DISSERTAÇÃO - Silveira (2016)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM QUALIDADE AMBIENTAL

TEMPO DE CONCENTRAÇÃO EM PEQUENA BACIA HIDROGRÁFICA


PARCIALMENTE URBANIZADA EM UBERLÂNDIA - MG

LILIANA BATISTA PARREIRA SILVEIRA

UBERLÂNDIA-MG
2016
LILIANA BATISTA PARREIRA SILVEIRA

TEMPO DE CONCENTRAÇÃO EM PEQUENA BACIA HIDROGRÁFICA


PARCIALMENTE URBANIZADA EM UBERLÂNDIA - MG

Dissertação apresentada à Universidade Federal de


Uberlândia, como parte das exigências do
Programa de Pós-graduação em Qualidade
Ambiental – Mestrado, área de concentração em
Meio Ambiente e Qualidade Ambiental, para a
obtenção do título de “Mestre”.

Orientador Prof. Dr. Hudson de Paula Carvalho

UBERLÂNDIA
MINAS GERAIS – BRASIL
2016
LILIANA BATISTA PARREIRA SILVEIRA

TEMPO DE CONCENTRAÇÃO EM PEQUENA BACIA HIDROGRÁFICA


PARCIALMENTE URBANIZADA EM UBERLÂNDIA - MG

Dissertação apresentada à Universidade Federal de


Uberlândia, como parte das exigências do
Programa de Pós-graduação em Qualidade
Ambiental – Mestrado, área de concentração em
Meio Ambiente e Qualidade Ambiental, para a
obtenção do título de “Mestre”.

APROVADA em 18 de novembro de 2016.

Prof. Dr. Roberto Terumi Atarassi UFU

Prof. Dr. Júlio César Neves dos Santos IFTM

Prof. Dr. Hudson de Paula Carvalho

(Orientador)

UBERLÂNDIA
MINAS GERAIS – BRASIL
2016
AGRADECIMENTOS

Ao Professor Dr. Hudson de Paula Carvalho, pela sua orientação, apoio,


disponibilidade, pelo saber que transmitiu, pelas opiniões e críticas, colaboração no
solucionar de dúvidas e problemas que foram surgindo ao longo da realização deste
trabalho e por todas as palavras de incentivo.

A Márcia Batistela, por toda colaboração no trabalho em campo e no laboratório,


pela disponibilidade, simpatia e conselhos.

Aos meus colegas do laboratório que participaram diretamente deste trabalho e


me ajudaram em todos os momentos.

Aos meus pais, pelo carinho, paciência e incentivo, vocês me darem força em tudo
que precisei.

A minha irmã, por todo o apoio, conselhos e por sempre acreditar em mim.

Aos amigos que fizeram parte desses momentos sempre me ajudando e


incentivando.

A secretária do Programa de Pós-graduação Marília, pela disponibilidade em


resolver os problemas.

Ao meu namorado, ouvinte atento de algumas dúvidas, inquietações, desânimos e


sucessos, pelo apoio, confiança e compreensão.

A minha amiga Evelise, pelo apoio e amizade, que mesmo distante sempre esteve
ao meu lado.

As amigas Léia, Carol, Bia e Mirian, que sempre incentivaram e apoiaram nos
momentos difíceis.

A todos que de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho.

Muito obrigada.
SUMÁRIO

RESUMO.........................................................................................................................iv
ABSTRACT......................................................................................................................v
LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................... i
LISTA DE TABELAS .................................................................................................... iii
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 4
2.1 Bacias hidrográficas ........................................................................................... 4
2.2 Precipitação da bacia hidrográfica .................... Error! Bookmark not defined.
2.3 Escoamento superficial ...................................................................................... 6
2.4 Vazão da bacia hidrográfica .............................................................................. 8
2.5 Tempo de concentração em bacias hidrográficas .............................................. 9
2.5.1 Avaliações das equações .......................................................................... 12
2.6 Hidrograma unitário ......................................................................................... 13
2.7 SCS - Soil Conservation Service ..................................................................... 14
2.8 Coeficiente de Nash-Sutcliffe (CNS) ................................................................ 16
3 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................... 17
3.1 Área de estudo ................................................................................................. 17
3.2 Material cartográfico e imagem de satélite ...................................................... 18
3.3 Calibração do sensor de medida do nível de água do Córrego Glória ............. 19
3.4 Instalação do sensor de nível de água na seção de controle ............................ 20
3.5 Obtenção da curva chave na seção de controle da Bacia Hidrográfica
Experimental do Córrego Glória ................................................................................ 23
3.6 Dados pluviométricos da Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória .
.....................................................................................................................................24
3.7 Estimativa do escoamento superficial .............................................................. 25
3.8 Determinação da precipitação efetiva .............................................................. 28
3.9 Estimativa do tempo de concentração por meio de hidrogramas .................... 30
3.10 Equações empíricas para estimativa do tempo de concentração .................. 31
3.10.1 Equação de Carter ..................................................................................... 31
3.10.2 Equação de Corps Engineers .................................................................... 31
3.10.3 Equação de Desbordes .............................................................................. 32
3.10.4 Equação de DNOS .................................................................................... 32
3.10.5 Equação de Dooge .................................................................................... 32
3.10.6 Equação de Eagleson ................................................................................ 33
3.10.7 Equação de FAA....................................................................................... 33
3.10.8 Equação de George Ribeiro ...................................................................... 33
3.10.9 Equação de Giandotti................................................................................ 34
3.10.10 Equação de Izzard ................................................................................. 34
3.10.11 Equação de Johnstone ........................................................................... 34
3.10.12 Equação de Kerby-Hathaway ............................................................... 35
3.10.13 Equação de Kirpich ............................................................................... 35
3.10.14 Equação de McCuen ............................................................................. 35
3.10.15 Equação de Onda Cinemática ............................................................... 35
3.10.16 Equação de Pasini ................................................................................. 36
3.10.17 Equação de Picking ............................................................................... 36
3.10.18 Equação de Schaake et al. ..................................................................... 36
3.10.19 Equação de SCS Lag............................................................................. 37
3.10.20 Equação de Simas-Hawkins.................................................................. 37
3.10.21 Equação de Ven te Chow ...................................................................... 37
3.10.22 Equação de Ventura .............................................................................. 38
3.11 Parâmetros utilizados nas equações empíricas ............................................. 38
3.12 Análise estatística ......................................................................................... 42
3.13 Equação empírica para a Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego
Glória ..........................................................................................................................42
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 45
4.1 Curva chave do Córrego Glória ....................................................................... 45
4.2 Hidrogramas obtidos na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória46
4.3 Resultados do tempo de concentração utilizando hidrogramas ....................... 54
4.4 Resultados do tempo de concentração utilizando as equações empíricas........ 56
4.5 Ajuste de uma equação para estimativa do tc na Bacia Hidrográfica
Experimental do Córrego Glória ................................................................................ 62
5 CONCLUSÃO ............................................................................................. 67
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 68
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa ilustrando a localização da Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego


Glória, com as estações pluviométrica e fluviométrica ............................... 17
Figura 2 - Mapa ilustrando o uso do solo da Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego
Glória, no ano de 2015................................................................................. 18
Figura 3 - Sensor utilizado no monitoramento do nível de água do Córrego Glória ..... 19
Figura 4 - Figura A: representa o simulador de nível de água. Figura B: detalhe da régua
linimétrica. Figura C: detalhe da conexão da mangueira com o tubo. Figura
D: detalhe do datalogger conectado ao computador .................................... 20
Figura 5 - Imagem da seção de controle do Córrego Glória, ilustrando o tubo de PVC
onde o linígrafo foi instalado (a direita) e a vigota de madeira onde a régua
linimétrica será instalada (a esquerda) ......................................................... 21
Figura 6 - Imagens ilustrando o tubo de PVC fixo na margem do córrego (A); e o tubo de
PVC com a manta de drenagem envolvida na parte submersa do mesmo (B)
..................................................................................................................... 21
Figura 7 - Imagens ilustrando a mangueira corrugada (A), a caixa selada (B) e o
posicionamento do data logger na caixa de proteção selada (C) ................. 22
Figura 8 - Estação linimétrica instalada na seção de controle da Bacia Hidrográfica
Experimental do Córrego Glória ................................................................. 22
Figura 9 - Detalhamento da divisão da calha do córrego adotada na seção de controle da
Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória, para a obtenção da
vazão ............................................................................................................ 23
Figura 10 - Estação meteorológica do instalada na Bacia Hidrográfica Experimental do
Córrego Glória ............................................................................................. 25
Figura 11 - Procedimento linear para separação do escoamento superficial direto
(MELLO e SILVA, 2013) ........................................................................... 26
Figura 12 - Imagem ilustrando a definição do tempo de concentração (tc) por meio de um
hidrograma ................................................................................................... 30
Figura 14 - Curva chave do Córrego Glória. As letras Q e h representam, respectivamente,
a vazão e a cota ............................................................................................ 45
Figura 15 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 31/10/2015 ........................................................................................ 48
Figura 16 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 03/11/2015 ........................................................................................ 48
Figura 17 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 07/11/2015 ........................................................................................ 49

i
Figura 18 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 06/12/2015 ........................................................................................ 49
Figura 19 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 18/12/2015 ........................................................................................ 50
Figura 20 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 20/12/2015 ........................................................................................ 50
Figura 21 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 26/12/2015 ........................................................................................ 51
Figura 22 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 28/12/2015 ........................................................................................ 51
Figura 23 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 04/01/2016 ........................................................................................ 52
Figura 24 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 19/01/2016 ........................................................................................ 52
Figura 25 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 09/02/2016 ........................................................................................ 53
Figura 26 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 29/02/2016 ........................................................................................ 53
Figura 27 - Resultado das estimativas de tc pela Equação 40 frente ao resultado teórico
perfeito ......................................................................................................... 64
Figura 28 - Resultado do coeficiente de Nash-Sutcliffe (CNS) aplicado ao modelo de
regressão proposto neste trabalho, para a estimativa do tc na Bacia
Hidrográfica Experimental do Córrego Glória ............................................ 66

ii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Valores de vazão e cota obtidos na seção de controle da Bacia hidrográfica


Experimental do Córrego Glória, nas campanhas de obtenção da curva chave
..................................................................................................................... 24
Tabela 2 - Parâmetros fixos utilizados nas equações empíricas, suas unidades e
magnitudes, bem como a forma/local de obtenção dos mesmos ................. 39
Tabela 3 - Tipos de coberturas e grupos de solos verificados na Bacia Hidrográfica
Experimental do Córrego Glória ................................................................. 41
Tabela 4 - Horário relativo ao fim da chuva efetiva e ao ponto C, bem como a duração do
tempo de concentração (tc) e precipitação total (Pt), de 12 hidrogramas
obtidos neste trabalho .................................................................................. 46
Tabela 5 - Resultados dos tempos de concentração (tc), das precipitações total (Pt) e
efetiva (Pef) e dos tempos de duração das precipitações total (tPt) e efetiva
(tPef), obtidas na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória, no
período de 31/10/2015 a 29/02/2016 ........................................................... 54
Tabela 6 - Resultados dos tempos de concentração estimados pelas equações empíricas
explicitadas nas Equações 12 a 33, e respectivos erros em relação ao tempo
de concentração médio obtido em doze hidrogramas da Bacia Hidrográfica
Experimental do Córrego Glória ................................................................. 57
Tabela 7 - Valores de tempo de concentração (tc) e intensidade da precipitação (i) obtidos
em cada hidrograma, bem como os tempos de concentração estimados pelas
equações de Izzard, Onda Cinemática e McCuen, com os respectivos erros
absoluto e relativo do tc estimado em relação ao tc do hidrograma ............ 61
Tabela 8 - Resumo dos resultados estatísticos da equação do tc ajustada para a Bacia
Hidrográfica Experimental do Córrego do Glória ....................................... 63
Tabela 9 - Tempos de concentração observados (tcobs) em cinco hidrogramas e tempos
de concentração estimados pela Equação 40 (tcest), na Bacia Hidrográfica
Experimental do Córrego Glória ................................................................. 65

iii
RESUMO
SILVEIRA, L.B.P. Tempo de concentração em pequena bacia hidrográfica
parcialmente urbanizada em Uberlândia - MG.86f. Dissertação (Mestrado em Meio
Ambiente e Qualidade Ambiental), Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia1,
2016.

O tempo de concentração é definido como o tempo necessário para que toda a área da
bacia contribua para o escoamento superficial num determinado ponto de controle, sendo
muito útil para visualizar a resposta hidrológica. Sendo assim, o presente trabalho teve
como objetivo estimar o tempo de concentração da Bacia Hidrográfica Experimental do
Córrego Glória, em Uberlândia-MG, que possui uma área de 8,27 km2, por meio de
hidrogramas. Além disso, objetivou comparar os valores de tempo de concentração
obervados nos hidrogramas com aqueles estimados por métodos empíricos. Por fim, este
trabalho buscou também elaborar um modelo matemático capaz de estimar o tempo de
concentração para a bacia em questão, a partir de variáveis hidrológicas relacionadas com
a chuva. Neste estudo, o tempo de concentração foi estimado a partir de doze hidrogramas
obtidos na bacia hidrográfica estudada, de um total de dezessete, a partir de um bloco
único de chuva excedente. Após isso, foram determinadas as inflexões nos trechos
ascendentes e descendentes dos hidrogramas com base nos valores de vazão. O tempo
decorrido entre o final da chuva efetiva e a inflexão descendente foi considerado como
tempo de concentração. Após obtido o tempo de concentração nos diversos eventos de
precipitação, tais valores foram comparados com 22 métodos empíricos descritos na
literatura para estimativa do tempo de concentração. A determinação do tempo de
concentração por meio de fórmulas empíricas está sujeita às imprecisões e incertezas que
se devem ao tipo de escoamento que a cada fórmula procura representar e ao local onde
a mesma foi desenvolvida. Nesse sentido, buscou-se modelar uma equação matemática
que melhor estimasse o tempo de concentração para a bacia hidrográfica em estudo. Os
resultados indicam que o tempo de concentração médio da bacia foi de 172 minutos. A
equação empírica para estimativa do tempo de concentração que apresentou melhor
resultado foi a SCS Lag, nos casos onde não se dispõe de dados de intensidade de chuva.
Quando esta variável está disponível, recomenda-se o uso da equação da Onda
Cinemática. A equação para estimativa do tempo de concentração da Bacia Hidrográfica
Experimental do Córrego Glória mostrou-se consistente e com boa precisão, obtendo 0,76
e 0,88 para os coeficientes de determinação e de Nash-Sutcliffe, respectivamente.

Palavras-chave: hidrograma, modelagem hidrológica, escoamento superficial.

1
Orientador: Hudson de Paula Carvalho – UFU
iv
ABSTRACT
SILVEIRA, L.B.P. Time of concentration in small watershed partially urbanized in
Uberlândia - MG.86f. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente e Qualidade
Ambiental), Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia1, 2016.
The time of concentration is defined as the time required for the entire area of the
watershed contribute to the surface runoff in a checkpoint, being very useful to visualize
the hydrological response. Therefore, the present study was objective to estimate the time
of concentration the Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória, em Uberlândia-
MG, which has an area of 8,27 km2, by means of hydrograph. In addition, the objective
of this study was to compare the values time of concentration observed in hydrographs
with those estimated by empirical methods. Finally, this work also sought to model a
mathematical equation capable of estimating the time of concentration for the basin in
question, based on hydrological variables related to rainfall. In this study, time of
concentration was estimated from twelve hydrograph obtained in the watershed studied,
out of a total of seventeen, from a single block excess rainfall. After this, were determined
inflections in parts ascending and descending of the hydrographs based on the flow. The
time elapsed between the end of the effective rainfall and inflections descending was
considered as time of concentration. After obtaining the time of concentration in the
various precipitation events. Such values were compared with 22 empirical methods
described in the literature for estimating the time of concentration. The determination of
the time of concentration by means of empirical formulas is subject to the inaccuracies
and uncertainties that are due to the type of runoff that each formula seeks to represent
and to the place where it was developed. In this sense, we tried to model a mathematical
equation that best estimates the concentration time for the watershed in study. The results
showed that the mean basin time of concentration was 172 minutes. The equation for
estimating the time of concentration that presented the best result was SCS Lag, in cases
where rain intensity data are not available. When this variable is available, it is
recommended to use the Kinematic Wave Equation. The equation for estimating time of
concentration Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória showed up consistent
and with good precision, getting 0,76 and 0,88 for the determination coefficients and
Nash-Sutcliffe, respectively.

Kews-word: hydrograph, hydrology modeling, surface runoff.

1
Adviser: Hudson de Paula Carvalho – UFU
v
INTRODUÇÃO

A bacia hidrográfica é usualmente definida como a área na qual ocorre a captação


de água para um rio principal e seus afluentes, a partir de limites geográficos conhecidos
como divisores de água com direcionamento do fluxo para a seção de controle.
Um dos processos hidrológicos mais importantes que ocorrem em uma bacia
hidrográfica é a vazão, que no rio pode ser separada em porções de acordo com o percurso
que descreve para chegar ao rio. Os componentes da vazão podem ser classificados em
escoamento superficial, escoamento subsuperficial e escoamento subterrâneo. O estudo
dos mecanismos de geração de escoamento consiste na compreensão qualitativa e
quantitativa de cada componente da vazão.
Para descrever a ocorrência do escoamento superficial como fase do ciclo
hidrológico é necessário levar em consideração alguns fatores, como por exemplo o tipo
de solo, as depressões do terreno, tipo de vegetação, impermeabilização da área, entre
outros. Quando uma chuva atinge a bacia hidrográfica, parte da água ficará interceptada
nas depressões do terreno, parte se infiltra e o restante escoa pela superfície do terreno.
Entretanto, isso acontece após a intensidade da precipitação superar a capacidade de
infiltração da água no solo e de serem preenchidas as depressões da superfície do mesmo
pela água da chuva.
O escoamento superficial é o fator determinante para o tempo de concentração
(tc), pois tc é o tempo necessário para que toda a área da bacia contribua para o
escoamento superficial num determinado ponto de controle. Os fatores que influenciam
o tempo de concentração de uma dada bacia são: a forma da bacia, a sua declividade
média, a sinuosidade e a declividade do seu curso principal, entre outros.
Wong (2005) definiu como tempo de concentração “medido” o intervalo do fim
da chuva efetiva até o momento que o hidrograma chega a 95% do escoamento de
equilíbrio. Mc Cuen et al. (1984), definem como o tempo necessário para uma gota d´água
caminhar superficialmente do ponto mais distante (em percurso hidráulico) da bacia até
seu exutório.
Há diversas fórmulas para estimar o tempo de concentração, a grande maioria leva
em conta apenas a declividade do curso principal e a área da bacia. A determinação do
tempo de concentração por meio de fórmulas empíricas está sujeita às imprecisões e
incertezas que se devem ao tipo de escoamento que a fórmula procura representar e ao
local onde a mesma foi desenvolvida.

1
Em geral, praticamente qualquer análise hidrológica precisa de pelo menos um
parâmetro de tempo de resposta da bacia, e na maioria das vezes esse parâmetro é o tempo
de concentração. São várias as aplicações do tempo de concentração, como, por exemplo:
implementação de sistemas de alerta contra inundações, projetos de drenagem urbana,
separação do hidrograma, definição do intervalo de monitoramento hidrológico, entre
outros.
As ações humanas podem alterar o comportamento hidrológico da bacia
hidrográfica, uma vez que, interferências no meio natural resultam por consequências, em
alterações no ciclo hidrológico. Além disso, essas modificações causam uma crescente
perda ambiental, trazendo prejuízos para a sociedade e para o meio ambiente.
Essas alterações também estão presentes no Município de Uberlândia na região
Triângulo Mineiro, em Minas Gerais. Esta região é dominada pelo bioma Cerrado, o qual
vem sofrendo profundas alterações, devido à agricultura e pecuária intensivas. Tais
alterações podem se dar pela simples rotação de culturas, comumente verificado na
agricultura moderna, até a urbanização, onde a infiltração da água da chuva no solo é
afetada. Diante disso, o efeito dessas transformações é notado nos eventos hidrológicos
extremos, como estiagens prolongadas, inundações, transporte de sedimentos,
assoreamentos e contaminação de rios. Esses eventos causam muitos prejuízos à
sociedade brasileira todos os anos.
Atualmente, a vegetação existente às margens dos rios ou próximos a eles nos
espaços urbanos, são amplamente degradados devido à falta de planejamento das cidades.
A bacia hidrográfica pode ser urbana, rural ou mista; a urbana está localizada em uma
área com ocupação urbana, por isso é mais impermeabilizada, impedindo a infiltração da
água no solo. A bacia rural, possui uso e ocupação totalmente rural, permitindo a
infiltação da água no solo. E por fim, a bacia mista, possui uma área urbanizada e outra
rural.
Assim, a Bacia Hidrográfica do Córrego Glória é considerada mista, pois uma
parte dela é de uso urbano e outra é rural, com pastagem para criação de gado e agricultura
para produção de grãos, apresentando muita interferência antrópica. É importante realizar
estudos de tempo de concentração, a partir de monitoramento hidrológico, afim de
compreender os mecanismos de resposta da bacia hidrográfica.
Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo estimar o tempo de
concentração da Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória, em Uberlândia-
MG, que possui uma área de 8,27 km2, por meio de hidrogramas. Além disso, objetivou-
se, comparar os valores de tempo de concentração obervados nos hidrogramas com

2
aqueles estimados por métodos empíricos. Por fim, este trabalho buscou também elaborar
um modelo matemático capaz de estimar o tempo de concentração para a bacia em
questão, a partir de variáveis hidrológicas relacionadas com a chuva.

3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Bacias hidrográficas

A bacia hidrográfica é uma área de captação natural da água de precipitação que


faz convergir o escoamento para um único ponto de saída. A bacia hidrográfica compõe-
se de um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem formada por cursos
de água que confluem até resultar em um leito único no seu exutório (TUCCI, 1997).
Dessa forma, pode ser considerada um sistema físico onde a entrada é o volume
de água precipitada e a saída é o volume de água escoado pelo exutório, considerando-se
como perdas intermediárias os volumes evaporados e transpirados e também os
infiltrados profundamente no solo (TUCCI, 2009).
Sob o território das bacias hidrográficas antropizasa, além de vestígios da
vegetação nativas, encontram-se cidades, áreas industriais e agrícolas, pastagens, entre
outros coberturas e atividades. Dessa forma, qualquer ação causa impacto na bacia
hidrográfica.
Em 1997 entrou em vigor a Lei nº 9.433 criando a Política Nacional de Recursos
Hídricos, a qual trouxe o arcabouço legal para a gestão das bacias hidrográficas. Porém,
existem dificuldades em lidar com todas as bacias, pois a gestão é compartilhada com a
administração pública, instituições privadas, empresas de atividades agrícolas, órgãos
públicos, entre outros. Além disso, o recorte geográfico de todas as bacias é bastante
amplo, e cada região possui interesses distintos, dificultando ainda mais a gestão.
Desse modo, para fazer uma gestão mais eficiente, é necessário o monitoramento
hidrológico das bacias, assim a bacia experimental tem uma importante contribuição para
esses estudos. Hewlett et al. (1969) esclarecem sobre a definição de bacia experimental.
Segundo esses autores, a bacia experimental é o local onde experimentos planejados são
ou serão realizados e os resultados de observações de vazão, precipitação e outras
variáveis hidrológicas são constantemente analisadas. Então, pequenas bacias
monitoradas por um período de tempo e que tem as séries de dados analisadas
posteriormente podem ser ditas bacias experimentais.
Segundo Farrell (1995) os estudos realizados em bacias experimentais produzem
muitos benefícios a ciência e a sociedade. Porém, ainda há falhas nos monitoramentos
hidrológicos e muitos desafios para serem resolvidos.

4
2.2 Precipitação na bacia hidrográfica

A precipitação refere-se a uma expressão quantitativa do ciclo hidrológico, em


uma área específica em determinado período de tempo. No entanto, a sua distribuição
apresenta uma expressiva variabilidade temporal e espacial e por isso, de acordo com Mol
(2005) “torna-se difícil a sua identificação e quantificação”. Neste sentido, a inferência
das lâminas precipitadas é diretamente dependente da rede coletora de dados, ou seja, da
densidade e distribuição dos postos de monitoramento. Assim, quanto maior o número de
pontos de monitoramento, melhor será a compreensão espaço-temporal do fenômeno
(BORGES, et. al., 2012).
Entretanto, no Brasil, a rede de monitoramento de precipitação ainda apresenta
uma série de dificuldades, (TUCCI, 2009), como por exemplo a baixa densidade de postos
pluviométricos, falhas nas coletas de dados pluviométricos, pouco investimento
financeiro para realizar o monitoramento, entre outros.
A disponibilidade de precipitação numa bacia durante o ano é o fator determinante
para quantificar, entre outros, a necessidade de irrigação de culturas e o abastecimento de
água doméstico e industrial. A determinação da intensidade da precipitação é importante
para o controle de inundação e a erosão do solo (TUCCI, 2009).
O pluviômetro é o instrumento utilizado para a medição da altura total de água
precipitada, ou seja, a lâmina acumulada durante a precipitação, sendo que seus registros
são sempre fornecidos em milímetros por dia ou em milímetros por chuva. Já o
pluviógrafo, registra a intensidade de precipitação, ou seja, a variação da altura de chuva
com o tempo. Este aparelho registra, simultaneamente, a quantidade e a duração da
precipitação.
A diferença entre o pluviômetro e o pluviógrafo está em que o primeiro, apenas
possibilita a leitura da lâmina acumulada (mm), em relação a um período de tempo, não
sendo possível a estimativa da intensidade de precipitação (mm h-1). Sendo esta apenas
capaz de ser mensurada, por meio do uso de aparelhos pluviógrafos, devido ao registro
das alturas precipitadas em faixas de tempo pré-conhecidas (BORGES; et. al., 2012).
A precipitação efetiva é considerada como sendo constituída por um número
infinito de pequenas gotas, de tamanho uniforme e sem interação, que caem
instantaneamente e homogeneamente ao longo de toda a região (BHADRA et al., 2008
apud Pereira et al. 2016).
Vários fatores influenciam na porção efetiva da precipitação total, os quais podem
atuar isoladamente ou interagindo com outros. Qualquer fator que afete a infiltração, o

5
escoamento superficial ou a evapotranspiração, tem influência no valor da precipitação
efetiva (SAMPAIO, et al., 2000).
Sendo assim, a precipitação efetiva é a medida da altura da parcela da chuva caída
que provoca o escoamento superficial. É normalmente referida a um determinado
intervalo de tempo de duração da chuva.

2.3 Escoamento superficial

O escoamento superficial é uma das fases do ciclo hidrológico e seu estudo é de


grande importância para o dimensionamento de obras de engenharia e manejo agrícola.
Sua quantificação é uma tarefa complexa e dependente de vários fatores tais como:
topográfico; regime, distribuição e intensidade das chuvas; tipo e cobertura do solo; entre
outros (SARTORI, et al, 2005).
O escoamento superficial ocorre quando a intensidade da precipitação excede a
velocidade de infiltração da água no solo. Após a velocidade de infiltração ser excedida,
a água começa a preencher as depressões existentes na superfície do solo e, na sequência,
começa o escoamento superficial (LINSLEY et al., 1975; MOHAMOUD et al., 1990).
O processo de infiltração é muito complexo, mesmo quando é assumido que o
solo é um meio homogêneo com conteúdo inicial de umidade uniforme. Para muitos
eventos de precipitação existe um período inicial durante o qual toda a precipitação se
infiltra no solo. Durante este período e como a água vai se infiltrando no solo, a
capacidade de infiltração decresce, até tornar-se menor que a intensidade de precipitação.
A partir deste momento, a água começa a acumular-se sobre a superfície do solo e o
escoamento superficial pode ocorrer (PRUSKI, et. al, 2001). Por isso, a estimativa do
escoamento superficial é uma tarefa complexa e dependente de vários fatores, os quais
são usados como parâmetros ou variáveis em modelos de chuva-vazão.
A separação do escoamento superficial direto do escoamento subterrâneo é um
procedimento que permite a compreensão da magnitude e da dinâmica da descarga de
águas subterrâneas e dos processos de escoamento superficial direto em bacias
hidrográficas (FUREY & GUPTA, 2001; BRODIE & HOSTETLER, 2005). Permite
também a análise da influência de diversos fatores sobre o escoamento subterrâneo e
sobre o escoamento superficial direto. Como, por exemplo, a análise da influência da
adoção de práticas para a conservação de água e de solo na redução dos picos de vazão e
no aumento das vazões mínimas em períodos de estiagem (HUANG & ZHANG, 2004).

6
Existem vários métodos para calcular o escoamento superficial. Esses métodos
muitas vezes são utilizados como provedores dos dados observados de escoamento
superficial direto e subterrâneo, utilizados, inclusive, na calibração e validação de
modelos hidrológicos. No entanto, a aplicação para as condições brasileiras de métodos
desenvolvidos em outros países não é tão simples, sendo necessária a avaliação do
desempenho destas metodologias para as condições específicas onde elas serão aplicadas
(AMORIM, et al., 2010).
Miranda et al. (2014), avaliou três métodos, desenvolvidos por Pettyjohn e
Henning (1979), para separar o escoamento superficial do subterrâneo. Os métodos
testados foram o do Intervalo Fixo (IF), o método do Intervalo Móvel (IM) e o método
do Mínimo Local (ML). Estes métodos de separação produzem resultados com boa
aproximação dos resultados obtidos com processos manuais de separação (SLOTO &
CROUSE, 1996) e com o método dos traçadores (GONZALES, et al., 2009).
De acordo com o trabalho de Miranda et al (2014), os valores de volume de
escoamento superficial direto (VES) e o volume de escoamento superficial direto total
anual (VESa) estimados pelo método IM podem ser considerados semelhantes aos valores
de VES e de VESa estimados pelo método ML, considerando as duas áreas distintas. Os
métodos IF e ML apresentam boa concordância entre si com relação às estimativas dos
valores de VES e de VESa ao mesmo tempo em que o método ML possui boa eficiência na
estimativa de valores de VES e de VESa semelhantes aos valores estimados pelo método
IF. Segundo os autores, os três métodos obtiveram resultados semelhantes.
Nessa linha de pesquisa, Mello e Silva (2013) destacam três metodologias para
determinar o escoamento superficial, a primeira considera linearidade do escoamento
base entre A e C, com alterações proporcionais a inclinação da reta AC, sendo o ponto A
a ascensão do hidrograma e o ponto C a recessão. A segunda, o escoamento base é
considerado linear, porém, sua obtenção é realizada prolongando-o a partir da inflexão C,
sendo assim o escoamento superficial pode ser subestimado. E por último, a terceira
metodologia, o prolongamento do escoamento base é realizado a partir da inflexão A até
encontrar o ponto D e daí para a inflexão C, o que pode superestimar o deflúvio.
No Brasil, ainda são poucos os estudos que tratam da separação do escoamento
superficial direto do subterrâneo pela análise dos hidrogramas (MENEGASSE et al.,
2002; IGAM, 2005).

7
2.4 Vazão da bacia hidrográfica

É inegável a importância da previsão de vazões na operação contínua de sistemas


de recursos hídricos destinados ao controle de cheias, seja no desenvolvimento e projeto
de obras hidráulicas (canais, diques, reservatórios) como no planejamento e implantação
de medidas não-estruturais (sistema de aviso, seguro enchente, relocação, etc.). As
previsões de vazão de curto prazo são usadas com frequência na operação de sistemas de
recursos hídricos destinados a múltiplos usos, como por exemplo: controle de cheias,
geração de energia elétrica, navegação, etc. (BARBOSA,2001).
Vazão é o volume de água que passa por uma determinada seção em um
determinado tempo. O monitoramento da vazão em uma bacia hidrográfica deve ser feito
na seção de controle. Para monitorar esse parâmetro, utilizam-se instrumentos de
medição, como vertedores, calhas Pashall, estações fluviométricas ou linimétricas entre
outros. O comportamento e a variação das vazões em um rio estão associados a
variabilidade da precipitação, do escoamento subterrâneo e do escoamento superficial
direto (HUANG;ZHANGH,2004 apud MIRANDA, 2014).
As vazões que escoam em um rio incluem o escoamento subterrâneio (referente à
contribuição pelos aquíferos), e, em algumas épocas do ano estas vazões incluem também
as águas provenientes do escoamento superficial direto (resposta de curto prazo para um
evento de chuva), que são aquelas que escoam sobre a superfície do solo
(CUSTÓDIO;LLAMAS,1983;TUCCI,2009 apud MIRANDA,2012).
O molinete é o instrumento mais comumente usado para medir a vazão de forma
indireta. Por meio deste instrumento mede-se a velocidade da água em uma determinada
seção do rio. O produto da velocidade versus a área da seção fornece a vazão do rio no
ponto onde foram tomadas essas medidas. Após definidas as vazões e as cotas
correspondentes, é possível construir a curva-chave.
A curva-chave é utilizada na hidrologia para se obter a relação entre a cota (nível
de água do rio) e a vazão em uma dada seção transversal do rio. Para sua construção é
necessário utilizar equações matemáticas. Segundo Tucci (2009), a equação matemática
mais utilizada segue o modelo proposto na Equação 1.

n
Q = a∙(H-Ho) [Eq.1]

Onde:
Q = vazão estimada, L3 T-1;

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a e n = coeficientes de ajuste para cada curva-chave, adimensional;
H = cota referente a uma vazão Q, L;
Ho = cota referente à vazão nula, L.

2.5 Tempo de concentração em bacias hidrográficas

O tempo de concentração (tc) é definido por Bruno et al. (2011) como o tempo
necessário para que toda a área da bacia hidrográfica contribua para o escoamento
superficial num determinado ponto de controle. Os principais fatores que influenciam o
tempo de concentração de uma dada bacia são: a forma da bacia, a sua declividade média,
a sinuosidade e a declividade do seu curso principal.
Segundo Ven Te Chow (1988), o tempo de concentração corresponde ao tempo
necessário para que o escoamento de superfície desloque do ponto mais afastado da bacia
hidrográfica até um ponto em consideração. Mc Cuen et al. (1984), definem como o
tempo necessário para uma gota d´água caminhar superficialmente do ponto mais distante
(em percurso hidráulico) da bacia até seu exutório. Estes últimos autores ainda propõe
uma segunda definição, que o tc é baseado em um hietograma de chuvas e do hidrograma
de escoamento resultante. A partir do hietograma real e do hidrograma, o excesso de
chuvas e o escoamento direto são computados. O tempo de concentração é o tempo entre
o centro do excesso de chuvas e o ponto de inflexão na recessão do hidrograma de
escoamento direto. Assim, o tempo de concentração é calculado como a diferença de
tempo entre o final da precipitação efetiva e o ponto de inflexão.
Tucci et al. (2014), afirmam que o tempo de concentração é o tempo necessário
para a água precipitada no ponto mais distante na bacia deslocar-se até a seção principal.
Eagleson (1970) define como o tempo necessário, utilizado pelo escoamento superficial,
para alcançar o equilíbrio. Wong (2005) considera que é o tempo decorrido desde o início
do evento de chuva até o momento em que o fluxo de equilíbrio atinge 95%.
Os valores do tempo de concentração podem ser estimados pela análise do
hidrograma obtido no monitoramento de uma bacia hidrográfica, desde que sejam
definidos os pontos de ascensão e de inflexão. Também existem diversas fórmulas
empíricas que determinam o tempo de concentração em função de características físicas
da bacia, como a área, a forma, o comprimento do talvegue, a declividade da bacia, o tipo
de solo, uso e ocupação do solo, entre outros.
Muitos pesquisadores desenvolveram equações empíricas, utilizando métodos
experimentais e analíticos, a fim de estimar o tempo de concentração. As equações

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resultaram de estudos realizados em diferentes locais, e ajustados de acordo com as
características fisiográficas e hidrológicas de cada bacia hidrográfica estudada. Porém a
determinação do tempo de concentração através de fórmulas empíricas está sujeita a
imprecisões e incertezas significativas que se devem ao tipo de escoamento que cada
fórmula procura representar.
Mc Cuen et al (1984) reconhecem a importância dos parâmetros de tempo de
concepção e avaliação hidrológica. Os hidrólogos desenvolveram vários métodos para
estimar os diversos parâmetros de tempo, tais como o tempo de concentração, o tempo de
pico e o tempo de atraso. Infelizmente, a maioria das fórmulas empíricas têm sido
baseados em dados muito limitados, desenvolvidas com base em poucas bacias
hidrográficas, com poucos dados, com pouco tempo de estudo do ciclo hidrológico. Deste
modo, a sua aplicabilidade é limitada devido as particularidades de cada bacia
hidrográfica, como o tamanho, uso e ocupação, tipo de solo, entre outros.
Um método de estimativa empírico deve ser usado com cuidado, seja para bacias
hidrográficas com características diferentes daquelas das quais o método foi ajustado,
bem como em bacias de outras regiões hidrológicas.
No intuito de ajustar um modelo para estimativa do tempo de concentração local,
Mota (2012) conduziu uma pesquisa na bacia hidrográfica do Rio Araponga, município
de Rio Negrinho, estado de Santa Catarina. Esta bacia era composta por vegetação
secundária de Floresta Ombrófila Mista. O modelo matamático para a bacia em questão
está descrito na Equação 2.

tc= 0,29 ∙ Qp + 0,08 ∙ API21d - 0,24 [Eq.2]

Onde:
tc = tempo de concentração, em horas;
Qp = Vazão máxima registrada no evento, em L/s;
API21d = Índice de precipitação antecedente de 21 dias, em mm.

Além do modelo matemático, o trabalho de Mota (2012) tinha como objetivo


também, comparar o resultado do tempo de concentração dado pela Equação 2, com
aqueles calculados por métodos descritos na literatura. De acordo com a autora, as
fórmulas existentes subestimaram os valores de tc, além de apresentarem erros maiores
do que 90% em relação à fórmula proposta. A equação que mais se aproximou do tc
medido foi a de Izzard.
10
Outro trabalho realizado no Brasil, por Almeida et al. (2014) foi em Campo
Grande-MS, na sub-bacia hidrográfica do Córrego Guariroba. Nessa pesquisa o tempo de
concentração foi encontrado a partir de hidrogramas obtidos na sub-bacia em questão. Os
resultados do tc foram comparados com as equações exitentes na literatura. Os autores
verificaram que o valor do tempo de concentração estimado pela equação de Pasini
apresentou a maior diferença percentual, evidenciando que, dentre os métodos analisados,
é o que mais se distancia do resultado obtido da análise do hidrograma. Por outro lado, o
método de Giandotti apresentou a menor diferença percentual, sendo portanto, a mais
indicada para a bacia hidrográfica em estudo.
Kobiyama et al. (2006) utilizaram a bacia hidrográfica do campus da UFSC
(Universidade Federal de Santa Catarina) para a análise comparativa preliminar entre os
tc’s calculados em 5 eventos de chuva, e aqueles calculados com 5 fórmulas descritas na
literatura. Ao calcular os erros entre a média de tc medido e os calculados pelas fórmulas,
os autores observaram que eles variaram entre 12 e 72%. A pior estimativa foi dada pela
fórmula de Dooge, a qual superestimou o valor de tc. Por outro lado, o melhor
desempenho foi dado pela equação proposta por McCuen et al. (1984).
Pórem, um detalhe importante e necessário de ser relatado é que Kobiyama et al.
(2006) consideraram no cálculo do tempo de concentração o tempo entre o final da chuva
total até o ponto C, e não a chuva efetiva. Além disso, os autores analisaram poucos
eventos (5 hidrogramas). Esses fatos podem prejudicar os resultados, como os próprios
autores reconhecem.
Ainda nessa linha de estudo, Silveira (2005) avaliou o desempenho de vinte e três
equações para estimativa do tempo de concentração em bacias urbanas e rurais. Como
resultados, recomendou as equações de Ven Te Chow e Kirpich para as bacias rurais
devido aos melhores resultados apresentados. No caso de bacias urbanas, as fórmulas com
melhor desempenho mostraram uma faixa de erro maior do que as correspondentes em
bacias rurais, porém para bacias urbanas com áreas abaixo de 70 hectares a fórmula de
Schaake é a mais indicada.
Os artigos que detalham os modelos de tempo de concentração são muito antigos,
dificultando o acesso aos documentos originais. Assim, muita informação acaba sendo
perdida. Essas observações também foram feitas por Mota (2012) e Silveira (2005).
Sobre a fórmula da Federal Aviation Agency (FAA) (EUA) é difícil encontrar
alguma informação experimental, exceto que ela foi desenvolvida em laboratório e seu
objetivo era para drenagem de aeroportos (McCUEN, et al, 1984). Já as fórmulas de

11
Giandotti, Pasini, Ventura, Picking, DNOS e George Ribeiro existem poucas informações
sobre como foram desenvolvidas.
Existem duas equações de Kirpich (McCUEN, et al, 1984), mas aquela de
utilização muito comum no Brasil é a que foi obtida para o estado do Tennessee (EUA)
com dados de apenas sete bacias hidrográficas rurais, as quais apresentavam área entre
0,0051 e 0,4533 km2 (KIBLER, 1982). Quando extrapola-se sua aplicação para bacias
maiores é de se esperar obter tempos de concentração menores que os reais (SILVEIRA,
2005).
A equação do SCS lag foi obtida a partir de estudos de pequenas bacias rurais
americanas com até 8 km2. Portanto, seu resultado retrata o escoamento de bacias não
urbanizadas. Essa equação utiliza o parâmetro da curva-número, que considera o tipo de
solo, aumentando, portanto, as chances do resultado retratar o tc real da bacia
hidrográfica.
A equação do tempo de concentração de Dooge, baseada em dados de dez bacias
rurais da Irlanda, com áreas entre 140 e 930 km2, deve refletir melhor o tempo de
concentração em bacias onde predomina o escoamento em canais (PORTO, 1995 apud
SILVEIRA, 2005).
Numa faixa mais estendida de bacias (65 a 4.200 km2) tem-se a equação de
Johnstone, resultado do estudo em 19 bacias americanas (USDA, 1973). Além desse
modelo, pode-se citar também a fórmula do Corps of Engineers do exército americano, a
qual é originária de uma faixa ainda mais ampla de bacias rurais (até 12.000 km2
aproximadamente) (MOPU, 1987). As equações de Johnstone e do Corps of Engineers
deveriam refletir efeitos de armazenamento importantes, porque estão baseadas em dados
de bacias de grande porte. Nesse sentido, poderiam superestimar os tempos de
concentração quando aplicadas a bacias menores (SILVEIRA, 2005).
Nota-se que a fórmula de Kirpich (1940) é uma das mais conhecidas e empregadas
nas estimativas de tc, e seus resultados, em geral, apresentam-se subestimados (SILVA
et al., 2008; McCUEN et al., 1984; LOUKAS & QUICK, 1996; apud SILVEIRA, 2005).

2.5.1 Avaliações das equações

As equações para determinar o tempo de concentração foram desenvolvidas para


práticas de engenharia, por isso são empíricas, obtidas com poucas informações.
As variáveis que aparecem nas fórmulas referem-se basicamente a:

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 Tamanho da bacia: utiliza-se o comprimento do talvegue principal (L) e a
área da bacia (A);
 Declividade: utilizada a declividade do talvegue principal (S);
 Rugosidade ou resistência ao escoamento: são os parâmetros de
rugosidade, como o n de Manning, a curva número;
 Aporte d’água: a intensidade padrão de chuva.

O uso dessas variáveis explicativas não advém rigorosamente de uma teoria física
para o tempo de concentração, mesmo sabendo-se que ele poderia ser explicado por uma
razão de distância por velocidade, à distância podendo ser medida em mapas e a
velocidade podendo ser referida a equações hidráulicas como as de Manning. Esta base
“física” indicaria que o tempo de concentração seria proporcional ao fator LS-0,5. De
fato, a grande maioria das fórmulas utiliza L e S, no entanto, de maneira empírica
(SILVEIRA, 2005).
Wong (2005) concluiu que fórmulas que não incluem a intensidade da chuva, só
funcionam para uma faixa limitada de valores deste parâmetro, e então apresentam pior
desempenho em relação às demais. Mota, 2012, utilizou dados experimentais de parcela
de concreto e gramados para testar nove diferentes fórmulas para cálculo de tc. De
maneira geral, a fórmula de Chen & Wong (1993) apresentou os melhores resultados tanto
para parcela de concreto quanto para os gramados (MOTA, 2012).
Silveira (2005) observou, no Brasil, a carência de indicadores para uma escolha
consciente da fórmula mais adequada, e então realizou uma análise de desempenho de
algumas fórmulas existentes. Através dessas observações foi possível concluir que nem
sempre as características da bacia que originou a fórmula são limitantes para a
aplicabilidade das fórmulas, sendo necessários alguns ajustes finais.

2.6 Hidrograma unitário

A teoria do Hidrograma Unitário (HU) foi proposta por Sherman (1932), como
uma função-resposta linear da bacia hidrográfica a uma chuva efetiva unitária. Assim,
uma chuva efetiva com mesma duração da chuva unitária produzirá um hidrograma com
mesmo tempo de base do HU e vazões proporcionais à razão com a chuva unitária. A
linearidade propicia também a superposição de efeitos, ou seja, os hidrogramas
produzidos por blocos independentes sucessivos de chuva, com duração igual à da chuva
unitária, são somados para gerar o hidrograma total (SILVEIRA, 2015).

13
A determinação do hidrograma de projeto de uma bacia hidrográfica depende de
dois componentes principais, a separação do volume de escoamento superficial e a
propagação deste volume para jusante. Este último componente dos modelos hidrológicos
geralmente utiliza a teoria de sistemas lineares, ou seja, o hidrograma unitário (TUCCI,
2003).
De acordo com Tucci (2003), as limitações do HU para estimativa do escoamento
superficial são as seguintes: (a) representação linear do escoamento superficial que tem
um comportamento não-linear; (b) distribuição uniforme da precipitação dentro do
intervalo de tempo; (c) distribuição espacial uniforme da precipitação; (d) erros nos
métodos de separação do escoamento superficial e subterrâneo geram valores
hidrológicos equivocados para a determinação do HU. Estas limitações se traduzem em
HU diferentes, de acordo com cada evento de chuva (TUCCI,2003).
Em geral, para obtenção do hidrograma da cheia de projeto, aplica-se um método
para cálculo da precipitação efetiva seguido de uma função de transferência, também
denominada hidrograma unitário, que permite a distribuição temporal do volume total de
chuva efetiva (CUNHA, et al., 2015). A determinação do HU é função dos dados
observados de chuva e vazão com intervalo de tempo compatível com o tempo de
concentração da bacia.
Nesse sentido, o HU representa o hidrograma de escoamento superficial
correspondente à precipitação efetiva unitária de intensidade constante e distribuída
uniformemente sobre a área de drenagem. É um modelo linear concentrado, utilizado
como função de transferência de uma bacia hidrográfica para gerar hidrogramas de cheias
correspondentes a chuvas efetivas, de quaisquer magnitudes e durações (PINHEIRO,
2011).

2.7 SCS - Soil Conservation Service

A relação funcional mais empregada para estimação do escoamento superficial


em bacias não monitoradas é o método do Número de Curva (CN) desenvolvido pelo U.S.
Departament of Agriculture (USDA) Soil Conservation Service (SCS). O método é
documentado no National Engineering Handbook (NEH), Part 630: Hydrology e foi
publicado pela primeira vez em 1954, sendo então seguido de diversas revisões. Esse
modelo chuva-vazão é largamente aceito por sua simplicidade, número limitado de
parâmetros e autoridade da instituição de origem (PONCE; HAwkiNS, 1996).

14
A metodologia do SCS reúne os solos dos Estados Unidos em quatro grandes
grupos, conforme sua capacidade de infiltração e produção de escoamento, sendo a cada
um deles atribuído uma letra, A, B, C e D, nesta mesma ordem, representando o acréscimo
do escoamento superficial e consequentemente a diminuição da taxa de infiltração de um
grupo para outro (SARTORI, et al., 2005).
De acordo com esses mesmos autores, para se levar em conta outras características
do solo, as quais não estão incluídas na definição dos grupos hidrológicos do solo
definidos pelo SCS. Porém são importantes do ponto de vista da formação do escoamento
superficial, torna-se difícil na prática classificar uma unidade de solo que se enquadra
com as suas principais características num dos grupos hidrológicos. Isso induz a maioria
dos usuários do método no Brasil a considerar apenas a textura superficial do solo para
enquadrá-los em um dos grupos hidrológicos usando a classificação original apresentada
pelo SCS (SARTORI, et al., 2005).
O número da curva é um índice que representa a combinação empírica de três
fatores: grupo do solo, cobertura do solo e condições de umidade antecedente do solo
(McCUEN, 1998). Existem tabelas do número CN para bacias hidrográficas rurais e
urbanas. Os valores CN obtidos poderão ou não ser corrigidos posteriormente
dependendo da situação do solo, muito seco ou úmido.
O número CN descreve uma situação média e útil em determinados projetos.
Porém é preciso ter cautela com seu uso, pois a equação não contém o parâmetro de tempo
e não leva em consideração a duração da chuva ou a intensidade da mesma. Esse modelo,
inicialmente desenvolvido para uso em áreas agrícolas, tem sido objeto de estudo,
desenvolvimento e aplicação também em áreas urbanas. Com ele é possível: a) estimar a
partir de informações do tipo, uso e umidade antecedente do solo, o número da curva de
escoamento superficial (CN) e com este, a parcela da precipitação que resultará em
escoamento superficial, ou chuva excedente; b) conhecida à chuva excedente, estimar a
distribuição e o volume do escoamento superficial de uma determinada área de drenagem,
baseando-se no hidrograma unitário adimensional regionalizado para pequenas bacias dos
Estados Unidos (SARTORI, et al., 2005). Apesar das limitações do método CN, ainda é
a técnica mais utilizada para determinar os volumes de escoamento.

15
2.8 Coeficiente de Nash-Sutcliffe (CNS)

O processo de validação de modelos hidrológicos depende das aplicações


pretendidas, mas, para se obter uma medida da eficácia da simulação nos testes, é
conveniente que coeficientes estatísticos sejam utilizados (VIOLA, et al., 2009).
De acordo com Zhang et al. (2007 apud VIOLA et al., 2009) e Legates & McCabe
(1999), o valor de CNS indica o ajustamento dos dados simulados aos observados na reta
1:1, podendo variar de -ꝏ a 1. Gotschalk et al. (1999) apresentam a seguinte classificação
para este coeficiente: CNS = 1 corresponde a um ajuste perfeito; CNS > 0,75 o modelo é
considerado adequado e bom; 0,36 < CNS < 0,75 o modelo é considerado aceitável;
entretanto, para Zappa (2002 apud VIOLA et al 2009), valores de CNS acima de 0,5
qualificam o modelo para simulação.
Por outro lado, Santhi et al. (2001) apresentam a seguinte classificação para este
coeficiente: CNS > 0,65 o modelo é considerado muito bom; 0,54 < CNS< 0,65 o modelo
é considerado bom e entre 0,5 e 0,54, satisfatório.
A análise de sensibilidade também é imprescindível para verificar se o modelo
está capturando, de forma correta, o comportamento dos processos hidrológicos
predominantes na bacia. Com essa análise demonstra-se a proximidade do valor calculado
em relação ao valor real do parâmetro hidrológico pesquisado.
Outro aspecto a ser mencionado é que a análise de sensibilidade é extremamente
dependente da estatística de precisão utilizada para quantificar a sensibilidade, ou seja, o
CNS certamente sofrerá mais influência de parâmetros vinculados ao escoamento
superficial direto (ANDRADE, 2013).

16
3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

O local de desenvolvimento deste trabalho foi a Bacia Hidrográfica Experimental


do Córrego Glória (Figura 1). Localizada geograficamente a nordeste do município de
Uberlândia-MG, a bacia em estudo apresenta uma área total de 8,27 km2, medida até a
seção de controle da bacia. Com uma altitude máxima de 940 metros, o Córrego do Glória
é um dos afluentes da margem direita do Rio Uberabinha, um dos principais afluentes do
Rio Araguari (OLIVEIRA,2006).
O clima da região é classificado de acordo com Köppen como Aw, verão chuvoso
e inverno seco. A temperatura média anual é de 22,3 ºC e as precipitações apresentam
uma média de 1570 mm, com cerca de 120 dias de chuva por ano. A estação chuvosa tem
de cinco a seis meses de duração (OLIVEIRA, 2006).

Figura 1 - Mapa ilustrando a localização da Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego


Glória, com as estações pluviométrica e fluviométrica

17
3.2 Material cartográfico e imagem de satélite

Para a caracterização do uso e ocupação do solo na bacia foi utilizada imagens


multiespectrais de satélite com resolução mínima de 30 m, a partir dos dados do Shuttle
Radar Topography Mission (SRTM). Concomitantemente, foram obtidas verdades de
campo, por meio de dispositivos GPS modelo eTrex Vista HCx, as quais possibilitaram
a estratificação dos diversos usos do solo. Para a interpolação, e consequentemente a
obtenção dessas informações, foi utilizado o software de Sistema de Informação
Geográfica (SIG) Qgis 2.8. Após esses estudos, a área, a elevação e o uso do solo da Bacia
Hidrográfica Experimental do Córrego Glória foi conhecida com maior detalhamento.
Atualmente o uso e ocupação do solo dessa bacia é bastante diversificado,
apresentando área urbanizada, área com culturas anuais de milho e soja e também
pastagem de Brachiaria brizanta, matas de galeria, vegetação rasteira e obras públicas
rodoviárias como a BR-050, além de possuir o campus da Universidade Federal de
Uberlândia, com instalações de prédios e ruas (Figura 2).

Figura 2 - Mapa ilustrando o uso do solo da Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego


Glória, no ano de 2015

18
3.3 Calibração do sensor de medida do nível de água do Córrego Glória

O instrumento utilizado para o monitoramento automático do nível da água na


seção de controle da bacia experimental foi um transdutor de pressão, marca Keller AG®,
modelo DCX-22 AA, do tipo absoluto, com barômetro e coletor de dados (datalogger)
integrados (Figura 3).

Figura 3 - Sensor utilizado no monitoramento do nível de água do Córrego Glória

No Laboratório de Hidrologia – HIDRO, da Universidade Federal de Uberlândia,


foi construído um simulador de nível da água, para conferir a calibração do instrumento
e simular diversas situações de elevação e abaixamento do nível de água do córrego. Para
realizar esse experimento, utilizou-se dois tubos de PVC, mangueira conectada a uma
torneira, régua linimétrica para visualizar a altura da água e o sensor com o datalogger
que estava inserido dentro do tubo (Figura 4).
Ao ligar a torneira, a água entrava no tubo e o conjunto sensor + datalogger
registrava a altura. Assim era possível verificar se o equipamento estava registrando a
mesma altura observada na régua instalada na parte externa do tubo. Também era possível
controlar a velocidade da água, abrindo mais ou menos a torneira e observando o
comportamento do instrumento. Essa etapa permitiu verificar o comportamento do
conjunto sensor + datalogger, bem como todo o processo de programação e extração dos
dados coletados antes da instalação no campo.

19
Figura 4 - Figura A: representa o simulador de nível de água. Figura B: detalhe da régua
linimétrica. Figura C: detalhe da conexão da mangueira com o tubo. Figura D:
detalhe do datalogger conectado ao computador

A B

C D
D

3.4 Instalação do sensor de nível de água na seção de controle

O local escolhido para a instalação da seção de controle fica a cerca de 1840


metros a montante da represa da Fazenda Experimental do Glória, na latitude
18°58'18.32" S e longitude 48°12'36.92" O.
Para instalação da estação fluviométrica no Córrego Glória foi escolhido o local
que atendeu aos critérios técnicos e de segurança, listados em Tucci et al. (2014) (Figura
5). Para a instalação do linígrafo foram utilizados dois tubos de PVC de 75 milímetros,
os quais foram conectados por meio de uma curva (joelho) de 90º. Um dos tubos ficou
submerso no leito do córrego e o outro fixo na parede, como detalhado na Figura 6. No
tubo submerso foram feitos orifícios, com auxílio de uma serra copo, para que a água
entrasse no tubo e possibilitasse que o linígrafo verificasse variações do nível da água.
Em seguida uma manta geotêxtil, própria para drenagem, foi envolvida no tubo perfurado,

20
com o objetivo de impedir a entrada de sólidos grosseiros como areia e folhas, os quais
poderiam alterar os valores lidos pelo linígrafo (Figura 6).

Figura 5 - Imagem da seção de controle do Córrego Glória, ilustrando o tubo de PVC


onde o linígrafo foi instalado (a direita) e a vigota de madeira onde a régua
linimétrica será instalada (a esquerda)

Figura 6 - Imagens ilustrando o tubo de PVC fixo na margem do córrego (A); e o tubo de
PVC com a manta de drenagem envolvida na parte submersa do mesmo (B)

A B

Após a fixação do tubo na margem do córrego, o sensor de nível de água foi


inserido dentro do mesmo na vertical. Na parte superior do tubo de PVC foi anexada uma
redução de modo que uma mangueira corrugada desse acesso até a caixa selada, onde o
datalogger foi instalado (Figura 7). Essa mangueira corrugada forneceu proteção ao cabo
que liga o sensor de nível ao datalogger. Neste trabalho, o intervalo de leitura do nível da

21
água do córrego foi de um segundo, com gravação da média das leituras a cada cinco
minutos.

Figura 7 - Imagens ilustrando a mangueira corrugada (A), a caixa selada (B) e o


posicionamento do data logger na caixa de proteção selada (C)

A B C

A estação linimétrica foi cercada para garantir a segurança do datalogger,


mantendo-o longe de animais, vandalismo e assim evitando possíveis danos (Figura 8).
Como o sensor de nível de água está 7,1 cm acima do fundo do córrego, foi necessário
acrescentar essa medida nas mensurações do nível da água. O sensor de nível de água
utilizado neste trabalho faz uma leitura de altura de água (em centímetros) a cada segundo
e o datalogger, foi programado para armazenar uma leitura média a cada 5 minutos.

Figura 8 - Estação linimétrica instalada na seção de controle da Bacia Hidrográfica


Experimental do Córrego Glória

22
3.5 Obtenção da curva chave na seção de controle da Bacia Hidrográfica
Experimental do Córrego Glória

Após a completa instalação do equipamento foram feitas sete medições de


velocidade da água com micromolinete fluviométrico MCN-1 da JCTM. As
campanhas/mensurações foram feitas em datas distintas (Tabela 1), para a determinação
da vazão no Córrego Glória. Para isso, foram obtidas as profundidades em intervalos de
0,2 metros a partir da margem direita do córrego (Figura 9). Nas extremidades da calha,
devido à baixa velocidade da água, esta regra não pôde ser seguida, motivo pelo qual se
observam na Figura 9 valores como 0,60 m (margem direita) e 0,35 m (margem esquerda).
Para cada intervalo de 0,2 metros foram feitas duas medidas de velocidade, sendo uma a
80% e outra a 20% de profundidade, medida a partir da superfície da água. Após a
obtenção dos valores de profundidade e velocidade da água em cada trecho do córrego,
foi possível calcular a vazão conforme Tucci et al. (2014). Os valores calculados de vazão
para o córrego Glória na seção de controle da bacia hidrográfica, bem como a cota
correspondente, estão apresentados na Tabela 1.

Figura 9 - Detalhamento da divisão da calha do córrego adotada na seção de controle da


Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória, para a obtenção da vazão

V0 = velocidade da água na margem direita,


considerada nula;
Vm1,2... = velocidade média na seção 1, 2... e
sucessivamente;
V1,2... = velocidade no ponto 1, 2... e sucessivamente;
A1,2... = área da seção 1, 2... e sucessivamente;
Todas as medidas apresentadas estão em metros.

23
Tabela 1 - Valores de vazão e cota obtidos na seção de controle da Bacia hidrográfica
Experimental do Córrego Glória, nas campanhas de obtenção da curva chave

Data Vazão (L s-1) Altura (m)


22/10/2015 86,4 0,22
04/11/2015 117,7 0,25
17/11/2015 160,5 0,28
16/12/2015 122,3 0,25
16/02/2016 156,3 0,28
15/03/2016 181,5 0,28
05/04/2016 145,62 0,26

Após obter a vazão da seção de controle, esta foi correlacionada com o nível da
água (cota) para a obtenção da curva chave do córrego Glória. A equação da curva chave
foi estimada no software SigmaPlot® 12.0. Ainda por meio deste aplicativo
computacional, foram calculados o coeficiente de determinação (R2), o erro padrão da
estimativa (EPE), o teste F da equação de regressão e o teste t dos coeficientes da equação.
Além disso, ainda por meio do citado software, a normalidade dos resíduos do modelo
foi avaliada pelo teste de Shapiro Wilk. Todas estas estatísticas foram calculadas
considerando um nível de probabilidade de 5%.

3.6 Dados pluviométricos da Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego


Glória

Os dados de chuva foram coletados na Estação Meteorológica do Setor de


Irrigação, pertencente à Universidade Federal de Uberlândia (Figura 10). Além da chuva,
esta monitora também, a temperatura e a umidade relativa do ar, a velocidade e a direção
do vento e a radiação solar global. A estação está localizada na latitude 18° 57' 38,11" S
e longitude 48° 12' 16,96" O (Figura 1). Para o presente trabalho foi iniciada a captação
de dados pluviométricos em intervalos de 5 minutos, a partir do dia 23 de outubro de
2015.

24
Figura 10 - Estação meteorológica do instalada na Bacia Hidrográfica Experimental do
Córrego Glória

3.7 Estimativa do escoamento superficial

A separação do escoamento superficial do escoamento subterrâneo foi feita a


partir da determinação, em cada hidrograma, dos pontos A e C. O ponto A é de
determinação mais simples, pois corresponde a uma mudança brusca na inclinação da
curva de escoamento, ou seja, é onde o hidrograma começa a ter sua ascensão. Por outro
lado, o ponto C é mais difícil de ser determinado, pois é onde ocorre a queda do
hidrograma, ou seja, a vazão do rio começa a se estabilizar, como pode ser observado na
figura 12. Neste trabalho, a obtenção do ponto C foi determinada na planilha de dados de
vazão, por meio da divisão da vazão seguinte pela anterior, com o objetivo de encontrar
um valor fixo dessa divisão. Quando esse valor era encontrado, adotava-se a vazão e o
tempo imediatamente anterior como sendo aquele do ponto C.
O escoamento superficial direto foi obtido por meio da regra dos trapézios, que
consiste basicamente em multiplicar a vazão em cada instante pelo intervalo de tempo
entre as medições (5 minutos). Consiste em subdividir a área do hidrograma em
retângulos, nesse caso especifico, retângulos de altura igual a vazão e largura igual ao

25
intervalo de tempo entre as medições (Figura 11). Essa metodologia está descrita Mello
e Silva (2013).

Figura 11 - Procedimento linear para separação do escoamento superficial direto


(MELLO e SILVA, 2013)

Qsb1

Neste trabalho, para a separação dos escoamentos superficial direto e subterrâneo


foi realizada uma aproximação linear entre os pontos A e C, dada pela reta AC. Após isso,
foi calculada a inclinação da reta AC por meio da Equação 3.

(QC-QA)
m = tg(β) = (TC-TA)
[Eq. 3]

Onde:
m = inclinação da reta AC, em L s-2;
QC = vazão no ponto C, em L s-1;
QA = vazão no ponto A, em L s-1;
TC = tempo no ponto C, em segundos;
TA = tempo no ponto A, em segundos.
Após isso, foi calculado o valor a ser adicionado como incremento da vazão, para
o intervalo de tempo das vazões (neste trabalho foi considerado 5 min. = 300 segundos),
conforme detalhado na Equação 4.

J = m∙ΔT [Eq.4]

26
Onde:
J = valor a ser incrementado às vazões do escoamento base a partir de QA, em L s-1;
ΔT = intervalo de tempo entre as vazões coletadas, 300 segundos.
Sendo assim, o J será o valor acrescentado às vazões do escoamento base a partir
de QA. As vazões subterrâneas foram calculadas a partir de J conforme detalhado na
Equação 5.

QSB1 = QA+J; QSB2 = QSB1 +J; QSB3 = QSB2 +J … [Eq.5]

Onde:

QSB1,2... = vazão subterrânea nos tempos 1, 2 e sucessivamente, L s-1.

As vazões equivalentes ao escoamento superficial direto foram calculadas pela


diferença entre a vazão total e a respectiva vazão subterrânea, conforme explicitado na
Equação 6.

QS1 = Q1-QSB1 ; QS2 = Q2-QSB2 ; QS3 = Q3-QSB3 … [Eq. 6]

Onde:

QS1,2... = vazão superficial direta nos tempos 1, 2 e sucessivamente, em L s-1;

Q1,2... = vazão medida pelo linígrafo nos tempos 1, 2 e sucessivamente, em L s-1.

Por fim, fazendo-se o somatório das vazões superficiais e multiplicando-se pelo


intervalo de tempo, tem-se o volume do escoamento superficial direto, conforme
explicitado na Equação 7.

ESD = ∑N
i=1 (QS1 ∙ ΔT) [Eq. 7]

Onde:
ESD = volume do escoamento superficial direto, em litros;
N = número de vazões que compõe o escoamento superficial direto;
Qsi = vazões provenientes da contribuição do escoamento superficial direto, em L s-1;
ΔT = intervalo de tempo entre as vazões coletadas, em segundos.

27
3.8 Determinação da precipitação efetiva

A precipitação efetiva é a fração da precipitação total que contribuiu para a vazão


do rio, ou seja, a vazão que realmente escoou pela bacia e chegou até a seção de controle.
A precipitação total representa o total de chuva que caiu na bacia. Porém nem toda chuva
contribuiu para a vazão do rio, uma parte dela é perdida por infiltração e depressões no
solo, interceptação vegetal, evapotranspiração etc. Assim, no cálculo da precipitação
efetiva foi necessário descontar, da precipitação total, a parcela que foi perdida, a qual
não influenciou a vazão do rio.
Neste trabalho, consideraram-se insignificantes as parcelas da precipitação
evapotranspirada e interceptada pela vegetação, durante e após a chuva. Sendo assim, foi
considerado relevante somente a parcela da chuva que foi infiltrada ou retida nas
depressões do solo. A partir desta consideração, foi necessário calcular esse volume de
água, o qual foi estimado pelo método do índice ϕ (Equação 8), conforme detalhado em
Tucci et al. (2014).

Pt - ESD
ϕ= [Eq.8]
No

Onde:
ϕ = taxa de retenção média no solo da bacia hidrográfica, em mm;
ESD = escoamento superficial direto na bacia hidrográfica, em mm;
Pt = precipitação total na bacia hidrográfica, em mm;
No = número de ocorrências.
Sendo assim, considerou-se neste trabalho que a taxa de absorção máxima de água
pelo solo é igual ao valor de ϕ. Se a precipitação num dado intervalo de tempo fosse maior
que ϕ, considerou-se que essa quantidade de água contribuiu para o escoamento
superficial. Porém, se no intervalo subsequente a precipitação fosse menor que ϕ, essa
quantidade de água não absorvida anteriormente, poderia ser absorvida nesse intervalo de
tempo.
Para determinar o tempo em que a precipitação efetiva ocorreu, foi desenvolvida
a seguinte metodologia:

a. Etapa 1

Calcular o valor a diferença entre a precipitação total e o índice ϕ, fazendo: Pt - ϕ.

28
Após isso, definiu-se que os tempos que possuem excessos, ocorrem onde Pt – ϕ é maior
que zero, ou seja, a água escoa nesse intervalo de tempo, pois a precipitação é maior que
a capacidade de absorção do solo. Essa etapa está explicitada na Equação 9.

Ep = Pt i - ϕ se Pt i - ϕ > 0 [Eq.9]

Onde:
Ep = excesso da precipitação, em mm;
Pti = precipitação total no intervalo de tempo i , em mm;
Por outro lado, definiu-se como bônus de absorção de água pelo solo, os intervalos
de tempo onde a água não escoaria, pois, a precipitação naquele intervalo de tempo foi
menor que a capacidade de infiltração do solo. Neste caso, considerou-se que a água iria
infiltrar no solo. A Equação 10 representa matematicamente este processo.

Bo = Pti - ϕ se Pti - ϕ < 0 [Eq.10]

Onde:
Bo = bônus de absorção de água pelo solo, em mm;

b. Etapa 2
Nesta etapa, calculou-se o bônus médio em relação ao número de excessos da
precipitação. Para isso, somou-se os bônus e dividiu-se pelo número de eventos de
precipitação onde ocorreram excessos. A Equação 11 explicita matematicamente esta
etapa.

∑Bo
Bom = [Eq.11]
NEp

Onde:
Bom = bônus de absorção de água pelo solo médio, em mm;
NEp = número de excessos da precipitação.

c. Etapa 3
Nesta etapa, os bônus de absorção de água pelo solo médio foram distribuídos nos
eventos que apresentaram excessos.

29
d. Etapa 4
Neste ponto, foram repetidas as etapas 2 e 3 sucessivamente, até acabarem os
bônus. Ao final, a somatória dos excessos foi considerada como a precipitação efetiva.

3.9 Estimativa do tempo de concentração por meio de hidrogramas

Para determinar o tempo de concentração por meio do estudo de hidrogramas é


necessário entender a sua configuração. Ele é caracterizado por três partes principais:
região de ascensão, de pico e recessão. A região de ascensão está diretamente relacionada
com a intensidade de precipitação pelo forte gradiente gerado. A região de pico abrange
a área do valor máximo de vazão, marcada pelo final da fase de ascensão e início da fase
de recessão. A região de recessão é decorrente da redução da precipitação que é marcada
por um ponto de inflexão, tal ponto caracteriza o fim do escoamento superficial e início
do escoamento subterrâneo. O tempo de concentração é definido como o tempo
decorrente entre o fim da chuva efetiva e o fim do escoamento superficial (ponto C).
Neste trabalho, o ponto C foi determinado dividindo-se os últimos valores de
vazão, os quais pertencem apenas ao escoamento base, pelos valores anteriores, obtendo-
se um valor aproximadamente constante. Isto foi feito até que se encontrou um valor
consideravelmente diferente dos já obtidos, significando que um valor de vazão mais alto
foi atingido. O tempo decorrido entre o fim da chuva efetiva e a inflexão descendente
(ponto C) foi considerado como tempo de concentração. A Figura 12 ilustra a obtenção
do tempo de concentração em um hidrograma.

Figura 12 - Imagem ilustrando a definição do tempo de concentração (tc) por meio de um


hidrograma

Precipitação efetiva Escoamento superficial


1800 0
1600
tc
Precipitação (mm)

2
1400
1200 4
Q (L s-1)

1000
6
800
600 8
400
A C 10
200
0 12
14:57
15:07
15:17
15:27
15:37
15:47
15:52
15:57
16:02
16:07
16:12
16:17
16:22
16:27
16:32
16:37
16:42

Tempo (h:min)

30
3.10 Equações empíricas para estimativa do tempo de concentração

Todas as equações empíricas utilizadas neste trabalho para estimativa do tempo


de concentração foram extraídas de Silveira (2005). Este autor fez uma revisão de 23
equações, confrontando informações teóricas e a origem da fórmula, obtendo assim um
desempenho para cada equação analisada, tanto para bacias rurais como para urbanas.
Neste trabalho, optou-se por avaliar as equações originalmente desenvolvidas para
áreas urbanas e rurais, indistintamente, por que a Bacia Hidrográfica Experimental do
Córrego Glória se apresenta parcialmente urbanizada, conforme visualiza-se na Figura 2.
Além disso, desconsiderou-se propositalmente o fato de que algumas equações terem sido
geradas para bacia hidrográficas com áreas muito maiores do que aquela verificada nesta
bacia. Essa ação pode ser justificada pela intensão de verificar se o efeito de área se
perpetua na bacia ora em estudo.

3.10.1 Equação de Carter

tc = 0,0977∙L0,6 ∙S-0,3 [Eq. 12]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S= declividade medida pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

3.10.2 Equação de Corps Engineers

tc = 0,191∙L0,76 ∙S-0,19 [Eq. 13]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade medida pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

31
3.10.3 Equação de Desbordes

tc = 0,0869∙A0,3039 ∙S-0,3832 ∙Aimp-0,4523 [Eq. 14]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
A = área da bacia hidrográfica, em km2;
S= declividade obtida pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do percurso,
em m m-1;
Aimp = fração de área impermeável, adimensional.

3.10.4 Equação de DNOS

tc = 0,419∙k-1 ∙A0,3 ∙L0,2 ∙S-0,4 [Eq. 15]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
k = índice que representa as características do terreno da bacia, adimensional;
A = área da bacia hidrográfica, em km2;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = a declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

3.10.5 Equação de Dooge

tc = 0,365∙A0,41 ∙S-0,17 [Eq. 16]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
A = área da bacia hidrográfica, em km2;
S = declividade estimada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

32
3.10.6 Equação de Eagleson

tc = 0,274∙n∙R-0,67 ∙L∙S-0,5 [Eq.17]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
n’Manning = representa a rugosidade do curso d’água principal, em s m-1/3;
R = raio hidráulico do curso d’água principal, em m;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade estimada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

3.10.7 Equação de FAA

tc = 0,37∙(1,1 - Cm)∙L0,5 ∙S-0,333 [Eq.18]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
Cm = coeficiente de escoamento superficial médio, adimensional;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

3.10.8 Equação de George Ribeiro

tc= 0,222∙(1,05 - 0,2∙p)-1 ∙L∙S-0,04 [Eq.19]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
p = fração da área da bacia hidrográfica com mata, adimensional;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

33
3.10.9 Equação de Giandotti

tc = 0,0559∙(4∙A0,5 + 1,5∙L)∙L-0,5 ∙S-0,5 [Eq.20]

Onde:
tc = tempo de concentração, em minutos;
A = área da bacia hidrográfica, em km2;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

3.10.10 Equação de Izzard

i
tc = 85,5∙ (36286 + Cr) ∙i-0,667 ∙L0,33 ∙S-0,333 [Eq.21]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
i = intensidade da chuva, em mm h-1;
Cr = coeficiente que considera a superfície da bacia, adimensional;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

3.10.11 Equação de Johnstone

tc = 0,462∙L0,5 ∙S-0,25 [Eq.22]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

34
3.10.12 Equação de Kerby-Hathaway

tc = 0,619∙N0,47 ∙L0,47 ∙S-0,235 [Eq.23]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
N = característica da superfície, adimensional;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

3.10.13 Equação de Kirpich

tc = 0,0663∙L0,77 ∙S-0,385 [Eq.24]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

3.10.14 Equação de McCuen

tc = 2,25∙i-0,7164 ∙L0,5552 ∙S-0,2070 [Eq.25]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
i = intensidade da chuva, em mm h-1;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

3.10.15 Equação de Onda Cinemática

tc = 7,35∙n0,6 ∙i-0,4 ∙L0,6 ∙S-0,3 [Eq.26]

35
Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
n’Manning = representa a rugosidade do curso d’água principal, em s m-1/3;
i = intensidade da chuva na bacia hidrográfica, em mm h-1;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

3.10.16 Equação de Pasini

tc = 0,107∙A0,333 ∙L0,333 ∙S-0,5 [Eq.27]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
A = área da bacia hidrográfica, em km2;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m/m.

3.10.17 Equação de Picking

tc = 0,0883∙L0,667 ∙S-0,333 [Eq.28]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

3.10.18 Equação de Schaake et al.

tc = 0,0828∙L0,24 ∙S-0,16 ∙Aimp-0,26 [Eq.29]

Onde:

36
tc = tempo de concentração, em min;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.
Aimp = fração de área impermeável, adimensional.

3.10.19 Equação de SCS Lag

1000
tc= 0,057 (CNm-9) 0,7∙L0,8 ∙S-0,5 [Eq.30]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
CNm = curva número médio da bacia hidrográfica, adimensional;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

3.10.20 Equação de Simas-Hawkins

tc = 0,322∙A0,594 ∙L-0,594 ∙S-0,150 ∙Sscs0,313 [Eq.31]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
A = área da bacia hidrográfica, em km2;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1;
Sscs = armazenamento de água no solo pelo método do Soil Conservation Service (SCS,
1986), em mm.

3.10.21 Equação de Ven te Chow

tc = 0,160∙L0,64 ∙S-0,32 [Eq.32]

37
Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
L = comprimento do curso d’água principal, em km;
S = declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

3.10.22 Equação de Ventura

tc = 0,127∙A0,5 ∙S-0,5 [Eq.33]

Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
A = área da bacia hidrográfica, em km2;
S = a declividade avaliada pela razão entre o desnível máximo e o comprimento L do
percurso, em m m-1.

3.11 Parâmetros utilizados nas equações empíricas

As equações utilizadas neste trabalho apresentam diversas variáveis descritas


pelos autores, as quais tem suas magnitudes elencadas na Tabela 2. As variáveis Cr, k, N
e n são todos valores tabelados de acordo com as características da bacia hidrográfica na
qual serão aplicados.
No que diz respeito às variáveis A, S e L, as suas magnitudes foram obtidas por
meio do software de sistema de informação geográfica Qgis 2.8. O parâmetro Sscs foi
calculado por meio da Equação 34, descrita pelo Soil Cconservation Service (SCS, 1986).

25400
Sscs = - 254 [Eq.34]
CNm

A variável Cr da equação de Izzard, foi assumida neste trabalho como sendo 0,05.
Este, representa um valor médio entre aqueles indicados para gramado aparado e a leivas
de grama densa. O parâmetro k da equação de DNOS, foi adotado como sendo 4,0, pois,
dentre as opções possíveis para este parâmetro, a descrição do solo como argiloso, coberto
de vegetação e com absorção média, pareceu a mais adequada para a bacia hidrográfica
ora estudada. O N da equação de Kerby-Hathaway foi adotado como sendo 0,2, um valor
intermediário entre o pavimento alisado e a cobertura com grama.

38
Tabela 2 - Parâmetros fixos utilizados nas equações empíricas, suas unidades e
magnitudes, bem como a forma/local de obtenção dos mesmos

Parâmetro Unidade Valor Fonte


Área da bacia (A) km2 8,27 Bacia hidrográfica
Declividade (S) m m-1 0,03 Bacia hidrográfica
Comprimento do rio (L) km 2,69 Bacia hidrográfica
Cr - 0,05 Silveira (2005)
k - 4,00 Silveira (2005)
N - 0,20 Silveira (2005)
Sscs - 112,57 Calculado
n (coeficiente de Azevedo Netto et al.
- 0,035
Manning) (1998)
Aimp - 0,50 Silveira (2005)
p - 0,50 Silveira (2005)
CNm - 69,29 SCS (1986)
Genovez apud Mello e
Cm - 0,44
Silva (2013)

O valor do coeficiente de Manning (n), foi adotado como sendo 0,035. Esta
assunção foi feita considerando que os canais da bacia hidrográfica apresentam
coberturam com cascalhos e vegetação.
O parâmetro Aimp utilizado nas equações de Schaake et al. e Desbordes, assim
como a variável p, utilizada na equação do George Ribeiro, foram considerados como
sendo 0,5. Este é um valor intermediário entre o valor 1 (cobertura com mata) e o zero
(área urbana, impermeável).
O CN foi obtido de acordo com as recomendações contidas em USDA (1986),
considerando o tipo de cobertura do solo e o grupo hidrológico a que este solo pertence.
Na Tabela 3 estão compilados os tipos de coberturas dos solos verificados na Bacia
Hidrográfica Experimental do Córrego Glória, os grupos hidrológicos a quem estes solos
pertencem, o respectivo número da curva (CN), a área ocupada com tais coberturas, e o
valor médio do número da curva (CNm = 69,28) calculado para citada bacia, conforme
Equação 35.

j
∑i=1 CNi∙Ai
CNm = ∑ Ai
[Eq.35]

39
Onde:
CNm = curva número média da bacia hidrográfica, adimensional;
CNi = curva número do tipo de solo i, adimensional;
Ai = área ocupada com o tipo de solo i, km2;
i e j = grandesas de posição da somatória.

O Cm da equação de FAA, foi obtido para cada tipo de cobertura e declividade do


solo, considerando um tempo de retorno de 2 anos, de acordo com o citado por Genovez
apud Mello e Silva (2013). O valor Cm foi estimado, por meio da Equação 36, em 0,44,
a partir dos valores individuais de C para cada tipo de cobertura e declividade do solo.

j
∑i=1 Ci∙Ai
Cm = ∑ Ai
[Eq.36]

Onde:
Cm = coeficiente de escoamento superficial médio da bacia hidrográfica, adimensional;
Ci = coeficiente de escoamento superficial da área i, adimensional;
Ai = área i, km2;
i e j = grandezas de posição da somatória.

40
Tabela 3 - Tipos de coberturas e grupos de solos verificados na Bacia Hidrográfica
Experimental do Córrego Glória

Uso e ocupação do solo Grupo de Solo CN Área (km2)


Área Urbana Pavimentada A 77 0,92
Área Urbana não
A 61 0,61
pavimentada
Mata Ciliar B 55 0,57
Cerrado em Regeneração B 73 0,19
Área de Várzea D 50 0,22
Área gramada com árvores
B 48 0,27
espaçadas – boas condições
Área gramada com árvores
B 67 0,30
espaçadas – más condições
Pastagem B 61 0,80
Pastagem Degradada B 79 0,38
Cultura Perene B 71 0,34
Cultura Anual B 71 1,83
Espaços abertos – más
B 79 0,20
condições
Espaços abertos – condições
B 69 0,74
razoáveis
Espaços abertos – boas
B 61 0,24
condições
Áreas impermeáveis B 98 0,22
Canteiro central B 79 0,01
Estradas pavimentadas B 98 0,20
Estradas rurais B 85 0,11
Lagos e Represas B 100 0,04
Média 69,28
Total 8,27

41
3.12 Análise estatística

A metodologia utilizada para avaliar o desempenho de 22 equações empíricas foi


dos erros absolutos e relativo, conforme explicitado nas Equações 37 e 38,
respectivamente. O erro relativo é dado pela razão do erro absoluto pelo valor mais
verdadeiro ou provável, expresso em porcentagem.

EA = tccalc - tcobs [Eq.37]

EA
ER = tc ⋅100 [Eq.38]
obs

Onde:
EA = erro absoluto, em min.;
ER = erro relativo, em %;
tcobs = tempo de concentração observado (tido como verdadeiro), obtido no hidrograma,
em min.;
tccalc = tempo de concentração calculado por meio das equações empíricas, em min..

3.13 Equação empírica para a Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego


Glória

A equação empírica para a Bacia Hidrográfica do Córrego Glória foi estimada a


partir de doze hidrogramas, dos dezessete obtidos no período de 31/10/2016 a 26/05/2016.
Neste trabalho, as variáveis independentes testadas na construção do modelo matemático
foram todas relacionadas à precipitação que ocorreu na bacia hidrográfica, como
precipitação total, precipitação efetiva, intensidade da precipitação total e intensidade da
precipitação efetiva.
É importante ressaltar que as precipitações aqui elencadas foram aquelas
observadas durante o escoamento superficial, ou seja, aquelas geradoras dos hidrogramas.
Além dessa observação, outra de grande relevância, se refere ao motivo de não haver sido
avaliado no modelo matemático as características fisiográficas da bacia hidrográfica,
como comprimento e declividade do curso d’água principal, declividade da bacia
hidrográfica, coeficiente de escoamento, curva número etc. A explicação para isso se
ancora no fato de que somente uma bacia hidrográfica está sendo avaliada, o que não

42
permitiria que tais características contribuíssem no citado modelo, uma vez que os valores
seriam fixos, não havendo, portanto, variação.
No processo de geração da equação matemática diversos modelos de regressão
foram testados, a partir do comportamento dos tempos de concentração (verificados nos
doze hidrogramas) versus variáveis independentes. Diante disso, pôde-se avaliar os
modelos de regressão linear simples, linear múltiplo, quadrático de 2ª e 3ª grau e potencial
com 2 e 3 parâmetros, todos eles por meio do software estatístico SigmaPlot 12.0.
Os modelos matemáticos gerados foram submetidos aos testes estatísticos de F,
para avaliação da regressão (denominado de p-valor regres.); ao teste t, para avaliação
das constantes do modelo de regressão (denominado de p-valor coef. a e p-valor coef. b);
e ao teste de Shapiro-Wilk, para avaliação da normalidade dos resíduos da regressão. Em
todos esses testes, considerou-se 5% como nível de significância. Além disso, de cada
modelo gerado foram calculados o coeficiente de determinação (R2) e o erro padrão de
estimativa (EPE). Importa destacar que o modelo somente foi considerado adequado se
fosse aprovado em todos os testes estatísticos. Caso dois ou mais modelos de regressão
fossem aprovados, os critérios de escolha passariam a ser aquele com menor EPE, em
seguida maior R2 e, se ainda assim perdurasse a dúvida, aquele mais simples ou de mais
fácil utilização.
Uma vez escolhido o modelo de regressão, o mesmo teve sua eficiência avaliada
por meio do teste de Nash-Sutcliffe (Equação 39). Neste teste é calculado o coeficiente
de Nash-Sutcliffe (CNS) e, quanto mais próximo de 1 for este coeficiente, entende-se que
mais preciso é o modelo matemático gerado na estimativa do tc da bacia hidrográfica.

j
∑i-1 (tcobs - tcestm )2
CNS = 1- j 2 [Eq.39]
∑i=1 (tcobs - ̅̅̅̅̅̅̅̅
tcestm )

Onde:
CNS = coeficiente de Nash-Sutcliffe, adimensional;
tcestm = tempo de concentração médio, estimado por meio do modelo de regressão gerado
para a Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória, em min.;
tcestm = tempo de concentração estimado por meio do modelo de regressão gerado para a
Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória, em min..
O coeficiente de Nash-Sutcliffe é uma estatística normalizada que determina a
magnitude relativa da variância residual, em comparação com a variação dos dados
medidos ou observados. Neste trabalho, empregou-se a classificação de eficiência dos

43
modelos proposta por Gotschalk & Motoviloc (2000), apud Collischow (2001) e Viola
(2008), que designa a seguinte escala de valores: CNS = 1 indica ajuste perfeito do modelo;
CNS > 0,75 demonstra ajuste bom/adequado; e 0,36 < CNS < 0,75 para ajustes aceitáveis.
Para esta análise, foram utilizados os tempos de concentração, bem como as variáveis
independentes, extraídas de 5 hidrogramas, dos 17 obtidos neste trabalho.

44
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Curva chave do Córrego Glória

A curva chave do Córrego Glória foi obtida a partir de sete leituras de velocidade
e cota do manancial, no período de 22/10/2015 a 05/04/2016, conforme detalhado na
Tabela 1. A partir da velocidade da água e da seção molhada do córrego foi possível obter
a vazão, a qual tem seus valores versus cota plotados na Figura 12. Na citada figura estão
contidos também a equação da curva chave, o coeficiente de determinação (R2), o erro
padrão da estimativa (EPE), assim como os testes estatísticos da regressão e dos
coeficientes a e b do modelo de regressão.
Analisando a Figura 14, nota-se o bom ajuste do modelo de regressão, dado pelo
alto valor do R2 (0,93) e o baixo valor do EPE (9,31 L s-1). Além disso, o modelo de
regressão apresentado foi aprovado (p-valor abaixo de 0,05) em todos os testes
estatísticos impostos neste trabalho, como teste F da regressão, teste t dos coeficientes a
e b da regressão e o teste de Shapiro-Wilk (W).

Figura 14 - Curva chave do Córrego Glória. As letras Q e h representam, respectivamente,


a vazão e a cota
Q (L s-1)

EPE = 9,31 L s-1


p-valor regres. = 0,0005
p-valor coef. a (9,1574) = 0,0450
p-valor coef. b (0,1039) = 0,0007
p-valor W = 0,4129

h (cm)

45
4.2 Hidrogramas obtidos na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego
Glória

Neste trabalho foram selecionados os 17 hidrogramas mais característicos, ou seja,


aqueles onde a ascenção, o pico e a recessão apresentaram-se bem pronunciados. Para
todos os hidrogramas foram obtidos os tempos de concentração (tc), que representa o
tempo entre o fim da chuva efetiva e o ponto C, ou o final do período de recessão. Dos
17 hidrogramas, em 12 deles o tc estimado foi usado para a avaliação do desempenho de
22 equações empíricas, desenvolvidas para a estimativa do tempo de concentração. Além
disso, esses 12 tempos de concentração também foram usados na obtenção de um modelo
matemático capaz de estimar tc para a Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego
Glória em função de parâmetros relacionados à precipitação.
Na Tabela 4 estão compilados o horário do fim da chuva efetiva, o horário do
ponto C e a duração do tc dos 12 hidrogramas usados para a avaliação do desempenho
das equações empíricas, bem como para a obtenção do modelo matemático.

Tabela 4 - Horário relativo ao fim da chuva efetiva e ao ponto C, bem como a duração do
tempo de concentração (tc) e precipitação total (Pt), de 12 hidrogramas obtidos
neste trabalho

Tempo (h min)
Data do
hidrograma Fim da chuva
Ponto C Tc (min) Pt (mm)
efetiva
31/10/2015 12h 20min 13h 50min 90 12,4
03/11/2015 1h 50min 5h 50min 240 17,0
07/11/2015 14h 57min 16h 37min 100 5,6
06/12/2015 4h 2min 7h 32min 210 17,4
18/12/2015 15h 52min 18h 17min 145 4,2
20/12/2015 16h 17min 19h 27min 190 29,8
26/12/2015 13h 27min 15h 57min 150 13,6
28/12/2015 15h 22min 18h 32min 190 15,4
04/01/2016 5h 12min 8h 42min 210 19,6
19/01/2016 1h 27min 6h 47min 320 20,0
09/02/2016 19h 52min 21h 27min 95 15,2
29/02/2016 13h 2min 15h 7min 125 15,6

46
Os hidrogramas citados na Tabela 4 estão representados graficamente nas Figuras
de número 15 a 26. Nas citadas figuras, estão explicitados os resultados do escoamento
superficial, o qual representa a resposta da Bacia Hidrográfica do Córrego Glória à chuva
que gerou esse evento, ou seja, a chuva efetiva. Além disso, nesses hidrogramas é possível
visualizar os pontos A (início da ascenção do escoamento superficial) e C (fim do
escoamento superficial e continuação do escoamento de base).
Analisando o hidrograma ilustrado na Figura 16, nota-se que o formato do mesmo
não se apresenta de forma típica, como visualizado na Figura 15. Isso é decorrente da
duração da chuva que gerou o escoamento, a qual não ocorreu em bloco, mas sim se
perdurou por 2h e 15min, de forma distribuída nesse tempo, precipitando uma média de
0,63 mm a cada 5 minutos. Essa característica da chuva afetou o formato da região do
pico do hidrograma, o qual se apresentou de forma achatada, como um patamar e não
como um pico.
Não obstante, visualizam-se nas Figuras 19, 22, 23 e 26, a existência de dois picos
pronunciados em cada hidrograma. Essa situação pode ser atribuída à característica da
chuva que gerou esses hidrogramas. Infere-se que a chuva não tenha ocorrido igualmente
em toda a bacia hidrográfica, mas sim, que a mesma incidiu inicialmente e de maneira
mais intensa na porção oeste da bacia. Neste setor encontra-se a parte urbanizada e,
consequentemente, mais impermeabilizada da bacia hidrográfica (Figura 2), o que
favorece o rápido escoamento em detrimento da maior infiltração.
Além disso, uma verificação in loco na bacia hidrográfica, constatou-se que toda
a água pluvial da área urbanizada é direcionada para um bueiro que faz a travessia dessa
água por baixo da rodovia BR-050, a qual corta a bacia no sentido norte sul. Ao atravessar
a rodovia, esse bueiro descarrega toda a água no menor tributário da bacia hidrográfica
(em relação ao comprimento do seu talvegue), localizado próximo à seção de controle.
Esse tributário pode ser visualizado na Figura 1.
Nesse sentido, infere-se que a porção oeste da bacia pode, mais rapidamente do
que as demais, contribuir com o escoamento superficial, provocando o primeiro pico.
Com o avançar da chuva para o restante da bacia, as demais áreas passam a contribuir,
contudo mais atrasada, gerando o segundo e maior pico. Um outro fator que pode
contribuir para um maior atraso do segundo pico, se deve à represa oriunda de um
barramento instalado na bacia hidrográfica. Contudo, o efeito dessa represa no
retardamento do escoamento superifical é baixo, pois o vertedouro da mesma verte,
apesar de não ter sido medida, uma quantidade considerável de água o tempo todo.

47
Importa ressaltar também, que o único pluviômetro instalado na bacia hidrográfica
se localiza na porção leste da mesma. Apesar da bacia hidrográfica em questão possuir
uma área de apenas 8,27 km2, espera-se que haja interferência no escoamento superficial
da mesma, em função da variabilidade espacial da chuva, principalmente das chuvas
convectivas.

Figura 15 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória


no dia 31/10/2015

Hidrograma do dia 31/10/2015


Precipitação efetiva Escoamento superficial
1600 0,0
1400

Precipitação (mm)
1200 0,1
Q (L s -1)

1000
800 0,2
600
400 0,3
C
200 A
0 0,4
12:20
12:25
12:30
12:35
12:40
12:45
12:50
12:55
13:00
13:05
13:10
13:15
13:20
13:25
13:30
13:35
13:40
13:45
13:50
13:55
Tempo (h:min)

Figura 16 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória


no dia 03/11/2015

Hidrograma do dia 03/11/2015


Precipitação efetiva Escoamento superficial
1400 0,1
1200
Precipitação (mm)

0,2
1000
Q (L s -1)

800 0,3

600 0,4
400
C 0,5
200 A
0 0,6
1:50

2:10

2:30

2:50

3:10

3:30

3:50

4:10

4:30

4:50

5:10

5:30

5:50

6:05

Tempo (h:min)

48
Figura 17 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 07/11/2015

Hidrograma do dia 07/11/2015


Precipitação efetiva Escoamento superficial
1800 0,1
1600

Precipitação (mm)
1400 0,2
1200
Q (L s-1)

1000
0,3
800
600
400 0,4
200 A C
0 0,5
14:57
15:02
15:07
15:12
15:17
15:22
15:27
15:32
15:37
15:42
15:47
15:52
15:57
16:02
16:07
16:12
16:17
16:22
16:27
16:32
16:37
16:42
Tempo (h:min)

Figura 18 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória


no dia 06/12/2015

Hidrograma do dia 06/12/2015


Precipitação efetiva Escoamento superficial
1200 0,1

1000 0,2
Precipitação (mm)

0,3
800
Q (L s-1)

0,4
600
0,5
400 C 0,6
200 0,7
A
0 0,8
2:37
2:52
3:07
3:22
3:37
3:52
4:07
4:22
4:37
4:52
5:07
5:22
5:37
5:52
6:07
6:22
6:37
6:52
7:07
7:22
7:37
7:52

Tempo (h:min)

49
Figura 19 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 18/12/2015

Hidrograma do dia 18/12/2015


Precipitação efetiva Escoamento superficial
4000 0,1
3500 0,2

Precipitação (mm)
3000 0,3
Q (L s-1)

2500 0,4
2000 0,5
1500 0,6
1000 0,7
500 A C 0,8
0 0,9
15:52
16:02
16:12
16:22
16:32
16:42
16:52
17:02
17:12
17:22
17:32
17:42
17:52
18:02
18:12
18:22
18:32
Tempo (h:min)

Figura 20 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória


no dia 20/12/2015

Hidrograma do dia 20/12/2015


Precipitação efetiva Escoamento superficial
18000 1,0
16000
Precipitação (mm)

2,0
14000
12000 3,0
Q (L s-1)

10000
4,0
8000
6000 5,0
4000
C 6,0
2000
A
0 7,0
16:17
16:27
16:37
16:47
16:57
17:07
17:17
17:27
17:37
17:47
17:57
18:07
18:17
18:27
18:37
18:47
18:57
19:07
19:17
19:27
19:37
19:47

Tempo (h:min)

50
Figura 21 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 26/12/2015

Hidrograma do dia 26/12/2015


Precipitação efetiva Escoamento superficial
2500 0,1

Precipitação (mm)
2000
0,2
Q (L s-1)

1500
0,3
1000
C
0,4
500
A
0 0,5
13:27
13:37
13:47
13:57
14:07
14:17
14:27
14:37
14:47
14:57
15:07
15:17
15:27
15:37
15:47
15:57
Tempo (h:min)

Figura 22 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória


no dia 28/12/2015

Hidrograma do dia 28/12/2015


Precipitação efetiva Escoamento superficial
1000 0,1
900
Precipitação (mm)

800
0,2
700
Q (L s -1)

600
500 0,3
400
300
C
0,4
200 A
100
0 0,5
15:22
15:32
15:42
15:52
16:02
16:12
16:22
16:32
16:42
16:52
17:02
17:12
17:22
17:32
17:42
17:52
18:02
18:12
18:22
18:32
18:42
18:52

Tempo (h:min)

51
Figura 23 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 04/01/2016

Hidrograma do dia 04/01/2016


Precipitação efetiva Escoamento superficial
2500 0,1
0,2

Precipitação (mm)
2000
0,3
Q (L s -1)

1500 0,4
0,5
1000 0,6
C 0,7
500
A 0,8
0 0,9
5:12
5:22
5:32
5:42
5:52
6:02
6:12
6:22
6:32
6:42
6:52
7:02
7:12
7:22
7:32
7:42
7:52
8:02
8:12
8:22
8:32
8:42
8:52
9:02
Tempo (h:min)

Figura 24 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória


no dia 19/01/2016

Hidrograma do dia 19/01/2016


Precipitação efetiva Escoamento superficial
8000 1,0
7000
Precipitação (mm)

6000 2,0
Q (L s -1)

5000
4000 3,0
3000
2000 4,0
1000 A C
0 5,0
1:27
1:42
1:57
2:12
2:27
2:42
2:57
3:12
3:27
3:42
3:57
4:12
4:27
4:42
4:57
5:12
5:27
5:42
5:57
6:12
6:27
6:42
6:57

Tempo (h:min)

52
Figura 25 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória
no dia 09/02/2016

Hidrograma do dia 09/02/2016


Precipitação efetiva Escoamento superficial
2500 0,1

Precipitação (mm)
2000
0,2
Q (L s -1)

1500
0,3
1000
C
0,4
500
A
0 0,5
19:52
19:57
20:02
20:07
20:12
20:17
20:22
20:27
20:32
20:37
20:42
20:47
20:52
20:57
21:02
21:07
21:12
21:17
21:22
21:27
21:32
21:37
21:42
21:47
Tempo (h:min)

Figura 26 - Hidrograma obtido na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória


no dia 29/02/2016

Hidrograma do dia 29/02/2016


Precipitação efetiva Escoamento superficial
1800 0,1
1600
Precipitação (mm)

1400 0,2
1200
Q (L s -1)

0,3
1000
800
0,4
600 C
400 0,5
200
A
0 0,6
13:02
13:12
13:22
13:32
13:42
13:52
14:02
14:12
14:22
14:32
14:42
14:52
15:02
15:12
15:22

Tempo (h:min)

53
4.3 Resultados do tempo de concentração utilizando hidrogramas

A partir dos doze hidrogramas (Figuras 15 a 26) foi possível extrair os tempos de
concentração expostos na Tabela 5. Nesta tabela estão explicitados também, as
precipitações total e efetiva, bem como seus respectivos tempos de duração, obtidos em
cada hidrograma.

Tabela 5 - Resultados dos tempos de concentração (tc), das precipitações total (Pt) e
efetiva (Pef) e dos tempos de duração das precipitações total (tPt) e efetiva
(tPef), obtidas na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória, no
período de 31/10/2015 a 29/02/2016

Data do tc Pt tPt Pef tPef


hidrograma (min) (mm) (min) (mm) (min)
31/10/2015 90 12,4 20 0,1 5
03/11/2015 240 17,0 130 0,6 5
07/11/2015 100 5,6 10 0,1 5
06/12/2015 210 17,4 215 0,6 20
18/12/2105 145 4,2 40 0,9 15
20/12/2015 190 29,8 155 6,2 25
26/12/2015 150 13,6 100 0,3 10
28/12/2015 190 15,4 30 0,3 5
04/01/2016 210 19,6 105 0,8 10
19/01/2016 320 20,0 195 3,1 15
09/02/2016 95 15,2 40 0,2 10
29/02/2016 125 15,6 70 0,5 10
Média 172 … … … …
0,73 0,80 0,71 0,33
Correlação de Spearman1 (p-valor = (p-valor = (p-valor = (p-valor =
0,0090) 0,0004) 0,0054) 0,2840)
Nota: 1 Coeficiente de correlação de postos de Spearman em relação ao tc (p-valor abaixo
de 0,05 indica que a correlação encontrada foi significativa pelo teste t com alfa de 5%);
a simbologia “...” significa que o valor numérico não está disponível

Por meio do coeficiente de correlação de postos de Spearman é possível medir a


intensidade da relação entre variáveis quantitativas ou não. Além disso, este coeficiente

54
não é sensível a assimetrias na distribuição, nem à presença de outliers, bem como não
exige que os dados sejam oriundos de populações normais. Não obstante, o coeficiente
de Spearman é indicado também, nos casos em que os dados se apresentem graficamente
desarranjados, com pontos afastados dos demais, ou então, quando os mesmos se
ordenarem no formato de uma curva. Os dados contidos na Tabela 5 apresentaram esses
comportamentos, o que justificou o uso desse coeficiente e não de Pearson.
Analisando a Tabela 5, notam-se correlações significativas pelo coeficiente de
correlação de postos de Spearman, das precipitações total (Pt) e efetiva (Pef) e do tempo
de duração da precipitação total (tPt), em relação ao tempo de concentração. No que se
refere ao do tempo de duração da precipitação efetiva (tPef) em relação ao tempo de
concentração, a correlação se apresentou fraca e não significativa pelo teste t. Diante do
resultado do teste de correlação, espera-se um aumento nos valores de tc quando Pt, Pef
e tPt também aumentarem.
Essa é uma resposta normal da bacia hidrográfica, quando se considera que um
maior volume de chuva incidente sobre a bacia demandará mais tempo para ser escoado,
o que estende o tempo de base do hidrograma e, consequentemente, aumenta o tempo de
concentração. Em relação ao tempo de duração da precipitação total (tPt) verificou-se a
mesma resposta, ou seja, maiores valores de tPt implicam em chuvas com maiores
durações, o que aumenta a distância entre o fim da chuva efetiva e o ponto C do
hidrograma, aumentando também o tempo concentração. No que diz respeito à
precipitação efetiva (Pef), verificou-se comportamento semelhante ao encontrado para Pt
e tPt, ou seja, o tc tende aumentar quando Pef aumenta. A razão disso reside no fato de
que maiores volumes de Pef, implicam diretamente no maior volume de água a ser
escoado pela bacia hidrográfia, aumentando também o tempo de concentração.
Contudo, um fator que pode ser preponderante no tempo de concentração, diz
respeito ao conteúdo de umidade do solo antes da chuva. Ele afetará diretamente a
infiltração da água no solo e, consequentemente, o volume de água que será escoado.
Neste trabalho os teores de água no solo não foram medidos.
Segundo Pruski et. al. (2001), o processo de infiltração é complexo. Primeiro toda
a precipitação se infiltra no solo. Com o decorrer da chuva a capacidade de infiltração
decresce, até tornar-se menor que a intensidade de precipitação. Quando isso ocorre, a
água começa a acumular-se sobre a superfície do solo e o escoamento superficial
acontece.

55
4.4 Resultados do tempo de concentração utilizando as equações empíricas

A partir dos valores do tempo de concentração obtidos nos doze hidrogramas, foi
possível compará-los com os valores estimados pelas equações experimentais (Equação
12 a 33). Os resultados obtidos pelas equações empíricas estão compilados na Tabela 6.
Nesta tabela estão reunidos também, os resultados dos erros absoluto e relativo,
calculados em relação ao valor médio do tempo de concentração obtido nos doze
hidrogramas.
Adotou-se o valor médio de tc (172 min) porque as equações empíricas levam em
consideração, em sua maioria, parâmetros físicos da bacia hidrográfica, o que permitiria
estimar apenas um valor de tc para cada equação empírica. Sendo assim, inferiu-se que o
valor médio de tc obtido nos doze hidrogramas poderia ser um número justo para a
comparação, visto que as equações empíricas também refletem um tc médio das bacias
hidrográficas nas quais essas equações foram desenvolvidas.
Analisando os resultados contidos na Tabela 6, nota-se que a equação de DNOS e
Simas-Hawkins, estimaram o tc para a bacia experimental em 61 min e 283 min,
respectivamente. Os erros equivalentes são -110 min, para o erro absoluto e, -64% para o
erro relativo. Por outro lado, a equação de Simas-Hawkins apresentou um erro absoluto
de 111 minutos e um erro relativo de 64%, quando comparado ao tc médio da bacia. A
diferença provavelmente está nos parâmetros utilizados exigidos pelas equações, os quais
são diferentes. O armazenamento de água no solo pelo método do Soil Conservation
Service (Scsc), solicitado pela equação de Simas-Hawkins, leva em consideração o tipo
de solo, porém, o parâmetro k, exigido pela equação de DNOS, está relacionado com as
características do terreno da bacia hidrográfica.
As equações de Derbordes, Dooge e Ventura possuem modelagem semelhante,
porém, obtiveram valores de tc para a bacia experimental muito diferentes entre si, da
ordem de 54, 96 e 133 min, respectivamente. Esses valores são muito diferentes do tempo
de concentração médio da bacia, estimado pelos hidrogramas, o qual atingiu 172 min.
Essa diferença se refletiu nos erros absoluto (-118, -75 e -39 min, respectivamente) e
relativo (-68%, -44% e -22%, respectivamente). A inclusão do parâmetro fração de área
impermeável (Aimp) na equação de Desbordes não influenciou positivamente o
desempenho da mesma na bacia experimental.

56
Tabela 6 - Resultados dos tempos de concentração estimados pelas equações empíricas
explicitadas nas Equações 12 a 33, e respectivos erros em relação ao tempo
de concentração médio obtido em doze hidrogramas da Bacia Hidrográfica
Experimental do Córrego Glória
Erros1
tcest
Equação empírica Absoluto Relativo
(min)
(min) (%)
Carter 31 -140 -81
Corps Engineers 48 -123 -71
Desbordes 54 -118 -68
DNOS 61 -110 -64
Dooge 96 -75 -44
Eagleson 32 -139 -81
FAA 79 -92 -53
George Ribeiro 43 -128 -74
Giandotti 192 20 12
Johnstone 112 -60 -34
Kerby-Hathaway 64 -107 -62
Kirpich 34 -137 -80
Pasini 109 -62 -36
Picking 34 -138 -80
Schaake et al. 13 -158 -92
SCS Lag 174 2 1
Simas-Hawkins 283 111 64
Ven te Chow 57 -114 -66
Ventura 133 -39 -22
1
Nota: Os erros foram calculados considerando o valor do tc médio de 172 minutos,
obtido em doze hidrogramas da Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória

O desempenho da equação de Dooge, baseada em dados de dez bacias rurais da


Irlanda, com áreas entre 140 e 930 km2, deve refletir melhor o tempo de concentração em
bacias onde predomina o escoamento em canais (PORTO, 1995 apud SILVEIRA, 2005).
Diante disso, como a Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória possui uma

57
baixa densidade de canais, é de esperar que o escoamento predominante seja sobre o solo,
fato que pode ter afetado o desempenho da equação de Dooge.
Kobiyama et al. (2006) utilizaram como área de estudo a bacia do campus da
Universidade Federal de Santa Catarina e realizaram análise comparativa entre os tempos
de concentração calculados em 5 eventos de chuva, e aqueles calculados com 5 fórmulas.
Ao calcular os erros entre a média de tc medido e os estimados pelas fórmulas, observou-
se que o pior desempenho foi obtido pela fórmula de Dooge, que superestimou o valor de
tc. Pórem eles analisaram o tempo de concentração do final da chuva total até o ponto C,
e não considerou a precipitação efetiva, além de analisar poucos eventos. Isso pode ter
influenciado nos resultados. Os próprios autores reconheceram que precisam ser
analisados mais eventos de chuva.
As equações de Carter, Corps Engineers, Johnstone, Kirpich, Picking e Ven te
Chow, utilizam como paramêtros apenas o comprimento e a declividade do curso d’água
principal. Sendo assim, todas apresentaram resultados semelhantes. Apenas Jonhstone
obteve um resultado diferente, aproximando-se mais do tempo de concentração da bacia
experimental, obtendo um erro absoluto de -60 min e um erro relativo -34%. Por outro
lado, as equações de Carter, Corps Engineers, Kirpich, Picking e Ven te Chow,
apresentaram um erro absoluto de -140, -123, -137, -138 e -114 min, respectivamente, e
um erro relativo de -81%, -71%, -80%, -80% e -66%, respectivamente. Portanto, não é
recomendado o uso dessas equações para a bacia experimental em estudo. Contudo,
ressalta-se que o pequeno tempo de avaliação e número de bacias hidrográficas
envolvidas não permitem um parecer definitivo.
Segundo USDA (1973), a equação de Johnstone foi desenvolvida a partir de dados
de 19 bacias americanas, com uma faixa de área de 65 a 4.200 km2. Não obstante, MOPU
(1987) relata que a fórmula do Corps of Engineers do exército americano foi originária
de uma faixa ainda mais ampla de bacias rurais (até 12.000 km2), aproximadamente.
Diante disso, pode-se inferir que o resultado ruim dessas duas equações em relação ao
tempo de concentração médio da Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória,
possa ser atribuído em parte, à grande diferença de áreas entre as bacias avaliadas.
No Brasil, a equação de Kirpich é largamente utilizada, porém, neste trabalho não
obteve um desempenho satisfatório. Segundo Kibler (1982), essa equação foi
desenvolvida em 6 bacias hidrográficas rurais do estado americano do Tennessee com
áreas entre 0,0051 e 0,4533 km2. Esse fato pode ter influenciado no alto erro, pois a bacia
em estudo possui área maior (8,27 km2) e está parcialmente urbanizada. De acordo com

58
Silveira (2005), quando extrapola-se sua aplicação para bacias maiores do que 0,4533
km2 é de se esperar obter tempos de concentração menores que os reais.
Silveira et al. (2005) avaliou o desempenho de vinte e três equações para
estimativa do tempo de concentração em bacias urbanas e rurais, dentre as equações
testadas, recomendou os modelos de Ven Te Chow e Kirpich para as bacias rurais devido
aos melhores resultados apresentados. Neste trabalho, porém, essas duas equações não
apresentaram um bom desempenho.
As equações de Eagleson, FAA, George Ribeiro, Kerby-Hathaway, Shaake et al.
e SCS Lag utilizam os parâmetros L e S, porém todas acrescentam outras variáveis ao
modelo matemático. Apenas as fórmulas de Kerby-Hathaway e FAA tiveram seus
resultados parecidos, com erros absoluto de -107 e -92 min e relativo, de -62% e -53%,
respectivamente. Corroborou para esse resultado, o fato de ambas terem sido
desenvolvidas para bacias urbanas e pequenas (SILVEIRA, 2005).
Ao se analisar a Tabela 6 nota-se também, que a equação de Schaake et al. Foi
aquela que obteve o maior erro para o tempo de concentração. Em relação aos erros
absoluto e relativo, a sua magnitude chegou a -158 min e -92%, respetivamente. Portanto,
não é recomendado o seu uso para a bacia em estudo, apesar do pouco tempo de avaliação
e baixo número de bacias hidrográficas envolvidas.
As equações de Eagleson e George Ribeiro apresentaram resultados semelhantes
em relação ao tc médio da bacia experimental, com erros absoluto e relativo,
respectivamente de -139 e -128 min e -81% e -74%.
Analisando os resultados contidos na Tabela 6, verifica-se que a equação de
Giandotti estimou o tc em 192 min, apresentando, portanto, um erro absoluto de 20
minutos e um erro relativo de 12%, quando comparado ao tempo de concentração médio
da bacia experimental que foi de 172 minutos. Sendo assim, pode-se considerar que a
equação de Giandotti apresentou um bom resultado, podendo ser utilizada para a bacia
em estudo.
A equação de Giandotti utiliza a área (A), o comprimento do curso d’água
principal (L) e a declividade (S), assim como a equação de Pasini. Apesar de utilizarem
os mesmos parâmetros, a equação de Pasini apresentou pior desempenho quando
comparada com a equação de Giandotti, com erros absoluto e relativo de 62 min e 36%,
respectivamente.
Um estudo realizado, em Campo Grande – MS, por Almeida et al. (2013),
avaliaram o desempenho de dez equações para a estimativa do tempo de concentração na
Bacia Hidrográfica do Córrego Guariroba. Como resultado, observaram que a equação de

59
Giandotti foi a que mais se aproximou do tempo de concentração obtido por meio dos
hidrogramas da bacia.
E por fim, a equação que melhor resultado alcançou foi a SCS Lag, que apresentou
um erro absoluto 2 min e um erro relativo de 1%. Esse resultado demonstra que o tempo
de concentração encontrado (174 min) foi muito próximo daquele médio obtido por meio
dos hidrogramas (172 min). Essa equação utiliza, além do comprimento e declividade do
curso d’água principal, o parâmetro da curva número, que considera o tipo de cobertura
do solo e o grupo hidrológico a que este solo pertence. Esse parâmetro parece ter sido a
causa do bom desempenho dessa equação na estimativa do tempo de concentração da
bacia experimental em estudo.
Além disso, segundo Tucci (2005), a equação do SCS Lag, foi desenvolvida para
bacias com até 8 km2, o que também pode ter contribuído para o seu melhor desempenho
na bacia em estudo, visto que esta possui 8,27 km2.
As equações de Izzard, Onda Cinemática e McCuen, utilizam a intensidade da chuva
como um dos parâmetros de entrada. Diante disso, é possível comparar os valores do
tempo de concentração dados por essas três equações, com aqueles observados em cada
hidrograma. Os resultados dessas comparações, bem como seus respectivos erros
absolutos e relativos estão compilados na Tabela 7.
Analisando a citada tabela, nota-se que a equação de Izzard apresentou uma
tendência de superestimar os tempos de concentração na Bacia hidrográfica Experimental
do Córrego Glória. Esse comportamento é verificado ao se observarem os erros absoluto
e relativos estimados em relação ao tc de cada hidrograma. Apesar disso, quando se
comparam os erros absoluto e relativo em relação ao tempo de concentração (tc) e à
intensidade (i) médios da bacia, verifica-se que a equação de Izzard apresentou resultados
muito bons, com valores de 60 min e 34%, respectivamente. Contudo, quando se analisam
os erros médios absoluto e relativo, oriundos dos erros individuais em módulo, nota-se
que essa equação alacançou valores da ordem de 72 min e 42%, respectivamente. Neste
caso, o erro em módulo fornece uma idéia da dispersão dos erros em relação ao valor real,
independentemente se está superestimando ou subestimando.
Mota (2012), em um estudo realizado na bacia hidrográfica do Rio Araponga, no
município de Rio Negrinho – SC, concluiu que a equação de Izzard apresentou o melhor
resultado na estimativa do tempo de concentração.

60
Tabela 7 - Valores de tempo de concentração (tc) e intensidade da precipitação (i) obtidos
em cada hidrograma, bem como os tempos de concentração estimados pelas
equações de Izzard, Onda Cinemática e McCuen, com os respectivos erros
absoluto e relativo do tc estimado em relação ao tc do hidrograma
Izzard Onda Cinemática McCuen
Data do tc i1
Hidrograma tc EA ER tc EA ER tc EA ER
(min) (mm h-1) (min) (min) (%) (min) (min) (%) (min) (min) (%)

31/10/2015 90 37,2 105 15 8 72 -18 -10 36 -54 -31


03/11/2015 240 7,8 291 51 29 134 -106 -62 110 -130 -75
07/11/2015 100 33,6 112 12 7 75 -25 -15 39 -61 -35
06/12/2015 210 4,9 399 189 110 163 -47 -28 156 -54 -32
18/12/2015 145 6,3 336 191 111 147 2 1 129 -16 -9
20/12/2015 190 11,5 225 35 20 115 -75 -44 84 -106 -62
26/12/2015 150 8,2 283 133 77 132 -18 -10 107 -43 -25
28/12/2015 190 30,8 118 -72 -42 78 -112 -65 41 -149 -86
04/01/2016 210 11,2 230 20 11 116 -94 -54 86 -124 -72
19/01/2016 320 6,2 341 21 12 148 -172 -100 131 -189 -110
09/02/2016 95 22,8 144 49 28 88 -7 -4 51 -44 -25
29/02/2016 125 13,4 204 79 46 108 -17 -10 75 -50 -29

Média2 172 16,2 232 60 34 115 -57 -33 87 -85 -49

Média |EAi|3 ... ... ... 72 ... ... 58 ... ... 85 ...
Média |ERi|4 ... ... ... ... 42 ... ... 34 ... ... 49
1
Nota: representa a intensidade de precipitação, obtida por [Pt/tPt x 60]; 2 os valores de
tc, EA e ER expostos para cada equação empírica foram calculados em função dos dados
médios de tc (172 min) e i (16,2 mm h-1); 3, 4 os valores médios expostos provém do
cálculo de EA e ER a partir dos valores estimados de erro absoluto e relativo, de cada
data, em módulo

Em relação aos resultados obtidos pelas equações da Onda Cinemática e de


McCuen (Tabela 7), nota-se que as duas tenderam a subestimar os valores do tempo de
concentração para a bacia experimental. Contudo, é possível perceber também, que a
equação da Onda Cinemática se mostrou mais precisa do que a de McCuen, com erros
absolutos e relativos dos tempos de concentração menores, quando comparados com
aqueles obtidos em cada hidrograma. Essa condição se refletiu no resultado dos erros
médios absoluto e relativo, oriundos dos erros individuais em módulo. Neste caso, é
possível perceber a superioridade da equação da Onda Cinemática em relação aos

61
modelos de Izzard e McCuen, onde a primeira alcançou erros absoluto e relativo,
respectivamente, de 58 min e 34%, contra 72 min e 42% e 85 min e 49%.
Por outro lado, se forem utilizados para a estimativa de tc os valores médios de
intensidade da precipitação obtidos na bacia experimental até o momento, as equações da
Onda Cinemática e de McCuen mostraram-se piores do que a de Izzard.
Nesse sentido, nas situações onde não se dispõe de dados da intensidade da chuva
para a estimatica do tc da Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória, a equação
empírica recomendável é a de SCS Lag. Contudo, quando se dispuser de dados de
intensidade da chuva, e desejar conhecer o comportamento do tc da bacia frente a um
evento específico, a equação que se recomenda é a da Onda Cinemática. No entanto, este
estudo abrangeu poucos eventos de chuva e pouco tempo de avaliação, o que impõe
cautela na utilização dessas informações.

4.5 Ajuste de uma equação para estimativa do tc na Bacia Hidrográfica


Experimental do Córrego Glória

Foram obtidas informações do total precipitado (Pt), da precipitação efetiva (Pef),


das intensidades das precipitações total (i) e efetiva (iPef) e dos tempos de duração das
precipitações total (tPt) e efetiva (tPef). Após isso, todas essas variáveis foram
correlacionadas com os tempos de concentração obtidos na bacia experimental, por meio
do coeficiente de correlação de postos de Spearman. Os resultados deste teste para as
variáveis Pt, Pef, tPt e tPef estão explicitados na Tabela 5.
Em relação às variáveis i e iPef, os resultados do teste de correlação de Spearman
também foram bons, com valores de 0,74 e 0,78, respectivamente. Importa destacar que
essa correlação também apresentou significância pelo teste t, considerando um nível de
5% de probabilidade, com p-valor de 0,0054 e 0,0014, respectivamente para a intensidade
da precipitação total (i) e intensidade da precipitação efetiva (iPef).
Após isso, todas essas variáveis (12 valores, um para cada hidrograma), com
exceção do tPef a qual não apresentou qualquer correlação com o tc, foram trabalhadas
no software SigmaPlot 12.0, juntamente com os tempos de concentração contidos na
Tabela 5, no intuito de encontrar um modelo matemático que melhor representasse o tc
da bacia experimental. Diversas combinações foram avaliadas, contudo, o modelo de
regressão que foi aprovado em todos os testes estatísticos impostos neste trabalho está
explicitado na Equação 40.

62
tcBHEG = 243,230 + 0,509∙Pt + 92,609∙Log(iPef) [Eq.40]

Onde:
tcBHEG = tempo de concentração estimado por meio de um modelo de regressão ajustado
para a Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória, em min;
Pt = precipitação total, em min;
Log(iPef) = logaritmo da intensidade da precipitação efetiva, em mm.

A Equação foi submetida aos critérios estatísticos impostos neste trabalho e os


resultados estão explicitados na Tabela 8. Analisando a citada tabela, nota-se que todos
os quesitos estatísticos foram atendidos. Além disso, observa-se também, o baixo erro
padrão da estimativa (EPE), com valor de 38 min, indicando que o valor estimado pela
Equação 40 possui uma margem de erro de 38 min para mais ou para menos.
Não obstante, ressalta-se também que o coeficiente de determinação (R2) com
valor de 0,76 indica que o modelo de regressão é útil, quando se consideram dois
regressores (Pt e Log(Pef)) e o universo amostral como sendo doze. Neste caso, por meio
da função Beta disponível no Excel (BETA.ACUM.INV(1-alfa;k/2;(n-k-1)/2)), com nível
de significância (alfa) igual a 0,05, número de regressores (k) como sendo 2 e universo
amostral (n) igual a 12, o mínimo valor de R2 para considerar o modelo de regressão útil
seria de 0,49 ou acima.

Tabela 8 - Resumo dos resultados estatísticos da equação do tc ajustada para a Bacia


Hidrográfica Experimental do Córrego do Glória

Fonte de EPE
Coeficiente t p-valor W1 R2
variação (min)
Constante 243,230 3,969 0,003
Pt 0,509 2,554 0,031 0,271 0,76 38
Log(Pef) 92,609 2,422 0,038
1
Nota: W representa o resultado do teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Neste trabalho,
valores de W acima de 0,05 indicam que os resíduos da regressão foram aprovados no
teste de normalidade de Shapiro-Wilk

No intuito de demonstrar o comportamento dos dados de tc estimados (tcest) pela


Equação 40, frente aos dados reais de tc observados (tcobs) na bacia em estudo, foi
elaborado um gráfico (Figura 27) por meio do qual pode-se verificar visualmente o bom

63
resultado da equação proposta neste trabalho. Analisando a citada figura, nota-se que os
valores de tc estimados pela equação, em sua maioria, se alinham sobre ou nas
proximidades da linha contínua, a qual representa a reta 1:1. Quando o tc estimado está
em cima da reta, indica que este resultado é igual ao tc observado. Neste caso, uma
condição de ajuste perfeito.

Figura 27 - Resultado das estimativas de tc pela Equação 40 frente ao resultado teórico


perfeito

Ajuste perfeito tc estimado


350
300
250
200
tcest (min)

150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300 350
tcobs (min)

Mota (2012) também ajustou um modelo matemático para estimativa do tempo de


concentração em uma pequena bacia hidrográfica no Rio Araponga, município de Rio
Negrinho, estado de Santa Catarina. Neste trabalho, as variávieis que proporcionaram os
melhores ajustes foram a vazão de pico e o índice de precipitação antecedente de 21 dias.
A autora testou outras variáveis hidrológicas também, como tempo de duração e altura da
chuva e intensidade máxima da chuva.
Apesar da intensidade máxima da chuva não ter contribuído na geração do modelo
de regressão para estimativa do tc no trabalho de Mota (2012), McCuen et al. (1984) relata
que a intensidade da chuva é um fator importante para determinação do tc, pois possui
uma forte correlação com o tempo de concentração.
Além dos quesitos estatísticos, a equação para estimativa do tempo de
concentração na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória (Equação 40),
também foi submetida ao teste do coeficiente de Nash-Sutcliffe (CNS). Neste trabalho, o

64
CNS foi usado para avaliar a eficiência do modelo de regressão proposto em estimar o
tempo de concentração na bacia experimental.
Para a realização do teste de Nash-Sutcliffe foram utilizados dados de tc
observados em cinco hidrogramas (Tabela 9), dos dezessete obtidos neste trabalho.
Ressalta-se que estes cinco não fizeram parte daqueles doze hidrogramas usados no ajuste
da Equação 40.

Tabela 9 - Tempos de concentração observados (tcobs) em cinco hidrogramas e tempos


de concentração estimados pela Equação 40 (tcest), na Bacia Hidrográfica
Experimental do Córrego Glória

tcobs tcest
Data do hidrograma
(min) (min)
22/11/2015 210 260
01/03/2016 271 143
10/03/2016 205 175
14/03/2016 205 142
16/05/2016 275 274

O resultado do coeficiente de Nash-Sutcliffe está explicitado na Figura 28.


Analisando a citada figura nota-se um bom ajuste, com CNS de 0,88. Segundo Gotschalk
et al. (1999) este resultado classifica o modelo de regressão proposto neste trabalho como
Adequado/Bom. Por outro lado, Santhi et al. (2001) indicam que valores de CNS maiores
do que 0,65 classificam o modelo como Muito Bom.
Contudo, é importante frisar que a quantidade de hidrogramas analisados nesta
fase do trabalho (cinco apenas) é pequena. Neste caso, o resultado do CNS pode não se
confirmar caso o número de hidrogramas para comparação seja aumentado.

65
Figura 28 - Resultado do coeficiente de Nash-Sutcliffe (CNS) aplicado ao modelo de
regressão proposto neste trabalho, para a estimativa do tc na Bacia
Hidrográfica Experimental do Córrego Glória

Observado Estimado
300

250

200
CNS = 0,88
tc (min)

150

100

50

0
23/10/2015 12/12/2015 31/01/2016 21/03/2016 10/05/2016 29/06/2016
Data

66
5 CONCLUSÃO

 O tempo de concentração mínimo, médio e máximo encontrado na Bacia


Hidrográfica Exprimental do Córrego Glória foram, respectivamente, de 90, 172
e 320 minutos;
 Nas situações onde não se dispõe de dados de intensidade da chuva para a
estimativa do tc na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego Glória, a equação
empírica recomendável é a de SCS Lag. Contudo, quando se dispuser de dados de
intensidade da chuva, e desejar conhecer o comportamento do tc da bacia frente
há um evento de chuva específico, a equação que se recomenda é a da Onda
Cinemática;
 A equação para estimativa do tc na Bacia Hidrográfica Experimental do Córrego
Glória (tcBHEG) mostrou-se consistente, com boa precisão e apresenta duas
variáveis hidrológicas: a precipitação total (Pt) e o logaritmo da intensidade da
precipitação efetiva (Log(iPef)). Sua parametrização é a seguinte:
tcBHEG = 243,230 + 0,509∙Pt + 92,609∙Log(iPef) com R2 = 0,76 e CNS = 0,88.

67
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