Guia Técnico #3: Vigilância Da Saúde Dos Trabalhadores Expostos A Fatores de Risco Psicossocial No Local de Trabalho
Guia Técnico #3: Vigilância Da Saúde Dos Trabalhadores Expostos A Fatores de Risco Psicossocial No Local de Trabalho
Guia Técnico #3: Vigilância Da Saúde Dos Trabalhadores Expostos A Fatores de Risco Psicossocial No Local de Trabalho
TÉCNICO Nº 3
Vigilância da Saúde
dos Trabalhadores
Expostos a Fatores
de Risco Psicossocial
no Local de Trabalho
GUIA
TÉCNICO Nº 3
Vigilância da Saúde
dos Trabalhadores
Expostos a Fatores
de Risco Psicossocial
no Local de Trabalho
GUIA TÉCNICO Nº 3
FICHA TÉCNICA
Portugal. Ministério da Saúde. Direção-Geral da Saúde.
Programa Nacional de Saúde Ocupacional / Divisão de Saúde Ambiental e Ocupacional / Direção de Serviços
de Prevenção da Doença e Promoção da Saúde.
GUIA TÉCNICO N.º 3: VIGILÂNCIA DA SAÚDE DOS TRABALHADORES EXPOSTOS A FATORES DE RISCO
PSICOSSOCIAL NO LOCAL DE TRABALHO
PALAVRAS CHAVE
Riscos psicossociais; Serviços de Saúde e Segurança do Trabalho; Avaliação de risco; Vigilância da saúde;
Saúde ocupacional; Saúde mental.
EDIÇÃO
Direção-Geral da Saúde
Alameda D. Afonso Henriques, 45, 1049-005 Lisboa
Tel.: 218 430 500
Fax: 218 430 530
E-mail: [email protected]
www.dgs.pt
AUTORIA
COORDENAÇÃO
Sandra Moreira - Direção-Geral da Saúde / PNSOC
Carolina Nunes - Direção-Geral da Saúde / PNSOC
José Rocha Nogueira - Direção-Geral da Saúde / PNSOC (Presidente do Grupo de Trabalho Técnico-Científico)
PERITOS
Carlos Dias - Autoridade para as Condições do Trabalho
Cristina Rodrigues - Autoridade para as Condições do Trabalho
Ema Sacadura Leite - Universidade Nova de Lisboa / Escola Nacional de Saúde Pública
Eugénia Alentejo - Ordem dos Enfermeiros
Inês Castro - Comissão Técnica de Acompanhamento do PNSOC
Jorge Barroso Dias - Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho
Maria Antónia Frasquilho - Alterstatus
Maria João Manzano - Comissão Técnica de Acompanhamento do PNSOC
Maria José Chambel - Universidade de Lisboa / Faculdade de Psicologia
Mário Freitas - Ordem dos Médicos / Colégio de Especialidade de Medicina do Trabalho
Paula Domingos - Direção-Geral da Saúde / Programa Nacional para a Saúde Mental
Samuel Antunes - Ordem dos Psicólogos
Teresa Galhardo - Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho
Nota:
Este Guia foi alvo de Consulta Pública entre 30 de março e 30 de abril de 2021, tendo a mesma sido
divulgada no site da Direção-Geral da Saúde e no microsite do Programa Nacional de Saúde Ocupacional.
Índice
1. Introdução 8
2. Enquadramento 12
2.1. Saúde e bem-estar no trabalho 12
2.2. Principais tendências do trabalho 17
2.3. Contexto legal e normativo 21
2.4. Nota estatística 23
4. Efeitos na Saúde 30
4.1. Reações de stress 31
4.2. Consequências psicológicas e sociais 33
4.2.1. Ansiedade 33
4.2.2. Depressão 33
4.2.3. Reação de stress agudo 34
4.2.4. Perturbação de stress pós-traumático 34
4.2.5. Burnout 35
4.2.6. Défice cognitivo 35
4.2.7. Alterações comportamentais e sociais 36
4.2.7.1. Perturbações do sono-vigília 36
4.2.7.2. Perturbações por consumo de substâncias psicoativas 37
4.2.7.3. Perturbações devido a assédio e/ou violência 37
4.3. Consequências fisiológicas e físicas 38
4.3.1. Lesões músculo-esqueléticas 38
4.3.2. Efeitos cardiovasculares 39
4.3.3. Efeitos sobre o sistema imunológico 39
4.3.4. Efeitos sobre o aparelho digestivo 39
8. Medidas de Prevenção 66
8.1. Medidas de prevenção coletivas/transversais 68
8.2. Medidas de prevenção por fator de risco psicossocial 69
8.3. Medidas de prevenção por ocorrência crítica 73
11. Anexos 84
ANEXO 1: Principais Diretivas, Convenções e Acordos internacionais no âmbito dos riscos
profissionais de natureza psicossocial e respetiva transposição/aprovação para o direito
nacional 84
ANEXO 2: Sinopse Estatística no âmbito dos fatores de risco psicossocial 93
ANEXO 3: Modelo de registo de “Informação Inicial” da empresa/estabelecimento sobre
organização e população trabalhadora para efeitos da prestação dos Serviços de SST/SO 95
ANEXO 4: Exemplos da aplicação de instrumentos para avaliação dos fatores de risco
psicossocial 97
ANEXO 5: Exemplos de instrumentos para avaliação da perceção dos trabalhadores quanto aos
efeitos adversos na saúde por exposição a fatores de risco psicossocial 98
ANEXO 6: Modelo de registo da avaliação do ambiente psicossocial 106
ANEXO 7: Exemplos de instrumentos para avaliação de hábitos e estilos de vida 108
ANEXO 8: Exemplos de instrumentos para avaliação específica de problemas de saúde mental
113
ANEXO 9: Avaliação e gestão de quadros clínicos prioritários 120
ANEXO 10: Avaliação e gestão de quadros clínicos de emergência 127
ANEXO 11: Critérios para a classificação da potencial perturbação mental 129
ANEXO 12: Escala de incapacidade de Sheehan (Sheehan Disability Scale) 130
ANEXO 13: Escala de avaliação global do funcionamento (GAF) 131
Hospitais com consulta de psiquiatria por região administrativa e respetivas urgências 132
Índice de Quadros
Quadro 5. Tipo de exame de saúde realizado para efeitos de aptidão para o trabalho 52
Quadro 6. Principais componentes da anamnese com especial relevância no contexto dos riscos
psicossociais 54
Quadro 13. Promoção da saúde mental no local de trabalho (PSMLT) - Exemplos de intervenção
76
Índice de Figuras
Figura 3. Aspetos macro, meso e micro que influenciam os fatores de risco psicossocial 25
Figura 7. Modelo conceptual da atuação dos Serviços de SST/SO no âmbito dos riscos psicossociais
42
1 Introdução
Num mercado económico livre, o ritmo do trabalho das empresas1 é ditado por co-
municações instantâneas, elevados níveis de concorrência e de competição global
(4) exigências de produtividade e desenvolvimento tecnológico, que conduzem a
ambientes de trabalho cada vez mais stressantes (4,7). Estes ambientes são agra-
vados pela definição de objetivos pouco realistas, pela urgência em alcançar resul-
tados, pelas longas horas de trabalho, por contratos precários e pela instabilidade
e incerteza no emprego.
1. Para efeitos do presente documento “empresas” e “organizações” são sinónimos e integram todos os ramos de atividade nos setores
público, privado ou cooperativo e social. Neste contexto, o conceito “empresas” inclui os organismos da Administração Pública.
A enorme crise de saúde pública ocasionada pela pandemia da COVID 19 provocou uma disrupção, sem pre-
cedentes, na economia e na sociedade em geral (8) e desencadeou profundas e rápidas mudanças laborais
que geraram, agravaram e realçaram os riscos psicossociais e que colocaram em evidência a relevância da
saúde e do bem-estar dos trabalhadores (Apontamento 1), bem como a importância da gestão dos riscos
psicossociais no contexto do trabalho.
APONTAMENTO 1
A “saúde dos trabalhadores”, será potenciada no contexto de trabalho, se se garan-
tir que os trabalhadores (7):
Reconhece-se que as condições de trabalho e a forma como este é organizado e executado podem ter
efeitos adversos na saúde mental (1) e bem-estar dos trabalhadores, sempre que não se garanta uma boa
gestão dos riscos psicossociais no local de trabalho.
Neste contexto complexo, é imperativo assumir que o trabalho é, simultaneamente, uma importante fonte/
origem de riscos psicossociais mas também o local ideal para os enfrentar, mediante adequadas interven-
ções (4,6). É por isso imprescindível garantir uma correta avaliação e gestão dos riscos profissionais (9), que
assegure a existência de ambientes de trabalho saudáveis (10,11), a proteção e promoção da saúde dos tra-
balhadores (Apontamento 1) e a capacidade de trabalho de longo prazo (3) com elevados níveis de saúde
e bem- estar mental dos trabalhadores.
Os riscos psicossociais estão associados ao aumento do absentismo2 e presentismo3 laboral, à reduzida pro-
dutividade, a baixos níveis de desempenho, à elevada rotatividade, à diminuta motivação dos trabalhadores
(1,12), para além de estarem relacionados a um enorme fardo de doença e incapacidade que acarretam
pesados encargos financeiros para os indivíduos, as empresas e a sociedade (12).
Os riscos psicossociais são hoje uma grande preocupação de Saúde Pública (13) e um desafio major (7,13,14)
e emergente (7,15) para os Serviços de Saúde e Segurança do Trabalho/Saúde Ocupacional (SST/SO) e para
os sistemas tradicionais de vigilância (13) de saúde dos trabalhadores e de gestão de SST/SO (15). Este
desafio é encarado ao nível da prevenção dos riscos profissionais de natureza psicossocial, assim como no
âmbito do tratamento, acompanhamento, reabilitação e apoio àqueles que vivem com doença mental, para
que “possam ter uma participação plena na sociedade, no mercado de trabalho e na sua vida familiar” (5).
O presente Guia Técnico tem por objetivo identificar boas práticas de prevenção dos riscos psicossociais e
de vigilância da saúde dos trabalhadores, visando constituir um referencial de orientação que auxilie a
atuação dos Serviços de Saúde e Segurança do Trabalho/Saúde Ocupacional (SST/SO) e dos seus
profissionais nesta matéria. Para efeitos da sua implementação consideram-se os conceitos indicados no
Apontamento 2.
Embora se reconheça que o processo de análise, avaliação e gestão dos riscos psicossociais é complexo
e que não existe uma metodologia única que consiga englobar todas as situações de trabalho, o presente
Referencial apresenta uma metodologia geral de atuação dos Serviços de SST/SO visando:
2. Absentismo – Vulgarmente definido como a não comparência no local de trabalho, traduz a falta do trabalhador aos seus compromissos
laborais por motivos de doença ou questões pessoais (165).
3. Presentismo – Estar [fisicamente] no local de trabalho mas, devido a doença ou outra condição de saúde, ser incapaz de produzir em
pleno (166).
O presente Guia Técnico foi elaborado no âmbito da Ação 1.2 “Elaboração de Referencial sobre riscos
psicossociais no contexto de trabalho” do Programa Nacional de Saúde Ocupacional (PNSOC): Extensão
2018/2020 (16), da Direção-Geral da Saúde (DGS). Para a concretização da citada Ação, a DGS constituiu
um Grupo de Trabalho Técnico-Científico, coordenado pelo Programa Nacional de Saúde Ocupacional,
que integrou peritos de diversas áreas e de diferentes entidades.
APONTAMENTO 2
Fator de risco é um agente suscetível de provocar um efeito adverso na saúde do
trabalhador, por vezes identificado como “o perigo” ou “a causa”.
2 Enquadramento
Embora se reconheça a importância da saúde mental, para os trabalhadores e para as empresas, consta-
ta-se que existe uma elevada prevalência (14) de perturbações mentais em contexto laboral que “estão
associadas a níveis de incapacidade mais altos do que a maioria das doenças físicas crónicas” (20), de que são
exemplo a depressão (7,14) e o burnout.
Apesar da condição mental de cada indivíduo/trabalhador ser determinada por uma “multiplicida-
de de fatores” (17) nomeadamente biológicos (ex. género e genética), individuais (ex. experiências profissio-
nais e pessoais), sociofamiliares, económicos e ambientais (ex. estatuto social e condições de vida), mostra-se
importante que as empresas apostem na promoção da saúde mental (18) no contexto de trabalho, não só
através de adequadas medidas de prevenção do risco profissional de natureza psicossocial, mas sobretudo
pelo reconhecimento dos fatores protetores ou promotores que poderão robustecer a saúde mental
dos trabalhadores (1).
O trabalho pode ser positivo e benéfico para a saúde mental (Figura 1) ao proporcionar um “sentimento
de inclusão, estatuto e identidade”, ao estruturar a “ocupação do tempo” (1) e ao constituir um relevante
elemento de socialização. É através do trabalho que o indivíduo assegura as necessidades básicas de segu-
rança financeira e de sustentabilidade pessoal e familiar, essenciais à vida. Quando o indivíduo gosta e sente
bem-estar no seu trabalho este constitui uma fonte de motivação, de crescimento psicológico e de realização
pessoal.
TO
EN
UM EMPRESA
A
TRABALHADOR
Produtividade Satisfação
Inovação profissional
Motivação
Competitividade e empenho
Qualidade do Criatividade Absentismo
serviço/produto
Qualidade de Acidentes Presentismo
Proteção do desempenho SAÚDE MENTAL de trabalho
capital humano E BEM-ESTAR Conflitos laborais
Qualidade NO TRABALHO Doenças
Reforço da de vida Incapacidade Rotatividade de
imagem/marca pessoal
Capacidade Conflitos
Lucro de trabalho “trabalho-família” Custos de saúde
Custos de seguro
TRABALHADOR
ÃO
EMPRESA
U IÇ
DI MI N
Desta forma, quando ao trabalho estão agregadas perceções de valorização e de reconhecimento (22) que
conduzem a vivências de prazer, satisfação e segurança para o trabalhador, consideram-se que são fatores
que, no trabalho, contribuem para a saúde mental. O apoio social, o sentimento de inclusão, de significado
e de sentido do trabalho, assim como ter condições para tomar decisões no trabalho e para organizar e
controlar o trabalho de acordo com o seu próprio ritmo (1), são alguns exemplos de fatores protetores ou
promotores da saúde mental.
As melhorias na maneira como o trabalho é organizado e gerido poderão potenciar ambientes psicossociais
adequados e contribuir para criar empresas saudáveis com condições de trabalho seguras, estimulantes,
satisfatórias e agradáveis que, paralelamente, fomentem a produtividade, a inovação e sejam competitivas
e sustentáveis.
a. Quando o trabalho é desprovido de significado, não é valorizado, não tem suporte (ou
apoio) social e/ou constitui uma fonte de ameaça à integridade física e/ou psíquica do
trabalhador;
b. Em situações de intensificação do trabalho (tempo e ritmo de trabalho);
c. Em situações de restruturação da organização da empresa, de incorporação tecnológica
ou na existência de processos de comunicação e de liderança fracos;
d. Quando existe falta de trabalho (ou mesmo a ameaça de perda de emprego), pela amea-
ça à subsistência do trabalhador e da sua família.
O Apontamento 3 coloca em evidência os principais custos associados aos riscos psicossociais, assim como
o importante retorno que poderá ser alcançado com a boa gestão destes riscos, sobretudo quando impul-
sionada pela administração de topo da empresa e por gestores intermédios e chefias diretas.
APONTAMENTO 3
Quais são as principais evidências quanto à saúde e doença mental
no local de trabalho?
Cerca de 25% dos trabalhadores da Europa afirmam “sofrer stress no trabalho durante
a maior parte ou a totalidade do seu horário de trabalho”, e uma percentagem similar
“relata que o trabalho afeta negativamente a sua saúde”, tendo os fatores de risco psi-
cossocial um contributo relevante quanto aos efeitos adversos do trabalho (24).
De acordo com o “EU Labour Force Survey”, no período de 1999 a 2007 (12), cerca de
28% dos inquiridos – o equivalente a quase 55,6 milhões de trabalhadores europeus
– referiu que o seu bem-estar mental fora afetado pela exposição a fatores de risco
psicossocial; a “falta de tempo e excesso de trabalho” foi o principal fator de risco mais
selecionado; de entre os trabalhadores com problemas de saúde relacionados com o
trabalho, o «stress, depressão ou ansiedade» foram referidos como os mais graves por
14% dos inquiridos” (12).
Existem também evidências que o “stress no local de trabalho está relacionado com
uma degradação da qualidade das relações com o cônjuge, os filhos e outros membros
da família” (12), o que poderá ter sérias consequências em termos de saúde pública.
Neste contexto, considera-se que o argumento económico para a proteção da saúde
mental da força de trabalho se tornará ainda mais robusto para a economia como um
todo, mas também para os empregadores (2) e trabalhadores.
APONTAMENTO 3
Qual é o impacte económico das perturbações mentais nos sistemas
de saúde e de bem-estar social, emprego e produtividade?
Os riscos psicossociais e os efeitos na saúde que lhes estão associados acarretam pe-
sados encargos financeiros para os indivíduos, as organizações/empresas e as socie-
dades (12). As empresas são sobretudo afetadas por custos associados com o absen-
tismo e o presentismo laboral, reduzida produtividade e baixos níveis de desempenho,
elevada rotatividade e pouca motivação dos trabalhadores (1,12). Os principais custos
para os indivíduos relacionam-se com a deterioração da saúde, a incapacidade prolon-
gada, a mortalidade e a redução da qualidade de vida (1,12), podendo ainda afetar o
rendimento dos trabalhadores (12). Consideram-se também como outros custos re-
levantes os imputáveis à reforma antecipada ou invalidez, aos exames e cuidados de
saúde, à contratação de trabalhadores substitutos e horas extraordinárias, à perda de
capital intelectual, aos custos com ações judiciais, entre outros (12).
Um inquérito realizado pela EU-OSHA (26) concluiu que o custo total das doenças re-
lacionadas com o trabalho para os países da UE-15 situava-se entre 185 e 289 mil
milhões de euros por ano, estimando-se um valor de 20 mil milhões de euros para o
custo do stress relacionado com o trabalho neste grupo de países.
O projeto realizado pela Matrix em 2013 (2) estimou em 617 mil milhões de euros
anuais (12) o custo na Europa quanto à depressão relacionada com o trabalho. O valor
total incluía os custos para os empregadores resultantes do absentismo e do presen-
tismo (272 mil milhões de euros), a perda de produtividade (242 mil milhões de euros),
os custos dos cuidados de saúde (63 mil milhões de euros) e os custos da segurança
social sob a forma de pagamentos de subsídios de invalidez (39 mil milhões de euros)
(12). As projeções europeias mostram ainda que “estes custos continuarão a crescer
num ritmo significativo” (2).
Os programas de saúde mental nos locais de trabalho têm um grande potencial para
gerar retorno económico e melhorar a saúde mental da força de trabalho (2), dado
que conduzem a melhorias significativas ao nível do bem-estar dos trabalhadores, de
redução do absentismo e do aumento da produtividade e do melhor desempenho dos
trabalhadores (1,2). Pode igualmente melhorar a imagem e reputação da empresa (1).
Os resultados do projeto Matrix (2) sugerem que os benefícios económicos líquidos ge-
rados por estes programas ao longo de 1 ano podem variar entre 0,81€ e 13,62€ para
cada 1€ de despesa/investimento no programa. A seleção do tipo de programa que
uma empresa deve investir deve basear-se nas necessidades e objetivos específicos da
empresa e seus trabalhadores, bem como nos recursos disponíveis (2).
APONTAMENTO 3
Como são vistos os riscos psicossociais pelos empregadores?
São as organizações de grande dimensão que parecem ter mais “medidas e pro-
cedimentos” para fazer face aos riscos psicossociais do que as pequenas e médias
empresas, dado que “dispõem de maiores orçamentos para a prevenção de riscos
profissionais” e possuem “um nível superior de conhecimentos e consciencialização”
nesta matéria (27). Um dos principais fatores determinantes para a gestão do risco
psicossocial no local de trabalho é a vontade de reduzir o absentismo (12).
trabalhadores ou empregadores. Esta pandemia ultrapassou os meros contornos de crise de saúde pública,
alastrando-se à economia e aos mercados de todo o mundo, afetando empresas, trabalhadores e as suas
famílias.
Reconhece-se que existe uma enorme incerteza sobre o futuro do trabalho e os reflexos na SST/SO. Contu-
do considera-se que deverão assegurar os objetivos do desenvolvimento sustentável e, desta forma, assegu-
rar os requisitos do trabalho digno e de qualidade, sendo indispensável para este efeito garantir adequadas
condições de trabalho, uma sã e justa cultura organizacional e modelos de gestão e de valores promotores
da saúde e segurança dos trabalhadores.
APONTAMENTO 4
Globalização e novas formas de organização e emprego
APONTAMENTO 4
As inovações tecnológicas têm conduzido a diversas alterações nos processos de
trabalho, diluindo os limites entre o trabalho e a vida pessoal (4) e dificultando a sua
conciliação. O uso massivo da tecnologia de informação e comunicação (TIC) faz com
que os trabalhadores permaneçam ligados ao trabalho durante mais tempo e, na prá-
tica, continuam a fazer o seu trabalho em casa e fora do horário de trabalho, conside-
rando-se que uma rápida resposta on-line é um sinal de “bom desempenho” (4) profis-
sional. Neste âmbito, surgem conflitos e incompatibilidade entre funções de trabalho e
papéis familiares (4), o que tende a dificultar ou impossibilitar a procura e o assumir de
“papéis familiares” ou “papéis de liderança” na empresa/estabelecimento.
APONTAMENTO 4
Em dezembro de 2019, a pandemia da COVID-19 ocasionou uma crise sanitária com
impacte negativo e disruptor na economia mundial e na sociedade (8). Esta situação,
sem precedentes, tem motivado o encerramento ou a interrupção do normal funcio-
namento das empresas e dos negócios (8), exigindo o restabelecimento gradual da
atividade empresarial, a par da evolução epidemiológica da COVID-19, que implicam
profundas modificações higio-sanitárias, organizacionais e de conduta social, visando
evitar a propagação da doença entre os trabalhadores e garantir a sustentabilidade
empresarial e o emprego (8).
De realçar ainda que novas realidades de trabalho decorrentes desta pandemia, como
a massificação do teletrabalho, embora visassem uma melhor proteção da saúde e
segurança dos trabalhadores relativamente ao SARS-COV-2, aumentou, em diversas
situações, o stress tecnológico, o isolamento social, os conflitos trabalho-família e a falta
de suporte social, com consequências negativas (8,29) na saúde mental.
No âmbito dos riscos profissionais de natureza psicossocial destacam-se como principais instrumentos e
bases legais os seguintes:
e. A Lei da Saúde Mental (Lei n.º 36/98, de 24 de julho) que institui “os princípios ge-
rais da política de saúde mental e regula o internamento compulsivo dos porta-
dores de anomalia psíquica, designadamente das pessoas com doença mental”.
f. O “Regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho” (RJPSST), aprovado pela Lei
n.º 102/2009, de 10 de setembro, na sua atual redação, que aborda os riscos psicossociais no local de
trabalho em duas principais vertentes (artigos 15º e 48º do citado Regime):
g. O Código Penal (Decreto-Lei n.º 48/95, na sua atual redação), que determina, no artigo 160.º, pena de
prisão a quem “oferecer, entregar, recrutar, aliciar, aceitar, transportar, alojar ou acolher pessoa para
fins de exploração, incluindo [...] a exploração do trabalho […]: a) Por meio de violência, rapto ou amea-
ça grave; b) Através de ardil ou manobra fraudulenta; c) Com abuso de autoridade resultante de uma
relação de dependência hierárquica, económica, de trabalho […]; d) Aproveitando-se de incapacidade
psíquica ou de situação de especial vulnerabilidade da vítima; ou e) Mediante a obtenção do consenti-
mento da pessoa que tem o controlo sobre a vítima”.
“Planificar a
prevenção como um
“Assegurar, nos locais
sistema coerente que
de trabalho, que as
integre a evolução
exposições aos agentes
técnica, a organização do
químicos, físicos e
trabalho, as condições
biológicos e aos fatores
de trabalho, as relações
de risco psicossociais
sociais e a influência dos
não constituem risco
fatores ambientais”
para a segurança e saúde
(alínea b, ponto 2, artigo
do trabalhador”
PRINCÍPIOS 15º do RJPSST).
(alínea f, ponto 2, artigo
GERAIS DE 15º do RJPSST).
“Adaptação do
PREVENÇÃO trabalho ao homem,
EM DESTAQUE especialmente no que se
refere à conceção dos postos
“Adaptação ao de trabalho, à escolha de
estado de evolução equipamentos de trabalho e aos
da técnica, bem métodos de trabalho e produção,
como a novas formas com vista a, nomeadamente,
de organização atenuar o trabalho monótono e
do trabalho” o trabalho repetitivo e reduzir
(alínea h, ponto 2, os riscos psicossociais”
artigo 15º (alínea g, ponto 2, artigo
do RJPSST). 15º do RJPSST).
De salientar, que existem ainda diplomas legais específicos que abordam os fatores de risco e/ou os
riscos psicossociais em contexto de trabalho, designadamente os relativos aos equipamentos dotados de
visor, movimentação manual de cargas e prevenção de feridas por objetos cortantes, alguns dos quais iden-
tificados no Anexo 1.
Destacam-se ainda os seguintes documentos com especial relevância no contexto europeu: a) Livro Verde
“Melhorar a saúde mental da população” (6); b) “Mental health in workplace settings - Consensus Paper” (33);
c) Pacto Europeu para a Saúde Mental e o Bem-estar (34); d) Linhas de Ação Estratégica para a Saúde mental
e Bem-estar da União Europeia (35).
Todos os empregadores/agentes económicos que têm pelo menos “um trabalhador por conta de outrem
ao seu serviço” devem preencher, anualmente, o Relatório Único (RU), de acordo com o estabelecido no
Código do Trabalho e regulamentado pela Portaria n.º 55/2010, de 21 de janeiro. O Anexo D “Relatório anual
das atividades do serviço de segurança e saúde no trabalho” do RU obriga os empregadores a identificarem
os fatores de risco profissional a que todos os trabalhadores estão expostos na empresa/estabelecimento,
nomeadamente de natureza psicossocial.
Tendo por base os dados preenchidos pelos empregadores de Portugal Continental que submeteram o Ane-
xo D do RU no ano 2019 (36), apresenta-se no Anexo 2 uma súmula da informação estatística neste âmbito
que coloca em evidência que no referido ano:
Não obstante os dados anteriormente apresentados, reconhece-se que a natureza e subjetividade das per-
turbações de índole psicológica/mental, a multifatorialidade que está associada aos riscos psicossociais, as
implicações jurídico-legais e económicas para o empregador e, em várias situações, o reduzido conhecimen-
to e experiência dos profissionais de Saúde Ocupacional (22) nesta matéria, entre outras, tem conduzido à
invisibilidade das perturbações mentais associadas ao trabalho. Esta invisibilidade tem dificultado o adequa-
do dimensionamento e conhecimento da magnitude do problema, fundamentais à adoção de medidas de
promoção e proteção da saúde dos trabalhadores.
Figura 3. Aspetos macro, meso e micro que influenciam os fatores de risco psicossocial
INFLUÊNCIA
Em termos gerais podem-se agrupar os fatores de risco psicossocial nas seguintes categorias:
Natureza,
conteúdo
e carga de
trabalho
FATORES
Condições, DE RISCO Contextos
organização sócio
PSICOSSOCIAL
e tempo de relacionais
trabalho do trabalho
CATEGORIAS
Relação
trabalho/vida
Os fatores de risco de cada categoria são os indicados no Quadro 1, no qual se sistematizam os respetivos
conceitos e algumas considerações, para efeitos de aplicação do presente Guia.
Embora sejam apresentados os fatores de risco psicossocial de forma individualizada, deve-se ter em con-
sideração que estes interagem entre si e com outros fatores (ex. de natureza biológica, química e física).
Salienta-se ainda que, para que estes constituam verdadeiros fatores de risco psicossocial do trabalho,
é necessário que:
O apuramento destas situações exige uma avaliação por parte dos Serviços de SST/SO.
CONSIDERAÇÕES:
FATOR DE RISCO PSICOSSOCIAL - CONCEITO O fator de risco é um agente suscetível de provocar efeito
adverso (dano) na saúde do trabalhador:
1. NATUREZA, CONTEÚDO E CARGA DE TRABALHO
1.1. Monotonia do trabalho – a atividade profissional não possui • Quando a avaliação realizada estima que o trabalho
variedade de tarefas, é pobre em estímulos. é frequentemente desmotivante, aborrecido e/ou
desinteressante devido à monotonia que o caracteriza: pouca
variedade de tarefas e/ou de estímulos (ex. o trabalho exige
que o trabalhador esteja na mesma posição durante longos
períodos).
• Integra o conceito de “trabalho monótono”.
1.2. Repetitividade de tarefas - a atividade profissional • Quando a avaliação realizada estima que o trabalho gera
desenvolve-se pela contínua repetição de tarefa(s), movimento(s) desgaste e cansaço (físico e psicológico/mental) por este ter
ou solicitação(ões) igual(ais) ou muito similar(es) em ciclos de um padrão repetitivo (ex. situação de trabalho em que se
trabalho muito curtos. reconhece a realização de movimentos idênticos realizados
mais de duas a quatro vezes por minuto, acima de 50% do
tempo de ciclo de trabalho, em ciclos de duração inferior a
trinta segundos ou realizados durante mais de quatro horas, no
total de um dia de trabalho).
• Integra o conceito de “trabalho repetitivo”.
1.3. Intensidade do ritmo trabalho - a atividade profissional • Quando a avaliação realizada estima que o trabalho gera
desenvolve-se a um ritmo acelerado e exigente, por vezes sem cansaço (físico e psicológico/mental) por este ter uma cadência
pausas, visando a conclusão da tarefa(s) no tempo previsto. e/ou encadeamento excessivamente rápido para a realização
da(s) tarefa(s), que não é ajustado/gerido.
1.4. Exigência do trabalho4 – a realização da atividade profissional • Quando a avaliação realizada estima que existe um
impõe determinadas exigências e condições excessivas ao desequilíbrio entre as exigências/solicitações do trabalho e
trabalhador a nível cognitivo, emocional e/ou físico. a capacidade do indivíduo para a realização das tarefas. A
exigência pode ser:
• Exigência cognitiva – esforço mental elevado para
processamento de informação; concentração elevada e/ou
excesso de solicitações sensoriais, cognitivas e intelectuais
que conduzem a fadiga mental.
• Exigência emocional – a) constante lidar com o sofrimento,
doença, dor ou morte; b) existência de dissonância emocional,
dada a constante obrigação de demonstrar emoções
diferentes (ex. simpatia) daquelas que realmente sente
(ex. tédio); c) trabalho com isolamento físico e/ou social; d)
trabalho em contextos sociais disruptivos (ex. trabalho com
pessoas com comportamentos aditivos, vítimas de abusos,
presos).
• Exigência física - elevado esforço, ritmo e/ou carga estática
ou dinâmica durante o trabalho que conduz a fadiga física.
Pode estar relacionada com o incumprimento dos intervalos
de recuperação (ex. pausas) necessários ao indivíduo.
1.5. Inadequação da autonomia ou controlo sobre o • Quando a avaliação realizada estima que existe:
trabalho - a atividade profissional é desenvolvida com limitadas • Carência de autonomia/controlo, ou seja, é inexistente
oportunidades de gerir a sua própria forma de trabalho, ou existem poucas possibilidades de o trabalhador decidir
desenvolvendo-se com baixa liberdade para a tomada de decisões, e planear o que fazer, quando fazer e como fazer (ex.
resolução de problemas e/ou desenvolvimento de ideias e soluções decidir quanto à carga, ritmo e tempo de trabalho), resolver
inovadoras. problemas da forma que considera mais adequada e/ou de
desenvolver ideias e soluções inovadoras.
• Excesso de autonomia/controlo, ou seja, o trabalhador
sente elevados níveis de insegurança, incapacidade e/ou
desmotivação para planear e executar as tarefas de trabalho.
1.6. Inadequação de competências – as competências do • Quando a avaliação realizada estima que o trabalhador para
trabalhador e as que são exigidas para o desempenho da atividade desempenhar a sua atividade profissional:
não correspondem entre si. • Tem excesso de competências (ex. sobre qualificação),
sentindo usualmente falta de interesse no trabalho por este
não promover o desenvolvimento dos seus conhecimentos e/
ou não valorizar a sua capacidade intelectual.
• Tem carência de competências (ex. infra qualificação),
sentindo usualmente falta de confiança e segurança no
trabalho que realiza, dificuldade na sua concretização e/ou
sentimento de “exploração” das suas capacidades.
1.7. Objetivos irrealistas – os objetivos de trabalho são mal • Quando a avaliação realizada estima que o trabalhador está
definidos, ambíguos, improváveis ou impossíveis de alcançar. desmotivado perante os objetivos de trabalho mal definidos,
ambíguos, improváveis ou impossíveis de alcançar, critérios de
avaliação estabelecidos para os objetivos e/ou processo(s) de
gestão neste contexto.
CONSIDERAÇÕES:
FATOR DE RISCO PSICOSSOCIAL - CONCEITO O fator de risco é um agente suscetível de provocar efeito
adverso (dano) na saúde do trabalhador:
2. CONDIÇÕES, ORGANIZAÇÃO E TEMPO DE TRABALHO
2.1. Condições inadequadas do ambiente de trabalho – • Quando a avaliação realizada estima que o trabalhador
atividade profissional é realizada em instalações precárias, perceciona que as condições do ambiente de trabalho (ex.
inseguras, insalubres e/ou com insuficiente(s) condição(ões) ruído, temperatura, vibração, iluminação, ventilação, espaço
ambiental(ais) (ex: físicas, químicas, biológicas, etc.). de trabalho, produtos químicos), incluindo no contexto de
teletrabalho, não estão em conformidade e são (ou podem ser)
prejudiciais à sua segurança e/ou saúde.
• Integra o conceito de “trabalho em condições adversas”.
2.2. Falta de requisitos do equipamento de trabalho – atividade • Quando a avaliação realizada estima que o trabalhador
profissional implica a utilização de equipamento obsoleto, ineficaz perceciona que, pelo menos, um dos requisitos do
ou para o qual o trabalhador não tem formação adequada. equipamento de trabalho não está em conformidade ou não
tem o conhecimento necessário para o utilizar, e afeta (ou pode
afetar) negativamente o seu trabalho, segurança e/ou saúde.
2.3. Constrangimentos no tempo de trabalho (duração, • Quando a avaliação realizada estima que:
pausas e organização) – a atividade profissional realiza-se num • Frequentemente são ultrapassados os limites de duração do
horário de trabalho relativamente ao qual, com frequência, não período normal de trabalho.
existe cumprimento da hora de início e/ou de termo, tendo em • O horário de trabalho não tem em consideração as exigências
conta o período normal de trabalho diário do trabalhador e/ou de segurança e saúde do trabalhador (ex. intervalo de
apresenta sérios constrangimento(s) quanto à sua organização e descanso, descanso diário, semanal e compensatório, etc.).
planeamento. • O horário de trabalho não facilita ao trabalhador a conciliação
da atividade profissional com a vida familiar e/ou a frequência
de curso escolar, formação técnica ou profissional.
• O tempo de trabalho estabelecido (ex. prazo de entrega) é
insuficiente para a(s) tarefa(s) requerida(s) e/ou compromete
a qualidade do(s) resultado(s) da(s) tarefa(s).
• As pausas de trabalho não são respeitadas.
2.4. Turnos – qualquer organização do trabalho em equipa em que • Quando a avaliação realizada estima/verifica que:
os trabalhadores ocupam sucessivamente os mesmos postos de • A duração de trabalho de cada turno ultrapassa os limites
trabalho, a um determinado ritmo, incluindo o rotativo, contínuo ou máximos dos períodos normais de trabalho.
descontínuo, podendo executar o trabalho a horas diferentes num • O trabalhador não beneficia de um nível de proteção em
dado período de dias ou semanas. matéria de segurança e saúde adequado à natureza do
trabalho que exerce trabalho (art.º 222.º Código Trabalho).
• Os meios de proteção e prevenção em matéria de segurança
e saúde dos trabalhadores por turnos não são equivalentes
aos aplicáveis aos restantes trabalhadores e/ou não se
encontrem disponíveis a qualquer momento (art.º 222.º
Código Trabalho).
• Existe um desajuste do trabalhador aos turnos, evidenciando-
se efeitos adversos na saúde e bem-estar5.
• Integra o conceito de “trabalho por turnos”.
2.5. Horário noturno – é o compreendido entre as 22 horas • Quando a avaliação realizada estima/verifica que:
de um dia e as 7 horas do dia seguinte. Este horário poderá ser • O trabalho noturno realizado pelo trabalhador ultrapassa
diferente quando determinado em instrumento de regulamentação mais de oito horas de trabalho num período de vinte e quatro
coletiva de trabalho. De referir, que o trabalho noturno é o horas, em qualquer atividade, que implique riscos especiais
prestado num período que tenha a duração mínima de sete horas ou tensão física ou mental significativa6.
e máxima de onze horas, compreendendo o intervalo entre as 0 e • A trabalhadora grávida, puérpera ou lactante não tem
as 5 horas. dispensa de prestação de trabalho no período noturno
(entre as 20 horas de um dia e as 7 horas do dia seguinte): a)
Durante um período de 112 dias antes e depois do parto, dos
quais pelo menos metade antes da data previsível do mesmo;
b) Durante o restante período de gravidez, se for necessário
para a sua saúde ou para a do nascituro; c) Durante todo o
tempo que durar a amamentação, se for necessário para a
sua saúde ou para a da criança (art.º 60.º Código Trabalho).
• Existe um desajuste do trabalhador ao trabalho noturno,
evidenciando-se efeitos adversos na saúde e bem-estar7.
• Integra o conceito de “trabalho noturno”.
5. Por exemplo: a) perturbações dos ritmos circadianos normais das funções psicofisiológicas, nomeadamente o ciclo sono/vigília; b)
interferências no desempenho e eficiência do trabalho ao longo do período de 24 horas, com possibilidade de ocorrência de erros e
acidentes; c) dificuldade em manter as relações habituais, tanto a nível familiar como social, com consequentes influências negativas nas
relações conjugais, no cuidado das crianças; d) alterações do sono e dos hábitos alimentares; e) perturbações mais graves e de longo prazo,
que afetam predominantemente o aparelho gastrointestinal (colite, gastroduodenite e úlcera péptica), as funções neuro- psíquicas (fadiga
crónica, ansiedade, depressão), o aparelho cardiovascular (hipertensão, doença isquémica cardíaca) (167) e o sistema metabólico (diabetes
tipo 2, síndrome metabólica) (168).
6. São consideradas atividades que implicam riscos especiais ou tensão física ou mental significativa as seguintes: a) monótonas, repetitivas,
cadenciadas ou isoladas; b) em obra de construção, demolição, escavação, movimentação de terras, ou intervenção em túnel, ferrovia ou
rodovia sem interrupção de tráfego, ou com risco de queda de altura ou de soterramento; c) da indústria extrativa; d) de fabrico, transporte ou
utilização de explosivos e pirotecnia; e) que envolvam contacto com corrente elétrica de média ou alta tensão; f) de produção ou transporte
de gases comprimidos, liquefeitos ou dissolvidos ou com utilização significativa dos mesmos; g) que, em função da avaliação dos riscos a ser
efetuada pelo empregador, assumam particular penosidade, perigosidade, insalubridade ou toxicidade (art.º 224.º Código Trabalho).
7. Vide exemplos da nota de rodapé n.º 5. Acresce ainda que a International Agency for Research on Cancer (IARC) classificou, em 2019, o
trabalho por turnos com horário noturno como um provável carcinogéneo para o ser humano (grupo 2A).
CONSIDERAÇÕES:
FATOR DE RISCO PSICOSSOCIAL - CONCEITO O fator de risco é um agente suscetível de provocar efeito
adverso (dano) na saúde do trabalhador:
3. CONTEXTOS SÓCIO RELACIONAIS DO TRABALHO
3.1. Falta de suporte (ou apoio) social - a atividade profissional • Quando a avaliação realizada estima que o trabalhador
é realizada de forma isolada (trabalho isolado) e/ou com baixos sente que existe uma carência de assistência, partilha, ajuda
níveis de auxílio e apoio emocional, material, de apreciação e/ou e estímulo para resolução de problemas, desenvolvimento
informativo, por parte de pessoas do seu ambiente de trabalho, pessoal e/ou satisfação de outras necessidades. A carência
sobretudo do empregador, chefias e colegas. sentida pelo trabalhador relativamente ao empregador, chefias
e/ou colegas, é no âmbito do:
• Apoio emocional, relativo às emoções e à provisão de
empatia, cuidado, confiança, afeto, escuta e estima;
• Apoio de apreciação, relativo ao provimento de informações
específicas relativas à avaliação do valor profissional do
trabalhador e da qualidade do seu trabalho.
• Apoio informativo, relativo a informações diversas que
contribuam para a boa prossecução do trabalho e resolução
de problemas.
3.2. Conflitos laborais - durante a atividade profissional, o • Quando a avaliação realizada estima que o trabalhador
trabalhador está sujeito a pressões ou expectativas muito elevadas sente que existe conflito no trabalho, em pelo menos uma das
ou inconsistentes, existem discórdias ou desentendimentos de seguintes categorias:
trabalho e/ou há um choque de personalidades. • Conflitos Pessoais: ocorrem entre o trabalhador e uma
outra pessoa, seja esta chefia, colega ou outro membro da
empresa, e envolve discórdias de pensamentos, emoções,
valores e/ou princípios.
• Conflitos Interpessoais ou intergrupal: são semelhantes aos
anteriores, mas envolvem o desentendimento entre várias
pessoas ou equipas da empresa.
• Conflitos com outros trabalhos: surgem quando existem
outros trabalhos ou tarefas, dentro ou fora da empresa, que
impossibilitam que o trabalho seja devidamente concretizado.
• Conflitos entre necessidades e valores: surgem quando
aquilo que o trabalhador necessita para cumprir o objetivo
do seu trabalho entra em conflito com a sua personalidade,
conhecimento técnico, princípios e os valores que mais preza.
3.3. Relações de poder e liderança disruptivas - durante a • Quando a avaliação realizada revela que as condutas e
atividade profissional o trabalhador depende da autoridade, atitudes no local de trabalho, de superiores, subordinados
vontade ou decisão de outro, em que a dependência, controlo e/ ou colegas são inadequadas e/ou inapropriadas e afetam
ou conduta interfere negativamente com a saúde e bem-estar do negativamente a saúde e bem-estar do trabalhador. Incluem-se
trabalhador, assim como com a satisfação e motivação profissional. situações de assédio, de violência e de mobbing, assim como
as lideranças autoritárias, desmotivantes, sem transparência e
adequada comunicação e outros aspetos de lidera
4.1. Conflito “trabalho-família” – a realização da atividade • Quando a avaliação realizada estima que o tempo
profissional interfere negativamente com a vida familiar, social despendido pelo trabalhador ou o stress que resulta
e individual do trabalhador, incluindo as situações em que o do desempenho da atividade profissional, prejudicam o
trabalhador é contactado (ex. telefonemas, e-mails) fora do horário desempenho de outros papéis (cônjuge, parental, comunitário).
de trabalho.
4.2. Insegurança no emprego – o trabalhador tem a perceção ou • Quando a avaliação realizada estima que o trabalhador
a experiência pessoal das consequências negativas das condições sente insegurança a nível: a) quantitativo, ou seja medo de
de emprego que possui. Pode estar relacionado / é relacionável perder o emprego, sem ser a sua vontade; b) qualitativo, ou
com a precaridade laboral (37). seja medo de perder regalias ou certas características do
trabalho que valoriza, aprecia e/ou tem direito (ex. ausência de
subsídios).
• Usualmente estas situações não estão associadas ao “trabalho
tradicional” (19,37) que assegura (ao trabalhador) um trabalho a
tempo inteiro, com duração indeterminada, proteção social (ex.
reforma, subsídio de desemprego, férias, etc.) e salário.
4 Efeitos na Saúde
• Psicossociais, ao nível:
. emocional
• Reações fisiológicas . cognitivo
Condições,
FATORES Contextos • Reações . comportamental
DE RISCO sócio
organização
e tempo de PSICOSSOCIAL relacionais
do
comportamentais . relacional
trabalho
CATEGORIAS trabalho
• Reações emocionais • Fisiológicas e físicas, ao nível:
• Reações cognitivas . das lesões
músculo-esqueléticas
. das doenças cardiovasculares
Relação
trabalho/
. Outras
/vida
• Físicos • Género
• Químicos • Idade
• Biológicos • Educação
• Outros • Competitividade
• Excesso de compromisso
• Outras
A palavra “stress” define-se como a resposta inespecífica do organismo a qualquer solicitação de mudança
(38), ou seja, num conjunto complexo de fenómenos dinâmicos (13) (pessoa – ambiente de trabalho), refere-
-se às respostas fisiológicas causadas por qualquer evento indutor de stress (stressor).
Essas respostas são desencadeadas pelo sistema nervoso autónomo (simpático e parassimpático), influen-
ciando órgãos internos que regulam, nomeadamente, a frequência cardíaca, a frequência respiratória, a
circulação sanguínea, a resposta galvânica da pele, entre muitos outros efeitos. Quando ocorre um evento
sentido como indutor de stress (ou stressante), o sistema nervoso simpático promove uma maior liberta-
ção de hormonas de stress pelas glândulas suprarrenais (por exemplo, adrenalina e cortisol). Essas hormo-
nas conduzem a alterações fisiológicas, também conhecidas como resposta “fight ou flight” (luta ou fuga).
Por outro lado, a atividade do sistema nervoso parassimpático aumenta durante um evento repousante (39).
O stress positivo, ou eustress (40), distingue-se do distress em termos da adaptação na resposta ao stress,
constituindo o eustress “o conjunto de resultados saudáveis, positivos e construtivos a eventos stressan-
tes em resposta ao stress”. No âmbito da Lei de Yerkes-Dodson, o eustress sugere que o stress é benéfico
para o desempenho até ser alcançado um nível ótimo, após o qual o desempenho diminuirá, seguindo um
diagrama em forma de U invertido (Figura 6). O distress ocorre quando o “corpo e a mente” são ativados
continuamente, não existindo o necessário descanso para que o processo de recuperação se desencadeie.
Desempenho
ótimo
Energizado Fadiga
DESEMPENHO
Apatia/Calma Aflição
STRESS
Define-se stress no trabalho como “um problema de natureza percetiva, resultante da incapacidade de
lidar com as fontes de pressão no trabalho, tendo como consequências problemas na saúde física, mental e
na satisfação no trabalho, afetando o indivíduo e as organizações” (42). A forma como o stress é sentido pode
alterar a maneira como o trabalhador sente, pensa e se comporta, podendo ainda ser produzidas alterações
nas funções fisiológicas (43–46). Muitas dessas alterações apenas correspondem a uma disfunção ligeira
e a um certo desconforto associado, sendo facilmente reversíveis; no entanto, contêm em si potencial de
deteriorar a qualidade de vida dos trabalhadores, podendo causar baixo desempenho profissional ou ainda
problemas psicológicos/mentais, sociais e de saúde física (47).
Deve-se salientar que o stress é inevitável e não afeta todas as pessoas da mesma forma (19). Prevenir o
stress no contexto de trabalho passa, sobretudo, por evitar situações de stress prolongado, recorrente ou
intenso (19). Nas situações percecionadas como stressantes, em especial as prolongadas no tempo, pode
surgir a experiência de stress relacionado com o trabalho, que habitualmente se associa a diversos sintomas
fisiológicos, comportamentais, emocionais e cognitivos. Apesar de cada indivíduo ter estratégias pre-
ferenciais de coping (conceito que se aplica às diferentes “formas de lidar com o stress”), essas estratégias são
variáveis entre indivíduos e também no próprio indivíduo dependendo do contexto (48) e das suas vivências.
As condições psicossociais do trabalho podem ter um impacte negativo nas áreas afetiva e cognitiva, tendo
como consequência episódios de ansiedade, depressão, angústia, exaustão, alterações nos processos de
tomada de decisão, na capacidade de concentração (49), entre outros. Os efeitos sobre as áreas afetiva e
cognitiva podem incluir processos de stress ligado ao trabalho, burnout, (que por vezes poderão sobrepor-se
com estados depressivos e ansiosos) ou ainda influenciar a evolução de patologias pré-existentes.
4.2.1. Ansiedade
O sentimento de ansiedade é comum no quotidiano de qualquer indivíduo. Traduz-se por um estado de
medo ou sentimento de apreensão que ocorre, sobretudo, diante de situações novas. Sensação desagra-
dável, inquietação interna, preocupação excessiva com o futuro associada a “aperto no peito”, taquicardia,
palpitações, sensação de vazio no estômago, suores, calafrios, cãibras e cólicas abdominais são alguns exem-
plos que podem caracterizar a ansiedade.
É aceitável que um trabalhador tenha emoções de ansiedade quando vivencia momentos de transição (ex.
troca de emprego, assumir uma nova função), numa situação desconhecida ou inesperada (ex. passar a uma
situação de teletrabalho, nomeação de um novo chefe), em situações de rutura (ex. aquisição da empresa
por outra, descontinuidade de uma área da fábrica). Estas situações, embora não correspondam a uma
doença, geram sofrimento (19).
Considera-se que a ansiedade é preocupante quando “surge sem estímulo aparente” ou a intensidade, du-
ração ou frequência “não é proporcional aos sentimentos que desperta” (19). Assim, quando a ansiedade
atinge uma intensidade, frequência e/ou duração excessiva (ou seja, na maior parte dos dias, durante pelo
menos 6 meses) afetando a funcionalidade do indivíduo (se existe prejuízo no desempenho social, familiar
ou profissional), deve ser considerada um sinal de alerta (19) para situação de saúde mental potencialmente
grave.
De referir que os sintomas ansiosos podem corresponder a uma doença física (ex. hipertiroidismo, angina
de peito, dores musculares localizadas ou generalizadas) ou a crises de pânico (ex. medo de ter um ataque
cardíaco, de morrer e/ou de enlouquecer).
4.2.2. Depressão
De acordo com a OMS, a depressão é uma das principais causas de incapacidade (50). Em termos gerais,
deceções sucessivas em situações de trabalho frustrantes, exigências excessivas de desempenho, excesso
de competição, ameaça permanente de perda do lugar que o trabalhador ocupa na hierarquia da empresa,
perda efetiva ou ameaça da perda do posto de trabalho ou demissão, podem causar sintomatologia depres-
siva ou estados depressivos mais ou menos graves (23).
• Existe uma associação entre stress profissional e episódios depressivos major (51). O aumento do
stress profissional corresponde a um aumento da presença de sintomas depressivos em trabalhado-
res; inversamente, a redução do stress suprime o desenvolvimento de sintomatologia depressiva (50).
• Níveis elevados de exigências psicológicas, baixos níveis de capacidade de decisão e baixos níveis de
suporte (ou apoio) social no trabalho são preditores significativos de sintomatologia depressiva em tra-
balhadores de ambos os géneros (52–54).
• Trabalhadores com elevado nível de solicitações e baixo controlo no local de trabalho apresentam
maior probabilidade de ocorrência de depressão major e de qualquer outra forma de depressão ou de
ansiedade (55,56).
Embora seja notória a existência de uma insuficiente identificação de casos de depressão atribuíveis ao
trabalho (57), o padrão social da depressão atribuível à tensão no trabalho apresenta um paralelismo com
o padrão social da doença mental, sugerindo que a tensão no trabalho é um importante fator que contribui
para as desigualdades em saúde mental (13).
A 11.ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) (58) considera que as perturbações de-
pressivas “são caracterizadas por humor depressivo (por exemplo, tristeza, irritabilidade, vazio) ou perda de
prazer acompanhada por outros sintomas cognitivos, comportamentais ou neurovegetativos que afetam
significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo”. De referir, que o humor depressivo e o bur-
nout podem partilhar uma etiologia comum (59), embora o burnout seja um problema específico do contexto
de trabalho e a depressão tende a atravessar todos os domínios da vida de uma pessoa (60).
A CID-11 (58) considera a perturbação de stress pós-traumático como um distúrbio que se pode desenvolver
após a exposição a um evento, ou série de eventos, extremamente ameaçador ou negativo. Esta perturba-
ção é caracterizada por:
4.2.5. Burnout
De acordo com a CID-11, o burnout é considerado uma síndrome resultante de stress crónico no local
de trabalho que não foi eficazmente gerido (58). Nesta síndrome existe um estado de exaustão progressivo
(físico, emocional e psíquico) provocado por fatores de risco psicossocial do trabalho que conduz a uma re-
dução gradual da satisfação profissional e da capacidade de suportar essa carga de trabalho, acompanhado
de atitudes de despersonalização ou distanciamento emocional face aos seus semelhantes.
Inicialmente o burnout surgiu relacionado com “profissões ligadas à prestação de cuidados e assistência
a pessoas”, embora atualmente seja registado nas mais variadas profissões, particularmente quando en-
volvem um elevado investimento afetivo e pessoal para resolver problemas que estão fora do alcance do
trabalhador (23).
O burnout é caracterizado por três dimensões (23,58): 1) “sentimento de depleção de energia ou exaustão”
(58) (sensação de desgaste físico, cognitivo ou emocional) (23); 2) “aumento do distanciamento mental do
trabalho” ou “sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados com o trabalho” (58) ou seja, “desperso-
nalização” (23); 3) “redução da eficácia profissional” (58) e do envolvimento pessoal no trabalho (diminuição
da capacidade de realizar o trabalho e de obter sucesso) (23).
O burnout refere-se especificamente a acontecimentos no contexto profissional e não deve ser aplicado para
descrever experiências noutras áreas da vida (58). Embora o burnout apresente componentes individuais
que coincidem com o stress ligado ao trabalho, o distanciamento emocional/cinismo é a dimensão que
permite destrinçar o stress ligado ao trabalho de longa duração do burnout.
• A Demência é um défice (ou deterioração) cognitivo adquirido (58), classificado como PNC major (46),
capaz de interferir nas atividades profissionais e sociais da vida diária do trabalhador, dado que afeta
funções como (23): memória, raciocínio, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de aprender e
de resolver problemas, comunicação e ponderação da conduta social mais adequada. As situações de
demência em contexto laboral encontram-se sobretudo relacionadas com “drogas e toxinas (incluin-
do a demência devido a alcoolismo crónico)” e com traumatismos crânio-encefálicos (23). Quadros de
demência estão ainda associados à exposição profissional a substâncias químicas neurotóxicas (23)
como, por exemplo monóxido de carbono, sulfeto de hidrogénio, sulfeto de carbono, metais pesados
e derivados organometálicos.
• O Delirium é caracterizado por “alterações da atenção (isto é, diminuição da capacidade para dirigir,
focar, manter ou desviar a atenção) e na consciência (diminuição da clareza de perceção do ambiente)”
que se desenvolve “num curto período de tempo (em geral horas e dias), representa uma alteração em
relação a um nível anterior de atenção e consciência, e a sua gravidade tende a flutuar durante o dia”
(58). Tendo em conta que existe “alteração da cognição (ex. défice de memória, desorientação, lingua-
gem, capacidade visuospacial ou perceção)” é considerada uma PNC. As situações de Delirium no local
de trabalho são frequentes por intoxicação com substâncias (ex. álcool, drogas, medicamentos), por
abstinência de substâncias, induzidas por medicamento ou por outra doença (por exemplo doenças
infeciosas e diabetes).
De salientar que a idade avançada está associada ao aumento progressivo da ocorrência de um compro-
misso funcional e cognitivo, resultante de mecanismos relacionados com o envelhecimento e a multimorbi-
lidade. As exposições ambientais (incluindo o trabalho) podem afetar a evolução daquelas alterações, quer
promovendo a sua mais rápida instalação, quer retardando o seu início e progressão.
Deve ainda ser realçado o papel do suporte (ou apoio) social no trabalho, o qual é particularmente impor-
tante em ambientes de trabalho com um elevado grau de exigência, dada a sua capacidade de atenuar esse
impacte e de reduzir o seu efeito no desenvolvimento de disfunções cognitivas (69).
• inatividade física;
• consumo excessivo de álcool e tabaco;
• consumo de drogas (13);
• maus hábitos alimentares;
• alterações do sono;
• violência (13).
Há fortes evidências de que as condições psicossociais ligadas ao trabalho estão relacionadas com o aumen-
to de comportamentos nocivos para a saúde, com potencial impacte, direto ou indireto, no desenvolvimento
ou agravamento da saúde, não só a nível físico (por exemplo, risco aumentado de doença isquémica cardía-
ca) como a nível psicológico/mental (por exemplo, depressão), assim como com a ocorrência de acidentes de
trabalho e atos de violência em contexto laboral.
É frequente encontrar relações entre stress ligado ao trabalho com consumo de alimentos ricos em açúcares
e gorduras saturadas, realização menos frequente de exercício físico e tabagismo (71).
A “má adaptação à organização do horário de trabalho” (ex. trabalho noturno ou trabalho por turnos) e “ou-
tras circunstâncias relativas às condições de trabalho” são as principais causas desta perturbação no contex-
to de trabalho (23). A dificuldade em adormecer, as interrupções frequentes do sono, a sonolência excessiva
durante a vigília e a perceção de sono de má qualidade são algumas das queixas comuns dos trabalhadores,
que devem ser valorizadas tendo em conta a organização e o contexto de trabalho.
O consumo de substâncias psicoativas pode ter várias consequências no contexto de trabalho: a) interferir
com o exercício da atividade profissional; b) colocar em risco a integridade física dos trabalhadores e do
equipamento; c) prejudicar a segurança e a saúde do trabalho e a aptidão para o desempenho; d) gerar um
fardo administrativo e ocasionar problemas financeiros; e) criar uma imagem negativa, desacreditar e des-
prestigiar a empresa. Acresce ainda que algumas condições de trabalho (ex. horários prolongados, turnos,
ritmos excessivos, frustração, falta de estímulo, insegurança no emprego, exposição a altas temperaturas)
são suscetíveis de afetar negativamente a saúde dos trabalhadores, potenciando os problemas ligados ao
consumo de substâncias psicoativas (ex. álcool e outras drogas). Também a cultura da organização pode
propiciar o consumo de substâncias psicoativas.
Usualmente distinguem-se três padrões de consumo problemáticos (72): a) consumo de risco, que corres-
ponde a um tipo ou padrão de consumo ocasional ou continuado; b) consumo nocivo, que corresponde a
um tipo de padrão de consumo que provoca danos à saúde, tanto física como mental, mas que não preen-
che os critérios de dependência; c) dependência, que se carateriza por uma perda de controlo do consumo,
permanente ou temporária, apesar das consequências negativas e acompanha-se de distorções cogniti-
vas, com particular ênfase para a negação. A intervenção dos Serviços de Saúde do Trabalho na prevenção
do consumo de substâncias ativas em meio laboral encontra-se sistematizada na Informação Técnica n.º
05/2013, da DGS (72) e no Guia “Segurança e Saúde do Trabalho e Prevenção do Consumo de Substâncias
Psicoativas: Linhas Orientadoras para a Intervenção em Meio Laboral”, do SICAD (73).
Considera-se assim que o «assédio e violência» “constituem uma forma de violação dos direitos humanos”
e “são inaceitáveis e incompatíveis com o trabalho digno” e com a “promoção de empresas sustentáveis”
(74), podendo afetar: a “saúde mental, física e sexual das pessoas, a sua dignidade e o seu ambiente familiar
e social”; a “qualidade dos serviços” das empresas, “impedindo que as pessoas, em particular as mulheres,
acedam ao mercado de trabalho, nele permaneçam ou progridam na carreira profissional”; a organização
do trabalho, as relações de trabalho, o empenho dos trabalhadores, a reputação das empresas e a produ-
tividade” (74).
As situações de risco de violência mais comuns estão relacionadas com (75): a) manuseamento de mercado-
rias, dinheiro e valores; b) trabalho isolado; c) desempenho de funções de inspeção, controlo e de autoridade
em geral; d) contacto com clientes/utentes, sobretudo em situações mais problemáticas (ex. dívidas, paga-
mentos, reclamações, urgências); e) lidar com pessoas sob influência de álcool ou de drogas.
Relativamente ao assédio (76), este pode assumir uma das seguintes formas: a) ataques à vítima através de
medidas organizacionais (ex. não atribuir tarefas de trabalho; atribuir um excesso de tarefas de trabalho para
o tempo disponível de execução); b) ataque à vítima através de discriminação por pertença a uma categoria
(ex. ser mulher, etnia diferente); c) ataques às relações sociais da vítima, como isolamento social; d) ataques à
vida privada da vítima; e) violência física; f) ataques às atitudes e particularidades da vítima com humilhações;
g) agressões verbais; e h) rumores sobre a reputação da pessoa. Existem vários tipos de relação de assédio,
como a de um superior contra o subordinado (a mais comum), entre colegas de trabalho e de um subordina-
do contra um superior (76), assim como de prestadores de serviços, fornecedores e clientes.
A adrenalina e o cortisol são reconhecidos como hormonas do stress, uma vez que os níveis de ambas au-
mentam consistentemente em resposta ao stress em investigações laboratoriais. O aumento crónico e sus-
tentado da produção destas hormonas tem consequências a longo prazo para a saúde, principalmente para
a saúde cardiovascular, devido aos efeitos sobre a pressão arterial e nos níveis de colesterol (77). Por esse
motivo, muitos dos efeitos físicos mais comuns associados ao stress ligado ao trabalho e a riscos psicossociais
são relativos a quatro sistemas:
• Cardiovascular (hipertensão e doenças cardíacas, agravadas pela obesidade associada aos maus hábi-
tos alimentares);
• Imunológico (deficiente cicatrização de lesões, alterações na resposta imunitária);
• Locomotor (lesões músculo-esqueléticas);
• Digestivo (alterações gastrointestinais) (49).
De salientar ainda que aspetos como o layout físico dos locais de trabalho (por exemplo, layout aberto versus
escritório fechado) pode ter efeitos sobre a saúde. Trabalhar em locais de trabalho abertos (open space)
reduz a privacidade e a satisfação no trabalho, pode intensificar a carga de trabalho cognitiva e agravar as
relações interpessoais; além disso, a distância próxima entre as estações de trabalho diminui a privacidade,
embora possa melhorar a comunicação (13).
A justificação para uma associação entre fatores psicossociais e as LMELT assenta no seguinte: a via bio-
mecânica opera através de uma relação entre determinadas características físicas do trabalho e a carga
mecânica, sendo que os fatores psicossociais estão relacionados com a organização e gestão do trabalho
(83). Enquanto o tipo de intervenção sobre os riscos biomecânicos no desenvolvimento e manutenção das
LMELT se encontra bem estabelecido (84), as evidências indicam que, se essas intervenções se centrarem
exclusivamente nos aspetos físicos do trabalho, não há demonstração de serem completamente bem-su-
cedidas na redução de sintomatologia associada às LMELT (85,86). Atualmente reconhece-se que os fatores
psicossociais e os fatores de natureza biomecânica têm efeitos independentes ou interativos no desenvolvi-
mento de LMELT (84).
As situações de stress podem promover isquemia miocárdica, a qual está associada à ativação de áreas do
córtex cerebral envolvidas na regulação autónoma do sistema cardiovascular. O aumento da reatividade
cerebral induzida pelo stress pode representar um mecanismo pelo qual o stress está associado ao aumento
do risco de doença coronária isquémica (88).
A evidência científica revela ainda que existe: a) um aumento ligeiro do risco de doença isquémica em tra-
balhadores por turnos com trabalho noturno, em especial em trabalhadores do género feminino (89,90);
b) uma associação entre trabalhadores por turnos com trabalho noturno e a hipertensão arterial (91); c)
um efeito de interação entre trabalho por turnos e a inatividade física no risco de enfarte do miocárdio em
trabalhadores por turnos do sexo masculino (92); d) uma associação moderada entre stress psicossocial no
trabalho e os efeitos cardiovasculares adversos, predominantemente entre trabalhadores do género mascu-
lino, não tendo sido possível identificar uma relação dose-resposta (93).
Entre as vias biológicas que condicionam a resposta ao stress incluem-se o eixo hipotálamo-hipofisário e o
sistema nervoso simpático. Algumas das principais reações à estimulação destas vias são as alterações da
atividade inflamatória, responsáveis pela fisiopatologia de doenças que são adversamente afetadas pelo
stress crónico (nomeadamente as doenças cardiovasculares) (96). Há estudos que demonstram que episó-
dios agudos de stress (com duração de alguns minutos) estão associados com uma reação adaptativa da imu-
nidade humoral e à supressão da imunidade celular, enquanto o stress crónico induz supressão da resposta
imunológica celular e humoral (97).
No caso específico da doença inflamatória intestinal (DII) – colite ulcerosa e doença de Crohn – há muito
que se postula que o stress influencia a progressão desta doença. Através dos efeitos sobre o sistema imu-
nológico, o sistema neuroendócrino e o epitélio intestinal, o stress promove a libertação de citoquinas Th1
pró-inflamatórias e de neuropeptídeos, podendo induzir alterações sobre o epitélio intestinal e, desta forma,
contribuir para recidivas de DII (100). Ainda uma referência para a chamada “úlcera de stress” ou “lesão da
mucosa relacionada com o stress”, expressão usada para descrever o espetro da patologia atribuída ao dano
agudo, erosivo e inflamatório do trato gastrointestinal superior associado a doença crítica. Os mecanismos
subjacentes a esta situação incluem redução do fluxo sanguíneo gástrico, isquemia da mucosa e lesão de
reperfusão, os quais ocorrem frequentemente em pessoas em estado crítico (101).
O empregador, através dos Serviços de SST/SO, deve assegurar que, nos locais de
trabalho, as exposições a fatores de risco psicossocial “não constituem risco para
a segurança e saúde do trabalhador” (alínea d, ponto 2, artigo 15º do RJPSST). Para
o efeito, é essencial uma “correta e permanente avaliação de riscos” (ponto 3, arti-
go 5º do RJPSST) que suporte a vigilância da saúde do trabalhador em matéria de
saúde mental e bem-estar e que permita estabelecer as necessárias medidas de
prevenção dos riscos profissionais de natureza psicossocial.
O processo apresentado na Figura 7 tem por base a metodologia de análise, avaliação e gestão do risco pro-
fissional e deve ser entendido como um processo dinâmico que visa a ação pela adoção de medidas
preventivas e de proteção que eliminem ou minimizem o risco psicossocial.
No processo de gestão do risco psicossocial, a intervenção dos Serviços de SST/SO deverá proceder-se
em dois “planos” distintos, mas complementares:
Figura 7. Modelo conceptual da atuação dos Serviços de SST/SO no âmbito dos riscos
psicossociais
CAP 6.
ANÁLISE DO RISCO
qualificação dos
Identificação/qualificação dos Exame de saúde
fatores de risco
fatores de risco psicossociais psicossociais • Anamense
Fatores de risco psicossocial; Ocorrências • Exame objetivo
críticas; Efeitos adversos na saúde. CAP 7.
• Exames
Avaliação do complementares
contexto de de diagnóstico
CAP 6.
exposição • Diagnóstico
Avaliação do ambiente profissional clínico
psicossocial (global) > Graduação (individual >
Graduação
Avaliação do risco
AVALIAÇÃO DO RISCO
Partilha de
informação global
CAP 8. (e não individual)
Monitorização Estratégia de que vise a Recomendações /
Prevenção prevenção Encaminhamento
do trabalhador
Proposta de Intervenção:
Medidas coletivas
Estratégia de prevenção
CAP 8.
Consolidada Estratégia de Monitorização
GESTÃO DO RISCO
GESTÃO DO RISCO
Estratégia de comunicação
Implementação Implementação
do risco
e avaliação e avaliação
(população trabalhadora)
1
Informação inicial
2
Análise do risco psicossocial
3
Avaliação do risco psicossocial
4
Gestão do risco psicossocial
Estes questionários, embora forneçam “medidas subjetivas” sobre a perceção do trabalhador relativamente
ao contexto de trabalho, são amplamente utilizados, pois são económicos e simples de analisar (13). O com-
plemento destes questionários com abordagens observacionais (ex. das condições de trabalho e das
tarefas), análise de registos (ex. acidentes de trabalho, ausência ao trabalho, “informação inicial” preenchida
pela empresa - Anexo 3, etc.) e outras avaliações mostra-se indispensável para uma completa análise.
São seguidamente indicados alguns exemplos de instrumentos que poderão ser utilizados pelos Serviços
de SST/SO (vide Anexo 4) para avaliar os fatores de risco psicossocial indicados no Quadro 1, os quais já fo-
ram validados para a população portuguesa e estão disponíveis de forma gratuita, a saber:
O Quadro 3 identifica as principais ocorrências críticas que devem ser avaliadas no contexto da atua-
ção dos Serviços de SST/SO: assédio, violência e acontecimentos de emergência ou catástrofe.
De realçar o instrumento de avaliação “Assédio Moral da Chefia” (versão original de Tolfo (118)) poderá ser
útil na avaliação do assédio no local de trabalho.
Violência (interpessoal) É uma situação crítica quando a avaliação evidencia que houve
É um ato ou fenómeno de “agressão física, psicológica ou sexual, uma transgressão aos sistemas de normas e valores, mediante
de discriminação e/ou constrangimento social” (46) que ocorre em (adaptado de DGS 2014 (46)):
contexto laboral, de forma isolada ou enquadrada no processo de • Violência física: engloba atos como empurrar, pontapear,
assédio, de elevada gravidade. esbofetear, lançar objetos, torcer, queimar, cuspir, puxar
cabelos, beliscar, esfaquear, espancar, estrangular, entre
outros, podendo existir, inclusive, tentativa ou, mesmo,
homicídio da vítima.
• Violência psicológica: inclui insultos, ameaças, críticas,
humilhações, desvalorizações, intimidações, isolamento
social, privação de contacto com colegas, revista a objetos
pessoais (ex. agenda, telemóvel, computador), privação de
documentação pessoal, negação do acesso a dinheiro ou a
cuidados de saúde, entre outros.
• Violência sexual: passa por obrigar, coagir, ameaçar ou forçar
a vítima a práticas sexuais contra a sua vontade.
• Privação e negligência: envolve qualquer ato de privação
ou omissão no que respeita ao provimento de necessidades
básicas de um indivíduo, a nível emocional, de saúde, educação,
nutrição, segurança, habitação e condições de vida, entre
outras.
Acontecimentos de emergência ou catástrofe É uma situação crítica quando a avaliação evidencia que
São ocorrências inesperadas e súbitas que têm como a ocorrência é de tal magnitude que os padrões normais do
consequência o aparecimento de situações de perigo grave quotidiano de trabalho são repentinamente interrompidos e os
para os trabalhadores no contexto de trabalho. trabalhadores vêem-se afetados pela destruição do seu ambiente
físico e/ou social de trabalho, o que tem um impacte na saúde,
bem-estar e/ou sobrevivência dos trabalhadores (47).
Incluem-se os surtos infeciosos (ex. COVID-19), os acidentes ou
incidentes graves (ex. incêndios, explosões, derrames químicos)
acidentes radiológicos e desastres naturais (ex. sismos e cheias),
quando estes últimos afetam a empresa e os trabalhadores.
Neste contexto, são seguidamente indicados alguns exemplos de instrumentos que poderão ser utilizados
pelos Serviços de SST/SO (vide Anexo 5), os quais já foram validados para a população portuguesa e estão
disponíveis de forma gratuita, a saber:
a. Bem-Estar Psicológico Geral - Escala de Dupuy (120), validada para a população portu-
guesa por Espírito-Santo (121);
b. Felicidade subjetiva - Escala de Lyubomirsky & Lepper (122), validada para a população
portuguesa por Pais-Ribeiro (123);
c. Mental Health Inventory (MHI) – Veit & Ware (124), validada para a população portugue-
sa por Pais-Ribeiro (125);
d. Perceção Geral de Saúde (SF-36) - Escala de Ware (126), validada para a população
portuguesa por Portugal por Ferreira (127);
e. Qualidade de Vida da OMS (EUROHIS-QOL-8) – Power (128), validada para a população
portuguesa por Pereira, et al.(129);
f. Satisfação Geral com a Vida - Escala de Diener et al. (130), validada para a população
portuguesa por Simões (131).
Qualquer metodologia utilizada deverá permitir alcançar uma graduação (estimativa) da probabilidade
de efeito adverso na saúde e segurança da população trabalhadora da empresa/estabelecimento (visão
essencialmente macro e geral) relativamente a cada fator de risco psicossocial indicado no Quadro 1, em
particular, e numa perspetiva geral.
Um modelo de registo é apresentado no Anexo 6, que estabelece a seguinte classificação para a estima-
tiva de risco: baixo, médio, alto e muito alto. De referir que o modelo indicado poderá ser utilizado para
efeitos de registo anual do ambiente psicossocial ou sempre que se proceda à avaliação de um ou mais
fatores de risco psicossocial.
Considera-se assim que uma completa avaliação do ambiente psicossocial engloba a avaliação dos
fatores de risco psicossocial (Quadro 1), das ocorrências críticas (Quadro 3) e da perceção dos
efeitos na saúde pela população trabalhadora, embora a análise específica de um fator de risco psicos-
social, em particular, ou a avaliação de parte/grupo da população trabalhadora sejam práticas necessárias e
recorrentes, visando orientar e melhor suportar ações preventivas direcionadas e especializadas.
Nesta etapa procede-se à análise da aceitabilidade do risco (“risco aceitável” ou “risco não aceitável”) visando
estabelecer as prioridades de ação e as necessárias medidas preventivas. O Quadro 4 sistematiza a ação
preventiva requerida em função do nível de risco.
As medidas preventivas devem ser registadas pelos Serviços de SST/SO, designadamente no modelo de
registo indicado no Anexo 6. Exemplos de medidas de prevenção do risco psicossocial, de carácter geral e
específico, podem ser consultados no CAPÍTULO 8 deste Guia.
NÍVEL RISCO
ACEITABILIDADE
(POPULAÇÃO AÇÃO
DO RISCO
TRABALHADORA)
Deve ser estabelecido um plano com medidas para reduzir o risco, o qual deverá determinar as
Alto alterações necessárias e o período de tempo para estas medidas serem implementadas.
Risco não
aceitável O trabalho não deve ser iniciado nem continuado até que o risco profissional seja reduzido. Pode
Muito Alto ser necessário recursos consideráveis para o controlo do risco. Se não for possível reduzir o risco
profissional, deve-se impedir a realização desse trabalho.
De realçar que o processo de gestão do risco é um processo contínuo que não termina na adoção de
medidas preventivas (19). É necessário estabelecer procedimentos e indicadores que permitam avaliar
se as medidas preventivas estão a alcançar os efeitos desejáveis ou necessitam de alterações, assim como
verificar se é necessário avaliar outros fatores de risco ou proceder a novas avaliações, recomeçando o ciclo
de gestão.
7 Plano Individual -
Vigilância da saúde dos trabalhadores
Para o efeito deve ser selecionado o exame de saúde mais adequado à situação
profissional do trabalhador, a saber (ponto 3, artigo 108.º do RJPSST): exame de
admissão, exame periódico ou exame ocasional (Quadro 5).
Quadro 5. Tipo de exame de saúde realizado para efeitos de aptidão para o trabalho
Exames de admissão Realizados “antes do início da prestação de Este exame pode ser dispensado nos seguintes
trabalho ou, se a urgência da admissão o justificar, casos:
nos 15 dias seguintes” (n.º 3, artigo 108.º RJPSST). a) “Haja transferência da titularidade da relação
laboral, desde que o trabalhador se mantenha no
mesmo posto de trabalho e não haja alterações
substanciais nas componentes materiais de
trabalho que possam ter repercussão nociva na
saúde do trabalhador” (n.º 6, artigo 108.º RJPSST);
b) “O trabalha dor seja contratado, por um período
não superior a 45 dias, para um trabalho idêntico,
esteja exposto aos mesmos riscos e não seja
conhecida qualquer inaptidão desde o último
exame médico efetuado nos dois anos anteriores,
devendo a ficha clínica desse mesmo exame ser do
conhecimento do médico do trabalho” (n.º 6, artigo
108.º RJPSST).
Exames periódicos Realizados anualmente “para os menores e para Este exame é anual para os trabalhadores noturnos:
os trabalhadores com idade superior a 50 anos”; “o empregador deve assegurar exames de saúde
Realizados “de 2 em 2 anos para os restantes gratuitos e sigilosos ao trabalhador noturno
trabalhadores”. destinados a avaliar o seu estado de saúde, antes da
(n.º 3, artigo 108.º RJPSST) sua colocação e posteriormente a intervalos regulares
e no mínimo anualmente” (n.º 1, artigo 225.º Código
do Trabalho).
Exames ocasionais Realizados “sempre que haja alterações Este exame é realizado ainda nas seguintes situações:
substanciais nos componentes materiais de • Por mudança de função (Portaria n.º 71/2015);
trabalho que possam ter repercussão nociva na • A pedido do trabalhador (Portaria n.º 71/2015);
saúde do trabalhador, bem como no caso de • A pedido do Serviço (Portaria n.º 71/2015).
regresso ao trabalho depois de uma ausência
superior a 30 dias por motivo de doença ou
acidente” (n.º 3, artigo 108.º RJPSST e Portaria n.º
71/2015).
De salvaguardar que o “médico do trabalho, face ao estado de saúde do trabalhador e aos resultados da
prevenção dos riscos profissionais” pode “aumentar ou reduzir a periodicidade dos exames” indicados ante-
riormente (n.º 4, artigo 108.º do RJPSST).
Os exames de saúde de admissão e periódicos (que são programados) deverão integrar as fases e com-
ponentes indicados na Figura 9.
História
História Clínica Avaliação do ambiente de trabalho psicossocial e outras avaliações
do posto de trabalho
profissional
História social Informação de
resultados e
História familiar recomendações
pregressa Exames Complementares Protocolados
de prevenção e
& Instrumentos de avaliação específica
proteção
Antecedentes
Anamnese Exame (ao trabalhador)
pessoais Objetivo Decisão
Diagnóstico quanto à
Situação atual Pré- Exames (in)aptidão
de saúde Clínico
-Diagnóstico Complementares para o
Informação Clínico Não Protocolados trabalho
sobre posto & Instrumentos Eventual
trabalho/atividade de avaliação encaminhamento
profissional específica do trabalhador
para unidade/
serviço de saúde
Os exames ocasionais deverão ser orientados em função do motivo da sua realização, pelo que nem sem-
pre incluem todos os componentes indicados no processo da Figura 9. No entanto, importa realçar que, no
âmbito da saúde mental, os exames ocasionais são de extrema importância, em especial para:
• Deteção precoce de problemas de saúde mental, dado que os exames ocasionais podem ser reali-
zados a “pedido do trabalhador” e a “pedido do Serviço” possibilitando a avaliação de queixas relaciona-
das com a exposição profissional a fatores de risco psicossocial. Estas situações exigem habitualmente
um exame e uma avaliação particularmente dirigida ao problema reportado através de uma robusta
entrevista clínica que caracterize a situação.
• Gestão do regresso ao trabalho, após episódios de doença mental, para os quais é necessário afe-
rir a necessidade de serem estabelecidos programas de reabilitação e reintegração profissional, bem
como eventuais alterações do posto e organização do trabalho. Salienta-se que, de acordo com os
princípios gerais de política de saúde mental, “a prestação de cuidados de saúde mental é promovi-
da prioritariamente a nível da comunidade”, como o meio/contexto de trabalho, “por forma a evitar o
afastamento dos doentes do seu meio habitual e facilitar a sua reabilitação e inserção social” (art.º 3.º
da Lei n.º 36/98, de 24 de julho, na sua atual redação). Durante o processo de reabilitação psicossocial,
a intervenção de assistentes sociais poderá ser muito relevante na realização de eventuais avaliações
complementares e no procedimento de reinserção social mais adequado para o trabalhador.
Nem sempre é claro perceber se o trabalhador sofre de alguma perturbação mental ou em que
medida esta perturbação influencia negativamente o trabalho. Acresce ainda que existe um enorme
estigma social sobre as doenças mentais que inibe (133) muitas pessoas de reconhecer que sofrem de al-
guma perturbação mental. Trata-se assim de um processo complexo e multifatorial, com sinais usualmente
inespecíficos (ex. cansaço, desinteresse, irritabilidade, alterações do sono, etc.) e pouco reconhecidos (pelo
próprio e/ou por terceiros).
Estas dificuldades obrigam a que a avaliação do trabalhador deva ser realizada de forma cuidadosa e rigo-
rosa, visando uma deteção precoce de sinais e sintomas que permitam prevenir, atempadamente, a eclosão
de perturbação mental.
7.1.1. Anamnese
A anamnese é ponto inicial do diagnóstico em que o profissional de saúde recolhe/confirma informações
e ajuda o trabalhador a relembrar, usualmente sob a forma de entrevista/consulta, os aspetos mais impor-
tantes relativos à história profissional, história social (incluindo hábitos e atividades de lazer), história familiar
pregressa, antecedentes pessoais, situação atual de saúde (incluindo sintomas/queixas do trabalhador e sua
relação com trabalho) e informação sobre o posto de trabalho/a atividade profissional.
O Quadro 6 destaca os principais aspetos a contemplar no âmbito dos riscos psicossociais. Ressalva-se
a importância da recolha/confirmação pormenorizada, de informação sobre os determinantes sociais (do
presente e do passado (133), sempre que possível), que “englobam cinco domínios-chave: demográfico, eco-
nómico, habitacional, ambiental e social/cultural” (5) - Apontamento 5.
Quadro 6. Principais componentes da anamnese com especial relevância no contexto dos riscos
psicossociais
O trabalhador deverá ser inquirido O trabalhador deverá ser inquirido sobre O trabalhador deverá ser inquirido sobre
quanto ao seu percurso profissional, de os seguintes aspetos: os antecedentes familiares relativos a:
forma a permitir recolher os seguintes • Composição do agregado familiar • Perturbações mentais – doenças
elementos: • (incluindo filhos, pais, sogros, mentais (quadros de neurose ou de
• Número de anos de trabalho (ou data tios, entre outros parentescos) e psicose).
em que começou a trabalhar); responsabilidades/ carga familiar/ • Outras patologias com eventual
• Principais postos de trabalho doméstica; fator hereditário (ex. cardiovascular,
(anteriores e atual) e ocorrência de • Número de filhos/crianças ao cuidado respiratória, alérgica, oncológica)
situações graves que comprometeram do trabalhador e respetiva idade (ter dada a possibilidade de influenciarem
a saúde mental (ex. ataque de pânico, em atenção sobretudo crianças com negativamente a saúde e o bem-estar
depressão, stress grave, bullying); idade inferior a 3 anos); mental do trabalhador.
• Funções exercidas e dificuldades • Existência de atividade de cuidador
verificadas no seu desempenho; informal, respetivo motivo (ex: familiar
• Acidentes de trabalho ou doenças com demência, com deficiência, etc.) e
profissionais, designadamente aquelas duração;
que tenham originado sequelas ou • Condição socioeconómica e
limitações com influência na saúde habitacional do trabalhador (incluindo
mental; a distância casa-trabalho e meio de
• Tipo de vínculo contratual/contrato de deslocação);
trabalho; • Vivências traumáticas (20,119) (ex.
• Desenvolvimento e estado da carreira experiências de rejeição, abandono,
profissional; negligência, violência, incluindo durante
• Atividades profissionais que são a infância) (*).
concomitantes.
De realçar que as pessoas com perturbações mentais têm um risco 2 a 3 vezes mais elevado de morrer
prematuramente por doenças evitáveis, como infeções e distúrbios cardiovasculares, pelo que devem ser
submetidas a uma avaliação física rigorosa numa perspetiva de avaliação integral (133). No entanto,
o exame físico realizado ao trabalhador pode não revelar determinantes incapacitantes para o trabalho pelo
que, por vezes, a ausência ao trabalho (23) surge como “primeiro sintoma” da perturbação mental.
Deve-se ter presente que mesmo na ausência de sinais físicos aparentes, as perturbações mentais
podem comprometer a capacidade de trabalhar. É desta forma particularmente importante valorizar o
estado geral do trabalhador (ex. forma de andar e de vestir, discurso e expressão facial - tristeza, angústia,
alegria, ou eventual dissociação entre a expressão e o discurso), mediante uma análise cuidada. Deve-se
ainda realçar que um trabalhador pode ter uma doença mental e não ter disfuncionalidade laboral, sendo o
próprio trabalho um meio e uma ferramenta de reabilitação.
APONTAMENTO 5
dor é crucial tendo em conta que a evidência científica revela que, por exemplo (5):
De realçar que, no âmbito da perturbação mental, os exames complementares solicitados pelo médico do
trabalho são muitas vezes utilizados para confirmar a ausência de outras patologias de etiologia or-
gânica e sintomas associados (ex. hipotiroidismo apresenta sintomas comuns com a depressão) e, desta
forma, confirmar ou excluir a suspeita de perturbação mental.
Assim, consideram-se que existem indicadores “inespecíficos” e “específicos” para a matéria em apreço:
A. Indicadores inespecíficos
Entre outros testes, a realização de hemograma, da glicemia, do perfil lipídi-
co, avaliação da função hepática e da função renal, determinação da hormona
tiroestimulante (TSH), marcadores inespecíficos da inflamação (ex. Proteína C
reativa ou velocidade de sedimentação) e eletrocardiograma podem ser úteis
na avaliação global da saúde do trabalhador. Sublinha-se que estes testes não
têm qualquer especificidade relativamente aos riscos de natureza psicossocial
(134), mas permitem confirmar a ausência de outras patologias.
B.Indicadores específicos
Melatonina:
Pode ser considerada como uma neurohormona muito relacionada com os
ritmos circadianos pois apresenta uma forte variabilidade ao longo das 24h
relacionadas com a luz, pelo que a utilização deste indicador poderá ser útil
sobretudo na avaliação das perturbações do ritmo circadiano relativas ao so-
no-vigília. Existem fatores ambientais e endógenos (ex. idade) que modulam a
sua secreção, pelo que a sua interpretação individual tem um significado incer-
to. Este indicador pode ser medido, por exemplo, no sangue ou através do seu
metabolito urinário 6-sulfatoximelatonina, em profissionais que trabalham por
turnos com horário noturno (135).
Indicam-se seguidamente alguns exemplos de instrumentos validados para a população portuguesa e dispo-
níveis de forma gratuita, a saber (Anexo 7 e Anexo 8):
» HADS - Hospital Anxiety and Depression Scale de Zigmund & Snaith (137), versão portu-
guesa de Silva et al. (138).
» Inventário da Depressão de Beck (139), com versão portuguesa de Gomes-Oliveira
et al. (140).
» EADS - Escalas de Ansiedade, Depressão e Stress de 21 itens de Lovibond & Lovi-
bond (141), com versão portuguesa de Pais Ribeiro (142,143) .
b. Burnout
c. Situações traumáticas
» Posttraumatic Stress Disorder (PTSD) Checklist (PCL-5) – Escala de Weathers et al. (146),
validada para a população portuguesa por Carvalho, da Motta e Pinto-Gouveia (147).
d. Álcool:
» AUDIT – The Alcohol Use Disorders Identification Test (148), versão portuguesa da
Direção-Geral da Saúde (149).
e. Tabaco:
f. Sono:
g. Obesidade:
» IMC - Índice de Massa Corporal, proposto por Adolphe Quetelet entre 1830 e 1850
e desenvolvido por Keys et al., (159) no ano de 1972.
De realçar que, geralmente, os trabalhadores estão expostos a um conjunto de fatores e situações de risco
que atuam concomitantemente (e não de forma isolada). Estes fatores e situações podem influenciar-se
dado o seu sinergismo. Indicam-se a título exemplificativo algumas situações potenciais que se poderão
relacionar com fatores de risco psicossocial (22): a) os fatores de risco físicos, como o ruído e a temperatura,
podem influenciar a saúde mental do trabalhador; b) quadros de depressão estão, por vezes, associados a
queixas músculo-esqueléticas e dor crónica; c) a exposição a alguns agentes químicos (ex. metais pesados
como chumbo, manganês e mercúrio; gases, como o monóxido de carbono; compostos orgânicos voláteis,
como o tolueno) pode desencadear distúrbios neuropsiquiátricos, dada a ação destes agentes no sistema
nervoso central.
Justifica-se assim que na vertente psicossocial do exame de saúde ao trabalhador se tenha em consideração
não só os resultados e informações das avaliações do ambiente de trabalho psicossocial, assim como de
outras avaliações de risco (de natureza química, biológica, biomecânica, entre outras) realizadas.
Tendo em conta a dificuldade dos profissionais dos Serviços de Saúde do Trabalho em proceder ao diagnós-
tico das perturbações mentais e, paralelamente, a necessidade urgente de intervenção estruturada neste
âmbito que permita o tratamento atempado, com base nas orientações da Organização Mundial de Saúde
(133) para unidades de saúde “não especializadas em saúde mental”, estabelece-se que o diagnóstico clínico
deverá ter como objetivo a deteção e avaliação (Figura 10):
Afeta a funcionalidade
do trabalhador?
É excessiva SIM
["Escala de Incapacidade
a intensidade, de Sheehan" - Anexo 12]
frequência e/ou
duração do stress
ou ansiedade?
NÃO
Exame de saúde
ao trabalhador
DIAGNÓSTICO
É um "Quadro clínico
NÃO prioritário"?
[Anexo 9]
Há suspeita
de perturbação
mental?
É um "Quadro clínico
SIM de emergência"?
[Anexo 10]
• Quadro clínico prioritário (Anexo 9): situações agudas, em que o trabalhador não está em risco de
vida iminente, mas existe o risco de evolução para complicações mais gravosas ou fatais, pelo que são
necessários cuidados especializados.
Î Incluem-se nesta categoria: Burnout; Demência; Depressão moderada a grave; Epilepsia; Es-
quizofrenia; Perturbação do ritmo circadiano do sono-vigília; Perturbação por stress pós-traumá-
tico; Perturbações por consumo de álcool; Perturbações por consumo de drogas; Psicose; Stress
crónico; Perturbação bipolar; Perturbação da personalidade.
• Quadro clínico de emergência (Anexo 10): ocorrência imprevista de uma situação de saúde grave
(com ou sem risco de vida), em que o trabalhador tem necessidade de assistência médica imediata para
manter as funções vitais e/ou evitar incapacidade ou complicações graves.
• Outro quadro clínico moderado ou grave (Anexo 11): perturbação mental que não está incluída nas
categorias anteriores e, tendo por base os critérios estabelecidos pela SAMHSA (Substance Abuse and
Mental Health Services Administration, 1993) para avaliar a gravidade das perturbações mentais, aplican-
do os instrumentos Sheehan Disability Scale (Anexo 12) e a Global Assessment of Functioning (Anexo 13), a
perturbação mental (20) é classificada de grave ou moderada.
Para avaliar como a situação de stress ou ansiedade afeta a funcionalidade do trabalhador recomen-
da-se a utilização da Escala de Incapacidade de Sheehan (Anexo 12).
Na fase de diagnóstico é ainda importante aferir se a situação de stress, ansiedade ou a perturbação mental
tem relação com o trabalho (nexo causal), de forma a identificar outros trabalhadores expostos aos
mesmos fatores de risco e estabelecer as necessárias medidas corretivas/preventivas. O Quadro 7 agrupa
os quadros clínicos prioritários e de emergência tendo em conta a classificação de Schilling (160) e identifica
os quadros que devem ser considerados como eventos sentinela (23) dada a sua relação com o trabalho.
De sublinhar que sempre que as perturbações mentais são consideradas como “eventos sentinela”, deve-
-se verificar se outros trabalhadores não se encontram com exposição profissional semelhante e estabelecer
as necessárias medidas preventivas.
A avaliação do risco profissional visa averiguar se o risco é aceitável ou não, tendo em conta o conheci-
mento científico à data. Nesta etapa deve proceder-se à valoração integrada das várias vertentes (ambien-
tal, biológica e de saúde).
Para se obter o “nível de risco profissional” (Quadro 8) é necessário considerar a “gravidade do dano”
(efeito adverso na saúde do trabalhador que inclui situações de stress, ansiedade, perturbações mentais,
entre outras) e a “probabilidade de ocorrência” em contexto de trabalho, isto é ter em conta o prejuízo no
desempenho profissional e social (funcionalidade do indivíduo/trabalhador) ocasionado pelo dano. O
fator de correção individual é aplicado pelo médico do trabalho sempre que sejam identificados fatores
protetores ou agravantes (ex. contexto familiar, vulnerabilidade social).
A graduação final do nível de risco profissional determina uma ação preventiva (Quadro 9). O Serviço de
Saúde do Trabalho e, em particular, o médico do trabalho, deve determinar as necessárias recomendações
preventivas de carácter individual e/ou coletivo/organizacional visando a prevenção dos riscos psicossociais.
FATOR DE
CORREÇÃO
INDIVIDUAL
GRAVIDADE DO DANO NA SAÚDE
(DECISÃO DO
MÉDICO DO
TRABALHO)
Baixa Risco Baixo Risco Baixo Risco Médio Risco Médio Graduação final
do nível de risco
FREQUÊNCIA Média Risco Baixo Risco Médio Risco Alto Risco Alto profissional:
(PREJUÍZO NO
DESEMPENHO Risco Muito
➜ ________________
Alta Risco Médio Risco Alto Risco Alto
PROFISSIONAL Alto
E SOCIAL)
Risco Muito Risco Muito
Muito Alta Risco Médio Risco Alto
Alto Alto
NÍVEL RISCO
ACEITABILIDADE
PROFISSIONAL AÇÃO
DO RISCO
(TRABALHADOR)
Deve ser estabelecido um plano com medidas para reduzir o risco, o qual deverá determinar as
Alto
alterações necessárias e o período de tempo para estas medidas serem implementadas.
Risco não
aceitável O trabalho não deve ser iniciado nem continuado até que o risco profissional seja reduzido. Pode
Muito Alto ser necessário recursos consideráveis para o controlo do risco. Se não for possível reduzir o risco
profissional, deve-se proibir esse trabalho.
Para efeitos de avaliação da aptidão para o trabalho devem ser analisadas quatro áreas principais (23):
• Limitações das atividades da vida diária e no contexto de trabalho: como autocuidado, higiene
pessoal, comunicação, locomoção, viajar, repouso e sono e prática de atividades sociais e de lazer. A
avaliação não deve realizar-se somente quanto ao número de atividades que estão restritas ou preju-
dicadas, mas quanto ao conjunto de restrições ou limitações que, eventualmente, afetam o indivíduo/
trabalhador como um todo.
• Exercício de funções sociais: refere-se à capacidade do indivíduo de interagir apropriadamente e
comunicar eficientemente com outras pessoas. Inclui a capacidade de conviver com outros, tais como
familiares, colegas de trabalho, supervisores, chefias e/ou clientes, sem alterações, agressões ou sem o
isolamento do indivíduo em relação ao mundo que o cerca.
• Concentração, persistência e ritmo: avaliam-se parâmetros que revelam a capacidade de completar
ou de levar a cabo tarefas. Estes parâmetros referem-se à capacidade de manter a atenção focalizada o
tempo suficiente para permitir a realização cabal, em tempo adequado, de tarefas comuns da atividade
de trabalho. Estas capacidades podem ser avaliadas através do desempenho atual e/ou histórico do
indivíduo.
• Deterioração ou descompensação no trabalho: refere-se a falhas repetidas na adaptação a cir-
cunstâncias stressantes. Quando exposto a situações ou circunstâncias mais stressantes ou cargas de
trabalho mais elevadas, o trabalhador ausenta-se, desaparece ou manifesta exacerbações de sinais e
sintomas da sua perturbação mental ou comportamental. Esta área permite averiguar situações em
que o trabalhador está descompensado e tem dificuldade em manter as atividades habituais de traba-
lho, o exercício de funções sociais e a capacidade de completar ou levar a cabo tarefas (ex. proceder
ao atendimento de clientes, tomar decisões, programar tarefas, interagir com supervisores, chefias e
colegas).
Alguns critérios de restrição e inaptidão para o trabalho podem estar relacionados com:
• Situações específicas de saúde, designadamente de saúde mental à data do exame de saúde, em que o
trabalhador, no exercício da sua atividade profissional, constitua um risco significativo para a saúde de
terceiros (ex. patologia psiquiátrica não controlada medicamente, designadamente quadros psicóticos
não medicados e não aderentes à medicação; situações de agitação, delírios, alucinações, agressividade
com dificuldade em controlar os impulsos);
• Situações específicas de saúde, designadamente de saúde mental à data do exame de saúde, em que
a atividade profissional constitua um risco significativo para a saúde do próprio (ex. depressão grave ou
situações de stress pós-traumático, principalmente se o trabalho constitui uma fonte de agravamento
da situação clínica).
Sempre que possível e apropriado, a avaliação da aptidão deverá equacionar não só as possibilidades de ap-
tidão do trabalhador para a mesma função como também para outra função, atividade ou local de trabalho.
A gestão do risco psicossocial de um trabalhador poderá exigir, entre outras medidas, as indicadas na Figura 11.
O médico do trabalho, ao ser responsável pela vigilância da saúde dos trabalhadores, desempenha um papel
fulcral na identificação das perturbações mentais dado que está numa posição privilegiada de contacto
com os trabalhadores e, por outro, porque a manifestação da perturbação mental pode ser mais evi-
dente no contexto de trabalho, tendo em conta que exige interação com outras pessoas durante
um período de tempo considerável. Acresce ainda que, muitas vezes, os Serviços de Saúde do Trabalho
são o único espaço que estes trabalhadores encontram para falar do que sentem sem estigmatização.
Neste sentido, as situações de perturbações mentais classificadas, mesmo de forma presuntiva, como:
a. “Graves” (Anexo 11) ou que integrem o “Quadro clínico de emergência” (Anexo 10) – devem ser
encaminhadas para hospital com urgência de psiquiatria (urgências hospitalares de Portugal Continen-
tal no Anexo 14), sempre que necessário.
b. “Moderadas” (Anexo 11) ou que integrem o “Quadro clínico prioritário” (Anexo 9) – devem ser
encaminhadas pelo médico do trabalho para o médico de família do trabalhador em questão. Por sua
vez, o médico de família poderá encaminhar o trabalhador, sempre que necessário, para o “Serviço
Local de Saúde Mental de Adultos” (41 serviços em Portugal Continental) (20) ou, nas situações de
comportamentos aditivos (ex. álcool, droga, etc.), às equipas do Centro de Respostas Integradas (CRI)
da área de residência, pertencentes à DICAD (Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e
nas Dependências) de cada Administração Regional de Saúde. Os cuidados de saúde primários têm um
papel fundamental na prestação de cuidados de saúde mental (20), assegurando o acompanhamento
de inúmeros casos.
• O trabalhador não tem atribuído médico de família – o trabalhador deverá ser si-
nalizado ao Presidente do Conselho Clínico e de Saúde do Agrupamento de Centros de
Saúde (ACES) ou da Unidade Local de Saúde (ULS), de acordo com a área de residência
do trabalhador;
• A empresa/estabelecimento possui psicólogo ou outro profissional de saúde men-
tal – o médico do trabalho poderá encaminhar o trabalhador para este profissional, não
obstante outras diligências complementares que sejam consideradas necessárias, desig-
nadamente a referenciação do trabalhador junto do médico de família, do psiquiatra ou
do psicólogo assistente.
Realça-se que nas situações em que a gravidade do dano é “grave ou “moderada”, o médico do trabalho,
que no âmbito da anamnese identifica o especialista de saúde mental que acompanha a situação de
perturbação mental do trabalhador (ex. psicólogo, psiquiatra, etc.), deve também proceder à articulação
com o mesmo, visando conhecer melhor o estado clínico do trabalhador e assegurar adequada vigilância da
saúde do mesmo.
• Quando cria “uma situação de perigo para bens jurídicos, de relevante valor, próprios ou alheios, de
natureza pessoal ou patrimonial, e recuse submeter-se ao necessário tratamento médico”;
• Quando “não possua o discernimento necessário para avaliar o sentido e alcance do consentimento,
quando a ausência de tratamento deteriore de forma acentuada o seu estado”.
Assim, sempre que o médico do trabalho “verifique no exercício das suas funções uma anomalia psíquica”
que se enquadre nas situações anteriores “pode comunicá-la à autoridade de saúde” competente visando
o internamento compulsivo (art.º 13.º da Lei n.º 36/98, de 24 de julho, na sua atual redação). De salvaguardar
que o internamento compulsivo só pode ser determinado: “quando for a única forma de garantir a submis-
são a tratamento do internado e finda logo que cessem os fundamentos que lhe deram causa”, e “se for
proporcionado ao grau de perigo e ao bem jurídico em causa”. Sempre que possível “é substituído por trata-
mento em regime ambulatório” (art.º 8.º da Lei n.º 36/98, de 24 de julho, na sua atual redação).
Nas situações urgentes, em que existe uma situação de perigo para bens jurídicos, de relevante valor, pró-
prios ou alheios, de natureza pessoal ou patrimonial, em que o trabalhador, portador de anomalia psíquica
grave, se recuse submeter ao necessário tratamento médico, pode ser internado compulsivamente de
urgência, nomeadamente devido a “deterioração aguda do seu estado” (art.º 22.º da Lei n.º 36/98, de 24 de
julho, na sua atual redação). Nestes pressupostos, o médico do trabalho pode contactar as autoridades
policiais ou de saúde que podem determinar o internamento do trabalhador “através de mandado” ou,
quando não seja possível a emissão prévia de mandado, “dada a situação de urgência e de perigo na demo-
ra”, “qualquer agente policial procede à condução imediata do internando” (art.º 22.º da Lei n.º 36/98, de 24
de julho, na sua atual redação).
Todos os trabalhadores com perturbações mentais devem ser tratados com dignidade e respeito quando
(re)integrados no trabalho (e na comunidade), visando beneficiar a sua saúde e bem-estar. Os Serviços de
Saúde do Trabalho devem estimular o indivíduo (trabalhador) a adotar uma postura de cuidado pessoal,
corresponsabilizando-se pela gestão do projeto terapêutico, do seu trabalho e da sua qualidade de vida. O
restabelecimento do respeito e dos laços sociais no contexto de trabalho possibilita que o indivíduo retome
o significado da sua vida e volte a acreditar nas suas capacidades.
Considera-se assim que no regresso ao trabalho após episódio de doença mental é fundamental serem
estabelecidos programas de reabilitação psicossocial e profissional, que devem atender às singularida-
des de cada indivíduo e conceitos base de “autonomia, socialização, cidadania e contratualidade” (22). Melho-
rias nas condições de trabalho, na organização e relações de trabalho, assim como alterações nas funções
e local de trabalho, são alguns aspetos que poderão facilitar ou melhorar a recuperação do trabalhador e
promover a sua capacidade de trabalho.
Por último salienta-se que as pessoas que recebem apoio de serviços de reabilitação de saúde mental têm
maior possibilidade de reintegrar a vida comunitária e de trabalho de forma mais sustentada (161).
• Identificar os fatores de risco psicossocial que possam ter determinado a situação em causa;
• Identificar outros trabalhadores com exposição profissional similar;
• Proceder a intervenções psicossociais de suporte ao grupo/trabalhadores identificado anteriormente,
se aplicável.
• Recomendar ao empregador para que adote as necessárias medidas corretivas, de gestão ou outras,
para eliminação ou controlo dos fatores de risco psicossocial.
8 Medidas de Prevenção
De realçar que, de acordo com a atual legislação a “proteção da saúde mental efetiva-se através de medidas
que contribuam para assegurar ou restabelecer o equilíbrio psíquico dos indivíduos, para favorecer o desen-
volvimento das capacidades envolvidas na construção da personalidade e para promover a sua integração
crítica no meio social em que vive” (art.º 2.º da Lei n.º 36/98, de 24 de julho, na sua atual redação). Estas medi-
das incluem “ações de prevenção primária, secundária e terciária da doença mental, bem como as que con-
tribuam para a promoção da saúde mental” (art.º 2.º da Lei n.º 36/98, de 24 de julho, na sua atual redação).
Existe um conjunto de medidas de prevenção coletivas que são transversais e têm aplicabilidade relativa-
mente à exposição dos trabalhadores a vários fatores de risco psicossocial, designadamente:
São seguidamente indicados alguns exemplos de medidas preventivas por fator de risco psicossocial (Qua-
dro 11) que podem ser adotadas, de forma isolada ou conjunta, de acordo com a situação, em concreto, ava-
liada na empresa/estabelecimento. Estas medidas têm carácter meramente indicativo e exemplificativo
e podem ser implementadas a todos os trabalhadores da empresa/estabelecimento, a determinados grupos
de trabalhadores (ex. agregação de trabalhadores por departamento/secção, tarefa, atividade profissional,
etc.) ou a um trabalhador em particular.
Apoio de apreciação
• Adotar uma “política” de reconhecimento do trabalho desenvolvido (ex. trabalhador do mês).
• Valorizar as opiniões dos trabalhadores.
• Integrar os elogios quanto à qualidade/quantidade de trabalho realizado pelo trabalhador como uma prática das chefias.
• Fomentar a progressão das carreiras dos trabalhadores, assim como promoções e outros incentivos.
Apoio informativo
• Assegurar uma comunicação aberta e nos dois sentidos hierárquicos;
• Garantir que os trabalhadores são mantidos informados, particularmente em momentos de mudança na empresa.
• Desenvolver competências nos trabalhadores que lhes permita saber resolver situações de diálogo difícil e de insuficiente informação
para o desempenho profissional.
• Prestar feedbacks pessoais e construtivos, que reflitam e melhorem a postura do trabalhador e o seu desempenho nas tarefas.
São seguidamente indicados alguns exemplos de medidas preventivas por ocorrência crítica (Quadro 12)
que podem ser adotadas, de forma isolada ou conjunta, de acordo com a situação, em concreto, avaliada na
empresa/estabelecimento. Estas medidas têm carácter meramente indicativo e exemplificativo.
9 Medidas de Promoção
da Saúde
Î Os empregadores são responsáveis por disponibilizar ambientes de trabalho saudáveis e seguros aos
trabalhadores, podendo oferecer incentivos (ex. aumento do tempo da hora de almoço para permitir
realizar exercício físico) que reforçam comportamentos individuais saudáveis e que beneficiam a saúde
e bem-estar do trabalhador.
Î Os empregadores podem, através dos Serviços de SST/SO, monitorizar o progresso das ações e progra-
mas de PSMLT e medir os efeitos na saúde.
As ações e programas de PSMLT podem integrar duas importantes vertentes: individual (trabalhador) e
de ambiente de trabalho (Quadro 13). A combinação destas duas vertentes mostra-se a ideal (18,26): um
programa de PSMLT será eficaz a promover o estado de saúde da força de trabalho quando as intervenções
atenderem às questões individuais e ambientais, sendo que estas últimas são fortemente influenciadas por
medidas de gestão de “alto nível” e decisões sobre como o trabalho será realizado e organizado (26). Assu-
me-se que um enfoque completo e global integra medidas coletivas/ambientais e medidas individuais.
O Quadro 13 sistematiza a caracterização de cada vertente da PSMLT e apresenta alguns exemplos de in-
tervenção.
Quadro 13. Promoção da saúde mental no local de trabalho (PSMLT) - Exemplos de intervenção
Individual Centra-se: no trabalhador e nos Trabalhadores sob elevados níveis de stress costumam ter
determinantes de saúde, em especial dificuldade em prestar atenção suficiente ao seu próprio
relacionados com hábitos, práticas e estilos bem-estar. Esta situação pode estar associada a horas de
de vida. descanso insuficientes, aumento do consumo de tabaco ou
álcool, dieta inadequada, inatividade física, dores musculares,
Relaciona-se com: comportamento entre outros. Desta forma, poderão ser realizadas ações e
e responsabilidade individual de programas de promoção de saúde sobre:
cada trabalhador relativamente à sua - Técnicas de relaxamento;
saúde e bem-estar. As atividades são - Higiene do sono;
dirigidas diretamente para capacitar os - Hábitos alimentares saudáveis;
trabalhadores em aumentarem o controlo - Atividade física regular;
da sua própria saúde. - Posturas no local de trabalho;
- Cessação tabágica/álcool/drogas;
- Primeiros socorros - crise convulsiva epilética,
delírio, psicose, ansiedade ou depressão severas (3) e
comportamentos disruptivos.
Ambiente de trabalho Centra-se: na cultura e clima organizacional A saúde mental dos trabalhadores é reforçada através de
e no “design” (estrutura) do trabalho na sua ambientes de trabalho que “respeitem e protejam os direitos
dimensão física e psicossocial. civis, políticos, socioeconómicos e culturais básicos” (18) e que
possibilitem melhorar a qualidade de vida e a satisfação dos
Relaciona-se com: os aspetos trabalhadores. “Sem a segurança e liberdade proporcionadas
organizacionais e estruturais do local por esses direitos, é muito difícil manter um alto nível de
de trabalho na sua dimensão física e saúde mental” (18) numa empresa. Desta forma, poderão ser
psicossocial e como estes influenciam a realizadas ações e programas de promoção da saúde com
capacidade do trabalhador em cuidar da enfoque em áreas como:
sua saúde, manter os “recursos pessoais” - Promoção da saúde, do bem-estar e da qualidade de vida
(ex. resiliência, qualidade e eficácia de no trabalho;
trabalho) e um equilíbrio de bem-estar. - Gestão da motivação no trabalho;
- Estratégias de comunicação;
- Técnicas de planeamento e gestão do trabalho;
- Dinâmicas de valorização: da inovação, da criatividade, do
empenho, de comportamentos saudáveis, de resiliência no
trabalho;
- Estratégias para equilíbrio trabalho/família.
É fundamental que as empresas adquiram uma nova visão “relativamente à forma como a promoção da
saúde e bem-estar dos trabalhadores é encarada” (5), valorizando mais esta área, sobretudo através de
atividades que conduzam ao reforço dos fatores protetores ou promotores indicados no Quadro 11 e no
Quadro 12.
Importa sublinhar que as ações e programas de PSMLT, para serem eficazes, devem ter como “principal obje-
tivo aquilo que mantém e melhora o bem-estar mental” (1) dos trabalhadores que, certamente, irá influenciar
o bem-estar não só individual como da sua família e comunidade (133). No entanto, este bem-estar mental
é distinto entre trabalhadores, vai evoluindo ao longo do tempo e está em relação com as suas necessida-
des, que numa perspetiva laboral tem a ver com a satisfação e motivação no trabalho. Na pirâmide de
necessidades de Maslow considera-se necessário atender e satisfazer uma necessidade de posição inferior
para que a seguinte se manifeste e seja reconhecida como necessária (Figura 12), ainda que não exista uma
estanquicidade absoluta entre elas. Assim, os Serviços de SST/SO, ao planearem as ações e programas de
PSMLT, devem ter em consideração as necessidades dos trabalhadores.
O conceito de “local de trabalho promotor da saúde” é mais relevante à medida que um maior número
de empresas reconhece que, num mercado globalizado, o sucesso só pode ser alcançado com uma força de
trabalho saudável, qualificada e motivada. Assim, um “local de trabalho promotor da saúde”, ao garantir um
equilíbrio, flexível e dinâmico, entre as expectativas dos clientes e as metas organizacionais, por um lado, e as
competências e necessidades de saúde dos trabalhadores, por outro, beneficiará a empresa na competição
do mercado.
Considera-se por isso que a aposta na saúde mental no local de trabalho permite (re)conduzir à “rota da
prosperidade a longo prazo” (17) da empresa/estabelecimento, e reforçar a “solidariedade e a justiça social e
aumentar, de modo tangível, a qualidade de vida” (17) dos trabalhadores. Ao ter um “potencial impacte posi-
tivo na motivação e na produtividade dos trabalhadores”, este refletir-se-á de forma positiva “nos resultados
das empresas e nos seus negócios” (5).
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Anexos
ANEXO 1:
Principais Diretivas, Convenções e Acordos internacionais no âmbito dos riscos profissionais de
natureza psicossocial e respetiva transposição/aprovação para o direito nacional
Diretiva 89/391/CEE, do Conselho, de 12 de Junho: aplicação de medidas destinadas a promover a melhoria da segurança e da
saúde dos trabalhadores no trabalho.
Transposta pela Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro
CAPÍTULO II Obrigações gerais do empregador e do trabalhador
Artigo 15.º Obrigações gerais do empregador
2 - O empregador deve zelar, de forma continuada e permanente, pelo exercício da atividade em condições de segurança e de saúde para o trabalhador,
tendo em conta os seguintes princípios gerais de prevenção: (…)
b) Planificar a prevenção como um sistema coerente que integre a evolução técnica, a organização do trabalho, as condições de trabalho, as relações
sociais e a influência dos fatores ambientais.
Convenção 155, Convenção de Saúde e Segurança do Trabalho, 1981(OIT): segurança, a saúde dos trabalhadores e o ambiente
de trabalho
Aprovada por Decreto do Governo n.º 1/85, de 16 de janeiro de 1985
Artigo 5.º
A política mencionada no artigo 4.º deverá ter em conta as seguintes grandes esferas de acção, na medida em que estas afectem a segurança, a saúde dos
trabalhadores e o ambiente de trabalho: (…)
b) As relações que existem entre os componentes materiais do trabalho e as pessoas que executam ou supervisionam o trabalho, assim como adaptação
das máquinas, dos materiais, do tempo de trabalho, da organização do trabalho e dos processos de trabalho às capacidades físicas e mentais dos
trabalhadores.
Tempo de trabalho
Diretiva 93/104/CE: relativa a determinados aspetos da organização do tempo de trabalho, alterada pela Diretiva nº 2000/34/CE,
do Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de junho e Diretiva 2003/88/CE: relativa a determinados aspetos da organização
do tempo de trabalho
Transposta pela Lei n.º 99/2003, de 27 de agosto (Revogada pela Lei n.º 7/2009); Transposta pela Lei n.º 7/2009, de 22 de
fevereiro - Código do Trabalho
Artigos 58º, 74º, 87º, 90º, 127º, 319º, 425º, 482º, 488º
Secção II do Capítulo II – do 197º ao 257º
Aborda a dispensa de algumas formas de organização do tempo de trabalho trabalhadora grávida, puérpera ou lactante, menores, trabalhador com
deficiência ou doença crónica e trabalhador-estudante.
Secção II do Capítulo II - Duração e organização do tempo de trabalho / Subsecção I - Noções e princípios gerais sobre duração e organização do
tempo de trabalho
Artigo 197.º Tempo de trabalho
1 - Considera-se tempo de trabalho qualquer período durante o qual o trabalhador exerce a atividade ou permanece adstrito à realização da prestação, bem
como as interrupções e os intervalos previstos no número seguinte.
2 - Consideram-se compreendidos no tempo de trabalho:
a) A interrupção de trabalho como tal considerada em instrumento de regulamentação coletiva de trabalho, em regulamento interno de empresa ou
resultante de uso da empresa;
b) A interrupção ocasional do período de trabalho diário inerente à satisfação de necessidades pessoais inadiáveis do trabalhador ou resultante de
consentimento do empregador;
c) A interrupção de trabalho por motivos técnicos, nomeadamente limpeza, manutenção ou afinação de equipamento, mudança de programa de
produção, carga ou descarga de mercadorias, falta de matéria-prima ou energia, ou por fator climatérico que afete a atividade da empresa, ou por
motivos económicos, designadamente quebra de encomendas;
d) O intervalo para refeição em que o trabalhador tenha de permanecer no espaço habitual de trabalho ou próximo dele, para poder ser chamado a
prestar trabalho normal em caso de necessidade;
e) A interrupção ou pausa no período de trabalho imposta por normas de segurança e saúde no trabalho.
Artigo 222.º Proteção em matéria de segurança e saúde no trabalho (no trabalho por turnos)
1 - O empregador deve organizar as atividades de segurança e saúde no trabalho de forma que os trabalhadores por turnos beneficiem de um nível de
proteção em matéria de segurança e saúde adequado à natureza do trabalho que exercem.
2 - O empregador deve assegurar que os meios de proteção e prevenção em matéria de segurança e saúde dos trabalhadores por turnos sejam equivalentes
aos aplicáveis aos restantes trabalhadores e se encontrem disponíveis a qualquer momento.
Diretiva 2002/15/CE: relativa à organização do tempo de trabalho das pessoas que exercem atividades móveis de transporte
rodoviário
Transposta pelo Decreto-Lei n.º 237/2007, de 19 de junho
Artigo 6º Limites da duração do trabalho
1 - A duração do trabalho semanal dos trabalhadores móveis, incluindo trabalho suplementar, não pode exceder sessenta horas, nem quarenta e oito horas
em média num período de quatro meses.
2 - Por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho, o período de referência previsto no número anterior pode ser aumentado até seis meses.
3 - Se o trabalhador móvel trabalhar para vários empregadores, a duração do trabalho semanal para efeitos do n.º 1 corresponde à soma dos períodos de
trabalho efetuados.
Artigo 7º
Devem tomar-se medidas a fim de que os trabalhadores a tempo parcial beneficiem de condições equivalentes às dos trabalhadores a tempo completo que
se encontrem numa situação comparável nos seguintes domínios:
a) Proteção da maternidade;
b) Cessação da relação de trabalho;
c) Férias anuais pagas e dias feriados pagos;
d) Licença por doença;
Diretiva 90/270/CEE, do Conselho, de 29 de maio, relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde respeitantes ao
trabalho com equipamentos dotados de visor
Transposta pelo Decreto-Lei nº 349/93, de 1 de outubro
Artigo 6º Obrigações do empregador
Constitui obrigação do empregador:
a) Avaliar as condições de segurança e de saúde existentes nos postos de trabalho, nomeadamente as que respeitam aos riscos para a visão, às afeções
físicas e à tensão mental.
Diretiva 90/269/CEE: relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde respeitantes à movimentação manual de cargas
que comportem riscos, nomeadamente dorso-lombares, para os trabalhadores
Transposta pelo Decreto-Lei n.º 330/93, de 25 setembro
Artigo 4º Medidas gerais de prevenção
2- Sempre que não seja possível evitar a movimentação manual de cargas, o empregador deve adotar as medidas apropriadas de organização do trabalho,
utilizar ou fornecer aos trabalhadores os meios adequados, a fim de que essa movimentação seja o mais segura possível.
Diretiva 2010/32/UE, do Conselho, de 10 de maio (na sua atual redação) que executa o Acordo-Quadro relativo à prevenção de
ferimentos provocados por objetos cortantes nos sectores hospitalar e da saúde celebrado pela HOSPEEM e pela EPSU
Transposta pelo Decreto-Lei n.º 121/2013, de 22 de agosto
Artigo 5.º Avaliação dos riscos e segurança
2- A avaliação dos riscos e segurança tem em conta a tecnologia, a organização do trabalho, as condições de trabalho, o nível de qualificações, os fatores
psicossociais relativos ao trabalho e a influência de fatores relacionados com o ambiente de trabalho.
Maternidade e relacionados
Diretiva 92/85/CE: relativa à implementação de medidas destinadas a promover a melhoria da segurança e da saúde das
trabalhadoras grávidas, puérperas ou lactantes no trabalho
Transposta pela Lei n.º 7/2009, de 22 de fevereiro – Código do Trabalho
Artigos 25º, 35º, 36º, 37º, 46º, 58º, 59º, 60º, 62º, 63º, 65º, 144º, 381º
Diretiva 96/34/CE: relativa ao acordo quadro sobre a licença parental celebrado pela União das Confederações da Indústria e
dos Empregadores da Europa (UNICE), pelo Centro Europeu das Empresas Públicas (CEEP) e pela Confederação Europeia dos
Sindicatos (CES)
Transposta pela Lei n.º 7/2009, de 22 de fevereiro – Código do Trabalho
Artigos 7º, 24º, 25º, 30º, 31º, Subsecção IV (33º - 65º) da SECÇÃO II, 144º e 381º
A parentalidade surge associada a temas já abordados anteriormente, organização do tempo de trabalho, trabalho a tempo parcial e trabalhadoras grávidas,
puérperas ou lactantes.
c) Trabalhadora lactante, a trabalhadora que amamenta o filho e informe o empregador do seu estado, por escrito, com apresentação de atestado médico.
Igualdade/ Discriminação
Diretiva 76/207/CEE: relativa à concretização do princípio da igualdade de tratamento entre homens e mulheres no que se refere
ao acesso ao emprego, à formação e promoção profissionais e às condições de trabalho, alterada pela Diretiva nº 2002/73/CE
Diretiva 2000/43/CE: aplica o princípio da igualdade de tratamento entre as pessoas, sem distinção de origem racial ou étnica
Diretiva 2000/78/CE: estabelece um quadro geral de igualdade de tratamento no emprego e na atividade profissional
Diretiva 2002/73/CE: relativa à concretização do princípio da igualdade de tratamento entre homens e mulheres no que se refere
ao acesso ao emprego, à formação e promoção profissionais e às condições de trabalho
Diretiva 2006/54/CE: relativa à aplicação do princípio da igualdade de oportunidades e igualdade de tratamento entre homens
e mulheres em domínios ligados ao emprego e à atividade profissional (reformulação)
Transpostas pela Lei n.º 7/2009, de 22 de fevereiro – Código do Trabalho
Artigos 7º, 10º, Subsecção III (23º-32º), Divisão II (29º) e 169º
Trabalhadores jovens
Diretiva 94/33/CE: relativa à proteção dos jovens no trabalho
Transposta pela Lei n.º 7/2009, de 22 de fevereiro – Código do Trabalho
Artigos Subsecção V (Trabalho de menores) da Secção II (66º-83º)
4 - No caso do número anterior, a prestação de trabalho noturno por menor deve ser vigiada por um adulto, se for necessário para proteção da sua
segurança ou saúde.
Crime público
Decreto-Lei n.º 400/82, de 23 de setembro, com as alterações operadas pelas Lei n.º 59/2007, de 4 de setembro e a Lei n.º 19/2013, de 21 de fevereiro - Código
Penal
Dos Crimes contra a Vida
> Art. 131º – Homicídio
> Art. 132º – Homicídio qualificado
> Art. 133º – Homicídio privilegiado
> Art. 134º – Homicídio a pedido da vítima
> Art. 135º – Incitamento ou ajuda ao suicídio
> Art. 137º – Homicídio por negligência
> Art. 138º – Exposição ou abandono
Dos Crimes contra a Integridade Física
> Art. 143º – Ofensa à integridade física simples
> Art. 144º – Ofensa à integridade física grave
> Art. 144º-A - Mutilação genital feminina
> Art. 145º – Ofensa à integridade física qualificada
> Art. 146º – Ofensa à integridade física privilegiada
> Art. 147º – Agravação pelo resultado
> Art. 148º – Ofensa à integridade física por negligência
> Art. 152º-A – Maus tratos
> Art. 152º-B – Violação de regras de segurança
Dos Crimes contra a Liberdade Pessoal
> Art. 153º – Ameaça
> Art. 154º – Coação
> Art. 154º-A – Perseguição
> Art. 155º – Agravação
> Art. 158º – Sequestro
> Art. 159º – Escravidão
> Art. 160º – Tráfico de Pessoas
> Art. 161º – Rapto
> Art. 162º – Tomada de reféns
Dos crimes contra a liberdade Sexual
> Art. 163º – Coação sexual
> Art. 164º – Violação
> Art. 165º – Abuso sexual de pessoa incapaz de resistência
> Art. 167º – Fraude sexual
> Art. 169º – Lenocínio
> Art. 170º – Importunação sexual
ANEXO 2:
Sinopse Estatística no âmbito dos fatores de risco psicossocial
Quadro A: Número de Unidades Locais (UL), de trabalhadores expostos e de avaliações efetuadas aos fatores de risco psicossocial, por CAE no ano 2019
N.º de avaliações
efetuadas no âmbito
Secção de Atividade Económica
dos fatores de risco
CAE (Rev.3) da Unidade Local (UL)
psicossocial (B)
(36)
A AGRICULTURA, CAÇA, SILVICULTURA E PESCA 12 078 865 7,2 75 192 12 337 16,4 1 072 1,2
C INDÚSTRIAS TRANSFORMADORAS 31 306 4 183 13,4 712 699 199 739 28,0 11 642 2,8
D ELETRICIDADE, GÁS, VAPOR E ÁGUA 409 115 28,1 7486 4 308 57,5 494 4,3
E CAPTAÇÃO, TRATAMENTO, DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA 1 200 389 32,4 29 067 17 649 60,7 1 043 2,7
F CONSTRUÇÃO 26 563 1 657 6,2 262 419 43 871 16,7 3 827 2,3
G COMÉRCIO P/GROSSO E A RETALHO; REP. VEÍCULOS AUTO.E MOT. 80 692 12 986 16,1 625 131 282 026 45,1 23 205 1,8
H TRANSPORTES E ARMAZENAGEM 10 537 1 500 14,2 166 454 95 065 57,1 3 359 2,2
I ALOJAMENTO, RESTAURAÇÃO E SIMILARES 33 320 5 964 17,9 268 202 164 421 61,3 13 454 2,3
J ATIV. DE INFORM. E COMUNICAÇÃO 5 382 745 13,8 102 198 93 657 91,6 3 025 4,1
K ATIV. FINANCEIRAS E SEGUROS 7 179 655 9,1 73 729 8 176 11,1 1 091 1,7
L ATIV. IMOBILIÁRIAS 7 663 651 8,5 43 786 4 702 10,7 843 1,3
M ATIV. DE CONSULTORIA, CIENTIFICAS, TÉCNICAS E SIMILARES 20 883 2 380 11,4 154 307 44 492 28,8 6 677 2,8
N ATIV. ADMIN. E DOS SERV. DE APOIO 8 425 905 10,7 222 147 138 080 62,2 6 756 7,5
O ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DEFESA; SEG. SOCIAL OBRIGATÓRIA 742 146 19,7 16 739 7 194 43,0 291 2,0
Q ATIV. DE SAÚDE HUMANA E APOIO SOCIAL 17 698 3 199 18,1 316 788 165 597 52,3 8 677 2,7
R ATIV. ARTÍSTICAS, DE ESPECTÁCULOS, DESPORTIVAS E RECREATIVAS 3 726 362 9,7 34 035 8 090 23,8 670 1,9
S OUTRAS ATIV. DE SERVIÇOS 13 054 1 683 12,9 64 295 15 879 24,7 2 718 1,6
U ATIV. DOS ORGANISMOS INTERN. E OUTRAS INSTITUIÇÕES EXTRATERRITORIAL 16 1 6,3 131 6 4,6 0 0
TOTAL 285 759 13,7 3 258 009 1 323 333 40,6 90 291 2,2
Quadro B: Número de Unidades Locais (UL) que identificaram fatores de risco psicossocial, segundo o agente, por CAE, no ano 2019
Trabalho
Ritmos Trabalho Trab. c/ expos. a
monóto- Exigências anormais Trabalho por Trabalho Atentados contra a
CAE (Rev.3) da Unidade Local (UL) intensos de suple- potenciais agressões Assédio Discriminação Outros
no/repe- de produtividade turnos noturno propriedade privada
trabalho mentar fís.
titivo
B INDÚSTRIAS EXTRACTIVAS 14 0 2 8 5 4 2 0 0 0 27
G COMÉRCIO P/GROSSO E A RETALHO; REP. VEÍCULOS AUTO.E MOT. 3 513 58 191 1 809 652 3 984 2 475 247 186 116 6 843
I ALOJAMENTO, RESTAURAÇÃO E SIMILARES 2 213 70 112 1 412 730 1 494 809 52 4 35 3 256
N ATIV. ADMIN. E DOS SERV. DE APOIO 243 12 21 127 83 179 104 7 2 10 528
Q ATIV. DE SAÚDE HUMANA E APOIO SOCIAL 738 58 42 699 430 754 485 40 18 9 1 845
TOTAL 11 088 5 811 805 5 904 3 363 1 833 5 379 582 259 301 21 576
ANEXO 3:
Modelo de registo de “Informação Inicial” da empresa/estabelecimento sobre organização e
população trabalhadora para efeitos da prestação dos Serviços de SST/SO
Empresa/estabelecimento: NIPC/NIF:
Morada: Código postal: -
CAE Principal: CAE Secundária(s):
4.1. Subcontratação: 4.2. Áreas de subcontratação (assinale com X a(s) opção(ões) existentes)
Não aplicável
Higiene e Limpeza Segurança/vigilância
Aplicável. >
Alimentação (bar, refeitório, etc.) Informática
N.º total de
trabalhadores: ____ Manutenção Outra(s):
5.1. Trabalho noturno: 5.2. Trabalho por turnos: 5.2.1. Tipo de turnos: 5.2.2. Periodicidade de
Não aplicável Não aplicável Descontínuo rotatividade de turnos
(ex. n.º de dias, semanas,
Contínuo (24 horas)
etc.):
Aplicável. > Aplicável. >
N.º total de N.º total de
trabalhadores: ____ trabalhadores: ____
6. Outras informações:
6.3. Período(s) mais críticos (indicar dias, semanas, 6.4. Sistematização da cadeia hierárquica:
meses do ano) de produção/prestação de serviços:
-
- (se complexa, anexar o organigrama da empresa)
6.5. A empresa/estabelecimento tem política de SST aprovada por órgão máximo/de topo?
Não Sim.
6.6. A empresa/estabelecimento tem representante para SST?
Não Sim. Indique o nome:
7.1. N.º total de 7.2. N.º total de 7.3. Taxa de 7.3. Dias de trabalho perdidos devido a
horas suplementares dias (completos) rotatividade anual baixa
efetuadas: encerrados: (turnover)8: 7.3.1. N.º total de dias de baixa:
7.3.2. N.º total de dias de baixa por
acidente:
7.3.3. N.º total de dias de baixa por doença:
_______________________________________
ANEXO 4:
Exemplos da aplicação de instrumentos para avaliação dos fatores de risco psicossocial
INSTRUMENTOS
Escala de
Job Content Work Design
FATOR DE RISCO PSICOSSOCIAL COPSOQ II Conflito Observações
Questionnaire Questionnaire
Intragrupal
ANEXO 5:
Exemplos de instrumentos para avaliação da perceção dos trabalhadores quanto aos efeitos
adversos na saúde por exposição a fatores de risco psicossocial
INSTRUMENTOS
Saúde física X X X
Bem-estar geral X X X X X X
Bem-estar no trabalho X X X X
Stress X X X X
Stress crónico no
X
trabalho
Stress pós-traumático
Ansiedade X X X
Depressão X X X
Instrução: nesta escala encontrará questões acerca do seu bem-estar e de como tem passado. Para cada questão deve escolher a resposta que melhor
se aplica.
Nota: todas as questões desta escala referem-se aos sintomas e sentimentos vividos durante o último mês.
1. Como se tem sentido em geral? 5. De excelente humor; 2. Tenho altos e baixos com frequência;
4. De muito bom humor; 1. Quase sempre de mau humor;
3. De bom humor quase sempre; 0. De muito mau humor.
2. Com que frequência tem doenças, 0. Todos os dias; 3. De vez em quando, mas menos de metade do
indisposições, dores? 1. Quase todos os dias; tempo;
2. Cerca de metade do tempo; 4. Raramente;
5. Nunca.
3. Sente-se deprimido/a? 0. Sim, a ponto de pensar em me matar; 3. Sim, bastante deprimido/a muitas vezes;
1. Sim, a ponto de não ligar a nada; 4. Sim, um pouco deprimido/a de vez em quando;
2. Sim, muito deprimido/a quase todos os dias; 5. Não, nunca me senti deprimido/a.
4. Tem tido controlo firme do seu 5. Sim, claramente; 2. Não muito bem;
comportamento, pensamentos, emoções ou 4. Sim, quase sempre; 1. Não e estou de certo modo perturbado/a;
sentimentos? 3. Geralmente; 0. Não e estou muito perturbado/a.
5. Tem sido incomodado/a pelo nervosismo ou 0. Extremamente, a ponto de não poder trabalhar 3. Um pouco, o suficiente para me incomodar;
pelos seus nervos? ou tratar das coisas; 4. Um pouco;
1. Muito; 5. Nada.
2. Bastante;
6. Que energia, vigor ou vitalidade teve ou sentiu? 5. Muito cheio/a de energia, cheio/a de vigor; 2. Geralmente pouca energia ou vigor;
4. Bastante energia a maior parte do tempo; 1. Muito pouca energia ou vigor a maior parte do
3. O meu nível de energia variou bastante; tempo;
0. Nenhuma energia ou vigor a maior parte do
tempo.
8. Esteve geralmente tenso/a ou sentia alguma 0. Sim, extremamente tenso(a) a maior parte do 3. Sentia-me um pouco tenso/a algumas vezes;
tensão? tempo; 4. O meu nível de tensão era bastante baixo;
1. Sim, muito tenso(a) a maior parte do tempo; 5. Nunca me senti tenso(a).
2. Geralmente não tenso/a, mas sentia-me bastan-
te tenso/a algumas vezes;
9. Que felicidade, satisfação ou prazer tem tido 5. Extremamente feliz, não poderia estar mais sa- 2. Às vezes bastante feliz, às vezes bastante infeliz;
na sua vida pessoal? tisfeito/a ou contente; 1. Geralmente insatisfeito(a), infeliz;
4. Muito feliz quase sempre; 0. Muito insatisfeito/a ou infeliz a maior parte do
3. Geralmente satisfeito/a, contente; tempo.
10. Sentia-se com saúde suficiente para levar a 5. Sim, perfeitamente; 2. Tinha saúde suficiente apenas para tratar de
cabo as coisas que gostaria ou tinha que fazer? 4. Para a maior parte do tempo; mim mesmo/a;
3. Problemas de saúde limitaram-me de certa for- 1. Precisava de alguma ajuda apenas para tratar
ma; de mim;
0. Precisava de alguém para me ajudar na maior
parte de todas as coisas que tinha que fazer
11. Já́ se sentiu triste, desencorajado/a, 0. Extremamente, a ponto de quase desistir; 3. Bastante, o suficiente para me incomodar;
desesperado/a ou teve tantos problemas que se 1. Muitíssimo; 4. Um pouco;
questionou se haveria alguma coisa que valesse 2. Bastante; 5. Nada.
a pena?
13. Tem estado preocupado/a ou teve algum 0. Muitíssimo; 3. Um pouco, mas não muito;
receio pela sua saúde? 1. Muito; 4. Praticamente nunca;
2. Um pouco; 5. Nunca.
14. Teve algum motivo para recear perder o juízo, 5. Não; 2. Um pouco e tenho estado um pouco preocupa-
ou perder o controlo no modo de agir, falar, 4. Só um pouco; do/a;
sentir ou da memória? 3. Um pouco, mas não o suficiente para me preo- 1. Um pouco e estou bastante preocupado/a;
cupar; 0. Sim, muito e estou muito preocupado/a.
16. Sentia-se ativo/a, vigoroso/a, ou triste e 5. Muito ativo/a, vigoroso/a - todos os dias; 2. Bastante triste, indolente - raramente ativo/a,
indolente? 4. Quase sempre ativo/a, vigoroso/a - nunca triste, vigoroso/a;
indolente; 1. Quase sempre triste, indolente - nunca verda-
3. Bastante ativo/a, vigoroso/a - raramente triste, deiramente ativo/a, vigoroso/a;
indolente; 0. Muito triste, indolente todos os dias.
17. Tem-se sentido ansioso/a, preocupado/a ou 0. Muitíssimo, a ponto de ficar doente ou quase 3. Às vezes, o suficiente para me incomodar;
aborrecido/a? doente; 4. Um pouco;
1. Muito; 5. Nada.
2. Bastante;
19. Sentia-se relaxado/a e à-vontade ou 5. Sentia-se relaxado/a e à-vontade todo o mês; 2. Geralmente sentia-se nervoso/a, mas às vezes
nervoso/a, apertado/a, fechado/a? 4. Sentia-se relaxado/a e à-vontade a maior parte bastante relaxado;
do tempo; 1. Sentia-se nervoso/a, apertado/a ou fechado/a a
3. Geralmente sentia-se relaxado/a, mas às vezes maior parte do tempo;
bastante nervoso/a; 0. Sentia-se nervoso/a, apertado/a, fechado/a du-
rante todo o mês.
22. Tem estado ou sentiu que estava debaixo de Sim, quase mais do que eu poderia suportar; 3. Sim, alguma, mas quase o normal;
esforço, stress ou tensão? 1. Sim, bastante tensão; 4. Sim, um pouco;
2. Sim, alguma, mais do que o normal; 5. Não, nada.
Para cada uma das questões e/ou afirmações seguintes, por favor assinale na escala, entre 1 e 7, a que parece que melhor o/a descreve.
1. Em geral, considero-me:
1 2 3 4 5 6 7
Uma pessoa que não é muito feliz Uma pessoa muito feliz
1 2 3 4 5 6 7
3. Algumas pessoas são geralmente muito felizes. Elas gozam a vida apesar do que se passa à volta delas, conseguindo o melhor do que está disponível.
Em que medida esta caracterização o/a descreve a si?
1 2 3 4 5 6 7
4. Algumas pessoas geralmente não são muito felizes. Embora não estejam deprimidas, elas nunca parecem tão felizes quanto poderiam ser. Em que
medida esta caracterização o/a descreve a si?
1 2 3 4 5 6 7
Abaixo vai encontrar um conjunto de questões acerca do modo como se sente no dia a dia. responda a cada uma delas assinalando num dos retângulos
por baixo a resposta que melhor se aplica a si.
1- Quanto feliz e satisfeito você tem estado com a sua vida pessoal?
extremamente feliz, muito feliz e satisfeito geralmente satisfeito por vezes geralmente muito insatisfeito, e
não pode haver a maior parte do e feliz ligeiramente insatisfeito, infeliz infeliz a maior parte
pessoa mais feliz ou tempo satisfeito, por vezes do tempo
satisfeita ligeiramente infeliz
3- Com que frequência se sentiu nervoso ou apreensivo perante coisas que aconteceram, ou perante situações inesperadas, no último mês?
sempre com muita frequentemente com pouca quase nunca nunca
frequência frequência
4- Durante o mês passado com que frequência sentiu que tinha um futuro promissor e cheio de esperança?
sempre com muita frequentemente com pouca quase nunca nunca
frequência frequência
5- Com que frequência, durante o último mês, sentiu que a sua vida no dia a dia estava cheia de coisas interessantes?
sempre com muita frequentemente com pouca quase nunca nunca
frequência frequência
6- Com que frequência, durante o último mês, se sentiu relaxado e sem tensão?
sempre com muita frequentemente com pouca quase nunca nunca
frequência frequência
7- Durante o último mês, com que frequência sentiu prazer nas coisas que fazia?
sempre com muita frequentemente com pouca quase nunca nunca
frequência frequência
8- Durante o último mês, teve alguma vez razão para se questionar se estaria a perder a cabeça, ou a perder o controlo sobre os seus atos, as suas
palavras, os seus, pensamentos, sentimentos ou memória?
não, nunca talvez um pouco sim, mas não o sim, e fiquei um sim, e isso preocupa- sim, e estou muito
suficiente para ficar bocado preocupado me preocupado com
preocupado com isso
isso
12- Durante o último mês, com que frequência esperava ter um dia interessante ao levantar-se?
sempre com muita frequentemente com pouca quase nunca nunca
frequência frequência
15- Durante o último mês, com que frequência sentiu as mãos a tremer quando fazia alguma coisa?
sempre com muita frequentemente com pouca quase nunca nunca
frequência frequência
16- Durante o último mês, com que frequência sentiu que não tinha futuro, que não tinha para onde orientar a sua vida?
sempre com muita frequentemente com pouca quase nunca nunca
frequência frequência
17- Durante quanto tempo, no mês que passou, se sentiu calmo e em paz?
sempre quase sempre a maior parte durante algum quase nunca nunca
do tempo tempo
18- Durante quanto tempo, no mês que passou, se sentiu emocionalmente estável?
sempre quase sempre a maior parte durante algum quase nunca nunca
do tempo tempo
19- Durante quanto tempo, no mês que passou, se sentiu triste e em baixo?
sempre quase sempre a maior parte durante algum quase nunca nunca
do tempo tempo
20- Com que frequência, no mês passado se sentiu como se fosse chorar?
sempre com muita frequentemente com pouca quase nunca nunca
frequência frequência
21- Durante o último mês, com que frequência você sentiu que as outras pessoas se sentiriam melhor se você não existisse?
sempre com muita frequentemente com pouca quase nunca nunca
frequência frequência
22- Quanto tempo, durante o último mês, se sentiu capaz de relaxar sem dificuldade?
sempre quase sempre a maior parte durante algum quase nunca nunca
do tempo tempo
23- No último mês, durante quanto tempo sentiu que as suas relações amorosas eram total ou completamente satisfatórias?
sempre quase sempre a maior parte durante algum quase nunca nunca
do tempo tempo
24- Com que frequência, durante o último mês, sentiu que tudo acontecia ao contrário do que desejava?
sempre com muita frequentemente com pouca quase nunca nunca
frequência frequência
25- Durante o último mês, quão incomodado é que você se sentiu devido ao nervoso?
extremamente, ao muito incomodado um pouco algo incomodado, o apenas de forma nada incomodado
ponto de não poder incomodado pelos suficiente para que muito ligeira
fazer as coisas que meus nervos desse por isso
devia
26- No mês que passou, durante quanto tempo sentiu que a sua vida era uma aventura maravilhosa?
sempre quase sempre a maior parte do durante algum quase nunca nunca
tempo tempo
27- Durante quanto tempo, durante o mês que passou, se sentiu triste e em baixo, de tal modo que nada o conseguia animar?
sempre com muita frequentemente com pouca quase nunca nunca
frequência frequência
28- Durante o último mês, alguma vez pensou em acabar com a vida?
sim, muitas vezes sim, algumas vezes sim, umas poucas de sim, uma vez não, nunca
vezes
29- No último mês, durante quanto tempo se sentiu, cansado inquieto e impaciente?
sempre quase sempre a maior parte durante algum quase nunca nunca
do tempo tempo
30- No último mês, durante quanto tempo se sentiu rabugento ou de mau humor?
sempre quase sempre a maior parte durante algum quase nunca nunca
do tempo tempo
31- Durante quanto tempo, no último mês, se sentiu alegre, animado e bem disposto?
sempre quase sempre a maior parte durante algum quase nunca nunca
do tempo tempo
34- No o último mês durante quanto tempo se sentiu uma pessoa feliz?
sempre quase sempre a maior parte durante algum quase nunca nunca
do tempo tempo
35- Com que frequência durante o último mês, se sentiu com dificuldade em se manter calmo?
sempre com muita frequentemente com pouca quase nunca nunca
frequência frequência
37- Com que frequência durante o último mês, acordou de manhã sentindo-se fresco e repousado?
sempre, todos os quase todos frequentemente algumas vezes, mas quase nunca nunca
dias os dias normalmente não
38- Durante o último mês, esteve, ou sentiu-se debaixo de grande pressão ou stress?
sim, quase a sim, muita pressão sim, alguma, mais do sim, alguma, como sim, um pouco não, nenhuma
ultrapassar os meus que o costume de costume
limites
Por favor, leia cada uma das frases e depois desenhe um círculo à volta de um dos números de cada linha, para indicar se a frase é verdadeira ou falsa para
si. Não existem respostas certas ou erradas. Se a frase for completamente verdadeira, assinale um círculo à volta do número correspondente. Se a frase for
verdadeira, assinale um círculo à volta do número correspondente. Se não souber se a frase é verdadeira ou falsa, assinale um círculo à volta do número
correspondente. Se a frase for falsa, assinale um círculo à volta do número correspondente. Se a frase for completamente falsa, assinale um círculo à volta
do número correspondente. Algumas das afirmações podem parecer iguais. Mas cada uma é diferente e deve ser classificada por si própria.
1 2 3 4 5
1. De acordo com os médicos por mim consultados, a minha saúde está agora excelente.
10. No futuro, espero ter mais saúde do que outras pessoas que conheço.
11. Uma vez estive tão doente que pensei que morreria.
13. Preocupo-me mais com a minha saúde do que os outros com a saúde deles.
17. Sou mais saudável do que qualquer outra pessoa que conheço.
1 2 3 4 5
18. Penso que a minha saúde no futuro será́ pior do que é agora.
20. Os outros parecem mais preocupados com a saúde deles do que eu com a minha.
33. Durante os últimos três meses, quanto é que a sua saúde o preocupou ou aborreceu?
Escala de resposta: 5 pontos / 1- Completamente Falsa; 2 - Falsa; 3 - Não sei; 4 – Verdadeira; 5 - Completamente verdadeira.
Este questionário procura conhecer a sua qualidade de vida, saúde, e outras áreas da sua vida. Pedimos-lhe que tenha em conta a sua vida nas duas últimas
semanas.
4. Até que ponto está satisfeito(a) com a sua capacidade para desempenhar as actividades do seu dia-a-dia?
Muito insatisfeito(a) Insatisfeito(a) Nem satisfeito(a) nem Satisfeito(a) Muio satisfeito(a)
insatisfeito(a)
8. Até que ponto está satisfeito(a) com as condições do lugar em que vive?
Muito insatisfeito(a) Insatisfeito(a) Nem satisfeito(a) nem Satisfeito(a) Muio satisfeito(a)
insatisfeito(a)
Escala de Diener, Emmons, Larsen & Griffin – 1985 (130), versão portuguesa de Simões – 1992 (131)
1 2 3 4 5 6 7
ANEXO 6:
Modelo de registo da avaliação do ambiente psicossocial
Avaliação do risco
Metodologia(s)/ psicossocial
Data ou período de
N/A Não Sim Instrumento(s) de População avaliada
avaliação Muito
avaliação Baixo Médio Alto
Alto
OCORRÊNCIAS CRÍTICAS
Âmbito da avaliação Metodologia(s)/ Data ou período de População avaliada Principais conclusões
Instrumento(s) de avaliação avaliação
Assédio
Violência
Acontecimentos de
emergência ou catástrofe
OUTRAS AVALIAÇÕES REALIZADAS, INCLUINDO SOBRE A PERCEÇÃO DOS EFEITOS ADVERSOS NA SAÚDE:
Âmbito da avaliação Metodologia(s)/ Data ou período de População avaliada Principais conclusões
Instrumento(s) de avaliação avaliação
2.4. Turnos
Assédio
Violência (interpessoal)
ANEXO 7:
Exemplos de instrumentos para avaliação de hábitos e estilos de vida
No caso de autopreenchimento, para cada questão, circunde o número que melhor corresponda à sua situação.
1. Com que frequência consome bebidas que 0 = nunca; 1 = uma vez por 2 = duas a quatro 3 = duas a três 4 = quatro ou
contêm álcool? mês ou menos; vezes por mês; vezes por mais vezes por
semana; semana.
2. Quando bebe, quantas bebidas contendo 0 = uma ou duas; 1 = três ou quatro; 2 = cinco ou seis; 3 = de sete a nove; 4 = dez ou mais.
álcool consome num dia normal?
3. Com que frequência consome seis bebidas ou 0 = nunca; 1 = menos de uma 2 = pelo menos 3 = pelo menos 4 = diariamente
mais numa única ocasião? vez por mês; uma vez por uma vez por ou quase
mês; semana; diariamente
4. Nos últimos 12 meses, com que frequência se 0 = nunca; 1 = menos de uma 2 = pelo menos 3 = pelo menos 4 = diariamente
apercebeu de que não conseguia parar de beber vez por mês; uma vez por uma vez por ou quase
depois de começar? mês; semana; diariamente
5. Nos últimos 12 meses, com que frequência não 0 = nunca; 1 = menos de uma 2 = pelo menos 3 = pelo menos 4 = diariamente
conseguiu cumprir as tarefas que habitualmente vez por mês; uma vez por uma vez por ou quase
lhe exige, por ter bebido? mês; semana; diariamente
6. Nos últimos 12 meses, com que frequência 0 = nunca; 1 = menos de uma 2 = pelo menos 3 = pelo menos 4 = diariamente
precisou de beber logo de manhã para "curar" vez por mês; uma vez por uma vez por ou quase
uma ressaca? mês; semana; diariamente
7. Nos últimos 12 meses, com que frequência 0 = nunca; 1 = menos de uma 2 = pelo menos 3 = pelo menos 4 = diariamente
teve sentimentos de culpa ou de remorsos por vez por mês; uma vez por uma vez por ou quase
ter bebido? mês; semana; diariamente
8. Nos últimos 12 meses, com que frequência não 0 = nunca; 1 = menos de uma 2 = pelo menos 3 = pelo menos 4 = diariamente
se lembrou do que aconteceu na noite anterior vez por mês; uma vez por uma vez por ou quase
por ter bebido? mês; semana; diariamente
9. Já alguma vez ficou ferido ou ficou alguém 0 = não; 2 = sim, mas não nos últimos 12 meses; 4 = sim, aconteceu nos últimos 12
ferido por você ter bebido? meses.
10. Já alguma vez um familiar, amigo, médico ou 0 = não; 2 = sim, mas não nos últimos 12 meses; 4 = sim, aconteceu nos últimos 12
profissional de saúde manifestou preocupação meses.
pelo seu consumo de álcool ou sugeriu que
deixasse de beber?
QUESTÃO 0 1 2 3 4
1. Com que frequência consome bebidas que Nunca 1 vez por mês 2 a 4 vezes 2 a 3 vezes 4 ou mais
contêm álcool? ou menos por mês por semana por semana
3. Com que frequência consome 6 bebidas ou Nunca 1 vez por mês 2 a 4 vezes 2 a 3 vezes 4 ou mais
mais numa única ocasião? ou menos por mês por semana por semana
Total =
NOTA: As perguntas têm uma cotação entre 0 e 4 pontos. Os resultados expressam-se em valores entre 0 e 12. O score máximo é 12 e acima de 4 (maior ou igual a 5) no homem e acima
de 3 (maior ou igual a 4) na mulher existe consumo excessivo. No entanto, quando o score obtido decorre exclusivamente da resposta à pergunta 1, com pontuação nula nas restantes
perguntas, pode assumir-se que os consumos estão dentro de valores aceitáveis, sugerindo-se a repetição do teste para confirmação, em consultas subsequentes.
Usualmente, quanto maior o score, maior a probabilidade de existirem consumos de álcool acima do recomendado.
NOTA: A pontuação máxima é de 10. Os fumadores que obtenham uma pontuação de 6, ou mais, podem considerar-se muito dependentes. Os que obtenham uma pontuação inferior
a 6, pouco dependentes.
7.3. RICHMOND TEST FOR PREDICTING ABSTENTION FOLLOWING INTERVENTION TO STOP SMOKING
Fonte: Versão original (152) e versão portuguesa adaptada (151)
A motivação para parar de fumar resulta da conjugação de dois fatores: a importância atribuída à mudança de comportamento e a perceção sobre a capa-
cidade para mudar (autoconfiança ou autoeficácia). A avaliação da importância e da confiança pode ser efetuada com o auxílio de uma escala analógica, de
1 a 10.
• reSsonar? Ressona alto (alto o bastante para ser ouvido através de portas fechadas ou seu o parceiro sente-se incomodado por ressonar à noite)? ( ) Sim
( ) Não
• faTigado? Sente-se frequentemente cansado, fatigado ou sonolento durante o dia (por exemplo, adormecendo enquanto conduz)? ( ) Sim ( ) Não
• Observado? Alguém já o observou a parar de respirar ou a engasgar/sufocar durante o sono? ( ) Sim ( ) Não
• hiPertensão? Tem ou está sendo tratado a hipertensão arterial? ( ) Sim ( ) Não
• oBesidade com índice de massa corporal (IMC) maior que 35 kg/m2? Índice de massa corporal (IMC) maior que 35 kg/m2? ( ) Sim ( ) Não
• idAde? Idade superior a 50 anos? ( ) Sim ( ) Não
• circuNferência do pescoço (medida na altura do “pomo-de-adão”) Para homens: circunferência cervical, ≥ 43 cm. Para mulheres: circunferência cervical ≥
41 cm ( ) Sim ( ) Não
• Género masculino? ( ) Sim ( ) Não
As questões a seguir são referentes à sua qualidade de sono apenas durante o mês passado. As suas respostas devem indicar o mais corretamente possível
o que aconteceu na maioria dos dias e noites do último mês. Por favor responda a todas as questões.
1) Durante o mês passado, a que horas se deitou à noite na maioria das vezes?
Horário de deitar: h min
2) Durante o mês passado, quanto tempo (em minutos) demorou para adormecer na maioria das vezes?
Minutos demorou a adormecer: min
3) Durante o mês passado, a que horas acordou (levantou) de manhã na maioria das vezes?
Horário de acordar: h min
4) Durante o mês passado, quantas horas de sono por noite dormiu? (pode ser diferente do número de horas que ficou na cama).
Horas de noite de sono: h min
Para cada uma das questões seguintes, escolha uma única resposta, a que lhe pareça mais correta. Por favor, responda a todas as questões.
5) Durante o mês passado, quantas vezes teve problemas para dormir por causa de:
a) Demorar mais de 30 minutos para adormecer:
( ) Nunca; ( ) Menos de 1x/semana; ( ) 1 ou 2x/semana; ( ) 3x/semana ou mais
b) Acordar ao meio da noite ou de manhã muito cedo:
( ) Nunca; ( ) Menos de 1x/semana; ( ) 1 ou 2x/semana; ( ) 3x/semana ou mais
c) Levantar-se para ir à casa de banho:
( ) Nunca; ( ) Menos de 1x/semana; ( ) 1 ou 2x/semana; ( ) 3x/semana ou mais
d) Ter dificuldade para respirar:
( ) Nunca; ( ) Menos de 1x/semana; ( ) 1 ou 2x/semana; ( ) 3x/semana ou mais
e) Tossir ou ressonar alto:
( ) Nunca; ( ) Menos de 1x/semana; ( ) 1 ou 2x/semana; ( ) 3x/semana ou mais
f) Sentir muito frio:
( ) Nunca; ( ) Menos de 1x/semana; ( ) 1 ou 2x/semana; ( ) 3x/semana ou mais
g) Sentir muito calor:
( ) Nunca; ( ) Menos de 1x/semana; ( ) 1 ou 2x/semana; ( ) 3x/semana ou mais
h) Ter sonhos maus ou pesadelos:
( ) Nunca; ( ) Menos de 1x/semana; ( ) 1 ou 2x/semana; ( ) 3x/semana ou mais
i) Sentir dores:
( ) Nunca; ( ) Menos de 1x/semana; ( ) 1 ou 2x/semana; ( ) 3x/semana ou mais
j) Outra razão (por favor, descreva): ___________________________________________________________________________
Quantas vezes teve problemas para dormir por esta razão, durante o mês passado?:
( ) Nunca; ( ) Menos de 1x/semana; ( ) 1 ou 2x/semana; ( ) 3x/semana ou mais
8) Durante o mês passado, teve problemas em ficar acordado durante as refeições, ou enquanto conduzia, ou enquanto participava nalguma atividade
social?
( ) Nunca; ( ) Menos de 1x/semana; ( ) 1 ou 2x/semana; ( ) 3x/semana ou mais
9) Durante o mês passado, sentiu pouca vontade ou falta de entusiasmo para realizar as suas atividades diárias?
( ) Nunca; ( ) Menos de 1x/semana; ( ) 1 ou 2x/semana; ( ) 3x/semana ou mais
Se tem um(a) companheiro(a) de cama ou quarto, pergunte-lhe se, no mês passado, você:
a) Ressonou alto:
( ) Nunca; ( ) Menos de 1x/semana; ( ) 1 ou 2x/semana; ( ) 3x/semana ou mais
b) Teve pausas longas na respiração durante o sono:
( ) Nunca; ( ) Menos de 1x/semana; ( ) 1 ou 2x/semana; ( ) 3x/semana ou mais
c) Teve movimentos de pernas durante o sono:
( ) Nunca; ( ) Menos de 1x/semana; ( ) 1 ou 2x/semana; ( ) 3x/semana ou mais
d) Episódios de desorientação ou confusão durante o sono:
( ) Nunca; ( ) Menos de 1x/semana; ( ) 1 ou 2x/semana; ( ) 3x/semana ou mais
e) Outros sintomas na cama enquanto dorme (por favor, descreva) _________________________________________
Qual a probabilidade de dormitar (passar pelas brasas) ou de adormecer — e não apenas sentir-se cansado/a — nas seguintes situações?
Este questionário refere-se ao seu modo de vida habitual nos últimos tempos. Mesmo que não tenha feito algumas destas coisas ultimamente, tente
imaginar como é que elas o/a afetariam.
Use a escala que se segue para escolher o número mais apropriado para cada situação: 0 = nenhuma probabilidade de dormitar 1 = ligeira probabilidade
de dormitar 2 = moderada probabilidade de dormitar 3 = forte probabilidade de dormitar
Sentado(a) a ler
A ver televisão
Sentado(a) inativo(a) num lugar público (por exemplo, sala de espera, cinema, reunião)
ANEXO 8:
Exemplos de instrumentos para avaliação específica de problemas de saúde mental
Leia cada item e coloque uma cruz na frase que mais se aproxima da forma como se tem sentido na última semana.
1 (A) – Sinto-me tenso/ a ou nervoso/a: 8 (D) – Sinto-me mais lento/a, como se fizesse as coisas mais devagar:
Quase sempre = 3; Muitas vezes = 2; Por vezes = 1; Nunca = 0 Quase sempre = 3; Muitas vezes = 2; Por vezes = 1; Nunca = 0
2 (D) – Ainda sinto prazer nas coisas de que costumava gostar: 9 (A) – Fico de tal forma apreensivo/a (com medo), que até sinto um
Tanto como antes = 0; Não tanto como agora = 1 ; Só um pouco = 2; aperto no estômago:
Quase nada = 3 Nunca = 0; Por vezes = 1; Muitas vezes = 2; Quase sempre = 3
3 (A) – Tenho uma sensação de medo como se algo terrível estivesse 10 (D) – Perdi o interesse em cuidar do meu aspeto físico:
para acontecer: Completamente = 3; Não dou a atenção que devia = 2; Talvez cuide menos
Sim, e muito forte = 3; Sim, mas não muito forte = 2; Um pouco, mas não que antes = 1; Tenho o mesmo interesse de sempre = 0
me aflige = 1; De modo algum = 0
4 (D) – Sou capaz de rir e ver o lado divertido das coisas: 11 (A) – Sinto-me de tal forma inquieto (a) que não consigo estar
Tanto como antes = 0; Não tanto como antes = 1; Muito menos agora = 2; parado/a:
Nunca = 3 Muito = 3; Bastante = 2; Não muito = 1; Nada = 0
5 (A) – Tenho a cabeça cheia de preocupações: 12 (D) – Penso com prazer nas coisas que podem acontecer no futuro:
A maior parte do tempo = 3; Muitas vezes = 2; Por vezes = 1; Quase nunca Tanto como antes = 0; Não tanto como antes = 1;
=0 Bastante menos agora = 2; Quase nunca = 3
7 (A) – Sou capaz de estar descontraidamente sentado/a e sentir-me 14 (D) – Sou capaz de apreciar um bom livro ou um programa de rádio
relaxado/a: ou televisão:
Quase sempre = 0; Muitas vezes = 1; Por vezes = 2; Nunca = 3 Muitas vezes = 0; De vez em quando = 1; Poucas vezes = 2; Quase nunca = 3
Interpretação: < 7: sem sinais de perturbação; 7-10: duvidoso; > 11: com sinais de perturbação - clinicamente significativa.
Este questionário consiste em 21 grupos de afirmações. Depois de ler cuidadosamente cada grupo, faça um círculo em torno do número (0, 1, 2 ou 3) diante
da afirmação, em cada grupo, que descreve melhor a maneira como se tem sentido esta semana, incluindo hoje. Se várias afirmações num grupo parecerem
aplicar-se igualmente bem, faça um círculo em cada uma. Tome o cuidado de ler todas as afirmações, em cada grupo, antes de fazer a sua escolha.
1. 0 = Não me sinto triste ( ); 1= Sinto-me triste ( ); 2 = Estou sempre triste e não consigo sair disso ( ); 3 = Estou tão triste
ou infeliz que não consigo suportar ( ).
2. 0 = Não estou especialmente desanimado quanto ao future ( ); 1 = Sinto-me desanimado quanto ao future ( ); 2 =
Acho que nada tenho a esperar ( ); 3 = Acho o futuro sem esperança e tenho a impressão de que as coisas não podem
melhorar ( ).
3. 0 = Não me sinto um fracasso ( ); 1 = Acho que fracassei mais do que uma pessoa comum ( ); 2 = Quando olho para
trás, na minha vida, tudo o que posso ver é um monte de fracassos ( ); 3 = Acho que, como pessoa, sou um completo
fracasso ( ).
4. 0 = Tenho tanto prazer em tudo como antes ( ); 1 = Não sinto mais prazer nas coisas como antes ( ); 2 = Não encontro
um prazer real em mais nada ( ); 3 = Estou insatisfeito ou aborrecido com tudo ( ).
5. 0 = Não me sinto especialmente culpado ( ); 1 = Por vezes sinto-me culpado ( ); 2 = Sinto-me culpado na maior parte
do tempo ( ); 3 = Sinto-me sempre culpado ( ).
6. 0 = Não acho que esteja a ser castigado ( ); 1 = Acho que posso ser castigado ( ); 2 = Creio que vou ser castigado ( ); 3
= Acho que estou a ser castigado ( ).
7. 0 = Não me sinto dececionado comigo mesmo ( ); 1 = Estou dececionado comigo mesmo ( ); 2 = Estou enojado de mim
( ); 3 = Odeio-me ( ).
8. 0 = Não me sinto de qualquer modo pior que os outros ( ); 1 = Sou crítico em relação a mim devido às minhas fraque-
zas ou aos meus erros ( ); 2 = Culpo-me sempre por minhas falhas ( ); 3 = Culpo-me por tudo de mal que acontece ( ).
9. 0 = Não tenho quaisquer ideias de me matar ( ); 1 = Tenho ideias de me matar, mas não as executaria ( ); 2 = Gostaria
de me matar ( ); 3 = Matar-me-ia se tivesse oportunidade ( ).
10. 0 = Não choro mais que o habitual ( ); 1 = Choro mais agora do que costumava ( ); 2 = Agora, choro o tempo todo ( );
3 = Costumava ser capaz de chorar, mas agora não consigo mesmo que o queira ( ).
11. 0 = Não me irrito agora mais do que dantes ( ); 1 = Fico incomodado ou irritado mais facilmente do que costumava (
); 2 = Atualmente sinto-me sempre irritado ( ); 3 = Absolutamente não me irrito com as coisas que costumavam irri-
tar-me ( ).
12. 0 = Não perdi o interesse nas outras pessoas ( ); 1 = Interesso-me menos do que costumava pelas outras pessoas ( );
2 = Perdi a maior parte do meu interesse nas outras pessoas ( ); 3 = Perdi todo o meu interesse nas outras pessoas ( ).
13. 0 = Tomo decisões mais ou menos tão bem como dantes ( ); 1 = Adio as minhas decisões mais do que costumava ( );
2 = Tenho maior dificuldade em tomar decisões do que dantes ( ); 3 = Não consigo mais tomar decisões ( ).
14. 0 = Não sinto que minha aparência seja pior do que costumava ser ( ); 1 = Preocupo-me por estar a parecer velho ou
sem atrativos ( ); 2 = Sinto que há mudanças permanentes na minha aparência que me fazem parecer sem atrativos
( ); 3 = Considero-me feio ( ).
15. 0 = Posso trabalhar tão bem como dantes ( ); 1 = Preciso de um esforço extra para começar qualquer coisa ( ); 2 =
Tenho de me esforçar muito até fazer qualquer coisa ( ); 3 = Não consigo fazer nenhum trabalho ( ).
16. 0 = Durmo tão bem quanto habitualmente ( ); 1 = Não durmo tão bem quanto costumava ( ); 2 = Acordo uma ou duas
horas mais cedo do que habitualmente e tenho dificuldade em voltar a dormir ( ); 3 = Acordo várias horas mais cedo
do que costumava e tenho dificuldade em voltar a dormir ( ).
17. 0 = Não fico mais cansado do que habitualmente ( ); 1 = Fico cansado com mais facilidade do que costumava ( ); 2 =
Sinto-me cansado ao fazer qualquer coisa ( ); 3 = Estou demasiado cansado para fazer qualquer coisa ( ).
18. 0 = O meu apetite não está pior do que habitualmente ( ); 1 = O meu apetite não é tão bom quanto costumava ser ( );
2 = O meu apetite está muito pior agora ( ); 3 = Não tenho mais nenhum apetite ( ).
19. 0 = Não perdi muito peso, se é que perdi algum ultimamente ( ); 1 = Perdi mais de 2,5 Kg ( ); 2 = Perdi mais de 5,0 Kg
( ); 3 = Perdi mais de 7,5 Kg ( ).
20. Estou deliberadamente tentando perder peso, comendo menos: SIM ( ) NÃO ( )
21. 0 = Não me preocupo mais do que habitualmente com a minha Saúde ( ); 1 = Preocupo-me com problemas físicos
como dores e aflições ou perturbações no estômago ou prisão de ventre ( ); 2 = Estou muito preocupado com proble-
mas físicos e é difícil pensar noutra coisa que não isso ( ); 3 = Estou tão preocupado com os meus problemas físicos
que não consigo pensar em outra coisa ( ).
22. 0 = Não tenho observado qualquer mudança recente no meu interesse sexual ( ); 1 = Estou menos interessado por
sexo que costumava ( ); 2 = Estou bem menos interessado em sexo atualmente ( ); 3 = Perdi completamente o inte-
resse pelo sexo ( ).
A classificação é a seguinte: 0- não se aplicou nada a mim; 1-aplicou-se a mim algumas vezes; 2- aplicou-se a mim de muitas vezes; 3- aplicou-se a mim a
maior parte das vezes.
9 Preocupei-me com situações em que podia entrar em pânico e fazer figura ridícula 0 1 2 3
14 Estive intolerante em relação a qualquer coisa que me impedisse de terminar aquilo que estava a fazer 0 1 2 3
20 Senti-me assustado sem ter tido uma boa razão para isso 0 1 2 3
“Abaixo encontram-se afirmações com as quais pode, ou não, concordar em diferentes graus. Usando a escala seguinte (1 – “Discordo totalmente” a 5 – “Con-
cordo totalmente”), indique por favor o seu grau de concordância com as 15 afirmações que se seguem.”
1 2 3 4 5
DISTANCIAMENTO
1R
Encontro com frequência assuntos novos e interessantes no meu trabalho
6 Ultimamente tenho pensado menos no meu trabalho e faço as tarefas de forma quase mecânica
7R
Considero que o meu trabalho é um desafio positivo
EXAUSTÃO
4 Depois do trabalho, preciso de mais tempo para relaxar e sentir-me melhor do que precisava antigamente
10 R
Depois do trabalho, tenho energia suficiente para minhas atividades de lazer
14R De uma forma geral, consigo administrar bem a quantidade de trabalho que tenho
16 R
Quando trabalho, geralmente sinto-me com energia
O item 13 foi eliminado, ficando a versão com 15 itens, um a menos do que a versão de base para a adaptação.
As médias, desvios-padrão e quartis para os diferentes sexos, e países (i.e., Portugal e Brasil) encontram-se no artigo (em acesso aberto): Sinval, J., Queirós,
C., Pasian, S. R., & Marôco, J. (2019). Transcultural adaptation of the Oldenburg Burnout Inventory (OLBI) for Brazil and Portugal. Frontiers in Psychology, 10,
1-28. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2019.00338
A lista a seguir apresenta uma série de eventos difíceis ou traumatizantes que podem acontecer com as pessoas. Para cada evento marque uma ou mais
opções para indicar se: (a) o evento aconteceu diretamente com você; (1) você presenciou o evento acontecer com outra pessoa; (2) você ficou sabendo que
o evento aconteceu com um membro próximo da sua família ou um amigo próximo; (3) você foi exposto ao evento como parte do seu trabalho (por exemplo,
paramédico, policial, militar ou outro tipo de socorrista); (4) você não tem certeza se o evento se encaixa nas opções anteriores; ou (5) não se aplica a você.
Certifique-se de considerar a sua vida inteira (desde a infância até a idade adulta) ao responder a lista de eventos.
2. Incêndio ou explosão. 0 1 2 3 4 5
7. Agressão com arma (por exemplo, levar um tiro, ser esfaqueado, ser
0 1 2 3 4 5
ameaçado com faca, arma de fogo ou bomba).
PARTE 2:
A. Se você marcou a questão 17 da PARTE 1, cite brevemente o evento em que você estava pensando:
______________________________________________________________________________________________________________________________
B. Se você vivenciou mais de um dentre os eventos listados na PARTE 1, pense sobre aquele que você considera o pior evento, ou seja, o evento que mais
lhe incomoda atualmente. Se você vivenciou apenas um dos eventos descritos na PARTE 1, considere-o como sendo o pior evento. Por favor, responda às
perguntas a seguir pensando no pior evento que você já vivenciou (marque todas as opções que se aplicam):
1. Descreva resumidamente o pior evento (por exemplo, o que aconteceu, quem estava envolvido, etc)
___________________________________________________________________________________________________________________________
2. Há quanto tempo o evento aconteceu? _______________ (Por favor, calcule o tempo aproximado se você não tiver certeza)
7. Se o evento envolveu a morte de um membro próximo da sua família ou amigo próximo, foi devido a algum tipo de acidente ou violência, ou foi
devido a causas naturais?
a) Acidente ou violência
b) Causas naturais
c) Não se aplica (o evento não envolveu a morte de um membro próximo da minha família ou amigo próximo)
8. Quantas vezes você vivenciou um evento semelhante tão traumatizante ou quase tão traumatizante quanto o pior evento descrito?
a) Apenas uma vez
b) Mais de uma vez (por favor, calcule aproximadamente o total de vezes que você teve essa experiência: ____vezes)
PARTE 3
A seguir é apresentada uma lista de dificuldades que as pessoas podem enfrentar após vivenciar uma experiência muito traumatizante. Mantendo o seu pior
evento em mente, por favor, leia cuidadosamente cada uma das dificuldades e então circule um dos números à direita para indicar o quanto você tem se
sentido incomodado por essa dificuldade no último mês.
NO ÚLTIMO MÊS, QUANTO VOCÊ SE SENTIU INCOMODADO POR: ABSOLUTA- UM POUCO MODERADA- MUITO EXTREMA-
MENTE NADA MENTE MENTE
11. Ter fortes sentimentos negativos, tais como medo, horror, raiva,
0 1 2 3 4
culpa ou vergonha.
16. Arriscar-se muito ou fazer coisas que podem causar algum mal a
0 1 2 3 4
você.
ANEXO 9:
Avaliação e gestão de quadros clínicos prioritários
Adaptado de “Mental Health Gap Action Programme / WHO” (133) e de “Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM-5 / WHO”(61):
DEPRESSÃO (133)
1. O trabalhador apresentou, durante 2 semanas, no mínimo, 2 dos sintomas característicos da depressão:
- Humor deprimido (a maior parte do dia, quase todos os dias)
- Perda do interesse ou prazer em atividades que normalmente são prazerosas
- Diminuição da energia ou fadiga fácil
2. Durante as últimas 2 semanas o trabalhador teve no mínimo outras 3 características de depressão:
- Redução da capacidade de concentração e de atenção
- Redução da autoestima e da autoconfiança
Deteção/ Avaliação
- Ideias de culpa e de desvalia
- Visão pessimista e vazia do futuro
- Ideias ou atos autodestrutivos ou suicidas
- Perturbação do sono
- Perturbação do apetite
3. O trabalhador teve dificuldades para desempenhar as suas tarefas habituais de trabalho e em casa ou as
suas atividades sociais?
Hipótese de Diagnóstico Se “sim” para as 3 questões anteriores, então é provável o diagnóstico de depressão moderada-grave.
Registo A avaliação e a hipótese de diagnóstico devem ser registadas na Ficha Clínica do Trabalhador.
- Encaminhar o trabalhador para o respetivo médico de família, alertando para a situação clínica e para a
Referenciação / Sinalização
eventual necessidade de seguimento por médico especialista.
PSICOSE (133)
1. Analisar se o trabalhador apresenta os seguintes sintomas:
- Discurso incoerente ou irrelevante
- Delírios
- Alucinações
- Isolamento, agitação, comportamento desorganizado
Deteção/ Avaliação - Crença em que estão a introduzir pensamentos na sua cabeça ou a roubá-los
- Isolamento social e negligência das suas responsabilidades habituais relacionadas com o trabalho ou às
atividades domésticas e sociais
2. Questionar: quando o episódio começou, se houve episódios anteriores, pormenores de qualquer trata-
mento prévio ou atual
Se houver diversos dos sintomas anteriormente indicados, é provável que seja um episódio psicótico agu-
Hipótese de Diagnóstico
do (primeiro episódio, recaída ou agravamento de sintomas psicóticos).
Registo A avaliação e a hipótese de diagnóstico devem ser registadas na Ficha Clínica do Trabalhador.
- Encaminhar o trabalhador para o respetivo médico de família, alertando para a situação clínica e para a
Referenciação / Sinalização
eventual necessidade de seguimento por médico especialista.
Se o trabalhador tiver sintomas múltiplos (com duração de uma semana no mínimo) de gravidade suficiente
para intervir significativamente com o desempenho no trabalho ou social, ou que tenha requerido uma
Hipótese de Diagnóstico hospitalização anterior, é provável o diagnóstico de episódio maníaco. Se estiver associado a um estado de
profunda depressão ou, em oposto, a estados de muita energia e hiperexcitação pode estar relacionada com
uma perturbação bipolar.
Registo A avaliação e a hipótese de diagnóstico devem ser registadas na Ficha Clínica do Trabalhador.
- Encaminhar o trabalhador para o respetivo médico de família, alertando para a situação clínica e para a
Referenciação / Sinalização
eventual necessidade de seguimento por médico especialista.
EPILEPSIA/CONVULSÕES (133)
1. Questione quanto aos seguintes critérios:
Perda ou perturbação da consciência
- Rigidez ou endurecimento do corpo que dura mais que 1-2 minutos
- Movimentos convulsivos que duram mais que 1-2 minutos
Deteção/ Avaliação
- Mordedura de língua ou lesões autoinfligidas
- Incontinência urinária e/ou fecal
- Após movimentos anormais: cansaço, tontura, sonolência, confusão mental, comportamentos anormais,
dor de cabeça ou dores musculares
Se a pessoa apresentar 2 ou mais critérios indicados anteriormente, suspeite de convulsão não epilética ou
de outra doença.
Hipótese de Diagnóstico
Se a pessoa tiver convulsões mais 2 outros citérios indicados anteriormente, suspeite de etiologia aguda (ex.
traumatismo craniano, hiponatremia) ou de epilepsia.
Registo A avaliação e a hipótese de diagnóstico devem ser registadas na Ficha Clínica do Trabalhador.
- Encaminhar o trabalhador para o respetivo médico de família, alertando para a situação clínica e para a
Referenciação / Sinalização
eventual necessidade de seguimento por médico especialista.
DEMÊNCIA (23,61):
Analisar se o trabalhador reúne os seguintes critérios:
- (Critério A): declínio cognitivo adquirido em um ou mais domínios (ex. capacidade de aprendizagem e
de resolução de problemas, memória, atenção, concentração, comunicação, comportamento social), com
base na:
1) preocupação com a cognição por parte do indivíduo, de um informador conhecedor ou do clínico; e
2) avaliação objetiva do desempenho, que fica aquém do nível esperado, ou declínio observado ao longo
Deteção/ Avaliação
do tempo.
NOTA: Tanto a preocupação como a evidência objetiva são necessárias, pois são complementares.
- (Critério B): relaciona-se com o nível de independência individual do trabalhador nas atividades diárias, e
se existe comprometimento ou incapacidade pessoal para as mesmas.
NOTA: A gravidade desta perturbação neurocognitiva é suficiente para interferir na independência do traba-
lhador, a ponto de outros terem de assumir tarefas que antes este conseguia realizar.
Hipótese de Diagnóstico Se sim nos 2 critérios indicados anteriormente, suspeite de demência ou de outra doença.
Registo A avaliação e a hipótese de diagnóstico devem ser registadas na Ficha Clínica do Trabalhador.
- Se aplicável, afastamento do trabalhador da exposição ao agente químico (ex. substância química neurotó-
xica) e implementação de medidas que visem a eliminação ou a redução dos níveis do agente químico.
- (Re)avaliar os riscos profissionais.
- Averiguar se existem outros casos na empresa (exposição profissional similar).
Atuação
- Orientar chefias e colegas de como lidar com o problema de saúde mental (demência).
- Investigar outras doenças concomitantes do trabalhador, particularmente se houve traumatismo de crânio
ou de pescoço, neuroinfeção, depressão, psicose ou autoagressão.
- Alertar o trabalhador de que numa situação de urgência deverá contactar a Linha SNS24.
- Encaminhar o trabalhador para o respetivo médico de família, alertando para a situação clínica e para a
Referenciação / Sinalização
eventual necessidade de seguimento por médico especialista.
ESQUIZOFRENIA (61):
A. Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente por uma quantidade significativa de tempo durante
um período de um mês (ou menos, se tratados com sucesso). Pelo menos um deles deve ser “1”, “2” ou “3”:
1. Delírios.
2. Alucinações.
3. Discurso desorganizado.
4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatónico.
5. Sintomas negativos (i.e., expressão emocional diminuída ou avolia).
B. Por período significativo de tempo desde o aparecimento da perturbação, o nível de funcionamento em
uma ou mais áreas importantes do funcionamento, como trabalho, relações interpessoais ou autocuidado,
está acentuadamente abaixo do nível inicial alcançado.
C. Sinais contínuos de perturbação persistem durante, pelo menos, seis meses. Esse período de seis meses
deve incluir, no mínimo, um mês de sintomas (ou menos, se tratados com sucesso) que precisam satisfazer o
Deteção/ Avaliação
Critério A (ex. sintomas da fase ativa) e pode incluir períodos de sintomas prodrómicos ou residuais. Durante
(critérios)
esses períodos prodrómicos ou residuais, os sinais da perturbação podem ser manifestados apenas por
sintomas negativos ou por dois ou mais sintomas listados no Critério A presentes numa forma atenuada (p.
ex., crenças esquisitas, experiências preceptivas incomuns).
D. Perturbação esquizoafetiva e perturbação depressiva ou perturbação bipolar com características psicó-
ticas são descartados porque: 1) não ocorreram episódios depressivos maiores ou maníacos concomitante-
mente com os sintomas da fase ativa, ou 2) se episódios de humor ocorreram durante os sintomas da fase
ativa, sua duração total foi breve em relação aos períodos ativo e residual da doença.
E. A perturbação pode ser atribuída aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medi-
camento) ou a outra condição médica.
Nota: Cerca de 5 a 6% dos indivíduos com esquizofrenia morrem por suicídio; cerca de 20% tentam suicídio
em uma ou mais ocasiões, e muitos mais têm intenção suicida importante. Um comportamento suicida ocor-
re, por vezes, em resposta ao comando das alucinações para se prejudicar a si mesmo ou a outros.
Hipótese de Diagnóstico Se sim nos critérios indicados anteriormente, suspeite de esquizofrenia ou de outra doença.
Registo A avaliação e a hipótese de diagnóstico devem ser registadas na Ficha Clínica do Trabalhador.
- Encaminhar o trabalhador para o respetivo médico de família, alertando para a situação clínica e para a
Referenciação / Sinalização
eventual necessidade de seguimento por médico especialista.
Registo A avaliação e a hipótese de diagnóstico devem ser registadas na Ficha Clínica do Trabalhador.
- Encaminhar o trabalhador para o respetivo médico de família, alertando para a situação clínica e para a
Referenciação / Sinalização
eventual necessidade de seguimento por médico especialista.
Hipótese de Diagnóstico Se sim nos critérios indicados anteriormente, suspeite de perturbação do sono-vigília ou de outra doença.
Registo A avaliação e a hipótese de diagnóstico devem ser registadas na Ficha Clínica do Trabalhador.
- Encaminhar o trabalhador para o respetivo médico de família, alertando para a situação clínica e para a
Referenciação / Sinalização
eventual necessidade de seguimento por médico especialista.
BURNOUT (61):
A. Presença de experiências persistentes ou recorrentes de despersonalização, desrealização ou ambas:
1. Despersonalização: Experiências de irrealidade, distanciamento ou de ser um observador externo dos
próprios pensamentos, sentimentos, sensações, corpo ou ações (p. ex., alterações da perceção, sen-
sação distorcida do tempo, sensação de irrealidade ou senso de si mesmo irreal ou ausente, anestesia
emocional e/ou física).
2. Desrealização: Experiências de irrealidade ou distanciamento em relação ao ambiente ao redor (p.
Deteção/ Avaliação
ex., indivíduos ou objetos são vivenciados como irreais, oníricos, nebulosos, inertes ou visualmente
(critérios)
distorcidos).
B. Durante as experiências de despersonalização ou desrealização, o teste de realidade permanece intacto.
C. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissio-
nal ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
D. A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medica-
mento) ou a outra condição médica (p. ex., convulsões).
E. A perturbação não é mais bem explicada por outra perturbação mental, como esquizofrenia, perturbação
de pânico, perturbação depressiva maior, perturbação de stress agudo, perturbação de stress pós-traumático
Deteção/ Avaliação ou outra perturbação dissociativa.
(critérios) Nota: Na história profissional constata-se que existiu um grande envolvimento subjetivo com o trabalho, fun-
ção, profissão ou empreendimento assumido, que muitas vezes ganha o carácter de missão. Assim, a queixa
de sentimento de diminuição da competência e do sucesso no trabalho é usual (42).
Hipótese de Diagnóstico Se sim nos critérios indicados anteriormente, suspeite de burnout ou de outra doença.
Registo A avaliação e a hipótese de diagnóstico devem ser registadas na Ficha Clínica do Trabalhador.
- Encaminhar o trabalhador para o respetivo médico de família, alertando para a situação clínica e para a
Referenciação / Sinalização
eventual necessidade de seguimento por médico especialista.
Se 3 ou mais características estiveram presentes na resposta à questão 3, então é provável que o diagnóstico
seja dependência de álcool.
Hipótese de Diagnóstico
Se pelo contrário o trabalhador não é dependente (< de 3 características na resposta à questão 3) há uma
forte possibilidade de consumo de risco/nocivo de álcool.
Registo A avaliação e a hipótese de diagnóstico devem ser registadas na Ficha Clínica do Trabalhador.
- Informe claramente o trabalhador sobre os resultados da avaliação relativa ao consumo de álcool e expli-
que a ligação entre o consumo de álcool, problemas de saúde de curto e longo prazo e situações prejudiciais
no trabalho e na vida em sociedade.
- Forneça recomendações claras ao trabalhador para reduzir ou a cessar o consumo de álcool.
- Reveja o programa de prevenção de álcool e outras substâncias psicoativas ou, na sua ausência, proceda à
sua elaboração.
Atuação
De acordo com a Informação Técnica n.º 05/2013, da DGS, o médico do trabalho pode:
• Elaborar ficha de aptidão com “inapto temporariamente para o trabalho”, conforme a avaliação clínica, o
resultado de eventual teste e a avaliação de interferência na capacidade de trabalho e nas condições de
segurança;
• Propor alterações às atividades profissionais com risco para terceiros;
• Aumentar a frequência dos exames em casos específicos.
De acordo com a Informação Técnica n.º 05/2013, da DGS, o médico do trabalho, numa situação crónica /
continuada ou aguda repetitiva deve elaborar plano individual de adesão voluntária para tratamento na
Referenciação / Sinalização
empresa (se existirem meios para tal) ou proceder à referenciação para médico de família, que o poderá
encaminhar para serviços especializados.
Se 3 ou mais características estiveram presentes na resposta à questão 3, então é provável que o diagnóstico
seja dependência de drogas.
Hipótese de Diagnóstico
Se pelo contrário o trabalhador não é dependente (< de 3 características na resposta à questão 3) há uma
forte possibilidade de consumo nocivo de drogas.
Registo A avaliação e a hipótese de diagnóstico devem ser registadas na Ficha Clínica do Trabalhador.
- Informe claramente o trabalhador sobre os resultados da avaliação relativa ao consumo de drogas e expli-
que a ligação entre o consumo de drogas, problemas de saúde de curto e longo prazo e situações prejudi-
ciais no trabalho e na vida em sociedade.
- Forneça recomendações claras ao trabalhador para reduzir ou a cessar o consumo drogas.
- Reveja o programa de prevenção de álcool e outras substâncias psicoativas ou, na sua ausência, proceda à
sua elaboração.
Atuação
De acordo com a Informação Técnica n.º 05/2013, da DGS, o médico do trabalho pode:
•Elaborar ficha de aptidão com “inapto temporariamente para o trabalho”, conforme a avaliação clínica e a
avaliação de interferência na capacidade de trabalho e nas condições de segurança;
• Propor alterações às atividades profissionais com risco para terceiros;
• Aumentar a frequência dos exames em casos específicos.
De acordo com a Informação Técnica n.º 05/2013, da DGS, o médico do trabalho numa situação crónica /
Referenciação / Sinalização continuada ou aguda repetitiva deve proceder à referenciação do trabalhador para médico de família, que o
poderá encaminhar para serviços especializados.
ANEXO 10:
Avaliação e gestão de quadros clínicos de emergência
Adaptado de Mental Health Gap Action Programme – World Health Organization (133)
EPILEPSIA/CONVULSÕES (133)
Meça: pressão arterial, temperatura e frequência respiratória.
Investigue:
- Sinais de traumatismo grave de crânio ou coluna
- Pupilas: dilatadas ou punctiformes? Desiguais? Sem reação à luz?
- Défices focais
Pergunte sobre:
Pesquisa e Avaliação - Se o trabalhador estiver inconsciente, pergunte ao acompanhante se o trabalhador teve alguma convulsão recente-
mente
- Duração das convulsões/perdas de consciência
- Número das convulsões
- História de traumatismo craniano ou de lesão no pescoço
- História de epilepsia
- Outros problemas de saúde ou com medicamentos ou com álcool ou drogas
AUTOAGRESSÃO/SUICÍDIO (133)
Pesquise:
- Sinais de envenenamento ou intoxicação
- Sinais/sintomas que requerem tratamento médico urgente, como:
• hemorragia devido a ferimentos autoinfligidos
Pesquisa e Avaliação
• perda de consciência
• extrema letargia
Questione sobre:
- Intoxicação ou autoagressão recentes
É provável intoxicação por álcool, se houver alterações do Se o trabalhador apresenta as características indicadas em
nível de consciência, da cognição, da sensoperceção, dos 1 é provável que seja uma intoxicação aguda ou overdose
afetos ou do comportamento após o consumo recente de de cocaína ou de estimulante (ex. anfetaminas).
Decisão
álcool. Se o trabalhador apresenta as características indicadas em
2 é provável que seja uma overdose de um opióide ou de
outro sedativo ou mistura de drogas.
ANEXO 11:
Critérios para a classificação da potencial perturbação mental
CRITÉRIO:
• Perturbação constante no DSM-5 nos últimos 12 meses ou
Moderadas • Dependência de substâncias sem síndrome de dependência fisiológica,
• Com uma interferência moderada em algum dos domínios da Sheehan
Disability Scale.
ANEXO 12:
Escala de incapacidade de Sheehan (Sheehan Disability Scale)
Trabalho*
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Não trabalhei durante a última semana por motivos não relacionados aos sintomas.
Vida social
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Dias perdidos
Quantos dias na última semana os seus sintomas fizeram com que você faltasse ao trabalho ou o deixasse incapaz de desempenhar as suas responsabili-
dades diárias normais? ______
Dias improdutivos
Quantos dias na última passada se sentiu tão prejudicado pelos sintomas que, mesmo trabalhando, a sua produtividade foi reduzida? ______
ANEXO 13:
Escala de avaliação global do funcionamento (GAF)
Considerar o funcionamento psicológico, social e profissional num continuum hipotético de saúde mental-doença. Não inclua dificuldades no funcionamento
AVALIAÇÃO*
100
Funcionamento superior num largo espectro de atividades; os problemas da vida nunca parecem ficar sem solução; é pro-
|
curado por outros devido às suas muitas qualidades positivas. Ausência de sintomatologia.
91
90 Sintomas ausentes ou mínimos (ex. ansiedade ligeira antes de um exame); bom funcionamento em todas as áreas; interes-
| sado e envolvido em atividades; socialmente capaz; em geral satisfeito com a vida; sem problemas para além dos relaciona-
81 dos com a vida quotidiana (ex. uma discussão ocasional com membros da família).
80 Se os sintomas estão presentes, são reações transitórias e expectáveis a fatores de stress psicossocial (ex. dificuldade de
| concentração após discussão familiar); ligeira dificuldade no funcionamento social, profissional ou escolar (ex. stress na
71 entrega de trabalhos).
70 Sintomas ligeiros (ex. hábito depressivo e insónia ligeira) OU alguma dificuldade no funcionamento social, profissional ou
| escolar (ex. absentismo ocasional ou roubo dentro de casa); mantém capacidade funcional no relacionamento interpessoal,
61 assim como relações interpessoais significativas.
60 Sintomas moderados (ex. desprendimento emocional e discursos de circunstância, ataques de pânico ocasionais) OU mo-
| derada dificuldade no funcionamento social, profissional ou escolar (ex. número reduzido de amigos, conflitos com pares
51 ou com outros trabalhadores).
50
Sintomas marcados (ex. intenção suicida, rituais obsessivos severos, furtos frequentes em lojas) OU séria incapacidade
|
social, profissional ou escolar (ex. sem amigos, incapacidade de conservar um trabalho).
41
40 Algumas perturbações na perceção da realidade ou na comunicação interpessoal (ex. discurso por vezes ilógico, obscuro
| ou irrelevante) OU grande incapacidade em várias áreas como trabalho ou escola, relacionamento familiar raciocínio crítico,
31 humor ou pensamento (ex. pessoa deprimida que evita amigos, negligencia a família e é incapaz de trabalhar).
0 Informação inadequada
* Nota: Use avaliação intermédia quando apropriado, ex. 45, 68, 72.
URGÊNCIA URGÊNCIA
HOSPITAIS COM CONSULTA DE PSIQUIATRIA OBSERVAÇÕES
DIURNA DIURNA
NORTE
Hospital Distrital de Chaves (CH Trás-os-Montes e Alto Douro) X b)* b)Vila Real
Hospital Distrital de Lamego (CH Trás-os-Montes e Alto Douro) X c)* c)Vila Real
Possível mudança
Hospital de Braga X X f) f) Por chamada
(00-8h)
Hospital Conde de Beriandos – Ponte de Lima (ULS Alto Minho) X g)* X g)* g) Viana do Castelo
CENTRO
l) URG. presença
Hospital de Santo André – Leiria (CH Leiria) X l) X l) física 08h-24h de 2ª a
Domingo
m) URG. presença
Hospital Infante D. Pedro – Aveiro (CH Baixo Vouga) X m) física 08h-20h de 2ª a
Domingo
n) URG. presença
física 08h-20h de 2ª a
6ª feira.
o) Das 20h às 08h da
manhã do dia seguin-
Hospital Pêro da Covilhã – Covilhã (CH Cova da Beira) X n) X o) te URG. de Prevenção
ao Internamento.
n) o) Aos fins de
semana a Urgência
funciona em preven-
ção.
p) URG. presença
física 08h-20h de 2ª a
Domingo.
Hospital São Teotónio – Viseu (CH Tondela/Viseu) X p) X q) q) Das 20h às 08h da
manhã do dia seguin-
te URG. de Prevenção
ao Internamento.
r) URG. presença
física 08h-20h de 2ª a
Hospital Amato Lusitano – Castelo Branco (ULS Castelo Branco) X r)
6ª feira e ao Domingo
no mesmo horário
s) URG. presença
física 09h-21h de 2ª a
Domingo.
t) Das 21h às 09h
Hospital Sousa Martins – Guarda (ULS Guarda) X s) X t) da manhã do dia
seguinte URG. de
Prevenção ao Interna-
mento/ Mandatos de
Condução.
x) A urgência realiza-
Hospital Psiquiátrico Júlio de Matos (CH Psiquiátrico de Lisboa) X x)* X x)*
-se no H S José
z) A urgência realiza-
Hospital Egas Moniz (CH Lisboa Ocidental) X z)*
-se no HSFX
Hospital São Francisco Xavier (CH Lisboa Ocidental) X X aa) aa) Por chamada
Hospital São Pedro Gonçalves Telmo – Peniche (CH Oeste) *** ***
ALENTEJO
Hospital José Joaquim Fernandes – Beja (ULS Baixo Alentejo) X X hh) hh) Por chamada
Hospital Dr. José Maria Grande – Portalegre (ULS Norte Alentejano)VE X X ii) ii) Por chamada
ALGARVE
Legenda:
* Referenciação para outra unidade hospitalar
*** Dados não disponibilizados
www.dgs.pt