Vicio em Pornografia
Vicio em Pornografia
Vicio em Pornografia
Maringá
2017
FERNANDA ALVES BALDIM
Maringá
2017
AGRADECIMENTOS
(MARQUÊS DE SADE)
O vício em pornografia: considerações sobre a internet e a adicção na atualidade
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi investigar o vício em pornografia e sua relação com a adicção na
atualidade. Para isso, foram analisados trinta e quatro depoimentos postados na internet em
um fórum destinado a auxiliar pessoas a romperem com o vício em pornografia. Os sujeitos
depoentes se apresentavam como sendo todos do sexo masculino, cuja faixa etária varia dos
17 aos 40 anos. Buscou-se realizar uma pesquisa que explicitasse, problematizasse e
compreendesse o vício em pornografia. O fenômeno estudado foi o uso frequente e quase que
exclusivo da pornografia por sujeitos que demonstram estarem em sofrimento devido a esse
comportamento. Nessa situação, observa-se que os sujeitos procuraram por ajuda no ambiente
virtual, local de ampla visualização, devido a um comportamento cujas consequências são,
justamente, o isolamento e a ruptura nas relações sociais. Para o desenvolvimento deste
trabalho, os pesquisadores se utilizaram do método proposto por Roque Moraes de análise de
conteúdo. Por meio de múltiplas leituras e releituras das postagens, os trinta e quatro
depoimentos foram divididos e descritos em seis categorias temáticas: Gatilhos silenciosos:
das revistas à internet; Vergonha, culpa e masturbação; Fetiche e fantasia; A adicção e seus
sintomas: a espiral da degradação; A (in)capacidade de amar; e O pedido de socorro. A teoria
psicanalítica fundamentou a análise e interpretação do material. A partir dos depoimentos,
levou-se a hipótese de que a economia psíquica envolvida na adicção com a pornografia
apresentou como finalidade minimizar as sensações de desprazer e evitar situações que
promovessem tensão. Ponderou-se que a busca desenfreada pela satisfação advinha por
intermédio de processos psíquicos primitivos, que resultavam em movimentos
autodestrutivos. Logo, o vício em pornografia foi entendido como uma manifestação de um
modo de funcionamento psíquico não neurótico e reconheceu-se que o sofrimento gerado por
essa modalidade de vício é de ordem narcísica, uma vez que ameaça a integridade egóica dos
adictos e caminha contra o propósito de Eros: a união entre os pares.
Palavras-chave: Pornografia. Internet. Adicção. Psicanálise. Dependência.
Pornography addiction: considerations about internet and addiction in actuality
ABSTRACT
The objective of the research consisted on a study of pornography and the relation with its
actual addiction. Thereunto, it was analyzed thirty-four internet written testimonies posted by
people in a specialized forum destined to help people break-off with the addiction. The
subjects of the testimonies had presented themselves as male, with the age between seventeen
and forty years old. It sought to do a research that explain, problematize and understand the
pornography addiction. Subjects those suffer because of the addiction relate the studied
phenomenon with the frequent and exclusive use of pornography. These studied situations
where the subjects turn themselves to the virtual world, place of worldwide exposition, to find
some sort help for the matters which consequences generally drives them to isolation and
brake ties with social relations. For the development of the research, the researcher used
Roque Moraes’ method of contentment analyses. Through the reading and rereading of the
thirty-four posted testimonies, it was possible to divide them in six categories: Silent Triggers
– from magazines to internet; Shame – guilty and masturbation; Fetish and Phantasy; The
Addiction and its Symptoms – the degradation spiral; The (In)capability of Love; The Asking
for Help. Psychoanalytic Theory based the fundaments of the analyses and interpretations.
From the testimonies, the hypothesis psych economy related with the pornography addiction
presented itself as a mean of reduction of unpleasant feelings and tense promoting situations.
It considered that the uncontrollable search for pleasure by primitive chemical reactions
resulted in self-destructive movements. Ergo, the pornography addiction understanding as a
non-neurotic psych mean of manifestation and the recognition of the suffering generated by
this addiction is from narcissist order, it menaces the egoic integrity of the addicts and goes
against the purpose of Eros: the union of pares.
Keywords: Pornography. Internet. Addiction. Psychoanalyses. Dependency.
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11
1.1 A ideia para a pesquisa ................................................................................................. 11
2 ESTRATÉGIA METODOLÓGICA ............................................................................ 14
3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A ADICÇÃO EM PORNOGRAFIA ............................ 23
3.1 Uso ou abuso de drogas? .............................................................................................. 25
3.2 Explicando os termos: adicção, dependência e compulsão .......................................... 27
3.3 O contexto contemporâneo e as (neo)adicções ............................................................. 32
3.4 Por que a pornografia? .................................................................................................. 36
4 A PORNOGRAFIA: ALGUNS DESDOBRAMENTOS HISTÓRICOS E ATUAIS . 40
4.1 A pornografia em construção ........................................................................................ 40
4.2 A pornografia e a psicanálise ........................................................................................ 49
4.2.1 Danos da Pornografia ................................................................................................... 58
4.2.2 A internet ...................................................................................................................... 60
5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS CATEGORIAS POR TEMÁTICAS ...................... 64
5.1 Gatilhos silenciosos: das revistas à internet .................................................................. 65
5.2 Vergonha, culpa e masturbação .................................................................................... 71
5.3 Fetiche e fantasia .......................................................................................................... 79
5.4 A adicção e seus sintomas: a espiral da degradação ..................................................... 88
5.5 A (in)capacidade de amar ............................................................................................. 98
5.6 O pedido de socorro .................................................................................................... 106
6 A PROCURA DE SIGNIFICADOS .......................................................................... 115
6.1 A nossa cultura na atualidade e as raízes da adicção .................................................. 115
6.2 O funcionamento psíquico não neurótico ................................................................... 118
6.3 Adicção e sentimentos primitivos ............................................................................... 127
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 133
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 137
ANEXOS ................................................................................................................................ 145
11
1. INTRODUÇÃO
à escolha dos depoimentos e de como ocorreu a pesquisa serão apresentadas mais à frente, na
parcela do trabalho destinada à estratégia metodológica.
Retornando à observação inicial de que o cenário pornográfico é rico em elementos
para análise e apresenta inúmeras possibilidades investigativas, queremos ressaltar que um
estudo que abrangesse toda a gama de elementos relacionados a tal campo seria inviável.
Assim, optamos por elencar o vício em pornografia como ponto central desta dissertação,
embora a compreensão de alguns outros conceitos, que se fizeram necessários, também tenha
sido fundamental para a discussão pretendida. Por esse motivo, no decorrer da terceira parte
deste trabalho, serão apresentadas algumas concepções sobre o que é erotismo e pornografia,
bem como serão explorados alguns recursos que facilitam sua imersão, como o acesso à
internet. Além disso, gostaríamos de salientar que a internet é uma ferramenta facilitadora
frequentemente utilizada para acesso ao conteúdo pornográfico e que, por vezes,
empregaremos a expressão “pornografia on-line”, para designar o conteúdo sexual acessado
por meio desse instrumento.
Embora o universo da pornografia se mostre amplo e multifacetado, o enfoque desta
pesquisa restringe-se à adicção em pornografia. Como elucidaremos a seguir, nos últimos
anos, houve notório crescimento pela procura e consumo de pornografia on-line. A título de
ilustração, segundo a notícia “Pornografia cresce na web e consumo afeta felicidade” (2010),
o consumo contínuo e intensificado de pornografia na Web afeta a felicidade e a
produtividade. Em tal texto consta a afirmação de que o uso frequente das produções
pornográficas on-line resulta em patologia que poderia ser incluída no DSM-5 (Diagnostic
and Statistical Manual) como doença de dependência sexual e pornográfica, visto que tal
manual é responsável por listar distintas categorias de transtornos mentais e fornecer
orientações para diagnosticá-los. Todavia, no DSM-5, essa adicção não foi incorporada,
embora exista nesse manual uma nova seção para vícios comportamentais. Um dos motivos
para a não classificação é a falta de pesquisas sobre o assunto.
Apesar de termos encontrado na internet pedidos de ajuda – para qualquer sujeito que
pudesse conferir amparo/auxílio – de pessoas que evidenciam um estado de dor em
consequência do uso excessivo de material pornográfico, e também de esses aspectos
negativos da pornografia serem um assunto corrente no cotidiano das pessoas, verificamos
que pouco foi produzido nos meios acadêmicos e científicos sobre o vício em pornografia.
Diante disso, acreditamos que a presente pesquisa possa contribuir tanto do ponto de vista
social quanto científico, pois em nosso levantamento bibliográfico nas bases de dados – como
CAPES, INDEX PSI, BVS PSI e SCIELO – deparamo-nos com um número pequeno de
13
2. ESTRATÉGIA METODOLÓGICA
Science of Addiction1. O fórum contava com novecentos e noventa e cinco (995) membros
cadastrados e continha dezesseis mil e seiscentos e sessenta e nove (16669) mensagens até a
data de quatorze de outubro de dois mil e quinze. É importante ressaltar que os usuários do
fórum se identificam a partir do uso de pseudônimos e que o site pode ser acessado por
pessoas sem cadastro. Nesse fórum, pessoas narram a história de seu vício, como este afetou
sua vida e sua sintomatologia atribuída ao uso excessivo de pornografia e, em específico, de
pornografia on-line.
Dentre as diversas postagens, seguindo os critérios de seleção que indicamos,
selecionamos trinta e quatro postagens de pessoas que se denominam do sexo masculino.
Dessa totalidade, dois depoimentos são do usuário Magrão, dois do Projeto, três do
marcolopes e vinte e sete de outros sujeitos. Como selecionamos o material dentro de um
fórum virtual, os usuários poderiam responder aos depoimentos postados por outras pessoas;
assim, três respostas participaram da análise. Essas respostas foram incluídas no material a ser
investigado porque evidenciam claramente a sintomatologia do uso de pornografia, ou seja,
demarcam o estado de sofrimento em que esses sujeitos estão submersos.
Com a finalidade de apresentar os depoentes selecionados para esta pesquisa,
elaboramos um quadro sucinto com seus dados pessoais. Todavia, destacamos que a
veracidade dessas informações não foi confirmada, visto que tais denominações foram
encaradas como verídicas, pois entendemos que se o sujeito utiliza um pseudônimo na
virtualidade, não deseja apresentar alguns dados sobre si. Além disso, podemos considerar
também que, muitas vezes, as informações oferecidas no ambiente virtual são mais autênticas,
no que diz respeito à forma como o sujeito se identifica, do que as informações reconhecidas
socialmente por meio de documentos pessoais.
A partir da Figura 1, dispusemos alguns dados fornecidos pelos depoentes.
1
O cérebro e a pornografia: pornografia on-line e a emergência da ciência da adicção (tradução nossa).
18
Assim, por intermédio das postagens, identificamos que essa pesquisa foi composta
por homens, cuja faixa etária varia de 17 – 40 anos, sendo que se destaca a incidência de
publicações de sujeitos de (20 – 29 anos). Tais usuários se denominam heterossexuais e,
majoritariamente, estão solteiros, ou seja, não estão em um relacionamento afetivo com outra
pessoa. Também destacamos a duração mais frequente do uso de pornografia: entre 11 e 15
anos.
Embora a maior parte dos usuários não tenha especificado a sua religião, inferimos
que eles sejam monoteístas, isto é, que possuam a crença em uma única divindade, pois a
palavra “Deus” aparece com frequência nas postagens. Além disso, afirmamos que em relação
à orientação sexual, apesar de alguns sujeitos como Bereta (D1), marcolopes (D20c),
vencedoremcristo (D23), dentre outros, demonstrarem dúvidas sobre isso, devido ao uso de
pornografia homossexual e transgênero, compreendemos que o questionamento origina-se de
um estranhamento por se considerarem, a princípio, heterossexuais. Além disso, ainda existe
19
o fato de que nenhum sujeito afirmou orientação sexual homossexual ou bissexual nas
postagens.
A fim de cumprir as etapas estabelecidas por Moraes (1999), iniciando pela
preparação de material, codificamos os depoimentos com a letra D, originária da própria
palavra depoimento. Assim, os depoimentos foram codificados em: D1, D2, D3, D4... até D30,
pois, como expusemos, há três depoimentos que são respostas. Quando alguém respondia ao
depoimento na mesma página de acesso (link) e essa mensagem era de interesse para a
pesquisa, a resposta era sinalizada como D10.1, D15.1 e D30.1.. Já quando uma mesma pessoa
escrevia outra mensagem no fórum, a classificação utilizada era a, b e c. Por fim, a letra A foi
utilizada para Magrão, B para Projeto e C para marcolopes.
Feito isso, passamos ao processo seguinte, o de unitarização. De acordo com Moraes
(1999), nessa etapa é necessário que o pesquisador leia novamente com atenção os dados
encontrados, para que possa determinar “uma unidade de análise” (p. 5). A partir de sua
definição, detectamos o aspecto que será submetido à categorização. As unidades de análise
podem ser constituídas por palavras, por frases, por pequenos trechos, ou até mesmo pelo
texto completo. Após essa classificação, devemos inserir códigos adicionais ao que já foi
elaborado na primeira etapa.
Utilizamos nesta pesquisa depoimentos na íntegra, com o intuito de preservar seu
conteúdo. Escolhemos por manter os depoimentos do modo como o encontramos na internet:
com erros ortográficos e de pontuação. Apresentamos pseudônimos e informações sociais,
como a idade dos usuários, as quais poderiam não ser verídicas. Isso porque, como nos
pautamos pela abordagem psicanalítica para a análise, acreditamos na verdade inconsciente,
isto é, entendemos que uma mentira se torna verdade na medida em que ela faz sentido para o
sujeito. Logo, toda a mentira exposta revelaria algum desejo de cunho inconsciente ou a
própria fantasia do sujeito.
Na terceira etapa, a de categorização, segundo Moraes (1999), precisamos agrupar
conteúdos que possuam elementos de análise semelhantes. “Classifica-se por semelhança ou
analogia” (p. 19). De forma geral, essa fase é caracterizada como um momento de diminuição
de dados, ela se organiza de maneira “... cíclica e circular, e não de forma sequencial e linear.
Os dados não falam por si. É necessário extrair deles o significado” (p. 19). Cíclico e circular,
pois os pesquisadores devem voltar incansavelmente aos textos, relendo-os, e, somente a
partir desse ato, os investigadores chegarão a níveis maiores de compreensão.
Moraes (1999) considera que uma categorização deve ser válida, exaustiva e
homogênea. Válida, pois necessita estar de acordo em relação à finalidade do trabalho;
20
Exaustiva na medida em que agrega todas as possibilidades de análise; tendo que abranger o
máximo de conteúdo significativo, não deixando nenhum elemento importante excluído de
análise; e homogênea porque necessita obedecer a um critério de categorização, ou seja, toda
a classificação precisa seguir uma única vertente de análise.
Tendo isso em vista, elencamos para a investigação seis categorias por temáticas:
1) Gatilhos silenciosos – das revistas à internet: esta primeira categoria se refere ao
dado de que os sujeitos que expuseram sua vida por meio de depoimentos terem,
majoritariamente, atribuído às revistas pornográficas, ou sensuais, o papel de disparadores
para o acesso ao universo da pornografia. Eles alegaram que naquela época, quando
visualizavam as revistas, o acesso era dificultado, pois ir até uma banca de revistas para
comprá-las era motivo de constrangimento social. Outros sujeitos narraram que o primeiro
contato com a pornografia foi por intermédio de revistas pertencentes aos seus próprios pais.
Por meio de tais afirmações, percebemos que a internet se mostrou para eles um facilitador de
acesso, pois não precisavam mais encarar o olhar do outro para encontrar sua satisfação
sexual.
2) Vergonha, culpa e masturbação: na segunda categoria, consideramos o que os
sujeitos expressam sentir ao terminarem o ato masturbatório após terem consumido conteúdo
pornográfico. Procuramos entender como esses sentimentos e mecanismos psicológicos atuam
no dinamismo psíquico em face ao uso de pornografia e às suas consequências.
3) Fetiche e fantasia: a terceira categoria aborda o fato de o sujeito somente sentir
prazer com o uso da pornografia. Diante disso, visamos analisar se é possível compreendê-la
como um objeto de fetiche, uma vez que muitos sujeitos revelam não sentir mais satisfação
em relações sexuais com outras pessoas, sendo que somente durante o acesso à pornografia o
prazer era encontrado, às vezes resumindo-se a uma modalidade específica de pornografia.
Também procuramos entender como esses aspectos fantasiosos afetam o sujeito.
4) A adicção e seus sintomas – a espiral da degradação: na quarta categoria, fizemos
um paralelo com a drogadição, pois muitos usuários de pornografia on-line afirmam que o
vício pode se assemelhar ao uso de drogas: começa-se com uma droga considerada “leve”
(álcool e cigarro) e parte-se depois para outras “pesadas’ (cocaína, crack...). Em se tratando de
pornografia, existe a abdicação de uma pornografia convencional e aceitável em favor de
outras mais intensas e até mesmo ilegais, como a pedofilia (adulto que apresenta preferência
sexual por crianças) e a zoofilia (sujeito que se sente atraído sexualmente por outras
espécies). À vista disso, procuramos discutir como a necessidade do consumo de elementos
cada vez mais tóxicos leva de fato à degradação do sujeito.
21
acordo com Rosa (2004), tal maneira de abordar a Psicanálise é respaldada pelos princípios
éticos e concepções da própria linha de raciocínio. Como característica, encontramos o sujeito
envolvido com os aspectos políticos e sociais e não somente ligado ao tratamento clínico.
Nesse sentido, Lowenkron (2004) defende que “se a experiência estiver alicerçada nos
conceitos fundamentais da psicanálise... qualquer linha de investigação tem o direito de
chamar-se psicanalítica” (p. 30).
Nessa perspectiva apresentada por Rosa (2004) sobre a Psicanálise Extramuros ou
Psicanálise Aplicada, Hermann (2004) nos instiga à reflexão ao elucidar que a Psicanálise,
independente de se fazer sob diferentes contextos (universidade, clínica, literatura ou cultura),
propõe-se a movimentar conceitos e, com isso, a própria teoria, pois não há sentido em
utilizá-la de modo estático e paradigmático. Ante a essa afirmação, o autor agrega todas essas
ocasiões de pesquisa sob o título de clínica extensa, pois, de acordo com o Herrmann (2004,
p. 48), “a aplicação do método interpretativo sempre tem uma dimensão de cura, mesmo
quando não diz respeito a doença alguma”.
Assim, concebemos que nosso papel ao optarmos por essa linha teórica foi o de
movimentar conceitos e de tentar elaborar sentido a fenômenos culturais “como interpretantes
de uma psicanálise, mesmo que de uma psicanálise ficcional, hipotética ou quase conjetural”
(Herrmann, 2004, p. 48). Justificando ainda a escolha da psicanálise para auxiliar na
compreensão dos dados, González Rey (2012) pondera que esse viés teórico “... atua sobre
trechos complexos de informação, usando material indireto e implícito na produção do
conhecimento ...” (p. 20). Logo, a psicanálise busca possibilidades de investigação mediante
elementos que não podem ser observados de imediato, fator que enriquece e aprofunda
possíveis análises.
Principalmente, pautados nessa teoria e por outros autores atuais, a seguir,
apresentaremos uma justificativa teórica sobre alguns dos termos que estarão presentes na
presente pesquisa, tais como adicção, dependência, vício, dentre outros.
23
Gurfinkel (1995) cita que as drogas afetam o sistema nervoso central e se dividem em
três modalidades: “depressores, estimulantes e perturbadores de seu funcionamento” (p. 31).
Nesta pesquisa não contemplaremos os efeitos da pornografia no sistema nervoso, mas há
pesquisas que correlacionam o uso da pornografia com a dessensibilização cerebral, como é
citado por Henriques (2014), o qual expressa, em uma notícia intitulada Pornografia tem
efeito cerebral semelhante à droga, que em estudos realizados no Departamento de
Psiquiatria da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, constataram que a atividade
cerebral apresentada ao assistir à pornografia on-line se assemelha à atividade cerebral
desempenhada ao consumir a droga. E em outra pesquisa, financiada pela Wellcome Trust,
Crystal Bennes (2011) afirma que os sujeitos expostos à pornografia apresentam dificuldades
para controlar a própria conduta sexual, afetando significativamente as relações interpessoais,
pois do mesmo modo que as regiões cerebrais são estimuladas (corpo estriado ventral, córtex
cingulado anterior e amígdala) por sustâncias químicas em adictos por drogas, essas regiões
também seriam afetadas pela exposição ao conteúdo sexual explícito.
De acordo com uma página on-line disponibilizada pelo Governo do Estado de São
Paulo, o IMESC, Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo, (1999-2014),
baseado em uma publicação da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura –, considera que existem quatro modalidades de usuários de drogas: a)
experimentador: é o sujeito que, de início, faz uso da droga por diversas razões (curiosidade,
pressão no grupo de amigos...), mas seu relacionamento com a droga não se delonga, isto é,
não passa das primeiras experiências; b) ocasional: é o usuário esporádico de droga, esse
quadro não se caracteriza pela dependência, pois o cotidiano e as relações interpessoais não
são afetados; c) habitual: essa categoria engloba usuários frequentes de droga, nesse caso há
indícios de problemas nas relações interpessoais e profissionais – nesse nível é indicada a
procura por ajuda profissional –; e d) dependente: nesse nível o sujeito vive em função do
objeto-droga, os vínculos afetivos e profissionais estão deteriorados e, como consequência, o
sujeito sofre isolamento e marginalização.
Ao procurarmos no CID-10 (1993) o que seria a dependência, encontramo-la
caracterizada como uma síndrome, em que aspectos comportamentais, cognitivos e
fisiológicos se desenvolvem depois do uso exaustivo de drogas, ligados ao anseio de repetir o
uso da substância devido à complicação em comedi-lo. Nesse estágio, o usuário tem
entendimento dos impactos negativos da droga em sua vida, mas, apesar disso, continua com
o uso, pois a droga é entendida como ponto central de sua vida. Geralmente, nesse estágio, o
usuário desenvolve certa tolerância pela droga habitualmente usada.
Embora o que foi apresentado esteja ligado a substâncias psicoativas, quando
analisamos os depoimentos que serão posteriormente apresentados, constatamos que o
consumo de material pornográfico se equipara, em termos de danos
sociais/psicológicos/biológicos, à utilização de substâncias químicas. Mesmo que alguns
manuais categorizem os níveis de dependência, essa breve noção nos auxilia a entender a
intensidade do sofrimento envolvido na dependência e na compulsão existente tanto em
relação ao uso de drogas quanto de pornografia.
A partir do exposto, compreendemos que existem diversas modalidades de uso de
drogas, sendo que é a forma da relação entre o sujeito e a substância que demarcará: o
excesso, a moderação ou a ausência. Em outras palavras, da mesma maneira que o uso de
drogas pode resultar em drogadição ou não, a pornografia também se apresenta dessa maneira.
Gostaríamos de salientar que é a intensidade do uso feito pelo sujeito e o modo com que ele se
relaciona com a droga que determinará o impacto dela nas relações sociais e no psiquismo do
sujeito.
27
Considero que uma abordagem da questão das drogas – uso ou abuso? – só pode se dar a partir
de uma atitude de aproximação da experiência do sujeito com a droga; aliás, esta é uma
condição para o estudo de qualquer problemática clínica. No caso do usuário de drogas, vemos
como em geral ele é estudado, observado, categorizado exteriormente, tratado como um
“corpo estranho” social. O desafio para o psicanalista é o de efetivamente se aproximar da
experiência do toxicômano, utilizando os seus instrumentos de observação e de reflexão, mas
sem deixar que estes últimos impeçam a “ligação direta” implicada na aproximação
(Gurfinkel, 1995, p. 39).
Assim, será da forma como expusemos nesta seção que entenderemos nosso objeto de
análise, a adicção em pornografia.
Neste subitem nos perguntamos: o que de fato ocorre com o sujeito que faz uso
desenfreado da pornografia ou de outro objeto-droga? Verificamos uma inversão de papéis, o
objeto que outrora foi utilizado para obtenção de prazer passa da voz passiva à ativa, isto é, o
sujeito que usava o objeto, no momento da adicção, mostra-se aprisionado por ele, em uma
espécie de escravidão. De fato, a pornografia – o objeto – não possui a capacidade de
influenciar alguém, pois se assim o fosse, ela submeteria todos aos seus encantos, e isso não é
verdadeiro. Existem pessoas que fazem uso de pornografia, mas não poderiam ser
consideradas dependentes, da mesma forma que um sujeito que faz uso de droga pode ou não
se tornar um dependente químico.
Primeiramente, recorremos aos dicionários, tanto da língua portuguesa (Ferreira, 1999)
quanto o de psicanálise (Laplanche & Pontalis, 2001) para demarcar as definições dos termos
que estaremos empregando. Posteriormente, fizemos um resgate dos conceitos a partir de
algumas construções psicanalíticas. Ao consultarmos o dicionário Novo Aurélio Século XXI: o
dicionário da língua portuguesa, o termo adicção não foi encontrado, pois se trata de um
neologismo, ou seja, uma palavra nova com novas acepções. Em contrapartida, encontramos
em Ferreira (1999) o termo adicto, que denota alguém que não consegue renunciar a algum
comportamento destrutivo, como o uso de álcool e de outras drogas, por razões biológicas ou
psicológicas. Diante disso, o termo adicção será utilizado para se referir a alguém em estado
de dependência fisiológica e/ou psicológica.
Apesar da ausência do termo adicção no dicionário, segundo McDougall
(1995/1997a), a adicção seria um termo destinado para designar "um estado de escravidão" (p.
198). Embora lançada essa ideia de subordinação, o sujeito que está vinculado à droga, não a
sente como algo somente negativo. Muitas vezes essa relação com o objeto-droga é tão
intensa que se configura como o único elemento capaz de dar sentido à vida do sujeito. A
economia psíquica envolvida na relação aditiva objetiva suavizar sensações dolorosas ao
sujeito – como raiva, ódio, ansiedade, dentre outras – e minimizar qualquer aumento de tensão
diante de sentimentos prazerosos; em outras palavras, qualquer desequilíbrio é sentido como
uma ameaça ao sujeito. Assim, a partir do momento em que o sujeito mantém uma relação
aditiva com seu objeto-droga, necessita que este esteja sempre próximo a ele para amenizar
circunstâncias desprazerosas ou prazerosas.
Se o sujeito necessita da droga para aliviar suas sensações intensas, verificamos a
presença de um estado de dependência do sujeito para com o objeto, portanto, outro modo de
denominar a adicção seria por meio do conceito de dependência. Esse termo é utilizado para
29
... estados mórbidos em que a impressão de bem-estar causada por medicamento, ou droga,
leva o indivíduo a toma-lo, ou toma-la, em caráter contínuo ou periódico, inclusive para evitar
a sensação de mal-estar que lhe causaria a privação daquele medicamento ou daquela droga (p.
624).
... de nosso próprio corpo, condenado à decadência e à dissolução, e que nem mesmo pode
dispensar o sofrimento e a ansiedade como sinais de advertência; do mundo externo, que pode
voltar-se contra nós com forças de destruição esmagadoras e impiedosas; e, finalmente, de
nossos relacionamentos com os outros homens. (p. 84-85).
31
O autor destaca que, dentre essas três formas, a mais dolorosa é a advinda de nossos
relacionamentos. Assim, como forma de se precaver do sofrimento originário das relações
humanas, Freud (1930/1996b) aponta que alguns homens e mulheres se utilizam de
mecanismos defensivos de isolamento, para permanecer distante de outros sujeitos. Contudo,
aflitos pelas exigências do mundo externo, os sujeitos se distanciam dele, mas a saída de
enfrentamento para lidar com essa situação, apontada por Freud (1996b), é justamente pela
via da ciência, tecendo conhecimentos para a compreensão do que nos rodeia.
No que se refere aos quadros de intoxicação, Freud (1930/1996b) afirma que nenhum
sujeito ainda conhece ou compreende totalmente o seu mecanismo de atuação. O que se sabe,
é que algumas sustâncias geram sensações prazerosas em nosso organismo, alteram nosso
estado de sensibilidade e que, por determinada quantidade de tempo, afasta-nos de sensações
penosas ou da dor. Embora algumas dessas sensações só possam ser evocadas por meio do
uso de substâncias químicas, Freud considera que em alguns casos as percepções podem ser
alteradas sem o uso delas, o próprio organismo se encarregando dessa alteração. É o caso da
mania, cujo quadro se assemelha a de algum sujeito em estado de intoxicação. Além disso, o
organismo também se altera na liberação de prazer e desprazer no decorrer da vida. O autor
alega existir um “... lado tóxico dos processos mentais...” (p. 86) pouco estudado pela
comunidade científica.
Segundo Freud (1930/1996b), o uso dos materiais intoxicantes teria como função o
encontro com a felicidade e o distanciamento do desprazer. Esse atalho à felicidade seria com
frequência trilhado por ocupar um local dentro da economia psíquica. Ora, se o sujeito
consegue diminuir o dispêndio de energia e alcançar tal estado, por que se desgastaria para
obtê-lo de outro modo? Freud (1930/1996b) acrescenta à discussão:
Devemos a tais veículos não só a produção imediata de prazer, mas também um grau
altamente desejado de independência do mundo externo, pois sabe-se que, com o auxílio desse
‘amortecedor de preocupações’, é possível, em qualquer ocasião, afastar-se da pressão da
realidade e encontrar refúgio num mundo próprio, com melhores condições de sensibilidade.
Sabe-se igualmente que é exatamente essa propriedade dos intoxicantes que determina o seu
perigo e a sua capacidade de causar danos. São responsáveis, em certas circunstâncias, pelo
desperdício de uma grande quota de energia que poderia ser empregada para o
aperfeiçoamento do destino humano (p. 86).
Outra medida adotada pelo ser humano para se esquivar do sofrimento e encontrar a
satisfação, sem necessariamente necessitar do outro, é por meio da fantasia (Freud,
1930/1996b), em que há o afastamento da relação entre o sujeito e o ambiente externo, sendo
que a satisfação envolve o mundo interno de cada sujeito por intermédio desse recurso. Esse
32
mecanismo não envolve explicitamente conflitos internos, devido ao fato do mundo externo
pouco afetar/controlar sua manifestação. Como exemplo desse tipo de satisfação, Freud
(1996b) cita as artes, que permitem ao sujeito contemplador transpor limites do real pela
imaginação, porém, esse estágio é breve e não permite o esquecimento das angústias reais.
Aparentemente, a pornografia, dentro de uma perspectiva freudiana, poderia ser entendida
como uma medida adotada pelas pessoas para se afastar do sofrimento e funcionaria sob a
influência da fantasia como um amortecedor de preocupações.
Em suma, alguns sujeitos acreditam, erroneamente, ter encontrado a felicidade, por
justamente terem se livrado do desprazer oriundo de alguma situação cotidiana. Contudo, ao
acreditarmos nisso estamos envolvidos no modo de mecanismo primário de fuga diante de
uma situação aflitiva. Visando abster-se do sofrimento, o sujeito envolvido no vício pela
pornografia localiza a sua satisfação em processos mentais internos e se utiliza do caráter de
deslocamento da libido para fixar-se em objetos pertencentes à realidade, vinculando-se com
eles. Como resultado, ele estabelece uma relação emocional com o objeto, a fim de obter uma
sensação de felicidade.
De início, gostaríamos de explicar o motivo pelo qual o prefixo neo encontra-se entre
parênteses. Essa escolha possui embasamento em duas referências, que nos auxiliaram na
empreitada de pensar o vício em pornografia. A primeira referência é pautada nos
entendimentos de McDougall (1995/1997a) sobre as neo-sexualidades, pois ela utiliza esse
prefixo a fim de destacar as novas manifestações da sexualidade. Nas palavras da autora,
A segunda referência foi baseada em Castelo Filho (2012), uma vez que ele pensa o
contexto atual permeado por antigas dificuldades vivenciadas pelo sujeito, mas que se
apresentam por meio de novas roupagens. Assim, partimos do pressuposto de que o vício por
33
determinados objetos, drogas, jogos, sexo, dentre outros, sempre existiu. O fato é que com o
passar dos anos, alguns sintomas ganharam outras roupagens, isto é, passaram a se manifestar
a partir de formas distintas. Embora o vício pela pornografia seja atual, é sabido que o ser
humano sempre se relacionou de forma patogênica com alguns objetos. O que nos intriga
nesse momento da pesquisa é compreender de que modo opera o psiquismo para se vincular
com determinado objeto. Nenhuma relação ocorre por acaso. O objeto buscado nunca é em si
apenas um objeto, pois ele representa associação de ideias, mecanismos psíquicos de
condensação e de deslocamento e conteúdos reprimidos. A tentativa de compreender o
fenômeno do uso abusivo de pornografia é nova, mas o campo das adicções não é. Esse
universo desperta o interesse da cultura e, em específico, da comunidade científica há muito
tempo.
Vivemos em um momento histórico marcado por ideais de consumismo,
individualismo (fluidez nas relações) e competitividade (Bauman, 2001). Como resultado dos
modos de relação propostos por nossa cultura, temos a construção de sujeitos narcísicos
(Freud, 1930/1996b). Explicando melhor, o atual contexto histórico exige do sujeito que ele
seja autossuficiente e que procure saciar suas necessidades e encontrar satisfações em si
mesmo, de forma solitária por meio de seus próprios processos mentais internos. Para esses
sujeitos, geralmente, a procura pela felicidade será dificultada, pois se faz necessário que os
componentes libidinais se transformem e disponham das mais variadas formas, objetivando
alcançar realizações.
Como o cumprimento de determinadas tarefas é dificultada para o sujeito narcísico,
ele recorre a satisfações substitutivas (Freud, 1930/1996b) por meio das neuroses, sendo que a
recorrência desse recurso pode resultar em quadros de intoxicação ou psicose. Nas palavras
do autor, o “... homem que, em anos posteriores, vê sua busca da felicidade resultar em nada
ainda pode encontrar consolo no prazer oriundo da intoxicação crônica, ou então se empenhar
na desesperada tentativa de rebelião que se observa na psicose” (Freud, 1930/1996b, p. 92).
De acordo com McDougall (1995/1997b), os sintomas psicológicos são iniciativas do
sujeito para se autocurar e afastar o sofrimento de si mesmo. As sexualidades sintomáticas
obedecem a esse mesmo princípio, o de distanciar-se do sofrimento e tecer tentativas de se
autotratar. Baseada em Freud (1915/2004a), McDougall (1995/1997b) concorda que, embora
existam essas tentativas de lidar com o desprazer, as resoluções dadas pelo sujeito que
envolvem a sintomatologia são respostas de cunho infantil ao conflito, à desorganização e ao
desprazer psíquico. Ela acrescenta que, durante a vida, buscamos resolver conflitos
inconscientes geracionais (de nossos pais) e que somos obrigados a lidar com as exigências e
34
2
O conceito de ego na teoria freudiana esteve sempre presente desde o início de seu pensamento. Para sintetizar
uma breve explanação do conceito, recorremos a Laplanche e Pontalis (2001), que apresentam o conceito de ego
dentro de uma perspectiva tópica, dinâmica e econômica. O ego estaria vinculado às demandas do id, aos
mandos do superego e as imposições da realidade, respectivamente. Ele participa intensamente do conflito
neurótico, em que expressa suas defesas perante uma situação ou sentimento de angústia e pode assumir “um
aspecto compulsivo, repetitivo, desreal” (p. 124).
35
a existência de atitudes sexuais que são variações da sexualidade; contudo, existem outras de
caráter patológico.
Em relação às escolhas objetais, McDougall (1995/1997a) afirma que nenhum sujeito,
de fato, realiza sua escolha objetal conforme sua vontade, principalmente, quando se trata de
relacionamentos exclusivos e incontestáveis estabelecidos pelas neossexualidades adictivas
por meio do isolamento devido a um modo de vida enclausurado pelas inovações sexuais de
cunho autoerótico.
para lidar com a tensão. Em decorrência desse fato, o bebê não desenvolve mecanismos para
compreender a situação de estar só. Dessa forma, diante de qualquer circunstância aflitiva, o
recém-nascido procurará pela mãe, por não possuir recursos para enfrentar tal solicitação
externa. Nesse sentido, McDougall (1995/1997a) infere que a mãe com ansiedades, aflições e
desejos transmite ao seu filho seus próprios conteúdos e seu medo de estar só, o que resulta
em uma relação de dependência.
Sendo assim, a autora pontua que, no desenvolvimento dessa criança, a capacidade de
lidar com situações de desprazer ou excitação ficará limitada, visto que ela não obteve
recursos para organizar e constituir a figura maternal. Diante dessa desorganização, a criança
não consegue construir recursos para apaziguar suas próprias tensões. A ausência de objetos
internos adequados a leva a empenhar-se na procura por elementos que substituam essa
carência. Ao se deparar com os objetos-droga, encontra neles o escape para minimizar o
desprazer psíquico e também sua própria autonomia. McDougall (1995/1997a) afirma que
Desse modo, as drogas, a comida, o álcool, o fumo, etc. são descobertos como objetos que
podem ser empregados para atenuar dolorosos estados mentais – preenchendo uma função
materna que o indivíduo é incapaz de proporcionar a si mesmo. Esses objetos adictivos tomam
o lugar dos objetos transicionais da infância, os quais corporificavam o ambiente materno e, ao
mesmo tempo, liberavam a criança da dependência total da presença da mãe (p. 201-202).
Historicamente, Leite (2012) afirma que no século XIX, nas ruínas de Pompeia,
arqueólogos italianos descobriram vários objetos e imagens sexuais. O museu de Nápoles
optou por manter os registros, mas afastá-los do acesso de crianças, mulheres e de homens
incultos, na época consideradas pessoas pouco instruídas. O setor que detinha tais registros foi
nomeado por “gabinete de objetos obscenos” (p. 101-102). Em 1819 e, posteriormente, em
1823 o nome do setor foi alterado para “gabinete de objetos reservados” (p. 102). Em 1860,
influenciado por Alexandre Dumas, o conjunto foi denominado por “coleção pornográfica”, o
que originou a expressão pornografia, cujo significado remete aos escritos sobre prostitutas
que narram os seus costumes e de seus clientes (Leite, 2012).
A pornografia não se originou como uma categoria científica, sendo difundida no
senso comum e cultivada pelo comércio midiático. No século XIX, foram criadas produções
literárias e visuais pornográficas que representavam a sexualidade humana. O que se produzia
era comercializado para obtenção de lucro; contudo, somente determinada parcela da
população tinha acesso ao material (Leite, 2012). Nessa configuração,
41
Sendo um discurso sobre sexo sob a lógica da espetacularização, a pornografia visa atingir,
antes de tudo, não a constância da razão abstrata, mas a fugacidade das reações físicas, sendo
um tipo específico de produto mal-afamado por ser considerado “sensacionalista”, ou seja, que
visa estimular as sensações corporais. A pornografia nasce como uma forma de classificação
socialmente reconhecida, mas cientificamente indefinida, sob o viés da cultura de massas e do
entretenimento (Leite, 2012, p. 103).
enxergada como uma imagem de sedução, que refuta a ordem arcaica da Lei e do Proibido.
Na pornografia, tanto a censura quanto a repressão são abolidas em prol de tudo se ver, ouvir
e sentir. Lipovetsky (2005) assegura que o fato da pornografia ser compreendida somente
como indústria e por facetas negativas demonstra resquícios de moralismo.
Ainda de acordo com Lipovetsky (2005), no campo do sexo, algumas pessoas estão
procurando novos dispositivos e novas formas de manifestação e utilização de seus corpos.
Para o autor, a pornografia, assim como os movimentos sociais de liberação sexual
(feminismo, por exemplo), visa à despadronização e à subjetivação do sexo pelo sexo. O atual
cenário pornográfico promove a manifestação da diversidade libidinal, a qual o autor nomeia
como self-service libidinal, pois,
Essa ordenação do obsceno vai implicar numa delimitação do que seja pornografia, e seja o
que for deve sempre parecer proibida. É como interdito que ela deve ser consumida, pois ela
dá forma discursiva e vazão catártica às fantasias reprimidas de seus consumidos,
transformando seus fetiches em desenhos (Moraes e Lapeiz, 1985, p. 46-47).
concepção apresentada por Lopes (2013), que se baseou no Dicionário da Língua Portuguesa
Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, é a de que o termo obsceno provém do
latim obcenu, algo que atinge a moral por meio de insinuações sexuais.
Frente ao que foi apresentado, adotaremos a visão de que a pornografia é um modo
encontrado de organizar e selecionar as produções culturais que se relacionam à temática da
sexualidade. A pornografia é um fenômeno histórico que engloba o erotismo, uma vez que
ambos compreendem uma gama de expressões humanas em movimento que se manifestam
em forma de vídeo, filme, fotografia, obras de arte, literatura, áudio e apresentações teatrais,
cujo intuito é instigar reações corporais sexuais por meio do desnudamento do corpo, das
perversões sexuais ou da referência à subversão de valores social e culturalmente construídos,
isto é, o estímulo sexual por intermédio do obsceno (elementos socialmente repudiados: o
desnudamento do corpo, a exibição dos genitais etc., isto é, tudo que não deveria ser
evidenciado na esfera pública).
Verificamos que o cenário midiático, composto por livros, revistas, jornais, anúncios,
internet, dentre outros, está repleto de conteúdos pornográficos que se referem diretamente ao
âmbito sexual. Moraes e Lapeiz (1985) consideram que, embora a pornografia não tenha uma
designação sistemática de significado no que se liga à linguística, ela está nas localidades e
invade os espaços, é mostrada e ao mesmo tempo escondida.
O cenário midiático que foi contemplado na presente pesquisa refere-se ao apogeu da
internet, que se consolidou a partir da década de 90. De acordo com Gaspar e Carvalheira
(2012), por meio do desenvolvimento da internet, novas formas de manifestação da
sexualidade emergiram juntamente com a difusão de conteúdos pornográficos, pois para
consumir pornografia não é necessária uma identificação prévia, mantendo, assim, o
anonimato do usuário. Segundo as autoras, considerando os dados apresentados pelo site de
estatísticas “Internet Filter Review” (p.164), 25% de todas as buscas on-line dizem respeito a
sites de conteúdo pornográfico, enquanto que 35% de todos os downloads realizados são de
origem pornográfica.
Para Parreiras (2012), pesquisas revelam que cerca de 40% das atividades realizadas
pela internet envolvem materiais pornográficos. A partir do desenvolvimento das novas
tecnologias, tornou-se mais simples e fácil a produção de material erótico e/ou pornográfico.
Como consequência, potencialmente qualquer pessoa pode ser produtora de conteúdos na
rede. Ante a essa possibilidade, averiguamos que houve notório crescimento do conteúdo
pornográfico, principalmente de vídeos amadores, pornografia mainstream (tradicional),
interações via webcam, pornografia altporn (categoria de pornô alternativo, em que as pessoas
47
Adicção cibersexual: uso compulsivo de sites adultos para cibersexo e ciberpornô. Adicção em
relacionamentos do ciberespaço: envolvimento excessivo em relacionamentos virtuais.
Compulsão pela internet: uso on-line obsessivo de jogos, compras ou investimentos no
mercado. Sobrecarga de informação: compulsão por navegação pela web ou em pesquisas em
banco de dados. Adicção em computador: obsessão por jogos de computador (p. 539, tradução
nossa)
desejo ao buscar a satisfação, sendo uma produção inconsciente que não depende de
cronologia ou racionalidade.
A partir do espaço aberto nos meios midiáticos que visam tratar da questão da
sexualidade, emergem inúmeras indagações a respeito da influência do material pornográfico
na vida das pessoas, tanto em crianças e adolescentes como em adultos, principalmente por
seu caráter prazeroso e de entretenimento. Nesse sentido, Moraes e Lapeiz (1985) afirmam
que a “pornografia é diversão que se esgota rápido e que exige mais, sempre mais, deixando
quase nada de lembrança, só a vontade de querer novamente. Delicioso vício e viciada
delícia...” (p. 15). As autoras comparam a pornografia com os jogos eletrônicos: ambos
conduzem os personagens envolvidos para outra localidade de espaço e tempo e afetam os
sentidos humanos, devido ao impacto na visão, na audição e no tato (movimentos repetitivos).
Ainda de acordo com Moraes e Lapeiz (1985), assim como no uso do videogame, a
pornografia promete ser uma diversão solitária de prazer efêmero. Em uma fase de um jogo
de aventura no videogame, o usuário conhece, ou se esforça por descobrir, os caminhos que
levam ao prazer de terminar uma etapa do jogo escolhido. E quando se cansa do jogo ou este
se torna monótono, o usuário troca o jogo em busca de novas aventuras. No caso da
pornografia há um funcionamento semelhante, que leva o usuário a procurar por novas
aventuras, ou personagens, apesar da história ser igualmente conhecida.
Guerra, Andrade e Dias (2004) demostraram que existem tanto aspectos positivos
quanto negativos do uso da pornografia. Dentre os negativos, destacamos a constante procura
por corresponder ao padrão estabelecido pela indústria pornô, que não equivale
necessariamente à realidade do cotidiano. Pelo lado positivo estaria a alimentação de fantasias
e a busca de melhor performance nas relações sexuais com seus parceiros, isso quando a meta
é o prazer pelo contato com outra pessoa, não gerando isolamento e alienação.
Na visão de Moraes e Lapeiz (1985), a pornografia revela às pessoas o que lhe é
culturalmente digno de vergonha e proibido, exibindo o obsceno em um rito solene ao prazer.
Como a pornografia trata da exibição do obsceno, ela traz consigo um traço da perversão em
específico – o voyeurismo. O consumidor não é personagem do roteiro, é uma pessoa que
observa os acontecimentos, sem estar efetivamente envolvido com a produção das cenas, mas
participando delas, pois exerce uma prática que também infringe algo que devia estar mantido
fora da esfera pública, isto é, participa da violação de um segredo. O material pornográfico e o
consumidor são cúmplices desse ato. É como se houvesse um contrato de cumplicidade entre
o consumidor, o produtor e os personagens, que não é de cunho intelectual (Moraes & Lapeiz,
1985).
49
Tal condição nos leva a pensar em um acordo inconsciente com o objeto – no caso a
pornografia, o material pornográfico –, em que o sujeito se identifica com o objeto pela
repetição, podendo chegar a se tornar um vício, uma compulsão. As cenas geralmente se
focalizam nas repetições, seja de enredos, de filmagem dos genitais, seja do movimento
sexual de penetrar e retirar. Em consequência, o acúmulo de situações semelhantes provoca
identificação parcial pelo sintoma. Durante o uso do material, o sujeito não se sente só, pois
existem outros na cena, mesmo que de modo virtual e sem contato. Entretanto, após o gozo, a
realidade de sua solidão é evidenciada e o sujeito percebe que está só (Cole, 2011; Freud
1920/1996a; Moraes & Lapeiz, 1985).
Ao considerarmos que o uso e o contato com a pornografia ocorrem majoritariamente
de modo solitário, não é possível que ela seja consumida e/ou experimentada pelos sujeitos da
mesma forma, ainda que o conteúdo possa ser semelhante. Moraes e Lapeiz (1985) supõem
que cada vivência ocorre de forma particular na fantasia de cada sujeito e cada pessoa possui
seus recursos para lidar com as proibições internalizadas e com o medo de transgredi-las.
A partir do que foi exposto, compreendemos que a cultura cria repertórios de ritos e
costumes para execução das práticas proibidas, a fim de atender as demandas reprimidas do
sujeito, tidas como animalescas. Nesse ponto, questionamos se a pornografia seria uma forma
de ordenamento social que possibilita a transgressão, pois a procura pela pornografia revelaria
uma maneira de realização do desejo pela imaginação, que transpõe os limites da realidade e
os empecilhos diários.
Diante disso, lançamos a ideia de que o consumo de material pornográfico pode trilhar
dois caminhos: um que impulsiona a imaginação e a vida, ao tecer novas perspectivas na
esfera sexual, pois, ao colocarmos em cena o proibido e a transgressão, estaríamos
impulsionando e nutrindo o desejo; e outro, de interesse para a presente investigação, que é o
caminho do vício, da compulsão, da adicção, que inibe a criatividade e limita as formas de
obtenção do prazer e de construção de vínculos.
que se constrói a partir da fantasia; somente por meio da fantasia é possível ao sujeito desejar.
Para o autor, a pornografia nos habilita a conhecer e experimentar novas fantasias. Ela pode
nos transportar para outras localidades fantasiosas onde o sujeito se encontrará liberto do
moralismo e do controle social. A partir do mecanismo imaginativo somos capazes de
vivenciar a excitação sexual, sem compartilhar de seus efeitos nocivos, como a ansiedade, a
culpa ou o tédio. Nesse sentido, muitas pessoas se excitam eroticamente quando sua fantasia
contém um elemento de risco.
Cole (2011) aborda a temática sob duas perspectivas: uma positiva e outra negativa.
Sob o viés positivo, o autor afirma que o uso do material pornográfico por alguns sujeitos é
experimentado como uma situação de crescimento e prazer, pois por meio do uso alcançam
uma sensação de libertação e/ou desinibição, além de permitir que o sujeito explore seus
desejos e fantasias sexuais, pois alguns sujeitos no seu cotidiano não conseguiriam sustentar
suas escolhas objetais, preferências ou fetiches diante da sociedade. Outro fator apontado
como positivo é o uso da pornografia para revitalizar a vida sexual de casais que se encontram
insatisfeitos com a repetição ou com a diminuição de sua vida sexual.
Em contrapartida, o próprio autor afirma que a pornografia suscita vários sentimentos,
que fascinam ou repelem. Ela pode gerar uma forte resposta no sujeito que tem pouco contato
ou nenhum contato com ela, como também pode provocar uma resposta mínima em face de
um contato excessivo. Para o autor, a pornografia é um produto de difícil definição; ainda
sim, isso não tem sido um fator impeditivo para regular e limitar o seu alcance. A pornografia
declara que suscita excitação, contudo, por vezes, produz seu oposto. É um fenômeno cultural
que aparenta ser simples, mas seu efeito no psiquismo é repleto de paradoxos. Por esse
motivo, o autor considera estranha a proposta de adentrar no mundo da pornografia.
Diferentemente do que é colocado por Escoffier (2011) e da primeira perspectiva
apresentada por Cole (2011), Cebulko (2013) expõe que a pornografia não deve ser
confundida com um momento de representação da intimidade entre os pares/casais, pois ela
seria um material produzido com o objetivo de excitar eroticamente o sujeito a partir de
corpos alheios, sendo no geral definida como algo escrito, representado graficamente. Em
suma, o conteúdo pornográfico seria caracterizado por abordar temas eróticos destinados a
gerar excitação corpórea no público.
Contudo, na visão de Escoffier (2011), de Cole (2011) e de Galatzer-Levy (2012), a
pornografia resguarda o seu público das ameaças sociais em relação às atividades sexuais e
ansiedades associadas ao desejo sexual. Assim, a pornografia, por vezes, desprende o sujeito
das amarras morais, deixando-o experimentar novas possibilidades. Contudo, os autores
51
concordam que quando o uso perdura por muito tempo e o intervalo de satisfação torna-se
pequeno, isso pode se tornar problemático, devido ao caráter limitado da imaginação ou das
ansiedades geradas a partir de determinadas ideias eróticas.
Galatzer-Levy (2012) considera a pornografia como um “... tipo de mundo separado”3
(p. 485, tradução nossa), em que ela pode educar e proteger contra os perigos de se admitir
uma fantasia erótica criada. Em outras palavras, o autor defende que a pornografia pode
promover um efeito de socialização, pois ela pode ser uma ferramenta importante para as
pessoas envolvidas, e exemplifica com o caso de um jovem homossexual que vive em uma
comunidade onde as pessoas são conservadoras; para ele o acesso à pornografia gay pode
demonstrar que há outras pessoas cuja orientação sexual se assemelha a dele, o que pode
culminar em um autorreconhecimento sexual.
Entretanto, Galatzer-Levy (2012) salienta que a pornografia é um retrato limitado e
estereotipado da sexualidade, o telespectador sabe que os atores envolvidos na trama
geralmente são pagos para desempenhar determinada tarefa de cunho exibicionista. Em
consequência, isso pode reduzir a socialização de seu público que em outro momento teria um
grande alcance. Além disso, a pornografia pode caminhar em direção ao descompromisso
afetivo humano, pois o ambiente da pornografia confere importância à genitália e ao orgasmo,
não ao vínculo afetivo.
Entendendo a pornografia como algo negativo, Janin (2015), Galatzer-Levy (2012),
Cole (2011) e Woods (2015) equiparam a produção pornográfica e o comportamento dos
atores pornôs com máquinas sexuais, sendo que as produtoras focam no movimento repetitivo
de penetrar e retirar sem que haja vinculação afetiva entre os pares. Para os autores, a
pornografia não atende aos anseios de Eros, isto é, não se propõe a mostrar união e
construção, apenas coito e ideais estéticos. Diante disso, cabe perguntar: o que seria uma
experiência de entrega sexual? Se estamos expondo uma crítica ao que se propõe a ser o sexo,
devemos ao menos definir o que é esperado de uma conduta sexual. Para tanto, recorremos a
Winnicott (1975).
Conforme esse autor, a experiência de entrega sexual faz parte de uma dominação, em
que alguém se dispõe à experiência arriscada de demonstrar seu verdadeiro eu e, em
contrapartida, autoriza a si mesmo ser usado por um verdadeiro outro, que transmite ao sujeito
um ambiente relacional particular. Para compreender esse fenômeno, Winnicott (1975)
elabora uma diferenciação entre um objeto que seria um misto de projeções e o
3
“... a kind separate world” (Galatzer-Levy, 2012, p. 485).
52
vergonha se mostra ausente nas produções devido à exposição das próprias “vergonhas”,
verificamos que o ódio e a vergonha ocupam, negativamente, toda a encenação sexual.
Peterson (1991) reflete a respeito da influência da exposição à cena primária. Para ele,
tal exposição influencia na escolha do caminho erótico que será trilhado pelo sujeito. Dentre
esses caminhos destaca-se o da adicção pela pornografia. O autor considera que os sujeitos, a
fim de controlarem a estimulação suscitada a partir da cena primária, buscam por meio da
repetição adictiva recriar as imagens paternas e construir sua própria identidade. O autor ainda
sugere que os estímulos pornográficos foram utilizados pela via do menos traumático: o
sujeito se colocou na posição de especular indiretamente sobre sua participação na cena
primária.
A exposição à cena primária sobrecarrega o sujeito com excesso de estímulos. Em
consequência, aumenta o desconforto com o sexo e com a agressão. A adicção pela
pornografia demarca a presença de um passado que ainda permanece vivo para o sujeito.
Logo, tamanha exposição à cena primária pode gerar consequências patológicas. A frequente
exposição à sexualidade explicitaria o fracasso do caráter protetivo dos pais; contudo, o
desenvolvimento da patologia dependerá da constituição posterior do sujeito, da fase do
desenvolvimento psicossexual na qual se deparou com o fato, o funcionamento das fantasias
inconscientes e a condição da relação parental (Peterson, 1991).
Em suma, conforme os autores apresentados, torna-se possível compreender que a
indevida exposição às cenas de cunho sexual na infância poderia culminar em sintomatologia,
pois a adicção em pornografia poderia ser compreendida como uma forma de tradução dessas
mensagens excessivas que envolvem a sexualidade dos pais.
Alguns autores (Eisenman, 2001; Woods, 2015) sugerem que sujeitos que cometeram
crimes sexuais fariam uso de pornografia. Eisenman (2001) se baseia em uma pesquisa que
desenvolveu a partir de sua prática em programas de tratamento prisional. Ao passo que
Woods (2015) chegou a tal constatação a partir de sua experiência com criminosos sexuais na
clínica de Portman (localizada em Londres, a Portman Clinic é um local onde é oferecido
tratamento psicológico para adolescentes e adultos cujos delitos e outras perturbações se
relacionam com o imaginário sexual disponibilizado pela internet). Nessa clínica, os pacientes
declararam ser motivados a praticar crimes sexuais devido ao uso compulsivo de pornografia,
pois estas nutrem suas respectivas fantasias masturbatórias. Embora Woods (2015) seja
59
contrário à ideia de responsabilizar as mídias por atitudes criminosas, os relatos dos pacientes
o fazem pensar sobre a influência da pornografia como um disparador nas ocorrências de
delitos de cunho sexual, principalmente quando executados por adolescentes. A partir dessa
ideia, o autor questiona o papel da sociedade nessas condutas. Apesar disso, Wood (2007)
afirma que é irrisória a chance de um adicto por pornografia sair do nível da fantasia sexual e
atuar na realidade concreta. Com isso, afirmamos que criminosos sexuais frequentemente se
utilizam de pornografia, mas que não seria necessariamente o uso de pornografia que levaria o
sujeito a delinquir.
Apesar de não haver correlação entre o acesso à pornografia e as práticas sexuais
criminosas, Woods (2015) considera que o uso excessivo de pornografia é, atualmente,
detectado devido ao intenso consumo de imagens sexuais cada vez mais exorbitantes. Elas
podem gerar outras consequências, tais como: isolamento social, alienação da realidade e
prejuízo psicológico. Dentre os casos mais difíceis atendidos pelo autor, é evidenciado que
essa atitude voyeurista compulsiva pode ser entendida considerando o fato do sujeito ter
dificuldades em ser ele próprio visto e, em decorrência disso, isola-se e transmite sua tensão
para fantasias masturbatórias descontroladas.
Além disso, Woods (2015) e Cebulko (2013) discorrem sobre os danos ocasionados
pela pornografia nas relações conjugais. Woods (2015) aponta que, geralmente, a demanda
que está adentrando à clínica é o conflito gerado pela pornografia nas relações
conjugais/sexuais dos sujeitos. De acordo com Cebulko (2013), estudos que focam a
pornografia vista pela internet como adicção não fornecem uma compreensão detalhada sobre
o comportamento individual, sobre motivações inconscientes ou sobre o papel que o uso
compulsivo da pornografia on-line pode causar nas relações conjugais. Os estudos
expandiram e reforçaram o papel que o cérebro desempenha na compreensão do uso do
cibersexo. Todavia, ao se centrar no comportamento sexual compulsivo como a adicção,
podem obscurecer importantes informações, tais como a patologia subjacente de cada
indivíduo e algum trauma não tratado relacionado ao âmbito sexual, emocional e físico, e a
abusos ligados às falhas de desenvolvimento e déficits parentais.
Cebulko (2013), em seus estudos, analisa as relações conjugais em que os maridos
fazem uso massivo de pornografia, constatando que essas relações são permeadas por
elementos complexos e delicados. Desde 2007, a autora dedicou-se a estudar as esposas de
homens que usam pornografia e empregou uma perspectiva psicodinâmica para estudar e
ampliar seu conhecimento em relação às experiências dessas mulheres. Concluiu que muitas
dessas mulheres possuem experiências traumáticas com interferências em seu
60
desenvolvimento que parecem impedir a eficácia de gestão de suas vidas. Logo no início de
suas relações, as mulheres não conseguiram reconhecer os primeiros indícios em relação aos
interesses sexuais de seus parceiros e de suas outras atividades compulsivas. Os traumas não
tratados e as características de personalidade individual influenciam tanto a escolha do
cônjuge quanto a inabilidade de separar os problemas dinâmicos matrimoniais. Uma vez
casada e confrontada com a realidade da pornografia, a mulher tende a focar sua preocupação
especificamente no uso, por parte de seus maridos, da pornografia por meio da internet,
mesmo quando esse uso está envolvido em outras atividades relacionadas com a sexualidade e
com inúmeras outras compulsões.
4.2.2. A internet
que nos ocorre internamente, isto é, de nossos dramas internos, como se demonstrasse a
magnitude de sua natureza polimorfa. Além de projetarmos nossos conteúdos mais internos,
também participamos do que lançamos nesse espaço, criando um cenário na virtualidade.
Nele é possível externalizar sentimentos inadmissíveis e se nutrir afetivamente. A internet
propicia uma espécie de vida dupla ao sujeito para que ele possa concretizar seus desejos e
fantasias, independentemente da natureza deles.
Por último, há o terceiro modo, em que Wood (2007) compara a internet com um
catalisador, pois ela pode exercer uma atividade extremamente danificadora e gerar prejuízos
nas funções egóicas de alguns sujeitos. A internet, ao dar voz às defesas maníacas, leva o
sujeito a uma espécie de ruptura no funcionamento da posição depressiva. Contudo, a fantasia
onipotente que é despertada e as negações de nossas próprias limitações são consequências de
nossa própria agressão.
Outra hipótese levantada por Wood (2014) corresponde à relação entre a internet e o
estado borderline4. A associação é justificada na medida em que o envolvimento com a
internet pode ser vivenciado estando no limite entre a realidade interna e externa, não sendo
apenas uma expressão elaborativa da fantasia inconsciente. Geralmente, o que se acessa na
internet é realizado de modo solitário e o sujeito pode sentir sua atitude, por não ter outras
pessoas envolvidas, como uma expansão de sua própria psique. Essa posição fronteiriça entre
ambas as realidades pode ser traduzida como um embate de forças entre o ego e o superego5.
Para o autor, dentre os casos que ele já observou de sujeitos compulsivos por pornografia
infantil, seria improvável que qualquer um deles passasse da realização do plano virtual ao
real, isto é, de realizar a agressão sexual de violação, pois eles são inibidos na expressão da
agressão. O conteúdo visualizado na rede seria uma expressão de um conflito psíquico, em
que o campo virtual forneceria ao sujeito a possibilidade de projetar-se e se identificar.
Retornando aos aspectos egóicos e superegóicos, Wood (2014) considera que ambas
as instâncias possuem um emaranhado de normas que regem o estado de fantasia. Tal
condição baseará a emissão de pensamentos de atitudes perversas, agressivas ou bárbaras.
4
Segundo o CID - 10 (1993), o Transtorno de Personalidade Emocional Instável é subdivido em dois grupos: o
tipo impulsivo e o borderline (F 60.31). O último é caracterizado como um quadro de instabilidade emocional,
em que estão presentes elementos perturbadores ou pouco claros, como as adicções, a referência à autoimagem,
“objetivos e preferências internas (incluindo a sexual)... Há em geral sentimentos crônicos de vazio. Uma
propensão a se envolver em relacionamentos intensos e instáveis pode causar repetidas crises emocionais e pode
estar associada com esforços excessivos para evitar abandono e uma série de ameaças de suicídio ou atos de
autolesão (embora esses possam ocorrer sem precipantes óbvios) ” (p. 200-201).
5
O superego, de acordo com Freud (1923/1996i), seria o herdeiro do complexo de Édipo, que resumidamente é
responsável pela internalização das figuras parentais. E exerce, futuramente, um papel de criticidade a si mesmo
e de moralidade.
63
Para alguns sujeitos, o uso de internet se apresenta no limiar entre o mundo interno e externo,
como se estivesse em um jogo e existissem algumas normas implícitas na fantasia. Nesse
sentido, alguns sujeitos que são capturados pela polícia por fazer uso de pornografia infantil,
ficam chocados com a própria prisão, pois, de algum modo, acreditavam que sua atitude
ocorria somente em sua psique.
De acordo com Woods (2015), no universo da pornografia on-line, a agressividade
inerente ao ato de olhar desperta medo e vergonha em ser visto. O voyeur obtém a sensação
que pode visualizar qualquer coisa a qualquer momento e lugar, independente da autorização
social para aquilo. Contudo, o temor e a vergonha de ser visto acentua-se devido aos
elementos projetivos hostis. No desenvolvimento, a construção dos sentimentos de medo e
vergonha ocorre posteriormente ao processo de maturação e diferenciação do primeiro objeto
de amor, e eles desempenham um importante papel diante dos pensamentos relacionados a
proibições morais. Há casos em que o sujeito possui seu desenvolvimento interrompido, ou
estagnado, devido a um trauma ocorrido nos primeiros anos de vida. Um dos propósitos da
psicoterapia é retomar o ponto cujo desenvolvimento foi afetado. Para alguns pacientes, a
psicoterapia necessita recriar um espaço protetivo, para que seja possível retomar o
desenvolvimento interrompido do sujeito (Woods, 2015).
Por intermédio desta pesquisa, constatamos que, por vezes, a pornografia assume um
papel substitutivo às consecutivas ausências às quais o sujeito é impelido a lidar no decorrer
da vida. Entendemos que parte dessas faltas se entrelaçam à cultura vigente composta por
comportamentos competitivos e que estimulam o individualismo, ou seja, nega a
solidariedade, a vinculação e o amparo entre os pares. Outra parcela dessa ausência pode
corresponder às omissões de cuidado parental, sejam eles de ordem física ou psicológica, no
início da vida. O fato é que a compilação desses fatores gera sintomas, tais como o vício pela
pornografia on-line, que perpassa ideais de gozo ilimitado por meio de objetos parciais e
satisfações pelas mais diversas zonas erógenas. A função dessas medidas psicológicas deve-
se à necessidade de defender o sujeito das angústias originárias ligadas ao sentimento de
aniquilação, que se fortalece de acordo com os valores de nossa civilização.
Após apresentarmos algumas considerações a respeito da pornografia e de alguns
termos (adicção, dependência, vício, dentre outros) que estão presentes nessa pesquisa. Na
seção seguinte, conforme apontamos na parte destinada a Estratégia Metodológica,
apresentaremos a descrição e análise das categorias elencadas por temáticas, a partir do
procedimento metodológico adotado de Análise de Conteúdo (Moraes, 1999).
64
O meu problema não é eu ter deixado de gostar de mulheres, porque eu não deixei, o
problema é eu passar a gostar de mulheres com pénis. É perturbador, para mim é, sei que há
pessoas que não dão importância, mas eu dou. Eu sou heterossexual, na medida em que todos
os desejos românticos eu idealizo com uma mulher normal. Porém este meu lado mais
pervertido me envergonha. E a minha ansiedade aumenta pensando assim "cara, vejo isso
talvez a uns 3/4 anos, será que acabei mudando minha orientação? E se eu no fim disso tudo
continuar vendo pornografia travesti?". (marcolopes, D20c).
vista como perigosa, pois era sabido que o material se destinava para maiores de dezoito anos.
A moralidade relacionada ao ser visto, ou flagrado, à procura do material, inibia o jovem;
afinal, aquele produto não se destinava a ele. Quem conseguisse o material era visto como
vitorioso e portador de um segredo, o da sexualidade e, psicanaliticamente falando, da
sexualidade dos próprios pais.
Abaixo selecionamos alguns trechos que evidenciam a descoberta da pornografia por
adolescentes e os impactos dos avanços tecnológicos ocasionados pela chegada da internet:
... lembro-me de ter me deparado com minha primeira foto porno aos 12 anos... foi num jornal
adulto... cara aquilo foi uma descoberta de mina de ouro pra mim... porém eu sou da época
da playboy... e meus pornôs foram fitas VHF época do Vídeo K7... peguei a época de banda
larga de 10 anos pra cá.... mas ainda assim essa desgraça me arrebentou... (Bereta, D1).
Assim como a maioria das pessoas eu entrei para o vício logo na adolescência. Aos 11 anos
lembro-me de ter ganhado de presente uma revista de mulher pelada, mas até aí nada de
mais. O problema mesmo veio aos 12 com a internet. Primeiro a discada e depois a internet
banda larga de alta-velocidade. Aos 12, mesmo sem saber disso na época, tenho para mim
que já estava completamente viciado em pornografia. A internet era o meu refugio. (Projeto,
D5b).
Um fator inquietante nessa pesquisa foi que alguns depoimentos trouxeram dados de
que o primeiro acesso não foi a partir dos doze anos de idade, mas antes disso. Portanto, o
primeiro contato com a pornografia ocorreu quando os sujeitos eram de fato crianças. Assim,
esse primeiro acesso ocorreu com pessoas incapazes de compreender a intensidade do
estímulo sexual provocado pelas imagens. Eles declararam que o contato com essa
modalidade midiática foi o início de seu próprio fim, isto é, a entrada do sujeito no vício. Este
fato quando relacionado ao cotidiano da evidente presença da internet, nos impele a pensar a
respeito da erotização cada vez mais precoce da infância (Felipe & Guizzo, 2003).
Felipe & Guizzo (2003) discorrem a respeito da erotização da criança, para elas as
modificações tecnológicas são responsáveis diretamente pelas vivências infantis, pois crianças
estão acessando conteúdos do universo adulto (como sexo e trabalho) sem obstáculos e estas
promovem a erotização do corpo infantil. Uma das causas desse fenômeno é relacionada pelas
autoras, com o processo da geração de capital. As autoras apresentam uma hipótese de que a
criança é uma consumidora em potencial e, paralelamente, também pode ser como um objeto
a ser consumido pelo universo adulto.
Tal ideia se justifica pelo fato de que: como as crianças são vistas como consumidoras
em potencial, por outro lado, as tecnologias de comunicação evocam a ideia de que a infância
e a adolescência são etapas de jovialidade que devem ser apreciadas e almejadas, para isso,
67
nomeiam esse terreno do desejo pelo corpo jovem como "pedofilização" generalizada da
sociedade (Felipe & Guizzo 2003, p. 124). O apelo à constituição desse ideal ocorre via
imagens difundidas por meio de tecnologias audiovisuais, nessas a criança é convocada a
permanecer em posições sensuais ou estarem em circunstâncias sexualizadas. Em
consequência a essa constante sexualização, a criança responde ao que lhe é solicitado
manifestando interesses por elementos que se remetam à sexualidade, como o namoro e as
relações fugazes, onde podem satisfazer a lógica a qual estão inseridas - se manifestam como
adultos em forma de um corpo jovem. A partir disso levantamos indagações sobre o impacto
das tecnologias na formação subjetiva do sujeito e os direcionamentos que esta realidade
trilhará na vida psíquica, que embora não seja o objetivo dessa pesquisa, fez-se necessário ser
destacada.
... comecei a ver revistas e dvds pornográficos com meus amigos de rua, esse foi o começo da
minha destruição... Mas com a chegada de um PC na minha casa e a descoberta dessa
combinação perversa, posso dizer que foi o inicio do meu fim. (Paz, D25).
... Meu vício começou na década de 90, quando por acaso eu encontrei algumas revistas
pornográficas rasgadas jogadas na rua. E por incrível que pareça, vira e mexe eu sempre
encontrava alguma imagem de sacanagem jogada na rua. Isso foi despertando a minha
vontade de me masturbar e com certeza foi o inicio do meu vício em pornografia e
masturbação. (Alexandre, D30).
Tenho 24 anos e sou viciado em PMO [pornografia, masturbação e orgasmo] a 11 anos mais
ou menos. Comecei quando achei vídeos pornô no computador que era compartilhado pela
família, provavemente percentiam ao meu irmão mais velho. Isso foi um choque pra mim e
imediatamente eu gostei e despertou um interesse enorme por isso. A partir daí eu descobri o
P.[pornografia] Com o passar do tempo fui entrando no assunto de M [masturbação] e O
[orgasmo] e passei a praticar e fui viciando aos poucos. Na época já tinha internet banda
larga e já tinha achado fontes do material. Hoje eu estou em uma situação que me
envergonha muito. (surfista, D26)
... comecei ver pornografia na era pré-internet, material "analógico" e escasso, famosas
revistinhas com páginas grudadas, enfim... Devo ressaltar que na minha casa meio que tinha
bastante material a disposição, nada muito pesado, mas meu pai colecionava aqueles
posters/calendários de borracharia (famosas "folhinhas") e pra mim era até normal ver foto
de mulher com seio a mostra (mas nunca a parte de baixo) desde criança, e comecei a me
masturbar com uns 12 anos, vendo especies de cards/mini-calendários de propaganda que
davam de brinde por ai, alguns eram fotos de gatinhos ou paisagens e outros de mulheres
nuas (acho que não existe mais isso), essas sim mostravam a mulheres totalmente nuas, foi
meu primeiro PMO, fiquei todo contente, pois os amiguinhos mais velhos diziam que aquilo
era ótimo e "pra ser homem" você tinha que fazer. Bom, material era escasso, mas talvez uma
benção, até catalogo de lingerie excitava, se tivesse acesso a uma simples playboy da época
então, era material para PMO por semanas, e assim foi, depois as "revistinhas suecas" como
diziam e assim foi toda uma adolescência... Nessa mesma época veio a internet discada, fiquei
viciado em chats sobre sexo, eu chegava do trabalho as 18 e ficava conectado até as 22
direto,... (tiago_fernando, D28).
68
Além disso, o advir da internet com rapidez na transmissão de dados digital ADSL
(Assymetrical Digital Subscriber Line) superior à transmissão da internet à rádio é uma
ferramenta utilizada para aqueles que querem acessar dados em alta velocidade. A agilidade
no acesso a informações no ambiente virtual nos coloca em uma situação com implicações
positivas e negativas. Se por um lado a internet nos proporciona recursos para celeridade na
busca e transmissão de conhecimentos informativos e de entretenimento, no caso satisfazendo
parcialmente nossas pulsões (epistemofílica6, voyeurista, exibicionista, sexuais, dentre
outras), não podemos esquecer que essa satisfação é parcial, não total, e no caso do acesso à
pornografia ela, à sua maneira, satisfaz a curiosidade sexual e as demandas sexuais mesmo
que não integralmente.
Ao tratarmos do aspecto pulsional, acrescentamos a essa apresentação de categoria as
constatações de Freud (1930/1996b) e de Ceccarelli (2011b). Eles explicam que, embora a
civilização nos obrigue à privação da satisfação pulsional, esta se vê impelida a criar
estratégias para que encontremos satisfação, mesmo que parcial, por meio de substitutos
diante das pulsões e conteúdos reprimidos. Cabe ressaltar que os objetos substitutos não
promovem a satisfação total das pulsões e produzem nos sujeitos um eterno estado de
descontentamento e sofrimento. Nessa via, a pornografia torna a vida em sociedade aceitável,
sendo que é uma criação da própria civilização que possibilita a transgressão. Ela é um objeto
substituto que oferece alguma satisfação às pulsões recalcadas, pois permite um escoamento
libidinal (Ceccarelli, 2011b).
Ainda de acordo com Ceccarelli (2011b), desde o nosso nascimento estamos
submersos num sistema que nos ensina a domesticar as pulsões. Assim, desde pequenos nosso
contexto de relações pessoais – primeiramente composto pelos cuidadores e em seguida por
amigos –fornecerá a nós símbolos que possibilitem nossa comunicação com a sociedade que
nos cerca e também estabeleçam comportamentos que podem ou não ser apresentar. Os
cuidadores são quem insere no sujeito um sistema de informações sobre a ética e a moral e
funda o alicerce necessário para o desenvolvimento em sociedade. Contudo, quando essas
figuras são incapazes de disponibilizar modelos identificatórios suficientemente bons, o
sujeito procura-os, por vezes, o ambiente midiático; isto é, a criança se baseia em figuras
vislumbradas da televisão ou da internet para compor seu psiquismo.
6
Designamos por pulsão epistemofílicia a pulsão nomeada por Freud (1905/1996e) como “pulsão de saber” (p.
184). O autor lança a hipótese de que concomitantemente ao florescer da vida sexual infantil também se origina
o ato de investigar e desejar compreender os elementos culturais que rodeiam a criança. Tal pulsão, na visão de
Freud (1905/1996e) é despertada pelas questões ao redor da sexualidade, cuja ação atende a uma maneira
sublimada de dominação e por meio da atividade de olhar/ver (escopofilia).
69
Todavia, esses modelos não são suficientes, principalmente quando no futuro nos
deparamos com os casos de adicção, mais especificadamente, no vício em pornografia. Nesses
casos, como afirma McDougall (1995/1997a), há uma ausência das figuras de amparo. A
tentativa de controle pulsional quando composta, majoritariamente, por ausências, ao invés de
investidas afetivas/amorosas e explicações gera lacunas no psiquismo do sujeito, que de
algum modo necessitam ser preenchidas. Os modelos midiáticos, por serem acessíveis em
qualquer localidade (basta ter um computador, por exemplo), funcionam como modelo de
vida e de conduta sexual. Assim, em quadros de ausência parental, quando a criança tem
acesso a pessoas em situação pornográfica, esse modelo fornece explicações excessivas –
sobrecarregadas de conteúdos sexuais – de como se deve ser um adulto. Expostos a essas
explicações e juntamente ao fato da criança estar desamparada, a pornografia funciona na
medida em que possibilita que esse sujeito vulnerável não se sinta só (Moraes & Lapeiz,
1985; McDougall, 1995/1997b).
... a partir de 2005, com a aquisição de um Modem ADSL, a coisa se complicou de vez. O que
era rotineiro, tornou-se uma obsessão. A princípio, trancava-me no quarto e tirava inúmeras
fotos com meu celular, para que pudesse me masturbar logo em seguida. Isso ocorria várias
vezes por semana, o mesmo ritual, ano após ano. Nos anos posteriores, com a explosão dos
sítios de vídeos pornográficos, passei a baixar cada vez mais material, a ponto de abarrotar
uma pasta — oculta, claro — em meu notebook. Nessa última fase, nos últimos três, quatro
anos, não mais baixava conteúdos, mas utilizava um tablet para satisfazer o terrível e voraz
dragão que habitava em mim. E assim, passaram-se 10, 12 anos de minha vida, escoados pelo
ralo. (M. Mystère, D6).
Agora vamos ao que interessa. Tenho 29 anos e desde a infância eu tinha atração por
mulheres fumantes e por pés femininos (esse fetiche por pés até que é bem comum no Brasil).
Desde que comecei a me masturbar (aos 13) a maioria das vezes me masturbava com coisas
relacionadas aos fetiches e isso piorou quando surgiu a internet banda larga, foi aí que
realmente me vicei nesses fetiches. (Skid Row, D14).
Lembro-me bem agora, quando iniciei meu processo de enclausuramento havia apenas uma
coisa que me dava prazer: a pornografia na internet. Naquela época a internet ainda era
discada, fazia aquele barulho irritante antes de se conectar de fato à internet, e era muito
lenta, mas já existiam muitos sites ofertando pornografia gratuitamente. De início, apenas me
interessava por pornografia leve, mas com o tempo isso já não bastava, e fui aos poucos
mergulhando mais e mais fundo nesse mundo tão excitante e solitário ao mesmo tempo... E
também vivenciava as minhas primeiras experiências afetivas, com namoradas e ficantes. No
entanto, o que realmente me excitava eram as imagens e vídeos pronográficos que a internet
me apresentava, gratuitamente, no momento em que eu quisesse, a apenas alguns cliques de
distância. (Sputnik, D27).
De revistas encontradas num armário velho no trabalho de meu pai não demorou até os
primeiros DVDs pornô emprestados na escola. Minhas notas a partir de então desmoronaram
e me tornei um completo crápula, o tipo mais besta, mais irritante que pode haver (para vocês
70
Bom,se eu não me engano, a primeira vez que eu tive acesso a pornografia foi entre 2003 ou
2004...eu tinha 11 anos...e foi através de umas VHS velhas do meu pai...o engraçado dessa
fase é que quando eu assistia essas VHS, nunca aconteceu a "PMO" pois eu não sabia o que
era masturbação...eu ficava com tesão é claro mas assistia por pura curiosidade, vamos dizer
que eu ainda era "inocente"... não sabia das coisas...depois de assistir várias vezes, o vídeo
Cassete na hora de rebobinar as fitas enroscava e amassava elas por dentro e estragou todas
as fitas (hoje 10 anos depois dou graças a Deus por isso ter acontecido ainda cedo) como não
dava mais pra assistir, deixei isso pra lá. No começo de 2005 com 13 anos eu aprendi a me
masturbar...nessa fase a M era apenas usando a imaginação e raramente quando aparecia
alguma nudez ou cena de "softporn"[pornografia leve, normalmente, com enredos que não
focalizam exclusivamente os genitais] aleatória na TV a Cabo como HBO ,Max Prime e
canais do tipo...até ai foi tudo bem ,entrando na puberdade por volta de 2006,2007 nas Lan
Houses da vida eu descobri que existia revistas pornos de graça na internet (coisa que eu
achava que não existia)...eu nunca tinha tentado procurar isso na Lan House pois tinha medo
de ser pego rs' depois de algum tempo tomei coragem e comecei a pesquisar coisas leves
como Playboy, Sexy só pra alimentar a imaginação pra M quando chegasse em casa...tempos
depois também descobri que existia filmes pornos grátis na internet. Em 2008 com 15 anos eu
ganhei meu primeiro PC...aqui começa a pornografia em internet banda larga na minha
vida...nos primeiros dois anos até 2010 foi "de boa", assistia pornos de forma "normal", PMO
uma vez por dia, raramente 2 vezes por dia...então me formei no ensino médio no mesmo ano
em 2010...e ai começava o esse pesadelo na minha vida...do final de 2010 pra cá (últimos 5
anos) as coisas pioraram e MUITO. (Luxord, D21).
... minha historia começa aos 8 anos de idade, quando por acaso, descubro na estante da
minha casa, um arsenal de VHS porno pertencentes ao meu pai, um também viciado em
pornografia, e quando digo arsenal não é nenhum exagero da minha parte, pois ali continha
todo tipo de pornografia "normal" e Hard existente e aceitável para a época. nessa época
ainda como eu era criança eu achava completamente inaceitável e repulsivo alguns tipos de
pornografia, então fiquei no básico até mais ou menos meus 12 anos. A partir dos meu 12
anos a pornografia convencional já não me saciava mais, foi o período em que comecei a
ejacular, então foi quando comecei a sair do porno "GOSTOSAS" para algo mais fantasioso
como os de "HISTORIAS". Nessa vibe eu fui indo até achar um VHS realmente HARD para
mim, e foi quando tive meu primeiro orgasmo realmente intenso, fiquei naquela fita durante
dias, e nessa onda de porno de historias que envolviam incesto e sexo publico até meus 14.
Com 14 anos tive minha primeira namoradinha, o porno já estava instaurado na minha
cabeça, já tínhamos um aparelho DVD em e um ARSENAL pornográfico completamente novo
na estante, e foi quando aconteceu que, eu perdi minha virgindade... (Lee, D24).
Ceccarelli (2012) considera que a noção de consumo engloba desde elementos físicos
a elementos abstratos, como um objeto material (perfumes, roupas etc.) e algo do campo da
virtualidade, como os programas de televisão. Estes podem transmitir para as pessoas o
entendimento de felicidade, tristeza, ou até mesmo apresentar elementos tóxicos que, embora
permitam o acesso ao prazer, podem lançar o sujeito a uma situação de desconexão com as
demandas da realidade externa, pois a mídia auxilia no processo de se esquivar das exigências
sociais. Apesar desse fato por um lado preservar o sujeito das solicitações sociais, por outro
ao se esquecer delas, enclausura-se dentro de si mesmo e abstém-se de se relacionar com o
outro.
Assim, por meio dos depoimentos, compreendemos que essa dificuldade em se
aproximar afetivamente do outro na esfera social, deve-se ao fato de que, na pornografia, a
energia sexual é apresentada sem nenhuma barreira para que se atinja sua meta, pois o coito
na performance, geralmente, culminará em orgasmo. O sexo é explícito, sem enredo, ele não
se propõe a executar atos preparatórios de afetividade anteriores à prática sexual (carinhos e
preliminares) e, por fim, exige que ambos os personagens se comportem como máquinas
sexuais. Em suma, verificamos que as mídias pornográficas perpetuam modelos
identificatórios de performance e de atitude sexual desprovidos de vinculação afetiva entre si.
O eixo temático que foi contemplado nesta descrição e análise visa amalgamar e expor
elementos que se destacaram nas leituras e releituras dos depoimentos, que são: a culpa, a
vergonha e a masturbação. Apontamos que, na presente pesquisa, a palavra culpa será
vinculada à palavra arrependimento, por possuírem um resultado comum: o remorso.
De maneira simplificada, a culpa seria originada de algum comportamento emitido
sem a intenção de prejudicar algo ou alguém, mas que resultou em algum tipo de dano. Ela
também se encontra atrelada à certa deturpação realizada a determinado entendimento ético
ou moral. Como já exposto, ela será vinculada à palavra arrependimento, pois a última, de
acordo com Ferreira (1999), seria alguma “insatisfação causada por violação de lei ou de
conduta moral, e que resulta na livre aceitação do castigo e na disposição de evitar futuras
violações” (p. 200).
A culpa, para Peres (2001), foi demonstrada ao longo da história por meio de marcos,
como o pecado original, o assassinato do pai e dos irmãos, que existem desde os primórdios
da humanidade. Nas palavras da autora:
Se no início, foi um ato, esse ato gerou a culpa e a culpa presentifica-se em nossa memória. A
culpa é sempre uma culpa recordada. Culpa que decorre de uma lei sob a qual somos regidos e
que se inscrevem sua dimensão simbólica; culpas reais que nos acometem por nossas faltas e
atos quotidianos (p. 7).
A esse respeito, Freud (1930/1996b) afirma que todo sujeito possui pulsões destrutivas
em si, e para que elas não se voltem para o ambiente social, faz-se necessária à existência de
algum elemento para inibi-la, pois se isso não for feito, o sujeito pode direcionar sua
agressividade contra a sociedade e contra seus pares. Para isso, ao longo do desenvolvimento
do sujeito, a civilização o conduz a internalizar sua própria agressividade, isto é, ao invés de
lançar a violência contra a civilização, o sujeito a devolve para o próprio ego. Assim, quando
tomada por parcela do próprio ego, ela “... se coloca contra o resto do ego, como superego, e
que então... está pronta para pôr em ação contra o ego a mesma agressividade rude que o ego
teria gostado de satisfazer sobre outros indivíduos” (p. 127). Daí, desse conflito entre as
exigências de um implacável superego e o ego originar-se o sentimento de culpa, que se
manifesta a partir do anseio do próprio sujeito em se penalizar.
Já a vergonha, segundo Ferreira (1999), seria um sentimento suscitado pela execução
de atividades que são contrárias à moralidade. O autor também a considera como: “2.
Sentimento penoso de desonra, humilhação ou rebaixamento diante de outrem. 3. Sentimento
de insegurança provocado pelo medo do ridículo” (Ferreira, 1999, p. 2062).
73
Por fim, a masturbação seria uma ação suscitada pelo esfregar das mãos nos órgãos
genitais ou pela utilização de ferramentas destinadas à obtenção do orgasmo (Ferreira, 1999).
Esses sentimentos e tal atitude sexual foram frequentemente destacados nos depoimentos,
pois os sujeitos correlacionam o vício pela pornografia com a masturbação; isto é, o ato
masturbatório se faz presente após e/ou durante o ato de consumir a pornografia com o
objetivo de sentir satisfação. Como consequência, evidencia-se o surgimento do sentimento de
vergonha, de culpa e de arrependimento. Para tal elucidação, escolhemos o trecho abaixo, que
se relaciona ao que foi exposto.
Só pode ser isto! Só poder ser a pornografia e a masturbação. Não tenho mais o que tentar!
Já tentei de tudo!". Ou seja, eu não tinha certeza, mas por dedução (por já haver tentado de
tudo) eu enfim me dei conta de que podia ser a pornografia que estava me afundando... Minha
adolescência foi uma porcaria. Uma baixa autoestima contumaz e uma falta de impulso e
confiança para lidar com as garotas, tudo isso me conduzia ao que me restava de
"experiência sexual": a masturbação com pornografia ou mesmo a masturbação imaginando
garotas que eu queria... Comentava com minha psicóloga: "parece que falta um motor dentro
de mim". Hoje sei que esse motor é a libido, que me era roubada pela pornografia e
masturbação... descobri o quanto o sexo era incrível e era um ato de carinho entre duas
pessoas. Enfim descobria o que a pornografia e a masturbação me retiraram por décadas:
uma potência vital enorme!... Minha vida sexual é ativa e saudável hoje. Além da descoberta
de que sexo é carinho, aprendi que o sexo des-cansa, enquanto a masturbação cansa. O sexo
preenche sua vida. A masturbação nos enche de vazio (Magrão, D3a).
Quando se é viciado, quer-se mais é que o mundo se dane. A zona de conforto é muito mais
tragicamente gostosa. Meu comportamento era diuturnamente só me masturbar e mais nada,
com ou sem pornografia, mas principalmente com. (Justiceiro do Sertão, D4).
... várias vezes cheguei a furar meu programa de estudos ou deixar de estudar para provas a
fim de ver conteúdo pornográfico e me masturbar. Contudo, ainda não percebia a gama de
efeitos nocivos que sofreria em razão do vício... estou com distimia, um tipo de depressão
leve, a qual certamente foi suscitada pela pornografia e masturbação... (M. Mystère, D6).
A PMO virou válvula de escape para qualquer frustração. Por fim, ela virou motivo de
tormento na pior fase da minha vida, dado que minh ex usava a minha PMO como
justificativa pra dizer que eu era o maior lixo humano da TERRA. (Fabsjoia, D29).
Meu nome é Lucas, e estou aqui para tentar parar com a masturbação e a pornografia, Tenho
17 anos ,me masturbo desde aos 11.e percebi que estou com DE, pois eu percebo que uma
garota é atraente, e mesmo assim, nada de conseguir excitação, na minha cabeça sempre
pensei que era por causa da masturbação excessiva, mas nunca conseguia parar ... Já tive a
oportunidade de namorar com muitas garotas, porém sempre rejeitei, pois pra mim o prazer
que eu estava tendo com a pornografia e masturbação já bastava pra mim. Minha ansiedade
era tão grande para me masturbar que tudo que eu pegava com a mão eu ficava tremendo...
(Lucas, D18).
Descobri a masturbação em 2005, esse diabólico vício na minha adolescência, através dos
meus melhores amigos... E como todos aqui, que se interessam naturalmente por sacanagens
com o sexo oposto, comecei a ver revistas e dvds pornográficos com meus amigos de rua, esse
foi o começo da minha destruição. A pornografia é diretamente relacionada com a
masturbaçao, como sabemos... Mas com a chegada de um PC na minha casa e a descoberta
dessa combinação perversa, posso dizer que foi o inicio do meu fim... Tem dias que eu me
masturbo até 3 vezes, sempre aquela masturbação curta e insatisfeita com unico objetivo de
sentir a sensação do clímax o que me torna uma especie de ''bola insaciável de luxúria'' o dia
inteiro. (Paz, D25).
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Salomao (D7), apesar de não fazer uma ligação direta entre a masturbação e a
pornografia, afirma que foi o ato masturbatório o responsável direto pelo consumo de material
pornográfico: “Meu vicio começou com masturbação, depois fui para vídeos pornográficos
na internet...” (Salomao, D7).
A partir dessa fala, nos reportamos ao exposto por Freud (1950/1996j) na carta 79, na
qual afirma que “... a masturbação é o grande hábito, ‘o vício primário’, e que é somente
como sucedâneo e substituto dela que outros vícios – álcool, morfina, tabaco etc. – adquirem
existência” (p. 323). A ação de se masturbar é de cunho totalmente autoerótico, pois ocorre
por meio do ato do sujeito excitar o seu próprio corpo. Acrescentamos aos dizeres de Freud
outro substituto, que seria o vício em pornografia. Contudo, nessa modalidade o que há de
mais primitivo é que o sujeito usuário de pornografia raramente se desvincula da
masturbação. Tal hábito estaria presente e seria ampliado para que sua execução ocorresse
atrelada à pornografia. Logo, a pornografia fornece outros elementos para a intensificação da
masturbação.
Frente a alguns depoimentos citados acima e a outros que serão destacados abaixo,
notamos que os sujeitos consideram a masturbação algo humilhante, uma prática negativa e
penosa, a qual deve ser escamoteada ou não realizada.
Aos 16, foi quando comecei a ter vergonha de mim mesmo, senti que precisava de uma
namorada e decidi parar com a pornografia e masturbação pela primeira vez. Foi uma época
em que eu percebi que a masturbação era algo humilhante e estava determinado a parar...
(Projeto, D5b).
Dos 12 aos 18 anos eu tive uma vida afetiva e sexual frustrante. Não ficava com as meninas,
não namorei. Perdi a virgindade com uma prostituta aos 15 anos e, talvez intimidado, tive
dificuldade de ereção. Mas me masturbava MUITO, geralmente fantasiando no banheiro ou
assistindo TV. Lembro que atrizes e Vjs da MTV me excitavam e eu me masturbava. Era todo
dia! Aos sábados eu fazia plantão para assistir o Cine Privê. Me masturbava vendo os filmes,
mas tentava segurar o orgasmo para o fim do filme. Até o fim eu me masturbava, sem
orgasmo, vendo todas as atrizes. E, por ter uma criação e uma vida religiosa (católica), me
sentia muito mal com a masturbação, vista como pecado. (Fabsjoia, D29).
membros dessas religiões como uma transgressão; e, como consequência, quem burla uma
regra deve ser punido.
... eu não entendia muito bem o vício em pornô... e aquele culpa como sem fosse um meteoro
caia na minha cabeça... mesmo assim eu não desisti... ficava 1 semana sem PMO, ai caia de
novo, depois mais uma semana sem PMO, caia de novo... minha Fé não existia mais, só ia pra
igreja por ir mesmo, e por causa de uma amiga que eu conheci na igreja, já não conseguia
orar mais pois tinha vergonha de Deus. (Luxord, D21).
Hoje eu estou em uma situação que me envergonha muito. Me sinto sujo e completamente
arrependido por todo esse tempo perdido que pratiquei PMO... Eu não consigo ficar um dia
sem PMO. Às vezes eu penso comigo mesmo que isso não é necessário, mas algo no meu
cérebro me fala pra eu ir praticar pq vai me aliviar e eu vou ficar mais tranquilo, mas não é
isso que acontece, sempre que termina eu fico com sentimento de arrependimento e depressão
(surfista, D26).
Outro depoimento que nos gerou inquietação foi o de matheus750 (D8). Em seu
depoimento ele apresentou uma notícia de um homem que supostamente seria viciado em
pornografia e, por isso, cometeu uma série de estupros e assassinatos, passando assim do nível
virtual ao real à procura por satisfação, pois a pornografia não lhe bastava mais. Matheus750
sentiu-se preocupado por se identificar com o personagem da notícia, que estava se afundando
na procura por prazer.
Ele contou que era viciado em pornografia das mais pesadas e que um dia caiu na besteira de
sair de casa para pegar uma mulher, quando ele cometeu o primeiro estupro, voltou para
casa, dormiu e no dia seguinte se arrependeu. Passaram-se alguns dias, e "como aquele
caminho já havia sido aberto na mente" ele teve vontade novamente, e cometeu o segundo
estupro, e voltou para casa e no outro dia se arrependeu. E assim foi por várias vezes. Ele
relatava também, que não parecia ser ele, parecia ser outra pessoa, que ele sabia o que
estava fazendo, mas não tinha controle dele mesmo... Logo ao terminar a reportagem, eu me
senti completamente mal. Ao assistir e ouvir o relato daquele homem, não consegui ver
muita diferença entre mim e ele. Aquele homem estava afundado na pornografia, estava
indo a níveis mais baixos à procura de maior satisfação. Ele sentia-se arrependido após o
que acontecia, mas não conseguia controlar quando vinha o vício para cima dele. Era como
se fosse outra pessoa, sabia o que estava acontecendo, mas não conseguia parar e se
controlar. (matheus750, D8, negritos do autor).
desejo e interesse. Por exemplo, “... passei a assistir shemales [pornografia com transexuais
ou travestis], ficava destruído e arrasado depois de cada vídeo que via” (Balian de Ibelin,
D10.1) , “Eu sou heterossexual, na medida em que todos os desejos românticos eu idealizo
com uma mulher normal. Porém este meu lado mais pervertido me envergonha” (Marcolopes,
D20c),
No meu caso, e uma vez que sou virgem, o mal que a pornografia me trouxe foi mesmo a
escalada dos meus gostos, sobretudo por ver pornografia travesti (apesar de ser apenas
periodicamente), que me deixava com um sentimento de culpa e vergonha interior, pois até aí
eu sempre me senti atraído exclusivamente por mulheres... (Marcolopes, D19c).
... comecei a ver pornografia das mais repugnantes que vocês possam imaginar, TODOS OS
TIPOS, me masturbava o dia todo e chorava a noite toda... Bati de frente com o vicio e não
esperava o que estava por vir, nao conseguia passar 2 dias sem me masturbar, ficava criando
mentiras na minha cabeça do tipo "a só uma hoje e depois eu paro", "a eu bati ontem mesmo
entao nao perdi nenhum dia, nao custa bater uma hoje, ai amanha eu paro" e isso durante um
bom tempo (Lee, D24, maiúsculos do autor).
... Descobri este Fórum hoje curiosamente umas duas horas após ter me masturbado no
banheiro do meu escritório assistindo videos pornográficos... Tenho vergonha de tanta coisa
degradante que já fiz para assistir pornografia e me masturbar. Até assisti videos e me
masturbei perto da minha filha que dormia ali no sofá. É vergonhoso (Alexandre, D30).
A vergonha nos parece pertencer a esse ciclo, pois os sujeitos tendem a esconder sua
dificuldade em lidar com a compulsão à pornografia. A visualização de conteúdos se torna
solitária e silenciosa, sendo que o olhar de outra pessoa é considerado algo abominável por
parte do viciado, pois as próprias amarras sociais o levam a escamotear o vício. Isso é
confirmado pelo fato de que os depoimentos foram escritos por meio de pseudônimos, para
evitar qualquer possibilidade de serem descobertos e taxados como pervertidos ou tarados
sexuais.
5.3.Fetiche e fantasia
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(1915/2004a) é a de que a fantasia poderia ser entendida como o retorno de elementos que em
outro momento estavam recalcados, a fantasia permite que revivamos algo do passado, que
em determinada época não foi compreendido, devidos aos mais variados motivos.
A partir de uma leitura da obra freudiana, Lourenço e Padovani (2013) consideram que
as fantasias demonstram uma compreensão subjetiva a propósito da realidade dos eventos
passados, que se organizam por meio de mecanismos defensivos e desejos do sujeito. A
fantasia possui sua origem tanto na filogênese – história da espécie – como na ontogênese –
história do sujeito –, em outras palavras, na hereditariedade e na infância. Assim, para os
autores, a noção de fantasia inconsciente estaria relacionada a uma “... realidade dos fatos
vista e interpretada conforme os recursos psíquicos e desejos do indivíduo” (Lourenço e
Padovani, 2013, p. 323).
Ao pensarmos em desejos do sujeito e recursos psíquicos, perguntamo-nos qual seria o
papel da fantasia no fetiche, mas, antes disso, explicaremos do que se trata esse fenômeno.
Usualmente, o fetiche é entendido como “objeto animado ou inanimado, feito pelo homem ou
produzido pela natureza, ao qual se atribui poder sobrenatural e se presta culto” (Ferreira,
1999, p. 896). Logo, a palavra “fetiche” se refere a algo adorado e enaltecido. Já o fetichismo
é apresentado sob diversas formas; contudo, encontramos em um de seus significados que ele
estaria relacionado a uma perversão, em que o sujeito venera algum objeto que representa
alguém ou que suscita algum desejo sexual.
Freud (1905/1996e) afirma que a prática fetichista ocorre quando um objeto sexual
normal (coito) é sobreposto por outro que não oferece recursos para a prática do alvo sexual.
“O substituto do objeto sexual geralmente é uma parte do corpo... muito pouco apropriada
para fins sexuais, ou então um objeto inanimado que mantém uma relação demonstrável com
a pessoa a quem substitui, de preferência com a sexualidade dela” (p. 145). O autor afirma
que existem casos em que os sujeitos, apesar de fazerem uso de objetos fetichistas,
conseguem alcançar o alvo sexual. Entretanto, nos casos em que os sujeitos somente
conseguem obter a satisfação por vias exclusivas, verifica-se certo nível patológico.
De acordo com Freud (1905/1996e), há tipos diferentes de fetichistas. Alguns somente
conseguem chegar ao alvo sexual se existir um elo entre a supervalorização do objeto de
fetiche e o sujeito envolvido na cena. Em outros casos, os sujeitos abdicam do alvo sexual,
pois o objeto sexual não fornece as condições para que a satisfação seja atingida. Assim, a
situação somente é patológica caso o desejo pelo objeto de fetiche seja fixado e ocupe o local
do alvo sexual ou quando o fetiche se desvincula de um sujeito e se torna um objeto sexual
exclusivo.
82
Em seu artigo Fetichismo, Freud (1927/1996k) considera que, após o estudo de alguns
casos de fetiches, o objeto de fetiche seria análogo a um pênis específico. Nas palavras do
autor, o “fetiche é um substituto para o pênis... não é um substituto para qualquer pênis
ocasional, e sim para um pênis específico e muito especial, que foi extremamente importante
na primeira infância, mas posteriormente perdido” (p. 155). O autor acrescenta que esse
“pênis” deveria ter sido renunciado; entretanto, o fetichista opta por mantê-lo. Assim, as
práticas fetichistas demarcariam a transferência do suposto pênis materno para outro objeto,
sendo o fetichismo uma relutância em compreender a castração feminina.
Com frequência, alguns sujeitos demonstram estranhamento no seu próprio consumo
de pornografia, envolvendo transexuais e travestis, o que de certo modo, diante do exposto,
remete-nos ao jogo erótico envolvendo o pênis: tê-lo ou não. Uma hipótese seria a de que o
transexual, ou a travesti, remetesse o sujeito a uma situação de uma mulher portadora de um
pênis que nunca o perdeu. Desse modo, ao assistir ao tipo de pornografia a que nos referimos
aqui, o sujeito venera e se satisfaz fantasiosamente no corpo e na ideia de uma mulher que não
é castrada e que demonstra a completude fantasiosa. Contudo, tal adoração geraria no sujeito
dúvidas a respeito de sua própria orientação sexual, pois o sujeito confunde-se em relação à
identidade de gênero de tal mulher, mas o que lhe amedronta é a presença do pênis, pois ela o
coloca em uma espécie de confronto social a respeito de sua sexualidade.
Sempre gostei de mulheres, pelo menos desde a minha puberdade. Começei a ver pornografia
com 12 anos por volta disso. Eu só via lesbicas e hetero. Mas com o passar dos anos, depois
de ver muita pornografia começei a procurar novos estímulos, alguns nojentos, como
pornografia scat [pornografia com excrementos], outros que vão contra minha sexualidade,
como shemales. E a minha dúvida é a seguinte, será que alguma vez me vou deixar de
interessar por isso? Ou vou ter de viver com desejos perturbadores na minha cabeça de
travestis? Ou será que eu alguma vez me vou fartar de mulheres e procurar travestis? ... Eu
nunca fui muito viciado em pornografia, logo não tem sido muito dificil evitá-la. Mesmo assim
vi o suficiente para escalar meus gostos para generos pornograficos fora do comum.
(marcolopes, D9c).
A pornografia me jogou desde a adolescencia num ciclo que é o seguinte: não busco
experiencias reais porque nao tenho vontade e motivação e, alem disso, tenho DE [Disfunção
Erétil]=> Como tenho DE e não sinto vontade de ter experiencias reais como uma mulher,
fico na mesma, onde estou, com o xvideos... Essa constatação joga por terra todo meu
esforço, e eu volto para a pornografia e a masturbação obsessiva. Sinto que com a
pornografia eu tenho algo que me da satisfação e prazer. Sem ela eu me anulo, porque não
consigo convencer uma louca a transar comigo! (Zé, D13).
Sempre gostei de tocar baixo em bandas, andar de skate e parece que essas coisas não tem
mais graça, pra mim PMO é a única coisa que está me satisfazendo, mas isso tudo é mentida,
ilusão da minha cabeça, eu sei que é bom no momento, mas depois eu me sinto um lixo, mas
mesmo assim eu volto a fazer de novo e não sei o pq... Eu namoro a 5 anos e amo minha
namorada, ela é linda e transo com ela todos os finais de semana, mas parece que isso não me
satisfaz. (sufista, D26).
Eu tenho 35 anos e a pornografia e a fantasia sempre acompanharam minha vida sexual. Aos
12 anos fui apresentado à pornografia por um amigo antes mesmo de eu descobri a
masturbação. Adiquiri um hábito deste amigo: olhar e fantasiar para todas as mulheres. E
assim começou minha adolescência. Dos 12 aos 18 anos eu tive uma vida afetiva e sexual
frustrante. Não ficava com as meninas, não namorei. Perdi a virgindade com uma prostituta
aos 15 anos e, talvez intimidado, tive dificuldade de ereção. Mas me masturbava MUITO,
geralmente fantasiando no banheiro ou assistindo TV. Lembro que atrizes e Vjs da MTV me
excitavam e eu me masturbava. Era todo dia! Aos sábados eu fazia plantão para assistir o
Cine Privê. Me masturbava vendo os filmes, mas tentava segurar o orgasmo para o fim do
filme. Até o fim eu me masturbava, sem orgasmo, vendo todas as atrizes.... Com o tempo a
coisa foi melhorando e comecei a fazer sexo sem viagra, mesmo com ereção mais fraca.
Muitas vezes pra gozar tinha que imaginar pornografia, senão, não gozava. Numa época,
parecia que eu tinha voltado quase ao normal, mas semana passada tive umas baixas e às
vezes transo tenso, com medo de falhar. Depois desses três meses de namoro (90 dias) e sem
PMO (apesar de ter fantasiado P. algumas vezes pra conseguir gozar), eu me sinto melhor
(Fabsjoia, D29).
Vale ressaltar que eu assistia porno mesmo namorando com ela (ela não sabia), e sim, cada
vez minha libido ficava mais "seletiva", em busca de categorias mais especificas de
pornografia. Sem elas não tinha ereção. Em janeiro de 2015, comecei a ficar com uma
garota, porem nao tinha ereção nenhuma ao beija-la. Tambem nao sentia desejo sexual,
vontade de me masturbar nem nada. Era como se não existisse libido (Azured, D16).
O pornô era a solução mágica para escapar de um mundo de problemas infindáveis. Até que
notei que o tempo que passava consumindo, o gênero e a qualidade das excitações não eram
as mesmas. Lésbicas, fetiches de agressão\dominação, homossexualismo (não que eu tenha
alguma coisa contra o homossexualismo, mas ele não está de acordo com minha orientação
sexual)! As coisas absurdas que via não estavam de acordo com minhas preferências reais...
84
Aos poucos eu fui passando dos vídeos para as fantasias mentais no meu novo mundo de
masturbador compulsivo. (Lion (Cassiano), D17).
Outro depoente, Lee, revela que seu primeiro contato com a pornografia foi aos oito
anos de idade. Narra que, aos catorze anos de idade, a pornografia estava internalizada em seu
psiquismo e seus fetiches foram se ampliando em virtude da pornografia e por ter sido
abusado pela mãe de sua namorada. Porém, ele não explicita esse delito cometido contra si
como ponto central de seu consumo por escalas sexuais mais específicas e considera a
pornografia como ponto determinante. Supomos que ele não tenha se debruçado mais
profundamente sobre a questão por resistências em relatar um trauma vivenciado no passado.
Entretanto, pelo fato do nosso objeto de estudo ser o vício pela pornografia, focalizaremos
esse ponto, embora frisemos que, possivelmente, a tentativa do depoente em elaborar tal ato
abusivo, pode ter ocorrido por meio da pornografia, pois esta oferece uma possibilidade de
tradução a esses eventos de cunho traumático e de sobrecarga sexual.
Com 14 anos tive minha primeira namoradinha, o porno já estava instaurado na minha
cabeça, já tínhamos um aparelho DVD em e um ARSENAL pornográfico completamente novo
na estante, e foi quando aconteceu que, eu perdi minha virgindade, e foi nada mais nada
menos que a mãe da minha namorada 30 anos mais velha que eu. foi ai que minha vida sexual
deslanchou, tudo q aprendi dos meus 14 aos 16 com ela, foi algo realmente intenso e
fantasioso. Foi então que a partir dai começaram os fetiches pesados unidos a vida sexual
ativa ... eu já tinha transado com todo tipo de mulher( bonita, feia, gorda, magra, velhas,
brancas, negras),o sexo já não me interessava com a mesma intensidade, pois ainda tinha
contato com pornografia e através dela tinha os melhores e mais intensos orgasmos, e foi a
partir desse período que entrei na pornografia "ESCROTA", buscava algo mais sujo e
repulsivo possível ( estupro, revenge[pornografia de vingança], bukake[pornografia com
ejaculação direcionada ao rosto]) (Lee, D24).
Com o tempo a coisa foi melhorando e comecei a fazer sexo sem viagra, mesmo com ereção
mais fraca. Muitas vezes pra gozar tinha que imaginar pornografia, senão, não gozava. Numa
época, parecia que eu tinha voltado quase ao normal, mas semana passada tive umas baixas e
às vezes transo tenso, com medo de falhar. Depois desses três meses de namoro (90 dias) e
85
sem PMO (apesar de ter fantasiado P. algumas vezes pra conseguir gozar), eu me sinto
melhor (Fabsjoia, D29).
Arrumei outra namoradinha, novinha e bonita, a primeira vez com ela também foi "meia
bomba" mas creio que pelo nervosismo, depois foi normal e com ER [Ejaculação Retardada]
como sempre, até que após uns anos a relação começou esfriar, ela já não gostava mais de
transar a todo instante como todo adolescente, eu também não me importava, já que a PMO
me dava mais prazer do que o sexo real, chegava ao cumulo de ir com ela pro motel e ficar
mais excitado com a idéia de ter a disposição o canal pornô na tv do que na transa com ela,
varias vezes acontecia de dar uma meia boca com ela, e quando ela pegava no sono, eu
colocava no canal porno e me masturbava, ai sim ficava satisfeito. Outras vezes quando
dormia na casa dela de fim de semana, as vezes ficava agoniado, esperava ela dormir e
mandava um PMO usando o pc dela mesmo (hoje escrevendo isso percebo como soa até
ridículo) (tiago_fernando, D28).
Nesse sentido, Sputnik reconhece que, para ele, as práticas sexuais convencionais,
quando lhes eram solicitadas, geravam-lhe incômodo. Ele desejava que elas terminassem
rapidamente para que conseguisse, de fato, encontrar satisfação e descarga por meio do
consumo pornográfico.
Ainda nessa época, eu iniciava a minha vida profissional, e havia acabado de terminar meu
curso na universidade. E também vivenciava as minhas primeiras experiências afetivas, com
namoradas e ficantes. No entanto, o que realmente me excitava eram as imagens e vídeos
pronográficos que a internet me apresentava, gratuitamente, no momento em que eu quisesse,
a apenas alguns cliques de distância... Namorei algumas meninas nessa época, com meus
vinte e poucos anos de idade, talvez 2 ou 3 meninas por um período mais ou menos longo, e
me recordo que com todas elas havia a repetição de um comportamento sexual errático de
minha parte, eu simplesmente não conseguia gozar, ejacular. Às vezes até broxava. Realmente
não entedia o porque, já que nada disso ocorria quando eu estava à frente da tela do
computador. Como eu poderia ter orgasmos tão delirantes assistindo pornografia na internet
e quando havia uma menina real eu não chegava lá?Aos poucos, conforme os anos se
passavam, esse sintoma aparecia com mais frequência e eu simplesmente fingia ter orgasmos,
era como seu eu quisesse me livrar o mais rápido possível daquela situação real para entrar
rapidamente no mundo virtual da pornografia. E quando a menina ia embora da minha casa,
lá estava eu novamente na frente da tela do computador, e só então conseguia gozar (Sputnik,
D27).
Agora vamos ao que interessa. Tenho 29 anos e desde a infância eu tinha atração por
mulheres fumantes e por pés femininos (esse fetiche por pés até que é bem comum no Brasil).
Desde que comecei a me masturbar (aos 13) a maioria das vezes me masturbava com coisas
relacionadas aos fetiches e isso piorou quando surgiu a internet banda larga, foi aí que
realmente me vicei nesses fetiches. Eu conseguia levar uma vida sexual "normal", transei com
algumas mulheres e depois namorei uma garota que satisfazia meus fetiches e quando
terminamos foi aí que eu realmente me afundei na pornografia (relacionada aos fetiches)
(Skid Row, D14).
Pessoal estou lembrando que quando eu era viciado em pornografia já estava com uns
fetiches muito bizarros , um exemplo disso é de um que tinha que consiste em o cara ficar
deitado no chão de bruços e a mulher vir por trás dele e pisar em suas bolas literalmente ,
eles chama misso de CBT [método de tortura envolvendo o pênis e/ou testículos] . E isso me
excitava muito e andei pensando o quanto eu estava maluco em ficar excitado com uma coisa
doente dessas ... (Nerd, D11).
Eu sei como é ter fetiches. eu tenho muitos, desde os simples até os bizarros. Exemplos:
gravidas, travestis, urina, corno, zoofilia, pedofilia. e varias outras coisas... Eu fui
desenvolvendo esses fetiches conforme me viciava mais em porno, porque antigamente eu nem
imaginava que um dia iria sentir prazer vendo vídeos de travecos. até videos gays eu ja vi,
tudo pra conseguir mais variedade e mais prazer na pmo (Projeto renascimento, D14.1).
... até as meninas da minha sala de aula, furtivamente naquelas funestas manhãs mesmo, me
serviam (eis de onde desenvolvi fixação por adolescentes/ninfetas/debutantes, ...)... Perdi
contatos, colegas, oportunidades de crescimento, de convívio (cheguei a ficar traumatizado
por não ter sido convidado às festas, desenvolvendo uma tara doentia por debutantes), perdi
tudo. Tudo... Cadê que aquelas imagens tristemente encantadoras me deixavam em paz? Era
só pegar um livro que o cérebro me repelia e me infestava a mente de ninfetas de peles
lisinha, de morenas latinas esculturais, de pezinhos de garotas (sempre fui louco), de forma
que nada demorava a desabar novamente (Justiceiro do Sertão, D4).
Como eu precisava ver se eu "funcionava", precisava saber se o problema não era minha ex-
namorada e não eu, mas ao mesmo tempo eu tinha de novo a sensação de que não iria rolar,
por isso eu nem me arriscava em pagar caro por uma acompanhante de luxo. O fato é que eu
estava entrando na lógica da fantasia e da busca por novidades, que caracteriza nosso vício...
Até que num dia de desespero e solidão eu procurei uma psicóloga. Mas durante o tratamento
eu já estava usando níveis mais pesados de pornografia. Começar a ver vídeos gays ou de
travestis foram a ante-sala da minha procura por travestis na vida real. Comecei a frequentar
becos escuros e perigosos, correndo o risco de ser assaltado ou tomar uma navalhada... Uma
das coisas mais gratificantes do reboot é que as fantasias e fetiches vão sumindo. Sua
sexualidade volta a se reconciliar com sua moral, você se sente limpo, honesto, sente que é o
que sempre quis ser. Antes eu pensava: "só conseguirei namorar uma garota que aceite essas
minhas fantasias pesadas". Hoje sei que posso namorar qualquer garota pois não sou mais
escravo das fantasias (Magrao, D3a)
Meu vicio começou com masturbação, depois fui para vídeos pornográficos na internet ate
que chegou nas prostitutas ( o espiral da degradação vocês já conhecem) ... O pior é que já
estou em um estado bem avançado, as imaginações já saíram do campo da fantasia e estão
invadindo a vida real. Estou ficando viciado em sexo extraconjugal, já transei com várias
prostitutas, e quando chego em casa não consigo manter uma ereção satisfatória com a minha
esposa. O peso na consciência é grande, estou em um ciclo de mentiras constante para manter
a minha vida secreta (Salomao, D7).
Logo em seguida, o repórter foi entrevistar ele. Ele contou que era viciado em pornografia
das mais pesadas e que um dia caiu na besteira de sair de casa para pegar uma mulher,
quando ele cometeu o primeiro estupro, voltou para casa, dormiu e no dia seguinte se
arrependeu. Passaram-se alguns dias, e "como aquele caminho já havia sido aberto na
mente" ele teve vontade novamente, e cometeu o segundo estupro, e voltou para casa e no
outro dia se arrependeu. E assim foi por várias vezes. Ele relatava também, que não parecia
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ser ele, parecia ser outra pessoa, que ele sabia o que estava fazendo, mas não tinha controle
dele mesmo... Logo ao terminar a reportagem, eu me senti completamente mal. Ao assistir e
ouvir o relato daquele homem, não consegui ver muita diferença entre mim e ele. Aquele
homem estava afundado na pornografia, estava indo a níveis mais baixos à procura de
maior satisfação... A nossa sociedade precisa acordar, tirar essa venda da libertinagem, onde
tudo é bom, tudo é liberado, tudo deve ser feito conforme mandar a sua vontade. E começar a
conscientizar as pessoas que não se deve fazer tudo o que sua alma pede (a pornografia
desperta os níves mais baixo do ser humano) (matheus750, D8, negritos do depoente).
A partir do exposto, notamos que os sujeitos se sentem escravos das fantasias que
medeiam as práticas fetichistas, pois elas invadem seu psiquismo de modo a causar confusão e
conflito aos depoentes. O que de fato nos preocupa é o sofrimento gerado pela exclusividade
em se excitar e encontrar a satisfação. Nesse sentido, compreendemos que a pornografia
revive o polimórfico perverso (Freud, 1905/1996e), que estava recalcado. O avivamento dessa
situação é doloroso ao sujeito, visto que promove o conflito entre as instâncias morais e as do
desejo.
Segundo as palavras de Magrao,
Uma das coisas mais gratificantes do reboot é que as fantasias e fetiches vão sumindo. Sua
sexualidade volta a se reconciliar com sua moral, você se sente limpo, honesto, sente que é o que
sempre quis ser. Antes eu pensava: "só conseguirei namorar uma garota que aceite essas minhas
fantasias pesadas". Hoje sei que posso namorar qualquer garota pois não sou mais escravo das
fantasias. (Magrao, D3a).
Antes de descrevermos o proposto para este eixo temático, gostaríamos de pontuar que
obtivemos dificuldade, ao longo desta pesquisa, em definir o que estamos considerando como
adicção/vício em pornografia. Por esse motivo, compreendemos o fenômeno a partir da
afetação ocasionada pelo objeto na vida dos sujeitos que a consomem. O que é concordante
aos dizeres de Loeck (2006) sobre o vício e a dependência. Nas palavras do autor:
considerado que se efetiva na dimensão totalizante que o consumo de drogas passa a ter na
vida dos indivíduos (p. 6).
Loeck (2006), a partir de seus estudos com usuários de drogas, enfatiza que estão
sujeitos diretamente à estigmatização e, no caso, o usuário de pornografia também está, na
medida em que esse hábito também é condenável socialmente. Entendemos que a falta de
conhecimento a respeito do vício em drogas, ou em pornografia, resulta em demonização do
objeto, ou situação, que causa dependência. Com o propósito de explorar o nosso objeto de
estudo, destacamos a sintomatologia ocasionada por seu uso.
Embora nosso intuito seja o de expor a sintomatologia presente no vício em
pornografia, temos de cuidar para não constituirmos uma “demonização” (Loeck, 2006, p.3) a
seu despeito, visto que, como afirma o autor (2006), ao atribuirmos somente malignidades ao
objeto, também estaremos destinando-as aos sujeitos que as utilizam.
No eixo temático anterior, demonstramos que a pornografia poderia ser entendida por
seu caráter fetichista. Já no presente eixo temático buscamos evidenciar a pornografia a partir
do viés da adicção e mostrar, por meio dos depoimentos, quais seriam os sintomas físicos,
psicológicos e sociais ocasionados pelo seu uso contínuo.
Alguns depoentes escrevem diretamente que o uso da pornografia se assemelha ao uso
de drogas, em que o contato se inicia a partir do consumo de drogas consideradas leves –
álcool e nicotina – e migram para outras mais intensas – crack e cocaína. No caso da
pornografia, os sujeitos revelam que abdicaram de uma pornografia tradicional e admissível
(softcore) para outras pesadas (hardcore) e ilegais (estupro e pedofilia).
Assim, este eixo se propõe a discutir os sintomas e a necessidade do sujeito viciado em
pornografia de consumir cada vez mais elementos considerados danosos, que interferem em
sua constituição e que leva, de fato, à sua degradação.
No geral, os depoentes consideram que o uso constante e imoderado de pornografia
gera sintomas, como: desmotivação em desempenhar atividades cotidianas, procrastinação das
tarefas, depressão, isolamento social, ansiedade, pensamentos suicidas, agressividade,
irritabilidade, insônia, negligência na alimentação com alteração de peso (uns afirmam terem
engordado, ao passo que outros emagreceram), dessensibilização peniana, disfunção erétil,
ejaculação retardada, abaixamento da libido e imaturidade (principalmente na etapa da
adolescência). Nas palavras dos depoentes,
medo de me envolver com as mulheres (coisa que não tinha antes de me viciar em P), medo de
conhecer gente, etc. Me isolei na merda, depressivo, com pensamentos suicidas, fiquei
altamente solitário, agressivo, com insonia, me alimentando mal, fiquei magro, abaixo do
peso, peguei pesado na P e nas bebidas e nos cigarros. Me ferrei nos estudos. E me atolei
mais e mais na P. - Me ocorreu uma dessensibilização no pênis. Comecei a ter ejaculamento
retardado e principio de disfunção erétil. - O interesse por mulheres na vida real já não era
mais o mesmo. Fiquei cego perante aos inúmeros sinais e oportunidades que tive de ficar com
várias mulheres. Enfim, uma vida desgraçada que não desejo para ninguém! Eu sei que todos
esses sintomas não foram causados diretamente pela P. Mas a P aumentou absurdamente os
efeitos dessas coisas. Diria que o envolvimento social e a parte relacionada a sexualidade
foram as mais afetadas (nofapwinner, D2).
Amigos, espero que o relato abaixo sirva como estímulo a quem está afundado no vício e nas
suas consequências: solidão, dúvidas e falta de expectativa para com a vida... Nem sonhava
que já estava sofrendo de disfunção erétil induzida pela pornografia e de ejaculação
retardada. Saia o pesadelo de não conseguir transar, entrava o pesadelo de não sentir prazer
com o sexo. Daí para a frente eu sucumbiria lentamente a uma degradação que me fez correr
n riscos e perder uns 7 anos mais... Nisso minha vida foi afundando em solidão, em busca de
qualquer prazer, como um viciado em drogas. Então comecei a ir atrás daquelas prostitutas
baratas que anunciam em jornal. Como eu precisava ver se eu "funcionava", precisava saber
se o problema não era minha ex-namorada e não eu, mas ao mesmo tempo eu tinha de novo a
sensação de que não iria rolar, por isso eu nem me arriscava em pagar caro por uma
acompanhante de luxo. O fato é que eu estava entrando na lógica da fantasia e da busca por
novidades, que caracteriza nosso vício. E por fim, eu falhava na hora de transar com as
garotas de programa. A sensação se tornava certeza e minha vontade era não querer saber
mais sobre o assunto sexo, extirpar esse tema da minha vida... Fui perdendo todos os amigos,
restando apenas dois, que me aturavam com uma paciência gigantesca já que eu era um poço
de estresse, ansiedade e irritabilidade. Nisso comecei a me aprofundar no mundo da
pornografia... Além disso hoje eu consigo realizar projetos e a procrastinação diminuiu
tremendamente. Antes qualquer coisa era um problema gigante sobre o qual eu ficava
pensando e pensando. Agora, quando vou ver já estou agindo e em pouco tempo resolvi a
coisa... A pornografia é que lhe retira as cores e transforma a vida em algumas tristes e
pobres dezenas de tons de cinza... Estou muito feliz e é uma felicidade serena. Já conheci e
revisitei (com minha recaída) o inferno e não tenho mais curiosidade sobre como ele é
(Magrao, D3a)
... como sabemos graças aos recentes estudos sobre o vício em pornografia, o cérebro de um
viciado está dessensibilizado a velhos estímulos e está sempre à procura de novidades...
Completamente descontrolado, fui caindo para gêneros mais pesados até o ponto em que o
sexo virou o centro da minha vida. Nem preciso dizer que as outras áreas como emprego,
trabalho e dinheiro, estavam completamente desestabilizadas. E o desleixo para comigo
mesmo era digno de um viciado. Só que no meu caso, passava o dia inteiro trancado no meu
quarto vendo pornografia ou dormindo. Mas o fundo do poço mesmo foi quando começou a
DE (Disfunção Erétil). Com apenas vinte e poucos anos eu não conseguia mais ter ereções
com as minhas parceiras. Eram garotas lindas mas na hora H, eu falhava. No começo pensei
que era falta de exercícios físicos, excesso de refrigerante, ansiedade, medo de falhar ou até
mesmo apego ao meu ultimo relacionamento ou algum problema com as meninas. Quando
chegou a um ponto em que eu não conseguia me excitar nem com pornografia foi quando
bateu um desespero... - Mal humor e irritação comigo mesmo e com as outras pessoas. - Falta
de foco, procrastinação e perda de tempo. - Muito sono e preguiça. - Muita vergonha e culpa.
- Fraqueza física (pernas bambas, voz fraca, pele suja e desleixo pela aparência) (Projeto,
D5b).
91
Em 2008, graças a Deus e após muito esforço, fui aprovado num concurso público, e comecei
a trabalhar em 2010. À essa altura, já eram nítidos os efeitos que a pornografia e o hercúleo
esforço para omitir isso das pessoas ao meu redor desencadearam em mim. Comecei a notar
a queda de rendimento no trabalho, a dificuldade de concentração nos estudos e nas demais
atividades, a tendência ao isolamento, a ansiedade, a queda drástica da libido, entre outras
mazelas que me acometeram (M. Mystère, D6).
O que eu já senti e sinto durante todo esse tempo de vício, ou seja, algumas sequelas:
depressão, pensamentos suicidas, sem vontade de tomar banho e escovar os dentes, dores nas
articulações, dor quando tomo banho e sinto a água gelada, desânimo, falta de produção no
trabalho e motivação, medo de assumir responsabilidades, complexo de inferioridade devido
ao tamanho do meu pênis ..., medo das mulheres, timidez, vontade de ficar em casa direto e
deitado, solidão, vontade de ficar só no escuro, falta de concentração intensa, sem vontade
nenhuma de estudar, sem sonhos e sem planos, falta de sensibilidade, humor alterado,
compulsão por comidas - era jogador de futebol e hoje estou com mais de 120 kg, memória
um pouco debilitada, achar que eu nunca vou ser feliz de verdade, medo de urinar em
banheiros públicos por conta da vergonha, pensamentos repetitivos e de derrotas, enfim
(vencedoremcristo, D23).
A procrastinação faz parte da minha vida em tudo, sinto aquela preguiça desgraçada e uma
falta de vontade de fazer as coisas. Só quero saber de ficar sozinho, e quando isso acontece,
lá estou eu vendo pornografia no meu celular... Já perdi o controle, não consigo parar, já
tentei algumas vezes, geralmente quando estou trabalhando muito, até consigo ficar alguns
dias sem, mais são no máximo uns 3 dias. Agora realmente vejo que estou me afundando. Não
cuido de mim direito, não trato bem meus familiares, estou muito explosivo e sem paciência,
não consigo me concentrar direito, não tenho motivação para nada e a procrastinação toma
conta do meu ser. (Alexandre, D30).
Minhas notas a partir de então desmoronaram e me tornei um completo crápula, o tipo mais
besta, mais irritante que pode haver (para vocês verem como a pornografia, inclusive, torna o
adolescente imaturo ao extremo)... Perdi contatos, colegas, oportunidades de crescimento, de
convívio ... perdi tudo. Tudo. No final de 2007, precariamente comecei a me dar conta de
minha situação, o que veio sob a forma de um amadurecimento repentino, violentíssimo
choque de realidade que me colocou em dois anos de depressão, a qual só cessou depois que
voltei atrás da decisão extrema de cometer suicídio e jurei a mim mesmo nunca mais
consumir PMO e só me matar de estudar (Justiceiro do Sertão, D4).
No inicio sentia vergonha ao procurar fotos pornôs e só via fotos de mulheres peladas e nada
mais. No decorrer do processo, fui escalando para gêneros cada vez mais pesados de
pornografia. Com 14 anos já tinha visto de tudo um pouco e perdi completamente o respeito
por mim mesmo. Fui um “adolescente problema” e na época atribui isso a minha idade e as
questões pessoais e familiares, mas hoje não tenho duvidas de que a pornografia foi uma
influência fundamental nesse processo. Minhas notas pioraram, meus relacionamentos
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afetivos eram ridículos e eu me tornei uma pessoa cruel... Achei que seria fácil parar, e nem
suspeitava que a tarefa seria praticamente impossível... (Projeto, D5b).
O que era rotineiro, tornou-se uma obsessão. A princípio, trancava-me no quarto e tirava
inúmeras fotos com meu celular, para que pudesse me masturbar logo em seguida. Isso
ocorria várias vezes por semana, o mesmo ritual, ano após ano. Nos anos posteriores, com a
explosão dos sítios de vídeos pornográficos, passei a baixar cada vez mais material, a ponto
de abarrotar uma pasta — oculta, claro — em meu notebook. Nessa última fase, nos últimos
três, quatro anos, não mais baixava conteúdos, mas utilizava um tablet para satisfazer o
terrível e voraz dragão que habitava em mim. E assim, passaram-se 10, 12 anos de minha
vida, escoados pelo ralo (M. Mystère, D6).
Nesse sentido, outro personagem nos traz a informação de que, a partir do momento
em que estava dessensibilizado devido ao uso da pornografia, passou a buscar sua realização
sexual no relacionamento com prostitutas, pois lhe trazia novos estímulos.
Embora tal trecho não elucide uma situação perigosa, implicitamente, observamos que
as fantasias envolvidas no processo de sentir prazer deixam de permear esse estado e passam a
atuar no concreto. Ou seja, os sujeitos passam da passividade à atividade na busca de novas
sensações e estímulos, que podem ou não caminhar rumo a algum ato criminoso. Como foi o
caso de Matheus750, que afirmou que um sujeito viciado em pornografia chegou a estuprar
mulheres, devido ao seu vício, sendo que ele próprio já havia desejado realizar tal delito. Nas
suas palavras:
Com o passar do tempo em que eu estava preso a esse vício da P, eu percebia o quanto eu
conseguia olhar para uma mulher na rua a ponto de desejá-la e me imaginar tendo relações
sexuais com ela. Acontecia de repente, quando eu percebi, eu já estava vidrado olhando para
aquela mulher e imaginando coisas, principalmente com aquelas que tinham uma saias bem
curtinhas, já imaginava levantando aquilo e, não preciso dar detalhes, não me orgulho disso,
e acho que deu para entender (Matheus750, D8).
A questão que quero deixar aqui é, ao meu ver, a P está diretamente ligada a maioria dos
casos de violência e estupro de mulheres. É notável como a P pode mudar a cabeça de um
homem como mudou a minha, imagina só em alguém com distúrbios mentais ou problemas
pessoais onde a pessoa acredita não ter nada a perder (Matheus750, D8).
Comecei com a pornografia aos 14 anos e ao decorrer do tempo algumas categorias de p não
me satisfazia mais. Por este motivo acabava migrando para categorias mais pesadas, até o
ponto que comecei a ter desejo por uma categoria sexual que não corresponde a minha
orientação sexual: shemale (travesti) (Over, D10).
Sou hétero, mas já busquei de tudo na internet...comecei por sexo convencional, orgias,
depois parti pra P gay, canibalismo, teens... Não quero mais ser escravo... Já saí com
mulheres e falhei na hora H, e hoje sei com 100% de certeza que foi por causa da maldita P
(doidan, D22).
95
... o sexo já não me interessava com a mesma intensidade, pois ainda tinha contato com
pornografia e através dela tinha os melhores e mais intensos orgasmos, e foi a partir desse
período que entrei na pornografia "ESCROTA", buscava algo mais sujo e repulsivo possível (
estupro, revenge [pornografia de vingança], bukake [com ejaculação])... nada mais
importava, comecei a ver pornografia das mais repugnantes que vocês possam imaginar,
TODOS OS TIPOS, me masturbava o dia todo e chorava a noite toda, saia com amigos
conhecia garotas, e toda vez que levava alguma garota pra casa eu brochava, inventava mil e
uma desculpas para as garotas, para mim aquilo estava acontecendo porque eu ainda amava
minha ex namorada e nunca conseguiria esquece-la , entrei em depressão profunda, foi então
que meio q me veio um estalo, pois nessa época eu estava me masturbando demais vendo
videos cuckold [assistir a(o) parceira(o) sexual transando com outra pessoa], que era uma
coisa antes que eu nunca tinha me interessado (Lee, D24).
Já está difícil sentir tesão, de tanta pornografia que eu já vi em toda a minha vida, atualmente
passo muito tempo até encontrar uma imagem ou vídeo que me atraia. Cheguei ao ponto de
me exitar agora somente com videos de troca de casais. É humilhante mais atualmente o que
mais me excita é ver videos de CUCKOLD, ou seja, aqueles videos onde o marido filma sua
mulher transando com outro ou outros caras (Alexandre, D30).
Consegui ficar uns 70 dias sem o vício, porém eu não entendia o porque de eu sentir tanta
coisa na abstinência, mas vocês abriram meus olhos e agora posso entender que o que sinto é
fruto da abstinência, tipo mal humor, sonhos eróticos, tratar mal as pessoas que mais amo,
desânimo, vontade de me masturbar assim que acordo, dentre outras coisas
(vencedoremcristo, D23)
Bati de frente com o vicio e não esperava o que estava por vir, nao conseguia passar 2 dias
sem me masturbar, ficava criando mentiras na minha cabeça do tipo "a só uma hoje e depois
eu paro", "a eu bati ontem mesmo entao nao perdi nenhum dia, nao custa bater uma hoje, ai
amanha eu paro" e isso durante um bom tempo (Lee, D24)
96
Hoje eu estou em uma situação que me envergonha muito. Me sinto sujo e completamente
arrependido por todo esse tempo perdido que pratiquei PMO. O pior de tudo, é que eu estou
praticando PMO com cocaína. Isso me faz ter dois problemas que quero me livrar, mas eu sei
que o problema mais grave é o PMO, isso que me leva a querer usar cocaína... O meu motivo
pra querer parar com esse vício, é que está me atrapalhando na vida profissional. Eu me sinto
completamente paranóico quando estou na presença de líderes, e fico achando que eles sabem
do meu problema, que eles sabem que eu pratico PMO e que uso cocaína. O problema é que
eu fico vermelho, não sei o que falar nem como agir... Às vezes eu pratico PMO sem o uso de
drogas. Ontem por exemplo eu pratiquei PMO e a última vez que eu usei drogas foi a uma
semana. Eu não consigo ficar um dia sem PMO. Às vezes eu penso comigo mesmo que isso
não é necessário, mas algo no meu cérebro me fala pra eu ir praticar pq vai me aliviar e eu
vou ficar mais tranquilo, mas não é isso que acontece, sempre que termina eu fico com
sentimento de arrependimento e depressão. (sufista, D26).
Percebo que as fantasias retornam quando alguma expectativa minha é frustrada. É como se
as fantasias (masturbação e pornografia) fossem a minha cocaína, a minha fuga da realidade
(e suas eventuais frustrações). Não posso viver a vida real só quando ela é bela, tenho de
vivê-la também quando ela é amarga, difícil e dura, vivê-la por inteiro. Porque o vício não é
vida real, é fuga da realidade. E também porque senão na primeira frustração mais forte eu
posso retornar ao vício, que é o que já me aconteceu (Magrao, D12a).
Mas no fim das contas sei que a PMO atravessou tudo isso. Foi um anestésico à auto-estima
baixa desde o início da adolescência (poderia fantasiar com a PMO coisas que não vivia na
97
realidade. dificuldade com mulheres e tal...), meus medos de falhar e não ser bom o bastante e
etc. A PMO virou válvula de escape para qualquer frustração. Por fim, ela virou motivo de
tormento na pior fase da minha vida, dado que minh ex usava a minha PMO como
justificativa pra dizer que eu era o maior lixo humano da TERRA (Fabsjoia, D29).
Virei um procastinador voraz, eu não me respeito. Nos ultimos tres anos, posso dizer que o
vicio se intensificou de uma forma demoniaca, antes eu me satisfazia apenas vendo um video
sensual de um cara transando com uma garota, ejaculando e pronto. Eu sempre tive recaída
por bunda como todo brasileiro, na epoca do colegio nunca perdia a oportunidade de falar da
bunda das minhas amigas e elas gostavam. Mas nos ultimos tres anos posso dizer que essa
''preferencia'' virou obsessão... (Paz, D25).
7
Segundo Ferreira (1999), os termos parricídio e incesto correspondem, respectivamente, ao ato de um sujeito
assassinar quem exerça em sua vida uma figura parental ou qualquer dos ascendentes e o incesto estaria
relacionado à “união sexual ilícita entre parentes consanguíneos, afins ou adotivos” (p. 1092).
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... mas ainda assim essa desgraça me arrebentou... nunca consegui amar profundamente as
namoradas que tive... sempre passava 2 anos e eu enjoava... tinha baixa de libido.... enfim
terminava o relacionamento e lá estava eu denovo no pornô, foi indo eu comecei a sair atrás
de mulheres apenas para sexo... era transar uma vez e pronto já perdia o interesse.....o
sentimento pra min não existia mais... e eu pensava..."eu perdi a capacidade de amar"... Cara
com tudo isso que vivi pela idade que tenho e nunca ter conseguido casar, desenvolvi
depressão... fobia de pânico... e agora por ultimo após uma conversa boba com a ex-
namorada pensamentos a respeito de minha orientação sexual...de qualquer forma vejo que
um dos problemas de nunca ter conseguido casar foi o fato de eu associar esse inferno de
pornografia no meio dos meus relacionamentos (Bereta, D1).
Ficava com medo de me envolver com as mulheres (coisa que não tinha antes de me viciar em
P), medo de conhecer gente... - O interesse por mulheres na vida real já não era mais o
mesmo. Fiquei cego perante aos inúmeros sinais e oportunidades que tive de ficar com várias
mulheres...Diria que o envolvimento social e a parte relacionada a sexualidade foram as mais
afetadas (nofapwinner, D2)
Magrao, ao narrar o desenvolvimento de seu vício pela pornografia, afirma que teve
problemas no período da adolescência, principalmente para se relacionar com mulheres.
Assim, visando a encontrar satisfação, recorreu à pornografia como uma forma de experiência
sexual. Em suas palavras:
100
Minha adolescência foi uma porcaria. Uma baixa auto-estima contumaz e uma falta de
impulso e confiança para lidar com as garotas, tudo isso me conduzia ao que me restava de
"experiência sexual": a masturbação com pornografia ou mesmo a masturbação imaginando
garotas que eu queria (Magrao, D3a).
Pouco depois eu enfim arrumei uma namorada. Novamente eu me percebia com uma
sensação de que eu não conseguiria fazer sexo. E quando fui tentar, embora estivesse
morrendo de vontade, não consegui realizar a penetração. E nas próximas vezes que tentei,
foi a mesma coisa. Uma sensação horrível, de pesadelo. Eu estava descobrindo o sexo e ele
estava se tornando mais um problema que uma solução para mim. Chegou uma hora em que
enfim consegui transar com minha namorada. Porém havia um problema: eu não sentia
prazer suficiente para gozar. Isso quando não perdia a ereção... Pois bem, o fato de eu não
conseguir transar com minha namorada fez com que o namoro afundasse (e hoje sei que
nossa capacidade de amar também é afetada pelo vício). Muitas vezes pensei que o problema
era ela. E algo simbólico e revelador é que no dia em que eu terminei o namoro eu comprei
um computador com internet. Até então eu consumia pornografia só aos fins de semana.
Depois disso voltou a ser todo dia...Fui perdendo todos os amigos... Me sentia sujo e barra-
pesada demais para namorar com alguma garota da minha faculdade... Foi então que conheci
uma garota e me apaixonei por ela. Começamos a sair e logo me veio o alerta atemorizante:
"pode rolar sexo". A possibilidade de fazer sexo pra mim durante todos esses anos era isso:
aterrorizante (Magrao, D3a).
... meus relacionamentos afetivos eram ridículos e eu me tornei uma pessoa cruel... Aos 16, foi
quando comecei a ter vergonha de mim mesmo, senti que precisava de uma namorada e decidi
parar com a pornografia e masturbação pela primeira vez... Com 17 anos comecei a namorar
e a ter uma vida sexual ativa. Aliás, o meu pensamento para justificar a pornografia antes
desse período era de que quando eu fizesse sexo eu não iria mais querer assistir pornografia...
Obviamente que mesmo com o namoro e com uma vida sexual normal, esse hábito não
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terminou. Ao contrário, só foi piorando ao longo dos anos, já que como sabemos graças aos
recentes estudos sobre o vício em pornografia, o cérebro de um viciado está dessensibilizado
a velhos estímulos e está sempre à procura de novidades. Nesse sentido, por mais que eu
gostasse ou amasse a minha namorada, minha mente sempre tinha a tendência de procurar
por novidades virtuais, mesmo que de vez em quando (Projeto, D5b)
Em abril de 2012, comecei a namorar a garota de que hoje sou noivo. Para mim, era
impensável compartilhar com ela o meu segredo, que guardava a sete chaves. Não poucas
vezes, deixei de vê-la justamente para ficar vidrado à tela de um computador ou coisa que o
valha. O namoro, contudo, não fez com que o vício minguasse, como inocentemente pensei
que fosse ocorrer...Passaram-se um, dois anos de namoro, e só recentemente, há 20 dias, de
súbito e sem racionalizar, pois se o fizesse seria demovido da ideia, desabafei e contei-lhe
tudo, os mínimos detalhes. Óbvio que isso a deixou chocada. Ela jamais esperava isso de mim
— não que ela esperasse isso de alguma maneira, mas é que se trata de algo que não passa
pela cabeça de muitas pessoas, não compõe o mundo delas, como infelizmente passou a
compor o meu e de todos quantos leem esse texto. Para a minha alegria, todavia, após o
baque inicial, minha noiva absorveu o problema e passou a me oferecer apoio incondicional,
o que me fortaleceu a seguir em frente (M. Mystère, D6).
Sempre escondi esse problema da minha esposa, por achar que ela não saberia lidar com a
situação. O pior é que já estou em um estado bem avançado, as imaginações já saíram do
campo da fantasia e estão invadindo a vida real. Estou ficando viciado em sexo extraconjugal,
já transei com várias prostitutas, e quando chego em casa não consigo manter uma ereção
satisfatória com a minha esposa. O peso na consciência é grande, estou em um ciclo de
mentiras constante para manter a minha vida secreta (Salomao, D7).
102
Uso pornografia a 15 anos e esse uso constante me tirou algo muito importante que foram as
experiências de vida. Experiencias que todo mundo precisa ter para ganhar traquejo social,
para aprender a lidar com o sexo real, com o sexo oposto, enfim, a ter a experiencia básica e
comum que se espera que um cara tenha desenvolvido. A pornografia me jogou desde a
adolescencia num ciclo que é o seguinte: não busco experiencias reais porque nao tenho
vontade e motivação e, alem disso, tenho DE [Disfunção Erétil] => Como tenho DE e não
sinto vontade de ter experiencias reais como uma mulher, fico na mesma, onde estou, com o
xvideos.Quando nesse ano eu tentei enfim parar com o vicio, me vi numa situação muito
incomoda que é a seguinte: Ok, agora estou a 3 meses sem me masturbar, com uma grande
vontade de transar com uma mulher, mas não tenho traquejo social nenhum. 15 anos de
ansiedade social e ausencia quase total de experiencias reais, me transformaram num zero em
termos de carisma, de conquista.
Essa constatação joga por terra todo meu esforço, e eu volto para a pornografia e a
masturbação obsessiva. Sinto que com a pornografia eu tenho algo que me da satisfação e
prazer. Sem ela eu me anulo, porque não consigo convencer uma louca a transar comigo!
Não tenho traquejo social nenhum. Alguem já se viu nessa situação de merda? (Zé, D13).
Apesar de ter parado com a pornografia, o sujeito acima demonstra não possuir
recursos para retomar a sua vida. Desse modo, necessita se fortalecer como sujeito para não
cair novamente no vício. O que nos leva a pensar que um tratamento apropriado para o vício
pode auxiliá-lo a criar estratégias de enfrentamento nessas situações.
Os sujeitos quando se percebem envolvidos na repetição em longo prazo, criam metas
e nutrem expectativas para abdicarem de seu vício. Luxord, por exemplo, deseja abandonar o
objeto tóxico, para que a partir disso consiga adequar-se socialmente em uma vida
profissional e afetiva. Em relação ao aspecto profissional, ele não prolonga o assunto no
relato, mas afetivamente indica que anseia por estabelecer uma relação amorosa. Nas palavras
do depoente, “... meus objetivos agora são de me livrar definitivamente desse mal, arrumar
um emprego e arrumar uma namorada (de Deus rs')”(Luxord, D21). Notamos por intermédio
de sua afirmação que, para Luxord, seria importante que sua namorada fosse alguém que
estivesse ligada aos ensinamentos da religião evangélica, já que ele se denominou
frequentador de uma igreja dessa crença. Tal sujeito faz uma exigência para com o sexo
oposto, de pureza, integridade moral e honra, a qual narra não possuir totalmente.
Novamente, a questão da dignidade e da honra se destacam. Um dos depoentes, Paz,
afirma não se sentir respeitável para se aproximar de alguém. Supomos que o uso da
pornografia ocasionou impedimentos para amar, refletidos na baixa autoestima e na
incapacidade de sentir amor-próprio, ou, em outras palavras, o sujeito não se sente
suficientemente bom para alguém, pois ao seu ver, não era bom nem para si próprio.
... tanto no ensino fundamental como no médio, relacionamento com garotas foi ficando cada
vez mais escasso na minha vida, eu não sentia dignidade e intrepidez de me aproximar delas,
tanto para ter amizade como para namorar, fui desenvolvendo uma repulsa inexplicavel ao
103
sexo feminino. minha vida social foi se esvaindo ao longo dos anos ao ponto de que hoje, nao
tenho mais nada, nada mesmo, nem amigos... Fui perdendo o interesse social ao longo dos
anos, o interesse por estudar, trabalhar... Hoje eu sou uma pessoa fria, não me sinto com
dignidade pra demonstrar sentimentos, evito qualquer contato tanto com homem quanto com
mulher a todo custo (Paz, D25).
Alguns sujeitos revelam que, de início, não atrelavam as dificuldades para se vincular,
ou praticar uma relação sexual, à pornografia. Contudo, ao longo do tempo, verificaram que
sua sintomatologia se relacionava diretamente ao uso desse material. Em alguns casos, os
sujeitos contam sofrer por disfunção erétil e não sentir satisfação sexual com seus parceiros
sexuais. Um deles afirma que “Namoro uma mulher muito atraente, mas comecei a sofrer de
disfunção erétil. Já havia ocorrido comigo, mas nunca associei à P”. (doidan, D22). Outro
acrescenta:
Ainda nessa época, eu iniciava a minha vida profissional, e havia acabado de terminar meu
curso na universidade. E também vivenciava as minhas primeiras experiências afetivas, com
namoradas e ficantes. No entanto, o que realmente me excitava eram as imagens e vídeos
pronográficos que a internet me apresentava, gratuitamente, no momento em que eu quisesse,
a apenas alguns cliques de distância... Namorei algumas meninas nessa época, com meus
vinte e poucos anos de idade, talvez 2 ou 3 meninas por um período mais ou menos longo, e
me recordo que com todas elas havia a repetição de um comportamento sexual errático de
minha parte, eu simplesmente não conseguia gozar, ejacular. Às vezes até broxava. Realmente
não entedia o porque, já que nada disso ocorria quando eu estava à frente da tela do
computador. Como eu poderia ter orgasmos tão delirantes assistindo pornografia na internet
e quando havia uma menina real eu não chegava lá? Aos poucos, conforme os anos se
passavam, esse sintoma aparecia com mais frequência e eu simplesmente fingia ter orgasmos,
era como seu eu quisesse me livrar o mais rápido possível daquela situação real para entrar
rapidamente no mundo virtual da pornografia. E quando a menina ia embora da minha casa,
lá estava eu novamente na frente da tela do computador, e só então conseguia gozar... No
entanto, depois de muito sofrer, principalmente pelas inúmeras perdas de oportnidade de
manter relações afetivas com meninas incríveis e lindas, notei que esse comportamento era a
principal causa destes afastamentos por parte delas. Não estou dizendo que era o único
motivo, até porque elas também devem ter suas questões, mas certamente, de minha parte, era
o principal motivo. É claro, elas percebiam que havia algo de errado, eu estava distante, eu
não estava lá quando estávamos transando, minha mente estava totalmente conectada às
imagens que meu cérebro estava acostumado a ver no computador. E notei isso quando uma
menina, ao terminar comigo, me escreveu que nós manifestávamos nossos desejos sexuais de
maneira muito diferente. Pronto! Por mais que ela não soubesse dessa minha história, ela foi
capaz de perceber, pelas poucas vezes que fizemos sexo, que havia algo fora do lugar. E foi
aí, somente nesse momento, que me dei conta do quanto todos esses anos de pronografia me
transformaram num viciado, incapaz de obter prazer e sentir tesão com uma mulher real.
Certamente muitos outros aspectos da minha vida foram afetados por esse vício. Mas sem
dúvida alguma, o aspecto mais afetado foi a minha vida afetiva… Não só com as namoradas,
mas também com amigos e família. Me mantinha distante dos amigos e da família, só queria
estar em casa pra assitir pornografia na internet (Sputnik, D27).
de início era capaz de amar, porém, por causa do desgaste do relacionamento afetivo recorreu
à pornografia como um escape diante de uma situação complicada que estava enfrentando. A
problemática se encontra no fato do sujeito recorrer exclusivamente a essa forma de escape e
de sentir prazer. Em seu caso, o problema se agravou de tal modo que ansiava por ver seu
objeto amoroso desfrutando de prazer com um desconhecido. É possível supor que,
inconscientemente, da mesma forma que ele sentia prazer com a pornografia por meio da
destrutividade de sua relação com sua mulher, desejava que a mulher sentisse prazer com
outro sujeito, como um ato de punir-se. Por fim, seu desejo inconsciente foi realizado, pois ela
se relacionou com outro homem.
Aos meus 19/20 anos encontrei a mulher da minha vida, em todos os sentidos, amei da forma
mais intensa e possível que um ser humano pode amar, nossa como eu a amava, o sexo com a
pessoa que você ama realmente muda você, eu tinha esquecido de vez a pornografia,
transávamos todos os dias de todas as formas em todos os lugares, ela sabia como fazer, mal
eu sabia que estava cultivando o maldito fetiche em minha cabeça.Com o passar do tempo o
desgaste da relação foi inevitável, brigas, ciumes, foi quando lentamente comecei a voltar a
pornografia, da mesma forma quando tinha 8, bem de leve, a relação começava a esfriar,
comecei a me aprofundar na pornografia até o ponto em que a relação sexual com a minha
mulher, a pessoa que mais amei em toda minha vida, esfriasse de vez, começava o tormento
em minha vida. Entre idas e vindas sem fim, pornografia rolando a mil, ao ponto de eu
desejar ver, minha namorada dando pra outro cara( Foi ai que comecei a notar que tinha
algo de errado com o uso da pornografia), o medo, a angustia me corroendo, e eu sem saber
o porque daquilo estar acontecendo. Foi então que tudo acabou, junto com a minha vida, ela
conheceu outra pessoa e acabou engravidando, minha vida tinha acabado (Lee, D24).
Arrumei outra namoradinha, novinha e bonita, a primeira vez com ela também foi "meia
bomba" mas creio que pelo nervosismo, depois foi normal e com ER como sempre, até que
após uns anos a relação começou esfriar, ela já não gostava mais de transar a todo instante
como todo adolescente, eu também não me importava, já que a PMO me dava mais prazer do
que o sexo real, chegava ao cumulo de ir com ela pro motel e ficar mais excitado com a idéia
de ter a disposição o canal pornô na tv do que na transa com ela, varias vezes acontecia de
dar uma meia boca com ela, e quando ela pegava no sono, eu colocava no canal porno e me
masturbava, ai sim ficava satisfeito. Outras vezes quando dormia na casa dela de fim de
semana, as vezes ficava agoniado, esperava ela dormir e mandava um PMO usando o pc dela
105
mesmo (hoje escrevendo isso percebo como soa até ridículo)... Quando conheci minha atual
esposa, as primeiras vezes também foi na base do azulzinho, mas com o tempo consegui me
"desintoxicar" e ter ereção normalmente, mas desde a época do namoro, morar junto e
casamento, devo contar nos dedos as vezes que consegui atingir o orgasmo apenas com
penetração. O pior, ela é louca para engravidar, mas desse modo fica dificil, ela nunca
comentou, já vi no historico do navegador dela buscas no google questionando se é possivel
engravidar sem ejaculação, e já tentamos um tratamento com inseminação (ela percebeu que
por meios "naturais" não iria rolar), mas não deu certo também, quando o médico pedia pra
fazer espermograma e tinha que abster de sexo/maturbação por 3 a 5 dias era minha maior
agonia... 3º Sinal - Logo após me cadastrar iria escrever meu relato, já deletei algumas
contas que possuia em sites de P. (inclusive pagos), mas já estava tarde e queria fazer com
calma, minha esposa já dormia, mas eu estava sem sono, então peguei meu iPad e por acaso
abri o historico, e vi uma busca que ela fez, questionando o desinteresse do marido, e algo
como "meu marido fica o tempo todo no computador" e os sites que ela andou lendo, com
MUITAS mulheres relatando o mesmo, ai sim ISSO pra mim foi a gota, ou seja, não era
apenas eu que estava me sentindo mal por perder tanto tempo com PMO, estava afetando a
vida de outra pessoa, talvez no longo prazo (ou mesmo curto) levaria ao divorcio ou traição...
Só estou morrendo de medo da tal Flatline, dia desses já tive um começo de DE ao tentar
fazer sexo com a esposa, na verdade perdi a ereção no meio da relação, e que isso possa
piorar ainda mais minha relação com ela que pelo visto não anda nada boa (tiago_fernando,
D28).
O que eu mais quero é conseguir me relacionar com as pessoas sem a paranóia de achar que
eles sabem do meu problema. Eu não consigo manter um relacionamento profissional e estou
perdendo cada vez mais a habilidade de aprender, de evolluir. Não sou mais ambicioso como
antes e larguei um monte de atividade que a tempos não faço mais. Sempre gostei de tocar
baixo em bandas, andar de skate e parece que essas coisas não tem mais graça, pra mim
PMO é a única coisa que está me satisfazendo, mas isso tudo é mentida, ilusão da minha
cabeça, eu sei que é bom no momento, mas depois eu me sinto um lixo, mas mesmo assim eu
volto a fazer de novo e não sei o pq.Eu namoro a 5 anos e amo minha namorada, ela é linda e
transo com ela todos os finais de semana, mas parece que isso não me satisfaz (sufista, D26).
não preciso mais imaginar P pra gozar, mas no início com ela, precisava pensar em P.
(Fabsjoia, D29).
Sob a ótica de alguns depoentes, parte da sua libido sexual na relação com as suas
parceiras é represada, pois o cenário midiático da pornografia transmite ideais, nos quais a
mulher é inferiorizada e ridicularizada pela prática sexual.
Não tenho motivação para o trabalho e nem para as relações interpessoais, apesar de ainda
ter um trabalho acredito que se eu não parar com a pornografia, as coisas não vão durar de
pé por muito tempo... Para se ter uma ideia de como a pornografia foi ruim para mim, é que
até os 25 anos eu ainda era virgem. Ou seja, era tímido e não gostava de me socializar,
preferia ficar sozinho no meu canto vendo pornografia e me masturbando. Isso com certeza
foi o motivo que me levou a ficar tanto tempo virgem... E mesmo tendo casado e com filha,
ainda assim eu continuava vendo pornografia e me masturbando, mesmo tendo uma mulher
tão linda na minha cama. Minha vida de recém casado não foi nada fácil. Muitas brigas,
acredito que sempre por minha falta de paciência e compreensão. Pois acredito que a
pornografia me fez ver minha mulher como um simples objeto (Alexandre, D30).
Sem o lixo da PMO na sua Vida e na sua mente, você voltará à desejar sua mulher como
nuncas antes. À fará mais feliz! Você também será mais feliz e leve por estar limpo deste vício
miserável e será mais amoroso, terno, perspicaz! Seus filhos se sentirão melhor quando
sentirem às suas renovadas energias e você poderá amá-los ainda mais com um coração
limpo, mais sábio e com uma mente brilhante! (The GreatSpirit, D30.1).
Assim, o objetivo deste eixo temático é evidenciar o pedido de ajuda dos sujeitos – de
modo explícito e implícito – em relação às suas dificuldades em encontrar amparo e ajuda
especializada. Na maior parte das postagens dos depoentes é expresso esse pedido, ficando
latente em alguns. A partir desse dado manifesto, compreendemos que os sujeitos recorrem a
espaços virtuais para expor suas angústias e receios, pois estão vivenciando um momento
conturbado em suas vidas.
Dessa forma, a procura pelo ambiente virtual para a enunciação do sofrimento, parece-
nos ser uma ação de desespero – um pedido de socorro – e de busca de visibilidade para o
problema. É notório, por meio dos depoimentos, que o vício em pornografia é encarado sob
julgamentos morais no presente cenário social. Assim, consideramos pertinente chamar a
atenção dos profissionais das áreas psicológica e médica quanto a essa demanda, pois alguns
depoentes se sentem negligenciados quando procuram algum tipo de ajuda especializada,
como destacado por Bereta, a seguir:
Cara foi um inferno por 6 meses (ano passado)... comecei a ir a um terapeuta e eu falei pra ele que
tinha problema com pornografia ele falou que não era problema que se eu evitasse seria pior pois
estaria matando o "homem" em mim. Mano até então foi beleza... com ajuda de um psiquiatra eu
comecei a ficar de boa... tomando remédios....mas mesmo assim no pornô tava lá... foi aí que eu em
desespero, junto com a depressão buscando ajuda de Deus me deparei com os vídeos científicos a
respeito da pornografia. Foi como tomar um tapa na cara, sendo que Deus ensina na bíblia e eu
sempre soube desde pequeno que "se for pra se abrasar, case-se" mano daí então tudo fez sentido. Foi
como se eu enxergasse uma luz no fim do túnel (Bereta, D1).
Contudo, necessitamos frisar, que, por vezes, a suposta conduta inapropriada dos
profissionais deve-se, entre outros motivos, à falta de pesquisas no trato de questões referentes
ao assunto. Evidencia-se no discurso dos depoentes ser incomum um sujeito adentrar ao
consultório e expor tamanha dificuldade e ser acolhido de prontidão diante de sua
problemática, sem que haja preconcepções, ou até mesmo desdém sobre sua queixa, pois,
comumente, o consumo de pornografia é entendido como um ato que ocorre na adolescência e
que destina ao conhecimento do próprio corpo, sendo desconsiderado o sofrimento que pode
se fazer presente.
Geralmente, o pedido de ajuda por parte dos sujeitos é revelado por intermédio da
exposição sintomatológica acarretada pelo vício, pela declaração de uso excessivo de
pornografia e devido à procura, na maior parte frustrada, por profissionais que deveriam estar
capacitados ao atendimento dessa demanda. Como forma de elucidar esse ponto, recortamos
alguns trechos que nos servem de exemplo:
108
Olá amigos, novo soldado de apresentando! Então meu caros,... tenho 22 anos, Cristão e Virgem rs' e
também estou nessa luta contra esse vício maldito, e vou contar um pouco da minha história pra
vocês... vi que tinha algo MUITO errado comigo eu precisava parar com a pornografia imediatamente
se não isso iria acabar me matando (Luxord, D21).
Bom dia meus Amigos! Como dito no titulo do tópico, estou me apresentando para guerra contra esse
mal que tanto nos destrói e nos aflige, quero compartilhar com vocês tudo que aconteceu, acontece e
acontecerá a partir de hoje, pois como todos que estão aqui, eu sou apenas mais um que não suporta
mais tanto sofrimento. EU MEREÇO SER FELIZ (Lee D24, maiúsculos do depoente).
É incrível como à PMO tem sido um vicio silencioso que têm destruído tantas pessoas (eu inclusive) ao
longos destas últimas décadas! Ela vem e pega pessoas de todos os tipos e idades! Preto, branco; alto,
baixo; rico ou pobre, feio ou bonito; homem ou mulher, hétero ou homo; ateu ou religioso... enfim, ela
pega qualquer um que não estiver atento às suas garras mefistofélicas! E o pior é que ela vem como
algo inocente! "Ah! Que mal tem ver só uma mulher nua? Não vai me fazer mal... e vai ser apenas por
hoje também..." E quando vemos este "hoje" se transforma em dias, meses, anos e depois incríveis
décadas! E a "inocente mulher nua" depois se desenvolve para os mais terríveis conflitos internos,
externos, pessoais, inter-pessoais, familiares e/ou profissionais! Sem contar que à mulher nua depois
fica muito insossa e procuramos os mais variados gêneros de pornografia; muitos chegando até à
Zoofilia e outras formas às mais bizarras de buscarmos o prazer! Pois o cérebro fica cada vez mais
exigente nos seus processos de busca de Dopamina! É incrível o seu relato e nos faz pensar o quanto
este vício é miserável e degradante! (The GreatSpirit, D30.1).
Além disso, inferimos, por meio de tais depoimentos, que quando o sujeito se defronta
com suas limitações em lidar com a repetição de determinado comportamento aditivo em seu
cotidiano, em virtude da ocorrência de perturbações de ordem libidinais (sociais e afetivas) no
seu contexto de vida, a pornografia torna-se não mais uma opção de escape para enfrentar as
frustrações, mas uma via em direção à sensação de aniquilamento e desintegração.
Eu já me sentia um lixo há muito tempo e quanto mais eu procurava mais as minhas esperanças
decaiam, pois eu percebia sem sombra de duvidas que a maioria das pessoas que escreviam os textos
sobre como parar(sobretudo de sites religiosos) estavam também completamente afundadas no vicio e
apenas dissimulavam que sabiam o “como” parar, como uma forma de fugir do próprio sentimento de
culpa e vergonha, já que o que elas ensinavam eram métodos ridículos e nem um pouco funcionais
(estes sites, por mais “bem intencionados” que sejam, infelizmente ainda são a maioria do conteúdo
existente sobre o tema na internet brasileira). Pensando que não havia mais solução e completamente
desiludido. Cheguei ao ponto, pela primeira vez na minha vida de considerar me suicidar. Não fui
muito longe nessa ideia, mas o fato é que, de acordo com a minha própria percepção distorcida pelo
vício e a autoimagem negativa que eu tinha de mim mesmo, a minha vida da forma como estava, já não
tinha utilidade e não valia a pena ser vivida! (Projeto, D5b).
Olá amigos, sou novo aqui. Tenho lido os relatos aqui no fórum e tomei coragem de dividir minha
história. Tenho 40 anos de idade e agora vejo com clareza que passei muitos anos da minha vida, algo
como 10 ou 12 anos, absolutamente mergulhado num mundo fechado, dentro de mim. E só agora
entendo a causa principal desse problema. Lembro-me bem agora, quando iniciei meu processo de
enclausuramento havia apenas uma coisa que me dava prazer: a pornografia na internet... Percebo
agora que esse vício carrega consigo um elemento diferente de qualquer outro: ele não é socialmente
reprovável, principalmente entre os homens. Pelo contrário, muitas vezes em conversas com amigos,
quando o assunto era pronografia na internet, a sensação era de que isso não representava qualquer
problema, e até certo ponto era um comportamento estimulado nessas rodas de conversa... Passei
então a pesquisar o assunto na internet e encontrei inúmeros, centenas, de depoimentos de pessoas (em
sua grande e esmagadora maioria homens) no mundo todo que estão na mesma situação. Muitos
conseguiram sair deste processo auto-destrutivo. Percebi, nesses depoimentos, que muitos dos sintomas
que eles relataram são idênticos aos meus (Sputnik, D2).
109
Comecei a pesquisar sobre o vicio em pornografia, e achava apenas sites religiosos dizendo para
buscar a igreja todo esse papo clichê onde tudo e qualquer coisa é pecado(Obs: Sou Cristão, acredito e
oro todos os dias para me libertar), foi quando quase desistindo encontrei o blog, li a pagina inicial, e
vi os comentários, entrei no forum e comecei a ver alguns relatos, e era como se eu estivesse contando
minha historia em tópicos picados, meu coração se encheu de alegria em descobrir o que me destruía
por dentro e ver que muitos estavam conseguindo se libertar e ter uma vida feliz... gostava de ler a
parte dos relatos onde pessoas superaram o vicio maldito de PM... Foi quando cansado de me
martirizar e depois de perder uma garota incrível por conta de uma DE, acordei pra realidade. Vi que
se eu não agisse logo acabaria com a minha vida, foi quando fiquei 8 dias sem me masturbar, isso
entrando todos os dias aqui, reforçando meu objetivo e lendo os benefícios e os males que essa
desgraça traz a nossas vida. Então a partir de hoje serei membro ativo do Blog, pois preciso de ajuda,
não aguento mais essa situação, sofro demais com isso e vejo que não estou sozinho nessa luta.
Obrigado, vcs realmente estão fazendo a diferença em minha vida e espero que eu tbem possa faze na
vida de vcs. Espero que hoje seja o primeiro dia do resto de nossas vidas (Lee, D24).
110
Embora o fórum encontrado por diversas pessoas possa ser um meio de ajuda, ele não
se configura como um tratamento (nem esse é o seu propósito), isto é, ele não possui um
método e intervenções direcionados às particularidades de cada sujeito que demanda por
auxílio. Entretanto, na ausência de espaços terapêuticos adequados, os sujeitos inclinam-se às
possibilidades que lhes pareçam imediatas, de apoio, de acolhimento, de se sentirem
compreendidos, de compartilharem os pontos em comum, como é possível perceber em
alguns casos a seguir: “fico feliz por ter encontrado essa comunidade... Preciso realmente de
ajuda. Um forte abraço” (Salomao D7), “Olá amigos,... e é muito bom poder trocar
experiências com pessoas que falam nosso próprio idioma.” (SkidRow, D14) e “Saudações
irmãos. Sou novo no fórum e estou muito feliz por ter um lugar como esse para que possamos
compartilhar experiencias /informações... Desejo que a luz da sabedoria e da força de
vontade ilumine seus caminhos... Forte abraço irmãos!” (Over, D10).
Quando descobri o fórum - pois sabia que havia algo de errado, e suspeitava que era esse meu vicio em
PMO... E agora, como estou? -Não sinto mais vontadede ver P. E já cortei da minha vida isso. Farei o
máximo para não cair. Não fico mais vidrado nesse mundo de fantasias,fuga e mentiras. -Sinto uma
sensibilidade equilibrada. Voltei a ter excitação com fotos sensuais (sem ser nuas), com as mulheres
nas ruas, voltei a ter ereções involuntárias, voltei a ter confiança em mim e na vida. - E como melhorei
o meu lado social! Recuperei a autoestima para chegar nas mulheres, sair, conversar, conhecer,etc.
Ainda venho trabalhando forte nisso. Mas a cada dia tenho bons resultados. Uma das melhores partes
do reboot... Você perceber que está voltando a ativa com as garotas! e ver que você está se
relacionando mais com as pessoas no geral. Sempre conheço uma mina nova ou pelo menos troco
ideias. Tenho chegado nas garotas que quero sem ficar com medo e me tremendo de ansiedade. Tenho
saído todo final de semana com os amigos. As vezes até mesmo nos dias comuns de semana ( a falta de
tempo é muita, mas as vezes é bom quebrar a rotina). - Estou com o meu peso normal. Gastrite
praticamente sumiu. Parei de avacalhar e me refugiar em P, álcool, cigarros,etc. - Voltei a estudar! e
procrastinando bem menos. Agora tenho mais energia e foco. O mundo não é mais o casulo escuro de
antes. Me sinto livre, leve. Renovado para continuar minha vida de uma maneira melhor e mais
saudável. E sim, estou muito feliz! VeryHappy. Agora só administrar meus pensamentos e hábitos.
Ficar ligado para não recair, pois o inimigo sempre está esperando o momento de relaxamento para
atacar. (nofapwinner, D2).
E eis que me deparei, em meados de 2014, após finalmente haver beijado uma garota e perdidominha
virgindade, com este maravilhoso fórum, esta abençoada iniciativa deste parceiro fantástico chamado
Projeto Sabedoria, que me introduziu, via o fórum e o blog, a todas as exatas informações de que eu
necessitava para meu livramento, após quase uma década afundado numa vida que nem vida é. Só
digo, Projeto, meu eterno e muito sincero obrigado por salvar minha vida e a de todos aqui. Quem
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batalha vence, quem procura acha. Procurei e achei, batalhei como se deve batalhar e venci... E aqui
estou. Em vista ao passado, no Paraíso. Corro atrás do prejuízo feito um louco, é verdade, porém creio
que ainda há tempo de ser gente, de modo que os resultados devem vir. Sigo buscando-os. Saibam que
todo o esforço vale a pena. Saibam que a luta é válida, sim. Estou me sentindo bem como jamais, vejo-
me simplesmente outro ser, totalmente o oposto do verme que um dia fui. Não sei se terei condições de
moderar algum tópico ou coisa que o valha como andaram desejando, entretanto continuarei por aqui
dando apoio a todos os que precisarem. Ajudemo-nos uns aos outros e melhor sentir-nos-emos conosco
próprios. Vamos lá. Cheguei lá. E com certeza, todos nós chegaremos!! (Justiceiro do Sertão, D4).
Apesar disso, é incomensurável a sensação de retomada do controle da minha vida após um hiato de
10, 12 anos. É como se eu houvesse acordado de um estado de coma e ganhasse uma nova chance, uma
folha em branco para reescrever a minha história. Tudo isso seria um enorme surto de egoísmo se eu
não destinasse essas últimas linhas a agradecer imensamente ao Projeto por todo o trabalho que tem
desenvolvido. Não encontro palavras para expressar minha gratidão, não só a ele mas também a todos
os que mutuamente se ajudaram no fórum, ao trocar experiências, oferecer apoio, relatar testemunhos
de sucesso. Sou enormemente grato a cada um de vocês, conquanto não nos conheçamos e nunca
saberemos quem está do outro lado do monitor. Avante, guerreiros! (M. Mystère, D6).
Foi bom escrever bastante e escrever sobre isso agora, que era algo que eu pensava a
bastante tempo, pois agora pouco eu quase vi P, quase! Ufa! Foi quando eu decido vir aqui,
ler, ganhar força. Escrever me ajudou a passar a vontade (Matheus750, D8).
Bom dia guerreiros!!! Estou começando o Reboot hoje. Na verdade, já estou sem ver
pornografia e me masturbar há 5 dias, mas quero começar do zero. Já vi alguns vídeos e li
vários relatos os quais me motivaram bastante... Pretendo postar minha luta diariamente, pois
estou com tempo para isso. Já expus minha história em outro tópico, mas resumindo sou
viciado em pornografia e masturbação há uns 15 anos, mas de forma violenta tem uns 10
anos. Meu objetivo é abandonar de uma vez esse vício, além de ter meus desejos restaurados.
(vencedoremcristo, D23).
Espero compartilharcom vocês nos próximos dias, pela minha experiência, e pela primeira
vez na minha vida, contar-lhes algo novo, sobre uma nova pessoa...eu...abraços (doidan D22).
grato a cada um de vocês, conquanto não nos conheçamos e nunca saberemos quem está do
outro lado do monitor. Avante, guerreiros! (M. Mystère,D6).
Descobri este Fórum hoje curiosamente umas duas horas após ter me masturbado no
banheiro do meu escritório assistindo videos pornográficos. Faço uso da pornografia desde a
adolescência e agora finalmente entendi que foi o meu vício em pornografia que me fez tanto
mal por mais de 25 anos. Sem dúvidas acredito que atualmente estou no fundo do
poço...Preciso mudar. Preciso sair dessa. Nunca contei estas coisas para ninguém antes, e
estou encarando esta postagem aqui neste Fórum como uma "terapia" que espero, vá me
ajudar a parar com o vício em pornografia e masturbação. Amo minha esposa, meus filhos e
minha família. Eles merecem que eu seja uma pessoa melhor. Preciso parar, vou conseguir.
Obrigado a todos (Alexandre, D30).
Como demonstrado acima, os sujeitos atribuem ao ato de escrever sobre seu vício o
sentimento de alívio, que se liga ao desejo de se purificarem. É como se confessassem suas
impurezas e delitos, por meio de explosões emocionais, a pessoas habilitadas a lhes
perdoarem.
Diante do fato de alguns sujeitos considerarem o trabalho desempenhado pelo Fórum
como completo e capaz de promover a cura, um dos próprios criadores do Fórum alerta que
este promove um auxílio inicial ao enfrentamento do vício em pornografia. Entendemos como
ajuda inicial a atitude de promover acesso a informações a respeito de outros sujeitos que
também se encontram na mesma situação dolorosa, sendo capaz de impulsionar os sujeitos
positivamente ao confrontamento com as situações repetitivas e danosas.
Uma nova esperança. Cansado dos sites brasileiros que não falavam nada com nada e que abordavam
o assunto apenas superficialmente, tive a ideia de começar a procurar por sites em inglês. Até que
finalmente cheguei noyourbrainonporn, o site do Gary Wilson. No inicio, estava desconfiado já que não
tinha mais muita fé em achar uma solução realmente eficaz para o problema. Depois de algumas
páginas de leitura, comecei a me identificar com os relatos e com a abordagem cientifica. Depois de ler
alguns casos de sucesso, uma esperança se reacendeu no meu coração... Por fim, como durante o
processo do reboot eu lia muitos textos dos sites gringos e traduzia para mim mesmo esses textos, e
compadecido e até um pouco indignado por perceber tanta desinformação nos sites em português,
decidi compilar um ebook sobre como parar para as pessoas que assim como eu, sempre tentaram
parar, mas não sabiam o “como”, tivessem ao menos uma referência para consultar. Coloquei para
mim mesmo que eu não me meteria na vida das pessoas e nem faria uma cruzada contra a
pornografia, mas que aqueles que buscassem sinceramente por respostas, deveriam encontra-las de
alguma forma e que o ebook seria essa ajuda inicial (Projeto, D5b, negrito nosso).
Como dá pra perceber, quanto mais aumentava a pornografia na minha vida, mais dificuldade eu tinha
em ter relações sexuais sem DE. entrei em um grupo de viciados em sexo (alguns eram em pronografia,
outros eram viciados em sexo real), me ajudou, mas não conseguia me controlar e, me parese, o
terapeuta desconhecia a natureza do vicio em PMO e sua gravidade. (Fabsjoia,D29)
Amigos, espero que o relato abaixo sirva como estímulo a quem está afundado no vício e nas suas
consequências: solidão, dúvidas e falta de expectativa para com a vida... Minha primeira tentativa de
fazer reboot se deu em 24 de outubro de 2013. Esta data marcou uma grande exclamação em minha
vida: "Só pode ser isto! Só poder ser a pornografia e a masturbação. Não tenho mais o que tentar! Já
tentei de tudo!". Ou seja, eu não tinha certeza, mas por dedução (por já haver tentado de tudo) eu enfim
me dei conta de que podia ser a pornografia que estava me afundando... Depois desse tempo todo,
resolvi ir a um urologista. Pensei: "só posso ter algum problema circulatório". Chegando lá, os exames
mostraram que ao contrário, eu tinha uma circulação na região do pênis muito boa. O médico me deu
um Viagra mas disse que aquilo era só por questões psicológicas e mandou eu procurar uma
psicóloga... Até que num dia de desespero e solidão eu procurei uma psicóloga. Mas durante o
tratamento eu já estava usando níveis mais pesados de pornografia. Começar a ver vídeos gays ou de
travestis foram a ante-sala da minha procura por travestis na vida real... Aí minha psicóloga me disse:
"Já parou pra pensar que você pode ser gay? Se você for, não tem problema nenhum, é normal". Nisso
eu entrei em pânico... Comentava com minha psicóloga: "parece que falta um motor dentro de mim".
Hoje sei que esse motor é a libido, que me era roubada pela pornografia e masturbação... Nisso eu fui
tentando e recaindo, tentando e recaindo. Até que chegou um momento em que eu passei a ter a
certeza: "Sou viciado mesmo!". Não havia mais dúvidas, a teoria, as minhas tentativas e a compulsão
me mostravam que eu era viciado. Estava feliz porque enfim eu sabia o que eu tinha! Foram anos sem
lutar pois o inimigo era invisível. Agora eu o via pelo menos.(Magrao, D3a).
Em suma, concluímos que os sujeitos manifestam, por meio de seus relatos, ansiedade,
solidão, fraqueza, desesperança, desespero e intenso sofrimento por estarem em uma situação
de adicção. Inferimos que os sujeitos buscam auxílio e amparo no ambiente virtual e anseiam
114
por visibilidade para seu sofrimento, o que soa como um pedido de ajuda. Contudo, padecem
e se inibem em sua problemática devido a múltiplos fatores, entre eles os julgamentos morais
e a dificuldade em encontrar profissionais com qualificação que permita a criação de um
vínculo que propicie compreensão e ajuda.
A seguir, pautados na descrição e análise dos eixos temáticos levantados nesta seção,
buscaremos novos sentidos diante do conteúdo utilizado, principalmente, pelo viés
psicanalítico.
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6. A PROCURA DE SIGNIFICADOS
mas não possui a representação do que é sentir sede, assim, chora desesperadamente, pois não
sabe externalizar verbalmente sua angústia. A mãe, ou algum cuidador, dirige-se à criança
fornecendo-lhe algum líquido e o nomeia: “você está com sede? Beba essa água”. Desse
modo, essa perturbação ganha significado e é integrado ao psiquismo da criança. Contudo, há
alguns casos em que os cuidadores não destinam significados às angústias vivenciadas pela
criança; logo, os símbolos e significados não são integrados, ocasionando falhas na
constituição egóica desse sujeito. Diante da dificuldade em atribuir símbolos à ausência, a
falta é sentida “como uma presença má e persecutória ou... lança o sujeito num vazio de
significações. Daí sua constante angústia de separação” (Minerbo, 2013, p. 89).
Nesse sentido, Costa (2011), Costa (2013), Ceccarelli (2011a) e McDougall
(1995/1997a) também discorrem que há casos em que a pessoa incumbida em realizar a
função materna é incapaz de prover afetividade ou significados para o desprazer vivenciado
pelo bebê, dificultando a formação de um encadeamento de ideias e a nomeação dos
acontecimentos. Nesses casos, a adicção pode ocorrer quando os cuidadores falham em sua
capacidade de amparar a criança. Essa falha é compreendida como figuras que, ao invés de
apresentarem o mundo à criança de modo afetivo e com explicações a respeito, exime-se
dessa atribuição e não se fazem presentes nesse processo. Tal conduta produz lacunas no
psiquismo desse sujeito em formação, que de algum modo precisam ser completadas
(Ceccarelli, 2011a; Costa, 2011; Costa, 2013; McDougall, 1995/1997a; Minerbo, 2013).
Na concepção de Ceccarelli (2011a), “o objeto na adicção é, em certa medida,
contingente” (p. 71), devido ao fato de se portar como um elemento substitutivo ao bebê em
suas relações socioafetivas iniciais com o ambiente externo. Uma vez que o bebê pode se
segurar e se sustentar em um objeto para que se mantenha vivo fisicamente e
psicologicamente, no futuro essa mesma lembrança do objeto que o amparou pode ser
deslocada a outro objeto externo, que permita ao sujeito sobreviver psiquicamente. Dentre tais
objetos encontram-se os elementos adictivos (drogas, pornografia etc.).
Em alguns casos de vício, como o relacionado à heroína, Ceccarelli (2011a) teoriza a
respeito de uma falha narcísica primitiva na constituição do sujeito que influencia no
desenvolvimento psicossexual e na maneira como o sujeito se relaciona com os objetos do
mundo externo. Ao longo da vida, o sujeito se empenha em buscar suprir essa lacuna por
meio do uso de objetos, mas esse anseio é frustrado. Nas palavras de Ceccarelli (2011a), “o
objeto da adicção está ali apenas como coadjuvante na eterna tentativa sempre frustrada e
constantemente renovada de apagar a falha básica” (p. 72).
118
Além da ausência materna, Costa (2011) supõe que um dos fatores responsáveis pela
adicção seria o declínio da figura paterna, principalmente por ser comum em condutas
aditivas a dificuldade de adquirir responsabilidades e se individualizar. A figura paterna, na
Psicanálise, de modo geral, é destinada à manutenção das regras e interdições sociais.
Segundo Costa (2011, p. 204), “a ausência da função atribuída ao pai de regulação dos
impulsos através do limite ao prazer é o grande vazio da atualidade”.
Em suma, considerando o que é dito pelos autores utilizados nesta pesquisa,
reconhecemos que o comportamento adictivo é frequentemente explicado na teoria
psicanalítica pela tentativa desesperada do sujeito em não estar/permanecer só, ou seja, devido
à intensa dependência do outro e pelo medo frequente de perder os objetos de amor – figura
paterna e/ou materna. A propensão a recorrer a objetos substitutivos se torna uma via
economicamente viável ao psiquismo; por exemplo, o objeto pornográfico surge como uma
alternativa para prover explicações ao sujeito. Porém, as mensagens transmitidas por tal
objeto são tóxicas porque são excessivas, uma vez que sobrecarregam o psiquismo do sujeito.
A partir dos dizeres dos depoentes, especialmente das questões levantadas no segundo
eixo – como a fala de surfista: “As vezes eu penso comigo mesmo que isso não é necessário,
mas algo no meu cérebro me fala pra eu ir praticar pq vai me aliviar e eu vou ficar mais
tranquilo” (D26) –, é possível pensar que do mesmo modo que um cuidador da primeira
infância, a pornografia, quando escolhida como objeto adictivo, é vivenciada como algo que
não frustra o sujeito que recorre a ela. O sujeito na adicção não busca ser surpreendido, mas a
segurança e a proteção diante das surpresas da vida. Por isso, a compulsão à repetição (Cole,
2011).
Costa (2013) levanta hipóteses a respeito da origem dessa conduta. Para ele, o
contexto teria desprovido o sujeito de suportes básicos e elementos para a constituição
psíquica (imagem narcísica). Como resultado, o sujeito tem afetada a sua capacidade de
resistir à separação com o seu objeto tóxico. De um modo geral, Costa (2013) considera que o
objeto tóxico internalizado é substituído por um novo objeto com a finalidade de suprir essa
falta. Na perspectiva de Ceccarelli (2011a; 2011b), na adicção ocorre uma ruptura do ego, em
que o objeto escolhido atenderia às demandas de onipotência infantil e cumpriria as pulsões
primárias, ocasionando a sensação de que o objeto estaria presente sempre que solicitado.
119
paternas, institucionais), sendo estas responsáveis pela maneira como nos portamos no
mundo, bem como pelo nosso sofrimento.
No primeiro eixo temático, por meio dos depoimentos, os sujeitos reconhecem o
sofrimento gerado devido aos impactos das tecnologias na constituição do processo de
dependência com a pornografia – principalmente, diante das dificuldades levantadas em
responder às solicitações institucionais na infância e na adolescência, assim como em
comprometerem-se em atividades esportivas, acadêmicas e/ou familiares. Considerando tais
informações, é possível supor que essas condutas evidenciam que estamos vivenciando um
momento histórico de fragilidade da cultura.
A fragilidade da matriz simbólica (capacidade de significar) nos dias de hoje está
constituindo sujeitos desprovidos de recursos simbólicos para lidar com a carga pulsional
(Minerbo, 2013). No caso do vício em pornografia, torna-se evidente que o processo de
simbolização em nossa cultura não se dirige às integrações, havendo uma ruptura em relação a
sua atribuição – que exploramos detalhadamente durante a discussão. Tal hipótese também foi
prevista por Costa (2011) ao tratar do processo de aculturação.
Segundo Costa (2011), vivenciamos um momento histórico revolucionário, que nos
impele a uma celeridade adaptativa. Tais transformações devem-se em grande parte ao avanço
da tecnologia, especialmente as ligadas à ampliação da comunicação entre os sujeitos. Nas
palavras de Costa (2011, p. 201), “não tínhamos ideia do poder contido na comunicação, não
suspeitávamos de nossa sede de contato, nossa curiosidade pelo outro, nosso desejo de nos
apresentarmos, de sermos vistos”.
Devido à sutileza dos meios tecnológicos, especialmente a internet, em adentrar no
nosso psiquismo, é possível pressupor que estamos vivenciando um episódio histórico de
aculturação (Costa, 2011). Ele é descrito como um movimento de ruptura nos costumes e nos
valores sociais (responsáveis ao provimento de identidade e pertencimento de sujeitos em
grupos) gerador de ansiedades como resultado de um processo histórico transitório.
Como consequência desse processo de aculturação, o consumo desenfreado de
tecnologias de comunicação, no ponto de vista de Costa (2011), também culmina em
interrupção no processo de elaboração das ansiedades que se relacionam com a separação das
figuras de cuidado. Assim, os sujeitos mais afetados pelas tecnologias seriam as crianças e os
adolescentes que, possivelmente, podem apresentar mais dificuldade na autonomia e na
aquisição de responsabilidades.
Apesar de destacarmos os impactos nocivos das tecnologias, necessitamos de cautela
em sua categorização como algo exclusivamente nocivo às crianças e aos adolescentes, pois
121
tais ferramentas também contribuem de modo saudável para o desenvolvimento deles; por
exemplo, ao estimular o acesso ao conhecimento, ao facilitar a aproximação entre as pessoas e
possibilitar a comunicação entre entes queridos de forma mais acessível financeiramente ou
até mesmo gratuita. Outro contraponto importante a ser salientado é que a exposição à
pornografia não é suficiente para gerar danos na vida dos sujeitos, mas é necessária uma gama
de fatores que contribuem para a manifestação e para o desenvolvimento de um quadro de
dependência.
No caso desta pesquisa, buscamos fornecer significados a uma determinada demanda
por intermédio de testemunhos. Neles, as características expostas e descritas, principalmente
no primeiro eixo temático, que se relacionam ao período da infância e adolescência, levaram-
nos a supor que tais sujeitos não possuíam recursos psíquicos e mediações externas (de
familiares, professores...) para se utilizarem de ferramentas tecnológicas de modo autônomo e
responsável. Por exemplo, na narrativa de Justiceiro do Sertão (D4), ele relatou as
consequências geradas em seu psiquismo após a exposição constante à estimulação
audiovisual.
... me tornei um completo crápula, o tipo mais besta, mais irritante que pode haver (para
vocês verem como a pornografia, inclusive, torna o adolescente imaturo ao extremo). Ia para
a escola só para perturbar a todos (crente de que estava agindo como gente) e desejar coisas
impossíveis...
O psiquismo da mãe não aguenta tensões; ele “espana” em situações de angústia e descarrega
na criança, esperando que ela possa fazer a necessária continência e transformação, o que,
evidentemente, excede sua capacidade psíquica de elaboração. Ou seja, em lugar de funcionar
como paraexcitação, a própria mãe é fonte de afetos penosos e traumáticos. A criança irá se
subjetivar segundo esses modelos de funcionamento psíquico, com prejuízo de sua
paraexcitação. (p. 75, itálico da autora).
Nas estruturas não neuróticas, todo e qualquer estímulo energético é sentido como
intenso e desorganizador, devido à vulnerabilidade egóica (Minerbo, 2013). No caso da
adicção em pornografia, a evacuação dessa energia tende a ser descarregada no mundo
externo por meio de atuações, que conduz o sujeito a um estado confusional e dificulta a
123
criação de uma rede de representações estáveis que viabilizem o pensamento reflexivo. Como
consequência, o sujeito tende à compulsão à repetição (Freud, 1920/1996c; Minerbo, 2013) e
busca no objeto adictivo a elaboração de suas angústias, pois, diferentemente do neurótico, o
adicto não possui estabelecida uma continência interna de suas angústias e necessita procurar
em um objeto externo esse amparo (McDougall, 1995/1997a).
Como demonstrado por meio das postagens, os adictos em pornografia vivenciam um
ciclo de repetições, pois não conseguem se desvencilhar da intensa recorrência de seu
comportamento. Supomos que se esses sujeitos não estivessem em uma situação de
vulnerabilidade egóica, conseguiriam por intermédio do pensamento reflexivo, atrelado a um
engajamento psicoterápico ou analítico, esquivar-se da situação aflitiva. Todavia, torna-se
evidente por meio do eixo seis, a possibilidade remota de abdicarem do objeto tóxico, visto
que este representa a eles uma situação de conforto e satisfação, mesmo que esporádica, como
expresso nas palavras de um depoente: “Sinto que com a pornografia eu tenho algo que me da
satisfação e prazer. Sem ela eu me anulo...” (Zé, D13).
Tal fato é notório em nossa pesquisa, uma vez que os depoentes nos transmitem a
mensagem, por intermédio de suas postagens, de que a realidade para eles não é suportável e
que somente encontram alguma sensação de alívio durante o consumo do objeto pornográfico.
A partir dessa averiguação, fomos capazes de estabelecer dois pontos que prejudicam os
sujeitos a se desvencilharem das amarras ligadas à compulsão: a) a dificuldade de encontrar
profissionais e serviços adequados que atendam a sua demanda; e b) a própria perspectiva do
sujeito, ou seja, a sua própria especificidade subjetiva que o impede de se desvincular da
conduta adictiva devido a sua economia psíquica que favorece o desenvolvimento de intensas
resistências ao tratamento; resistem à mudança porque ela os tiraria da zona de conforto.
Neste momento se faz importante pontuar que, na ocasião em que os sujeitos desejam
manifestar sua solidão, tristeza e insatisfação para alguém, essas queixas comumente podem
ser respondidas com deboches, ironias ou agressividade. A escuta inexperiente e não reflexiva
de alguns sujeitos pode resultar em pensamentos e respostas como: “você não melhora porque
não quer” e “para de usar isso se está te fazendo mal”. Contudo, esse raciocínio simplório não
leva em consideração a complexidade da questão. O adicto por si só não consegue mudar sua
realidade, pois não possui “matriz simbólica para apreender nuanças, nem para conceber a
complexidade do objeto” (Minerbo, 2013, p. 87) ou para compreender dados de realidade
complexos.
Assim, constatamos que tais escutas inexperientes não são adequadas, conforme a
exposição do sexto eixo, pois levam o sujeito a evitar a procura de ajuda. Entretanto, embora a
124
procura de ajuda especializada seja fundamental, ela é só um dos aspectos a ser considerado
pelos profissionais e pelos serviços de saúde. Não basta apenas oferecer uma escuta
experiente para que a problemática seja resolvida, porque há outro ponto a ser contemplado: a
perspectiva do próprio sujeito. Em outras palavras, apesar de haver a possibilidade de uma
escuta experiente que possa compreender os sujeitos nesse quadro, isso não significa
diretamente que os próprios sujeitos aceitarão esse auxílio e a intervenção dos profissionais.
Esse entrave no engajamento em um tratamento médico e/ou psicológico por parte do
paciente é previsto na teoria psicanalítica por meio de um fenômeno nomeado por resistência.
O sujeito em tratamento, por vezes, manifesta soluções defensivas em oposição ao
tratamento que independem de motivos específicos. Uma das hipóteses seria devido ao ganho
secundário do sintoma, ou seja, a persistência em manter um quadro sintomático seria uma
saída viável para os sujeitos, visto que o tratamento pode colocar em perigo o ego, que
historicamente se constituiu de determinada maneira. Em outras palavras, livrar-se de um
sintoma poderia deixar o sujeito indefeso para conviver com suas próprias angústias, pois os
sintomas foram um meio encontrado de afastar o próprio sujeito de algum evento traumático
vivenciado. Dessa forma, as resistências intrínsecas a cada sujeito dificultam sempre a busca
pela verdade psíquica de cada um. Portanto, além de investir na capacitação de profissionais,
proporcionar serviços adequados e alertar a população em geral a respeito dessa modalidade
de sofrimento, é preciso considerar o viés do sujeito e sua especificidade subjetiva.
Considerando os pontos apresentados, a partir do momento em que o sujeito sente essa
resposta repleta de desprezo, rejeição e indiferença, qualquer possibilidade de procurar ajuda
ou de dialogar a respeito de seu problema é sentida como negativa e perigosa, visto que até
mesmo a imaginação de uma situação de tamanha intensidade desorganiza o sujeito, pois
poderia desarmá-lo em suas defesas, como já salientamos acima. Até mesmo situações
corriqueiras, como trabalhar ou realizar alguma atividade diária, podem ser encaradas pelo
sujeito com medo e reserva, pois os depoentes sentem que estão prestes a se fragmentar diante
de qualquer situação de tensão ou cobrança. Em decorrência de se perceberem incapazes de
resolver impasses de sua realidade cotidiana, os sujeitos sentem ódio de si, por viverem no
limite e sob ameaça constante de aniquilação. É como se seu comportamento adictivo
representasse um segredo que pode ser descoberto a qualquer momento. Um depoente
comunicou explicitamente o medo de ser descoberto da seguinte maneira: “O peso na
consciência é grande, estou em um ciclo de mentiras constante para manter a minha vida
secreta” (Salomao, D7).
125
materiais de cunho sexual, que estimulam uma forma perversa de funcionamento psíquico.
Esses materiais, quando utilizados sob determinadas condições, são capazes de enclausurar os
sujeitos em uma fixação à determinada modalidade sexual, até que ele se entorpeça desses
estímulos e recorra a modalidades de prazer mais intensas e exclusivas, como a pornografia
relacionada à coprofilia e à zoofilia.
Ademais, a partir da exclusividade da satisfação obtida pela adicção em pornografia –
a qual retira a libido do direcionamento ao outro na busca do alvo sexual, sendo reconduzia a
pontos de fixação –, podemos pensar que nela o modo de funcionamento não neurótico se
revela na constante busca do adicto em se sentir completo e onipotente, além do que nos
parece que sem essa obsessão pelo objeto adictivo o sujeito se sente aniquilado. Tais
amarrações se dão a partir do que é descrito no eixo temático que discorre a respeito da
fantasia e do fetichismo.
8
Conceito que se encontra relacionado na teoria freudiana com a pulsão de morte (1920/1996c), a qual é
responsável por mover o sujeito em direção ao estado de aniquilamento total das pulsões, ou seja, à morte. O
excesso de potência dessa pulsão resulta em ações autodestrutivas ou em agressividade para com os objetos do
mundo exterior.
128
Apesar de o sujeito manifestar ódio ao objeto substitutivo, ele também realiza uma
tentativa de poupá-lo e de salvá-lo da destruição, pois independente de ter fracassado, de
algum modo, o objeto-droga cumpre uma de suas missões: ele promove alívio momentâneo às
pulsões. Ademais, o que prenderia o sujeito nessa relação com o objeto dirige-se para além do
princípio do prazer, isto é, o encontro com o objeto revive o traumático por meio da repetição.
Nas palavras de Laplanche e Pontalis (2001), a compulsão à repetição se refere a um
... processo incoercível e de origem inconsciente, pelo qual, o sujeito se coloca ativamente em
situações penosas, repetindo assim experiências antigas sem se recordar do protótipo e tendo,
pelo contrário a impressão muito viva de que se trata de algo plenamente motivado na
atualidade (Laplanche e Pontalis, 2001, p. 83).
Isso porque com a introjeção do objeto como um todo as relações de objeto do bebê se alteram
fundamentalmente. A síntese entre os aspectos odiados e amados do objeto completo dá
origem a sentimentos de luto e culpa que implicam progressos vitais na vida emocional e
intelectual do bebê (Klein, 1946/1991, p. 22).
Klein (1946/1991) também discorre que mecanismos de cisão de objetos são reflexos
de defesas de um ego arcaico. Além disso, essa autora também elenca que algumas ansiedades
associadas ao ego rudimentar são expressas por meio de dois grandes medos: o ser
envenenado e o de ser devorado. Esses medos são sentidos nos primeiros meses do
desenvolvimento; contudo, se expressam em adultos por meio de vivências psicóticas e de
estados confusionais.
No caso dos adictos em pornografia, cujos depoimentos foram analisados nesta
pesquisa, supomos que as elaborações necessárias para que houvesse uma integração
fundamental em relação às figuras de cuidado de algum modo foram insuficientes, pois
percebemos medos persecutórios intensos e evidências de pontos de fixação, que culminam
em um modo de funcionamento psíquico não neurótico e paranoide. Ademais, notamos como
reflexo dessa insuficiência egóica uma tendência dos depoentes em sentirem-se fragmentados,
prestes a se despedaçar. No que concerne a esses sentimento, Klein (1946/1991) afirma que,
como resultado de uma estrutura egóica arcaica, o sujeito possui uma propensão a se sentir
despedaçado, sendo tais sentimentos característicos nos primeiros meses de vida.
Diante disso, presumimos que os adictos em pornografia depositam no objeto
escolhido um papel que outrora deveria ter sido desempenhado por algum cuidador e mantêm
com esse objeto relações intensas de ódio e amor: ama-se a ideia de não estar só e odeia-se ao
131
perceberem que tal objeto é frustrante, na medida em que não fornece a continência necessária
para acolher as angústias. Presumimos que esse modo de funcionamento não neurótico se
expressa por meio de uma formação psíquica (egóica) rudimentar, evidenciada por medos
arcaicos (o de ser devorado, exposto com mais detalhes adiante) que ocasionam no adicto os
sentimentos de aniquilação e fragmentação. Em suma, há possibilidade de que as instituições
responsáveis (principalmente a familiar), por integrarem e apresentarem o mundo aos sujeitos
desta pesquisa, por meio de uma matriz simbólica, falharam na missão de significar a falta e
de oferecer amparo.
O que mais nos chama a atenção é que os sujeitos se descrevem como se sentissem
devorados pela pornografia, como se ela tivesse o poder de devorá-los e os prendessem dentro
de si. Costa (2011) afirma que, devido ao bombardeio de informações e de estímulos aos
sentidos humanos, o sujeito inclina-se a um estado regressivo. Esse estado se justifica em
função de que a vinculação dos sujeitos com a tecnologia resulta na incorporação passiva da
imagem, que se assemelha “a relação oral primitiva com o objeto” (p. 202).
Ao pensar sobre o sentido literal das palavras, Costa (2013) considera que o objeto-
droga é de fato ingerido/incorporado e a ideia de “devorá-lo” parece se relacionar diretamente
com o objeto. Essa ideia também se associa com o proposto por Costa (2011) a respeito do
declínio da figura do pai, pois como já demarcado por Freud (1913/1996n), o sentimento da
mania é posterior ao assassinato do pai na horda primeva, que em seguida culminará no
sentimento de culpa e no masoquismo.
Destacamos a constante presença do ódio na posição subjetiva oral. O que isso quer
dizer? A princípio resgatamos que Freud (1915/2004a), ao discorrer a respeito do
desenvolvimento da capacidade amar e das pulsões sexuais, afirma que a primeira meta
desempenhada pela pulsão é a de incorporação oral. Nessa etapa o amor é “capaz de coexistir
com a eventual interrupção da existência própria e autônoma do objeto e que, portanto, pode
ser caracterizada como uma forma de amor ambivalente” (p. 161). Logo, ao entendermos que
os adictos revivem essa etapa do desenvolvimento, estamos supondo possíveis traumas e
fixações em etapas preliminares da sua constituição (Freud, 1915/2004a; Klein, 1946/1991).
Na perspectiva de Minerbo (2013), essa maneira de se portar perante o objeto revela um
132
profundo desamparo, que pode ser gerado por vários fatores, mas resultou na ausência de
formação de estruturas e de funções psíquicas. Assim, qualquer sentimento que retire o sujeito
de sua conservação é sentido como insuportável e o expõe a angústias de morte. O sujeito
nessa situação anseia que o objeto o constitua para evitar sentimentos de tensão e que o
permita ser onipotente. Ao se deparar como dependente do objeto,
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
pornografia se configurou como o único elemento em suas vidas capaz de lhes fornecer
sentido.
Como tentativa de explicar o excesso, recorremos, principalmente, aos conhecimentos
psicanalíticos e levantamos a hipótese de que a economia psíquica na relação com a
pornografia tinha como finalidade minimizar as sensações de desprazer e evitar situações que
promovessem qualquer ameaça à sensação de “equilíbrio”. Esse anseio em permanecer sem
ameaças à integridade do sujeito foi relacionado por nós com uma tentativa de “restaurar um
estado anterior de coisas” apresentada por Sigmund Freud (1920/1996c), ao tratar da pulsão
de morte, e por outros psicanalistas. Analisamos que o sujeito consumidor de pornografia
apresentou movimentos autodestrutivos, que poderiam se relacionar a algum evento doloroso
vivenciado ao longo de sua história.
A hipótese é de que os sujeitos estavam ou estão infelizes com o rumo de suas vidas
e/ou com o retorno de angústias não elaboradas em seu passado, em consequência,
procuraram a pornografia ansiando pelo encontro com a felicidade e pelo distanciamento de
qualquer possibilidade de desprazer. É como se recorressem a um atalho nessa busca frenética
a um estado de plenitude.
Associado a essa procura impaciente, também compreendemos que o modo de
organização de nossa sociedade prega justamente esse ideal de felicidade, em que somente a
encontraremos por intermédio do consumo excessivo de bens materiais e de produções
hedônicas, que satisfaçam nossa demanda narcísica. Citamos como exemplo a intensa
exaltação do corpo e do sexo; essa excessiva valorização atribui ao corpo a responsabilidade
de obtenção do prazer por meio de processos primitivos de olhar e ser olhado e de devorar e
incorporar, frequentemente mediados por algum dispositivo audiovisual que mantenha essa
satisfação isolada do contato real entre os sujeitos.
Nessa via reflexiva, percebemos que a satisfação obtida pelos adictos é parcial e se
afasta do propósito de Eros: a união entre os pares, sendo que o clímax é alcançado de modo
solitário por meio do ato masturbatório. Em conformidade a uma cultura que nos impõe ideais
individualistas e narcísicos, o comportamento adictivo foi percebido como uma tentativa
desesperada por parte dos depoentes de não se sentirem solitários. Os sujeitos mostravam
demandar por amparo e temer a solidão. Todavia, estar só e consumir um objeto substitutivo
foi uma escolha economicamente viável ao psiquismo para atender as demandas da cultura e
aos anseios primitivos do sujeito. Em consequência dessa escolha, o próprio objeto lança o
sujeito a uma situação de intenso sofrimento, pois as mensagens transmitidas por esse objeto
sobrecarregaram o psiquismo de cada depoente.
135
9
http://comoparar.forumeiros.com/
137
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ANEXOS
146
transitório, onde ocorre perda de libido e flacidez peniana] já está durando a mais de um mês.
Gente... porém estou cético quanto a minha orientação sexual.... será que virei gay mesmo???
ao ponto de começar a me atrair por homens??? eu tenho evitado olhar pra homens pois tenho
mto medo de me sentir atraído... e isto tem me deixado mto em pânico... estou tomando
remédio pra ansiedade.... pois é sair na rua desencadeia um nervosismo do cão... não que eu
seja homofóbico longe disso gente... tenho amigos gays da escola e na vida pessoal... mas o
fato de eu ter me deparado com esse paradoxo frente a minha vida na qual sempre gostei e me
atraí por mulheres.... tem me deixado mto mal. de qualquer forma vejo que um dos problemas
de nunca ter conseguido casar foi o fato de eu associar esse inferno de pornografia no meio
dos meus relacionamentos. Enfim gente.... essa foi parte da minha história... tamo junto...
vamos tirar o máximo de homens dessa porcaria de pornô. Abraço a todos.
Diria que o envolvimento social e a parte relacionada a sexualidade foram as mais afetadas.
A pornografia realmente me quebrou e desequilibrou tudo!
Quando descobri o fórum - pois sabia que havia algo de errado, e suspeitava que era esse meu
vicio em PMO. Principalmente P- só esperei uma semana para começar o reboot. Durante
essa semana estudei o máximo que pude sobre o assunto e comecei a jornada...
E agora, como estou?
-Não sinto mais vontade de ver P. E já cortei da minha vida isso. Farei o máximo para não
cair. Não fico mais vidrado nesse mundo de fantasias,fuga e mentiras.
-Sinto uma sensibilidade equilibrada. Voltei a ter excitação com fotos sensuais (sem ser
nuas), com as mulheres nas ruas, voltei a ter ereções involuntárias, voltei a ter confiança em
mim e na vida.
- E como melhorei o meu lado social! Recuperei a autoestima para chegar nas mulheres, sair,
conversar, conhecer,etc. Ainda venho trabalhando forte nisso. Mas a cada dia tenho bons
resultados. Uma das melhores partes do reboot... Você perceber que está voltando
a ativa com as garotas! e ver que você está se relacionando mais com as pessoas no geral.
Sempre conheço uma mina nova ou pelo menos troco ideias. Tenho chegado nas garotas que
quero sem ficar com medo e me tremendo de ansiedade. Tenho saído todo final de semana
com os amigos.
As vezes até mesmo nos dias comuns de semana ( a falta de tempo é muita, mas as vezes é
bom quebrar a rotina).
- Estou com o meu peso normal. Gastrite praticamente sumiu. Parei de avacalhar e me
refugiar em P, álcool, cigarros,etc.
- Voltei a estudar! e procrastinando bem menos. Agora tenho mais energia e foco. O mundo
não é mais o casulo escuro de antes.
Me sinto livre, leve. Renovado para continuar minha vida de uma maneira melhor e mais
saudável.
E sim, estou muito feliz! Very Happy
Agora só administrar meus pensamentos e hábitos. Ficar ligado para não recair, pois o
inimigo sempre está esperando o momento de relaxamento para atacar...
O meu caso não foi um dos mais sérios de vicio em P. Mas com certeza seria em pouco
tempo...
Ainda bem que cai fora dessa.
O que eu diria?
149
Aos 21 anos me mudei para São Paulo. Nessa época eu morava em frente a uma "casa de
entretenimento adulto". Às vezes pensava: "Por que não vou lá e mato logo essa curiosidade
para com o sexo?". Era virgem ainda. Porém eu tinha a sensação (e hoje eu penso: o que seria
isso? Meu inconsciente? Um saber não-sabido...) de que se eu fosse nesse lugar, eu iria
"falhar". Portanto eu não fui, por conta dessa insegurança.
Pouco depois eu enfim arrumei uma namorada. Novamente eu me percebia com uma
sensação de que eu não conseguiria fazer sexo. E quando fui tentar, embora estivesse
morrendo de vontade, não consegui realizar a penetração. E nas próximas vezes que tentei, foi
a mesma coisa. Uma sensação horrível, de pesadelo. Eu estava descobrindo o sexo e ele
estava se tornando mais um problema que uma solução para mim.
Chegou uma hora em que enfim consegui transar com minha namorada. Porém havia um
problema: eu não sentia prazer suficiente para gozar. Isso quando não perdia a ereção. Nem
sonhava que já estava sofrendo de disfunção erétil induzida pela pornografia e de ejaculação
retardada. Saia o pesadelo de não conseguir transar, entrava o pesadelo de não sentir prazer
com o sexo. Daí para a frente eu sucumbiria lentamente a uma degradação que me fez correr n
riscos e perder uns 7 anos mais.
Pois bem, o fato de eu não conseguir transar com minha namorada fez com que o namoro
afundasse (e hoje sei que nossa capacidade de amar também é afetada pelo vício). Muitas
vezes pensei que o problema era ela. E algo simbólico e revelador é que no dia em que eu
terminei o namoro eu comprei um computador com internet. Até então eu consumia
pornografia só aos fins de semana. Depois disso voltou a ser todo dia.
Nisso minha vida foi afundando em solidão, em busca de qualquer prazer, como um viciado
em drogas. Então comecei a ir atrás daquelas prostitutas baratas que anunciam em jornal.
Como eu precisava ver se eu "funcionava", precisava saber se o problema não era minha ex-
namorada e não eu, mas ao mesmo tempo eu tinha de novo a sensação de que não iria rolar,
por isso eu nem me arriscava em pagar caro por uma acompanhante de luxo. O fato é que eu
estava entrando na lógica da fantasia e da busca por novidades, que caracteriza nosso vício. E
por fim, eu falhava na hora de transar com as garotas de programa. A sensação se tornava
certeza e minha vontade era não querer saber mais sobre o assunto sexo, extirpar esse tema da
minha vida.
Fui perdendo todos os amigos, restando apenas dois, que me aturavam com uma paciência
gigantesca já que eu era um poço de estresse, ansiedade e irritabilidade. Nisso comecei a me
aprofundar no mundo da pornografia. Saí com uma garota que eu já conversava há anos com
ela, desde a época do ICQ. Fiquei apaixonado de primeira por ela. Fomos pra cama e ...nada.
151
Falhei. Não conseguia disfarsar minha humilhação e em minha cabeça o sentimento vinha:
"esse pesadelo não vai acabar nunca?". A garota não quis mais saber de mim. Fiquei UM
ANO fugindo, não querendo pensar nisso.
Depois desse tempo todo, resolvi ir a um urologista. Pensei: "só posso ter algum problema
circulatório". Chegando lá, os exames mostraram que ao contrário, eu tinha uma circulação na
região do pênis muito boa. O médico me deu um Viagra mas disse que aquilo era só por
questões psicológicas e mandou eu procurar uma psicóloga.
Pouco tempo depois eu fui pra cama com outra garota. Tomei o Viagra e... nada. Obviamente
que isso só acentuou minha vontade de não querer saber de sexo, de não pensar naquilo e me
afastar de qualquer conversa que envolvesse esse assunto. Anos se passaram novamente.
Até que num dia de desespero e solidão eu procurei uma psicóloga. Mas durante o tratamento
eu já estava usando níveis mais pesados de pornografia. Começar a ver vídeos gays ou de
travestis foram a ante-sala da minha procura por travestis na vida real. Comecei a frequentar
becos escuros e perigosos, correndo o risco de ser assaltado ou tomar uma navalhada. Me
sentia sujo e barra-pesada demais para namorar com alguma garota da minha faculdade. A
vida dupla de um viciado já estava sedimentada em minha vida nesse tempo.
Simultaneamente, comecei a me questionar: "por que não sinto prazer com mulheres na cama,
embora as ache bonitas?", "por que me pego vendo pornografia de travestis ou mesmo saindo
na vida real?", "será que sou gay?", "e quando me perguntarem por que eu não namoro?".
Aí minha psicóloga me disse: "Já parou pra pensar que você pode ser gay? Se você for, não
tem problema nenhum, é normal". Nisso eu entrei em pânico. Ser gay deve ser algo legal para
os gays, não para quem sempre pensou ser hétero. Eu desde minha infãncia sempre gostei de
garotas, sempre sonhei em ter uma namorada e não esperava que seria tão difícil conseguir
algo que para a maioria das pessoas é muito simples. Eu gostava de mulheres, mas elas não
me excitavam. Estava cindido ao meio: "Quer dizer que eu posso amar uma mulher mas sentir
prazer é só com homens?". Num dia de desespero, andando como um zumbi viciado à procura
doentia de qualquer prazer, cheguei a ir a uma balada gay. Pensei: "vamos acabar com isso
logo, não aguento mais NÃO SABER O QUE EU SOU".
Já pensava atemorizado em como eu ia justificar para minha família que eu era gay. E enfim,
nessa balada havia aquelas salas escuras onde os caras ficam se pegando. Ali alguém começou
a me tocar e eu não senti nada. Por um lado foi um alívio: tive um indicativo de que eu não
era gay. Por outro lado o pesadelo continuava: "O que eu tenho então?"
Comentava com minha psicóloga: "parece que falta um motor dentro de mim". Hoje sei que
esse motor é a libido, que me era roubada pela pornografia e masturbação.
152
Enfim, depois de uma viagem de uns 20 dias onde fiquei sem pornografia e reduzi bastante a
masturbação, quando voltei fiz sexo e consegui ereção e orgasmo (algo raríssimo pra mim).
Ali comecei a ter uma intuição de que antes de transar seria bom ficar uns dias sem
masturbação. E nisso, muito de vez em quando eu conseguia transar com garotas de
programa, embora de vez em quando ainda falhasse.
Foi então que conheci uma garota e me apaixonei por ela. Começamos a sair e logo me veio o
alerta atemorizante: "pode rolar sexo". A possibilidade de fazer sexo pra mim durante todos
esses anos era isso: aterrorizante. Foi então que eu comecei a pesquisar sobre isso na internet,
e descobri o YourBrainOnPorn. Fiz algumas tentativas descompromissadas de parar. Queria
mas não queria parar. Quando essa garota entrou em minha vida, veio a exclamação: "é isto,
só pode ser isto, você já tentou de tudo, pare de perder tempo e comece pra valer agora!".
Nisso eu fui tentando e recaindo, tentando e recaindo. Até que chegou um momento em que
eu passei a ter a certeza: "Sou viciado mesmo!". Não havia mais dúvidas, a teoria, as minhas
tentativas e a compulsão me mostravam que eu era viciado. Estava feliz porque enfim eu
sabia o que eu tinha! Foram anos sem lutar pois o inimigo era invisível. Agora eu o via pelo
menos.
Criei um blog sobre o vício no final de 2013 e logo apareceu o www.apoio.forumais.com de
viciados em pornografia em português. No início éramos 4 pessoas apenas, e o Projeto estava
lá já nos ajudando, com o ebook. Depois de tanto sofrimento, sabia enfim o que eu tinha e
como consertar minha vida. Junto com o fórum eu engatei minha primeira sequência bem
sucedida, que veio a ser meu primeiro reboot. Comecei a descobrir uma nova vida ali!
Uma força impressionante, concentração, a ressensibilização que me fazia sentir uma série de
prazeres que antes não sentia (uma das piores coisas do vício era a vida mecânica, onde eu
beijava uma garota e não sentia prazer nenhum!).
Foram 109 dias em hard mode e, após isso, eu "perdi minha virgindade de fato", descobri o
quanto o sexo era incrível e era um ato de carinho entre duas pessoas. Enfim descobria o que a
pornografia e a masturbação me retiraram por décadas: uma potência vital enorme!
Porém, como eu não tinha uma parceira fixa e não havia muita informação (não sabia se após
os 90 dias estávamos "curados para sempre" ou não, não previa coisas como efeito caçador
após o sexo, etc etc) logo eu recaí. Fui do céu ao inferno. Mas vejo que esta foi minha
"adolescência tardia". Nesse curto período limpo de pornografia eu descobri minha
masculinidade, descobri aquilo que a maioria faz durante a adolescência, por exemplo, passar
uma tarde nos amassos com uma garota em casa. Tudo isso era novidade e como veio tudo
num turbilhão, em vez de vir aos poucos, foi difícil de administrar. Escrevi sobre isso em meu
153
blog: http://vivasempornografia.blogspot.com.br/2015/03/reboot-recaida-e-reboot-da-
escuridao.html
Fiquei mais meio ano tentando rebootar novamente (o que mostra que recair não vale a pena
rs). No início desse ano fiz um mochilão pro exterior e enxerguei nisso a grande oportunidade
de engatar um reboot novamente. E foi o que aconteceu. Três meses se passaram e muita
coisa mudou!
Além dos benefícios mais conhecidos do reboot - volta da potência sexual, sensibilidade aos
prazeres, enorme sensação de força, concentração,etc - algo que eu gostaria de ressaltar é
como hoje eu consigo conversar olhando nos olhos, ouvir as pessoas, porque o reboot me fez
perder a extrema ansiedade que eu tinha.
Além disso hoje eu consigo realizar projetos e a procrastinação diminuiu tremendamente.
Antes qualquer coisa era um problema gigante sobre o qual eu ficava pensando e pensando.
Agora, quando vou ver já estou agindo e em pouco tempo resolvi a coisa. Minha iniciativa
está a mil! Mudei meu local de trabalho e horário, e estou mudando de área acadêmica. Acho
que enfim as coisas estão se acertando para mim, tanto na vida pessoal quanto na minha
questão de decidir um futuro profissional, e isso só é possível porque hoje eu estou livre de
pornografia e masturbação. Enfim eu estou com as rédeas sobre minha própria vida!
O cuidado comigo mesmo é outra coisa que mudou tremendamente. Minhas roupas, minha
aparência, meu quarto são reveladores do quanto eu mudei para melhor!
Hoje eu consigo dizer não, me valorizo diante das mulheres e me guardo para o momento
certo de realizar meu sonho de mais de duas décadas atrás: namorar uma garota.
Uma das coisas mais gratificantes do reboot é que as fantasias e fetiches vão sumindo. Sua
sexualidade volta a se reconciliar com sua moral, você se sente limpo, honesto, sente que é o
que sempre quis ser. Antes eu pensava: "só conseguirei namorar uma garota que aceite essas
minhas fantasias pesadas". Hoje sei que posso namorar qualquer garota pois não sou mais
escravo das fantasias.
Minha vida sexual é ativa e saudável hoje. Além da descoberta de que sexo é carinho, aprendi
que o sexo des-cansa, enquanto a masturbação cansa. O sexo preenche sua vida. A
masturbação nos enche de vazio.
Hoje eu me sinto jovem e com um monte de possibilidades pela frente. Hoje vejo que tenho
um futuro, tanto acadêmico-profissional em algo que eu estou descobrindo que gosto, quanto
um futuro afetivo! Very Happy Me sinto homem também e não tenho mais vergonha de
mim. Hoje tenho um monte de amigos.
154
Quem convive comigo diz que eu mudei demais. As mudanças vão desde comentários de que
a minha pele melhorou até sobre a minha personalidade, meu modo de ser no dia a dia. E eu
percebo isso, que desde o meu primeiro reboot vim resolvendo uma série de questões internas
(a principal a compulsão do vício) e isso foi mudando minha visão sobre o mundo. A vida não
é feia como eu pensava ser nos tempos de vício. A vida é boa, eu me conciliei com ela. A
pornografia é que lhe retira as cores e transforma a vida em algumas tristes e pobres dezenas
de tons de cinza.
Estou muito feliz e é uma felicidade serena. Já conheci e revisitei (com minha recaída) o
inferno e não tenho mais curiosidade sobre como ele é. A variável-chave para toda essa
mudança em minha vida foi o reboot, ter ficado livre de pornografia e masturbação.
Meu pensamento antes do reboot: "Vou ter de deixar passar essa (garota ou uma oportunidade
qualquer) pois eu não consigo, não estou pronto". Meu pensamento após o reboot: "Vou
aproveitar essa oportunidade pois hoje sei que consigo". A diferença entre o "não consigo" e o
"consigo" em nossa vida é abissal.
De revistas encontradas num armário velho no trabalho de meu pai não demorou até os
primeiros DVDs pornô emprestados na escola. Minhas notas a partir de então desmoronaram
e me tornei um completo crápula, o tipo mais besta, mais irritante que pode haver (para vocês
verem como a pornografia, inclusive, torna o adolescente imaturo ao extremo). Ia para a
escola só para perturbar a todos (crente de que estava agindo como gente) e desejar coisas
impossíveis, se é que me entendem. Em casa, tendo em vista a queda do meu rendimento
escolar (inclusive frente ao sacrifício para pagar escola particular para mim), briguei com
meus pais. Briga feia, melhor nem entrar em detalhes.
Não, eu não queria mudar, não queria acordar. Quando se é viciado, quer-se mais é que o
mundo se dane. A zona de conforto é muito mais tragicamente gostosa. Meu comportamento
era diuturnamente só me masturbar e mais nada, com ou sem pornografia, mas principalmente
com; até as meninas da minha sala de aula, furtivamente naquelas funestas manhãs mesmo,
me serviam (eis de onde desenvolvi fixação por adolescentes/ninfetas/debutantes, algo que
felizmente me foi fulminado pelo reboot). Houve tempos em que, em classe, quando não
estava tendo crises voluntárias de excitação, não parava de falar, cantar e me exibir feito uma
criança histriônica, tumultuando a aula, para desespero e ódio de todos e para minutos depois
esconder a cabeça entre um livro para pensar em sexo. Vivia o tempo todo discretamente
reparando nos corpos das meninas e me permitindo excitar para descontar tudo à tarde, e
nenhum receio tinha de nada. Estudar,esqueçam. Um professor, inclusive, chegou a cortar
relações comigo. Perdi contatos, colegas, oportunidades de crescimento, de convívio (cheguei
a ficar traumatizado por não ter sido convidado às festas, desenvolvendo uma tara doentia por
debutantes), perdi tudo. Tudo.
No final de 2007, precariamente comecei a me dar conta de minha situação, o que veio sob a
forma de um amadurecimento repentino, violentíssimo choque de realidade que me colocou
em dois anos de depressão, a qual só cessou depois que voltei atrás da decisão extrema de
cometer suicídio e jurei a mim mesmo nunca mais consumir PMO e só me matar de estudar.
Tentei parar na raça mesmo, mas cadê que conseguia? Cadê que aquelas imagens tristemente
encantadoras me deixavam em paz? Era só pegar um livro que o cérebro me repelia e me
infestava a mente de ninfetas de peles lisinha, de morenas latinas esculturais, de pezinhos de
garotas (sempre fui louco), de forma que nada demorava a desabar novamente. Assim foi
durante sete anos, enquanto (sabe-se lá como) me formava na faculdade.
E eis que me deparei, em meados de 2014, após finalmente haver beijado uma garota e
perdido minha virgindade, com este maravilhoso fórum, esta abençoada iniciativa deste
parceiro fantástico chamado Projeto Sabedoria, que me introduziu, via o fórum e o blog, a
156
todas as exatas informações de que eu necessitava para meu livramento, após quase uma
década afundado numa vida que nem vida é. Só digo, Projeto, meu eterno e muito sincero
obrigado por salvar minha vida e a de todos aqui. Quem batalha vence, quem procura acha.
Procurei e achei, batalhei como se deve batalhar e venci.
Iniciei meu primeiro reboot “oficial” em 17 de agosto de 2014, sobrevivendo 55 dias e
covardemente me sabotando para não zerar o contador até o 93º, pelo que já pedi desculpas e
renovo-as. Após, passei cerca de um mês e meio em meu último círculo infernal e reiniciei
humildemente meu contador na madrugada de ano-novo, enquanto em casa meus pais bebiam
champanhe, comemorando o relativamente estável momento por que passávamos e passamos.
E aqui estou. Em vista ao passado, no Paraíso. Corro atrás do prejuízo feito um louco, é
verdade, porém creio que ainda há tempo de ser gente, de modo que os resultados devem vir.
Sigo buscando-os.
Saibam que todo o esforço vale a pena. Saibam que a luta é válida, sim. Estou me sentindo
bem como jamais, vejo-me simplesmente outro ser, totalmente o oposto do verme que um dia
fui.
Não sei se terei condições de moderar algum tópico ou coisa que o valha como andaram
desejando, entretanto continuarei por aqui dando apoio a todos os que precisarem. Ajudemo-
nos uns aos outros e melhor sentir-nos-emos conosco próprios. Vamos lá.
Cheguei lá.
E com certeza, todos nós chegaremos!!
larga de alta-velocidade. Aos 12, mesmo sem saber disso na época, tenho para mim que já
estava completamente viciado em pornografia. A internet era o meu refugio.
Como era um adolescente, tudo era novidade. No inicio sentia vergonha ao procurar fotos
pornôs e só via fotos de mulheres peladas e nada mais. No decorrer do processo, fui escalando
para gêneros cada vez mais pesados de pornografia. Com 14 anos já tinha visto de tudo um
pouco e perdi completamente o respeito por mim mesmo. Fui um “adolescente problema” e
na época atribui isso a minha idade e as questões pessoais e familiares, mas hoje não tenho
duvidas de que a pornografia foi uma influência fundamental nesse processo. Minhas notas
pioraram, meus relacionamentos afetivos eram ridículos e eu me tornei uma pessoa cruel.
Primeira tentativa de parar
Aos 16, foi quando comecei a ter vergonha de mim mesmo, senti que precisava de uma
namorada e decidi parar com a pornografia e masturbação pela primeira vez. Foi uma época
em que eu percebi que a masturbação era algo humilhante e estava determinado a parar.
Achei que seria fácil parar, e nem suspeitava que a tarefa seria praticamente impossível.
Nessa época eu não fazia ideia das consequências desastrosas do vicio, apenas intuía que não
era uma coisa boa e já não me sentia bem com esse hábito. Além do mais não existia nenhum
método sobre como parar e o assunto não era debatido seriamente. Pelo contrário, a
pornografia era vista como saudável e recomendável no meu circulo de amizades.
Depois de algumas tentativas ingênuas para parar, eu voltei para o hábito da masturbação e
pornografia, mas como o vício era espaçado (por exemplo, uma ou duas vezes por semana),
depois de um tempo, eu já havia esquecido completamente o meu desejo de parar e passei a
ver isso apenas como um hábito “normal” e “natural”.
Namoro e autoengano
Com 17 anos comecei a namorar e a ter uma vida sexual ativa. Aliás, o meu pensamento para
justificar a pornografia antes desse período era de que quando eu fizesse sexo eu não iria mais
querer assistir pornografia. Era algo até meio lógico para quem nunca tinha feito sexo até
então. Ou seja, eu pensava que o vício em pornografia era apenas um reflexo do meu desejo
natural por sexo e logo que começasse a transar esse desejo iria passar. Penso que muitos
adolescentes pensam assim também e por isso nem suspeitam que estejam viciados.
Obviamente que mesmo com o namoro e com uma vida sexual normal, esse hábito não
terminou. Ao contrário, só foi piorando ao longo dos anos, já que como sabemos graças aos
recentes estudos sobre o vício em pornografia, o cérebro de um viciado está dessensibilizado a
velhos estímulos e está sempre à procura de novidades. Nesse sentido, por mais que eu
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gostasse ou amasse a minha namorada, minha mente sempre tinha a tendência de procurar por
novidades virtuais, mesmo que de vez em quando.
A minha performance sexual era ótima e eu sempre aguentava fazer sexo por várias horas
seguidas, então a pornografia não era ainda considerada por mim como um “grande
problema” ou uma emergência a ser tratada nessa fase da minha vida.
Fundo do poço
Durante o namoro, houve alguns períodos em que eu diminuí fortemente a quantidade de
pornografia, porque eu realmente gostava da minha namorada e tinha culpa por olhar fotos de
outras mulheres (exemplo: tinha sessões de pornografia apenas uma vez por mês). Para dizer a
verdade, eu nem me considerava propriamente um “viciado em pornografia”, apenas alguém
que gostava de sexo, como a maioria das pessoas. Mas sempre que havia uma crise ou um
desentendimento o recurso “desafogador de mágoas” era a pornografia.
Quando o namoro acabou foi o fundo do poço. Completamente descontrolado, fui caindo para
gêneros mais pesados até o ponto em que o sexo virou o centro da minha vida. Nem preciso
dizer que as outras áreas como emprego, trabalho e dinheiro, estavam completamente
desestabilizadas. E o desleixo para comigo mesmo era digno de um viciado. Só que no meu
caso, passava o dia inteiro trancado no meu quarto vendo pornografia ou dormindo.
Mas o fundo do poço mesmo foi quando começou a DE (Disfunção Erétil). Com apenas vinte
e poucos anos eu não conseguia mais ter ereções com as minhas parceiras. Eram garotas
lindas mas na hora H, eu falhava. No começo pensei que era falta de exercícios físicos,
excesso de refrigerante, ansiedade, medo de falhar ou até mesmo apego ao meu ultimo
relacionamento ou algum problema com as meninas.
Quando chegou a um ponto em que eu não conseguia me excitar nem com pornografia foi
quando bateu um desespero. Vergonha eu já não tinha fazia muito tempo, mas a sensação de
impotência foi algo muito humilhante e desesperador. Somado a isso o estado caótico da
minha vida, comecei a procurar desesperadamente por uma explicação.
A Busca
Ah, esqueci de dizer que durante a fase do namoro eu cheguei a procurar um psicólogo para
falar sobre o meu problema e também busquei ajuda religiosa! Nenhuma alternativa
funcionou e no caso do psicólogo, ele disse para mim que a masturbação era normal, saudável
e que “com o tempo isso iria passar”. Percebam que não estou criticando ninguém aqui, nem
dizendo que psicologia não funciona, apenas relatando exatamente o que aconteceu. (*obs:
apesar disso, a psicologia me ajudou em muitas outras áreas, menos com o vício em
pornografia).
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eu estava mais “ereto” do que nunca. Em menos de 30 dias eu tinha me recuperado da DE. O
Reboot funciona!!!
Uma nova realidade
Bom, daí para a frente eu recuperei minha vontade de viver. Meus sonhos e projetos voltaram
com tudo. Meus relacionamentos melhoraram em uns 200%. Meu relacionamento com a
minha família nunca esteve tão bom. O sexo nem se fala. Eu acabei terminando com essa
minha nova namorada, mas por outros motivos e não por causa do reboot. Na verdade,
percebi que na prática, o reboot faz aumentar os nossos laços e o respeito pela nossa
companheira, assim como o dela por nós.
Projeto Sabedoria
Por fim, como durante o processo do reboot eu lia muitos textos dos sites gringos e traduzia
para mim mesmo esses textos, e compadecido e até um pouco indignado por perceber tanta
desinformação nos sites em português, decidi compilar um ebook sobre como parar para as
pessoas que assim como eu, sempre tentaram parar, mas não sabiam o “como”, tivessem ao
menos uma referência para consultar. Coloquei para mim mesmo que eu não me meteria na
vida das pessoas e nem faria uma cruzada contra a pornografia, mas que aqueles que
buscassem sinceramente por respostas, deveriam encontra-las de alguma forma e que o ebook
seria essa ajuda inicial. O resto da história vocês conhecem.
Dicas:
São várias as dicas que eu teria para dar, elas estão registradas no ebook e nos fóruns que
participo, mas se eu pudesse resumir as principais, seriam essas:
- Instalar vários bloqueadores (não tem jeito, mesmo depois de “rebotado” eu ainda uso os
bloqueadores)..
- Ser radical (no sentido de não considerar a pornografia mais como uma opção para a vida).
- Arrumar uma namorada (a ideia não é virarmos “monges”).
- Ler os benefícios de quem parou (essa foi a minha principal motivação, porque eu percebi
serem verdadeiros os relatos e os benefícios elencados).
- Estudar as estratégias e o “como” essas pessoas conseguiram parar (e procurar aplica-las,
obviamente).
- Ler as pesquisas cientificas sobre o vício (para entender como tudo funciona e se perdoar
pelo seu passado).
- Ajudar os outros (parece piegas, mas sinto que quando estou ajudando os outros eu é que
sou o mais ajudado, pois esse compromisso, sem querer me ajuda a me manter “limpo” e a ter
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compaixão pela situação das outras pessoas, assim como a compreender cada vez mais a
natureza humana. Por isso obrigado a todos, de coração!).
Para finalizar, um resumo dos prejuízos e benefícios que eu constatei durante o processo:
Antes do Reboot:
- Mal humor e irritação comigo mesmo e com as outras pessoas.
- Falta de foco, procrastinação e perda de tempo.
- Muito sono e preguiça.
- Muita vergonha e culpa.
- Fraqueza física (pernas bambas, voz fraca, pele suja e desleixo pela aparência).
Depois do Reboot:
- Maior socialização.
- Muito mais tempo livre (impressionante!)
- Interesse pela natureza e coisas simples da vida.
- Amor pelos meus semelhantes e disposição em ajudar.
- Foco e concentração, assim como melhorias na aparência e melhor desempenho no trabalho
e tarefas do dia-dia.
- Melhor relacionamento com o sexo oposto.
- Muito mais assediado pelo sexo oposto (sério!)
- Às vezes, até excesso de energia e um gozo espontâneo pela vida, sem precisar fazer nada
para sentir isso.
Fim
...
— oculta, claro — em meu notebook. Nessa última fase, nos últimos três, quatro anos, não
mais baixava conteúdos, mas utilizava um tablet para satisfazer o terrível e voraz dragão que
habitava em mim. E assim, passaram-se 10, 12 anos de minha vida, escoados pelo ralo.
Concomitante ao fortalecimento do vício, em 2005, comecei a estudar para concursos
públicos, o que me levou, pelo contato inicial com as matérias jurídicas, a cursar Direito.
Nessa época, várias vezes cheguei a furar meu programa de estudos ou deixar de estudar para
provas a fim de ver conteúdo pornográfico e me masturbar. Contudo, ainda não percebia a
gama de efeitos nocivos que sofreria em razão do vício.
Em 2008, graças a Deus e após muito esforço, fui aprovado num concurso público, e comecei
a trabalhar em 2010. À essa altura, já eram nítidos os efeitos que a pornografia e o hercúleo
esforço para omitir isso das pessoas ao meu redor desencadearam em mim. Comecei a notar a
queda de rendimento no trabalho, a dificuldade de concentração nos estudos e nas demais
atividades, a tendência ao isolamento, a ansiedade, a queda drástica da libido, entre outras
mazelas que me acometeram.
Em abril de 2012, comecei a namorar a garota de que hoje sou noivo. Para mim, era
impensável compartilhar com ela o meu segredo, que guardava a sete chaves. Não poucas
vezes, deixei de vê-la justamente para ficar vidrado à tela de um computador ou coisa que o
valha. O namoro, contudo, não fez com que o vício minguasse, como inocentemente pensei
que fosse ocorrer. O maldito hábito era crescente e chegava às raias da loucura. Quantas vezes
não assisti a vídeos pornográficos no trabalho ou mesmo cheguei a dirigir assistindo a um
vídeo pornográfico pelo meu celular!
Passaram-se um, dois anos de namoro, e só recentemente, há 20 dias, de súbito e sem
racionalizar, pois se o fizesse seria demovido da ideia, desabafei e contei-lhe tudo, os
mínimos detalhes. Óbvio que isso a deixou chocada. Ela jamais esperava isso de mim — não
que ela esperasse isso de alguma maneira, mas é que se trata de algo que não passa pela
cabeça de muitas pessoas, não compõe o mundo delas, como infelizmente passou a compor o
meu e de todos quantos leem esse texto. Para a minha alegria, todavia, após o baque inicial,
minha noiva absorveu o problema e passou a me oferecer apoio incondicional, o que me
fortaleceu a seguir em frente.
Hoje, entretanto, após praticamente ter me abandonado nos braços do mundo pornográfico,
meu contador indica 92 dias sem PMO. Já não imaginava que isso fosse possível. Tentei parar
por centenas de vezes. Era um gigante invencível que crescia mais e mais, cuja altura já
chegava ao céu. Foi quando decidi pesquisar sobre os danos que a pornografia poderia causar
e “tropecei” nesse sítio — digo tropeçar, entremente não creio em acaso, e sim que tudo tem
163
seu tempo e propósito. Devorei o e-book e comecei o reboot. O medo de recaídas era
constante, como se eu caminhasse pisoteando ovos. Claro que cheguei à beira da queda
algumas vezes, mas, logo que me vinha aquela vontade louca de ver pornografia e me
masturbar, rapidamente entrava no fórum do sítio e lia relatos de pessoas que tiveram êxito
nessa empreitada. Esse recurso sempre funcionou como uma injeção de motivação para
avançar.
Ainda há muito chão a ser percorrido, sem dúvidas. Não senti até então os tais
“superpoderes”, até porque estou com distimia, um tipo de depressão leve, a qual certamente
foi suscitada pela pornografia e masturbação. Tenho feito uso de medicamentos há menos de
um mês e vislumbro dias melhores, com a graça de Deus. Apesar disso, é incomensurável a
sensação de retomada do controle da minha vida após um hiato de 10, 12 anos. É como se eu
houvesse acordado de um estado de coma e ganhasse uma nova chance, uma folha em branco
para reescrever a minha história.
Tudo isso seria um enorme surto de egoísmo se eu não destinasse essas últimas linhas a
agradecer imensamente ao Projeto por todo o trabalho que tem desenvolvido. Não encontro
palavras para expressar minha gratidão, não só a ele mas também a todos os que mutuamente
se ajudaram no fórum, ao trocar experiências, oferecer apoio, relatar testemunhos de sucesso.
Sou enormemente grato a cada um de vocês, conquanto não nos conheçamos e nunca
saberemos quem está do outro lado do monitor.
Avante, guerreiros!
conselhos. Devo ou não devo contar pra minha esposa ? É possível ficar limpo sem precisa
contar pra ela ? Aceito também conselhos de esposas noivas e namoradas de pessoas que
estão fazendo o reboot. Fico feliz por ter encontrado essa comunidade. Através do livro
consegui realmente entender o que acontece comigo. Preciso realmente de ajuda. Um forte
abraço.
psicológico, ele cometeu um crime muito gravíssimo e precisa ser punido. Mas o que estou a
dizer agora é para que abramos nossos olhos...
Logo ao terminar a reportagem, eu me senti completamente mal. Ao assistir e ouvir o
relato daquele homem, não consegui ver muita diferença entre mim e ele. Aquele
homem estava afundado na pornografia, estava indo a níveis mais baixos à procura de
maior satisfação. Ele sentia-se arrependido após o que acontecia, mas não conseguia
controlar quando vinha o vício para cima dele. Era como se fosse outra pessoa, sabia o
que estava acontecendo, mas não conseguia parar e se controlar.
Agora amigos, leiam novamente o parágrafo que está em negrito, porém agora esqueçam tudo
o que eu escrevi anteriormente. Quantos de nós não nos identificamos com esse relato? E
agora ao pensar que esse relato é o relato de um estuprador dá até um calafrio na espinha.
É claro que o nível que ele chegou, foi além de qualquer e todo nível moral. Mas fiz esse
relato, para pensarmos no GRANDE PERIGO que corremos. Não estou dizendo que nós
poderemos nos tornar estupradores ou algo do tipo se não pararmos, claro que não! Mas digo
isso, pelo fato que a P muda a cabeça das pessoas, umas para lados mais sombrios, outras nem
tanto. É brincar com fogo.
E acredito que quanto mais respostas para a pergunta "por que parar?" nós reunirmos, mais
fortes poderemos ser.
Já li também sobre um pesquisa, agora não me lembro onde, que dizia ter sido entrevistados
vários homens, e perguntado a eles: "Se você pudesse praticar relações sexuais com uma
mulher, de modo a forçá-la, tendo a certeza de que ninguém nunca descobriria, você o faria?".
E sei que mais da metade dos homens confessaram que fariam sim, e isso é assustador. Só de
pensar na minha garota, nas mulheres da minha família, já me dá um medo e ódio ao mesmo
tempo.
A nossa sociedade precisa acordar, tirar essa venda da libertinagem, onde tudo é bom, tudo é
liberado, tudo deve ser feito conforme mandar a sua vontade. E começar a conscientizar as
pessoas que não se deve fazer tudo o que sua alma pede (a pornografia desperta os níves mais
baixo do ser humano).
Eu posso dizer que estou melhor com relação a isso, já consigo andar na rua sem ficar
secando as mulheres e imaginar coisas. E estou muito mais forte. Hoje por exemplo, estava ao
meu lado do onibus uma mulher de uns 30 e poucos anos, com seios bem avantajados por
assim dizer, rs. E não tive como não notar de primeira, mas a primeira olhada é de boa, sem
maldade, apenas percebe, mas aí veio a segunda olhadinha, é onde veio o problema... Já
percebi que ela estava com aquele blusa fina e sem sutiã, aquilo me despertou um coisa... é
166
aquela coisa.. rs. Mas logo me toquei e parei de olhar, tentei limpar minha mente, mudar meu
pensamento e consegui me tranquilizar e esquecer, e o pior que logo depois ela chegou para
mais perto de mim, foi então que eu cheguei a colocar a mão nos olhos, disfarçadamente,
como se eu estivesse me apoiando, para não acontecer de sem querer olhar de novo e
despertar aquele sentimento. Foi uma luta vencida, posso assim dizer.
A questão que quero deixar aqui é, ao meu ver, a P está diretamente ligada a maioria dos
casos de violência e estupro de mulheres. É notável como a P pode mudar a cabeça de um
homem como mudou a minha, imagina só em alguém com distúrbios mentais ou problemas
pessoais onde a pessoa acredita não ter nada a perder.
É ALGO GRAVÍSSIMO!
Bem, a questão está lançada. O que você acham sobre isso?
Obs: Desculpem pelo longo post, mas quis explicar da melhor forma possível.
Obs2: Foi bom escrever bastante e escrever sobre isso agora, que era algo que eu pensava a
bastante tempo, pois agora pouco eu quase vi P, quase! Ufa! Foi quando eu decido vir aqui,
ler, ganhar força. Escrever me ajudou a passar a vontade.
Mentalmente tem sido uma autêntica montanha russa cheia de altos e baixos. Tem horas que
me sinto bem comigo mesmo, e outras em que fico pensando para mim "e se eu ficar gostando
para sempre de shemales?". Isso me incomoda bastante, já tenho saudade de estar bem
comigo mesmo a 100%. Essa questão fica mesmo no meu subconsciente, tanto que às vezes
fico pensando se gostaria que minhas amigas tivessem um pénis, e se acho a ideia sexy. Acho
que ainda não consegui afastar a minha atração por shemales, infelizmente.
Tem alguém aí que passou por isto também? Acham que eu vou mesmo deixar de gostar desta
m***? Tem sido difícil lidar com isto, sem poder falar para ninguém. Só aqui na internet é
que eu posso desabafar, pois tenho vergonha de falar isso para meus amigos e família. Tenho
de fingir que estou bem para eles, mesmo nos momentos em que me estou sentindo mal, e
isso custa muito.
A pornografia me jogou desde a adolescencia num ciclo que é o seguinte: não busco
experiencias reais porque nao tenho vontade e motivação e, alem disso, tenho DE => Como
tenho DE e não sinto vontade de ter experiencias reais como uma mulher, fico na mesma,
onde estou, com o xvideos.
Quando nesse ano eu tentei enfim parar com o vicio, me vi numa situação muito incomoda
que é a seguinte:
Ok, agora estou a 3 meses sem me masturbar, com uma grande vontade de transar com uma
mulher, mas não tenho traquejo social nenhum. 15 anos de ansiedade social e ausencia quase
total de experiencias reais, me transformaram num zero em termos de carisma, de conquista.
Essa constatação joga por terra todo meu esforço, e eu volto para a pornografia e a
masturbação obsessiva. Sinto que com a pornografia eu tenho algo que me da satisfação e
prazer. Sem ela eu me anulo, porque não consigo convencer uma louca a transar comigo! Não
tenho traquejo social nenhum.
Alguem já se viu nessa situação de merda?
instagram e videos softcore de garotas peladas. Atualmente estou 18 dias sem o PMO e meu
objetivo é parar completamente até com essas coisas "softcore".
Agradeço desde ja a quem for ler o relato. Obrigado.
Este fórum com certeza vai nos motivar, porque encontraremos aqui histórias, casos parecidos
com os nossos, sintomas semelhantes e conselhos de quem conseguiu superar.
Sairemos dessa lama, a pornografia não é mais uma opção!!!!!!!
Avante, guerreiros!
Andei lendo e vi oque chamam de "flatline". Acontece que, eu estou esperienciando todos os
sintomas do flatline. Desinteresse por masturbacao, porno, tudo. Nem faço questão nenhuma.
Também venho sentindo ansiedade, mais sono e alguns momentos meio depressivos. Porém
em algumas manhãs acordo com ereção, mas das beeeem fracas, e só algumas. Nesses ultimos
3 dias venho indo para academia, aulas e fazendo aerobicos, minha alimentação sempre foi
muito boa, e isso é oque vem me ocupando. Enfim, é possivel que por todos esses 3 meses eu
estive em um flatline e quando me masturbava eu apenas resetava ele sem saber? Estou com
todos os sintomas de um flatline... Bem, gostaria que me ajudassem nessa jornada silent , e
vou continuar relatando de dias em dias, ou sempre que tiver duvidas!
Se possível, respondam a minha duvida do flatline, e me contem se ja passaram por algo do
tipo. Grato!
Aos poucos eu fui passando dos vídeos para as fantasias mentais no meu novo mundo de
masturbador compulsivo. Achei que o problema estaria resolvido se a masturbação fosse
apenas para ideias na minha cabeça. Também comecei a me enganar com aquela história de se
masturbar sem ejacular (a ejaculação está longe de ser o foco do problema) e fiz isso por
muito tempo até voltar a ver pornô usualmente, já sem a mesma excitação de antes. Até que
há 13 dias atrás, me senti muito mal. Foi a pior sensação que já tive na minha fodendo vida.
Naquele momento eu sabia que queria mudar. Li o ebook em algumas horas e aceitei
convictamente a missão de recuperar o controle sobre meus hábitos.
Espero ter sucesso nesta jornada. Quero que saibam que vocês estão sendo uma inspiração e
uma fonte de informação pra mim. Agradeço muito aos que estão tornando isso possível
Em primeiro lugar, e passados dias, eu já sinto mais vontade de ver mulheres do que
propriamente transexuais. Aliás eu não fui um viciado que via exclusivamente pornografia
travesti! Sinceramente era talvez 20% da pornografia que eu via, a maior parte era pornografia
straight. Mas tinha tempos, em que via mais intensamente e como formar de renovar o
estimulo acabava vendo shemale, ou outras generos mais nojentos. O meu problema não é eu
ter deixado de gostar de mulheres, porque eu não deixei, o problema é eu passar a gostar de
mulheres com pénis. É perturbador, para mim é, sei que há pessoas que não dão importância,
mas eu dou. Eu sou heterossexual, na medida em que todos os desejos românticos eu idealizo
com uma mulher normal. Porém este meu lado mais pervertido me envergonha. E a minha
ansiedade aumenta pensando assim "cara, vejo isso talvez a uns 3/4 anos, será que acabei
mudando minha orientação? E se eu no fim disso tudo continuar vendo pornografia travesti?".
Mas reparem, eu no incio nao me sentia interessado nessa pornografia, bem pelo contrário. Eu
por exemplo também tinha altura em que via BBW, umas mulheres obesas tendo sexo, e
nunca no iníco da minha viagem pelo porn eu me sentia atraído por isso. Mas durante o dia
normal, se vir uma obesa na rua não terei qualquer interesse em transar com ela. Acho que
acontece o mesmo com os travestis, eu na vida real não tenho interesse nenhum, ao contrário
de muita gente que chega a contactar travestis, eu não seria capaz.O meu problema e
sobretudo ansiedade, a vontade muito exagerada de chegar ao fim do reboot e conhecer os
resultados.
Mas sinceramente, eu acredito que vou ultrapassar isso, poderá não ser em 90 dias, poderá ser
em 180 ou mesmo em anos. Eu apesar de não ver muito intensamente essa pornografia eu
assisti ela durante anos, e é normal que não seja fácil desfazer minhas ligações cerebrais. Mas
eu não nasci assim, eu acredito na mudança!
Obrigado amigos pelas vossas palavras!
que eu ainda era "inocente"... não sabia das coisas...depois de assistir várias vezes, o vídeo
Cassete na hora de rebobinar as fitas enroscava e amassava elas por dentro e estragou todas as
fitas (hoje 10 anos depois dou graças a Deus por isso ter acontecido ainda cedo) como não
dava mais pra assistir,deixei isso pra lá.
No começo de 2005 com 13 anos eu aprendi a me masturbar...nessa fase a M era apenas
usando a imaginação e raramente quando aparecia alguma nudez ou cena
de"softporn"aleatória na TV a Cabo como HBO,Max Prime e canais do tipo...até ai foi tudo
bem,entrando na puberdade por volta de 2006,2007 nas Lan Houses da vida eu descobri que
existia revistas pornos de graça na internet (coisa que eu achava que não existia)...eu nunca
tinha tentado procurar isso na Lan House pois tinha medo de ser pego rs' depois de algum
tempo tomei coragem e comecei a pesquisar coisas leves como Playboy,Sexy só pra alimentar
a imaginação pra M quando chegasse em casa...tempos depois também descobri que existia
filmes pornos grátis na internet.
Em 2008 com 15 anos eu ganhei meu primeiro PC...aqui começa a pornografia em internet
banda larga na minha vida...nos primeiros dois anos até 2010 foi "de boa", assistia pornos de
forma "normal", PMO uma vez por dia, raramente 2 vezes por dia...então me formei no
ensino médio no mesmo ano em 2010...e ai começava o esse pesadelo na minha vida...do final
de 2010 pra cá (últimos 5 anos) as coisas pioraram e MUITO.
Eu me tornei menor aprendiz e comecei a trabalhar numa empresa grande, a mais importante
no seu ramo eu diria...só que por alguns problemas lá, o trabalho começou a ser estressante, e
como eu só trabalhava,chegava em casa e ficava no ócio,a PMO ficou mais frequente por
causa do trabalho, era assim que eu aliava a tensão...em 2012 a coisa já estava mais tensa...a
PMO era bem frequente de 4 a 5 vezes por dia...no mesmo ano eu sai da empresa pois o
contrato já tinha acabado, e ai a coisa desandou...até que no final de 2012 um conhecido dos
tempos de escola foi preso porque encontraram pornografia de menores no PC dele...eu fiquei
em choque, pois eu e os colegas de escola quando ficamos sabendo da prisão dele, sabíamos
que esse conhecido era um "bronheiro" de mão cheia rs'...todos sabiam mas ninguém falava
nada...e ai que eu quase entrei numa deprê pois eu tinha a consciência que ele era viciado em
pornô desde os tempos de escola e tinha quase certeza que foi isso o que o levou a pornografia
infantil...e eu ao mesmo tempo eu estava começando a me tornar um viciado em pornô então
eu percebi que Pornô não era uma coisa boa e então dias depois do ocorrido eu tentei
parar...então com um vazio existencial terrível e um princípio de depressão, eu redescobri a
Deus,(eu nasci em família evangélica e tinha deixado de ir a igreja desde 2009) comecei a ir a
igreja e consegui ficar 1 mês sem PMO, e também recebi a notícia que esse conhecido tinha
178
saído da prisão...ele ficou só 3 meses lá pois ele era uma boa pessoa só que a curiosidade o
levou longe de mais...enfim estava confiante,só que infelizmente vacilei e acabei caindo na
PMO.. eu não entendia muito bem o vício em pornô... e aquele culpa como se fosse um
meteoro caia na minha cabeça...mesmo assim eu não desisti...ficava 1 semana sem PMO, ai
caia de novo, depois mais uma semana sem PMO,caia de novo...chegou um momento que eu
já estava de saco cheio pois não conseguia me livrar disso e acabei desistindo...e nesse meio
tempo (2013) eu arrumei um novo emprego...e a frequência da PMO só aumentando...isso me
atrapalhou de mais no trabalho...até que foi demitido em 2014 por falta de produtividade,pois
não conseguia trabalhar direito,ficava com uma ansiedade monstra e também só ficava com
sono pois meu horário estava começando a ficar descontrolado...enfim ai a situação estava
chegando no limite, me sentia muito mal,me sentia um oceano de hipocrisia pois eu estava na
igreja, fazendo papel de santo enquanto em casa eu era um masturbador compulsivo, então
minha mente ficou cauterizada me tornei uma pessoa fria,chata, e extremamente crítica a tudo
e eu sabia o tempo todo que eu ofendia a Deus como aquilo que eu fazia e aquela sensação de
Deus estar me "filmando" toda vez que eu estava na PMO,e um vazio gigante dentro de
min...comecei a ter medo da morrer.
De meados de 2014 até semana passada as coisas ficaram complicadas...pois eu só ficava em
casa, acabei engordando (chegando aos 120Kg) por causa da vida sedentária que estava
levando,já não ligava tanto pra higiene pessoal,as vezes ficava sem escovar os dentes por um
ou dois dias...sono totalmente descontrolado...acordava as 11:00, 12:00 e dormia as
02:00,03:00 da madrugada depois de várias sessões de PMO,meu sonho de me formar na
faculdade de RI e ir morar no exterior indo por pelo ralo,minha Fé não existia mais,só ia pra
igreja por ir mesmo, e por causa de uma amiga que eu conheci na igreja, já não conseguia orar
mais pois tinha vergonha de Deus...e isso já estava começando a gerar problemas de saúde...e
eu cheguei a um ponto que eu nunca imaginei que chegaria...comecei a ficar com tesão vendo
pornô de Shemale!, coisa que em 2010 eu achava nojento ( com todo respeito aos homos) e
quando eu via sem querer em algum xvideos da vida eu brochava na hora...poucas semanas
atrás eu estava começando a gostar!... só que eu sabia que era hétero...eu nunca me interessei
por homens, só por mulheres (só entendi essa questão quando li o livro que está indicado aqui
no forum dias atrás) ai realmente cai na real e vi que tinha algo MUITO errado comigo eu
precisava parar com a pornografia imediatamente se não isso iria acabar me matando...e pela
graça de Deus,semana passada procurando formas de parar de consumir esse lixo eu achei na
internet o "Your Brain on Porn" do Dr. Gary Wilson e foi a melhor coisa que eu aconteceu
179
esse ano...depois que li o livro percebi que havia esperança de largar esse lixo e então a 5 dias
atrás eu encontrei uma "mina de ouro" chamada comoparar.forumeiros.com.
E cá estou eu, 5 dias sem PMO...até agora foi relativamente tranquilo, aquela vontade as
vezes bate mas é algo suportável...e os depoimentos de vocês aqui tem me ajudado muito a ter
motivação pra continuar...e nesses 5 dias que em comparação a maioria de vocês seja pouco,
já fez uma diferença significativa na minha vida...sinto que aquela preguiça constante está
indo embora e procrastinação também,minha motivação de estudar está começando a
renascer,consegui concertar o meu horário de sono,a minha voz engrossou (foi a primeira
coisa que eu notei rs'),estou fazendo dieta pra perder todo esse peso que eu ganhei, um velho
sonho meu de aprender japonês está renascendo rs', (desde 2007 eu sonho em aprender
japonês e estudar no Japão) a disposição pra começar a trabalhar está voltando, estou
começando a ajudar mais minha mãe nos afazeres de casa...meus objetivos agora são de me
livrar definitivamente desse mal,arrumar um emprego e arrumar uma namorada (de Deus
rs')...sou eternamente grato ao Dr.Gary Wilson e a vocês do forum que conseguiram se livrar
desse mal e estão dando forças aos irmãos de luta mais fracos...pretendo postar aqui o meu
progresso nesses 90 dias de luta.
QUE DEUS ABENÇOE A TODOS E NOS DÊ FORÇAS PRA VENCER ESSA LUTA!
vários relatos os quais me motivaram bastante. Já imprimi o ebook e vou começar a ler hoje.
Pretendo postar minha luta diariamente, pois estou com tempo para isso. Já expus minha
história em outro tópico, mas resumindo sou viciado em pornografia e masturbação há uns 15
anos, mas de forma violenta tem uns 10 anos. Meu objetivo é abandonar de uma vez esse
vício, além de ter meus desejos restaurados. Obs: sinto desejos por homens de uma forma
quase insaciável desde muito tempo. Já fiquei com mulheres e me apaixonei por várias, porém
sou virgem e hoje não sinto nada por mulheres. Meu vício sempre foi pornô gay. Quero fazer
esse reboot sem pornografia e masturbação para limpar a minha mente e me entender melhor.
Não tenho nada contra gays, mas eu não sou feliz desse jeito e quero mudar, pois vi relatos de
pessoas heterossexuais que acabaram sentido prazer por vídeos gays e com travestis devido ao
vício. Sou Cristão e sei que sozinho não irei conseguir, mas sei que jesus me dará a força
necessária para suportar esses 90 dias. Já tentei parar várias vezes, porém sem sucesso.
Consegui ficar uns 70 dias sem o vício, porém eu não entendia o porque de eu sentir tanta
coisa na abstinência, mas vocês abriram meus olhos e agora posso entender que o que sinto é
fruto da abstinência, tipo mal humor, sonhos eróticos, tratar mal as pessoas que mais amo,
desânimo, vontade de me masturbar assim que acordo, dentre outras coisas. O que eu já senti
e sinto durante todo esse tempo de vício, ou seja, algumas sequelas: depressão, pensamentos
suicidas, sem vontade de tomar banho e escovar os dentes, dores nas articulações, dor quando
tomo banho e sinto a água gelada, desânimo, falta de produção no trabalho e motivação, medo
de assumir responsabilidades, complexo de inferioridade devido ao tamanho do meu pênis -
em tono de 13 cm de comprimento e 12 de diâmetro, medo das mulheres, timidez, vontade de
ficar em casa direto e deitado, solidão, vontade de ficar só no escuro, falta de concentração
intensa, sem vontade nenhuma de estudar, sem sonhos e sem planos, falta de sensibilidade,
humor alterado, compulsão por comidas - era jogador de futebol e hoje estou com mais de 120
kg, memória um pouco debilitada, achar que eu nunca vou ser feliz de verdade, medo de
urinar em banheiros públicos por conta da vergonha, pensamentos repetitivos e de derrotas,
enfim. Nesse momento, não estou trabalhando e fico direto em casa praticamente, mas me
matriculei em alguns cursos para sair um pouco de casa. No mais, irei compartilhar meu dia a
dia, postando sempre a noite para ter uma noção exata de como foi meu dia. Abraços e fiquem
com Deus! Obs: Fiz o contador de dias na marra e acabei de ver que está com a data de
dezembro, mas vou deixar assim mesmo, pois o que importa são os 90 dias, porém não sei se
essa data errada vai atrapalhar. Se alguém poder me ajudar, agradeço.
Aos meus 19/20 anos encontrei a mulher da minha vida, em todos os sentidos, amei da forma
mais intensa e possível que um ser humano pode amar, nossa como eu a amava, o sexo com a
pessoa que você ama realmente muda você, eu tinha esquecido de vez a pornografia,
transávamos todos os dias de todas as formas em todos os lugares, ela sabia como fazer, mal
eu sabia que estava cultivando o maldito fetiche em minha cabeça.
Com o passar do tempo o desgaste da relação foi inevitável, brigas, ciumes, foi quando
lentamente comecei a voltar a pornografia, da mesma forma quando tinha 8, bem de leve, a
relação começava a esfriar, comecei a me aprofundar na pornografia até o ponto em que a
relação sexual com a minha mulher, a pessoa que mais amei em toda minha vida, esfriasse de
vez, começava o tormento em minha vida. Entre idas e vindas sem fim, pornografia rolando a
mil, ao ponto de eu desejar ver, minha namorada dando pra outro cara( Foi ai que comecei a
notar que tinha algo de errado com o uso da pornografia), o medo, a angustia me corroendo, e
eu sem saber o porque daquilo estar acontecendo. Foi então que tudo acabou, junto com a
minha vida, ela conheceu outra pessoa e acabou engravidando, minha vida tinha acabado.
Após o acontecimento citado acima entrei de cabeça na pornografia, nada mais importava,
comecei a ver pornografia das mais repugnantes que vocês possam imaginar, TODOS OS
TIPOS, me masturbava o dia todo e chorava a noite toda, saia com amigos conhecia garotas, e
toda vez que levava alguma garota pra casa eu brochava, inventava mil e uma desculpas para
as garotas, para mim aquilo estava acontecendo porque eu ainda amava minha ex namorada e
nunca conseguiria esquece-la , entrei em depressão profunda, foi então que meio q me veio
um estalo, pois nessa época eu estava me masturbando demais vendo videos cuckold, que era
uma coisa antes que eu nunca tinha me interessado.
Comecei a pesquisar sobre o vicio em pornografia, e achava apenas sites religiosos dizendo
para buscar a igreja todo esse papo clichê onde tudo e qualquer coisa é pecado( Obs: Sou
Cristão, acredito e oro todos os dias para me libertar), foi quando quase desistindo encontrei o
blog, li a pagina inicial, e vi os comentários, entrei no forum e comecei a ver alguns relatos, e
era como se eu estivesse contando minha historia em tópicos picados, meu coração se encheu
de alegria em descobrir o que me destruía por dentro e ver que muitos estavam conseguindo
se libertar e ter uma vida feliz. Li o e book inteirinho umas 3 vezes, gostava de ler a parte dos
relatos onde pessoas superaram o vicio maldito de PM.
Bati de frente com o vicio e não esperava o que estava por vir, nao conseguia passar 2 dias
sem me masturbar, ficava criando mentiras na minha cabeça do tipo "a só uma hoje e depois
eu paro", "a eu bati ontem mesmo entao nao perdi nenhum dia, nao custa bater uma hoje, ai
amanha eu paro" e isso durante um bom tempo.
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Foi quando cansado de me martirizar e depois de perder uma garota incrível por conta de uma
DE, acordei pra realidade. Vi que se eu não agisse logo acabaria com a minha vida, foi
quando fiquei 8 dias sem me masturbar, isso entrando todos os dias aqui, reforçando meu
objetivo e lendo os benefícios e os males que essa desgraça traz a nossas vida. Acabei
recaindo, fiquei mal mais voltei com meu objetivo, e foi ontem depois de 7 dias sem PMO,
acabei recaindo denovo, meu mundo desmoronou e aqui estou.
Então a partir de hoje serei membro ativo do Blog, pois preciso de ajuda, não aguento mais
essa situação, sofro demais com isso e vejo que não estou sozinho nessa luta. Obrigado, vcs
realmente estão fazendo a diferença em minha vida e espero que eu tbem possa faze na vida
de vcs.
Espero que hoje seja o primeiro dia do resto de nossas vidas.
Quero deixar um agradecimento especial para o Projeto. Parabéns cara, vc é um exemplo para
todos nós, me espelho demais em vc e sei que um dia alcançaremos a gloria assim como vc,
ainda nos veremos na na área "Historias de sucessos" Laughing
Também quero deixar meu salve especial para os membros Theo becker, Nofapwinner, e the
great spirit, que foram os que mais me identifiquei e tive o prazer de ler topicos deixados aqui,
que realmente fizeram diferença em minha vida, obrigado meu amigos
Então é isso pessoal, amanha volto para dizer como anda o processo, e começarei a ser mais
participativo nos fóruns, obg a todos desde já, fiquem com Deus, e até logo.
adolescente muito legal, não tinha vergonha de nada, eu era um jovem tão ativo socialmente,
estudioso que voces nao podem imaginar. Quando descobri isso, posso dizer que comecei a
desenvolver medos de adolescente e ao longo dos anos fui desenvolvendo certos temores que
eu jamais imaginava ser fruto disso, passei a ter muita vergonha de estar exposto na sala de
aula, tanto no ensino fundamental como no médio, relacionamento com garotas foi ficando
cada vez mais escasso na minha vida, eu não sentia dignidade e intrepidez de me aproximar
delas, tanto para ter amizade como para namorar, fui desenvolvendo uma repulsa inexplicavel
ao sexo feminino. minha vida social foi se esvaindo ao longo dos anos ao ponto de que hoje,
nao tenho mais nada, nada mesmo, nem amigos. Meu unico e melhor amigo que restou nesses
ultimos anos se afastou de mim por achar que eu sou um gay enrustido... Fui perdendo o
interesse social ao longo dos anos, o interesse por estudar, trabalhar. Tive problemas pra
concluir o ensino medio por conta desse temor que eu sentia de me expor na sala de aula.Meu
unico interesse sempre foi estar em casa em frente ao meu lap top vegetando na internet. Hoje
eu sou uma pessoa fria, não me sinto com dignidade pra demonstrar sentimentos, evito
qualquer contato tanto com homem quanto com mulher a todo custo. Virei um procastinador
voraz, eu não me respeito. Nos ultimos tres anos, posso dizer que o vicio se intensificou de
uma forma demoniaca, antes eu me satisfazia apenas vendo um video sensual de um cara
transando com uma garota, ejaculando e pronto. Eu sempre tive recaída por bunda como todo
brasileiro, na epoca do colegio nunca perdia a oportunidade de falar da bunda das minhas
amigas e elas gostavam. Mas nos ultimos tres anos posso dizer que essa ''preferencia'' virou
obssessão e eu passei a pesquisar incansavelmente os mais variados sitios dessas produtoras
pornograficas que tangem essa parte das mulheres, nao passei a me satisfazer so com um
video, mas sim varios, antigamente eu apenas deixava o video de um cara com uma mulher
rolando e me masturbava tranquilamente ate chegar ao climax no final. Mas hoje não, sou
impaciente e frenetico eu só me satisfaço quando fico passando as melhores partes do video,
aquelas partes mais excitantes pra mim, em que essa parte do corpo delas fica mais destacada
no ato sexual. Tem video que eu so quero ver a parte da ejaculaçao do cara na bunda da garota
e ja partir pra outro. Durmo e acordo pensando nisso, fantasio as minhas amigas do face, as
atrizes da televisão, as garotas do meu whats. Tem dias que eu me masturbo até 3 vezes,
sempre aquela masturbação curta e insatisfeita com unico objetivo de sentir a sensação do
clímax o que me torna uma especie de ''bola insaciável de luxúria'' o dia inteiro. E no meu
caso é mais complicado porque bunda a gente vê a todo momento tanto na rua,na tv, nas redes
sociais, as mulheres e garotas estão cada vez mais ousadas nesse aspecto, voces sabem. É
muito tenso e as consequencias foram devastadoras na minha vida. Até, claro, encontrar esse
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site com esse fórum que me deu um ar de luz no fim do túnel. Sei que posso parar, o meu
problema é o tédio e a falta de ocupação. Sempre que estou só sem ter o que fazer meu
refúgio é o computador e a masturbação. Nunca procuro atividade diferente e passo o resto do
dia frustrado e impaciente e mal-humorado com minha familia. Quando não faço, fico mais
produtivo, social, fico com vontade de sair de casa. Eu percebo isso no meu dia-a-dia mas
como um vicio de longo prazo, é complicado. Hoje foi meu primeiro dia off, e com todas as
informações que li até agora, quero ver qual será meu desempenho, espero relatar cada vez
mais melhoras e beneficios.
abraços amigos !
ficar muito envergonhado e com vontade de buscar outro emprego, pq acho que eles sempre
que me virem vão ficar lembrando de toda essa cena que está na minha cabeça.
Às vezes eu pratico PMO sem o uso de drogas. Ontem por exemplo eu pratiquei PMO e a
última vez que eu usei drogas foi a uma semana. Eu não consigo ficar um dia sem PMO. Às
vezes eu penso comigo mesmo que isso não é necessário, mas algo no meu cérebro me fala
pra eu ir praticar pq vai me aliviar e eu vou ficar mais tranquilo, mas não é isso que acontece,
sempre que termina eu fico com sentimento de arrependimento e depressão. O que eu mais
quero é conseguir me relacionar com as pessoas sem a paranóia de achar que eles sabem do
meu problema. Eu não consigo manter um relacionamento profissional e estou perdendo cada
vez mais a habilidade de aprender, de evolluir. Não sou mais ambicioso como antes e larguei
um monte de atividade que a tempos não faço mais. Sempre gostei de tocar baixo em bandas,
andar de skate e parece que essas coisas não tem mais graça, pra mim PMO é a única coisa
que está me satisfazendo, mas isso tudo é mentida, ilusão da minha cabeça, eu sei que é bom
no momento, mas depois eu me sinto um lixo, mas mesmo assim eu volto a fazer de novo e
não sei o pq. Eu quero resetar a minha dopamina, quero sentir vontade novamente de aprender
novas músicas e praticar algum esporte. Até quando eu to jogando e a minha performance é
baixa, eu sinto vontade de ir praticar PMO, quando alguém do trabalho faz alguma coisa que
eu não estou de acordo ou algo que eu fiquei irritado, eu sinto vontade de praticar PMO.
Quero sair dessa. Não quero mais ficar vermelho quando estou falando com alguém. Não
quero mais ter paranóia de achar que estão pensando mal de mim. Quero ter uma vida normal.
Eu quero nunca mais praticar PMO na minha vida.
Já tentei seguir os passos de ficar os 90 dias sem praticar PMO, mas eu não consigo passar de
3 dias. Ou eu durmo com tremedeira, ou no meio da noite eu acordo com tremedeira e surge
uma vontade muito forte. Queria orientações para que não acontecesse recaídas neste caso.
Eu namoro a 5 anos e amo minha namorada, ela é linda e transo com ela todos os finais de
semana, mas parece que isso não me satisfaz. Ultimamente eu diminui bastante a frequencia
de PMO, eu to numa fase de um dia sim, um dia não, às vezes fico quarta, quinta e sexta-feira
sem PMO e meu desempenho com a minha namorada é muito grande e ela fica feliz quando
eu ejaculo bastante, dá pra perceber; eu tbm fico mais satisfeito. Pensar dessa maneira, que eu
tenho que agradar ela, me faz sentir mais vontade de parar.
Espero que compreendam a minha situação. Cada um tem sua história, essa é a minha. Quero
me tornar uma pessoa melhor comigo mesmo.
Olá amigos, sou novo aqui. Tenho lido os relatos aqui no fórum e tomei coragem de dividir
minha história.
Tenho 40 anos de idade e agora vejo com clareza que passei muitos anos da minha vida, algo
como 10 ou 12 anos, absolutamente mergulhado num mundo fechado, dentro de mim. E só
agora entendo a causa principal desse problema.
Lembro-me bem agora, quando iniciei meu processo de enclausuramento havia apenas uma
coisa que me dava prazer: a pornografia na internet.
Naquela época a internet ainda era discada, fazia aquele barulho irritante antes de se conectar
de fato à internet, e era muito lenta, mas já existiam muitos sites ofertando pornografia
gratuitamente. De início, apenas me interessava por pornografia leve, mas com o tempo isso
já não bastava, e fui aos poucos mergulhando mais e mais fundo nesse mundo tão excitante e
solitário ao mesmo tempo.
Ainda nessa época, eu iniciava a minha vida profissional, e havia acabado de terminar meu
curso na universidade. E também vivenciava as minhas primeiras experiências afetivas, com
namoradas e ficantes. No entanto, o que realmente me excitava eram as imagens e vídeos
pronográficos que a internet me apresentava, gratuitamente, no momento em que eu quisesse,
a apenas alguns cliques de distância.
É claro que, como ainda era algo muito incipiente, tanto a internet quanto o meu vício – que
só agora sou capaz de compreender – não havia qualquer sinal claro de adicção. E mesmo
quando me parecia que havia algo de errado no fato de acessar a internet apenas para ver
imagens e vídeos pronográficos, eu imediatamente pensava que, ora, não havia problema
algum, pois me masturbar é algo natural e aquelas imagens eram apenas os estimulantes, nada
de mais, nada grave.
Namorei algumas meninas nessa época, com meus vinte e poucos anos de idade, talvez 2 ou 3
meninas por um período mais ou menos longo, e me recordo que com todas elas havia a
repetição de um comportamento sexual errático de minha parte, eu simplesmente não
conseguia gozar, ejacular. Às vezes até broxava. Realmente não entedia o porque, já que nada
disso ocorria quando eu estava à frente da tela do computador. Como eu poderia ter orgasmos
tão delirantes assistindo pornografia na internet e quando havia uma menina real eu não
chegava lá?
Aos poucos, conforme os anos se passavam, esse sintoma aparecia com mais frequência e eu
simplesmente fingia ter orgasmos, era como seu eu quisesse me livrar o mais rápido possível
daquela situação real para entrar rapidamente no mundo virtual da pornografia. E quando a
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ai. Mas como eu já ganhava meu dinheiro, acabava adquirindo material novo em pouco
tempo.
Nessa mesma época veio a internet discada, fiquei viciado em chats sobre sexo, eu chegava do
trabalho as 18 e ficava conectado até as 22 direto, pagava uma baba de conta de telefone e
ouvia minha mãe reclamar que aquilo era um vício. Varias vezes fui "flagrado" durante o ato,
tentava disfarçar mas era óbvio o que estava fazendo, toda noite, durante horas a fio.
Arrumei outra namoradinha, novinha e bonita, a primeira vez com ela também foi "meia
bomba" mas creio que pelo nervosismo, depois foi normal e com ER como sempre, até que
após uns anos a relação começou esfriar, ela já não gostava mais de transar a todo instante
como todo adolescente, eu também não me importava, já que a PMO me dava mais prazer do
que o sexo real, chegava ao cumulo de ir com ela pro motel e ficar mais excitado com a idéia
de ter a disposição o canal pornô na tv do que na transa com ela, varias vezes acontecia de dar
uma meia boca com ela, e quando ela pegava no sono, eu colocava no canal porno e me
masturbava, ai sim ficava satisfeito. Outras vezes quando dormia na casa dela de fim de
semana, as vezes ficava agoniado, esperava ela dormir e mandava um PMO usando o pc dela
mesmo (hoje escrevendo isso percebo como soa até ridículo), mas após tantos anos de namoro
ela meio que passou a refutar o sexo, e eu usava isso como desculpa para o meu exagero de
PMO. Ahh foi ai que também comecei a frequentar "inferninhos" para uma rápida aliviada, o
pior de tudo era que com "elas" eu não tinha ER, pelo contrario, acabava que eu sempre ia
quando o tesão estava a mil, e como eu ia nos baratinhos onde não rola nem preliminares, eu
encarava aquilo uma PMO, onde o P. seria "ao vivo", nossa, cada baranga e atingia o orgasmo
em poucos minutos, não dava pra entender
Quando terminei o namoro e comecei sair com meninas de sites de encontro da net, e voltava
ao problema da primeira vez ser "meia bomba" pelo nervosismo, então pra garantir passei a
consumir sidelnafila (generico do viagra quando ficou barato) e isso só piorou a coisa, pois
também "viciou" psicologicamente, ou seja, sempre tomava um antes do encontro "pra
garantir"
Quando conheci minha atual esposa, as primeiras vezes também foi na base do azulzinho, mas
com o tempo consegui me "desintoxicar" e ter ereção normalmente, mas desde a época do
namoro, morar junto e casamento, devo contar nos dedos as vezes que consegui atingir o
orgasmo apenas com penetração. O pior, ela é louca para engravidar, mas desse modo fica
dificil, ela nunca comentou, já vi no historico do navegador dela buscas no google
questionando se é possivel engravidar sem ejaculação, e já tentamos um tratamento com
inseminação (ela percebeu que por meios "naturais" não iria rolar), mas não deu certo
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também, quando o médico pedia pra fazer espermograma e tinha que abster de
sexo/maturbação por 3 a 5 dias era minha maior agonia, acaba apelando pra tecnica do Edging
para conseguir.
Já havia visto o video do Gary Wilson, faz pouco mais de um ano inclusive, por indicação de
um forum nerd onde as pessoas discutiam dicas para melhor aproveitamento de
estudos/carreira, uma das dicas de ouro foi parar de ver pornografia e se masturbar no pc, dai
postaram link do video e do topico NOFAP do reddit, eu lembro que assisti esse video já de
madrugada e fiquei até sem dormir de tantos pensamentos, parece que acendeu uma luz no
fim do tunel, mas não lembro se o tópico do tal forum descambou pra zueira e foi deletado e
acabei largando isso pra lá
Meu vicio em PMO era tanto que eu trabalhava a manhã toda ao mesmo tempo que ficava
vendo P. no trabalho, as vezes gravava videos no celular e ir pro banheiro "me aliviar", mas o
pior era que como morava perto e almoçava em casa, então todo dia eu praticamente engolia a
comida o mais rápido possível e ia pro pc visitar os sites usuais e mandar um PMO, as vezes
não conseguia atingir o orgasmo e voltava com raiva para o trabalho
Voltando aos "3 sinais" que comentei no inicio, atualmente estou desempregado e de férias da
faculdade onde faço uma segunda graduação (e não consigo foco nos estudos pela PMO),
então acabo ficando o dia todo em casa, sozinho, no ócio (até deveria aproveitar pra estudar
ou resolver outros assuntos pendentes), mas fico o dia todo na frente do pc vendo P. e me
masturbando, se pra um adolescente já não é normal, imagina um homem com família, minha
esposa chega em casa a noite, fico um pouco com ela e logo volto pro pc e fico até de
madrugada vendo P. e consersando com mulheres (eu não traio, apenas falando obscenidades
e recebendo fotos para me masturbar, já que até P. comum perdeu a graça e preciso de coisa
mais real)
1º Sinal - Acabei baixando de bobeira um documentario chamado "[GNT]
Porn.on.the.Brain.2013.docsPT" (alias é o nome do arquivo para quem quiser procurar por ai),
ontem resolvi assisti-lo e foi outra explosão no cérebro igual do video do Gary Wilson,
recomendo a todos aqui que assistam (posso tentar compartilhar se quiserem, esta legendado),
a coisa foi tão impactante que parei o documentario na metade e fui pro pc fazer uma busca
por ajuda, o que me leva ao segundo sinal
2º Sinal - Quando assisti o video do Gary Wilson ano passado e ver na discussão lá do forum
que tinha mais pessoas na mesma situação, pensei em criar um forum espeficico pra isso, na
época não havia encontrado nenhum em português, mas acabei deixando de lado, e ontem
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rapidamente encontrei esse aqui e fiquei maravilhado, li os relatos, resolvi me cadastrar e aqui
estou
3º Sinal - Logo após me cadastrar iria escrever meu relato, já deletei algumas contas que
possuia em sites de P. (inclusive pagos), mas já estava tarde e queria fazer com calma, minha
esposa já dormia, mas eu estava sem sono, então peguei meu iPad e por acaso abri o historico,
e vi uma busca que ela fez, questionando o desinteresse do marido, e algo como "meu marido
fica o tempo todo no computador" e os sites que ela andou lendo, com MUITAS mulheres
relatando o mesmo, ai sim ISSO pra mim foi a gota, ou seja, não era apenas eu que estava me
sentindo mal por perder tanto tempo com PMO, estava afetando a vida de outra pessoa, talvez
no longo prazo (ou mesmo curto) levaria ao divorcio ou traição
Bom, é meu primeiro dia, estou bastante motivado, mas ao mesmo tempo tentado a ver P. ou
conversar com as mulheres que tenho contato, mas eu PRECISO mudar, vou passar a deixar o
pc desligado, dar um tempo até de facebook pessoal, pois sempre tem imagens que disparam o
gatilho (hj mesmo foi uma amiga de bikini), não ter outro jeito, vou ter que instalar um
bloqueador aqui pra não me sabotar
Só estou morrendo de medo da tal Flatline, dia desses já tive um começo de DE ao tentar
fazer sexo com a esposa, na verdade perdi a ereção no meio da relação, e que isso possa piorar
ainda mais minha relação com ela que pelo visto não anda nada boa
mas tentava segurar o orgasmo para o fim do filme. Até o fim eu me masturbava, sem
orgasmo, vendo todas as atrizes.
E, por ter uma criação e uma vida religiosa (católica), me sentia muito mal com a
masturbação, vista como pecado.
Aos 19 anos tive minha primeira namorada. Era só beijar pro pau ficar duro como pedra.
Depois, aos 21 anos, fui namorar outra garota: muita excitação, ereção direto. Na sequência
namorei outra. Mesma coisa: excitação direto, só de elas me tocarem o rosto. Mas forma
namoros rápidos com pouco sexo, ams com MUITA ereção kkk
Aos 22 tive minha primeira grande paixão. Tive uma relação de 3 meses. mas era uma
loucura. Me excitava só com o beijo, em sentir a presença dela. Ereção direto e nos fim de
semana sexo 3 a 4 vezes por dia. A relação terminou e as outras (e poucas) meninas que fiquei
até o namoro seguinte, me excitavam muito só de beijar e o sexo rolava uma maravilha. Muita
ereção.
Apesar da vida sexual, sempre corria riscos para ver pornô na internet ou entrar em chats:
entrava no trabalho, na faculdade, com minha família circulando em casa...ou seja, era meio
descontrolado, apesar de ser menos frequente por falta de acesso, Mas sempre que tinha
acesso, lá estava eu vendo porno ou fantasiando via chat.
Enfim, aos 23 anos namorei outra garota, apesar de ter tido um sexo meio bomba da primeira
vez com ela, o resto foi excitação pura. Depois aos 24 anos namorei outra, que me negava
sexo. Fiquei com ela 5 anos! E, nessa época, via Internet, me afundei na pornografia, o que foi
motivo de muitas brigas.
Depois do término fiquei um ano sozinho e fiz sexo com 3 mulheres. Duas delas foram sexo
meia bomba, a terceira foi legal.
Como dá pra perceber, quanto mais aumentava a pornografia na minha vida, mais dificuldade
eu tinha em ter relações sexuais sem DE. entrei em um grupo de viciados em sexo (alguns
eram em pronografia, outros eram viciados em sexo real), me ajudou, mas não conseguia me
controlar e, me parese, o terapeuta desconhecia a natureza do vicio em PMO e sua gravidade.
Em 2010, aos 30 anos, aconteceu um relacionamento em que a pornografia seria um grande
problema. A garota, muito ciumenta, descobriu meu gosto pela pornografia e começou a me
infernizar. Por mais que eu tentasse me controlar, não conseguia. Só que tinha uma coisa: com
ela, durante 3 anos, não tive DE uma só vez! e era muito sexo.
MAs era muita briga, pois ela entrava no meu histórico de internet e, mesmo se eu apagasse,
ela tinha macetes (ela era gênio em computador) pra ver as páginas que eu tinha visitado. O
fato é que ela me achava um perverso e eu me sentia mal por isso. Muito mal. emagreci,
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ganhei gastrite e algumas brigas com ela - literalmente - quase me mataram. Ela bebia e
pirava. Ai começamos a ver pornô juntos e a coisa ficou mais doentia. Enfim, ela jogava na
minha cara que eu era pervertido, psicótico e eu abraçava isso no meu íntimo. Enfim,
terminamos. Ela queria voltar e sempre que me ligava, me provocava e eu ficava com ereção
forte. Tivemos um revival e só o beijo dela fazia subir o pau.
Enfim, como ela me fazia mal a isolei e nunca mais vi. Saí traumatizado com tudo isso. Tive
fobia, pânico, depressão. Emagreci, fiquei detonado...
Dois meses depois conheci uma garota que considerava das mais lindas que já tinha visto. O
sexo, nas primeiras vezes, foi meia bomba e nem havia reação lá embaixo quando ela me
beijava. Estava sem pornografia desde o fim do relacionameno anterior. Libido zero. Não
tinha muita sensibilidade na penetração. Durante duas ou três semanas fiquei assim. Na quarta
tive uma DE barra pesada e nada fazia o camarada subir. No dia seguinte a mesma coisa.
parecia um pesadelo. ai tomei viagra. Com viagra conseguia ereção sempre, mas demorava a
gozar. Pouca sensibilidade. Em um ano de namoro comecei a ter mais tesão por ela, mas em
muitas poucas vezes, ereção espontânea e quando rolava era meia bomba. Rolou sexo
algumas vezes sem viagra, mas com ereção mais forte umas pouquíssimas vezes. Eu, durante
um ano desse namoro, rolava com alguma frequência PMO, mas só me tomava MUITO
TEMPO, nas épocas de pior angústia. Achava que era baixa auto-estima e ansiedade que
geravam a DE, não a pornografia. Meu psicólogo dizia que era a ansiedade, meu psiquiatra tb.
enfim, o sexo era bom, mas tinha medo de abrir mão total do viagra. O relacionamento acabou
com uma traição dela, o que levou mais pra baixo ainda minha auto-estima. Durante 3 meses
encontrei umas 6 mulheres (RJ é foda) e fazia sexo com viagra. Até que conheci minha
namorada atual com quem estou há 3 meses. E há três meses também conheci este fórum.
Desde então, junto com o namoro, comecei o reboot. No início, ereção zero. A primeira vez
foi uma lástima. Ai voltei ao viagra. Com o tempo a coisa foi melhorando e comecei a fazer
sexo sem viagra, mesmo com ereção mais fraca. Muitas vezes pra gozar tinha que imaginar
pornografia, senão, não gozava. Às vezes a ereção rola legal, mas eu preciso estar me
manipulando. É como se a mão dela não conseguisse me excitar e como se nossos amassos e
beijos surtissem pouco efeito.Hoje, não preciso mais imaginar P pra gozar, mas no início com
ela, precisava pensar em P.
Numa época, parecia que eu tinha voltado quase ao normal, mas semana passada tive umas
baixas e às vezes transo tenso, com medo de falhar. Depois desses três meses de namoro (90
dias) e sem PMO (apesar de ter fantasiado P. algumas vezes pra conseguir gozar), eu me sinto
melhor. A presença de mulheres me gera curiosidade, atenção, fico meio assanhado...mas as
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ereções continuam meio difíceis, apesar de rolarem. De vez em quando ainda tomo viagra,
quando tenho medo de falhar. No fim de semana ela pareceu meio aborrecida com o tipo de
sexo que vínhamos tendo (sempre na mesma posição, pois se quiser variar muito, tenho medo
de falhar), e fizemos outras coisas. Foi bem legal e sem viagra.
eu já melhorei muito, mas meu sonho é voltar totalmente ao normal. Hoje, me sinto curado da
PMO, mesmo! Mas quero me curar totalmente da DE. Acordo excitadaço, ou seja: não é
problema orgânico.
Quero um dia vir aqui e relatar que estou curado da DE. Confesso que isso tem me
preocupado. MAs tenho Fé porque, em dois anos, pela primeira vez me sinto não totalmente
dependente do viagra.
Mas eu identifico algumas cousas da DE. Talvez seja uma soma de causas:
1.PMO
2.Baixa auto-estima
3.ansiedade de desempenho
4.medo de falhar
5.trauma, já que ela apareceu depois do fim traumático com aquela ex que tornou minha vida
um inferno com ciúmes da PMO.
Mas no fim das contas sei que a PMO atravessou tudo isso. Foi um anestésico à auto-estima
baixa desde o início da adolescência (poderia fantasiar com a PMO coisas que não vivia na
realidade. dificuldade com mulheres e tal...), meus medos de falhar e não ser bom o bastante e
etc. A PMO virou válvula de escape para qualquer frustração. Por fim, ela virou motivo de
tormento na pior fase da minha vida, dado que minh ex usava a minha PMO como
justificativa pra dizer que eu era o maior lixo humano da TERRA.
Hoje, sem PMO, me sinto mais focado, mais livre, menos angustiado, menos ansioso e mais
esperançoso! MAs quero ficar totalmente curado da DE e, se possível, gostaria de ouvir
relatos sobre curas de DE.
Farei disso um diário e sempre relatarei aqui meus avaços.
Abraços
FABSJOIA
Descobri este Fórum hoje curiosamente umas duas horas após ter me masturbado no banheiro
do meu escritório assistindo videos pornográficos.
Faço uso da pornografia desde a adolescência e agora finalmente entendi que foi o meu vício
em pornografia que me fez tanto mal por mais de 25 anos.
Sem dúvidas acredito que atualmente estou no fundo do poço.
Não tenho motivação para o trabalho e nem para as relações interpessoais, apesar de ainda ter
um trabalho acredito que se eu não parar com a pornografia, as coisas não vão durar de pé por
muito tempo.
A procrastinação faz parte da minha vida em tudo, sinto aquela preguiça desgraçada e uma
falta de vontade de fazer as coisas.
Só quero saber de ficar sozinho, e quando isso acontece, lá estou eu vendo pornografia no
meu celular.
Tenho vergonha de tanta coisa degradante que já fiz para assistir pornografia e me masturbar.
Até assisti videos e me masturbei perto da minha filha que dormia ali no sofá. É vergonhoso.
Meu vício começou na década de 90, quando por acaso eu encontrei algumas revistas
pornográficas rasgadas jogadas na rua. E por incrível que pareça, vira e mexe eu sempre
encontrava alguma imagem de sacanagem jogada na rua. Isso foi despertando a minha
vontade de me masturbar e com certeza foi o inicio do meu vício em pornografia e
masturbação.
Para se ter uma ideia de como a pornografia foi ruim para mim, é que até os 25 anos eu ainda
era virgem. Ou seja, era tímido e não gostava de me socializar, preferia ficar sozinho no meu
canto vendo pornografia e me masturbando. Isso com certeza foi o motivo que me levou a
ficar tanto tempo virgem.
Aos 25 anos, recém formado mudei de cidade e de estado, sai da casa dos meus pais para
enfrentar um desafio novo na vida profissional, mais a pornografia sempre me acompanhou.
Com 25 anos e morando sozinho, finalmente transei, foi com uma garota que conheci em um
ônibus de transporte publico. Este relacionamento não durou muito tempo, pois eu tinha e
tenho sérios problemas de relacionamento, tenho um temperamento muito difícil.
Conheci outras mulheres e digamos que "aproveitei" muito bem a vida até conhecer minha
mulher atual, 3 anos depois. Namorávamos quando ela ficou grávida da minha filha e ai nos
casamos. E mesmo tendo casado e com filha, ainda assim eu continuava vendo pornografia e
me masturbando, mesmo tendo uma mulher tão linda na minha cama. Minha vida de recém
casado não foi nada fácil. Muitas brigas, acredito que sempre por minha falta de paciência e
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compreensão. Pois acredito que a pornografia me fez ver minha mulher como um simples
objeto.
Passaram se 7 anos e agora nasceu meu segundo filho, um meninão lindo. E mesmo com
todas estas coisas boas acontecendo eu ainda continuo viciado em pornografia e masturbação.
Já perdi o controle, não consigo parar, já tentei algumas vezes, geralmente quando estou
trabalhando muito, até consigo ficar alguns dias sem, mais são no máximo uns 3 dias.
Agora realmente vejo que estou me afundando. Não cuido de mim direito, não trato bem meus
familiares, estou muito explosivo e sem paciência, não consigo me concentrar direito, não
tenho motivação para nada e a procrastinação toma conta do meu ser.
Já está difícil sentir tesão, de tanta pornografia que eu já vi em toda a minha vida, atualmente
passo muito tempo até encontrar uma imagem ou vídeo que me atraia. Cheguei ao ponto de
me exitar agora somente com videos de troca de casais.
É humilhante mais atualmente o que mais me excita é ver videos de CUCKOLD, ou seja,
aqueles videos onde o marido filma sua mulher transando com outro ou outros caras.
Preciso mudar. Preciso sair dessa.
Nunca contei estas coisas para ninguém antes, e estou encarando esta postagem aqui neste
Fórum como uma "terapia" que espero, vá me ajudar a parar com o vício em pornografia e
masturbação.
Amo minha esposa, meus filhos e minha família. Eles merecem que eu seja uma pessoa
melhor.
Preciso parar, vou conseguir.
Obrigado a todos.
procuramos os mais variados gêneros de pornografia; muitos chegando até à Zoofilia e outras
formas às mais bizarras de buscarmos o prazer! Pois o cérebro fica cada vez mais exigente
nos seus processos de busca de Dopamina!
É incrível o seu relato e nos faz pensar o quanto este vício é miserável e degradante!
Quando eu cheguei neste Fórum, em minha mente eu era o único com o problema do vício em
pornografia, masturbação e orgasmo! Ah, ledo engano!
Hoje acredito que deve passar do Bilhão o número de pessoas envolvidas nos processos
viciantes da pornografia em toda à Terra! Por se tratar de um vício que age silenciosamente,
muitos nem sabem que estão viciados!!
Seja bem-vindo à este Fórum! Veja todos nós aqui como Irmãos de Caminhada e Entre-
Ajuda! Pois todos aqui têm ou já tiveram este problema! Só não caminhe sozinho neste vale
de sofrimento do vicio da PMO! Juntos somos mais fortes e capazes!
Verá que seu caso, por mais surpreendente que pareça, muitas vezes não será nada perto de
outros ainda mais incríveis, doloridos e tristes!
Hoje ainda vejo meu caso grave, mas não foi quase nada perto de casos mais extremos de
outras pessoas que até apelaram para à tentativa de suicídio!
Por isso leia o E-Book deste Fórum! Instale o Contador para um auxílio moral e instale os
Bloqueadores para um auxílio técnico e psicológico! Absorva todo o conteúdo que puder
deste Fórum, pois isso irá te fortalecer muito como tem fortalecido cada vez mais à todos nós
aqui desta Família!
Conte com todos nós para ganhar força e superar este vício!
Os benefícios sem á PMO virão e são incríveis!
À Cura é possível!!
Sem o lixo da PMO na sua Vida e na sua mente, você voltará à desejar sua mulher como
nuncas antes. À fará mais feliz! Você também será mais feliz e leve por estar limpo deste
vício miserável e será mais amoroso, terno, perspicaz! Seus filhos se sentirão melhor quando
sentirem às suas renovadas energias e você poderá amá-los ainda mais com um coração
limpo, mais sábio e com uma mente brilhante!
Tudo em sua Vida começará à melhorar!
No trabalho maior disposição e alegria!
Com as pessoas ao seu redor maior bom-humor, paciência, tolerância, compreensão e
respeito!
Dê uma chance ao Reboot, pois só vejo Luz neste Caminho!
Bom, por enquanto eu fico por aqui!
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