de 1966, que alterou, dentre
outros, o parágrafo 2º do art. 112 da Lei n° 2.180/1954, o prazo para a interposição do agravo passou
_______________________________________________________________ 177
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
de 48 horas para cinco dias, sendo o seu processamento na forma dos arts. 522 e seguintes do Código
de Processo Civil.
_______________________________________________________________ 178
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
170
Lei n° 2.180/1954 – “Art. 115 – Para cumprimento de decisão do Tribunal Marítimo será
expedida guia com os seguintes requisitos:
a) o nome da autoridade que a manda cumprir;
b) a indicação da autoridade incumbida do seu cumprimento;”
171
“Art. 124. O Tribunal poderá aplicar a pena de suspensão ou multa, ou ambas cumulativamente,
às pessoas que lhe estão jurisdicionadas, quando ficar provado que o acidente ou fato da navegação
ocorreu por:
I - erro da navegação, de manobra ou de ambos;
II - deficiência da tripulação;
III - má estivação da carga;
IV - haver carga no convés, impedindo manobras de emergência, ou prejudicando a estabilidade da
embarcação;
V - avarias ou vícios próprios conhecidos e não revelados à autoridade, no casco, máquinas,
instrumentos e aparelhos;
VI - recusa de assistência, sem motivo, à embarcação em perigo iminente, do qual tenha resultado
sinistro;
VII - inexistência de aparelhagem de socorro, ou de luzes destinadas a prevenir o risco de
abalroações;
VIII - ausência de recursos destinados a garantir a vida dos passageiros ou tripulantes;
IX - prática do que, geralmente, se deva omitir ou omissão do que, geralmente, se deva praticar.
§ 1º O Tribunal poderá aplicar, até o décuplo, a pena de multa ao proprietário, armador, operador,
locatário, afretador ou carregador, convencido da responsabilidade, direta ou indireta, nos casos a
que se referem este artigo e o anterior, bem como na inobservância dos deveres que a sua qualidade
lhe impõe em relação à navegação e atividades conexas.
§ 2º Essa responsabilidade não exclui a do pessoal marítimo que transigir com os armadores na
prática daquelas infrações.
_______________________________________________________________ 179
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
172
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
173
“Art. 5º Compete à Procuradoria Especial da Marinha - PEM:
I - assessorar, juridicamente, o Ministro da Marinha, o Estado-Maior da Armada, a Secretaria-Geral
da Marinha e a Diretoria-Geral de Navegação, nas consultas concernentes ao Direito Marítimo
Administrativo e ao Direito Marítimo Internacional, bem como naquelas atinentes a acidentes ou
fatos da navegação;
II - atuar nos processos da competência do Tribunal Marítimo, em todas as suas fases;
III - oficiar em todas as consultas feitas ao Tribunal Marítimo;
IV - requerer, perante o Tribunal Marítimo, o arquivamento dos inquéritos provenientes de órgão
competente;
V - oficiar à autoridade competente, solicitando a instauração de inquérito, sempre que lhe chegar
ao conhecimento qualquer acidente ou fato da navegação;
VI - oficiar nos processos promovidos mediante representação de interessados ou por decisão do
Tribunal Marítimo, acompanhando-os em todas as fases;
VII - oficiar em todos os processos de registro de propriedade marítima, de armador, de hipoteca e
demais ônus reais sobre embarcação;
_______________________________________________________________ 180
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
VIII - promover a assistência judiciária gratuita aos acusados que não disponham de recursos para
constituir advogado, aos revés, ausentes ou foragidos, assim declarados, e aos que o Tribunal
Marítimo considere indefesos;
IX - servir de curadoria, nos casos previstos em lei; e
X - promover e manter estágio forense perante o Tribunal Marítimo.”
_______________________________________________________________ 181
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
d) Oferecimento de representação.
O pedido de realização de diligências complementares tem lugar,
basicamente, quando as provas carreadas aos autos do inquérito mostram-se
insuficientes para a imediata formação do convencimento da PEM com relação às
causas, circunstâncias e extensão dos acidentes e/ou fatos da navegação, bem como
no tocante aos eventuais responsáveis por tais incidentes da navegação.
O pronunciamento da PEM, pugnando pelo arquivamento do inquérito, por
seu turno, ocorre em resumo quando:
a) o acidente e/ou fato da navegação se deu por força maior, caso fortuito
ou fortuna do mar; ou
b) não foi possível esclarecer, com precisão, as causas determinantes
do acidente e /ou fato da navegação, a despeito dos esforços de investigação
levados a efeito pela autoridade encarregada da elaboração do inquérito.
A arguição de incompetência do Tribunal Marítimo dispensa maiores
comentários e, por óbvio, tem lugar quando falece competência ao Tribunal
Marítimo para o exame do caso.
Por outro lado, o oferecimento de representação pela PEM ocorre quando
existentes no inquérito elementos probatórios que indiquem as causas,
circunstâncias e extensão dos acidentes e/ou fatos da navegação e que denunciem
culpa ou dolo de seus causadores.
Para melhor compreensão da figura da representação, pode-se dizer que ela
tem para o processo administrativo sobre acidente e/ou fato da navegação papel
similar ao da denúncia para o processo penal.
Também compete à PEM:
a) a interposição de recursos contra as decisões emanadas do colegiado
(embargos infringentes e embargos de declaração), bem como contra as
singularmente proferidas (agravo e embargos de declaração); e
b) manifestar-se acerca da regularidade formal de eventual
representação privada ofertada por administrado possuidor de legítimo
interesse econômico ou moral no julgamento do acidente ou fato da
navegação (arts. 41, inciso II, c/c 42, letra a, c/c 45, todos da Lei nº
2.180/1954), acompanhando e intervindo em todas as fases (instrução,
alegações finais escritas e sustentação oral) de processo administrativo
_______________________________________________________________ 182
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
_______________________________________________________________ 183
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
6.3 Secretaria
É por meio da secretaria que os serviços processuais, técnicos e
administrativos decorrentes das atribuições do Tribunal serão exercidos. A
secretaria é dirigida por um bacharel em Direito que exerce o cargo de Diretor-
Geral.
174
“Art. 14. Consideram-se acidentes da navegação:
a) naufrágio, encalhe, colisão, abalroação, água-aberta, explosão, incêndio, varação, arribada e
alijamento;”
_______________________________________________________________ 184
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
175
“Art. 14. Consideram-se acidentes da navegação:
b) avaria ou defeito no navio, nas suas instalações, que ponha em risco a embarcação, as vidas e
fazendas a bordo.”
_______________________________________________________________ 185
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
176
“Art. 15. Consideram-se fatos da navegação:
a) mau aparelhamento ou impropriedade da embarcação para o serviço em que é utilizada e a
deficiência da equipagem;”
_______________________________________________________________ 186
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
177
Código Comercial – “Art 761. Todas as despesas extraordinárias feitas à bem do navio ou da
carga, conjunta ou separadamente, ou todos os danos acontecidos àquela ou a esta, desde o embarque
até a sua volta e desembarque, são reputadas avarias.”
_______________________________________________________________ 187
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
7.3 Da Arribada
Segundo ensina João Vicente Campos,178 “arribada é a entrada do navio em
porto ou lugar diferente dos determinados na viagem projetada”.
Quando a arribada independe do desejo do capitão, ela denomina-se arribada
forçada; enquanto a que decorre de um ato de vontade do mesmo, é uma arribada
voluntária.
178
CAMPOS, João Vicente. Dos Sinistros Marítimos. Rio de Janeiro: Forense, 1961. p. 139.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
exige que a submersão dure certo tempo, pois se a emersão é logo possível, não se
pode sustentar ter havido naufrágio.
No que se refere à “assistência e salvamento” podemos conceituar, de
acordo com a Lei n° 7.203/1984, que é todo ato ou atividade efetuado para assistir
e salvar uma embarcação, coisa ou bem em perigo no mar e nas vias navegáveis
interiores.
Nesse particular, cumpre destacar que quando a “assistência e salvamento”
envolvem embarcação brasileira e ocorre em águas sob jurisdição nacional, aplica-
se a Lei n° 7.203/1984.
Nos demais casos, o documento legal cabível é a Convenção Internacional
de Bruxelas.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
QUESTÕES DE AUTOMONITORAMENTO
1. Após ler o material, você é capaz de resumir o caso gerador, identificando as
partes envolvidas, os problemas atinentes e as possíveis soluções cabíveis?
2. Defina o Tribunal Marítimo.
3. Conceitue e diferencie os acidentes e fatos da navegação.
4. Quais as principais etapas dos processos administrativos no Tribunal Marítimo?
5. Quais as penalidades aplicadas pelo Tribunal Marítimo?
6. Com o não pagamento da multa aplicada, é possível a inscrição do devedor na
dívida ativa da União?
7. Pense e descreva, mentalmente, alternativas para a solução do caso gerador.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
2. Qual seria a medida cabível a ser tomada por uma das partes interessadas para a
responsabilização administrativa de um dos envolvidos no acidente, na hipótese de
o Tribunal ter recebido a representação apenas contra o prático?
3. Poderia o Tribunal Marítimo desconsiderar a representação e determinar o
arquivamento dos autos?
4. A decisão do Tribunal Marítimo vincularia eventual julgamento na esfera
judicial?
REFERÊNCIAS
Bibliográficas
1 Utilizadas
ANJOS, José Haroldo dos; GOMES, Carlos Rubens Caminha. Curso de direito
marítimo. Rio de Janeiro: Renovar, 1992.
CAMPOS, João Vicente. Dos Sinistros Marítimos. Rio de Janeiro: Forense, 1999.
______. Da avaria particular direito nacional e internacional. Rio de Janeiro:
Revista Forense, 1952.
FERREIRA, Waldemar Martins. Instituições de Direito Comercial. São Paulo:
Max Limonad, 1955.
GILBERTONI, Carla Adriana Comitre. Teoria e prática do direito marítimo. Rio
de Janeiro: Renovar, 1998.
LACERDA, Jozé Cândido Sampaio de. Curso de direito privado da navegação –
Direito Marítimo. 3. ed. Rio de Janeiro: Biblioteca Jurídica Freitas Bastos, 1984.
MARTINS, Eliane Maria Octaviano. Curso de direito marítimo. 1. v. Barueri:
Malone, 2005.
MELLO, Celso Duvivier de Alburquerque. Direito Internacional Público: Tratados
e convenções. Rio de Janeiro: Renovar, 1986.
MIRANDA, Pontes de. Comentários ao Código de Processo Civil. 2. ed. Rio de
Janeiro: Revista Forense, 1959.
PAYNE; IVAMY´S. Carriage of Goods By Sea. 30. ed. London: Butterworths,
1989.
PIMENTA, Matusalém Gonçalves. Processo Marítimo. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2010.
RODIÊRE, René. Droit Maritime. 7. ed. Paris: Dalloz, 1977.
_______________________________________________________________ 191
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
Eletrônicas
Site da AMERICAN Club: <http: www.american-club.com>.
Jurisprudenciais
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n. 811.769.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. AI n. 62811-RJ. Relator: Ministro Bilac Pinto.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. MS n. 24.803.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE n.7446-BA.
BRASIL. Tribunal Regional Federal. AC n.29682-GB.
BRASIL. Tribunal Regional Federal. AC-46.271-RJ.
Legislativas
BRASIL. Decreto nº 2.256, de 17 de junho de 1997.
BRASIL. Decreto nº 20.829, de 21 de dezembro de 1931.
BRASIL. Decreto nº 24.585, de 05 de julho de 1934.
BRASIL. Lei nº 2.180, de 05 de fevereiro de 1954.
BRASIL. Lei nº 5.056 de 29 de junho de 1966.
BRASIL. Lei n° 7.203/1984.
BRASIL. Lei nº 7.642, de 18 de dezembro de 1987.
BRASIL. Lei nº 9.028, de 12 de abril de 1995.
BRASIL. Lei nº 9.432, de 08 de janeiro de 1997.
BRASIL. Lei Complementar nº 80, de 12 de janeiro de 1994.
BRASIL. NORMAM 9 – Diretoria de Portos e Costas.
_______________________________________________________________ 192
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
1 Tipos de Contratos
A indústria internacional de transporte marítimo opera através de diversos
tipos de contrato.
Os contratos mais praticados são:
a) Contratos de afretamento por viagem;
b) Contratos de afretamento por período;
c) Contratos de afretamento a casco nu;
d) Contrato de tonelagem; e
e) Contrato de transporte.
Antes de conceituar tais contratos, é oportuno lembrar que recaem sobre
uma embarcação os atributos da propriedade de coisas, a saber: os direitos de usar,
fruir e dispor.
O direito de usar se associa ao direito de ter a posse da embarcação, e,
consequentemente, o direito de exercer a gestão náutica. A gestão náutica do navio
consiste em dotar o navio com comando, tripulação adequada, combustível,
provisões e todas as demais providências necessárias para que o navio se lance ao
mar.
O direito de fruir a embarcação consiste na obtenção dos benefícios
decorrentes do emprego comercial do navio, o qual se dá através de contratos de
afretamento ou transporte.
O direito de dispor da embarcação é aquele que dá ao proprietário o direito
de alienar a embarcação a terceiros, ou até mesmo alterá-la ou desmanchá-la.
A partir destes conceitos, podemos definir os contratos de afretamento como
sendo aqueles em que o fretador transfere ao afretador, por certo período, o direito
de fruir e, no caso do afretamento a casco nu, é transferido, também, o direito de
usar a embarcação.
No afretamento por viagem, a duração do contrato é delimitada pela rota
que o navio irá cumprir, começando no porto de carga e terminando no porto de
descarga. Em inglês, este tipo de contrato é conhecido como Voyage Charter Party
(VCP).
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
3 Contratos e a Lei
Todo contrato deve ser regido por um sistema legal. Quando o contrato não
mencionar o sistema legal regente haverá disputa sobre esta definição. Este
problema se agrava quando o contrato tem natureza internacional.
É oportuno citar que a lei brasileira de arbitragem (Lei 9.307/1996) admite
a eleição de lei estrangeira para reger contratos que envolvam empresas brasileiras.
As funções da lei no contrato são:
a) Assegurar o pacta sunt servanda (o contrato faz lei entre as partes). Este
importante princípio contratual é o que traz a necessária segurança jurídica para que
os negócios possam prosperar;
b) Orientar o modo de interpretar os contratos;
c) Suprir as lacunas do texto contratual, uma vez que não existe contrato com
redação perfeita;
d) Garantir a execução de sentenças judiciais ou laudos arbitrais que
determinem a uma parte contratante prestar obrigação a outra.
O contrato também deve definir de que forma as disputas contratuais serão
resolvidas.
As disputas podem ser resolvidas pelo Poder Judiciário (poder estatal) ou
por Arbitragem (sistema privado).
Em qualquer dos casos, deve-se especificar o nome da corte que solucionará
a disputa.
Quando o contrato não mencionar o foro (se estatal ou privado), haverá
disputa sobre esta definição, devendo-se observar que não há presunção de
arbitragem.
Em geral o foro (estatal ou arbitral) tem a mesma nacionalidade da lei, mas
nem sempre.
Pelas razões expostas acima, as cláusulas de lei e foro são as pedras
fundamentais dos contratos de afretamento e transporte.
A lei inglesa é a mais adotada nos contratos de afretamento e transporte do
mundo inteiro, tendo em vista o vasto arcabouço legal que aborda o tema. Além
disso, há nas cortes inglesas varas especializadas em assuntos marítimos. O sistema
_______________________________________________________________ 196
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
de arbitragem inglês também é largamente usado nos contratos, por haver tradição,
competência e eficiência no julgamento das lides.
Outros países, igualmente, dispõem de juízos e arbitragens especializados
em causas marítimas (Estados Unidos, Cingapura, Panamá etc.).
_______________________________________________________________ 197
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
4.3 Viagem
Os afretamentos por viagem contêm cláusula estabelecendo que o navio
deva cumprir a programação de viagem dada pelo afretador, devendo estar em
conformidade com o contrato. Há previsão para que o navio fique fundeado e
aguarde ordens para operar.
Uma vez nomeados os portos da viagem, o afretador não tem mais o direito
de alterá-los. Todavia, alguns contratos dão ao afretador o direito de alterar a
programação do navio, tendo a contrapartida de remunerar o fretador pelo desvio
efetuado.
4.4 Portos
Os contratos estabelecem para o afretador a obrigação de nomear portos e
berços seguros, a serem visitados pelo navio (safe berth/port). O porto ou berço é
considerado seguro quando o navio específico pode entrar, usar e sair do mesmo,
sem estar exposto a perigo que não possa ser evitado por meio de boas práticas de
navegação e marinharia, desde que na ausência de ocorrências anormais.
A obrigação do afretador de nomear o safe port/berth pode ser de due
diligence ou absoluta, dependendo do formulário.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
4.5 Frete
O pagamento do frete é uma obrigação precípua do afretador. A cláusula de
frete define o critério de preço: lumpsum; US$/t. Também define a data devida para
pagamento: na carga; emissão de B/L; descarga. Quando a formação do frete se dá
a partir de um preço unitário, a cláusula deve definir qual a quantidade da carga que
servirá de referência para a apuração: B/L, bordo origem; bordo destino.
A lei inglesa considera ilegal que se faça deduções no frete, sendo admitidas
algumas exceções, tais como adiantamento de verbas para despesas do navio, e
outras previstas no contrato.
Em relação às taxas do porto, o contrato deve estipular quais as que são do
encargo do fretador e do afretador.
A cláusula também estabelece que o fretador tenha direito ao pagamento de
frete morto, se a quantidade mínima no contrato não for embarcada.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
4.7 Sobrestadia
Os contratos de afretamento estipulam o tempo máximo de estadia que o
navio poderá ter para carregar e descarregar. Em inglês este tempo é denominado
laytime.
O afretador deverá indenizar o excesso de estadia que o navio teve devido à
inadimplência do afretador. Este excesso de tempo é denominado sobrestadia ou
demurrage.
A sobrestadia é determinada pela seguinte expressão:
Demurrage = (Estadia real - Estadia permitida) x taxa demurrage
A sobrestadia tem natureza jurídica de indenização por inadimplência
contratual com liquidação prevista em contrato.
A estadia real é calculada deduzindo-se do tempo total do navio no porto, o
tempo em que o navio estava em situações específicas previstas no contrato. Na
seção seguinte serão detalhadas diversas situações em que o tempo de estadia não
é contado.
A estadia permitida pode ser um tempo já previamente determinado no
contrato, como é típico na indústria de petróleo e derivados, mas também pode ser
calculada a partir de fórmulas previstas no contrato, que relacionam a estadia
permitida ao volume carregado, sua forma de carregamento, a existência de dias
úteis etc, tal como acontece no trade de granéis sólidos.
A taxa de demurrage é diária, sendo que ao calcular a sobrestadia a sua
apuração é pro-rata.
Alguns contratos limitam a quantidade máxima de sobrestadia. Sendo
assim, a partir desta quantidade, a sobrestadia precisa se tornar líquida. A liquidação
é feita em juízo ou arbitragem, conforme previsto no contrato, aplicando-se o valor
de mercado da data da ocorrência da sobrestadia.
As exceções de responsabilidade previstas no contrato para o afretador não
excluem este de pagar pela sobrestadia causada.
Em situações de força maior nos portos, os contratos estipulam um
tratamento especial na apuração da sobrestadia (meia taxa).
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DIREITO MARÍTMO
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4.9 Subafretamento
O afretador poderá subfretar o navio para terceiros, independente de
autorização do fretador original. Todavia o afretador deve manter-se responsável
pelo adimplemento das obrigações assumidas no primeiro contrato.
Esta cláusula é que faz do transporte marítimo uma commodity.
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DIREITO MARÍTMO
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Imagine-se a seguinte situação: o navio “A” com carga “A” abalroa navio
“B” com carga “B”, havendo danos em ambas as cargas. A contribuição da culpa
de cada um dos navios em relação ao acidente foi definida em juízo ou regulação.
Pelo USCOGSA, lei americana que incorpora as Regras de Haia-Visby, há
excludente de responsabilidade do navio A em relação à carga A em caso de
negligência da navegação.
Assim, para que a carga “A” seja indenizada na totalidade, o navio “B” teria
que pagar pela sua parcela de culpa, e também pela parcela do navio “A”.
O navio B, por sua vez, cobraria do navio “A”, através de direito de regresso,
a parcela que deveria ser paga pelo navio “A”.
No fim das contas, o navio “A” teria que arcar com os danos da carga “A”,
apesar de sua exclusão de responsabilidade, dada pelo USCOGSA.
A cláusula Both to blame visa a restituir a direção do USCOGSA, operando
no sentido de fazer com que o dono da carga “A” restitua ao navio “A” a parcela
em que não caberia indenização.
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5.6 Combustíveis
O afretador está obrigado a fornecer combustíveis para propulsão e geração
de energia em conformidade com o previsto na especificação do navio.
O afretador deverá comprar os combustíveis existentes a bordo no início do
contrato. O fretador deverá comprar os combustíveis existentes a bordo no término
do contrato.
Alguns formulários definem que o afretador deverá reentregar o navio com
as mesmas quantidades existentes na entrega.
5.7 Off-Hire
O afretador poderá deduzir do aluguel a ser pago, os períodos em que o
navio deixou de estar disponível ao afretador, desde que tenha ocorrido perda de
tempo por tal fato.
Os contratos devem relacionar os motivos que podem causar tal situação,
tais como: quebra ou deficiência de equipamentos, falta de tripulantes, quarentena
etc.
_______________________________________________________________ 211
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
6.3 Reentrega
O contrato dispõe de cláusula que obriga o afretador a restituir o navio nas
mesmas condições recebidas, salvo o desgaste natural que equipamentos, acessórios
e casco sofrem com o decorrer do tempo do contrato.
6.4 Estoques
Na ocasião da entrega, será feito um inventário em conjunto pelas partes
contratantes para se determinar os estoques de sobressalentes, consumíveis e
_______________________________________________________________ 212
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
6.6 Seguros
O afretador deverá, na vigência do contrato, manter o navio com seguro
casco, proteção contra guerra e seguro P&I.
7.2 Portos
O contrato deverá informar os possíveis portos de carga e descarga
envolvidos nas viagens.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
7.5 Programação
A programação do navio consiste na definição do navio, da quantidade de
carga a ser transportada, da data de carregamento, do porto de carga e descarga.
Os contratos devem conter cláusulas que estabeleçam a antecedência
mínima necessária para que o afretador defina as informações da carga, datas e
portos, e para que o fretador nomeie o navio.
Deve haver também regras para definir direitos de cancelamentos.
Esta cláusula é de vital importância para o sucesso do contrato.
7.6 Formulário
O contrato deve estipular qual será o formulário que apresentará os termos
que suportarão cada uma das viagens. Os termos deste formulário devem ser
adaptados para se compatibilizar com os termos do COA.
8 Contratos de Transporte
_______________________________________________________________ 214
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
8.1 Carga
O BL deverá conter a descrição da carga pormenorizada, incluindo a sua
especificação e quantidade e seu estado de conservação, apurado pelo comandante
do navio, na ocasião do embarque.
8.2 Navio
O BL deverá informar o nome do navio em que a carga embarcou e o seu
comandante.
8.3 Portos
O BL deverá informar o nome do porto de embarque e o porto em que a
carga será desembarcada.
8.4 Frete
O BL deverá informar o valor do frete e sua forma de pagamento.
_______________________________________________________________ 215
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QUESTÕES DE AUTOMONITORAMENTO
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CASO GERADOR
Estamos em 2020, a produção de petróleo no Brasil é superior a 4 milhões
de barris por dia. Desta produção, mais de 500 mil barris diários são produzidos e
comercializados por diversas empresas que não a Petrobras.
O Brasil, como um dos grandes produtores mundiais, tem ativa participação
no mercado internacional de petróleo, já que boa parte da produção é exportada,
participando neste comércio inúmeras empresas, além da própria Petrobras.
Uma empresa brasileira denominada CRUDETRADE, recém-criada,
adquiriu um lote de petróleo de 1 milhão de barris, tendo em seguida vendido este
mesmo lote para uma refinaria localizada na América Central. O negócio foi
fechado na modalidade CIF, devendo, portanto, o vendedor afretar o navio que fará
o transporte da carga de petróleo.
Tendo em vista que a lei brasileira exige que as exportações de petróleo
produzido no país sejam feitas por empresas brasileiras de navegação, a
CRUDETRADE contratou a empresa brasileira BRASTANKERS, que lhe
ofereceu um navio de bandeira liberiana para fazer o transporte.
A proposta da BRASTANKERS incluiu uma minuta do contrato a ser
celebrado, porém os traders da CRUDETRADE não possuem experiência em
afretamento de navios, tendo grande dificuldade de compreender os termos do
contrato.
O tempo urge, e uma decisão precisa ser tomada dentro de poucas horas.
Sendo assim, os traders procuram o departamento jurídico da empresa, solicitando
as seguintes informações:
a) Que obrigações a BRASTANKERS assume no contrato?
b) Que obrigações a CRUDETRADE assume no contrato?
c) Em caso de acidentes, tais como danos a carga, danos ao píer e poluição,
provocados pelo navio, que responsabilidade a BRASTANKERS assume?
d) Por que o contrato é regido pela legislação inglesa? É possível adotar a
legislação brasileira?
_______________________________________________________________ 217
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DIREITO MARÍTMO
REFERÊNCIAS
Bibliográficas
1 Utilizadas
COOK, Julian et all. Voyage Charters. Londres: Lloyd’s of London Press, 2001.
FERNANDES, Paulo e Leitão, Walter. Contratos de Afretamento à Luz dos
Direitos Inglês e Brasileiro. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2007.
FERNANDES, Paulo e Leitão, Walter. Responsabilidades no Transporte
Marítimo. São Paulo: Editora Aduaneiras, 2010.
WILFORD, Michael et all. Time Charters. Londres: Lloyd’s of London Press,
1995.
_______________________________________________________________ 218
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ROTEIRO DE ESTUDO
1 Introdução
O Contrato de transporte marítimo é o instrumento pelo qual um empresário
transportador se obriga, mediante remuneração, a transportar por mar, de um porto
para outro, certa quantidade de mercadoria que lhe foi entregue pelo embarcador e
a entregá-la a um destinatário.179
Nesse tipo de contrato, figuram como principais partes contratantes:
a) o transportador ou condutor – é a parte que, contra pagamento do frete, realiza o
transporte da mercadoria, conforme convencionado no contrato. O transportador
nem sempre será o proprietário ou armador do navio.
b) o embarcador ou expedidor – é a parte que contrata o transporte de mercadorias
e as fornece para o transportador.
c) o consignatário - é aquele que recebe as mercadorias transportadas.
É importante destacar também a figura do armador que é a pessoa ou
empresa que explora comercialmente as capacidades do navio.
Ressalte-se que, muito embora seja uma espécie de contrato de utilização de
navio, o contrato de transporte marítimo não se confunde com o contrato de
fretamento.
A diferença entre esses contratos reside essencialmente no objeto de cada
um deles. O primeiro tem como objeto o transporte da carga de um ponto ao outro,
enquanto o segundo visa à exploração comercial e utilização do próprio navio, ou
seja, tem como finalidade a disponibilidade do navio para exercer determinada
função.
Em geral, os contratos de transporte marítimo são regidos pelas regras
comuns aos contratos de transporte de mercadoria (Código Civil e Código
Comercial) e por algumas regras especiais quando no plano internacional, dentre as
quais se destacam as Regras de Haia, Regras de Haia-Visby e as Regras de
Hamburgo, que serão oportunamente estudadas.
179
CALABUIG, Rosário Espinosa. El contrato internacional de transporte marítimo de
mercancías: questiones de ley aplicable. Granada: Comares, 1999. p. 304.
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DIREITO MARÍTMO
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DIREITO MARÍTMO
180
SANTOS, Theóphilo de Azeredo. Direito da Navegação Marítima e Aérea. São Paulo: Forense,
1964.
181
GIRVIN, Stephen. Carriage of Goods by Sea. Birmingham: Oxford University Press, 2007. p.
76.
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DIREITO MARÍTMO
182
WILSON, John. Carriage of Goods by Sea. 6. ed. [S.l.]: Person Longman, 2007. p. 116.
183
“Responsabilidade civil – Danos materiais – Transporte – Ação regressiva da seguradora –
Situação dos autos onde a empresa transportadora se desincumbiu do mister de entregar incólume o
volume recebido, não podendo ser responsabilizado pelo conteúdo do ‘container’ ao qual não teve
acesso – Hipótese de manutenção íntegra da sentença atacada, inclusive quanto à fixação dos
honorários advocatícios, posto que inexiste condenação – Apelos desprovidos”. BRASIL. Tribunal
de Justiça do Estado de São Paulo. Apelação n. 1.151.058-8.
184
Usualmente chamado de clean on board bill of lading.
185
Usualmente chamado de unclean bill of lading ou claused bill of lading.
_______________________________________________________________ 223
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3 Legislação aplicável
O notável crescimento das relações econômicas internacionais, alinhado ao
fenômeno da globalização, vem contribuindo de forma significativa para o aumento
do comércio internacional de mercadorias.
Nesse contexto mundial, o modal marítimo vem assumindo um papel de
destaque no comércio internacional, representando 90% do transporte internacional
de mercadorias.
Por tudo isso, tem-se buscado uma constante sistematização do direito
marítimo, por meio da uniformização, em nível mundial, das inúmeras normas que
envolvem a matéria.
Uma das primeiras iniciativas de sistematização das normas internacionais
de direito marítimo ocorreu em 1921, na Holanda, onde foram promulgadas as
Regras da Convenção de Haia, posteriormente ratificadas por mais de 80 países.
As Regras de Haia sofreram algumas modificações, introduzidas pelo
protocolo de Visby (Convenção de Bruxelas em 1968), passando a figurar no
cenário mundial como Regras de Haia-Visby.
186
SCHMITTHOFF. Export Trade: The Law and Practice of International Trade. 11. ed. [S.l]: Sweet
& Maxwell, 2007. p. 325.
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4 Direitos e obrigações
4.1 Transportador
Nos termos do artigo 749 do Código Civil, “o transportador conduzirá a
coisa ao seu destino, tomando todas as cautelas necessárias para mantê-la em bom
estado e entregá-la no prazo ajustado ou previsto”.
A regra contida no diploma acima encerra a principal responsabilidade do
transportador marítimo, por meio da consagração da obrigação de entrega incólume
da carga que lhe é confiada inerente aos contratos de transporte.
Ainda nos termos do artigo 750 do nosso Código Civil, a responsabilidade
do transportador se inicia no momento em que recebe a mercadoria, tornando-se ele
um depositário da coisa, e termina no momento em que a carga é entregue ao seu
destinatário.
A ideia da devida diligência (due diligence) no transporte de mercadorias
foi incutida de forma tão expressiva que ao transportador é concedido inclusive o
direito de recusar a mercadoria recebida do embarcador quando verificar que esta
não foi embalada de forma adequada (art. 476 do CC) ou que se encontra avariada,
bem como de exigir sua reestiva a fim de resguardar a segurança do transporte
contratado.
Há casos, ainda, em que o transportador marítimo terá mesmo a obrigação
de recusar a mercadoria. Isso ocorre quando o transporte de determinada
mercadoria não é permitido por lei ou quando a carga não está acompanhada dos
devidos documentos que lhes são exigidos.
Ainda dentre as obrigações do transportador, o art. 3º do Decreto-Lei nº 116,
de 25/01/1967, que dispõe sobre as operações inerentes ao transporte marítimo de
mercadorias nos portos brasileiros, delimitando suas responsabilidades e tratando
das faltas e avarias, prevê que “os volumes em falta, avariados, sem embalagem ou
embalagem inadequada ao transporte por água, serão desde logo ressalvados pelo
recebedor e vistoriados no ato da entrega, na presença dos interessados”.
_______________________________________________________________ 226
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
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4.2 Embarcador
O pagamento do frete acordado na celebração do contrato de transporte é a
principal obrigação do embarcador. Em determinados casos, porém, é possível que
a dita obrigação seja suportada pelo consignatário da carga, se o contrato
estabelecer, por exemplo, o pagamento do frete antes da descarga ou no local do
destino.
Fora algumas excludentes, se o embarcador ou o consignatário não pagarem
o frete devido, o transportador poderá acioná-los judicialmente por meio de Ação
de Cobrança, sendo certo que, em geral, a responsabilidade tanto do embarcador
quanto do consignatário da mercadoria poderá ser solidária. 189
Além da obrigação de pagamento do frete, compete ainda ao embarcador
acondicionar a mercadoria de maneira correta, sob pena de ser facultada a recusa
do transportador, ou mesmo a isenção de responsabilidade do transportador por
qualquer dano à carga. Deve o embarcador, ainda, entregar a carga devidamente
“caracterizada por sua natureza, valor, peso e quantidade, e o mais que for
187
Nesse sentido: VENOSA, Silvio. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos
contratos. 3. ed. V. 2. São Paulo: Atlas, 2003; e MOURA, Geraldo Bezerra de. Direito de navegação
em comércio exterior. São Paulo: Aduaneiras, 1991.
188
“[...] Tanto o transporte, como o acondicionamento e depósito de mercadorias, são atividades
empresariais de risco e, portanto, a responsabilidade dessas empresas sobre as cargas a elas
confiadas, em realidade, é objetiva, independente da comprovação de culpa. Somente podem ver
excluída sua responsabilidade sobre danos, avarias ou desvios de carga, se comprovarem a
inexistência do dano, o fato exclusivo de terceiro, ou a ocorrência de caso fortuito ou força maior.
[...]” BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. AC n. 04659/2007.
189
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Ap. Civil n. 885.59-8. Julgado em 19 de
outubro de 2005.
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necessário para que não se confunda com outras, devendo o destinatário ser
indicado ao menos pelo nome e endereço”, conforme preceitua o art. 743 do Código
Civil.
Na hipótese de serem prestadas informações falsas ou inexatas pelo
embarcador, será cabível indenização ao transportador se este experimentar
eventuais prejuízos oriundos de tais informações, na forma do artigo 745 do Código
Civil.
4.3 Destinatário
O destinatário é aquele que deverá receber as mercadorias descarregadas
pelo transportador de acordo com as condições previstas no Conhecimento de
Transporte.
Conforme já destacado acima, nos contratos em que houver estipulação de
cláusula freight payable at destination collect (frete pagável no destino) ou freight
to be paid before breaking bulk (frete pagável antes da descarga) a obrigação do
pagamento de frete caberá ao destinatário, e não ao embarcador, como de costume.
Outra obrigação contratual atribuída ao Consignatário no caso de cargas
unitizadas é aquela oriunda da sobrestadia de contêineres (demurrage/ detention).
Assim, nos contratos de transportes em que houver cláusula determinando o
pagamento de taxa em razão da não devolução da unidade de carga no prazo
estipulado, salvo se houver disposição em contrário, caberá ao destinatário que o
retirar, arcar com essa prestação.
Além das obrigações contratuais, o Consignatário também possui
responsabilidades impostas por lei, dentre as quais se destaca a responsabilidade
pela conferência da mercadoria descarregada pelo transportador. Daí decorre outra
importante obrigação do destinatário: a consignação de protesto, caso se verifique,
no ato da descarga, a existência de alguma avaria ou perda da carga recebida.
Este protesto poderá ser feito no próprio BL ou em documento apartado por
escrito, devendo conter as indicações das avarias ou faltas constatadas pelo
consignatário, bem como a solicitação de vistoria, caso este entenda necessária.
Registre-se que, nessas hipóteses, a vistoria da carga afigura-se necessária
para a verificação da causa e da extensão da avaria suscitada pelo consignatário,
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
5 Cláusulas especiais
Nos contratos de transporte marítimo de mercadorias poderão ainda ser
encontradas algumas cláusulas especiais, tais como, as cláusulas de não indenizar e
as cláusulas que exoneram ou limitam a responsabilidade do transportador.
No que tange às cláusulas exonerativas e de não indenizar, é importante
atentar-se para o fato de serem as mesmas inoperantes nos contratos de transporte
executados no Brasil, sendo tal entendimento sumulado pelo Supremo Tribunal
Federal. 190
Contudo, a cláusula de limitação de responsabilidade do transportador vem
sendo amplamente utilizada nos contratos de transporte de mercadorias, por causa
das enormes vantagens que, a princípio, representam para os transportadores.
Em contrapartida a esta limitação, quando da negociação do transporte da
carga, o embarcador terá a opção de não declarar o valor da mercadoria no
Conhecimento de Transporte, limitando-se a descrevê-la e indicar o seu peso total,
pagando um frete menor, calculado sobre a dimensão da carga (ad rem) e não sobre
o valor total do bem transportado (frete ad valorem).
Na medida em que a cláusula limitadora estabelece um valor máximo para
pagamento de eventual indenização, que será calculada por unidade de volume ou
peso da carga, esta representa uma significativa redução da responsabilidade do
transportador perante o embarcador pela carga transportada.
Por sua vez, a inteligência da cláusula diz que, caso o embarcador pretenda
ser indenizado pelo valor total de sua carga no caso de uma eventual avaria ocorrida
190
Súmula nº 161: “Em contrato de transporte, é inoperante a cláusula de não indenizar.”
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
durante o transporte marítimo, este deverá optar pelo pagamento do frete com base
no valor declarado da mercadoria, o que é pouco utilizada tendo em vista que
encarece em muito o custo do embarque.
Entretanto, há parte da doutrina que não reconhece a validade desta cláusula
por entender que a redução do valor da indenização a parte muito inferior ao
prejuízo verificado (valor da carga) implicaria a negação do princípio que assegura
a reparação do dano, restando a mesma caracterizada como cláusula de não
indenizar.
Certo é que a jurisprudência nacional vem caminhando para o
reconhecimento da validade e eficácia da cláusula de limitação de responsabilidade,
exceto quando tiverem como objetivo disfarçar uma exoneração de
responsabilidade.191
6 Avarias
6.1 Conceito e classificação
De acordo com o art. 761 do Código Comercial, consideram-se avarias
“todas as despesas extraordinárias feitas a bem do navio ou da carga, conjunta ou
separadamente, ou todos os danos acontecidos àquela ou a esta, desde o embarque
até a sua volta e desembarque”.
Nas palavras de Ávio Brasil, avaria “é o prejuízo material, extraordinário e
imprevisto, resultante de transporte, e que os proprietários do navio ou da sua carga
suportam conjunta ou separadamente.”192
191
“Transporte marítimo. Cláusula limitativa de responsabilidade. É válida a cláusula limitativa da
responsabilidade de indenizar inserta em contrato de transporte marítimo. Precedentes. Recurso
Especial conhecido e provido”. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp n. 153.787-SP. Quarta
Turma. Relator: Ministro Barros Monteiro. In: DJ, de 06 de abril de 1998. p. 136.
“Recurso Especial - Contrato de transporte marítimo - Opção por frete de valor reduzido - Cláusula
limitativa de responsabilidade da transportadora - Validade - Decreto-lei nº 19.473/30 -
Inaplicabilidade, na espécie - Precedentes do STJ - Aferição acerca de eventual pagamento integral
do valor do frete e de sobretaxa reputada ilegal - reexame de provas e análise de cláusulas contratuais
- Impossibilidade - Incidência dos enunciados nºs 5 e 7 da súmula/STJ - Recurso não conhecido”.
(STJ, REsp n. 233.023/SP, j. 25/03/2008).
192
BRASIL, Ávio. Transportes e Seguros Marítimos e Aéreos. In: Oficinas Gráficas do Jornal do
Brasil, Rio de Janeiro, 1955.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
Como se vê, a acepção jurídica do termo avaria é bem mais ampla do que o
seu significado comum, pois compreende não só o dano causado à carga ou ao
navio, como também as despesas extraordinárias realizadas durante a expedição
marítima.
Não obstante as inúmeras classificações doutrinárias, chamamos de avarias
simples ou particulares as avarias comumente incorridas apenas na carga.
Em geral, as avarias simples encontram-se enumeradas no artigo 766 do
Código Comercial.
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
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6.3 Prescrição
O prazo prescricional para ajuizamento da Ação Indenizatória com vistas ao
ressarcimento, pelo embarcador ou consignatário, dos prejuízos sofridos em virtude
de falta ou avaria de mercadorias decorrentes do transporte marítimo ainda é
debatido na doutrina e jurisprudência brasileira.
O Código Comercial Brasileiro estabelecia o prazo prescricional de um ano
em seu Art. 449, o qual foi revogado pela Lei no 10.406/ 2002, O Código de
Processo Civil, que não estipulou prazo específico.
Por essa razão, parte da doutrina sustenta que o prazo prescricional seria de
3 anos, seguindo o prazo do art. 206, §3° do Código Civil, prazo estipulado para a
pretensão de reparação civil em geral.
No entanto, a legislação especial continua a regulamentar o prazo
prescricional de um ano para tais ações, como disposto no Decreto-Lei n° 116/1967,
a Lei de Transporte Multimodal (Lei 9611/98), a Lei de Transporte Rodoviário (Lei
11.442/07) e a Súmula 151 do STF.
Algumas discussões vinham sendo travadas nos Tribunais acerca da
aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor para efeito de incidência do
prazo de cinco anos (artigo 27 do CDC), sendo tal posição sustentada por
seguradores e interesses da carga. Contudo, em 19/08/2018 o Superior Tribunal de
Justiça sedimentou entendimento pela inexistência de relação consumerista em
contrato de transporte destinado a viabilizar atividade comercial 193.
Outrossim, o preceito contido na Lei n° 2.180/52, que estabelece a
suspensão do prazo prescricional em casos que estejam sob julgamento no Tribunal
Marítimo, também é uma relevante disposição legal no Direito Marítimo brasileiro.
Já nas Regras de Haia e nas Regras de Haia-Visby, o prazo é de um ano para
ajuizar ações relacionadas às perdas e avarias à carga, ou a atrasos na entrega da
mesma.194 Nas Regras de Hamburgo e nas Regras de Roterdã, o prazo é de dois
anos.195 A prescrição constante nessas Convenções não tem qualquer aplicabilidade
no Brasil, uma vez que o país não as ratificou.
193
Recurso Especial nº 1.669.938/SP – Terceira Turma – Rel. Min. Nancy Andrighi.
194
Artigo III, 6, das Regras de Haia e das Regras de Haia-Visby.
195
Artigo 20, 1, das Regras de Hamburgo e Artigo 62 das Regras de Roterdã.
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QUESTÕES DE AUTOMONITORAMENTO
CASO GERADOR
A empresa Shipper contratou a empresa Carrier para o transporte de
mercadorias da Inglaterra ao Brasil. Para tanto, Shipper embarcou 1.000 rádios e
5.000 CDs no navio Essence, da empresa Carrier, para o transporte marítimo do
Porto de Southampton ao Porto do Rio de Janeiro. A carga foi acondicionada em
dois contêineres. O primeiro conhecimento de transporte descreveu a mercadoria
como “1 container contendo 1.000 rádios”, e o segundo conhecimento de transporte
descreveu a mercadoria como “1 container ‘said to contain’ 5.000 CDs”.
Shipper vendeu os rádios e os CDs para Consignee e enviou-lhe a
correspondente via do conhecimento de transporte para a retirada da carga no Porto
do Rio de Janeiro. Durante a travessia oceânica, o navio Essence se deparou com
uma tempestade violenta. Em decorrência, algumas avarias ocorreram a bordo,
sendo que o primeiro contêiner, contendo 1.000 rádios, foi severamente avariado, e
o outro contêiner, contendo os CDs, nada sofreu.
Ao atracar no porto do Rio de Janeiro, Consignee constatou na conferência
final do manifesto realizado pela Inspetoria da Receita Federal no primeiro
contêiner que os rádios estavam, em sua maioria, avariados. Quanto ao segundo
contêiner, foi constatado nesta mesma conferência que a carga chegou intacta,
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Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
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porém faltando cerca de 1.000 CDs. Foi constatado também que os lacres dos
contêineres estavam intactos.
Na qualidade de advogado da Carrier, empresa responsável pelo transporte
marítimo das mercadorias, oriente seu cliente sobre que medidas legais poderão ser
adotadas contra reclamação formulada pelo Consignatário.
REFERÊNCIAS
Bibliográficas
1 Utilizadas
ANJOS, J. Haroldo dos; GOMES, Carlos R. C. Curso de Direito Marítimo. Rio de
Janeiro: Renovar, 1992.
BRASIL, Ávio. Transportes e Seguros Marítimos e Aéreos. In: Oficinas Gráficas
do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1955.
CALABUIG, Rosário Espinosa. El contrato internacional de transporte marítimo
de mercancías: questiones de ley aplicable. Granada: Comares, 1999.
GILBERTONI, Carla Adriana Comitre. Teoria e Prática do Direito Marítimo. 2.
ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.
GIRVIN, Stephen. Carriage of Goods by Sea. Birmingham: Oxford University
Press, 2007.
LACERDA, José Candido Sampaio de. Curso de direito privado da navegação. 3.
ed., rev. e atual. por Aurélio Pitanga Seixas Filho. Rio de Janeiro: Freitas Bastos,
1984.
MOURA, Geraldo Bezerra de. Direito de navegação em comércio exterior. São
Paulo: Aduaneiras, 1991.
KEEDI, Samir; MENDONÇA, Paulo C. C. Transportes e Seguros no Comércio
Exterior. São Paulo: Aduaneiras, 2000.
SANTOS, Theophilo de Azeredo. Direito da Navegação. 2. ed. São Paulo: Forense,
1968.
SCHMITTHOFF. Export Trade: The Law and Practice of International Trade. 11.
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VENOSA, Silvio. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos
contratos. 3. ed. V. 2. São Paulo: Atlas, 2003.
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DIREITO MARÍTMO
Eletrônicas
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20 ago. 2008.
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<http://www.admiraltylawguide.com/conven/visbyrules1968.html >. Acesso em:
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Jurisprudenciais
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp n. 153.787-SP. Quarta Turma.
Relator: Ministro Barros Monteiro. In: DJ, de 06 de abril de 1998. p. 136.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. RESP nº 233.023-SP. Relator: Ministro
Relator Massami Uyeda. In: DJU, de 16 de junho de 2008.
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19 de outubro de 2005.
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Legislativas
BRASIL. Código Civil.
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BRASIL. Código de Processo Civil.
BRASIL. Decreto n° 2.681, de 07 de dezembro de 1912.
BRASIL. Decreto-Lei nº 116, de 25 de janeiro de 1967.
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990.
BRASIL. Lei n° 10.893, de 13 de julho de 2004.
_______________________________________________________________ 235
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
1 Disputa marítima
1.1 Conceito
A primeira definição internacional unificada de reclamação de natureza
marítima surgiu com o advento da Convenção de Bruxelas de 1926, que arrola os
créditos marítimos de natureza privilegiada em um rol semelhante ao do artigo 470
do nosso Código Comercial. 196
O conceito legal de disputa marítima atualmente em vigor foi delineado pela
Convenção de Arresto de 1999197 (não ratificada pelo Brasil).
A Convenção de arresto de 1999 traz em seu artigo primeiro a definição de
reclamação marítima:
196
“Art. 470 - No caso de venda voluntária, a propriedade da embarcação passa para o comprador
com todos os seus encargos; salvo os direitos dos credores privilegiados que nela tiverem hipoteca
tácita. Tais são:
1 - os salários devidos por serviços prestados ao navio, compreendidos os de salvados e pilotagem;
2 - todos os direitos de porto e impostos de navegação;
3 - os vencimentos de depositários e despesas necessárias feitas na guarda do navio, compreendido
o aluguel dos armazéns de depósito dos aprestos e aparelhos do mesmo navio;
4 - todas as despesas do custeio do navio e seus pertences, que houverem sido feitas para sua guarda
e conservação depois da última viagem e durante a sua estadia no porto da venda;
5 - as soldadas do capitão, oficiais e gente da tripulação, vencidas na última viagem;
6 - o principal e prêmio das letras de risco tomadas pelo capitão sobre o casco e aparelho ou sobre
os fretes (Art. 651) durante a última viagem, sendo o contrato celebrado e assinado antes do navio
partir do porto onde tais obrigações forem contraídas;
7 - o principal e prêmio de letras de risco, tomadas sobre o casco e aparelhos, ou fretes, antes de
começar a última viagem, no porto da carga (Art. 515);
8 - as quantias emprestadas ao capitão, ou dívidas por ele contraídas para o conserto e custeio do
navio, durante a última viagem, com os respectivos prêmios de seguro, quando em virtude de tais
empréstimos o capitão houver evitado firmar letras de risco (Art. 515);
9 - faltas na entrega da carga, prêmios de seguro sobre o navio ou fretes, e avarias ordinárias, e tudo
o que respeitar à última viagem somente.”
197
O texto completo da United Nations/International Maritime Organization Diplomatic Conference
On Arrest Of Ships, 1999. A/CONF.188/6 pode ser encontrado em:
<http://www.unctad.org/en/docs/imo99d6.pdf>. Acesso em: 20 de junho de 2014.
_______________________________________________________________ 236
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
_______________________________________________________________ 237
Direito Marítimo – Atualidades e Tendências
DIREITO MARÍTMO
– agentes marítimos;
– corretores de navios;
– fornecedores de combustível (bunker);
– estaleiros;
– bancos (hipotecas e arrestos);
– seguradores (ações regressivas);
– sociedades classificadoras;
– tripulantes;
– práticos;
– estivadores;
– operadores portuários;
– container leasing;
– terceiros;
– Estados e autoridades (ex: marinha, fisco e ambiental).
Contratos de afretamento:
• navegabilidade (seaworthiness);
• atrasos no delivery ou redelivey;
• bad performance (velocidade e/ou consumo);
• inadimplementos contratuais (ex: não pagamento das taxas de afretamento
x off-hire);
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Para mais informações acesse: <http://www.smany.org/>. Acesso em: 20 de junho de 2014.
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julgar ações relativas a imóveis situados no Brasil; nem para proceder ao inventário
e a partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro
e tenha residido fora do território nacional.
Segundo a regra do artigo 24 do CPC: “A ação intentada perante tribunal
estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária
brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas.”
A jurisprudência brasileira contempla disputas decorrentes dos contratos de
transporte (avarias, fretes, sobre estadias, ações regressivas) e alguns acórdãos
isolados sobre os contratos internacionais, afretamentos, colisão, arresto e
acidentes.
Vale registrar, ademais, a obrigatoriedade de ratificação judicial dos
protestos formados a bordo no prazo de 24 horas da chegada do navio no primeiro
porto brasileiro (arts. 766 a 770, do Código de Processo
Código de Processo Civil:
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Lei Brasileira:
Lei de Arbitragem (LA n° 9.307/1996) – regras sobre procedimentos, execução e
reconhecimento de decisões brasileiras e estrangeiras. Regras e procedimentos
similares aos da convenção de Nova Iorque e da UNCITRAL. Anteriormente à LA,
arbitragens eram reguladas por poucas disposições inseridas no Código de Processo
Civil, de modo que poucos conflitos brasileiros eram resolvidos através de
arbitragem e a cultura de litígio judicial era muito forte.
A LA permaneceu sob discussão no Supremo Tribunal Federal durante 5
anos. Em 2001, o Supremo finalmente declarou a constitucionalidade da lei de
arbitragem que hoje está em pleno vigor. O uso da arbitragem é hoje bastante
comum no Brasil. As partes estão optando por arbitragem principalmente devido à
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grande demora nos processos judiciais – muitos recursos – que podem levar mais
de 5 anos até a sua decisão final e também por conta do aumento considerável do
valor da causa por conta da aplicação da taxa de juros e correção monetária.
A Emenda Constitucional nº. 45, de 30 de dezembro de 2004, transferiu a
competência para reconhecimento de sentenças arbitrais estrangeiras do Supremo
Tribunal Federal para o Superior Tribunal de Justiça.
Ademais, em 2015 foram promulgadas a nova Lei de Arbitragem e a Lei
Brasileira de Mediação. A reforma da Lei de Arbitragem prevê que a arbitragem
possa ser aplicada para contratos firmados por empresas com a Administração
Pública, o que deve gerar confiança em investidores estrangeiros, bem como a
arbitragem será permitido também para dirimir conflitos societários, com cláusula
a ser instituída por assembleia de acionistas, ficando assegurado o direito de retirada
dos sócios minoritários.
A Lei de Mediação por sua vez, regulamentou o procedimento feito
extrajudicialmente com a finalidade de desafogar o judiciário, eis que qualquer tipo
de conflito poderá ser submetido à mediação.
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2 Arresto de navios
2.1 Fontes de direito nacional
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Artigo 3º - As hypothecas, amortizações, cauções sobre navios previstas no artigo 1º são
admittidas imediatamente depois dos creditos privilegiados, mencionados, no artigo precedente.
As leis nacionaes podem conceder privilegio a outros creditos além dos previstos no dito artigo,
sem modificar, porém, a categoria reservada aos creditos garantidos por hypotheca, amortização
e caução e aos privilegios que sobre elles têm precedencia.
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Código de Processo Civil, detalham o novo procedimento a ser adotado para sua
aplicação.
Considerando que o arresto de embarcações é, na maior parte das vezes,
requerido em caráter antecedente, torna-se oportuno verificar os aspectos
processuais para sua concessão e sua manutenção.
Nesse sentido, observa-se que o artigo 305 já expressa a necessidade da
exposição sumária do direito, comumente denominado “fumus boni iuris”, bem
como da necessidade de comprovar o perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo, o conhecido “periculum in mora”.
Contudo, tal questão foi mais organizada no novo Código de Processo Civil,
estando, inclusive, expressa no próprio artigo que trata da tutela de urgência, a
possibilidade do Magistrado exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir
os danos que a outra parte possa vir a sofrer.
Além disso, o Código de Processo Civil de 2015, apresentou nova questão
que não constava no CPC/73 quando mencionadas as possibilidades de extinção da
cautelar em seu artigo 808. O que no setor internacional é conhecido como
“wrongful arrest”, ou seja, arresto equivocado, evidentemente gera um dano reverso
à parte arrestada, motivo pelo qual o CPC/15 tratou de normatizar a devida
indenização dentro dos próprios autos, incluindo junto dos requisitos para
concessão da tutela de urgência. Dessa maneira, o artigo 302 estabelece que:
“Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte
responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte
adversa, se:
I - a sentença lhe for desfavorável;
II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os
meios necessários para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal;
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do
autor.
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida
tiver sido concedida, sempre que possível.”
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principal autônoma. Pelo artigo 308 do referido código, uma vez efetivada a tutela
cautelar, o pedido principal será formulado no prazo de 30 dias, e será apresentado
nos próprios autos em que foi deduzido o pedido de tutela cautelar, não sendo
necessário o adiantamento de novas custas processuais.
Tal instrução processual é relevante, considerando que o processo passa a
ser mais organizado, o que gera uma agilidade em seu deslinde, bem como
economia significativa para o autor a respeito da desnecessidade de recolher
novamente custas processuais.
Convém ressaltar que antes ou após a decisão do arresto, é possível ao
Magistrado designar uma audiência especial ou conciliatória entre as partes,
sobretudo considerando que deve ser de interesse de ambas as partes que se faça
cessar os riscos que existem ao se arrestar uma embarcação.
Como afirmado anteriormente, para o autor da ação não é interessante que
a embarcação fique indefinidamente atracada ao porto, seja porque (i) sua
deterioração reduz o valor garantido, (ii) o custo fixo oriundo do trabalho para
conservação do navio poderia estar sendo destinado para quitação da dívida, (iii) a
embarcação pode estar propensa a riscos e outras despesas inclusive de cunho
privilegiado, que pode até afetar o crédito da parte arrestante, ou, ainda, (iv) os
prejuízos causados ao réu, caso a sentença seja improcedente, poderia gerar dívida
significativa para o autor em sede de dano reverso.
Sobre esse ponto, atenta-se que o arresto de embarcações se torna complexo
quando se trata da conservação trabalhosa do navio arrestado, sendo, muitas vezes,
necessário nomear depositário responsável pela manutenção do navio, o qual,
obviamente, deverá receber por isso, aumentando o valor da dívida contraída.
Considerando a hipótese de eventual deterioração da embarcação diante do
arresto, que, por si só, iria gradativamente desvalorizar o bem arrestado, reduzindo
o valor econômico da garantia de pagamento do crédito, o Código de Processo Civil
de 2015 em seu artigo 852, tratou de questão que já era adotada pelo antigo código,
qual seja, a possibilidade de alienar antecipadamente o bem móvel sujeito a
depreciação ou à deterioração.
Assim, pode-se concluir que as inovações trazidas pelo Novo Código de
Processo Civil são pontuais, mas de relevante impacto para o instituto de arresto,
como a extinção da seção sobre Arresto, no capítulo de Procedimentos Cautelares
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Específicos (art. 813 a 821, CPC/73), bem como a previsão do arresto como uma
das tutelas provisórias de urgência, a ser requerida em caráter cautelar ou, ainda, a
extinção na propositura da Ação Principal apartada da cautelar.
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procedimento específico para obter o pagamento de uma dívida do Estado (art. 910
do CPC).
Sob este procedimento, o credor deve primeiro ter seu crédito adjudicado;
subsequentemente será colocado em uma fila em que aguardará até que o Estado
providencie um orçamento específico para pagamento daquela dívida. Leva muitos
anos para receber este crédito.
Da mesma forma, se a embarcação for um navio de guerra ou embarcação
utilizada no serviço público ela será, via de regra, imune a arresto, conforme
disposto no artigo 15 da Convenção de Bruxelas de 1926.
2.5.2 Introdução
Existem duas classes de arresto no Brasil:
– Arrestos in rem, baseados no CCB e na Convenção de Bruxelas de 1926;
– Arrestos in personam, baseados no CPC.
Arrestos in rem são aplicáveis quando o proprietário do navio não é
pessoalmente responsável na reclamação, mas existe crédito privilegiado pendente
sobre a embarcação.
Arrestos in personam se aplicam quando o proprietário do navio é
pessoalmente responsável pelo débito, e, assim, responde com todos os seus bens.
Nestes casos, qualquer embarcação pertencente àquele proprietário pode ser
arrestada por qualquer tipo de reclamação cível.
Ambos os tipos de arresto podem ser realizados como medida de pré-
execução (título de crédito legal e executável) ou sob a forma de tutela de urgência.
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Artigo 12 da Lei nº 7.652/1988: Art. 12. O registro de direitos reais e de outros ônus que
gravem embarcações brasileiras deverá ser feito no Tribunal Marítimo, sob pena de não valer
contra terceiros.
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QUESTÕES DE AUTOMONITORAMENTO
1. Após ler a apostila, você é capaz de resumir o caso gerador, identificando as
partes envolvidas, os problemas atinentes e as possíveis soluções cabíveis?
2. Indique a Convenção Internacional que arrolou e conceituou mais recentemente
as reclamações marítimas.
3. Enumere cinco espécies de reclamações marítimas.
4. Enumere cinco espécies de créditos marítimos privilegiados.
5. Qual o principal atributo do crédito marítimo privilegiado?
6. Indique as fontes aplicáveis ao procedimento de arresto de embarcações no
Brasil.
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Recurso Especial nº 1705222/SP – Min. Luis Felipe Salomão – Quarta Turma
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Considerando que o armador inadimplente não possui bens no Brasil, seria possível
arrestar a embarcação no Porto do Rio de Janeiro?
Seria possível questionar a validade da cláusula de eleição de foro constante do
contrato de agenciamento?
Quais seriam os fundamentos da ação de arresto?
Como seria procedida a citação do devedor em território brasileiro?
O crédito em questão seria de natureza privilegiada?
Quais os desdobramentos processuais necessários após o ajuizamento do arresto?
REFERÊNCIAS
Bibliográficas
1 Utilizadas
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DIREITO MARÍTMO
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Vessels. Part I”. In Maritime Law Handbook. BREITZKE, Christian; LUX,
Jonathan & VERLAAN, Philomene. Ed. Kluwer Law, sup. 31 out. 2007.
FARINA, Francisco. Derecho Comercial Maritimo. Madrid: Departamento
Editorial del Comisariado Español Marítimo, 1948, 1ª ed.
PEREIRA, Rucemah Leonardo Gomes. Arbitragem marítima: uma visão global
Rio de Janeiro. Fundação de Estudos do Mar: FEMAR, 1997.
RAPOSO, Mário. Estudos sobre arbitragem comercial e direito marítimo.
Coimbra: Almedina 2006.
RIPERT, Georges. Précis de droit maritime. Dalloz: Paris, 1949.
RODIÊRE, René. Droit Maritime. Paris: Dalloz, 1977, 7ª ed.
SANTOS, Theophilo de Azeredo. Direito da Navegação (Marítima e Aérea). Rio
de Janeiro: Forense, 1964, 1ª ed.
Legislativas
Lei n° 9.307/1996
Constituição Federal de 1988
Código de Processo Civil
Código Comercial
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Emendas 55 e 56 ao Projeto de Lei nº. 1.572/2011
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TCC II — ELABORAÇÃO
FINANÇASDEPÚBLICAS
PROJETO
FICHA TÉCNICA
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FGV DIREITO RIO 214
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